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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Departamento de Filosofia e Ciências Humanas – DFCH Colegiado de Psicologia Disciplina: Psicologia e Necessidades Educacionais Especiais Prof.: Brenda Luara dos Santos de Souza Alunos: Andrena Silva Reis, Camila Macedo Silva, Joice Souza Lima, Ian Oliveira Nascimento e Kécia Carvalho Montenegro Silva TEMA: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM RELAÇÃO ÀS CRIANÇAS COM TEA PELA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO SUJEITO: O público alvo do projeto será constituído de professores do ensino fundamental I designados para atender aluno(s) portador(es) do transtorno do espectro autista (TEA) OBJETO: O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) atesta que o transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por “déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação” (American Psychiatric Association, 2014, p. 75). É também descrito como um agrupamento de sintomas que se manifesta na infância e persiste durante a adolescência e vida adulta. As áreas mais prejudicadas são as de habilidade social (causa maior prejuízo em detrimento da socialização), a área de comunicação (verbal e não-verbal) e comportamentos repetitivos e estereotipados. As causas do TEA estão ligadas a múltiplos fatores, incluindo fatores genéticos e ambientais. LOCUS: A instituição em que se encontra o público alvo do estudo é a Escola Municipal de ensino Lisete Mármore da Bahia, uma escola de ensino regular que recebe crianças com TEA, localizada no município de Vitória da Conquista- Bahia. JUSTIFICATIVA METODOLÓGICA: A legislação Brasileira declara a obrigatoriedade do atendimento especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 2001). No entanto, a concretização das diretrizes inclusivas enfrenta diversos empecilhos em sua implementação. Garantir a educação de alunos com necessidades educacionais especiais não implica somente a integração destes junto aos demais no ensino regular, implica reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos assegurando uma educação de qualidade, através de um currículo que acomoda diferentes tipos e ritmos de aprendizagem (SILVA; GOMES; LIRA, 2017). Com isso, o que se pretende neste trabalho é uma análise das metodologias e práticas educativas aplicadas para alunos autistas no processo de ensino, de forma a analisar se tais práticas têm produzido os avanços esperados para o desenvolvimento desses alunos. Além disso, busca-se apresentar a necessidade de uma formação melhor estruturada do currículo dos professores que trabalham com esse público, igualmente, a importância da escola como um ambiente favorável ao desenvolvimento não só pedagógico, mas também social. Por isso, será investigado de que forma as instituições escolares, assim como seus professores, contribuem para esse processo educacional, social e de inclusão dos alunos com TEA. Ademais, a partir da premissa de que “a escola inclusiva demanda uma nova forma de concepção curricular, que tem que dar conta da diversidade do seu alunado” (Glat; Pletsch, 2017, p.2), busca-se investigar se dentro das instituições esta noção de escola inclusiva está ocorrendo de forma efetiva. Além disso, Glat e Pletsch (2017, p.2) atestam o importante papel do professor enquanto mediador do processo de ensino e aprendizagem, ao qual compete o dever de adaptar o currículo escolar de acordo com as demandas e necessidade do alunado. Sendo assim, o intuito do presente projeto de intervenção, não é dar ênfase ao quadro clínico desse transtorno, mas dar uma maior atenção ao processo de inclusão, ensino e aprendizagem, assim, identificar como os professores estão atuando frente às necessidades dos alunos com TEA, e se as práticas e metodologias utilizadas estão, não só contribuindo para o desenvolvimento dos alunos, como também, se estão de acordo com essa nova concepção curricular proposta. Dessa forma, a fim de se discutir estas questões sobre o ensino e aprendizagem de crianças autistas, se faz necessário um estudo do que vem sendo feito para este público em sala de aula, levando em consideração a importância que o ambiente escolar carrega como ambiente de contribuição para o desenvolvimento cognitivo e interação social entre as crianças. Para tanto, foi aplicado um questionário estruturado com uma psicopedagoga que atua como professora, para entender melhor o funcionamento das aulas para crianças com TEA, quais os métodos e didáticas adotadas para o ensino e os maiores desafios e dificuldades enfrentadas. Também foram usados estudos e revisões teóricas para pontuar a respeito da análise do comportamento aplicada (ABA), campo científico do Behaviorismo, e seu papel neste serviço, sendo desenvolvido como embasamento para essa proposta de intervenção. Usaremos como base os postulados de B.F. Skinner, o pioneiro que pesquisou os princípios científicos do Behaviorismo e Ivar Lovaas, psicólogo e primeira pessoa a aplicar os princípios da ABA para ensinar crianças com autismo (LEAR, 2004). No que refere-se ao questionário aplicado, identificamos alguns pontos desfavoráveis à concretização das diretrizes inclusivas que dificultam o processo de ensino de alunos com o espectro. Sobre isso, foi relatado pela entrevistada a falta de recursos e estrutura para um melhor direcionamento da aprendizagem dos alunos com TEA, além da falta de interesse e investimentos das políticas públicas no preparo e capacitação das instituições e dos profissionais educadores. Para tanto, foi abordado a falta de recursos didáticos para a execução de um bom trabalho, assim como, também foi citado pela psicopedagoga a falta de formação de educadores, onde a mesma cita o preconceito, a descriminação e a falta de informação presentes na atuação desses profissionais. A entrevistada ressaltou que as instituições fazem o que é possível de acordo com a sua realidade, já que faltam subsídios necessários para que a inclusão aconteça de forma contundente. A prova disso é que a profissional revela que as salas são muito cheias e isso impossibilita uma maior atenção, não apenas aos alunos com TEA, mas aos alunos em geral. Vale ressaltar que, a psicopedagoga revelou não ter tido uma formação ou preparo específico para a educação de crianças autistas. A mesma retratou que todo conhecimento sobre essa temática foi adquirido através da sua experiência durante o período em que trabalhou na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Assim, ela relata que, ao longo do tempo, despertou-se um maior interesse pelo público autista, a levando a se aprofundar nos estudos dessa área, posteriormente, dando início a uma pós-graduação em psicopedagogia com o objetivo de melhor entender sobre as dificuldades e transtornos de aprendizagem. Por fim, identificamos pontos positivos referentes à interação dos alunos com TEA, assim como, o acolhimento manifestado a eles. A entrevistada aponta que há interação entres seus alunos, onde ela é a mediadora, os colocando sempre perto uns dos outros. Ela afirma que no início os alunos estranham, mas após sua mediação durante as aulas eles entendem que ali se encontram colegas com comportamentos diferentes, mas que precisam ser respeitados dentro de suas diversidades. Pontos Fortes - Desencadeamento das ideias junto a apropriação argumentativa entre objeto e teoria. - Seleção de itens e conteúdos em conformidade às demandas do sujeito-objetivo (objetividade técnica); - Criatividade interpretativa sem prejuízo à padronização técnica. Pontos Fracos - Padronização abnt em relação à citação e padronização textual (mais de uma fonte usada no texto); - Nitidez argumentativa do subtítulo locus Observações Avaliativas - 10,0 Outras observações - apesar do isolamento social promovido pelo currículooficial e não oficial da escola, a vivência autoreguladora (junto ao participação pais pares na sua vida) do sujeito, possibilitou o encontro com seu bem estar junto à práticas esportivas - elementos diagnósticos já antecipados na Justificativa: desatenção das escolas e da sociedade sobre as multipotencialidades na vivência e o desenvolvimento humano). - possibilidade interventiva: a escola como veículo de promoção de saúde (saúde coletiva); Referências American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DMS-5 [Recurso eletrônico]. (5ª ed.; M. I. C. Nascimento, Trad.) Porto Alegre, RS: Artmed. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n. 2, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, DF, 2001. Disponível em: <https://www.gov.br/mec/pt-br/media/publicacoes/semesp/diretrizes.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2021. GLAT, R.; PLETSCH, M. D. O papel da universidade frente às políticas públicas para educação inclusiva. Benjamin Constant, n. 29, p. 1-8, mar./2017. Disponível em: http://revista.ibc.gov.br/index.php/BC/article/view/509/221. Acesso em: 18 abr. 2021. GUIMÃRAES, L. M. 2016. O que é ABA? Terapia ABA Disponível em: https://www.terapiaaba.com.br/o-que-e-aba. LEAR, K. Ajude-nos a Aprender. (Help us Learn: A Self-Paced Training Program for ABA Part 1: Training Manual). Traduzido por Windholz, M.H.; Vatavuk, M.C.; Dias, I. S.; Garcia Filho, A.P. e Esmeraldo, A.V. Canadá, 2004). SILVA DA LUZ, Mariana Helena; GOMES, Candido Alberto; LIRA, Adriana. Narrativas sobre a inclusão de uma criança autista: desafios à prática docente. Educação, Lima , v. 26, n. 50, p. 123-142, março 2017 . Disponível em: http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1019-94032017000100007&ln g=es&nrm=iso. Acesso em: 20 abr. 2021. APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA QUESTIONÁRIO Identificação: Nome: Zuzeane Oliveira Dias Idade: 52 anos Formação: Pedagoga e psicopedagoga Instituição onde atua: Escola Municipal Lisete Mármore Função que exerce na escola: Professora Tempo de exercício no magistério: 32 anos mais ou menos (com alguns intervalos em outras áreas) Em qual/quais série (s) você leciona: 3º ano do ensino fundamental I Experiência no trabalho com alunos com TEA: Após a minha pós graduação em psicopedagogia, senti a necessidade de me tornar voluntária na ACAEPA - Associação Conquistense para atendimento à pessoa autista. Descreva o aluno com TEA: Não existe um modelo padrão de aluno, da mesma forma que os alunos típicos são singulares, assim são os alunos com TEA, embora o autismo seja um transtorno global do desenvolvimento, e se caracteriza por alterações na interação social, no comportamento e na comunicação, existem autistas mais comprometidos que outros, então podemos encontrar em nossa sala de aula alunos com características diferentes. Questões principais: 1) Qual a sua percepção sobre o autismo? Que é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por alterações no comportamento, na interação social e na comunicação, mas que antes de mais nada, nós educadores devemos enxergar a criança, o indivíduo antes do autismo, sem nos esquecermos que para lidar com toda e qualquer criança, é necessário usar do afeto para além das questões acadêmicas. 2) Como é para você ser professora de aluno com TEA incluído neste contexto de educação comum? Dentro da realidade pública e do contexto que nos encontramos não é fácil, visto que faltam recursos e estrutura para um melhor direcionamento dessa aprendizagem, entretanto é algo satisfatório e prazeroso quando conseguimos alcançar os pequenos avanços com cada um desses alunos, pois cada avanço dentro da singularidade deles é de grande importância para que se faça o seu desenvolvimento global. - A partir da seleção de três conteúdos trabalhados com o aluno com TEA (incluindo: preparação, desenvolvimento e avaliação), responda: 3) Como é para você preparar, desenvolver e avaliar conteúdos para seu aluno com TEA nesse contexto? Bem, em primeiro lugar eu observo o conteúdo geral e começo pensa-lo direcionando para o meu aluno com TEA, imagino como posso adaptar o conteúdo para que ele seja desenvolvido de forma prazerosa e que alcance o objetivo desejado dentro das limitações de cada um, avaliando de acordo o seu desenvolvimento geral. 4) Quais estratégias e recursos didáticos você utiliza na elaboração e no desenvolvimento dos conteúdos pedagógicos de seu aluno com TEA? Quais os desafios/as dificuldades enfrentados/as? As estratégias são as mais diversas, como uma rotina diária, já que o autista necessita dessa rotina para se organizar, apoio visual, buscando sempre trazê-lo para junto do meu olhar, trabalhar com objetos e imagens que sejam de seu interesse para que com isso eu possa alcança-lo com mais facilidade. Os maiores desafios e dificuldades são a falta de recursos didáticos para executar esse trabalho, as salas muito cheias que impossibilita uma maior atenção aos alunos em geral, e para aqueles professores que não tiveram nenhuma formação, a falta de informação, o preconceito e discriminação, bem como a falta de continuidade do trabalho que deve ser desenvolvido também em casa. 5) Antes, quando você não atuava com aluno com TEA, era assim que você preparava os conteúdos pedagógicos de seus alunos? Sim, sempre busquei trazer para minha sala uma aula mais atrativa, buscando alcançar meus alunos pelo maior interesse deles e principalmente pela alegria. 6) Você encontra dificuldades no processo de ensino de crianças autistas? Quais? Dificuldades existem em todo processo de ensino aprendizagem, sejam de pessoas típicas ou atípicas, mas quando a gente se dispõe a enfrenta-los por certo consegue. Mas existem sim, como citei acima o maior deles é a falta de recursos e formação para que esse ensino seja de qualidade. 7) Quais as dificuldades e necessidades que você observa no processo de aprendizagem dos seus alunos com TEA? Essas dificuldades variam entre cada aluno com TEA? Como cada autista é singular assim também são suas dificuldades e necessidades, como disse anteriormente a depender do comprometimento, essas dificuldades e necessidades serão maiores ou menores, por exemplo: para alguns autistas você vai precisar ensinar o uso correto da pega no lápis, ou que ele consiga sensorialmente usar a tinta, ou a massinha, ou a cola... já para outros será difícil sentar-se, prestar atenção, ou ainda quem sabe ouvir o som da sirene 8) Ocorre interação entre os alunos com TEA com os demais alunos da classe? Se sim, de que forma você observa essa interação? Sim, geralmente em minha sala eu sempre os coloco próximo de outros colegas e mesmo tendo a mediadora, uma criança sempre ajuda, para que essa socialização se faça, até aqui, não encontrei dificuldade em tornar natural o contato de todos os meus alunos, visto que sempre estou falando do respeito a diversidade. 9) Você acha que houve acolhimento dos demais alunos para com os alunos com TEA? De início a depender do grau de comprometimento eles estranham nos primeiros dias, mas logo entendem a partir da minha mediação que ali está um aluno que tem um comportamento diferente mas que precisa ser respeitado dentro da sua diversidade. 10) Fale um pouco sobre o comportamento dos alunos com TEA. Geralmente são introspectivos, calados, não gostam de interagir, possuem movimentos repetitivos, dificuldade de se adaptar a uma nova rotina, a maioria não gosta de barulho, esperar em filas demoradas, muita gente, o som de aplausos, mas com falei anteriormente mesmo tendo alterações no comportamento na interação social e na comunicação, nenhuma criança dentro do espectro é igual a outra, todas tem suas especificidades. 11) Para você, qual é o papel do professor na educação inclusiva de alunos com TEA? E o papel da instituição? Tanto o papel do professor quanto o da instituiçãosão muito importantes para que haja a inclusão, a instituição capacitando todos os profissionais da escola para que eles possam estar preparados para receber esses alunos, promovendo a inclusão. E os professores se disponibilizando ao aprendizado diário, singular e as vezes complexos do processo de ensino aprendizagem de alunos com TEA 12) Na sua opinião as instituições estão atuando de forma a contribuir para a inclusão dos alunos com TEA? Não, elas tentam fazer o que é possível, já que as políticas públicas não dão subsídios necessários para que essa inclusão se faça de forma contundente. 13) Quais as suas expectativas em relação à educação inclusiva de alunos com TEA? Procuro sempre ser otimista, mesmo enxergando que existe uma falta de investimento e interesse quando o assunto é educação inclusiva. 14) Houve um preparo específico para o ensino de crianças autistas? (Ex: Durante a graduação, ou cursos realizados). Não, eu que sentindo a necessidade de dar continuidade aos estudo e por ter tido uma experiência inicial como estagiária na APAE, me despertou o interesse por esse público, e comecei estudar e tentar compreender o funcionamento da pessoa com TEA, e seu desenvolvimento, o que acabou me levando posteriormente a fazer uma pós graduação em psicopedagogia, para entender um pouco e a cada dia sobre as dificuldades e os transtornos de aprendizagem. 15) Você se sente preparada para lecionar para crianças com TEA? Procuro me preparar todos os dias, porque como educadora estou em constante busca de formas para ampliar meus conhecimentos, planejando estratégias para ensinar e compreender a aprendizagem das crianças típicas e atípicas, uma vez que optei pela educação, compreendo que tenho que trabalhar a diversidade me disponibilizando sempre para fazer o melhor que eu possa dentro da minha prática. 16) O que você acha que falta para que a educação inclusiva de autistas ocorra de forma efetiva? Um maior investimento das políticas públicas no preparo e capacitação das escolas e profissionais de educação. 17) De que forma você observa a participação da família na educação escolar dos seus alunos autistas? Atualmente esses familiares estão efetivando mais essa participação, buscando e lutando para que a cada dia eles possam ter seus direitos alcançados, mães que se desdobram para atender a demanda dos seus filhos entre escola, terapias, falta de recursos, e muitas vezes ou na maioria delas despreparo, discriminação de entidades e profissionais que deveriam assegura-los.
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