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Ana Luisa FM Toledo-P3 Gustação e olfato 1. Identificar as estruturas e vias relacionadas ao olfato e gustação A) Estruturas relacionadas ao olfato e vias Nariz- parte externa e cavidade nasal, que é dividia em direita e esquerda pelo septo nasal. -Parte externa do nariz: parte visível. Seu esqueleto é formado principalmente por cartilagem. É formado pela raiz, dorso (estende-se da raiz até o ápice), ápice (ponta). A face inferior possui duas aberturas, as narinas, que são delimitadas lateralmente pelas asas do nariz. A parte óssea do nariz consiste nos ossos nasais, processos frontais das maxilas, parte nasal do frontal e sua espinha nasal, além de partes ósseas do septo nasal. A parte cartilagínea é formada por 5 cartilagens principais: duas cartilagens laterais (processos laterais das cartilagens do septo), duas cartilagens alares e uma cartilagem do septo. As cartilagens alares são em forma de U e são livres e móveis, sendo que, quando há contração dos M. do nariz, elas contraem ou dilatam. -Cavidade nasal: a entrada anterior da cavidade é pelas narinas e a posterior pela parte nasal da faringe, através dos cóanos. É revestida pela túnica mucosa, com exceção do vestíbulo nasal, cujo revestimento é de pele. Os dois terços inferiores da túnica correspondem à área respiratória e o terço superior à área olfatória, que contém o órgão periférico do olfato. A parede medial da cavidade nasal é formada pelo septo nasal, enquanto as paredes laterais são irregulares devido à três lâminas ósseas, as conchas nasais. A concha nasal inferior é a mais longa e mais larga, sendo formada por um osso independente (de mesmo nome, concha nasal inferior) coberto por uma túnica mucosa com grandes espaços vasculares. As conchas nasais média e superior são processos mediais do etmoide. Inervação do nariz: N. olfatório (NC I), responsável pelo olfato, N. trigêmeo (NC V), que garante a sensibilidade no geral, e o N. facial (NC VII), que inerva as glândulas serosas na mucosa nasal. Possui também inervação simpática do nível T1 da medula, associada à regulação do fluxo sanguíneo através da mucosa. -Via olfatória: Nós não cheiramos com o nariz e sim com o epitélio olfatório, localizado acima da lâmina crivosa do osso etmoide. Ela possui 3 tipos celulares: células receptoras olfatórias (neurônios bipolares que recebem o estímulo olfatório), células basais (percussoras dos receptores olfatórios) e células de suporte. Os receptores olfatórios crescem, morrem e regeneram-se em um ciclo de cerca de 4 a 8 semanas. Eles produzem muco, composto de proteoglicanos, proteínas, sais e anticorpos, que é substituído a cada 10 minutos. Neurônios receptores olfatórios- são neurônios bipolares, portanto possuem um único e fino dendrito com uma pequena dilatação na superfície do epitélio. A partir dessa dilatação, formam-se vários cílios que se estendem para a camada do muco, onde as substâncias odoríferas irão se ligar, iniciando o processo de transdução. No lado oposto do neurônio receptor olfatório, há um axônio não mielinizado. O conjunto desses axônios forma o N. olfatório (NC I). Esses axônios não se juntam todos em um único feixe, como ocorre com outros nervos cranianos. Em vez disso, depois de deixar o epitélio, pequenos grupos de axônios penetram nos forames da lâmina crivosa do osso etmoide, seguindo para dois bulbos olfatórios, localizados na base do telencéfalo. No bulbo olfatório, os axônios olfatórios (neurônios de primeira ordem) chegam nos glomérulos (cerca de 25 mil axônios olfatórios), onde realizam sinapse com um dendrito de um neurônio de segunda ordem. Esse neurônio de segunda ordem é a célula mitral e célula tufosa, conhecida por alguns autores como células m/t. Os axônios de saída dos bulbos olfatórios seguem através dos tratos olfatórios, e, ao nível da substância perforada anterior (região onde passam artérias), cada trato se bifurca em uma estria olfatória medial e estria olfatória lateral. Essa região de bifurcação é o trígono olfatório. As duas estrias olfatórias mediais de cada trato se juntam na comissura anterior e suas fibras se cruzam direcionando-se ao bulbo olfatório do lado contrário. As estrias olfatórias laterais que são as responsáveis em levar a informação ao córtex olfatório, localizado no lobo temporal. O córtex olfatório primário está localizado mais especificamente na área piriforme, no unco (bifurcação do giro parahipocampal) no lobo temporal na posição inferior medial. O córtex olfatório ainda se estende para a área peramigdaloide, localizada na intersecção entre o unco e o giro parahipocampal. Essas regiões compreendem o paleocórtex, que é filogeneticamente mais primitivo e possui de 4 a 5 camadas. Do córtex olfatório primário os estímulos passam ao córtex olfatório secundário, localizado na área mais anterior do giro parahipocampal. Deve-se notar que a via olfatória não passa pelo tálamo, sendo assim, extratalâmina. Contudo, a partir do uno, a informação sensitiva pode seguir ao núcleo dorsomedial no tálamo, seguindo para o córtex orbitofrontal, local que reúne informações da gustação e do olfato. Isso explica porque há pessoas que associam um gosto com um cheiro ou vice versa, pois, essa região interliga ambos sentidos. B) Estruturas relacionadas à gustação e vias A língua possui pequenas saliências, as papilas, que se apresentam de diversas formas: filiformes, fungiformes, foliáceas e circunvaladas. São essas papilas, com exceção das filiformes, que contêm os botões gustativos, estruturas cuja função consiste na de fornecer a gustação. O botão gustativo possui cerca de 40 células epiteliais modificadas, sendo algumas células basais e outras células receptoras gustatórias, além de fibras aferentes que os envolvem. As extremidades mais externas de cada célula gustativa dispõem-se ao redor do poro gustativo. De cada uma dessas extremidades partem microvilosidades, ou pelos gustativos, que fazem protusões para fora do poro gustativo para a cavidade bucal. Esses pelos fazem parte da superfície receptora do paladar. Constata-se que o olfato contribui para a percepção do gosto. Isso ocorre devido ao fato de outras estruturas estarem relacionadas com a gustação, entre elas: o palato, a faringe e a epiglote. Os aromas do alimento passam pela faringe rumo à cavidade nasal, onde podem ser detectados por receptores olfatórios. Células receptoras gustatórias: a parte quimicamente sensível é a extremidade apical, próxima à superfície da língua. Essas extremidades possuem extensões finas, as microvilosidades que se projetam para o poro gustativo (pequena abertura na superfície da língua que expõe a célula gustatória ao conteúdo da boca). Elas fazem sinapses com terminais axonais gustatórias aferentes, além de realizarem sinapses químicas e elétricas com algumas células basais, que ainda fazem sinapses com axônios sensoriais. Formando, assim, um circuito simples de processamento de informação dentro de cada botão gustativo. Os nervos associados ao paladar são os nervos cranianos facial (VII), glossofaríngeo (IX) e vago (X). Os 2/3 anteriores estão relacionados às prolongações periféricas do N. facial, enquanto o 1/3 posterior ao N. glossofaríngeo. A região do palato mole, da faringe e da epiglote estão associados ao N. vago. Via gustatória: Ativação dos receptores gustatórios - sinapse com prolongamentos periféricos do N. vago, N. facial e N. glossofaríngeo (primeiro neurônio) - sinapse com segundo neurônio no bulbo, no núcleo gustatório delgado, que faz parte do núcleo do trato solitário - sinapse com terceiro neurônio no núcleo parabraquial medial (na junção do mesencéfalo e ponte) 3 possíveis caminhos a partir do terceiro neurônio: • Sinapse com um quarto neurônio localizado no núcleo ventral posteromedial do tálamo, seguindo para o córtex gustatórioprimário, localizados na área 36 de Brodmann, na porção inferior do giro pós-central e na parte posterior do córtex insular. • Região do corpo amigdaloide no lobo temporal • Núcleo pigmental no mesencéfalo Algumas fibras colaterais do primeiro e segundo neurônio da via podem se projetar para um núcleo específico localizados em alguns nervos cranianos, os núcleos salivatórios, associados ao reflexo salivar. Há dois desses núcleos: o superior, associado à inervação do N. facial, e o inferior, associado ao N. glossofaríngeo. A informação gustatória é ainda distribuída para o hipotálamo e estruturas do sistema límbico. 2. Explicar o funcionamento das vias do olfato e gustação A) Transdução na via gustatória Estímulos salgados- NaCl, amargo- quinino, azedo-HCl e doce- sacarose. Quando uma célula receptora gustatória é ativada por um composto químico, há uma despolarização, mudança esta denominada potencial do receptor. Essa despolarização promove a abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem, havendo o influxo de cálcio, desencadeando a liberação do transmissor na fenda sináptica. O transmissor depende do tipo de célula receptora gustatória. As células receptoras gustatórias para o azedo (ácido) e salgado liberam serotonina, enquanto as receptoras para o doce, amargo e umami liberaram ATP como transmissor primário. Em ambos os casos, o transmissor excita o axônio sensorial pós-sináptico, que dispara um potencial de ação. Pode-se ainda haver outros transmissoras cujas funções são ainda desconhecidas, são eles: acetilcolina, GABA e glutamato. • Transdução envolvendo o sabor salgado: Para detectar baixas concentrações de Na+, os receptores gustatórios utilizam um canal seletivo ao Na+ sensível à amilorida, que é bloqueado pelo composto amilorida. Quando se ingere algo salgado, a concentração de Na+ no LEC aumenta, fazendo com que o Na+ entre dentro da célula receptora gustatória (do mais concentrado, LEC, ao menos concentrado, LIC). Essa despolarização leva à abertura de canais de sódio e cálcio dependentes de voltagem, levando à liberação do neurotransmissor, nesse caso a serotonina. • Transdução envolvendo o sabor azedo: Os ácidos, como o HCl, dissolvem-se em água e originam íons de hidrogênio (prótons ou H+). Logo, os prótons são aqueles responsáveis pelo “azedo”. O H+ pode se ligar e bloquear canais especiais seletivos ao K+, diminuindo a permeabilidade da membrana ao K+, ocorrendo a despolarização, uma vez que se não há K+ saindo da célula, o potencial se torna menos negativo. O H+ pode ativar ou abrir um tipo especial de canal iônico da superfamília dos canais de potenciais de receptores transitórios (TRP). Por meio de canais RPT, o H+ pode despolarizar as células receptores gustatórias relacionadas ao azedo. Imagem 1: salgado, imagem 2: azedo • Transdução envolvendo o amargo: Os processos de transdução relacionados ao sabor amargo, doce e umami relacionam- se com duas famílias de proteínas receptoras gustatórias, T1R e T2R, sendo seus subtipos associados a proteínas G. O amargo é detectado por cerca de 25 tipos diferentes de receptores T2R, que utilizam uma via de segundos mensageiros. Aparentemente, os receptores para os estímulos doce e umami utilizam a mesma via. Quando uma molécula se liga a um receptor para o estímulo amargo (doce ou umami), proteínas G são ativadas, as quais estimulam a enzima fosfolipase C, aumentando o mensageiro intracelular trifosfato de Inositol (IP3). O IP3 ativa um tipo especial de canal iônico, permitindo a entrada de Na+, levando à despolarização. O IP3 provoca também a liberação de Ca2+ dos locais de armazenamento intracelular, que desencadeia a liberação de neurotransmissores. No entanto, nas células gustatórias para o amargo, doce e umami, não possuem vesículas pré-sinápticas com os transmissores. Assim, o aumento de Ca2+ intracelular ativa um canal de membrana especial que permite que o ATP saia da célula. O ATP atua como um transmissor sináptico, ativando receptores purinérgicos nos axônios pós-sinápticos. • Transdução envolvendo o doce: Os receptores do sabor doce assemelham-se aos receptores para o amargo, sendo ambos dímeros de receptores acoplados à proteína G. Contudo, um receptor para o doce requer dois subtipos de receptores T1R: T1R2 e T1R3. A substância química se liga ao receptor de T1R2 + T1R3 e desencadeia o mesmo sistema de segundo mensageiro observado no estímulo amargo. • Transdução envolvendo o umami: O receptor para o umami é composto por dois subtipos da família T1R: T1R1 e T1R3. Quando a substância química se liga a esse receptor, desencadeia-se o mesmo sistema de segundo mensageiro observado no amargo e doce. B) Transdução na via olfatória Substâncias odoríferas – ligação aos receptores – estimulação de proteína G – ativação da adenilato-ciclase – formação de AMPc – ligação do AMPc ao canal catiônico ativado por nucleotídeo cíclico – abertura de canais catiônicos – influxo de sódio e cálcio – abertura de canais de cloreto ativados por cálcio – despolarização OBS: as substâncias odoríferas difundem-se para longe, as enzimas na camada de muco podem degradá-las, e o AMPc na célula receptora olfatória pode ativar outras vias de sinalização, encerrando o processo de transdução. Assim, mesmo na presença contínua de um odorante, a intensidade percebida para um odor desaparece dentro de um minuto, uma vez que a resposta da célula receptora se adapta. Essa diminuição da resposta com o odor contínuo denomina-se adaptação. C) Como ocorre o funcionamento da via gustatória Hipótese da linha marcada: Como visto, as células receptoras gustatórias individuais são seletivamente sensíveis a um específico estímulo. No entanto, algumas delas apresentam uma sintonia mais ampla aos estímulos, ou seja, são menos específicas, por exemplo: umas podem ser estimuladas em certo grau por sal e ácido. Os axônios gustatórios primários são ainda menos específicos, e, a maioria dos neurônios gustatórios centrais continua a apresentar responsividade em todo o traje to até o córtex. Se uma célula receptora gustatória tem dois mecanismos de transdução, ela responderá a dois estímulos gustatórios. Seus sinais são mandados para fibras aferentes, sendo que essa recebe informações de várias células receptoras gustatórias, daquela papila e das papilas vizinhas. Assim, um axônio aferente pode combinar as informações de sabor de diversas células receptoras. Dessa maneira, se um receptor gustatório é sensível ao ácido e outro ao salgado, o axônio aferente que os inerva responderá ao ácido e ao sal. Os neurônios do núcleo gustatório no bulbo recebem sinapses de axônios de diferentes especificidades gustatórias, podendo tornar os neurônios do núcleo gustatória menos específicos ainda. Assim, quando você saboreia, por exemplo, um sorvete de chocolate, como o encéfalo, recebendo informações inespecíficas, consegue saber o verdadeiro sabor? Provavelmente, a resposta inclui aspectos de linhas grosseiramente marcadas e um código de população, em que são usadas as respostas de neurônios altamente específicos, para especificar as propriedades de um estímulo. O encéfalo consegue distinguir os sabores por meio de várias células gustatórias com diferentes padrões de respostas. Os axônios gustatórios respondem forte para o amargo, moderado para o azedo e sal, e não respondem para o doce. D) Como ocorre o funcionamento da via olfatória? O encéfalo decifra os odores a partir de respostas de uma grande população de receptores. Por exemplo, na presença de um odor cítrico, nenhum dos 3 tipos de células receptoras olfatórias podem distingui-lo individualmente. Assim, examina-se a combinação de respostas das 3 células. Uma recente estimativa mostra que os seres humanos são capazes de discriminar ao menos um trilhão de combinaçõesdiferentes de estímulos odoríferos. Cada proteína receptora liga-se a diferentes substâncias odoríferas com maior ou menor facilidade, sendo ela mais ou menos sensível à estrutura química da substância odorífera. Uma maior quantidade de odorante tende a gerar respostas mais fortes, até que a resposta sature- adaptação. Portanto, cada célula olfatória produz uma informação proveniente de uma substância odorífera, sendo assim, papel das vias centrais reunir essas informações para classificar os odores- código de população.
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