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A VIAGEM 4

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A VIAGEM – IV ESTAÇÃO
(Ou Filosofia Geral e Jurídica -I Estágio)
Prof.ª' Ms. Maria das Neves Franca - 2018.1
O NASCIMENTO DA FILOSOFIA. OS PRIMEIROS FILÓSOFOS
O que vamos examinar nesta aula: 
A importância do espanto
Os primeiros filósofos
O nascimento da filosofia
Características da cosmologia
Os períodos da Filosofia grega
Sócrates como referencial dos dois primeiros períodos
O conflito de paradigmas
As fontes para o estudo dos pré-socráticos
O período pré-socrático, naturalista ou cosmológico
As escolas
Alguns dos traços fundamentais da filosofia
Como pensaram os primeiros filósofos
Os primeiros pensadores: A escola jônica
Tales
Anaximandro
Anaxímenes
Heráclito
A escola pitagórica
A escola eleática
A escola pluralista
A justiça no período pré-socrático
A mudança do eixo naturalista para o antropológico
Café filosófico
DIÁLOGOS: DIREITO E MÚSICA
1. A importância do espanto
No segundo capítulo do Livro I da METAFÍSICA, Aristóteles nos diz:
“Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar, tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram ouço a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como osfenômenos da lua, do sol e das estrelas, assim como da gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (por isso o amigo dos mitos é de certo modo filósofo, pois também o mito é tecido de maravilhas); portanto, como filosofavam para fugir da ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber e não com finalidade utilitária” (Aristóteles. Metafísica. A 982 b)
 Um outro filósofo, o austríaco Ludwig Wittgenstein ( 1889-1951) , de tempos bem mais recentes, escreveu que a filosofia começa com perplexidades; é nesses estranhos momentos cotidianos que as questões filosóficas têm origem. Para filosofar, portanto, é preciso surpreender-se diante das coisas que a maioria das pessoas tem como certas.
 Como vemos, espantar-se diante das coisas, interrogá-las é próprio da condição humana. Hoje já não nos permitimos esse "maravilhamento" diante do mundo. Já não mais nos surpreendemos diante do ser das coisas e de nós mesmos. Estamos empanturrados de informações, "habituados", "acostumados" com o mundo, absorvidos pelo cotidiano e pela rotina, e tudo parece muito normal. Filosofar é sair desse "fechamento", assumir uma atitude de abertura diante do mundo. Ver tudo como se fosse a primeira vez. Com isso estamos querendo dizer que não há sentido pregado nas coisas. Nós nos acostumamos a ver as coisas como se tivessem um rótulo colado nelas. Vamos dar um exemplo meio maluco: Suponhamos que fôssemos todos bois, pastando aqui no campus do UNIPÊ, em plena época de floração dos ipês. É claro que a beleza das flores – a cor e o vigor dos ipês em floração - não nos tocaria, nem nos surpreenderia, pois no nosso horizonte de bois tudo seria medido em função do capim suculento, tudo seria medido no horizonte da suculência. O que não fosse capim não teria sentido, não teria valor, seria abstrato, irreal, não seria prático. E se aparecesse um “boi filosófico” que cismasse da situação e começasse a questionar aquela abertura limitada, os outros bois “normais” iam dizer que ele estava sonhando, que ele estava viajando, estava deslocado, estava vendo o mundo às avessas. Hoje, podemos dizer que o nosso horizonte é “mercadológico”. O mundo e a humanidade são avaliados pelo seu potencial comercial. Tudo é visto como uma mercadoria, passível de compra e venda. O que ficar fora disso é desinteressante e destituído de valor. Ora, será que não podemos operar dentro de outra dimensão? Seremos cativos de um horizonte? É por isso que é importante colocar sob suspeita os nossos hábitos. Estamos habituados a ver o mundo sob determinado horizonte. E é preciso vê-lo como se fosse a primeira vez! Como se nada soubéssemos! O espanto, o “maravilhamento”, a admiração, a perplexidade têm importância porque carregam a curiosidade, alimentam o desejo de saber, e é assim que surge a possibilidade de novas aberturas, novos horizontes, novos modos de relação com o mundo, com as coisas e nós mesmos. Não podemos deixar que o “hábito” anestesie a nossa capacidade de pensar e nos lance passivamente num mundo que outros escolheram para nós. Experimente, por exemplo, mudar o seu modo de ver e considerar por exemplo a alegria, a fome, a justiça, o amor, o estudo, a ambição... Verá quantas possibilidades de novos objetos podem se abrir nesses horizontes.
2. Os primeiros filósofos
(Aristóteles, Metafísica, livro I, 3)
A maior parte dos que primeiro filosofaram pensaram que os princípios de todas as coisas fossem apenas materiais. Com efeito, afirmam que aquilo de que todos os seres são constituídos e aquilo de que derivam originariamente e em que terminam por último, é elemento e é princípio de todos os seres, enquanto é uma realidade que permanece idêntica mesmo com a transmutação de suas afecções. E por esta razão, crêem que nada se gere e que nada se destrua, pois tal realidade sempre se conserva. E como não dizemos que Sócrates gera-se em sentido absoluto quando se torna belo ou músico, nem dizemos que perece quando perde tais modos de ser, pelo fato de que o substrato – ou seja, o próprio Sócrates – continua a existir, também devemos dizer que não se corrompe, em sentido absoluto, nenhuma das outras coisas: deve haver, pois, alguma realidade natural ( uma só ou mais de uma) da qual derivam todas as outras coisas, enquanto ela continua a existir imutável. 
Todavia, estes filósofos não estão todos de acordo sobre o número e a espécie de tal princípio. Tales, iniciador deste tipo de filosofia, diz que tal princípio é a água (por isso afirma também que a terra navega sobre a água), deduzindo sua convicção indubitavelmente da constatação de que o alimento de todas as coisas é úmido. Ora, aquilo de que todas as coisas são geradas é, justamente, o princípio de tudo. Ele deduz, portanto, sua convicção deste fato e do fato de que as sementes de todas as coisas têm natureza úmida e a água é o princípio da natureza das coisas úmidas. 
Há ainda alguns que crêem que também os antiqüíssimos que por primeiro trataram dos deuses, muito antes da presente geração, tenham tido esta mesma concepção da realidade natural. Com efeito, puseram oceano e Tétis como autores da geração das coisas e disseram que aquilo pelo que os deuses juram é a água, a qual é chamada por eles Estige. Com efeito, o que é mais antigo é também mais digno de respeito, e aquilo sobre o qual se jura é, justamente, o que é mais digno de respeito. Todavia, que tal concepção da realidade natural tenha sido assim originária e assim antiga, não aparece de modo claro; ao contrário, afirma-se que Tales foi o primeiro a professar esta doutrina a respeito da causa primeira. 
3.O nascimento da filosofia
“A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e leva-la a sério? Sim e por três razões: em primeiro lugar porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar porque o faz sem imagem e sem fabulação; e, enfim, em terceiro lugar porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento “Tudo é um”. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego.”( Nietzsche. A Filosofia na época trágica dos gregos. Parágrafo 3. In Os pré-socráticos. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, p. 16)
A filosofia é um dos acontecimentos mais decisivos na história do homem. Ela se encontra na base de todo desenvolvimento e de todas as formas da civilização ocidental: arte, religião, matemática, ciências naturais, moral, educação, ação política e econômica, ordenamento jurídico, a linguagem comque a civilização ocidental exprime o mundo, os grandes conflitos da história do ocidente (Estado e Igreja, burguesia e proletariado, capitalismo e comunismo), TUDO TEM LUGAR NO ESPAÇO ABERTO PELA FILOSOFIA. 
A filosofia não pretende negar o mito, mas propor uma nova interpretação da realidade. Surge como uma nova opção de conhecimento.
 Nasce como COSMOLOGIA – explicação do mundo natural baseada em causas naturais e não na realidade misteriosa e exterior ao próprio mundo (Diferente das genealogias míticas, que eram as cosmogonias e as teogonias).
Características da cosmologia:
É uma explicação racional sobre a origem, ordem e transformações da natureza
Afirmação de que o mundo sempre existiu, é eterno. Nada vem do nada e nada volta ao nada.
Aquilo de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisível aos olhos do corpo e visível para o pensamento.
Aquilo de onde tudo nasce e para onde tudo retorna é o elemento primordial da natureza, é a physis. A physis é o que é real, imortal, eterno em todas as coisas. É a força material original. A força da nascividade. Os seres são mortais, mas a physis é imortal. Quando os primeiros filósofos pronunciaram a palavra physis, eles não estavam se referindo apenas a uma parte do Todo, a “natureza”, compreendida como a realidade em movimento. A palavra physis é construída com base na raiz indo-européia bhu, que significa SER. Essa raiz se liga a bha, que significa LUZ. Quando os primeiros filósofos pronunciaram esta palavra eles estão se referindo ao ser, como aquilo que se mostra, que surge, que irrompe, que se ilumina e que nessa luminosidade é absolutamente inegável. 
O mundo está em mudança contínua, em movimento permanente. O movimento do mundo se chama devir.
O devir obedece leis rigorosas e o pensamento conhece essas leis.
5.Os períodos da filosofia grega
Um período se define pelo conteúdo das investigações desenvolvidas num certo momento histórico. Os períodos, portanto, se caracterizam pelos tipos de questões que orientaram as investigações dos pensadores que deles fizeram parte, por exemplo, chama-se período pré-socrático ou naturalista aquele em que os filósofos tinham como preocupação central a natureza; chama-se período socrático, humanista ou antropológico aquele em que a preocupação central era o homem e assim por diante. 
Os quatro grandes períodos da Filosofia Grega, nos quais seu conteúdo muda e enriquece são: 
Período pré-socrático, naturalista ou cosmológico – Final do século VII ao final do V.
Preocupação central: A Natureza e o cosmos; a origem do mundo e as transformações da natureza. 
Principais representantes: Jônios, pitagóricos, eleatas e pluralistas. 
Período socrático, humanista ou antropológico – (final do século V e todo o século IV.
Preocupação central: as questões humanas – Ética, política, técnica.
Principais representantes: Os sofistas e Sócrates. 
Período sistemático(Final do século IV e século III) 
Período das grandes sínteses de Platão e Aristóteles. 
Tudo pode ser objeto do pensamento filosófico desde que se estabeleçam as leis do pensamento e de suas demonstrações para oferecer os critérios da verdade e da ciência.. 
Período helenístico ou greco-romano – Final do século III aC até VI d.C. Preocupação central: Questões da ética, do conhecimento, relações entre o homem e a natureza, ambos e Deus.Surgimento das grandes escolas morais: estoicismo e epicurismo.Nascimento do pensamento cristão que tenta formular racionalmente o dogma da religião cristã e defini-lo à luz da razão, com categorias derivadas dos filósofos gregos. 
6. Sócrates como referencial dos dois primeiros períodos
OS DOIS PRIMEIROS PERÍODOS TÊM COMO REFERÊNCIA SÓCRATES, porque ele introduz uma nova problemática na discussão filosófica: as questões ético-políticas e a problemática humana e social . Podemos dizer que com Sócrates aconteceu uma verdadeira revolução na história da filosofia, por razões antropológicas, intelectuais e morais. 
Razões antropológicas: A origem do cosmos deixa de ser um das questões mais importantes. A sua preocupação é o homem , sobretudo do ponto de vista político e moral.
Razões intelectuais – Claramente se dá importância ao papel desempenhado pela razão, já que no homem esta é indispensável na busca da verdade.
Razões morais – Coloca a ética em primeiro lugar. Os conceitos de verdade que o homem deve tentar alcançar – para alcançar a sabedoria – são essencialmente morais. Assim, acredita que a bondade depende da sabedoria. 
O conflito de paradigmas
A mudança do período naturalista para o antropológico foi ocasionada pelo primeiro conflito de paradigmas do pensamento ocidental, o conflito entre Heráclito e Parmênides, que examinaremos adiante. 
As fontes para o estudo dos pré-socráticos: a doxografia e os fragmentos.
O conhecimento da filosofia dos pré-socráticos envolve uma grande dificuldade, pois suas obras se perderam na Antiguidade e só as conhecemos por meios indiretos. As principais fontes de que dispomos para estudar os pré-socráticos são a doxografia e os fragmentos. 
A doxografia consiste em sínteses e comentários dos pensamentos desses filósofos elaboradas por pensadores posteriores a eles. Isto significa que a doxografia é a apresentação do pensamento de um pré-socrático nas palavras de outro filósofo.Ex. “Tales de Mileto, o primeiro a indagar esses problemas , disse que a água é a origem das coisas e que deus é aquela inteligência que tudo faz da água”. (Cícero)
Os fragmentos são citações de passagens dos próprios filósofos pré-socráticos encontradas em obras posteriores. Esclarecendo melhor, o fragmento apresenta a palavra do próprio filósofo pré-socrático. “A guerra é o pai de todas as coisas e de todas o rei; de uns fez deuses, de outros, homens; de uns, escravos, de outros homens livres” Frag. 53 de Heráclito). Vejamos alguns exemplos:
TALES DE MILETO – DOXOGRAFIA
“A maior parte dos filósofos antigos concebia somente princípios materiais como origem de todas as coisas (...) Tales diz que a água é o princípio de todas as coisas (por esta razão afirma também que a terra repousa sobre a água.” 
(Aristóteles - Metafísica, I, 3)
“Tales de Mileto, o primeiro a indagar estes problemas, disse que a água é a origem das coisas e que deus é aquela inteligência que tudo faz da água”
(Cícero. De deorum Nat., I, 10, 25)
ANAXIMANDRO – DOXOGRAFIA
“Entre os que defendem um único princípio, móvel e ilimitado, Anaximandro (...) discípulo e sucessor de Tales, diz que o ilimitado é o princípio e elemento de todas as coisas, tendo sido o primeiro a empregar a palavra princípio ( arqué) . Afirma que não é a água ou algum dos outros assim chamados elementos, mas uma outra natureza diferente, ilimitada, da qual seriam formados todos os céus e os cosmos naqueles contidos (...). É evidente que Anaximandro ao observar a transformação recíproca dos 4 elementos, não quis tomar um destes como substrato, mas um outro diferente”. 
(Simplício, Phys. 24, 13.)
ANAXÍMENES – DOXOGRAFIA
“Anaxímenes de Mileto, filho de Euristrato, considerou o ar como princípio das coisas; todas as coisas dele provem e todas as coisas nele se dissipam. Como nossa alma, que é ar, nos governa e sustém, assim também o sopro e o ar abraçam o cosmos.” ( Aet.I, 3,4)
HERÁCLITO DE EFESO – FRAGMENTOS
Frag. 12 – “Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas”
Frag. 49 – “Descemos e não descemos nos mesmos rios; somos e não somos.”
Frag. 88 – “Em nós manifesta-se sempre uma e mesma coisa, vida e morte, vigília e sono, juventude e velhice. Pois a mudança de um dá o outro reciprocamente”
Frag. 8 – “Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia”.
PARMÊNIDES – FRAGMENTO
Frag. 2 – “E agora vou falar; e tu escuta as minhas palavras e guarda-as bem, pois vou dizer-te dos únicos caminhos de investigação concebíveis. O primeiro diz que o ser é que o não-ser não é; este é o caminho da convicção, pois diz a verdade. O segundo, que não é, é, e que o não-seré necessário; esta via, digo-te, é imperscrutável, pois não podes conhecer aquilo que não é – isto é impossível – nem expressá-lo em palavra.” 
Período Pré-socrático, naturalista ou cosmológico
Final do século VII ao final do século V a.C. Também conhecido como período Naturalista. 
Primeiros filósofos: PHISIKOY (físicos) – Estudiosos ou teóricos da natureza (Physis)
Preocupação central: A natureza e o cosmos; a origem do mundo e a causa das transformações da natureza.
Queriam entender os processos naturais sem recorrer aos mitos.
Afirmavam que o mundo é eterno. Nada vem do nada e nada volta ao nada. O mundo sempre existiu.
 As Escolas
jônica: Interesse pelas teorias sobre a natureza. Procura o elemento primordial das coisas. Tales, Anaximandro, Anaxímens, Heráclito
italiana ou pitagórica: Visão de mundo mais abstrata menos voltada para explicação da realidade – Pitágoras põe o elemento primordial das coisas no número. Pitágoras
eleática: Fundada por Xenófanes . principal representante é Parmênides. Com ele a cosmologia se transforma em Ontologia, teoria do SER. O princípio primordial das coisas é o ser. 
PLURALISTA: Combina várias escolas mas privilegia uma concepção de mundo natural como múltiplo e dinâmico. Anaxágoras, Leucipo e Empédocles
ALGUNS DOS TRAÇOS FUNDAMENTAIS DA FILOSOFIA :
O SENTIDO DA VERDADE - Os gregos são os primeiros a evocar o sentido da verdade. Surge a idéia de um saber irrefutável, que não pode ser negado nem por homens, nem por deuses, nem por mudança dos tempos. Irrefutável não porque a sociedade tenha fé nele ou viva sem duvidar dele, mas porque é ele próprio que é capaz de rebater todos os seus adversários. Os primeiros pensadores designaram esse saber com palavras da língua grega: Sophia (saber), logos ( razão), aletéia (verdade), episteme (ciência). 
O INTERESSE PARA O TODO – A filosofia não privilegia uma parte, uma dimensão particular da realidade; com ela se dá a emergência do Todo na verdade. “Com o nascimento da filosofia o pensamento atravessa, sem se deixar distrair, a infinita riqueza das coisas: dirigir-se ao Todo significa percorrer o confim extremo, para lá do qual nada existe, e conseguir vislumbrar a reunião em conjunto das coisas mais diferentes e mais antitéticas (presente, passado futuro, coisas visíveis e invisíveis, corpóreas e incorpóreas, as coisas reais e possíveis, sonhos, fantasias, ilusões, vigília, todos os acontecimentos de mundos e universos etc), a sua reunião numa suprema unidade”. O NÚCLEO PRESENTE NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA NÃO É CONSTITUÍDO SOMENTE PELA IDÉIA DA VERDADE MAS PELA RELAÇÃO ENTRE A EMERGÊNCIA DA VERDADE E A EMERGÊNCIA DA TOTALIDADE DAS COISAS. O SENTIDO FILOSÓFICO DA VERDADE IMPLICA QUE NOS DIRIJAMOS NÃO A UMA DIMENSÃO PARTICULAR DA REALIDADE, MAS AO TODO; SE PRIVILEGIARMOS UMA PARTE PODE SER QUE A IRRUPÇÃO DE OUTRAS PARTES VENHA DESMENTIR O SABER CONSTITUÍDO AO OBSERVAR A PRIMEIRA PARTE PRIVILEGIADA. 
PORTANTO, É NA EMERGÊNCIA DO TODO NA VERDADE que se constitui o NÚCLEO DA FILOSOFIA. A ideia de um saber irrefutável nega toda forma de conhecimento, toda forma de saber 
 toda forma de vida que possa ser negada, ultrapassada, desmentida. Com o seu nascimento, a filosofia coloca todas as coisas perante a verdade.
A IDENTIDADE DO DIFERENTE – Um outro traço essencial da filosofia é a busca da identidade no seio da diferença. Ao atravessar a infinita variedade das coisas, ela vê que cada coisa, se bem que diferente das outras , possui em comum com as outras o fato de ser habitante do Todo. As coisas, apesar de diferentes possuem uma identidade, por isso podem se revelar para a filosofia. Se esta identidade não se revelasse, as coisas diferentes não poderiam se revelar como “totalidade das coisas,” de cada vez se revelaria como uma parte do Todo, mas não como o Todo que em si as conserva reunidas.
A ARCHÉ – As coisas que nascem não provêm de uma dimensão para lá do TODO, assim como as que morrem também não vão acabar para além dos confins do TODO. As coisas não habitam o Todo somente porque se encontram, nele, mas no sentido de que a origem da qual provêm e o termo final que, ao partirem atingem, também se encontram nele. As plantas nascem e se estendem pelo ar vindas da terra, e quando de sua morte retornam à terra. De algum modo elas existem já na terra antes de despontar, e continuam a existir na terra mesmo depois de terem apodrecido. A terra já tem reunidas e continua a manter reunidas em si própria todas as plantas que são visíveis no ar; mantém todas reunidas numa unidade que estando a superfície do terreno não se deixa ver. Essa metáfora ajuda a esclarecer em que sentido as coisas que habitam o Todo provêm de uma unidade e regressam a uma unidade, a qual não apenas se encontra no Todo mas é mesmo o centro do Todo, da mesma maneira que a terra é o centro de onde irradiam para o ar todas as ramificações arbóreas. Centro de irradiação, origem, princípio, são termos que servem para expressar o sentido da palavra ARCHÉ. Nessa medida podemos dizer que o Todo jnclui tanto o “uno” como todas as coisas. 
COMO PENSARAM OS PRIMEIROS FILÓSOFOS:
No seu primeiro momento, a filosofia grega é, antes de tudo, FILOSOFIA DA NATUREZA. Os pré-socráticos se preocupavam quase exclusivamente com a questão de saber de onde veio o universo e para onde volta depois de dissoluto – qual ou quais os elementos que o explicam radical e fundamentalmente. Hoje em dia nós acreditamos que tudo surgiu do nada, mas para os gregos antigos nada vem do nada e nada volta ao nada. O universo é eterno. O mundo sempre existiu. Tudo se transforma em outra coisa, mas não desaparece jamais. A forma particular desaparece, mas não a sua matéria. Aquilo de onde tudo nasce e para onde tudo volta é a physis (do verbo phyein, que significa emergir, brotar, nascer, crescer). A physis é a força material original, o fundo imortal de onde tudo brota. A physis é o que é real, imortal, eterno em todas as coisas. É um princípio gerador e dá origem a todos os seres. 
O mundo está em permanente mudança, mas não perde a estabilidade, a ordem. Embora a physis seja imutável, os seres físicos ou naturais gerados por ela estão em permanente mudança, em contínua transformação. Mudam de qualidade e quantidade, por exemplo: o novo envelhece, o frio esquenta, o dia se torna noite, o pequeno cresce etc. Os gregos usavam a palavra kinesis (movimento) para expressar toda e qualquer mudança, quantitativa ou qualitativa de um ser, e também seu nascimento e perecimento.O movimento do mundo era chamado devir. O devir, portanto, é a passagem contínua de uma coisa a outra (dia-noite, claro-escuro, pequeno-grande etc) e essa passagem obedece a leis rigorosas, determinadas pela physis ou princípio fundamental do mundo, e que o pensamento pode conhecer.
Partindo do pressuposto de que sempre existiu alguma coisa, e, vendo as transformações que ocorriam no meio ambiente, indagavam-se como aquilo era possível. Então, acreditavam que havia uma substância básica que subjazia a todas essas transformações. É preciso salientar que o mais importante não é saber as respostas que esses filósofos encontraram. O mais importante é perceber não o que eles pensavam, mas COMO eles pensavam. Todos eles buscavam encontrar a identidade no seio das diferenças! Eles acreditavam que havia uma substância básica por trás de todas as transformações. Vejamos, de forma resumida: Os primeiros filósofos
Voltaram-se para o TODO (totalidade dos entes, realidade, seja corpórea, biológica ou psíquica)
Viram que apesar de diversas todas as coisas se encontravam reunidas no TODO.
Sol é diferente de lua, mas se encontram reunidos no TODO. Ocupamo-nos com distrações, trabalho, coisas visíveis e invisíveis, reais e possíveis, sonhos, tudo reunido no TODO.
Ao se voltarem para o TODO, perceberam a diversidade, mas distinguiram a sua identidade.
Foram investigar em que consiste o elemento que permite essa identificação.
Esse elemento (a identidade do diferente) eratambém o princípio (ARCHÉ), fonte e origem de todas as coisas, a matéria de que são constituídos..
O elemento que era também o princípio de todas as coisas os gregos chamaram PHYSIS.
PHYSIS ( do verbo PHYEIN – emergir, nascer, crescer, brotar, surgir, vir a ser) é o que é real, eterno, imortal em todas as coisas . Força material original, fundo imortal de onde tudo brota. O mundo é eterno, a physis é eterna. Tudo se transforma em outra coisa mas não desaparece jamais. A forma particular desaparece, mas não a sua matéria. Conforme já foi dito, quando os primeiros filósofos chamam physis aquilo que pensam , não se referem à natureza compreendida como uma parte ou um aspecto do Todo, ou seja, ao mundo em devir, mas se referem ao próprio SER, na medida em que este é o TODO que envolve todas as partes, e todos os aspectos. Referem-se ao que se ilumina, que surge e se mostra, e que nesta sua luminosidade é inegável. 
Os seres são gerados , mortais e estão em mudança contínua. O mundo está em mudança contínua mas não perde a ordem, a estabilidade. 
A mudança se chama MOVIMENTO
O MOVIMENTO DO MUNDO SE CHAMA DEVIR.O DEVIR É REGIDO POR LEIS RIGOROSAS. 
CADA FILÓSOFO PROCUROU DIZER QUAL ERA O PRINCÍPIO ETERNO, A PHYSIS.
Hoje nós nunca refletimos acerca do TODO. Nossa reflexão se dirige para coisas e âmbitos particulares. (o ambiente físico, as distrações, os afetos, o trabalho etc) Todas essas coisas se encontram reunidas no Todo, numa única região que contém o passado, o pesente, o futuro, coisas visíveis e invisíveis, corpóreas e incorpóreas, reais e possíveis, o mundo humano e o divino, sonhos, fantasias, ilusões, desilusões, todos os acontecimentos do mundo, nossas esperanças!...COM O NASCIMENTO DA FILOSOFIA, O PENSAMENTO ATRAVESSA A INFINITA RIQUEZA DAS COISAS. DIRIGIR-SE AO TODO SIGNIFICA PERCORRER O CONFIM EXTREMO PARA ALÉM DO QUAL NADA EXISTE E CONSEGUIR VISLUMBRAR A REUNIÃO EM CONJUNTO DAS COISAS MAIS DIFERENTES E ANTITÉTICAS NUMA SUPREMA UNIDADE. 
13.OS PRIMEIROS PENSADORES: A ESCOLA JÔNICA
Final do século VII ao final do século V a.C. Também conhecido como período Naturalista. 
 (TALES, ANAXIMANDRO, ANAXÍMENES HERÁCLITO)
Primeiros filósofos: PHISIKOY (físicos) – Estudiosos ou teóricos da natureza (Physis)
Preocupação central: A natureza e o cosmos; a origem do mundo e a causa das transformações da natureza.
Queriam entender os processos naturais sem recorrer aos mitos.
Afirmavam que o mundo é eterno. Nada vem do nada e nada volta ao nada. O mundo sempre existiu.
PROBLEMA : EM QUE CONSISTE O ELEMENTO IDENTIFICADOR DE TODAS AS COISAS?
É O PROBLEMA DA DETERMINAÇÃO DA ARCHÉ, DO PRINCÍPIO E DO ELEMENTO.
“A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e leva-la a sério? Sim e por três razões: em primeiro lugar porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar porque o faz sem imagem e sem fabulação; e, enfim, em terceiro lugar porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento “Tudo é um”. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego.”( Nietzsche. A Filosofia na época trágica dos gregos. Parágrafo 3. In Os pré-socráticos. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, p. 16)
TALES: A ÁGUA. 
A GRANDEZA DE TALES RESIDE NO INTERESSE PELO TODO, MOSTRANDO-SE COMO A SUPREMA UNIDADE DO DIFERENTE.
 A ÁGUA É UMA METÁFORA. EQUIVALE A AFIRMAR QUE AS COISAS SÃO CONSTITUÍDAS POR UMA SUBSTÂNCIA COMUM. O DE ONDE ELAS SE GERAM E PARA ONDE RETORNAM; É ALGO DE UNITÁRIO.
ANAXIMANDRO : O ÁPEIRON.
Três coisas precisam ser compreendidas no pensamento de Anaximandro: O apeíron como a arché de todas as coisas, a explicação do devir e a concepção de justiça (diké), conforme expressa na sua famosa sentença. 
A) A arché de todas as coisas é o ÁPEIRON ,o INFINITO, POIS se nada vem do nada,tudo que se gera deve pré-existir na substância originária, então a água não pode ser a substância originária porque é finita, limitada. Essa dimensão que deve envolver tudo e sustentar tudo é o INFINITO, o apeíron. Um diferente não pode ser aquilo que existe de idêntico em toda diferença. 
B) O DEVIR
NO ÁPEIRON TODAS AS COISAS SE ENCONTRAM REUNIDADS E GUARDADAS. O apeíron contém em si toda oposição. A CRIAÇÃO DO UNIVERSO É A CRIAÇÃO DOS CONTRÁRIOS: do dia, da noite, da guerra, da paz. No processo de criação cósmica a criação de um dos contrários impede a criação do outro ou provoca a sua dissolução. A NOITE DISSOLVE O DIA; A GUERRA DISSOLVE A PAZ; A VIDA A MORTE. Tudo que nasce leva outras coisas ao desaparecimento. Enquanto na dimensão eterna do apeíron todas as coisas e todas as oposições se encontram reunidads, guardadas, NA ORDEM DO TEMPO, O NASCIMENTO DE CADA COISA É UMA PREVARICAÇÃO CONTRA OUTRAS, uma injustiça; o prevaricador paga o preço sendo a seguir destruído por outros prevaricadores, regressando à unidade originária do apeíron.Anaximandro explica o DESENVOLVIMENTO DO UNIVERSO como UM PROCESSO DE SEPARAÇÃO DA UNIDADE ORIGINÁRIA, separação sempre governada pelo apeíron, por essa UNIDADE ORIGINÁRIA, de onde as coisas provem e para onde retornam.
O governo do apeíron é o TODO, que contém e unifica a separação do universo em relação à unidade originária; essa unidade é o que mantém sob seu governo todas as coisas que na criação do universo dela vão se separando. 
C)A SENTENÇA DE ANAXIMANDRO: 
“TODAS AS COISAS SE DISSIPAM ONDE TIVERAM SUA GÊNESE, CONFORME A NECESSIDADE; POIS PAGAM UMAS ÀS OUTRAS CASTIGO E EXPIAÇÃO PELA INJUSTIÇA, CONFORME A DETERMINAÇÃO DO TEMPO”. 
Anaximandro nos diz que o mundo é composto de substancias contrárias que pagam castigo e expiação uns aos outros pela sua injustiça. Essas substancias são iguais na ordem do universo e quando qualquer delas para sobreviver sacrifica outra, deve lhe pagar retribuição, desse modo a estabilidade do universo fica preservada. É importante compreender que Anaximandro se apropria do termo diké (justiça), reservado para a convivência política e social, para justificar o equilíbrio da natureza, a harmonia do universo. As desarmonias que ocorrem são compensadas por diké. Assim os contrários se pagam retribuição.Se um tirasse do outro mais do que o devido devia-lhe reparar para que a harmonia do cosmo fosse restabelecida. A harmonia existente no mundo social é traduzida para o mundo da natureza. Anaximandro funda a comunidade jurídica das coisas. Ele traz o direito para o próprio ser do mundo. O direito é parte do universo e está inserido nele. Ainda, O CASTIGO E EXPIAÇÃO PELA INJUSTIÇA, SERÁ PAGO “CONFORME A DETERMINAÇÃO DO TEMPO”. Aqui é o tempo que ocupa a figura do juiz ao dizer o direito. O tempo fixa o montante do castigo e da retribuição e o prazo em que devem ser realizados. Anaximandro estabelece um tribunal no universo. 
16.ANAXÍMENES: O AR.
A questão de Anaxímenes: O QUE É O ÁPEIRON? O CONCEITO DE ÁPEIRON É APENAS NEGATIVO, É O NÃO FINITO, O NÃO LIMITADO; MAS QUE COISA É ESSA QUE É O NÃO LIMITADO, O NÃO FINITO? 
ANAXÍMENES BUSCA ESTABELECER O QUE É O ÁPEIRON. A CAUSA QUE DETERMINA AS TRANSFORMAÇÕES DO ÁPEIRON EM TODAS AS C0ISAS DO MUNDO É, segundo ele, A CONDENSAÇÃO E RAREFAÇÃO DO AR. O AR ABARCA TUDO NO MESMO SENTIDO QUE A NOSSA ALMA NOS SUSTENTA.
Vale observar que até aqui o princípio do diferente acaba sendo uma das diferentes coisas, ou seja, O UNIVERSAL CONTINUA SENDO CONFUNDIDO COM O PARTICULAR. TALES, ANAXIMANDRO E ANAXÍMENES PENSAM A IDENTIDADE DOS OPOSTOS, MAS É HERÁCLITO QUE VAI REFLETIR EXPLICITAMENTE SOBRE ISSO.
HERÁCLITO: 
 É HERÁCLITO QUE VAI REFLETIR EXPLICITAMENTE SOBRE A IDENTIDADE DOS OPOSTOS.O pensamento de Heráclito encontra-se em constante diálogo com o de Anaximandro.“Todas as coisas são o uno”, quer dizer, na sua diversidade e oposição possuem algo de idêntico.
Essa identidade não pode ser algo de particular e limitado, é APEIRON (O ILIMITADO); mas é preciso dizer o que é o apeíron (de acordo com a necessidade avançada por Anaxímenes).
Heráclito então torna claro que a identidade das coisas é o próprio fato de serem diferentes e opostas. Q que existe de idêntico em cada coisa é a própria contraposição de cada coisa às outras; cada coisa é , precisamente um “diferente”. A identidade de cada coisa, portanto, é o seu “não ser as outras”, é o “não ser o outro de si”. 
Esse “não ser o outro de si” não é algo particular,NÃO DIZ RESPEITO A ALGUMAS COISAS, é constituinte de todas as coisas. Então, à pergunta de Anaxímenes “O QUE É O ÁPEIRON?” Heráclito responde: “é o não ser o outro de si”, é a oposição de cada coisa às outras. Cada coisa só é o que é pela relação de oposição que mantém com as outras. O QUE EXISTE DE IDÊNTICO EM CADA COISA É A OPOSIÇÃO DE CADA COISA ÀS OUTRAS. A essa oposição em que cada coisa consiste e da qual é criada Heráclito chama guerra, pólemos.Aquilo que é comum a cada coisa é o desacordo, no qual todas as coisas podem se tornar e permanecer o que são: se a vida não estivesse em desacordo e se opusesse à morte, o calor ao frio, o dia à noite, a saciedade à fome, não existiriam vida, nem calor, nem dia, nem saciedade.
Vale lembrar que Anaximandro pensa a injustiça como a pretensão da coisa particular de se desligar de toda relação e ligação com as outras. Heráclito, entretanto, mostra que cada coisa só pode ser o que é quando se encontra ligada às outras pela relação de oposição. De maneira que, em Heráclito, justiça é desacordo, precisamente porque no contraste da oposição, na guerra universal, é negada a arrogância das coisas isoladas. 
Novidade da perspectiva de Heráclito:
A substância a partir da qual as coisas são criadas e para onde regressam é o FOGO.(permanece na perspectiva anterior)
Mas a constituição e o processo de nascer e perecer são determinados pela oposição entre as coisas, que é a LEI de cada coisa. 
A lei e a ordem do todo são uma palavra perpétua que deve ser escutada: O LOGOS
A MAIORIA OUVE O LOGOS MAS NÃO QUER ESCUTAR, NÃO COMPREENDE QUE O CONTRASTE É A CONDIÇÃO DE HARMONIA.
RETOMA O CONCEITO DE JUSTIÇA E INJUSTIÇA (COMO PREVARICAÇÃO) PRESENTE EM ANAXIMANDRO.
MOSTRA QUE CADA COISA SÓ PODE SER O QUE É QUANDO LIGADA A OUTRAS PELA OPOSIÇÃO. 
A JUSTIÇA É DESACORDO, É OPOSIÇÃO, PORQUE NO CONTRASTE DA OPOSIÇÃO É NEGADA A ARROGÂNCIA DAS COISAS ISOLADAS. 
Heráclito é o principal representante do mobilismo, concepção segundo a qual a realidade natural se caracteriza pelo movimento, todas as coisas estando em fluxo perpétuo. Esse seria o sentido da famosa frase atribuída a ele: “Panta rei”( tudo passa) . O mais famoso fragmento de Heráclito é, talvez, o de número 91, no qual ele diz: “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”. Esse fragmento sintetiza exatamente a idéia da realidade em fluxo, simbolizada pelo rio que representa o movimento encontrado em todas as coisas. A realidade, para Heráclito, é a harmonia dos contrários, que não cessam de se transformar uns nos outros. Em outro dos seus fragmentos ele afirma que “todas as coisas são o uno”. Isso significa que embora diferentes e opostas, todas as coisas se reúnem numa suprema unidade, ou seja, na sua diversidade e oposição elas são idênticas. Ele torna claro que a identidade das coisas é o próprio fato de serem diferentes e opostas, o próprio fato de se diversificarem das outras e se oporem às outras. O que existe de idêntico em cada coisa é a própria contraposição de cada coisa às outras. Aquilo que é “comum”a cada coisa é esta espécie de desacordo: se a vida não se opusesse à morte, o calor ao frio, a saciedade à fome, não existiriam nem vida, nem calor nem saciedade. Cada coisa só pode ser aquilo que é quando se encontra ligada às outras pela relação de oposição. O devir ( movimento, transformação) das coisas tem uma importância particular para Heráclito, porque no universo visível é a ligação que une os opostos: a paz nasce da guerra, a guerra da paz, as coisas frias se aquecem, as quentes se arrefecem. No devir cada coisa se torna o seu contrário: basta que algo se realize, por exemplo, a juventude, para que logo o seu contrário se lhe junte e a juventude se precipite para a velhice e com ela se identifique; isso é, para ele, a expressão da “harmonia escondida” em que o Deus consiste enquanto unidade originária de opostos. 
O sentido de justiça - Aqui vale salientar o sentido de “justiça” para Heráclito: como cada coisa só pode ser o que é quando se encontra ligada às outras pela relação de oposição, a justiça é “desacordo”, porque no contraste da oposição é negada a “a arrogância das coisas isoladas”. A tensão entre os opostos, o conflito do devir das coisas é a causa da justiça no mundo. Contra uma velha tradição da filosofia que busca compreender a justiça como o estável, o inabalável, eterno, Heráclito a compreende como o conflito e a discórdia. No fluxo da luta, segundo ele, está o justo. “Contra a tradição dos poemas de Homero e contra a posição de Anaxímenes, nas quais a discórdia e a guerra são injustiça, enquanto a concórdia e a paz são justiça, Heráclito afirma que a guerra é a comunidade, isto é a guerra é o que põe as coisas juntas para formar um mundo em comum, e, portanto, a luta dos contrários é harmonia e justiça. 
Passemos agora a outros pensadores pré-socráticos: 
ESCOLA PITÁGORICA
 Pitágoras introduz um novo elemento para explicar o universo: o número. Para ele os fenômenos mais significativos acontecem segundo regularidade mensurável e exprimível com números (as harmonias musicais, os fenômenos astronômicos, climáticos e biológicos). 
A ESCOLA ELEÁTICA
Parmênides e os eleatas são adversários dos mobilistas. Ele introduz uma das distinções mais básicas do pensamento filosófico, a distinção entre realidade e aparência. Para ele o movimento era aparente, apenas uma característica superficial das coisas. Se formos além da experiência imediata das coisas, descobriremos, pelo pensamento, que a realidade é única, imóvel, sem princípio nem fim, contínua e indivisível. Para ele, nada podia vir do nada e nada que existisse poderia se transformar em outra coisa. Era extremamente racionalista e não confiava nos sentidos. Não acreditava nem quando via, embora soubesse que a natureza se transformava. Colocava-se na posição oposta à de Heráclito. Dizia que só podemos pensar sobre aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo, isto é, que o pensamento não pode pensar sobre coisas que são e não são, que ora são de um modo e ora de outro, que são contrárias a si mesmas e contraditórias. Para ele, movimento e mudança não possuem verdade. Não são. Deixou de ser o que era e ainda não é o que virá a ser, portanto não são. Só o permanente e imutável podem ser. Conhecer é alcançar o idêntico, o imutável. Nossos sentidos nos oferecem o mundo em incessante mudança, num fluxo perpétuo, onde nada permanece idêntico a si mesmo: o dia vira noite, o pequeno vira grande, o grande diminui, o líquido vira vapor ou sólido. Como pensar o que é e não é ao mesmo tempo? Como pensar o instável? Como pensar o que se torna oposto e contrário a si mesmo? Não é possível, dizia Parmênides. Pensar é dizer o que o ser é em sua identidade profunda e permanente. Para ele “a mudança não é, pois deixou de ser o que era, e não veio a ser ainda o que será, portanto não é nada”.O texto fundamendal da filosofia de Parmênides é o poema Da Natureza, em que ele apresenta o caminho da verdade e o caminho da opinião. 
Melisso de Samos – Foi discípulo de Parmênides e ficou conhecido pelos argumentos que formulou contra as noções de movimento e pluralidade. Um desses argumentos tem a seguinte forma: “ O que é não pode ter começo, pois se tivesse começo deveria provir do que é ou do que não é. Não pode ter vindo do que é, porqueo que é já é;também não pode ter vindo do que não é, porque o que não é não é e não pode vir a ser.” 
Zenão de Eléia – Também formulou celebres argumentos, conhecidos como paradoxos, em defesa da filosofia monista e contra a noção de movimento. Dois deles foram apresentados em sala de aula: o de Aquiles ( demonstra a impossibilidade de um corpo se mover de um ponto para outro, pois este deveria percorrer antes a metade da distância entre eles, mas antes a metade desta e assim ao infinito, o que é impossível num tempo finito. É impossível Aquiles alcançar a tartaruga) , e o da flecha (a flecha em movimento aparente nunca sai do ponto inicial). 
Ora, para Parmênides movimento e mudança não possuem verdade. “O ser é, o não-ser não é”, afirma ele em seu Poema, o mais extenso texto dos pré-socráticos que chegou até nós. 
Mas a manifestação do universo múltiplo e em devir é inegável e não pode ser desmentida. Isso também é verdade. 
Assim, a verdade entra em confronto consigo mesma, em antítese:
Enquanto RAZÃO – negação de que o ser seja nada - exige a imutabilidade e a não multiplicidade. 
Enquanto experiência – manifestação do mundo – revela o devir e a multiplicidade do ser. 
Fica então levantada a questão da antinomia entre RAZÃO e EXPERIÊNCIA. Por antinomia se compreende um conflito da razão consigo mesma diante de duas proposições contraditórias, cada uma podendo ser demonstrada separadamente. Desse modo, vem para o primeiro plano a questão: 
O HOMEM É CAPAZ DE CONHECER A VERDADE?
Até este momento, os pensadores gregos preocupavam-se exclusivamente em conseguir uma compreensão global do universo, da natureza, através da descoberta de seu elemento primordial, fundamental, de sua origem. A partir daqui a filosofia se volta para outra problemática: o homem, sua capacidade de conhecer, suas preocupações vivenciais. Há uma mudança do eixo naturalista para o antropológico. Passa-se, então, para o período socrático, humanista ou antropológico, que terá como expoentes os SOFISTAS e SÓCRATES. 
ESCOLA PLURALISTA
Empédocles e Anaxágoras – Alguns pensadores consideraram insuficiente a explicação dos monistas, visto que a realidade do universo era muito complexa. Em vez de apresentar um só elemento para explicar esta mesma realidade , concebem vários elementos. 
Empédocles propõe 4 elementos: terra, ar fogo e água e tudo existente era produto da junção disso, em proporções diferentes. Achava também que o amor e a disputa eram duas forças que atuavam na natureza. O amor une e a disputa separa as coisas. 
Anaxágoras - declarava que as coisas eram constituídas por pequenas partículas invisíveis a olho nu. Estas podiam se dividir, mas mesmo na pequena parte existia o todo, ou seja , há um pouco de tudo em todas as coisas. Segundo ele, no mesmo ente coexistem contrários. Se uma coisa branca se torna preta e se o preto não se cria do nadaentão deve se afirmar que que o preto preexiste já na coisa branca, a qual, portanto, é simultaneamente branca e preta! Todavia, cada coisa se caracteriza pelo elemento predominante. Ele denominava estas partes minúsculas de sementes ou gérmens. Também imaginou uma força superior, a inteligência, razão, espírito, intelecto, o “Nous” , responsável pela criação das coisas.
21 .A JUSTIÇA NO PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO
A passagem do Mito à Filosofia se processa aos poucos e para se compreender o sentido de justiça dentro da cultura pré-socrática é preciso retomar a tradição mítica, pois é dela que os primeiros filósofos partiram para formular seus problemas e indagações. 
Três vocábulos nos permitem acompanhar o desenvolvimento do sentido de Justiça: THEMIS, DIKÉ e DIKAIOSYNE.
THEMIS - Themis é considerada a deusa da lei, esposa e conselheira de Zeus. Com ele, Themis engendrou as Horas ( três divindades: a Eunomia (Disciplina), a Diké (justiça) e Irene (a paz); as Parcas (deusas implacáveis, carrascos enviados pelas Moiras – personificação do destino de cada um. As Moiras encarnam uma lei que nem mesmo os deuses podem transgredir. São três Moiras: Atropos, Cloto e Laquesis. Elas regulam a duração da vida de cada um por um fio que uma fia, outra enrola e outra corta) e as Ninfas do Eridano. Esquilo se refere a uma tradição que dá Themis como mãe de Prometeu. Aquela que inventou os oráculos, os ritos, as leis. Ela é das raras divindades da primeira geração que partilha da vida e das honras do Olimpo. É representada com uma venda nos olhos e uma balança na mão, para simbolizar a imparcialidade nos julgamentos. 
Zeus dava aos reis homéricos “cetro e Themis”. As decisões pronunciadas pelos reis ( as “temistes”) eram consideradas inspiradas na vontade divina. Toda justiça tem sua origem em Zeus. Themis refere-se principalmente à autoridade do Direito, a sua legalidade e validez.Vejamos o que nos diz Werner Jager:
“Enquanto Themis refere-se principalmente à autoridade do Direito, à sua legalidade e validade, Diké significa o cumprimento da justiça. Assim se compreende que a palavra Diké se tenha convertido necessariamente em grito de combate de uma época em que se batia pela consecução do direito uma classe que até então recebera como Themis, quer dizer, lei autoritária. O apelo à Diké tornou-se dia para dia mais frequente, mais apaixonado, mais premente”. 
DIKÉ - Os pré-socráticos vão encontrar no termo Diké a palavra adequada para expressar a justiça, compreendida como expressão da ordem cosmológica, daí ser possível afirmar , de modo geral, que o período se caracteriza por um jusnaturalismo cosmológico. Esse jusnaturalismo é um avanço com relação à concepção homérica de Themis, na medida em que não possui os traços mitológicos e sagrados da concepção anterior. DIKÉ, personificação da justiça, filha de Zeus e de Themis, refere-se à decisão e cumprimento da pena, ao cumprimento da justiça. O culpado dá diké (idenização ou compensação); O lesado recebe Diké (seu direito é reconduzido pelo julgamento.O juiz reparte Diké. Significa ao mesmo tempo processo, decisão e pena. “Dar a cada um o que lhe é devido”. Também guarda o sentido de igualdade: pagar igual com igual, devolver exatamente o que se recebeu, dar compensação equivalente ao prejuízo causado. A progressiva intensificação do sentimento de justiça deu origem a um novo termo;
DIKAIOSYNE – Justiça como virtude. Vai aparecer no período socrático. “Dar a cada um o seu”. Consiste na obediência às leis do Estado. 
O primeiro fragmento que faz menção à justiça é a sentença de Anaximandro, que já comentamos anteriormente.. 
A Mudança do eixo naturalista para o antropológico
Heráclito e Parmênides: a problemática da mudança. 
Heráclito 
 Tudo flui
As transformações são constantes
Os opostos impregnam o mundo
As impressões dos sentidos são confiáveis
Parmênides:
Nada pode se transformar em algo diferente do que é
Nada pode mudar e os sentidos nos enganam quando admite isso
A razão não nos permite considerar possível qualquer transformação
O primeiro grande conflito de paradigmas da tradição filosófica se encontra na polêmica entre monismo e mobilismo, presente nas doutrinas de Heráclito e Parmênides e que indica uma preocupação dos primeiros filósofos com o conhecimento. Esse conflito de paradigmas dá origem a duas grandes correntes que, de uma forma ou de outra, sempre encontraremos no desenvolvimento da tradição do pensamento ocidental. A primeira corrente valoriza a pluralidade do real, a contribuição de nossa experiência concreta para o conhecimento dessa realidade. A segunda corrente busca aquilo que é único, permanente, estável, eterno, perfeito; o que não se dá imediatamente aos nossos sentidos, só se revelando ao nosso pensamento após uma longa experiência de reflexão.
 
CAFÉ FILOSÓFICO
AGORA CONVIDO VOCÊ PARA UM CAFEZINHO FILOSÓFICO. O BATE-PAPO É SOBRE A CAVERNA DE PLATÃO.
Segundo Platão, vivemos, de certa forma, uma vida de ilusão, aprisionados por sombras e correntes que não foram criadas por nós. Vivemos presos a preconceitos, idéias prontas, crenças evalores pré-estabelecidos. E tendemos a nos acomodar às nossas ilusões, sentindo-nos ameaçados por qualquer relato de realidades maiores! 
 O primeiro a sair da caverna da ilusão é o filósofo, aquele que, dentre nós, consegue perceber as falsas suposições nas quais estamos enredados.
 Como primeiro a escapar da caverna da ilusão, ele tenta libertar os companheiros cativos para que vivam nas realidades mais amplas e brilhantes, que estão muito além dos limites do que habitualmente percebemos. Mas, ao voltar à caverna para convocar os companheiros, ele é aclamado por uns e vaiado por outros! Claro, é assim porque nem todos têm coragem para se libertar. Pensar é um desafio, implica abertura de novos horizontes que podem levar a mudanças, exige decisão, e muitos preferem a acomodação. 
Platão nos oferece uma imagem viva da verdadeira tarefa da filosofia: Sua meta é nos libertar da ilusão e nos ajudar a captar as realidades mais fundamentais. Ela nos auxilia a desatar os “nós mentais”! Ela nos ensina a atingir o núcleo de uma questão! Ela nos ajuda a alcançar o essencial! 
No dia a dia de todos surgem questões que precisam ser avaliadas. Vemos especialistas dizendo que as crianças precisam de mais liberdade; outros afirmando que elas precisam de mais disciplina e rigor! Uns dizem que o homem tem livre-arbítrio, outros que nossas ações são fruto do meio-ambiente, da hereditariedade. No mundo de hoje, onde tudo é logo alardeado e exagerado, somos bombardeados todos os dias por um arsenal de opiniões conflitantes. A caverna de Platão está maior e mais funda do que nunca: todos têm algo para vender, para dizer, e os diversos pontos de vista competem para serem aceitos! Como separar o aproveitável do lixo? A filosofia nos auxilia a avaliar as questões e a tomar decisões.
Na verdade, nós não temos opção quanto a termos ou não uma filosofia, quanto a sermos ou não filósofos. Todos nós, inevitavelmente, já agimos a partir de uma certa visão filosófica de mundo. Há uma filosofia implícita, embutida nos nossos valores, crenças, idéias, hábitos etc. Mas nós podemos escolher entre uma filosofia absorvida irrefletidamente da cultura à nossa volta, dos preconceitos de nossa época, e uma outra, baseada no questionamento crítico, no pensamento sustentado. Eis a questão! Ser ou não ser bom pensador! 
Platão esboça, na sua alegoria da caverna, o doloroso processo pelo qual passa aquele que caminha para a luz do sol! Ilustra a peregrinação do homem das trevas das sombras para o clarão da verdade. 
Àqueles que pensam que o mais importante é estar “bem informado”, mergulhado até o nariz nas “novidades” de rotina, é bom lembrar “que quem menos sabe da água é o peixe!”
Bom, o “Café Filosófico” de hoje termina com algumas questões inspiradas na narrativa de Platão sobre a caverna. É pra você refletir. 
Sob que ilusões você está vivendo agora?
As coisas que você considera importantes têm realmente o valor que você lhes atribui?
Que coisas realmente valiosas você está ignorando?
Que suposições você faz sobre sua vida que podem se basear em aparências em vez de realidade?
Sua filosofia de vida o aprisiona ou liberta?
Bom, espero que tenham gostado do “Café Filosófico”. Breve nós nos encontraremos aqui de novo. Até a prova, terão tempo para “saborear” tudo que foi oferecido na primeira unidade! 
DIÁLOGOS : DIREITO E MÚSICA
Ambos são esforços de criação e regulação; impulsos para reinvenção da
Vida.
A partitura está para a música como a lei está para o direito. Reproduzir o
conteúdo da partitura e da lei necessita da criatividade e do sentimento do 
intérprete. Tanto a música quanto a lei são resultados de processos de
interpretação que não se esgotam porque se voltam para a Vida.
A palavra sentença vem de sentir, de sentimento. O direito não é somente
uma coisa que se pensa, mas, como a música, é também algo que se sente.
A música está associada à face perversa da humanidade, em que a destruição
e a morte sé faziam presentes. A música nasce do grito de dor, da busca pela
sobrevivência, da luta para resistir ao controle do outro. A lei também surge
da dor, da necessidade de conter o conflito, de solucionar a guerra.
“ Será vã a lenda de Lino, durante as lamentações por sua morte,
A primeira música ousou penetrar a rigidez da matéria
E então, no espaço cheio de espanto onde o jovem quase divino
Repentinamente desapareceu para sempre, o vazio
Começou a vibrar
Naquele ritmo que agora nos arrebata, nos consola, nos ajuda. ” (Rainer
Maria Rilke, na Primeira Elegia de Duíno)
A harmonia na música se constrói de sons consonantes e dissonantes. O
Direito também se constrói de conflitos.
No direito e na música há uma vocação para dominar o tempo. Há também o
estabelecimento de linhas para marcar a distribuição dos espaços, reger a
divisão das forças e a sua percussão.

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