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GESTÃO DE INFORMAÇÃO EM SERVIÇOS HOSPITALARES 2 Sumário DISCIPLINA: GESTÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES ..................................... 5 Conceito .................................................................................................................. 5 - Gestão: ................................................................................................................. 5 A origem do hospital ............................................................................................... 7 A organização hospitalar e suas singularidades ..................................................... 9 Função básica dos Hospitais: ................................................................................... 13 Características importantes dos hospitais: ............................................................ 13 A Gestão De Organizações Hospitalares .............................................................. 14 . Especialização do trabalho, ............................................................................. 14 . Departamentalização, ...................................................................................... 14 . Cadeia de controle e; ...................................................................................... 14 . Centralização ou descentralização da tomada de decisão. ............................. 14 Conselho diretor .................................................................................................... 18 Corpo Clínico ..................................................................................................... 19 Diretor Clínico .................................................................................................... 20 Principais Funções: ........................................................................................... 20 Diretor Clínico x Diretor Técnico ........................................................................ 20 ORGANOGRAMA ................................................................................................. 21 TÓPICOS A SEREM OBJETO DE CONSENSO ENTRE AS GERÊNCIAS: ..... 23 EM NÍVEL GLOBAL .......................................................................................... 23 3 GERÊNCIA MÉDICA ......................................................................................... 24 GERÊNCIA DE ENFERMAGEM ....................................................................... 25 GERÊNCIA FINANCEIRA ................................................................................. 26 EFICIÊNCIA E EFICÁCIA NA GESTÃO HOSPITALAR ........................................ 27 Bibliografia ......................................................................................................... 29 4 FACULESTE A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 5 DISCIPLINA: GESTÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES Conceito - Gestão: Gestão significa gerenciamento, administração, onde existe uma instituição, uma empresa, uma entidade social de pessoas, a ser gerida ou administrada. O objetivo é de crescimento, estabelecido pela empresa através do esforço humano organizado, pelo grupo, com um objetivo especifico. As instituições podem ser privadas, sociedades de economia mista, com ou sem fins lucrativos. A gestão surgiu quando após a revolução industrial, os profissionais decidiram buscar solução para problemas que não existiam antes, usando vários métodos de ciências, para administrar os negócios da época o que deu inicio a ciência da administração, pois é necessário o conhecimento e aplicação de modelos e técnicas administrativas. A gestão é um ramo das ciências humanas porque tratam com grupo de pessoas, procurando manter a sinergia entre elas, a estrutura da empresa e os recursos existentes. - Hospital: “É parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendolhe supervisionar e orientar os 6 estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente”. (BRASIL, 1977, p. 9) - Saúde: É o estado de normalidade de funcionamento do organismo humano. Ter saúde é viver com boa disposição física e mental. Além da boa disposição do corpo e da mente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) inclui na definição de saúde, o bem-estar social entre os indivíduos. A saúde de um indivíduo pode ser determinada pela própria biologia humana, pelo ambiente físico, social e econômico a que está exposto e pelo seu estilo de vida, isto é, pelos hábitos de alimentação e outros comportamentos que podem ser benéficos ou prejudiciais. Uma boa saúde está associada ao aumento da qualidade de vida. É sabido que uma alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos e o bem-estar emocional são fatores determinantes para um estado de saúde equilibrado. Por outro lado, as pessoas que estão expostas a condições precárias de sobrevivência, não possuem saneamento básico (água, limpeza, esgotos, etc.), assistência médica adequada, alimentação e água de qualidade, etc., têm a sua saúde seriamente afetada. As ciências da saúde formam profissionais com conhecimentos na prevenção de doenças, prática assistencial e promoção do bem-estar da população. As profissões na área da saúde são: Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social, veterinária, entre outras. 7 A origem do hospital A palavra hospital é de raiz latina (Hospitalis) e de origem relativamente recente. Vem de hospes – hóspedes, porque antigamente nessas casas de assistência eram recebidos peregrinos, pobres e enfermos. O têrmo hospital tem hoje a mesma acepção de nosocomium, de fonte grega, cuja significação é – tratar os doentes – como nosodochium quer dizer – receber os doentes. Outros vocábulos constituíramse para corresponder aos vários aspectos da obra de assistência: ptochodochium, ptochotrophium, asilo para os pobres; poedotrophium, asilo para as crianças; orphanotrophium, orfanato; gynetrophium, hospital para mulheres; zenodochium, xenotrophium, refúgio para viajantes e estrangeiros; gerontokomium, asilo para velhos; arginaria, para os incuráveis. Hospitium era chamado o lugar em que se recebiam hóspedes.Deste vocábulo derivou-se o termo hospício. A palavra hospício foi consagrada especialmente para indicar os estabelecimentosocupados permanentemente por enfermos pobres, incuráveis e insanos. Sob o nome de hospital ficaram designadas as casas reservadas para tratamento temporário dos enfermos. Hotel é o têrmo empregado com a acepção bem conhecida e universal. No concílio de Orleans, ocorrido em 549, o Hôtel Dieu de Lyon, criado em 542, por Childebert, foi designado sob o nome de xenodochium. Era destinado a receber pobres, órfãos e peregrinos. Vários “hospitais” para escolares e peregrinos foram criados em Paris – o hospital dos escolares de São Nicolau do Louvre, em 1187; o hospital do Santo Sepulcro, em 1326, para receber peregrinos de Jerusalém; o hospital de Santa Catarina, para abrigar apenas por três dias os desocupados. 8 O termo hospital era, pois, impreciso, nesta época, em relação ao conceito atual. O hospital tem sua origem em época muito anterior à era cristã, não obstante a opinião de autores que se têm esforçado para demonstrar o contrário. Não há dúvida, porém, que o cristianismo impulsionou e desvendou novos horizontes aos serviços de assistência, sob as mais variadas formas. Os primeiros hospitais foram construídos em 431 a.C., no Ceilão (atual Sri Lanka), no sul da Ásia. Dois séculos depois, o imperador Asoka criou, na Índia, instituições especiais para tratar doenças semelhantes aos hospitais de hoje. Já na Europa, sua introdução coube aos romanos, que, por volta de 100 a.C., ergueram locais, chamados valetudinaria, para cuidar dos soldados feridos em batalha. Mas foi só a partir do século IV, com o crescimento do cristianismo, que os hospitais se expandiram. Comandados por sacerdotes e religiosos, os monastérios passaram a servir de refúgio para viajantes e doentes pobres. Esses lugares possuíam um infirmitorium, onde os pacientes eram tratados, uma farmácia e um jardim com plantas medicinais. Foram eles que se tornaram modelo para os hospitais modernos. Na Idade Média, as ordens religiosas continuaram a liderar a criação de hospitais – calcula-se que só os beneditinos abriram mais de 2000. No Brasil, o primeiro foi o Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Olinda, inaugurado em 1540 junto com a Igreja de Nossa Senhora da Luz. Ele funcionou até 1630, quando o conjunto foi saqueado por holandeses e depois incendiado. Já o mais antigo em atividade é a Santa Casa de Misericórdia de Santos, em São Paulo, erguida no ano de 1543. 9 No começo, o improviso era total. “Como no século 16 não havia médicos dispostos a vir para o Brasil, os jesuítas se encarregavam de todo o atendimento, trabalhando como médicos, farmacêuticos e enfermeiros”, afirma o neurocirurgião Henrique Seiji Ivamoto. Hoje, o hospital funciona em outro local. A organização hospitalar e suas singularidades O hospital com as características observadas nos dias atuais é algo muito recente. Uma organização como instrumento de intervenção terapêutica com o objetivo de alcançar a cura de doentes é uma invenção relativamente nova. 10 Segundo Foucault (1981), os primeiros hospitais datam do final do século XVIII. É nesse período que a Academia de Ciências da França busca uma padronização para os hospitais existentes, a partir de uma série de viagens de pesquisa, cujo objetivo era estudar aspectos físicos e funcionais para transformar os depósitos de doentes da época em instituições que buscassem a assistência à saúde, um local de prática médica. Antes do século XVIII, os hospitais serviam para separar os enfermos da sociedade, para esperar a morte, não havendo quase nenhuma intervenção sobre a doença ou o doente. A formação médica, que não incluía atividade hospitalar, passou, após essa fase, a ser uma atividade rotineira, com visita e evolução hospitalar dos pacientes realizadas por médicos, cujo trabalho era observar o comportamento dos doentes e tentar auxiliar a natureza no processo de cura. As guerras levaram à necessidade da criação de hospitais militares, abundantes na Europa em séculos passados. Sua disciplina foi incorporada por estas instituições e influenciaram o funcionamento hospitalar tal como conhecemos hoje, com fichamento dos pacientes, identificação por leitos e a separação por doenças. Assim, o hospital passa a ser um campo documental normatizado, além de um espaço de cura (Foucault, 1981). Atualmente, a organização hospitalar é uma das mais complexas, não apenas pela nobreza e amplitude da sua missão, mas, sobretudo, por apresentar uma equipe 11 multidisciplinar com elevado grau de autonomia, para dar assistência à saúde em caráter preventivo, curativo e reabilitador a pacientes em regime de internação, onde se utiliza tecnologia de ponta de rotina e crescentemente. E se constitui, ainda, num espaço de prática de ensino-aprendizagem e produção científica (Azevedo, 1993). De acordo com Mintzberg (1995), a organização hospitalar caracteriza-se por ser uma burocracia profissional do ponto de vista estrutural, em que o setor operacional tem importância, traciona e concentra o poder na organização. O seu mecanismo de controle dá-se por padronização de habilidades realizadas por órgãos fiscalizadores externos das diversas categorias profissionais. Isto lhe confere autonomia e independência da gerência estratégica, pois suas habilidades profissionais são definidas fora da organização em cursos profissionalizantes, ou seja, o estado da arte é um atributo das próprias corporações que desenvolvem seu trabalho no hospital. Tal condição enfraquece a vinculação com a organização e confere dificuldades adicionais como alta resistência às mudanças. As organizações hospitalares, públicas ou privadas, estão inseridas em um ambiente complexo e singular que as condiciona a um funcionamento inadequado diante da lógica da acumulação lucrativa dos mercados. Pois, independentemente de sua natureza, ambas as condições estão subordinadas a princípios éticos e legais que normatizam o setor saúde e às políticas governamentais, que colocam os hospitais frente a uma diversidade de interesses divergentes a contemplar. Segundo Nogueira (1994), evidenciam-se os interesses dos usuários, que demandam assistência das mais variadas formas, os interesses dos trabalhadores da saúde, que 12 buscam seu sustento e boas condições de trabalho; os interesses dos acionistas em se tratando de hospital privado, que objetiva o lucro, os interesses da rede de fabricantes e distribuidores de insumos, das empresas seguradoras e planos de saúde. Estabelecendo uma relação comercial com os hospitais e, finalmente, os interesses dos poderes formalmente constituídos na gerência hospitalar e no governo, que têm nos objetivos técnicos e no alcance de metas programáticas da política de saúde o seu foco. No setor hospitalar observa-se uma grande resistência aos programas de qualidade em função dos médicos, que historicamente detêm o poder dentro destas organizações e não veem com bons olhos a ideia de contenção de custos, nem uma avaliação do seu trabalho em uma perspectiva de medir a qualidade, por se sentirem fiscalizados e terem medo de perder sua autonomia na condução clínica dos pacientes. Há também o fator financeiro, que não atrai a participação da categoria médica nestes processos. Remunerados, em sua maioria, pela produção de serviços, os médicos não desejam desperdiçar o horário de trabalho com programas dessa natureza (Berwick, 1994). Além disso, a formação médica ainda é fundamentada no modelo flexneriano, que dá ênfase à clínica em sua dimensão biológica e nos quais os aspectos sociológicos, políticos e administrativos ficam relegados ao segundo plano. Essas questões são pouco observadas nos currículos das escolas médicas, por isso há obstáculos à adesãodos médicos aos programas de qualidade, por deficiência, limitação na sua formação (OMS/OPS, 1994). 13 Função básica dos Hospitais: • Prevenção de doenças, diagnóstico e restabelecimento da saúde; • Ensino (hospitais-escola); • Pesquisa; • Na prática, agregam uma série de funções que as caracterizam como as organizações mais complexas do setor Saúde. Características importantes dos hospitais: • Serviços personalizados a cada paciente, não havendo uniformização, a não ser dos procedimentos; • A produção existente é de pessoas tratando pessoas; Características importantes dos hospitais • Os resultados são medidos pela eficiência dos serviços, com baixa tolerância a erros, exige cada vez mais o aperfeiçoamento da prestação do serviço; Várias linhas de comando; • Formalização das atividades (burocratização); 14 A Gestão De Organizações Hospitalares Nos hospitais, a estrutura organizacional evidencia a maneira pela qual a organização define e divide as funções e as atribuições, além de demonstrar como essas atribuições são agrupadas e coordenadas (SOUZA et al., 2008). Nesse sentido, segundo Mintzberg (1996), pode-se dimensionar a estrutura organizacional em: . Especialização do trabalho, . Departamentalização, . Cadeia de controle e; . Centralização ou descentralização da tomada de decisão. Segundo esse autor, essa estrutura define a hierarquia da organização, as responsabilidades e a autoridade dos indivíduos, e demonstra como ocorre a comunicação e a disponibilização de informações internas à organização. De acordo com relatório da OMS apud Borba (2006), um hospital é um elemento de organização de caráter médico-social, cuja função consiste em assegurar uma assistência médica completa, curativa e preventiva a determinada população. Segundo Shaw (2003), as organizações hospitalares têm as funções de: 15 (a) prevenir doenças, oferecendo assistência e vigilância à população, e contribuir para a educação sanitária e a higiene no trabalho; (b) restaurar a saúde, realizando diagnóstico e tratamento curativo de enfermidades em geral; (c) promover a pesquisa e o ensino de graduação, pós-graduação e educação continuada. Nesse contexto, observa-se que o alcance de um desempenho eficiente nas organizações hospitalares requer um controle de custos e a análise de indicadores de desempenho. Segundo Heitger, Logan e Matulich (1992), não é possível realizar uma avaliação de desempenho adequada sem dispor de informações sobre custos. Nesse sentido, o sistema de custeio baseado em atividades (ActivityBased Costing – ABC) destaca-se como uma das ferramentas comumente utilizadas para a gestão de custos. Esse sistema visa alocar os custos dos recursos às atividades e, destas, aos produtos/serviços, de modo a diminuir/eliminar as informações distorcidas apresentadas pelos sistemas de custeio tradicionais (MOHAN; PATIL, 2003). A maneira pela qual a organização utiliza os recursos disponíveis para gerar receitas também é demonstrada pelo ABC, uma vez que as informações geradas não são apenas informações operacionais, mas também financeiras. Essas informações, operacionais e financeiras, facilitam o controle do orçamento, ao mesmo tempo em que possibilitam a gestão baseada em atividades (Activity-Based Management – ABM). Por sua vez, a ABM possibilita avaliar o papel (valor) de cada atividade, o que pode levar à implementação de mudanças na forma de realizar os trabalhos (procedimentos) 16 operacionais e administrativos. Além disso, tais informações permitem integrar o sistema de custeio aos demais sistemas da organização, como o sistema de produção, tornando o processo de gestão empresarial dinâmico e voltado para a eficiência dos resultados (COKINS, 1998; MISHRA; VAYSMAN, 2001). A ABM segue alguns princípios, também contemplados pelo ABC, tais como: (a) foco na realização das atividades para as quais são consumidos recursos, e não na mensuração dos custos de recursos utilizados no desenvolvimento das atividades; (b) deve-se buscar a redução de desperdícios, eliminando-se atividades que não agregam valor ao serviço; (c) as atividades devem ser realizadas com contínua melhoria de desempenho; e (d) o serviço deve atender às expectativas do cliente para que a satisfação deste gere os resultados esperados pela administração (HORNGREN; DATAR; FOSTER, 2004). Nos hospitais, as habilidades e a formação da força de trabalho, a estrutura organizacional complexa e a especificidade dos serviços prestados tornam efetivamente difícil o gerenciamento e o controle das atividades Conforme Castelar, Mordelet e Grabois (2003), a combinação ótima dos recursos humanos, tecnológicos e financeiros deve ser um dos objetivos da organização, a fim de possibilitar o alcance de uma gestão eficiente e a prestação de serviços de qualidade. 17 É necessário também a profissionalização da gestão hospitalar, qualificando-se os gestores dessas organizações como articuladores dos diferentes fatores que influenciam as atividades desenvolvidas, sejam estes internos (médicos, pessoal de enfermagem, pessoal administrativo, etc.), sejam externos (a comunidade, outras unidades de saúde, políticos, etc.) (GUPTILL, 2005). Nesse sentido, observa-se que, atualmente, a avaliação do desempenho dessas organizações é uma das principais preocupações do setor (SCHIESARI; KISIL, 2003). Ressalta-se que a análise dos resultados é uma das principais ferramentas que possibilitam a avaliação da gestão hospitalar. As comparações entre organizações também integram os processos avaliativos, uma vez que planos de melhoria podem ser desenvolvidos a partir de contribuições advindas de parcerias entre organizações e do estabelecimento de benchmarking (SILVA, 2005). Assim, um gestor hospitalar deve monitorar diversos indicadores, tais como: taxa de ocupação, relação enfermeiro-leito, leitos disponíveis na enfermaria, leitos disponíveis na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Entretanto, deve-se observar que esses indicadores são voláteis e modificam-se de acordo com variadas circunstâncias endêmicas, epidêmicas, climáticas, de poder aquisitivo, etc. Moraes (1994) defende que os indicadores hospitalares devem ser monitorados em conjunto, para possibilitar que as informações disponibilizadas sejam contextualizadas no ambiente organizacional. Dessa forma, observa-se que a análise de indicadores hospitalares é fundamental à tomada de decisão eficiente pelo gestor hospitalar. 18 Ainda segundo o autor supracitado, os resultados do processo de avaliação por meio de indicadores são informações utilizadas para o planejamento e controle da gestão organizacional. Assim, a avaliação dessas informações destaca-se como a finalidade central da utilização dos indicadores. Organização interna do hospital 1. Conselho diretor 2. Corpo clínico 3. Enfermagem 4. Serviços técnicos multidisciplinares 5. Serviços de apoio Conselho diretor É o órgão superior da administração que estabelece a política assistencial, de ensino e de pesquisa, fixa seus objetivos, provê recursos financeiros, humanos e materiais, e administra os fundos de sua manutenção. É composto por: Mesa Administrativa/ Conselho de Administração/ Diretoria/ Conselho Diretor 19 Conselho diretor • Terá um representante à sua frente; • Responsável formal pelo hospital; • Membros: em hospitais particulares os proprietários ou indivíduos fortemente ligados a eles. Nos públicos e beneficentes, além de colaboradores diretos é comum pessoas da comunidade local integrarem o conselho. Corpo Clínico • Corpo Clínico Fechado: o hospital não permite,em rotina, atividades de outros profissionais, que não os integrantes do próprio Corpo Clínico. • Corpo Clínico Aberto: o hospital, mesmo tendo Corpo Clínico estruturado, permite, a qualquer profissional habilitado da comunidade, internar e tratar seus pacientes. • Corpo Clínico Misto: o hospital que, mesmo tendo Corpo Clínico fechado, faz concessão, por cortesia, a outros profissionais, para internar e assistir seus pacientes. • Independentemente da sua constituição, o corpo clínico de um hospital é uma de suas bases de sustentação, dada a importância que os médicos representam. 20 Diretor Clínico • É o médico representante e coordenador do corpo clínico no concerto administrativo do hospital e por esta razão deve ser eleito de forma direta pelos médicos da instituição. • É o elo entre o Corpo Clínico e a Direção Técnica e/ou Direção Geral da instituição. • A existência do cargo é obrigatória (Resolução do CFM). Principais Funções: • dirigir, coordenar e orientar o Corpo Clínico da instituição; • supervisionar a execução das atividades de assistência médica na instituição; • zelar pelo fiel cumprimento do Regimento Interno do Corpo Clínico e das Resoluções do CFM ; • promover e exigir o exercício ético da medicina; • zelar pela fiel observância do Código de Ética Médica Diretor Clínico x Diretor Técnico • Diretor Técnico: é um médico contratado pela direção geral para assessorá-la em assuntos técnicos. Ele é o principal responsável médico pela instituição perante a 21 Lei. • É permitido o acúmulo dos cargos de Diretor Técnico e Clínico em hospitais com menos de 50 leitos. ORGANOGRAMA A organização formal é muitas vezes retratada pelo organograma convencional. Naturalmente tal representação será sempre incompleta, já que nem todas as relações existentes podem ser demonstradas por meio de traços indicando autoridade, responsabilidade e deveres. A razão é que, para representar mais corretamente essas relações, seria necessário desenvolver uma terceira dimensão, além das duas possíveis na representação habitual. Para contornar o problema é que. 1998 85 projetos específicos deverão certamente ocorrer simultaneamente com as atividades de rotina de cada setor, o que não impede que daqueles projetos participem integrantes de diferentes áreas, como é de se desejar. 9. LlPNACK, J. Op, cít. Lipnack? sugere que o modelo mais adequado de representação seria a figura de um tetraedro. A estrutura formal mostra a responsabilidade que cabe a cada unidade dentro da organização, o nível em que se encontra dentro da organização e a autoridade que lhe é delegada, bem como algumas linhas formais de comunicação. É de se reconhecer que, ao lado da autoridade formal, existe a informal, que decorre de relações interpessoais que se desenvolvem entre os integrantes de qualquer grupo humano. Não é exercida da mesma maneira que a formal, nem usa os mesmos canais organizacionais, mas tem uma força considerável que não pode ser ignorada por qualquer administrador consciente 22 A disposição sistemática da estrutura organizacional não é estática, como eventualmente se poderia depreender do estudo superficial de sua representação gráfica, que é o organograma. Ao contrário, as linhas estruturais devem indicar relações dinâmicas que ocorrem entre os componentes do grupo. Esse dinamismo encontra tradução, muitas vezes, nas modificações que, ao longo do tempo, as experiências e as necessidades acabam por introduzir na estrutura organizacional e, por conseguinte, no organograma que tenta representá-la. Um bom exemplo, no caso do hospital, tem sido a absorção dos modernos aportes administrativos que a chamada estrutura matricial oferece. Trata-se de uma forma inovadora de representação que procura superar a inadequação da estrutura convencional para as atividades integradas, isto é, aquelas que exigem interação entre diversas áreas funcionais a serem realizadas. A matriz é uma forma de estruturar recursos provenientes de diversos setores institucionais com o objetivo de desenvolver atividades de interesse comum a eles, quer sejam projetos, quer sejam produtos ou serviços. Um aspecto da estrutura matricial a ser analisado é a dupla ou múltipla subordinação, o que pode envolver inconvenientes administrativos e desvios funcionais, com criação de eventuais conflitos. Importa aqui lembrar que os projetos ou programas concebidos cuja execução exige a participação de elementos de diferentes áreas da organização não exigem habitualmente tempo e dedicação integral dos participantes. No hospital em que se utiliza estrutura desse tipo, projetos específicos deverão certamente ocorrer simultaneamente com as atividades de rotina de cada setor, o que não impede que daqueles projetos participem integrantes de diferentes áreas, como é de se desejar. 23 TÓPICOS A SEREM OBJETO DE CONSENSO ENTRE AS GERÊNCIAS: EM NÍVEL GLOBAL • No âmbito do Conselho Técnico-Administrativo: - Discussâo do orçamento e de parâmetros de sua execução. - Aquisição de equipamentos de alto custo e operação complexa. 24 - Desenvolvimento de programas intersetoriais (e. g., GQT). - Desenvolvimento de programas de intercâmbio nacional e internacional. - Desenvolvimento de instrumentos adequados de publicidade. GERÊNCIA MÉDICA • Com gerência patrimonial e de engenharia de processo: - Desenvolvimento de novos programas e sistemas de informática destinados ao acompanhamento das atividades assistenciais. - Planejamento e realização de programas de manutenção preventiva de equipamentos especializados. • Com gerência de Recursos Humanos: - Fixação de parâmetros de seleção de pessoal médico. - Planejamento e desenvolvi-me - Planejamento conjunto de programas de intercâmbio científico e de eventos médicos especializados. 25 GERÊNCIA DE ENFERMAGEM • Com gerência patrimonial e de engenharia de processo: - Desenvolvimento de adequado sistema de informações para permitir avaliação do desempenho do pessoal de enfermagem e da assistência prestada ao doente. • Com gerência de Recursos Humanos: - Definição de critérios para dotação de RH necessários ao atendimento de enfermagem a pacientes externos e internados. - Planejamento e desenvolvimento de programas de treinamento e capacitação. • Com gerência de marketing Planejamento conjunto de programas de capacitação técnica e de campanhas de edu GERÊNCIA DE HOTELARIA (APOIO OPERACIONAL): • Com gerência patrimonial e de engenharia de processo: - Desenvolvimento de parâmetros de produção e avaliação de qualidade dos setores operacionais. - Planejamento de reformas e adaptações físicas e de instalações nas áreas assistenciais e técnicas. 26 • Com gerência de Recursos Humanos: - Definição de critérios de avaliação de desempenho dos setores operacionais, com vistas a eventual terceirização. - Planejamento e desenvolvimento de programas de treinamento e capacitação. • Com gerência de marketing: - Planejamento conjunto de programas culturais voltados para a comunidade. RAE • v.38 • n. 1 • Jan./Mar. 1998 87 5. GERÊNCIA DE MATERIAIS • Com gerência patrimonial e de engenharia de processo: - Desenvolvimento de programas de acompanhamento de aquisição (recepção), preparação (embalagem) e distribuição de materiais. - Exame da necessidade de aquisição/substituição de equipamentos: • Com gerência de Recursos Humanos: - Planejamento e desenvolvimento de programas de treinamento e capacitação. • Com gerência de marketing: - Análise e elaboração conjunta de contratos de aquisição de materiais e manutenção de equipamentos. GERÊNCIA FINANCEIRA • Com gerência patrimoniale de engenharia de processo: - Desenvolvimento de adequado sistema de informática destinado ao acompanhamento dos procedimentos .• Com gerência de Recursos Humanos: - Desenvolvimento de planos de cargos e salários e de política de benefícios. 27 • Com gerência de marketing - Elaboração conjunta de instrumentos de contratação de serviços e de estabelecimento de valores de remuneração. EFICIÊNCIA E EFICÁCIA NA GESTÃO HOSPITALAR Situados no nível econômico terciário, os hospitais operam por meio de processos internos que apresentam grande complexidade e interdependência. Devido a esse fato, as organizações hospitalares dependem de profissionais altamente especializados (SOUZA et al., 2008). A fim de garantir a qualidade dos serviços de saúde prestados pelos hospitais, é necessário estabelecer padrões e critérios de qualidade, além de indicadores de desempenho, para cada um dos processos internos (ROONEY; OSTENBERG, 1999). Segundo Bittar (2000), os padrões e os critérios de qualidade podem estar baseados em normas de certificação ISO 9000, aplicáveis a organizações de qualquer área de negócios, ou em normas de AH, aplicáveis especificamente a organizações hospitalares. Por meio do processo de certificação ISO 9000, possibilita-se o reconhecimento do sistema de qualidade da organização sem que haja obrigatoriedade de estabelecimento de padrões e de critérios de qualidade para todos os processos internos da organização. A AH, por sua vez, para conferir uma certificação, exige que todas as áreas abrangidas na atividade do hospital estejam no mesmo nível de qualidade (SCHIESARI; KISIL, 2003). Criada pelo Ministério da Saúde em maio de 1999, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) tem o objetivo de coordenar e promover a Acreditação na área de saúde no Brasil. A AH considera um conceito específico de qualidade, o qual integra 28 as temáticas de segurança, ética profissional, responsabilidade e qualidade do atendimento (SILVA, 2005). No processo de Acreditação, uma organização credenciada pela ONA certifica a qualidade de uma agência, serviço ou grupo operacional no fornecimento de serviços específicos, avaliando os seguintes quesitos: instalações, objetividade, integridade, capacitação e competência. Nestes dois últimos quesitos, a ONA avalia tanto os profissionais quanto a organização. O processo de Acreditação é sistêmico e avalia toda a organização, de acordo com normas aplicadas igualmente a todos os hospitais de mesma categoria (ANVISA, 2004). Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004), a metodologia de Acreditação no Brasil apresenta vantagens tais como melhoria do gerenciamento da unidade e melhoria da qualidade da assistência ao paciente. O processo de AH é voluntário e pode ser desenvolvido pelo próprio hospital, depois de realizado um diagnóstico preliminar desenvolvido por uma organização independente – a organização acreditadora, credenciada pela ONA. Ao final do processo, devem ser atendidos os padrões de qualidade definidos para cada área de trabalho. Nesse contexto, observa-se que a avaliação de desempenho dos hospitais é atualmente uma exigência para a continuidade das atividades da organização (ROONEY; OSTENBERG, 1999). Segundo Azevedo (1993), a importância dos indicadores hospitalares pode ser atribuída ao fato de que a avaliação de resultados possibilita definir a eficiência de uma gestão organizacional, assim como a aplicação adequada de recursos. Além disso, sabe-se que informações sobre o desempenho da organização podem gerar vantagem competitiva e produtiva aos hospitais. Shaw (2003) defende que os conhecimentos decorrentes da utilização de indicadores hospitalares podem influenciar os diversos níveis e áreas organizacionais, tais como: 29 atendimento, finanças, recursos humanos, tratamento, etc. Além disso, segundo Mohan e Patil (2003), o conhecimento sobre o desempenho da organização, de forma geral, pode disponibilizar informações para um desenvolvimento gerencial eficiente por meio da utilização de sistemas de informações sentido, observa-se que o objetivo principal dos indicadores hospitalares é disponibilizar informações úteis de diversas áreas e de níveis organizacionais, a fim de auxiliar os gestores no processo decisório. Bibliografia .JACOB, R. Organization for the 21 st century, Fortune, p.60-7, abr.1995 ALBUQUERQUE, C. C. S. O modelo de gestão como processo de inovação e aumento de produtividade, Publicação do Hospital das Clínicas. Porto Alegre, s. d., 3 GOLDSMITH, J. A radical prescription for hospitais, Harvard Business Review, p.l 04·11, mai./jun.1989. 3. LlPNACK, J. The age af netwark. USA: Omnio, 1994. p.70·1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde. Coordenação de Assistência Médica e Hospitalar. Conceitos e definições em saúde. Brasília, 1977. ______. Lei n o 12.101, de 27 de novembro de 2009, Diário Oficial da União, 30 nov. 2009. ______. Lei n o 12.868, de 15 de outubro de 2013, Diário Oficial da União, 16 out. 2013. 30 NSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SANTA CATAR CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Manual do Diretor Técnico. 5. ed., rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro, 2006. OSMO, André Alexandre. Processo Gerencial. In: VECINA NETO, Gonzalo SANTOS, Gustavo Alves Andrade dos. Gestão de farmácia hospitalar. 2. ed. rev. São Paulo: Editora Senac, 2006.
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