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Table of Contents Capa Rosto Créditos Colaboradores Autores Prefácio Sumário De 1 a 9 1. Não é “só” uma virose! 2. Forma única 3. Na hora exata 4. Eles não conversam entre si, como pode? 5. Tudo nos conformes 6. Quem manda aqui? 7. Quem são essas novas derivações? 8. Obstáculos à esquerda! 9. Espelho, espelho meu De 10 a 19 10. Coração ligeiro 11. O que meu coração tem a ver com isso? 12. Coração descontrolado 13. Cardiomegalomaníaco 14. Doutor, tem uma bomba no meu pescoço 15. Coração saltitante 16. Não perca o foco 17. A pior das tempestades 18. Aviso antes de parar 19. Por aqui não, coração! De 20 a 29 20. A cereja do bolo 21. Sofrimento interno 22. O potássio mora sob a onda T 23. Sabe como é coração de vó, né? Sempre cabe mais um 24. Átrio precoce 25. O dorso do coração 26. Apagão 27. Que peso é esse? 28. Quem é Sgarbossa? 29. Carga pesada De 30 a 39 30. Coração palpitante 31. Tontura pós prandial 32. O perigo mora ao lado 33. O que um bastão de hóquei, Van Gogh e o bigode de Salvador Dalí têm em comum? 34. "Eu tô infartando, doutor???" 35. Pit Stop 36. Um sonho possível? 37. Extrema direita 38. Imerso e apertado 39. A culpa foi da ladeira De 40 a 49 40. Coração biônico 41. No sentido do relógio 42. Linha tênue entre a vida e a morte 43. Ventrículo antecipado 44. Batimento gemelar? 45. Quem é Bayes? 46. A serra elétrica pirata: a importância de conhecer o dono do ECG 47. A culpa é da viagem 48. ECG cerebral 49. Tô passando mal! De 50 a 59 50. Batedeira no meu peito 51. Coração fibrosado 52. Já acordo exausto 53. Aaaai meu coração... 54. Metade de mim é estresse, a outra também 55. Devagar e sempre 56. Onde está o bloqueio? 57. Faz a batedeira 58. No tic tic tac do meu coração... 59. A torção De 60 a 69 60. Coração forte 61. Mas que caminhada estranha... 62. Eu não pegaria esse atalho 63. Como está o coração? 64. Do lado esquerdo do peito 65. A culpa é da tireoide 66. Calma, jovem. Tudo ficará bem! 67. Arritmia? Bom sinal! 68. Por que tão jovem? 69. Será que foi a injeção? De 70 a 79 70. Uma onda estranha 71. Traçando a história 72. Devagar, quase parando? 73. Foi sem querer querendo 74. O coração bipolar 75. O problema é do coração? 76. Um fenômeno muito estranho 77. Coração nas alturas 78. Morte extensa 79. Uma pequena confusão De 80 a 89 80. SOS Mata Atlântica 81. Será apenas um simples bloqueio? 82. Cicatriz 83. Criança também faz ECG! 84. De onde vem essa taquicardia? 85. "Um joelho ralado dói bem menos que um coração partido" 86. Rápido demais 87. Vias bloqueadas 88. E a função do marcapasso? 89. Procure sempre no passado De 90 a 101 90. Noite fria 91. Algo de errado não está certo... 92. Uma pedra no meio do caminho 93. Ele era tão jovem... 94. Devagar 95. Batedeira invertida 96. "Esse turu, turu, turu, aqui dentro" 97. Por que tão cedo? 98. Retorno preguiçoso 99. Consulta psiquiátrica para esse ECG 100. Uma entidade rara 101. Parada no futebol Discussões Sumário de temas com capítulos correspondentes 2019 Título: 101 desafios em eletrocardiograma Editor: Diana Cruz Projeto gráfico: Bruno Brum Diagramação: Thalis Macedo Capa: Mateus Machado Copidesque: Editorando Birô Conselho Editorial: Caio Vinicius Menezes Nunes, Itaciara Lazorra Nunes, Paulo Costa Lima, Sandra de Quadros Uzêda e Silvio José Albergaria da Silva Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Viana, Manuela Almeida V614c 101 desafios em eletrocardiograma / Manuela Almeida Viana, Thainá de Lima Quinteiro, autoria e coordenação. – Salvador : SANAR, 2019. 576 p. : il. ; 16x23 cm. ISBN 978-85-5462-231-2 1. Eletrocardiograma. 2. Clínica médica. I. Quinteiro, Thainá de Lima, aut. e coord. II. Título. CDU: 616.12-073.97 Elaboração: Fábio Andrade Gomes - CRB-5/1513 Editora Sanar Ltda. Rua Alceu Amoroso Lima, 172 Caminho das Árvores Edf. Salvador Office e Pool, 3º andar. CEP: 41820-770 – Salvador/BA Telefone: 0800 337 6262 sanarsaude.com atendimento@sanar.com Revisores Técnicos Alberto Souza Correia Filho Graduado pela Faculdade de Medicina da UFBA em 2004 Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia Diarista da UTI Cardiovascular do Hospital da Bahia desde 2012 Alex Teixeira Guabiru Graduado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia Residência em clínica médica pelo Hospital das Clínicas da faculdade de medicina da USP Residência em cardiologia pelo Instituto do Coração - INCOR Especialização em arritmologia, eletrofisiologia e estimulação cardíaca artificial pelo INCOR Presidente do Departamento de Arritmias da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Seção Bahia André Chateaubriand Campos Médico pela Universidade Federal da Bahia. Residência em Clínica Médica pela Escola Paulista de Medicina - EPM/ UNIFESP Cardiologista pelo InCor – HCFMUSP Especializando em Ecocardiografia pelo InCor - HCFMUSP Antonio Carlos Fonsêca de Queiroz Médico formado pela UFBA Residência em Clínica Médica pelo SIREMBA Residência em Cardiologia pelo Hospital Santa Izabel Especialista em Cardiologia pela SBC Especialista em Ecocardiografia pela SBC Christian Moreno Luize Formação em eletrofisiologia clínica e invasiva pela universidade federal de São Paulo - UNIFESP Formação em implante de dispositivos cardíacos eletrônicos pela Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Título em Eletrofisiologia invasiva pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC Título em Estimulação Cardíaca pela Associação Brasileira de Estimulação Cardíaca – ABEC Decarthon Vitor Dantas Targino Médico Cardiologista e Arritmologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), hospital vinculado à Universidade de São Paulo (USP), para fins de ensino e pesquisa. Preceptor nos setores de Emergências Cardiovasculares e Eletrocardiologia do IDPC. Estevão Tavares de Figueiredo Doutorando em Medicina (Clínica Médica) pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP). Títulos de especialista em Cardiologia e Ecocardiografia pela SBC. Título de especialista em Clínica Médica pela SBCM. Professor de Semiologia Médica da Faculdade de Medicina de Penápolis (FUNEPE). Igor Nogueira Lessa Graduado pela FAMEB/UFBA. Residência de cardiologia pelo Hospital Ana Nery - Salvador. Título de especialista em cardiologia - AMB/SBC. Iuri Resedá Magalhães Graduação pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) Residência em cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor- HCFMUSP) Médico assistente do Time de Resposta Rápida do Hospital das Clínicas (HCFMUSP) Lenises De Paula Cardiologista, arritmologista, especializada em marcapasso pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, mestre em cardiologia pela EBMSP, com linha de pesquisa na área de cardiopatia genética (síndrome do PRKAG2) Ludmila de Andrade Barberino Médica formada pela Universidade Federal da Bahia. Residência de clínica médica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Residência de cardiologia pelo Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (INCOR- HCFMUSP) Luis Cláudio Menezes Carvalho Especialista em cardiologia - SBC Especialista em medicina intensiva - AMIB Formado na Escola Bahiana de Medicina. Residência em clínica médica no hospital Santa Izabel - Salvador BA Residência em cardiologia no hospital Santa Izabel - Salvador BA Preceptor de cardiologia da residência do hospital geral de Vitória da Conquista BA Marcelo Kirschbaum Médico formado pela Universidade Federal da Bahia Cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Fellow da Unidade de Valvopatia do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (INCOR-FMUSP) Paulo Francisco de Mesquita Barros Cardiologista clínico com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e pelo Conselho Federal e Regional de Medicina Especialista em Terapia Intensiva de adulto pelo Hospital Albert Einstein e pelo MEC Título de Pós Graduaçãoem UTI Adulto e em Cardiologia Membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) Membro da Sociedade Bradicardia de Cardiologia (SBC) Especialista em Ecocardiografia pelo MEC Título de Pós Graduação em Ecocardiografia Presidente da SOCESP Regional de Araçatuba biênio 2018/2019 Pollianna de Souza Roriz Graduação pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Título de Cardiologia pela SBC, com área de atuação em Estimulação Cardíaca Artificial pelo InCor. Coordenadora do Protocolo IAM SAMU Salvador-Ba. Ricardo Ribeiro do Nascimento Teixeira Médico pela FAMEB/UFBA Clínica médica pelo hospital israelita Albert Einstein Cardiologia pelo hospital Sírio-Libanês Sérgio Figueiredo Câmara Clínica Médica pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de SP Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Especializando em Cardiologia Intervencionista e Hemodinâmica do Instituto do Coração HC-FMUSP Médico Plantonista PS do Instituto do Coração HC-FMUSP Autores Antonio Carlos Fonsêca de Queiroz Filho Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia Bruno Oliveira Pedreira Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia Bernardo De Maria Moreira Ourives Graduando da Faculdade de Ciências Agrárias e de Saúde - UNIME (Ingresso em 2015.1) Breno Lima de Almeida Graduando da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingresso em 2015.2) Francine Lordelo Issa Graduanda da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingressa em 2015.1) Jônatas Pereira dos Santos Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia Joseylton Gonçalves Santana Graduado em Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia Graduando da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingresso em 2016.1) Júlia Lasserre Moreira Graduanda da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingressa em 2015.2) Luciana Baltazar da Silveira de Araújo Graduanda da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingressa em 2014.2) Manuela Almeida Viana (Coordenadora) Graduanda de Medicina na Universidade Salvador - UNIFACS (Ingressa em 2016.1) Maria Tereza de Magalhães Andrade Graduanda da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingressa em 2014.2) Marina Santana Manciola Graduanda em Medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) Mateus Andrade Bomfim Machado Graduando da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingresso em 2014.2) Michele Carvalho de Carvalho Médica graduada pela Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingressa em 2013.2) Pedro Henrique Andrade Araújo Salvatore Barletta Graduando da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingresso em 2015.2) Thainá de Lima Quinteiro (Coordenadora) Graduanda da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingressa em 2014.2) Thaise Almeida Silva Graduanda da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingressa em 2015.2) Thiago Matos e Silva Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia Vitor Fernandes de Almeida Graduando da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingresso em 2015.1) Yana Mendonça Nascimento Graduanda da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingressa em 2015.2) Yuri de Santana Galindo Graduando da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (Ingresso em 2015.1) Prefácio Caro leitor e cara leitora, Não passe a página ainda, dedique apenas cinco minutos do seu tempo para ler este prefácio. Garanto que lhe será útil. É bem verdade que não existe manual de instrução para a leitura de um livro. No entanto, gostaríamos de sinalizar algumas pequenas informações para que você aproveite o nosso material da melhor maneira possível. Vamos lá? 1. Se você é estudante ou profissional da área de saúde, já deve ter se deparado com um eletrocardiograma (ECG) algumas vezes na vida. Nesse caso, você sabe o quanto é frustrante não entender o que aqueles tracinhos e quadrados querem te dizer. Chegou a hora de fazer algo a respeito. 2. Para quem não sabe nada sobre eletrocardiograma, este é um bom livro para começar. Utilize-o como um tipo de estudo dirigido, interagindo conosco, respondendo às questões, correlacionando com os achados clínicos. Você faz tudo isso e de quebra aprende a laudar um ECG. Legal né? 3. Se você já é o mestre dos traçados, garanto que este livro também é para você. São 101 casos diferentes para colocar em prática todo o seu conhecimento e adquirir ainda mais! 4. Por último (e talvez mais importante): não tenha pressa em aprender a laudar um ECG! Leia e releia os casos quantas vezes achar necessário. Acostume o seu olho ao traçado eletrocardiográfico. É uma tarefa completamente possível e o tempo levará à excelência. O modelo do nosso livro foi pensado para ser o mais didático possível. Apresentamos inicialmente um caso clínico (que não é exatamente o nosso foco) acompanhado de um exame de ECG. O objetivo do leitor é laudar o ECG de forma sistemática, utilizando o mnemônico criado por nós – REFOCIS – e responder às questões propostas. Depois disso, é só conferir as respostas no final do livro e aprender muito com a discussão. Todos os nossos casos foram escritos por estudantes de medicina, revisados e editados por Cardiologistas renomados. Portanto, trata-se de um conteúdo construído com muito carinho a fim de ajudar você a desmistificar o terror ao qual o ECG está associado na prática clínica. Muito obrigada por sua atenção até aqui e esperamos que se divirta ao decorrer da leitura. Manuela Viana Thainá Lima Membros da Liga Acadêmica do Coração da Bahia (LACOBA) Sumário Prefácio 01 Não é “só” uma virose! 02 Forma única 03 Na hora exata 04 Eles não conversam entre si, como pode? 05 Tudo nos conformes 06 Quem manda aqui? 07 Quem são essas novas derivações? 08 Obstáculos à esquerda! 09 Espelho, espelho meu. 10 Coração ligeiro 11 O que meu coração tem a ver com isso? 12 Coração descontrolado 13 Cardiomegalomaníaco 14 Doutor, tem uma bomba no meu pescoço 15 Coração saltitante 16 Não perca o foco 17 A pior das tempestades 18 Aviso antes de parar 19 Por aqui não, coração! 20 A cereja do bolo 21 Sofrimento interno 22 O potássio mora sob a onda T 23 Sabe como é coração de vó, né? Sempre cabe mais um 24 Átrio precoce 25 O dorso do coração 26 Apagão 27 Que peso é esse? 28 Quem é Sgarbossa? 29 Carga pesada 30 Coração palpitante 31 Tontura pós prandial 32 O perigo mora ao lado 33 O que um bastão de hóquei e o bigode de Salvador Dalí têm em comum? 34 “Eu tô infartando, doutor???" 35 Pit Stop 36 Um sonho possível? 37 Extrema direita 38 Imerso e apertado 39 A culpa foi da ladeira 40 Coração biônico 41 No sentido do relógio 42 Linha tênue entre a vida e a morte 43 Ventrículo antecipado 44 Batimento gemelar? 45 Quem é Bayes? 46 A serra elétrica pirata: a importância de conhecer o dono do ECG 47 A culpa é da viagem 48 ECG cerebral 49 Tô passando mal! 50 Batedeira no meu peito 51 Coração fibrosado 52 Já acordo exausto 53 Aaaai meu coração... 54 Metade de mim é estresse, a outra também 55 Devagar e sempre 56 Onde está o bloqueio? 57 Faz a batedeira 58 No tic tic tac do meu coração... 59 A torção 60 Coração forte 61 Mas que caminhada estranha... 62 Eu não pegaria esse atalho 63 Como está o coração? 64 Do lado esquerdo do peito 65 A culpa é da tireoide 66 Calma, jovem. Tudo ficará bem! 67 Arritmia? Bom sinal! 68 Por que tão jovem?? 69 Sera que foi a injeção? 70 Uma onda estranha 71 Traçando a história 72 Devagar, quase parando? 73 Foi sem querer querendo 74 O coração bipolar 75 O problema é do coração? 76 Um fenômeno muitoestranho 77 Coração nas alturas 78 Morte extensa 79 Uma pequena confusão 80 SOS Mata Atlântica 81 Será apenas um simples bloqueio? 82 Cicatriz 83 Criança também faz ECG! 84 De onde vem essa taquicardia? 85 "Um joelho ralado dói bem menos que um coração partido" 86 Rápido demais 87 Vias bloqueadas 88 E a função do marcapasso? 89 Procure sempre no passado 90 Noite fria 91 Algo de errado não está certo... 92 Uma pedra no meio do caminho 93 Ele era tão jovem... 94 Devagar 95 Batedeira invertida 96 "Esse turu, turu, turu, aqui dentro" 97 Por que tão cedo? 98 Retorno preguiçoso 99 Consulta psiquiátrica para esse ECG 100 Uma entidade rara 101 Parada no futebol Discussões Sumário de temas com capítulos correspondentes ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 01 Não é “só” uma virose! Autora Manuela Almeida Viana Revisora Luciana Araújo Médico Revisor Alberto Correia Apresentação do caso clínico M.G.A., sexo feminino, 26 anos, deu entrada no hospital com queixa de dor retroesternal há 12 horas, de início súbito, em pontada, sem irradiações, de intensidade 6/10, constante desde o início do quadro, com piora na inspiração e em decúbito dorsal e melhora ao sentar-se. Paciente relata que há cerca de 7 dias iniciou começou um quadro gripal caracterizado por mialgia e artralgia generalizada, febre não aferida e cefaleia com duração de 3 dias, com melhora dos sintomas após uso de analgésicos e antitérmicos. Negou ser portadora Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, tabagismo e etilismo. Ao exame físico: febril (38,6 °C), taquipneica, taquicardica e com atrito pericárdico presente. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Arquivo da autora Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal e regular Eixo 0° - Normal Frequência 107 bpm – Taquicardia, padrão regular Ondas P: 60 ms ou 1,5mm – Normal T: 160 ms ou 4mm – Normal Complexo QRS 80 ms ou 2 mm – Normal Intervalos PR: Depressão em DI, DII e V3 a V6 QT: Sem alterações Segmento ST Depressão em aVR e elevação difusa (DI, aVL, V2, V3 e V6) Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Em qual estágio eletrocardiográfico a paciente * provavelmente se encontra? 4. Como diferenciar o Supra de ST deste caso de um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ou de uma Repolarização Precoce? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 323 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 02 Forma única Autora Thainá Lima Revisora Maria Tereza de Magalhães Andrade Médico Revisor Alberto CorreiaApresentação do caso clínico J.C.A., sexo masculino, 65 anos, natural e procedente de Salvador – BA, deu entrada no Pronto Atendimento com dor torácica há 4 horas. O paciente refere dor torácica de início súbito após discussão familiar, em aperto, de localização retroesternal, com irradiação para membro superior esquerdo e mandíbula, de intensidade 8/10, com piora progressiva desde o início do quadro, não ventilatório-dependente, sem fatores de melhora, associada a náuseas e vômitos. Paciente hipertenso, dislipidêmico, diabético, com uso irregular das medicações. Na admissão, foi solicitado um eletrocardiograma em 10 minutos e exames laboratoriais que levaram a confirmação da Síndrome Coronariana Aguda (SCA) identificando Infarto Agudo do Miocárdio com Supra do segmento ST. Após 24 horas do início do quadro e já em tratamento para a SCA, o paciente evoluiu com instabilidade hemodinâmica com monitor evidenciando PA: 80 x 50 mmHg, FC: 180 bpm, FR: 24 ipm, SpO2: 90%, Temperatura 36,5°C e apresentando desconforto respiratório, sudorese, extremidades frias e pegajosas. Foi realizado eletrocardiograma (Figura 1). Diante dos achados, foram realizadas manobras de cardioversão elétrica sincronizada com energia de 100 J, seguidos de 200 J, com reversão para ritmo sinusal. Figura 1 - Eletrocardiograma da evolução Fonte: Arquivo do autor Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Ventricular regular Eixo 15° - Normal Frequência 188 bpm – Taquicardia Ondas P: não está presente T: não está presente Complexo QRS 360 ms e mantém o padrão – Alargado e Monomórfico Intervalos PR: não está presente QT: não está presente Segmento ST Não está presente Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Qual o diagnóstico diferencial e como deve ser feita a sua exclusão? 4. O que explica a evolução do paciente? 5. A conduta tomada foi correta? Quais são as condutas adequadas? *A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 327 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 03 Na hora exata Autor Antonio Carlos Fonsêca De Queiroz Filho Revisora Marina Santana Manciola Médico Revisor Alberto Correia Apresentação do caso clínico J.A.F., 60 anos, sexo masculino, comparece à emergência referindo desconforto em região retroesternal há 3 dias, em queimação, de moderada intensidade e relatando que inicialmente acreditava ser somente uma azia. Relata que, hoje pela manhã, percebeu que a dor se associava aos esforços, com melhora em repouso, o que o levou a procurar a emergência. Nega episódio anterior desse quadro e sintomas associados. Na emergência, paciente foi encaminhado para realização de ECG (figura 1). Porém, ao deitar na maca para a realização do exame, referiu reaparecimento da dor, dessa vez com características diferentes: localização retroesternal, de forte intensidade (10/10), irradiando para membro superior esquerdo, sem fator de piora ou melhora e sem sintomas associados. Refere ser hipertenso, em uso de Losartana 100 mg 1x/dia. Nega outras comorbidades, cirurgias prévias e alergias. Informa ter pais hipertensos e que pai infartou aos 89 anos. Nega outras comorbidades na família. Ao exame físico: fácies álgica, 95 bpm, 20 ipm, PA 160/100mmHg. Ictus não visível e palpável em linha médio-clavicular, no 5º EIC esquerdo, medindo uma polpa digital. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Arquivo do autor Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo Aproximadamente 30° - Normal Frequência 93bpm (1500/ 16 quadradinhos = 93bpm) Ondas P: 80ms ou 2mm – Normal T: onda T apiculada e simétrica de V2-V6 Complexo QRS 80ms ou 2 mm – Normal Intervalos PR: 180ms – Normal de 120 – 200ms QTc: 400ms - Sem alterações Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Em qual estágio eletrocardiográfico o paciente * provavelmente se encontra? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 329 * ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 04 Eles não conversam entre si, como pode? Autor Bernardo Ourives Revisor Mateus Andrade Bomfim Machado Médico Revisor Alberto Correia Apresentação do caso clínico H.F., 63 anos, sexo masculino, deu entrada no hospital com queixa de síncope há 2 horas, antecedido por sudorese fria, palidez cutânea. Não há fatores de melhora ou piora. Refere náuseas e dispneia aos pequenos esforços. Nega episódios anteriores. Nega má aderência medicamentosa e fatores estressores. Portador de Diabetes Mellitus, em uso de metformina, 850 mg, 2 vezes ao dia; Hipertensão Arterial Sistêmica, em uso de captopril 25 mg, 2 vezes ao dia. Dislipidêmico, em uso de Sinvastatina 20 mg, uma vez ao dia. Doença de Chagas diagnosticada há 10 anos, sem acompanhamento específico. Ao exame físico: descorado +/4+, sudoreico, dispneico. Sinais vitais: pressão arterial de 80 x 60 mmHg, frequência cardíaca de 42 bpm. Sistema cardiovascular: bulhas rítmicas, hipofonéticas em 2 tempos, sem sopros. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: My EKG¹. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal / ventricular – juncional Eixo 45° - Normal Frequência 42 bpm Ondas P: 60 ms ou 1,5mm – Normal T: alterações difusas da repolarização ventricular ComplexoQRS 80 ms ou 2 mm – Normal Intervalos PR: completa dissociação entre ondas P e complexos QRS QT: sem alterações Segmento ST Infradesnivelamento difuso (DI, DII, DIII, aVF, aVR, V1, V2, V3, V4, V5, V6) Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Como podemos avaliar um Bloqueio Atrioventricular no eletrocardiograma? 3. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 4. Quais as outras possíveis causas de um Bloqueio Atrioventricular? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 331 * ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 05 Tudo nos conformes Autor Breno Almeida Revisor Pedro Henrique Andrade Araújo Salvatore Barletta Médico Revisor Alberto Correia Apresentação do caso clínico G.F.O., sexo masculino, 46 anos, natural e procedente de Salvador – BA, procura assistência médica para correção de uma hérnia umbilical. Ao exame físico apresenta-se com presença de protuberância em região umbilical (5,2 cm x 4,9 cm), evidenciada por manobra de Valsalva, compatível com hérnia umbilical. Sem alteração no restante do exame segmentar. Sinais vitais: FC 78 bpm; FR 18 ipm; PA 118 x 78 mmHg; temperatura 37,0 °C. O cirurgião solicitou alguns exames pré-operatórios para a realização da herniorrafia, dentre eles o eletrocardiograma a seguir: Figura 1 - Eletrocardiograma do pré-operatório. Fonte: Arquivo do autor Questões para orientar a discussão 1. Qual é o ritmo desse ECG? 2. Qual é o eixo desse ECG? 3. Qual é a frequência cardíaca? 4. As ondas P e T estão normais? 5. E o complexo QRS? 6. Como caracterizar os intervalos e segmentos desse ECG? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 333 * ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 06 Quem manda aqui? Autor Bruno Oliveira Pedreira Revisora Thaise Almeida Médico Revisor Paulo Francisco de Mesquita Barros Apresentação do caso clínico C. A. S. sexo feminino, 78 anos, deu entrada na unidade de pronto atendimento com queixa de palpitação, tontura e mal-estar associadas a vômitos. Refere que os sintomas se iniciaram há 6 meses, com piora hoje. Mencionou episódios prévios de palpitação, porém de menor duração e resolução espontânea. Negou história de cardiopatias, uso de anticoagulante, AVC ou IAM prévios. Ao exame físico, PA: 130 x 80 mmHg; pulso radial 150 bpm, arrítmico e amplo; FR 15 ipm; SpO2 99% em ar ambiente; ACV: Bulhas taquicárdicas e arrítmicas, ausência de sopros. AR: sem alterações. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Cedido por Drª Pollianna Roriz, coordenadora do Protocolo IAM SAMU 192, Salvador – BA. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Não sinusal, irregular Eixo 45° - Normal. Frequência oscilando entre 146 e 170 bpm – Taquicardia, padrão irregular Ondas P: ausente T: 160 ms ou 4mm – Normal F: visualizadas no esquema “zoom” Complexo QRS 80 ms ou 2 mm – Normal Intervalos PR: não examinado (onda P ausente) QT: Sem alterações Segmento ST Infra desnivelamento do segmento ST em V3, V4, V5, V6, DII, DI, AvL e Avf Supra desnivelamento do segmento ST em avR e V1 Questões para orientar a discussão 1. Qual é o diagnóstico mais provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Como classificar a anormalidade encontrada no ECG? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 338 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 07 Quem são essas novas derivações? Autora Francine Lordelo Issa Revisor Vitor Fernandes de Almeida Médico Revisor Alberto Correia Apresentação do caso clínico J.D.O., masculino, 56 anos, encaminhado da Unidade de Pronto Atendimento, onde deu entrada há 5 dias com queixa de dor epigástrica de forte intensidade (09/10), de início súbito, sem irradiação, associada a sudorese e vômitos, sem fatores de melhora ou piora. Ao ECG, foi observado infra de ST. Houve elevação de enzimas cardíacas. Há 2 dias, foi transferido para esse hospital, no qual foi solicitado cineangiocoronariografia para avaliação da anatomia coronariana. Nega ser portador de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus. Refere histórico de tabagismo por 40 anos, abstêmio há 5 meses. Paciente estava internado aguardando realização do exame quando, na madrugada de hoje, acordou subitamente com dor epigástrica intensa (10/10), associada à sudorese profusa. Ao exame físico: fácies de dor, hipotenso (68x33mmHg), bulhas hipofonéticas e rítmicas, em dois tempos, sem sopros à ausculta cardíaca, tempo de enchimento capilar prolongado, pulsos periféricos filiformes e simétricos, temperatura axilar 34°C. Foi solicitada transferência para UTI. Exames Complementares: HGT 350mg/Dl; CK Total: 435,0U/L ; CK-MB: 111,0U/L. Figura 1 - Eletrocardiograma da UTI Fonte: Arquivo do autor Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal. Eixo 75° - Normal Frequência 83bpm Ondas P: 70ms ou 1,5mm – Normal T: 100ms ou 2.5mm – Normal Complexo QRS 80ms ou 2 mm – Normal Intervalos PR: Sem alterações QT: Sem alterações Segmento ST Elevação em DII, DIII, aVF, V3R, V4R, V7 e depressão em DI, aVL, V1 e V2 Questões para orientar a discussão * 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais elementos da história, do exame físico e dos exames complementares corroboram sua suspeita? 3. Qual a parede do miocárdio foi acometida? Qual provável artéria é culpada pela lesão? 4. Quais derivações presentes nesse ECG não são convencionais e porque foram solicitadas? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 339 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 08 Obstáculos à esquerda! Autor Joseylton Gonçalves Santana Revisora Yana Mendonça Nascimento Médico Revisor Alberto Correia Apresentação do caso clínico J.G.S., sexo masculino, 63 anos, natural e procedente de Malhada de Pedras – BA, hipertenso, comparece ao ambulatório com história de dispneia aos esforços habituais, com duração prolongada, sem fatores associados, de início há 2 dias. Nega ortopneia, dispneia paroxística noturna, dor torácica, edemas em membros inferiores e síncope. Nega diabetes mellitus, asma, acidente vascular cerebral e distúrbios psiquiátricos. Nega tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas. Ao exame físico, FC 73 bpm; FR 22 ipm; PA 140 x 90 mmHg; temperatura 37,1 °C; Na admissão, foi solicitado um eletrocardiograma (Figura 1) em 10 minutos, radiografia de tórax evidenciando área cardíaca aumentada e exames laboratoriais sem alterações, incluindo marcadores de necrose miocárdica. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: Arquivo do autor. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo -15º - Normal Frequência 72 bpm Ondas P: 100ms – Normal T: 100ms – Normal Complexo QRS 165ms – Alargado Ondas R puras e entalhadas em derivações esquerdas (D1, aVL e V6) e morfologia rS em V1 Intervalos PR: Depressão em DI, DII e V3 a V6 – 160ms (duração) QT: Sem alterações – 320ms (duração) Segmento ST Depressão em DI, Avl, V5 e V6 Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? * 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Em qual grau de bloqueio o paciente provavelmente se encontra? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 342 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 09 Espelho, espelho meu Autor Jônatas Pereira Dos Santos Revisor Yuri De Santana Galindo Médico Revisor Alberto Correia Apresentação do caso clínico S.T.A., sexo feminino, 72 anos, deu entrada no hospital com queixa de dor epigástrica constante há 5 horas, em aperto, sem irradiações ou outros sintomas associados, de intensidade 7/10, com piora ao realizar esforço físico e sem fatores de melhora. Refere episódios prévios de dor torácica ao realizar esforço, de intensidade 4/10, que cessava com o repouso, porém nega ter realizado investigação prévia do quadro. Referiu ser portadora de hipertensão arterial sistêmica e diabetes Mellitus, tabagista 30 maços/ano. Negou etilismo. Dados vitais: PA: 100 x 80 mmHg, FC: 90 bpm, FR:18 ipm, SpO2: 96%. Exame físico: sem alterações. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: Arquivodo autor. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo 45° - Normal Frequência 83 bpm - Regular Ondas P: 40 ms ou 1 mm– Normal T: 110 ms ou 4 mm – Normal Complexo QRS 80 ms ou 2 mm – Normal Intervalos PR: Sem alterações QT: Sem alterações Segmento ST Supradesnivelamento em D2, D3, AVF e em V5-V6. Infradesnivelamento discreto em V1-v2 * Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico da paciente em questão? 2. Qual a parede cardíaca acometida? 3. Como realizar a topografia da artéria acometida por meio do eletrocardiograma? 4. Quais os próximos passos a serem tomados na condução do caso? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 345 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 10 Coração ligeiro Autora Júlia Lasserre Revisora Manuela Almeida Viana Médico Revisor Alberto Correia Apresentação do caso clínico G.D.T., sexo masculino, 47 anos. Paciente com hipertensão arterial sistêmica diagnosticada há 2 anos chega ao consultório referindo palpitações “que vêm e vão” há cerca de 3 meses, associadas à dispneia. Nega dor precordial, edema de extremidades e síncope. Ao exame físico, apresenta-se ansioso, taquicárdico e com pulsos regulares. Traz consigo um eletrocardiograma solicitado na consulta anterior e realizado há 2 meses (Figura 1). Figura 1 - ECG apresentado pelo paciente na consulta. Fonte: ECG wave-Maven. Deaconess, 2006¹. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Não sinusal Eixo 45º - Normal Frequência Atrial: 300 bpm Ventricular: 150 bpm (taquicardia) Ondas Ausência de onda P e presença de ondas de aspecto serrilhado (ondas F) negativas em DII, DIII e aVF Complexo QRS Estreito (o que exclui uma taquiarritmia de origem ventricular) com amplitude e comprimento adequados nas derivações frontais e precordiais Intervalos Ausência de intervalo PR, visto que não há onda P Intervalo QT: 240 ms (sem alteração) Segmento ST Sem supra ou infradesnivelamentos Questões para orientar a discussão 1. Qual a principal hipótese diagnóstica? 2. Quais anormalidades do traçado eletrocardiográfico corroboram o diagnóstico? 3. A partir do traçado eletrocardiográfico é possível classificar o flutter e inferir o sentido do * circuito de reentrada? 4. Quais as principais diferenças entre um flutter atrial e uma fibrilação atrial? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 350 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 11 O que meu coração tem a ver com isso? Autora Luciana Araújo Revisora Thainá Lima Médico Revisor Estevão Tavares De Figueiredo Apresentação do caso clínico B.C.S, sexo feminino, 63 anos, foi admitida no hospital com queixa de vômitos, aumento da pressão arterial e pequeno grau de confusão mental há 5 horas. Refere-se também a fraqueza muscular generalizada há aproximadamente 2 dias. A paciente conta ser portadora de câncer de mama metastático, nega outras comorbidades. Paciente nega tabagismo e etilismo. Ao exame, afebril, eupneica, bradicárdica. Figura 1 - Eletrocardiograma de admissão. Fonte: Medscape. Electrolyte Abnormalities, 20061. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Juncional de escape Eixo SÂP = não mensurável; SÂQRS = +30º – Normal Frequência 46 bpm Ondas P: ausentes T: duração de 200 ms e morfologia apiculada simétrica – Anormal Complexo QRS Duração de 120 ms - Limítrofe Intervalos PR: ausente QT medido: duração de 360 ms QT corrigido: duração 315 ms (reduzido, uma vez que é < 370 ms) Segmento ST Encurtamento, com eventual desaparecimento em algumas derivações, além da onda j de osborn em algumas derivações (como v3 e v4) Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico eletrocardiográfico mais provável? 2. O que explica as alterações no traçado eletrocardiográfico? 3. Quais outras alterações no traçado eletrocardiográfico poderiam estar presentes? 4. Como é calculado o intervalo QT corrigido? Qual a sua importância? *A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 352 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 12 Coração descontrolado Autora Maria Tereza de Magalhães Andrade Revisor Antonio Carlos Fonsêca De Queiroz Filho Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru Apresentação do caso clínico M.T.M.A., sexo feminino, 32 anos, professora, natural e procedente de Salvador(BA), deu entrada na emergência por palpitações há meia hora. Paciente refere palpitações, de início súbito, acompanhadas de tontura e escurecimento visual, que acontecem pela segunda vez em um ano. Nega síncope, dor no peito, dispneia ou quaisquer outros sintomas. Refere não possuir nenhuma comorbidade conhecida e não fazer uso de nenhuma medicação. Ao exame físico, a paciente encontrava-se em bom estado geral, lúcida e orientada em tempo e espaço, acianótica, anictérica, corada, hidratada e afebril. Não havia alterações no exame dos aparelhos cardíacos e respiratório, bem como no abdômen, extremidade, cabeça/pescoço. Foram solicitadas a monitorização do paciente (FC 195 bpm; PA 90 x 60 mmHg; FR 20 ipm; SatO2 98%; Temperatura 35,6º C), a realização dos exames laboratoriais (sem alterações) e a realização de eletrocardiograma (Figura 1). Foi optada pela realização da massagem do seio carotídeo, sem melhora, com posterior administração de adenosina 6 mg, também sem melhora. Foi refeita a adenosina, 12 mg, com reversão do quadro, levando a FC: 84 bpm. Figura 1 - Eletrocardiograma da evolução Fonte: Cedido por Dr Alex Guabiru. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Supraventricular regular Eixo 15° - Normal Frequência 187 bpm – Taquicardia Ondas P: Onda P retrógrada T: sem alterações Complexo QRS 80 ms – Estreito Intervalos PR: Regular QTc: 459 ms Segmento ST Infradesnivelamento difuso do segmento ST; supradesnivelamento do segmento ST em AvR * Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Qual o diagnóstico diferencial e como deve ser feita a sua exclusão? 4. O quadro clínico encontra-se dentro do esperado? 5. A conduta tomada foi correta? Quais são as condutas adequadas? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 354 * ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 13 Cardiomegalomaníaco Autora Marina Santana Manciola Revisor Bernardo Ourives Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru Apresentação do caso clínico F.S.B, 52 anos, sexo feminino, natural e procedente de Salvador. Comparece a consulta ambulatorial para acompanhamento de Hipertensão Arterial Sistêmica estágio 3. Nega quaisquer sintomas e refere uso irregular de medicamento (hidroclorotiazida + losartana e IECA), não sabendo informar a dose. Ao exame físico, FC 94 bpm, ictus cordis localizado no 6º EIC esquerdo, deslocado para a esquerda, medindo três polpas digitais e de caráter propulsivo. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Colossimo AP et al, 2019¹. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo Aproximadamente 45º (normal) Frequência 94bpm Ondas P: Aumento da deflexão negativa em V1; índice de Morris positivo T: Invertida em DI, avL, V5 e v6 Complexo QRS amplitude aumentada em V2, V3, V5, V6 Intervalos PR: Normal QT: Normal Segmento ST Padrão de strain Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. O ECG é um bom método para o diagnóstico dessa condição? Quais os critérios diagnósticos? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 356 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 14 Doutor, tem uma bomba no meu pescoço Autor Mateus Andrade Bomfim Machado Revisor Breno Almeida Médico Revisor Decarthon Vitor Dantas Targino Apresentação do caso clínico LL. M. S., sexo feminino, 38 anos, chega ao consultório médico referindo sensação de “pescoço latejando”. Quando questionada, relatou que nos últimos dois anos vem cursando com edema vespertino de membros inferiores. Ausculta cardíaca revelou sopro sistólico em foco tricúspide que aumentava à inspiração profunda (manobra de Rivero-Carvallo). Ao exame físico, apresentava-se com estase de jugular a 45°, aumento de volume abdominaldifusamente, com hepatomegalia dolorosa a 3 centímetros do rebordo costal direito, além de edema simétrico em membros inferiores. Relatou ainda histórico de faringites bacterianas não tratadas na infância. Nega HAS, infarto prévio, eventos trombo-embólicos, uso de anabolizantes e drogas ilícitas. Trouxe eletrocardiograma, que segue: Figura 1 - Eletrocardiograma realizado pela paciente na semana anterior. Fonte: ECGNOW, 2018³. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo 45° - Normal Frequência 100 bpm Ondas Ondas P com amplitude de 3mm em DII e duração de 80ms, sugerindo sobrecarga atrial direita. Ondas T, assimétricas apiculadas em parede anteroapical; e alterações inespecíficas da repolarização ventricular nas demais derivações Complexo QRS 80ms Intervalos Intervalo PR com duração aproximada de 180ms. Intervalo QT dentro da normalidade, com duração de 400 ms Segmento ST Alterações inespecíficas da repolarização ventricular Questões para orientar a discussão 1. Qual é o achado eletrocardiográfico mais importante no ECG em questão? 2. Levando-se em conta a história da paciente e a epidemiologia, qual provável etiologia explica * esse(s) achado(s) eletrocardiográfico(s)? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 359 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 15 Coração saltitante Autor Pedro Henrique Andrade Araújo Salvatore Barletta Revisor Bruno Oliveira Pedreira Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru Apresentação do caso clínico TGL, feminina, 52 anos, hipertensa há 20 anos, em uso irregular de medicações, história de IAM há 5 anos. Refere palpitações há 1h, sem fator desencadeante, de melhora ou piora. Refere episódios anteriores, com início e término súbitos, associados à dispneia há 3 anos. Nega síncope, dor torácica ou edema. Ao exame físico, PA 144 x 86 mmHg em MSD e 142 x 86mmHg em MSE. FC 120 bpm. FR 19 ipm. SatO2 97%. TREC < 2s. Pulsos palpáveis, simétricos, cheios, regulares, em MMSS e MMII. Sem sinais de congestão ao exame físico. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Burns E, 2018³. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Taquicardia atrial (Cada complexo QRS é precedido por uma onda P anormal: positiva em V1, negativa nas derivações inferiores DII, DIII e aVF) Eixo +45° Frequência 120 bpm – Taquicardia (> 100bpm) Ondas P: 60 ms, SÂP= -105° T: 160 ms, SÂT= +30° Complexo QRS 80 ms (estreito), R-R regular Intervalos PR: 110ms QTc: 452ms Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? * 2. Este acometimento poderia se manifestar com outra morfologia do complexo QRS? 3. Qual seria a melhor conduta para esta paciente? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 360 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 16 Não perca o foco Autora Thaise Almeida Revisora Francine Lordelo Issa Médico Revisor Igor Nogueira Lessa Apresentação do caso clínico Paciente masculino, 66 anos, com história de tabagismo de 1 maço/dia há 47 anos, apresenta dispneia progressiva, tosse crônica e produtiva nos últimos 2 anos. Há duas semanas vem evoluindo com piora da dispneia e palpitações. Paciente caquético com desconforto respiratório e presença de leve estase de jugular (45°). A ectoscopia pulmonar revelava: tórax em tonel e murmúrio vesicular reduzido bilateralmente, com sibilância inspiratória e expiratória. Os exames cardíaco e abdominal estão dentro dos limites normais. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: Medicina Net, 2018.¹ Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Irregular Eixo -75°. Desvio para a esquerda Frequência 106 bpm Ondas P: Morfologia da onda p variável T: 160ms Complexo QRS 119 ms, R-R irregular. Morfologia de qR em V1 com amplitude de 7 mm, R em aVR > 4 mm, RS em V5 e V6, com S de V5 > 7 mm Intervalos PR: Variável QTc: 362 ms Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão 1. Qual é o diagnóstico mais provável? E qual é a fisiopatologia das alterações encontradas no traçado? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Quais são os possíveis diagnósticos diferenciais? * 4. Existem outras anormalidades no traçado? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 363 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 17 A pior das tempestades Autor Vitor Fernandes De Almeida Revisor Joseylton Gonçalves Santana Médico Revisor Christian Moreno LuizeApresentação do caso clínico D.F.A., sexo feminino, 37 anos, portadora de hipertireoidismo (diagnóstico em 2016), deu entrada no pronto atendimento com relato de dispneia aos mínimos esforços associada a edema de MMII (+++/++++) até raiz de coxa, agitação, sudorese, tremores em repouso, dor abdominal difusa (8/10) e vômitos sem restos alimentares. Refere inadequação terapêutica, se esquecendo frequentemente de tomar sua medicação (metimazol 30mg). Relata ainda que na semana anterior fez uso de norfloxacina 400mg, 12-12h por 3 dias para tratar um quadro de infecção urinária baixa. • Impressão geral: Ruim estado geral, lúcida e orientada, agitada, dispneica, acianótica e anictéria. • Pele: Quente e úmida. • Olhos: exolftalmia bilateral. • Pescoço: Tireoide aumentada duas vezes (predomínio do lobo esquerdo), elástica, indolor à palpação, ausência de nódulos. • ACV: Bulhas rítmicas normofonéticas em dois tempos, sem sopros. Pulsos periféricos rítmicos e simétricos. • Tórax e AR: Tórax em conformação habitual, murmúrios vesiculares diminuídos, presença de estertores crepitantes em bases de ambos hemitórax e sinais de esforço respiratório. • Abdome: Plano, flácido, indolor à palpação superficial e profunda, ruídos hidroaéreos presentes. Ausência de visceromegalias e massas palpáveis. • Extremidades: Quente e perfundidas. Presença de tremores suaves nos quatro membros. • Dados vitais: PA 160/90mmHg; FC 160bpm; FR 24ipm; temperatura 39,3°C. • Exames laboratoriais da admissão: T3: 7,1ng/dl (VR: 70-200ng/dl); T4 livre: 234ng/dl (VR: 0,7- 1,5ng/dl); TSH: 0,02mUI/L (VR: 0,45-4,5mUI/L). A associação da clínica com os exames laboratoriais permitiu o diagnóstico de crise tireotóxica. Sucedeu-se a realização de um eletrocardiograma e o encaminhamento para UTI até compensação do quadro clínico. Figura 1 - Eletrocardiograma do pronto atendimento. * Fonte: Burns E., 20185 Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo 75º - normal Frequência 166bpm (taquicardia) Ondas P: 1,5mm – A presença da taquicardia impossibilita avaliar a duração exata da onda P, porém aparenta ter duração normal T: 2,0mm – A presença da taquicardia impossibilita avaliar a duração exata da onda T, porém aparenta ter duração normal Complexo QRS 60ms - Estreito Intervalos PR: encurtado (< 120ms) QTc: 432ms – Normal Segmento ST Ausência de supra e infradesnivelamentos Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico eletrocardiográfico mais provável? Quais alterações corroboram para a sua suspeita? 2. Os achados eletrocardiográficos são compatíveis com a história clínica? 3. Quais são os principais diagnósticos diferenciais para os achados eletrocardiográficos encontrados? 4. As taquicardias são sempre patológicas? A idade influencia nos valores basais de frequência cardíaca? 5. Num contexto geral, a taquicardia apresentada necessita ser revertida por medidas terapêuticas específicas? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 365 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 18 Aviso antes de parar Autora Yana Mendonça Nascimento Revisor Jônatas Pereira Dos Santos Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru Apresentação do caso clínico V.L.D., sexo masculino, 72 anos, branco, casado, pedreiro aposentado, natural e procedente de Salvador procurou, acompanhado pelo sobrinho, o serviço de emergência com relato de tontura e vômitos há 2 horas enquanto estava assistindo ao telejornal. Refere que os vômitos foram precedidos de náuseas. Nega fatores de melhora ou piora, bem como uso de medicaçõesde alívio, episódios anteriores e outros sintomas associados. Acompanhante informa que o paciente é portador de hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia, em uso de atenolol (50mg, uma vez ao dia) e sinvastatina (20mg, um comprimido à noite). Negou Diabetes Mellitus, tabagismo e etilismo. Ao exame físico: fácies de ansiedade, descorado (II/IV), frequência cardíaca de 50bpm, bulhas hipofonéticas. À admissão, foi solicitado um eletrocardiograma (figura 1). Figura 1 - ECG apresentado pelo paciente na consulta. Fonte: Medicina Net, 2018³. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Irregular Eixo 0° - Normal Frequência 50bpm – Bradicardia Ondas P: 120ms ou 3mm – Normal T: 200ms ou 5mm – Normal Complexo QRS Bloqueios intermitentes com ausência do complexo. Quando presentes: 80ms ou 2mm – Normal Intervalos PR: progressivamente maiores com mínimo de 320 e máximo de 420ms (normal: 120 a 200ms ou 3 a 5mm) QT: sem alterações Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão * 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Qual a classificação segundo o grau de bloqueio? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 368 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 19 Por aqui não, coração! Autor Yuri De Santana Galindo Revisora Júlia Lasserre Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru Apresentação do caso clínico A. S. C. 67 anos, feminina, agricultora, natural e procedente de São Felipe – Bahia. Paciente hipertensa há duas décadas, busca o serviço de saúde em Santo Antônio de Jesus – BA relatando dispneia e apresentando edema maleolar e estase de jugulares a 45º. Ao se realizar a ausculta cardíaca, notou-se ictus cordis visível e palpável em 7º espaço intercostal, na linha axilar anterior esquerda. A paciente relata cursar com edema de membros inferiores após se manter em posição ortostática prolongada. A mesma refere residir em casa feita de taipa há décadas. Com forte suspeita diagnóstica de Doença de Chagas, foram realizados ELISA, hemoaglutinação indireta e anti-T. Cruzi (IgG), todos reativos. Foram realizados eletrocardiograma, radiografia de tórax e ecocardiograma. Este último evidenciou dilatação das câmaras esquerdas e direitas, hipocinesia difusa e disfunção sistólica discreta de ambos os ventrículos, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 39%. ECG da paciente: Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: ECG wave-Maven. Deaconess, 2005¹. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo - 45° - Desvio do eixo para esquerda Frequência 96 bpm – Regular Ondas P: 40 ms ou 1mm– Normal T: 120 ms ou 3mm – Normal Complexo QRS 120 ms ou 3 mm – Normal Intervalos PR: sem alterações QT: Sem alterações Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão * 1. O que revela o eletrocardiograma deste paciente? 2. Qual a causa da alteração eletrocardiográfica do paciente e em quais outras doenças/comorbidades este mesmo achado eletrocardiográfico pode estar presente? 3. Qual o tratamento de um BDAS? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 370 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 20 A cereja do bolo Autora Manuela Almeida Viana Revisora Luciana Araújo Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru Apresentação do caso clínico J.O.T., masculino, 78 anos, tabagista (40 maços-ano), diabético e hipertenso de longa data. Chega ao pronto atendimento relatando quadro de dor torácica em aperto (10/10) há 1 hora, que irradia para mandíbula e membro superior esquerdo, associada à sudorese profusa. Os sintomas tiveram início após presenciar uma discussão entre familiares, sem fatores de melhora ou piora desde então. Em uso irregular de metformina 850 mg 2X/dia, Captopril 50 mg/dia, hidroclorotiazida 50 mg 2X/dia e metoprolol 50 mg/dia. Nega episódios prévios semelhantes. Ao exame físico: sudoreico, taquicárdico, PA 140 X 90 mmHg, extremidades bem perfundidas, sem edemas ou cianose. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: Arquivo do autor. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo Aproximadamente -45° – Desviado para esquerda Frequência 107 bpm – Taquicardia, padrão regular Ondas P: amplitude (80 ms ou 2 mm) T: amplitude 200 ms ou 5 a 6 mm em V1 e V2 – alterada em função do ST (abaixo) Complexo QRS 80 ms ou 2 mm – Normal Intervalos PR: sem alterações QT: sem alterações Segmento ST Infradesnivelamento difuso (DI – DIII, aVF e V3 – V6) e supradesnivelamento em aVR e V1 Questões para orientar a discussão * 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. O que levanta as suspeitas para o diagnóstico? 3. O que podemos encontrar no ECG em uma suspeita de síndrome coronariana aguda? 4. O padrão encontrado fala a favor de qual topografia de lesão? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 374 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 21 Sofrimento interno Autora Thainá Lima Revisora Maria Tereza de Magalhães Andrade Médico Revisor Iuri Resedá Apresentação do caso clínico Paciente sexo masculino, 56 anos, hipertenso, internado em um hospital para a realização de um exame eletivo e refere início de dor precordial em aperto há 30 minutos, precipitada por estresse emocional, com irradiação para braço esquerdo e mandíbula, de intensidade 7 em 10, sem fatores de piora ou melhora. Nega sintomas semelhantes anteriormente. Dados vitais e exame físico sem alterações. Diante da história clínica, a médica plantonista solicita um ECG (abaixo) e marcadores de necrose miocárdica que vieram negativos na primeira coleta e após seriados (3h, 6h e 9h). Figura 1 - Eletrocardiograma. Fonte: Arquivo do autor. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal e regular Eixo 15°- Normal Frequência 63 bpm Ondas P: 80 ms ou 2 mm – Normal T: simétrica em todas as derivações, com amplitude de 12 mm em V2-V4 U: 2 mm de amplitude – Normal Complexo QRS 80 ms – Normal Intervalos PR: 120 ms e constante – Normal QT: Normal Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? E qual fisiopatologia das alterações encontradas no traçado? * 2. Qual o significado da onda U? 3. Quais os possíveis diagnósticos diferenciais? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 377 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 22 O potássio mora sob a onda T Autor Antonio Carlos Fonsêca De Queiroz Filho Médico Revisor Estevão Tavares De Figueiredo Apresentação do caso clínico F.C.O., 40 anos, sexo masculino, refere que há 3 dias vem apresentando diarreia importante e vômitos após ingerir cachorro-quente na rua. Relata que hoje passou a cursar também com cãibras, fraqueza muscular e dispneia, o que o levou a procurar a emergência. Ao exame físico: FR 20 ipm, PA 100 x 60 mmHg, íctus não visível e palpável em linha médio-clavicular, no 5º EIC esquerdo, medindo uma polpa digital. Restante do exame físico normal. Paciente foi admitido no serviço e foi solicitado ECG (figura 1) e exames laboratoriais. Figura 1 - Eletrocardiograma de admissão. Fonte: Burns, E. 20181. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo SÂP = +45º; SÂQRS = +65º Frequência 65 bpm (1.500/23 quadradinhos = 65 bpm) Ondas P: Duração 60 ms e amplitude inferior a 0,25 mV – Normal T: Onda T de polaridade invertida no eixo frontal Complexo QRS Duração de 100 ms, sem sinais de sobrecarga de câmaras – Normal Intervalos PRi: Duração de 100 ms – (normal até 120 – 200 ms) QTc (Fórmula de Bazzet): 332 ms (QTUc: 500ms) Segmento ST Presença de infradesnivelamento do segmento ST em derivações inferiores. Logo após o segmento ST observamos a onda U * Questões para orientar a discussão 1. Qual o distúrbio eletrolítico é compatível com a história e o eletrocardiograma? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico e quais as suas explicações? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 381 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 23 Sabe como é coração de vó, né? Sempre cabe mais um Autor Bernardo Ourives RevisorMateus Andrade Bomfim Machado Médico Revisor Iuri Resedá Apresentação do caso clínico B.F.M., sexo feminino, 56 anos, deu entrada no hospital com queixa de dispneia há 3 horas. Paciente relata que há cerca de 7 dias iniciou um quadro gripal associado a fraqueza e leve falta de ar aos esforços habituais, que evoluiu nas últimas 3 horas para dispneia intensa, após tentar subir um lance de escada da sua casa. A dispneia se mantém ao repouso, sem fatores de melhora. Nega dor torácica. Relata ser portadora de Hipertensão Arterial Sistêmica e Insuficiência Cardíaca há 15 anos, além de diagnóstico de DPOC há 10 anos. Não soube informar medicamentos usados e refere ainda uso irregular. Tabagista abstêmia (carga tabágica: 30 maços/ano), negou etilismo. Ao exame físico: sudoreica, corada, edema em MMII até altura dos tornozelos; sinais vitais: PA 155 x 90 mmHg, FR 25 ipm, FC 95 bpm; cardiorrespiratório: BRNF em 2T sem sopros, uso da musculatura respiratória acessória, ausculta respiratória com estertores crepitantes até terços médios pulmonares, bilateralmente. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: MY EKG1. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo -105° - desviado para esquerda Frequência 88 bpm Ondas P: sem alterações T: invertida em derivações D1, aVL, V2, V3, V4 e V5 Complexo QRS Duração de 120 ms; aumento de amplitude em derivações precordiais (Em V1, R 26 mm; Em V5, 36 mm) Intervalos PR: sem alterações QT: sem alterações Segmento ST Sem alterações * Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Quais são as outras possíveis causas de aumento da amplitude do QRS? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 383 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 24 Átrio precoce Autor Breno Almeida Revisor Pedro Henrique Andrade Araújo Salvatore Barletta Médico Revisor Luís Cláudio Apresentação do caso clínico Y.M.N., sexo feminino, 84 anos, natural e procedente de Itabuna (BA), diabética e hipertensa, comparece ao ambulatório para uma consulta de rotina. Não apresentou queixas, mas, quando interrogada, revelou episódios esporádicos de palpitação com duração de segundos, sem fatores desencadeantes ou sintomas associados. Negou dor torácica, dispneia ou tosse. Além disso, refere estar em uso de Metformina 500 mg e Losartana 50 mg. Ao exame físico, apresentou-se sem alteração no exame segmentar e com os seguintes sinais vitais: FC 90 bpm; FR 19 ipm; PA 130 x 82 mmHg; temperatura 36,6 °C. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Burns E, 2019¹. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo +90º – Normal Frequência Aproximadamente 90 bpm Ondas P: 80 ms; Ao DII longo, 3ª, 7ª e 10ª ondas P em interseção com ondas T T: 160 ms Complexo QRS 80ms, R-R regular Intervalos PR: 180 ms QTc: 392 ms Segmento ST Sem alterações * Questões para orientar a discussão 1. Qual é o diagnóstico? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Quais desfechos podem ocorrer a partir dos achados eletrocardiográficos? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 384 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 25 O dorso do coração Autor Bruno Oliveira Pedreira Revisora Thaise Almeida Médico Revisor Igor Nogueira Lessa Apresentação do caso clínico J. J. B., sexo masculino, 54 anos, deu entrada no Departamento de Emergência (DE) com queixa de dor precordial iniciada há 2 horas da admissão. Refere dor em aperto, intensidade 10/10, associada à dispenia. Nega irradiação. Paciente ex-tabagista (carga tabágica 20 maços/ano). Ao exame físico, sinais vitais; PA: 160 x 90 mmHg em ambos os membros; pulso radial 98 bpm; FR 14 ipm; SPo2 98% em ar ambiente; ACV e AR: sem alterações. O médico-assistente solicitou um ECG. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Cedido por Drª Pollianna Roriz, coordenadora do Protocolo IAM SAMU 192, Salvador-BA. Figura 2 - Eletrocardiograma derivações complementares (posteriores). Fonte: Cedido por Drª Pollianna Roriz. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo 75° – Normal Frequência 125 bpm P: presentes, duração 80 ms – Normal * Ondas T: 120 ms ou 3 mm – Normal Complexo QRS 80 ms ou 2 mm – Normal Intervalos PR: 120ms - Normal QT: Sem alterações Segmento ST Supradesnivelamento D2 – 1 mm| D3 – 1 mm| AvF – 1 mm| V7 – 2 mm| V8 – 2 mm| V9 – 2 mm. Infradesnivelamento V1 – 2 mm | V3 – 3 mm | V3 – 5,5 mm Questões para orientar a discussão 1. Qual é o diagnóstico mais provável? 2. Como classificar a parede acometida? 3. Como posicionar os eletrodos nas derivações V7, V8 e V9? 4. Qual critério deve ser utilizado no laudo do supradesnivelamento na parede posterior? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 386 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 26 Apagão Autora Francine Lordelo Issa Médico Revisor Igor Nogueira Lessa Apresentação do caso clínico L. D. G., sexo feminino, 59 anos, chega ao hospital com dispneia aos esforços habituais, como andar no plano (NYHA classe II). Refere que, há 35 dias, sofreu episódio de dor precordial em aperto, intensa, com irradiação para membro superior esquerdo e sudorese profusa, desencadeada por estresse emocional. Procurou a emergência, na qual foi diagnosticado Infarto Agudo do Miocárdio. Afirma ter sido hospitalizada e medicada, sem referência ao uso de trombolítico e/ou procedimento hemodinâmico. Duas semanas após a alta hospitalar, cursou com episódios de dispneia progressiva, ortopneia e dor precordial noturna, durante o sono. Evoluiu com inapetência e perda ponderal de 10 kg, nesse momento em uso de Digoxina (0,5 mg) e Furosemida (40 mg). Afirmou ser hipertensa com diagnostico há 6 anos, em tratamento anti-hipertensivo de baixa aderência, tabagista de 4 cigarros/dia, há 35 anos. Negou diabetes mellitus e etilismo. Ao exame físico, apresentava-se com creptos em bases bilateralmente na ausculta pulmonar. A avaliação cardíaca revelou bulhas rítmicas normofonéticas, em 2 tempos e sopro sistólico (++ em VI) em foco mitral. O abdome estava doloroso à palpação em hipocôndrio direito dolorosa com fígado palpável a 4 cm do rebordo costal direito. Membros inferiores com edemas (+++/4+). Os sinais vitais: FC 105 bpm; PA 139 x 100 mmHg. Exames laboratoriais com marcadores de necrose miocárdica seriados estavam negativos. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Arquivo do autor. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo -75° – Desvio para esquerda Frequência 100 bpm – Taquicardia, padrão regular Ondas P: fase negativa em V1 = duração 40 ms e amplitude 1 mv T: 120 ms ou 3 mm – Normal Complexo QRS 80 ms ou 2 mm – Normal + presença de onda Q profunda em DII, DIII, avF, V1 a V6 Intervalos PR: sem alterações QT: Sem alterações Segmento ST Elevação em DII, DIII, aVF, V2 a V6 * Questões para orientar a discussão 1. Qual é o diagnóstico eletrocardiográfico mais provável? 2. Como pode ser feito o raciocínio clínico juntando a história clínica previa e atual, antecedentes e as anormalidades do ECG? 3. Quais são as principais complicações cardíacas após infarto do miocárdio? 4. Existem outras causas do aparecimento de ondas Q anormais no ECG? Quais? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 388 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 27 Que peso é esse? Autor Joseylton Gonçalves Santana Revisora Yana Mendonça Nascimento Médico Revisor Marcelo Kirschbaum Apresentação do caso clínico T.F.L.S, sexo masculino, 50 anos, natural de Salinas - MG e procedente de Salvador – BA, hipertenso, diabético e comparece ao ambulatório de miocardiopatias para avaliação clínica de rotina. Paciente nega ortopneia, dispneia paroxística noturna, dor torácica, edema em membros inferiores e síncope. Nega asma, acidente vascular cerebral e distúrbios psiquiátricos. Nega tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas. Sinais vitais: FC 80 bpm; FR 20 ipm; PA 120 x 80 mmHg; temperatura 37,2 °C. Na consulta, foi realizado exame clínico,com anamnese e exame físico direcionados. Além disso, foi solicitado um eletrocardiograma (Figura 1). Figura 1 - Eletrocardiograma. Fonte: Arquivo do autor. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal e regular Eixo Em torno de -150º Frequência 107 bpm Ondas P: 120 ms – Apiculada (maior que 2mm) em DII e aVF T: 200 ms – Invertida de V1 a V3 Complexo QRS 120ms – Estreito Ondas R de grande amplitude em V1 (como parte de um complexo qR) Intervalos PR: Sem alterações QT: Sem alterações Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão * 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais são os critérios eletrocardiográficos mais sugestivos para o respectivo diagnóstico? 3. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 391 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 28 Quem é Sgarbossa? Autor Jônatas Pereira dos Santos Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru Apresentação do caso clínico F. G. S, sexo masculino, 65 anos, deu entrada no hospital com queixa de dor torácica há 1 dia, com piora há 2 horas, em aperto, de intensidade 9/10, com irradiação para MSE e região cervical ipsilateral, com piora ao realizar esforço físico e sem fatores de melhora. Referiu ser hipertenso há 15 anos, em tratamento irregular com Losartana 50 mg/dia e Anlodipino 5 mg/dia, tabagista (14 anos-maço), sedentário, obesidade grau I (IMC: 33,9 kg/m2). Sinais vitais: FC 97 bpm, FR 20 ipm, SpO2 95% e PA 140 x 90mmHg. Exame físico: sem alterações. Paciente foi encaminhado para a realização de ECG de urgência. Foi solicitado marcadores de necrose miocárdica que vieram negativos na primeira coleta e após seriados (3h, 6h, 9h). Iniciado AAS 200 mg, Clopidogrel 300 mg. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: Blog de Eletrocardiografia, 20176. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo -45° – Desviado para esquerda Frequência 94 bpm – regular Ondas P: 80 ms ou 2 mm– Normal T: 120 ms ou 3 mm – Normal Complexo QRS 200 ms ou 5 mm – com morfologia de bloqueio de ramo esquerdo Intervalos PR: Sem alterações QT: Sem alterações Segmento ST Supra desnivelamento do seguimento ST V1-V4 em vigência de padrão de Bloqueio de Ramo Esquerdo. Infra de ST em V6 Questões para orientar a discussão * 1. Como avaliar um eletrocardiograma com Bloqueio de Ramo Esquerdo na vigência de uma Síndrome Coronariana Aguda? 2. O que é o Sinal de Cabreira e como ele é representado no traçado eletrocardiográfico? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 393 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 29 Carga pesada Autora Júlia Lasserre Revisora Manuela Almeida Viana Médico Revisor Iuri Resedá Apresentação do caso clínico J.R.T., 55 anos, sexo feminino, natural e procedente de São Paulo, doméstica. Paciente hipertensa há 10 anos vai à consulta de rotina com seu cardiologista sem queixas e refere não aderir ao tratamento da hipertensão por falta de tempo para se dedicar à sua saúde. Ao exame, o valor da pressão arterial aferido foi 170 x 104 mmHg. Como solicitado na última consulta, levou eletrocardiograma realizado há 1 mês. Figura 1 - Eletrocardiograma da paciente. Fonte: Braga E, 2013.4 Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo -15º - "Normal" Frequência 93 bpm - Normal Ondas P: conformação mitrale em DII; alargada em algumas derivações, como DI e DII; índice de Morris = 80 ms; índice de Macruz >1,7 T: invertida em DI, aVL, V4, V5 e V6 Complexo QRS Estreito, amplitude aumentada em algumas derivações. Índice de Sokolow-Lyon = 26 mm; índice de Cornell: 47 mm; critérios de Romhilt-Estes: 6 pontos (amplitude aumentada do QRS, sobrecarga de átrio esquerdo) Intervalos PR: sem alterações QT: sem alterações Segmento ST Sem supras ou infradesnivelamentos de ST Questões para orientar a discussão 1. Quais as anormalidades visíveis no traçado eletrocardiográfico da paciente? * 2. Dado o quadro clínico da paciente, qual a mais provável causa dessas anormalidades? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 397 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 30 Coração palpitante Autora Luciana Araújo Revisora Thainá Lima Médico Revisor Luís Cláudio Apresentação do caso clínico D.G.M., sexo masculino, 27 anos, deu entrada na emergência com queixa de desconforto torácico inespecífico há 1 hora associado a tontura. Refere episódios prévios de palpitação intermitente associada a desconforto torácico semelhante ao atual. Nega doença cardíaca estrutural subjacente ou outras comorbidades. Nega doenças em parentes de 1º grau. Ao exame físico, fácies de desconforto, corado, eupneico. Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: ECG wave-Maven. Deaconess, 20085. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo Aproximadamente 75° - Normal Frequência 60bpm – Normal Ondas P: 80ms ou 2mm – Normal T: 200ms ou 5mm – Normal Complexo QRS Presença de onda delta Intervalos PR: 40ms ou 1mm – Diminuído QT: sem alterações Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais os critérios diagnósticos necessários e qual sua explicação fisiopatológica? 3. Como pode ser localizada a alteração presente no sistema de condução cardíaco através do * ECG? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 399 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 31 Tontura pós prandial Autora Maria Tereza de Magalhães Andrade Revisor Antonio Carlos Fonsêca De Queiroz Filho Médico Revisor Alex Teixeira Guabiru Apresentação do caso clínico JZM, 61 anos, masculino, portador de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus tipo 2, em uso regular das medicações: Losartana, Hidroclorotiazida e Metformina (não soube informar as doses); deu entrada na emergência com quadro tontura e fraqueza há duas horas que se iniciaram após o almoço. Relata nunca ter tido sintomas parecidos antes. Ao exame físico apresentava-se em regular estado geral, ansiosa, descorada II/IV, sem febre e acianótica. Bulhas rítmicas, hipofonéticas, em 2T, sem sopros. Sem estase de jugulares. Sem alterações no exame segmentar. Sinais vitais: FC 50 bpm; PA 110 x 80 mmHg; FC 20 ipm; SatO2 96%; Temp 36,4 ºC. Na evolução, o paciente demonstrava melhoras do quadro, após repouso no leito com dieta zero e observação, sendo encaminhado para consulta com especialista. Foi realizada a monitorização do paciente, eletrocardiograma (ECG) (Figura 1) e exames laboratoriais sem alterações. Figura 1 - Eletrocardiograma da evolução. Fonte: Burns E, 2018³. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal (presença de ondas P positivas em DI, DII e aVF) Eixo 0 a -30° Frequência 0 a -30° Ondas P: presentes, amplitude de 1,5mm, duração de 80ms T: presentes, de conformação habitual, com a mesma polaridade do QRS Complexo QRS presente, de duração normal (≤120ms), porém não presente antes de todas as ondas P Intervalos PR: irregular, com presença de aumento progressivo do intervalo PR até o surgimento de ondas P bloqueadas QT: >240ms Segmento ST Sem supra ou infra desnivelamentos * Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. Qual o diagnóstico diferencial e como deve ser feita a sua exclusão? 4. A conduta tomada foi correta? Quais são as condutas adequadas? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 402 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 32 O perigo mora ao lado Autora Marina Santana Manciola Revisor Bernardo Ourives Médica Revisora Lenises De Paula Apresentação do caso clínico J.P.O, sexo masculino, 22 anos, em 2º DPO de tireoidectomia total, vem apresentando há algumas horas quadro de parestesia por todo o corpo e contrações tônicas musculares, além de crises convulsivas. Relata também ter sentido palpitações, associadas a dificuldade de respirar. Enfermeira informa que o paciente tem se apresentado ansioso no período. Ao exame físico: sinal de Chvostek positivo. Foi realizadoECG: Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: Burns E, 2018³. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo Normal +75° Frequência 84 bpm Ondas P: sem alterações T: sem alterações Complexo QRS Sem alterações Intervalos PR: sem alterações QT: aumentado às custas do segmento ST. É interessante calcular o QT corrigido (QTc) neste caso, que dá 542ms QTc: QT/√RR Segmento ST Sem alterações de nível Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 3. O ECG é adequado para o diagnóstico inicial de distúrbios do cálcio? Por quê? *A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 403 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 33 O que um bastão de hóquei, Van Gogh e o bigode de Salvador Dalí têm em comum? Autor Mateus Andrade Bomfim Machado Revisor Bernardo Ourives Médico revisor Estevão Tavares Figueiredo Apresentação do caso clínico Mulher de 75 anos, hipertensa, com diagnóstico prévio de insuficiência cardíaca de etiologia isquêmica é admitida na emergência com quadro de síncope. Exames laboratoriais revelaram discreta hipocalemia (K sérico = 3,1). Em uso de Valsartana, Digoxina, Atenolol e Furosemida. Figura 1 – ECG apresentado pela paciente Fonte: Goldberger, AL. ECG Wave-Maven, 20071. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Ritmo de fibrilação atrial (ausência de ondas P e ritmo irregular) Eixo Eixos mensuráveis: SÂP = não mensurável, SÂQRS = entre 0º e +90º e SÂT = discordante do SÂQRS no plano frontal Frequência Aproximadamente 42 bpm. Como paciente apresenta um ritmo irregular, a fórmula 1500/RR ou regras mnemônicas (300, 150, 100...) não funcionam. Para tanto, é necessário realizar outra manobra. Como a velocidade padrão do traçado é de 25 mm/s, cada “quadradinho” tem duração de 0,04 s ou 400 ms e, cada “quadrado”, 0,2 segundos. Assim, contamos o número de complexos QRS presentes durante 6 segundos (30 quadrados) e multiplicamos por 10 para se ter uma FC média Ondas P: Ausência de ondas P T: Inversão de onda T em V4-V6, DI, DII e aVL Complexo QRS QRS estreito (inferior a 120 ms), com sobrecarga ventricular esquerda ao índice de Cornell (“R” de aVL + “S” de V3 > 20 mm em mulheres). É sugerido utilizar ao menos 3 índices de rastreamento de sobrecarga ventricular para aumentar o poder diagnóstico do ECG, pois todos têm sensibilidade e especificidade diferentes. Neste caso, por exemplo, os índices de Sokolow-Lyon e Romhilt-Estes falhariam. PR: Não pode ser mensurado RR: Irregular QT: Curto (aproximadamente 336 ms). O intervalo QT pode ser * Intervalos muito variável devido alterações na frequência cardíaca. Portanto, deve ser utilizado o QT corrigido (QTc) pela fórmula de Bazzet, onde QTc = QT (ms)/√RR (s). Assim, o QT medido foi de 400 ms. Mas, corrigindo para a fórmula, teremos um valor de 336 ms (ou seja inferior a 340 ms) Segmento ST ST-T abaulado, com infradesnível (concavidade voltada para cima), em formato de “colher de pedreiro” Questões para orientar a discussão 1. Qual(is) o(s) diagnóstico(s) eletrocardiográfico(s) e sua correlação clínica? 2. Quais são os sinais mais comuns na intoxicação digitálica e qual o mecanismo de ação dos digitálicos? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 404 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 34 "Eu tô infartando, doutor???" Autor Pedro Henrique Andrade Araújo Salvatore Barletta Médico Revisor André Chateaubriand Campos Apresentação do caso clínico N.G.L., 32 anos, sexo feminino, se apresenta com queixa de dor em hemitórax esquerdo há 2 horas, de moderada intensidade, ventilatório dependente, súbita, que a acordou durante a madrugada. Associada à dor, referiu dispneia de repouso e hemoptise. Parto cesariana realizado há 3 semanas, sem intercorrências. Refere episódio de trombose venosa profunda em MID há 5 anos. Não faz uso de nenhuma medicação. Nega história familiar de eventos tromboembólicos. Ao exame físico apresentava-se com os seguintes sinais vitais: PA 95 x 70 mmHg; FC 70 bpm; FR 18 ipm; SatO2 96%. Exame físico segmentar sem alterações. Prosseguindo a investigação da dor torácica, obteve-se o seguinte eletrocardiograma: Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão. Fonte: Burns E, 2018³. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Sinusal Eixo +165° Frequência 66 bpm Ondas P: 80 ms, SÂP= +45° T: 240 ms, SÂT= -30°. Inversão de polaridade em DIII e de V1-V4 Complexo QRS R-R regular. Alterações indicativas de bloqueio de ramo direito (BRD) (duração do complexo QRS > 120ms, padrão Rr’ empastado em V1, ondas S empastadas em DI, aVL, V5 e V6 e onda qR em aVR com R empastado). Presença de onda S proeminente em DI e de onda Q em DIII Intervalos PR: 120 ms QT: 469 ms Segmento ST Sem alterações Questões para orientar a discussão * 1. Qual o diagnóstico mais provável? Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico? 2. O eletrocardiograma é suficiente para fechar o diagnóstico? Justifique. A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 408 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 35 Pit Stop Autora Thaise Almeida Revisor Francine Lordelo Issa Médico Revisor Estevão Tavares De Figueiredo Apresentação do caso clínico Paciente do sexo masculino, 50 anos, participante eventual de uma corrida, apresentou perda súbita de consciência durante a competição e ausência de pulso constatada por equipe médica. Foi iniciada ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e posicionado o desfibrilador externo automático (DEA) que indicou choque. Houve retorno da circulação espontânea, sendo levado ao pronto atendimento pela ambulância do SAMU. Na chegada não foi constatado pulso novamente. A médica plantonista observa seguinte traçado no monitor: Figura 1 - Eletrocardiograma da admissão Fonte: Learn the Heart, 20181. Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S) Ritmo Não sinusal Eixo Impossível de se avaliar Frequência Impossível de se avaliar Ondas P: Ausência de ondas P T: Ausência de ondas T Complexo QRS Alargado Intervalos PR: Ausência de intervalo PR QT: Ausência de intervalo QT Segmento ST Ausência de segmento ST * Questões para orientar a discussão 1. Qual o diagnóstico mais provável? E qual fisiopatologia das alterações encontradas no traçado? 2. Quais os possíveis diagnósticos diferenciais? 3. Quais desfechos podem ocorrer a partir dos achados eletrocardiográficos? A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 409 ELETROCARDIOGRAMA | DESAFIO 36 Um sonho possível? Autor Vitor Fernandes De Almeida Revisor Joseylton Gonçalves Santana Médico Revisor Christian Moreno Luize Apresentação do caso clínico V.F.A., sexo feminino, 24 anos, comparece à consulta com cardiologista para avaliação clínica, já que pretende iniciar a prática de exercícios físicos de alta intensidade. Relata obesidade na adolescência, momento traumatizante da sua vida, onde em que se tornou adepta de dietas radicais e técnicas agressivas de emagrecimento. Atualmente, com o peso controlado após mudança de estilo de vida, diz que o grande sonho da sua vida é correr na famosa “Corrida de São Silvestre”, evento que ocorre no último dia do ano na cidade de São Paulo. “Será a minha vitória definitiva sobre o meu peso”. No momento, sem queixas. Nega síncope, hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares na família. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, lúcida e orientada, agitada e dispneica. PA 110 x 78 mmHg; FC 85 bpm; FR 18 ipm; temperatura 36,5°C. Sem alterações em outros sistemas. Após exame físico, sucedeu-se a realização de um eletrocardiograma (Figura 1). Ao analisar o traçado eletrocardiográfico, o cardiologista observou alterações atípicas, principalmente se tratando de uma paciente jovem. Questionada sobre sua família, a paciente relata que seu irmão mais velho “morreu subitamente” (sic) aos 37 anos. Opta-se em repetir o ECG, agora sob ação farmacológica da ajmalina (Figura 2), o que confirmou a suspeita diagnóstica do médico.
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