Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sangramento uterino anormal – SUA Definição: O sangramento uterino anormal (SUA) é um distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do sangramento uterino normal está alterado: quantidade, duração ou frequência. O SUA também é definido como perda menstrual excessiva com repercussões físicas, emocionais, sociais e materiais na qualidade de vida da mulher, que podem ocorrer isoladamente ou em combinação com outros sintomas. Tal manifestação poderá apresentar-se como um quadro crônico, isto é, no contexto de episódios que se repetem pelo menos nos seis meses anteriores, ou como um quadro agudo, que requer cuidados urgentes ou de emergência. O sangramento uterino anormal (SUA) é um distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do sangramento uterino normal está alterado: quantidade, duração ou frequência. Repercussões físicas, emocionais, sociais e materiais na qualidade de vida da mulher Pode ser crônico (6 meses) ou agudo. Epidemiologia: O SUA é uma condição comum que afeta até 40% de mulheres no mundo (Singh et al., 2013), com prevalência que varia entre 9 e 14% das mulheres. Estima-se que, entre as mulheres com SUA agudo que procuram atendimento, 49,2% apresentam uma concomitante condição médica que justifica o sangramento e 53% delas já apresentaram um quadro prévio de SUA que exigiu tratamento. Além disso, 35% manifestaram anemia no momento do atendimento, sendo 13,7% com anemia severa, com índices de hemoglobina menores do que 10g/ Dl (Matteson et al., 2012). Além do impacto na saúde, o SUA impacta negativamente na qualidade de vida das mulheres, afetando a vida social e os relacionamentos em quase 2/3 delas (Fraser et al., 2009; Bitzer et al., 2013). No período menstrual, essas mulheres mudam o tipo e a cor das roupas, sofrem modificações na relação com o seu parceiro, sentem-se inseguras e menos atraentes e evitam eventos sociais. O desempenho esportivo, escolar e profissional e as atividades diárias são frequentemente afetados (Bitzer et al., 2013). Causas: Etiologia: O SUA é uma condição frequente, de etiologia múltipla. Na adolescência, nos primeiros dois anos após a menarca, a irregularidade pode ser consequência da imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise. Mulheres entre 20 e 40 anos de idade geralmente apresentam maturidade do eixo, que se traduz em ciclos menstruais regulares. Sangramento anormal nesse período, excluídas causas obstétricas, podem ocorrer por causas decorrentes de lesão estrutural nos órgãos ou ausência dessas lesões. Já as mulheres com mais de 40 anos até a menopausa comumente apresentam irregularidades no padrão dos ciclos menstruais, decorrentes de flutuações na função do eixo e patologias do endométrio e miométrio. No climatério, na pós-menopausa e na senescência, predominam as causas endometriais. Diagnóstico: Escore Diagnóstico: Recomenda-se que os procedimentos propedêuticos se realizem em etapas: 1. Obtenção da história clara do sangramento e anamnese detalhada; 2. Avaliação inicial com exame físico geral, abdominal e pélvico; 3. Quantificação do fluxo por meio do escore: Pictorial Blood. Assessment Chart (PBAC), com sensibilidade de 86% e especificidade de 89%. O PBAC é calculado a partir das características dos absorventes usados pela mulher durante o período de sangramento. Multiplica-se constante de 1 em cada absorvente levemente encharcado, de 5 se moderadamente encharcado e de 20 se completamente encharcado. No caso de tampões vaginais, utilizam-se constantes de 1, 5 e 10, respectivamente. Para pequenos coágulos, usa-se constante de 1 e para os grandes de 5. Ao final, somam-se os valores obtidos; se apresentar um escore maior ou igual a 100, representa perda sanguínea excessiva, isto é, acima de 80 mL (Higham et al., 1990); 4. Solicitação do beta-HCG (idade reprodutiva) e hemograma completo; 5. Realização de ultrassonografia para avaliar causas estruturais. Considerar, quando necessário, avaliação da cavidade uterina por outros meios, tais como histerossonografia, histeroscopia ou ainda biópsia de endométrio (ACOG Committee on Practice Bulletins – Gynecology, 2001). Causas sistêmicas podem indicar a realização de tempo de sangramento e coagulação, contagem de plaquetas e provas de função tireoidiana. Aspecto investigado – perguntas-chaves: ➢ Como o sangramento menstrual afeta sua vida diária? Você tem que organizar suas atividades sociais fora do período menstrual? Você se preocupa em ter algum acidente relacionado ao sangramento? ➢ Como você é afetada fisicamente? Você apresenta perda de grandes coágulos durante a menstruação? Alguma vez você se sentiu fraca ou com falta de ar durante a menstruação? ➢ Quando você sangra? Você necessita trocar absorventes durante a noite ou acorda durante a noite para a troca de absorventes? Durante os dias de maior sangramento, alguma vez você apresentou transbordamento do absorvente interno ou externo em menos de 2 horas? Tratamento: causas orgânicas / estruturais 1. Pólipo 2. Mioma 3. Adenomiose Tratamento de SUA de causa não estrutural: O tratamento medicamentoso do SUA baseia-se na ação dos hormônios e de outros mediadores inflamatórios sobre o endométrio, além do controle hemostático do sangramento. Tratamento hormonal: 1. Anticoncepcional oral combinado monofásico (cíclicos ou contínuos) 2. Dienogeste + Valeranato de Estradiol (quilaira) 3. Progestágenos isolados → atrofia endometrial 4. Progestágeno injetável 5. Implante subcutâneo de etonogestrel 6. Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (mirena) Tratamento não hormonal: 1. Antifribinolítico (ácido tranaxânico) 2. Anti-inflamatórios não esteroidais / AINes (ácido mefenâmico) → inibidor da enzima ciclo- oxigenase que transforma ac. Araquidônico em prostaglandina e tromboxane) 3. Análogos do GnRH (goserrelina) Tratamento cirúrgico para SUA de causa não estrutural: 1. Ablação do endométrio 2. Histerectomia vaginal/abdominal Tratamento na fase aguda da doença: 1. Estabilizar hemodinamicamente 2. Corrigir a hemoglobina 3. Tratamento hormonal/não hormonal/cirúrgico 4. A decisão quanto à internação baseia-se no volume do sangramento, na estabilidade hemodinâmica e nos níveis de hemoglobina no momento do atendimento. https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/11 -SANGRAMENTO_UTERINO_ANORMAL.pdf
Compartilhar