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Gisele Carvalho – Clínica II Trauma Oclusal O que é oclusão? Relações de contato dos dentes que resultam de um controle neuromuscular do sistema mastigatório Trauma oclusal Injúria no aparelho de inserção do dente (cemento, ligamento periodontal e osso alveolar) em consequência de força oclusal excessiva Refere-se à lesão tecidual e não à força oclusal. Uma oclusão que produz tal lesão é chamada de oclusão traumática. Forças oclusais excessivas também podem interromper a função da musculatura mastigatória e causar espasmos dolorosos, ferir as articulações temporomandibulares ou produzir desgaste excessivo dos dentes O termo trauma de oclusão é geralmente utilizado em associação a lesão no periodonto Por quê ocorre? Inclinação dos dentes Tônus muscular aumentado (apertamento/bruxismo) Iatrogenia (tratamento ortodôntico) Restaurações defeituosas Prótese mal adaptada Periodonto reduzido Inclinação dos dentes Sinais clínicos da oclusão traumática Mobilidade dentária Migração dentária Padrão anormal de desgaste oclusal (facetas) Abcessos periodontais (especialmente em áreas de bifurcação) Hipertonicidade dos músculos da mastigação Sensibilidade à pressão Som seco à percussão Ocasionalmente atrofia ou recessão gengival Disseminação da inflamação e proliferação epitelial Profundidade desigual das bolsas periodontais e bolsas intraósseas Indicadores clínicos Frêmito Movimentação palpável ou visível do dente quando submetido a força oclusal Mobilidade dental Facetas de degaste Discrepâncias oclusais Migração dentária Dente fraturado Sensibilidade térmica (teste de sensibilidade) Dor à percussão ou à mastigação Sinais radiográficos Espessamento do ligamento periodontal Descontinuidade da lâmina dura Radioluscência e condensação do osso alveolar Reabsorção radicular Espaço periodontal alargado Reabsorção radicular externa Hipercementose Osteosclerose Reabsorção interna dos dentes Calcificação pulpar Reabsorção óssea do tipo vertical Necrose pulpar de dentes hígidos Forças oclusais traumáticas Trauma oclusal primário Dano que resulta em mudanças teciduais de forças oclusais traumáticas aplicadas a dentes com suporte periodontal normal (mobilidade adaptativa e não progressiva) Exemplos incluem a lesão periodontal produzida em torno de dentes com um periodonto previamente saudável após as seguintes situações: Inserção de uma “restauração alta” Gisele Carvalho – Clínica II Trauma oclusal em periodonto com altura reduzida Inserção de um substituto protético que cria forças excessivas sobre pilares e dentes Movimento de deslocamento ou extrusão de dentes em espaços criados pela falta de dentes não substituída Movimentação ortodôntica dos dentes a posições funcionalmente inaceitáveis Trauma oclusal secundário Dano que resulta em mudanças teciduais de forças normais ou oclusais traumáticas em dentes com suporte periodontal reduzido Dentes com mobilidade progressiva podem apresentar migração e dor em função, além de requerer esplintagem A. Periodonto normal com altura normal do osso; B. Periodonto normal com redução da altura do osso; C. Periodontite marginal com redução da altura do osso. Forças ortodônticas Estudos em animais sugerem que essas forças podem afetar negativamente o periodonto e resultar em reabsorção radicular, desordens pulpares, recessão gengival e perda óssea alveolar Estudos observacionais mostram que dentes com periodonto saudável, mas reduzido, podem ser submetidos a tratamento ortodôntico sem comprometimento dos tecidos periodontais Trauma de oclusão agudo Resultado de impacto oclusal abrupto, como aquele produzido ao morder um objeto duro Dor no dente, sensibilidade à percussão e mobilidade dentária aumentada Se a força for dissipada por um deslocamento na posição do dente ou por um desgaste ou correção da restauração, a lesão se resolve e os sintomas se abrandam Por outro lado, a lesão periodontal pode piorar e progredir para necrose, acompanhada pela formação de um abcesso periodontal ou persistir como uma condição crônica e assintomática Trauma de oclusão crônico É mais comum, de maior relevância clínica Alterações graduais na oclusão produzidas por um desgaste dentário Movimento de inclinação e extrusão dos dentes combinados com hábitos parafuncionais Bruxismo e apertamento, ao invés de uma sequela como no trauma periodontal agudo Estágios da resposta tecidual adaptativa Zona de Pressão Aumento da vascularização Necrose do ligamento periodontal Reabsorção óssea Hemorragia Reabsorção radicular Zona de Tensão Alongamento das fibras do ligamento periodontal Aposição de osso alveolar e cemento A doença periodontal progressiva é caracterizada por inflamação gengival e Gisele Carvalho – Clínica II Trauma oclusal com doença periodontal associada à placa Trauma oclusal e lesões cervicais não cariosas perda gradual da inserção de tecido conjuntivo e do osso alveolar O tratamento da doença periodontal resultará no restabelecimento da saúde periodontal, porém, com altura reduzida Um periodonto sadio com altura reduzida tem a mesma capacidade de um periodonto normal para se adaptar às forças oclusais traumáticas (trauma oclusal secundário) Trauma oclusal e periodontite Reabsorção óssea aumentada Aumento do espaço do Ligamento Periodontal Mobilidade acentuada Agravamento da bolsa periodontal Perda de inserção adicional Plano de tratamento Tratamento periodontal convencional Ajuste oclusal O trauma oclusal não leva à indução da destruição do tecido periodontal Todavia, o trauma de oclusão realmente resulta em reabsorção do osso alveolar, provocando um aumento da mobilidade dentária, que pode ser transitório ou permanente Enquanto a inflamação está restrita à gengiva, o processo inflamatório não é afetado por forças oclusais Quando a inflamação se estende a partir da gengiva para o interior dos tecidos periodontais de suporte por exemplo: quando a gengivite se transforma em uma periodontite, a inflamação induzida por placa penetra na zona influenciada pela oclusão, que Glickman denominou zona de codestruição Lesão Cervical Não Cariosa (LCNC) é Sua presença pode provocar desordens funcionais e estéticas, como também ocasionar hipersensibilidade dentinária, acometendo a superfície dos dentes de indivíduos de qualquer faixa etária Abfração Resultado das tensões da interferência oclusal, que promoveria estresse sobre os dentes A dentina possui uma característica de maior resistência à tensão do que o esmalte, que a faz possuir uma capacidade de deformar sem fraturar Forças oclusais oblíquas podem gerar flexão dentária e consequente fadiga do esmalte e dentina, em um local distante do ponto de carga oclusal, que levam a um desequilíbrio da união entre os cristais de hidroxiapatita, separando o esmalte da dentina, permitindo que pequenas moléculas penetrem entre os cristais, deixando-os mais susceptíveis a agressões químicas, juntamente com as agressões mecânicas Nos casos de abfração associada à recessão gengival, uma abordagem combinada cirúrgico-restauradora pode ser realizada O tratamento restaurador associado a um ajuste oclusal não são indicados para prevenir a perda dentária ou a progressão da abfração A tomada de decisão no planejamento deve se basear na necessidade de substituir a forma e a função ou para aliviar a hipersensibilidade dos dentes gravementecomprometidos ou por razões estéticas Considerações finais O trauma oclusal por si só NÃO causa inflamação ou doença periodontal As forças oclusais excessivas pode resultar em reabsorção do osso alveolar, levando a um aumento da mobilidade dentária que pode ser de caráter transitório ou permanente definida como a perda de tecido duro na área cervical dos dentes decorrente de mecanismos não relacionados com o processo bacteriano O trauma de oclusão é reversível, porém, a presença de inflamação no periodonto, como um resultado do acúmulo de placa, pode prejudicar a reversibilidade das lesões traumáticas A inflamação inibe o potencial para a regeneração óssea Assim, é importante eliminar o componente inflamatório marginal em casos de trauma de oclusão porque a presença de inflamação afeta a regeneração óssea após a remoção dos contatos traumáticos
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