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Estudo de caso CLIENTE COM TRANSPLANTE RENAL E REJEIÇÃO AGUDA O Sr. Doyle é um homem de 32 anos de idade que recebeu um transplante de rim de um doador cadavérico há três meses por causa de doença renal policística. Estava aderindo com sucesso a seu esquema terapêutico com imunossupressores em casa. Compareceu hoje à clínica de transplante para acompanhamento, com queixas de hipersensibilidade no local do enxerto e diminuição da micção. Seus exames revelaram níveis sanguíneos aumentados de creatinina, e uma biopsia por agulha con〼‾rmou a ocorrência de rejeição aguda. Foi internado e deve receber injeções intravenosas (bolus) seriadas de corticosteroides. A enfermeira percebe que a dose prescrita não corresponde à dose na bolsa intravenosa proveniente da farmácia e a devolve, solicitando que a dose correta seja enviada o mais rápido possível. O Sr. Doyle está ansioso para receber o corticosteroide e pergunta à enfermeira o motivo desse atraso. Foco de competência QSEN | Segurança As complexidades inerentes ao atual sistema de saúde desafiam a enfermeira a demonstrar a integração de competências centrais interdisciplinares específicas. Essas competências visam garantir a prestação de cuidados seguros e de qualidade ao cliente (Institute of Medicine, 2003). Os conceitos da Orientação de Qualidade e Segurança para Enfermeiras (QSEN, 2012) são uma referência para o conhecimento, as habilidades e as atitudes (CHAs) necessários à enfermeira, para que demonstre competência nas suas áreas principais: o cuidado centrado no cliente; o trabalho colaborativo em equipe interdisciplinar; a prática baseada em evidência; a melhora da qualidade; a segurança; e a informática. Definição de segurança: minimizar o risco de dano aos clientes e profissionais de saúde, por meio de efetividade do sistema e desempenho individual. COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS APLICAÇÃO E REFLEXÃO Conhecimento Descrever os fatores que criam uma cultura de segurança (como estratégias de comunicação aberta e sistemas organizacionais de noti〼‾cação de erros). Identi〼‾car como erros de medicação podem ocorrer em hospitais. Quais são os diferentes momentos em que um erro pode ser cometido, durante o processo desde o momento em que um medicamento é prescrito até o instante em que ele é administrado a um cliente? Quais sistemas de metodologias são utilizados em hospitais, visando à prevenção de erros de medicação? Habilidades Comunicar as observações ou preocupações relacionadas com riscos e erros aos clientes, suas famílias e à equipe de saúde. Como esse tipo de evento de “quase erro” deve ser relatado pela enfermeira? Embora um erro de medicação tenha sido evitado, houve atraso no tratamento do cliente – descreva como este tipo de erro pode prejudicar os clientes. Para quem a enfermeira deve relatar esse evento? Como a enfermeira deve responder à pergunta do Sr. Doyle sobre o atraso na administração do medicamento? Ela deve revelar o erro cometido pela farmácia ao enviar a dose incorreta? Outras pessoas devem ser envolvidas na noti〼‾cação desse “quase erro” ao cliente? Atitudes Reconhecer o próprio papel a ser desempenhado na prevenção de erros. Re〰㰊ita como você se sentiria diante desse tipo de situação. Você se sentiria satisfeita ao descobrir o erro e estaria disposta a acusar o farmacêutico? Ou perceberia que existe algo errado em seu sistema, para que esse tipo de “quase erro” tenha ocorrido, e 〼‾ca assustada ao pensar que você poderia ter administrado a dose incorreta do medicamento ao Sr. Doyle? Como você poderia elaborar uma a metodologia de modo que esse tipo de falha na segurança seja corrigida? Como você se sentiria ao revelar um erro ou um possível erro a um cliente? Cronenwett L, Sherwood G, Barnsteiner J et al. (2007) Quality and safety education for nurses. Nursing Outlook, 55(3), 122131. Institute of Medicine (2003). Health professions education: A bridge to quality. Washington, DC: National Academies Press. QSEN Institute. (2012) Competencies: Prelicensure KSAs. Disponível em: qsen.org/competencies/prelicensureksas 1 2 3 4 5 6 Objetivos do aprendizado Após ler este capítulo, você será capaz de: Descrever a anatomia e a 䋛Ꮁsiologia dos sistemas renal e urinário. Discutir o papel dos rins na regulação do equilíbrio hidreletrolítico, do equilíbrio acidobásico e da pressão arterial. Descrever as considerações gerontológicas relacionadas com a função das vias urinárias superiores e inferiores. Descrever os exames complementares utilizados para determinar a função das vias urinárias superiores e inferiores. Identi䋛Ꮁcar os parâmetros de avaliação usados para determinar o estado da função das vias urinárias superiores e inferiores. Iniciar a orientação e a preparação dos clientes que se submetem a uma avaliação do sistema urinário. Glossário aldosterona: hormônio sintetizado e liberado pelo córtex das glândulas suprarrenais; promove a reabsorção de sódio pelos rins anúria: diminuição do débito urinário para menos de 50 mℓ em 24 h bacteriúria: existência de bactérias na urina creatinina: escória endógena do metabolismo energético do músculo densidade: expressão do grau de concentração da urina depuração renal: capacidade dos rins de eliminar solutos do plasma disúria: micção dolorosa ou difícil diurese: aumento do volume de urina glicosúria renal: excreção de glicose na urina glomérulo: tufo de capilares que formam parte do néfron, através do qual ocorre a 䋛Ꮁltração hematúria: existência de eritrócitos na urina hormônio antidiurético: hormônio secretado pela neuro-hipó䋛Ꮁse; provoca a reabsorção de mais água pelos rins; também denominado vasopressina micção: eliminação de urina néfron: unidade estrutural e funcional do rim, responsável pela formação de urina nictúria: despertar à noite para urinar oligúria: débito urinário inferior a 0,5 mℓ/kg/h piúria: existência de leucócitos na urina polaciúria: micção mais frequente do que a cada 3 horas proteinúria: existência de proteína na urina taxa de 䋛Ꮁltração glomerular (TFG): volume de plasma 䋛Ꮁltrado através dos glomérulos, por unidade de tempo ureia: produto 䋛Ꮁnal do metabolismo das proteínas A função dos sistemas renal e urinário é essencial para a vida. A principal finalidade destes sistemas consiste em • • • • • • • • • • • manter a homeostasia do corpo por meio da cuidadosa regulação dos líquidos e eletrólitos, remoção das escórias metabólicas e desempenho de outras funções (Boxe 53.1). A disfunção dos rins e das vias urinárias inferiores é comum e pode ocorrer em qualquer idade, com graus variáveis de gravidade. A avaliação da função das vias urinárias superiores e inferiores faz parte do exame de saúde e exige conhecimento da anatomia e da fisiologia do sistema urinário, bem como dos efeitos das alterações do sistema em outras funções fisiológicas. Boxe 53.1 Funções do rim Formação de urina Excreção de escórias metabólicas Regulação dos eletrólitos Regulação do equilíbrio acidobásico Controle do equilíbrio hídrico Controle da pressão arterial Depuração renal Regulação da produção de eritrócitos Síntese de vitamina D, na forma ativa Secreção de prostaglandinas Regulação do equilíbrio do cálcio e do fósforo. Revisão da anatomia e fisiologia Anatomia dos sistemas renal e urinário Os sistemas renal e urinário são constituídos pelos rins, ureteres, bexiga e uretra. A urina é formada pelo rim e flui através de outras estruturas para ser eliminada do corpo. Rins Os rins são um par de estruturas vermelhoacastanhadas em forma de feijão, de localização retroperitoneal (atrás e fora da cavidade peritoneal), na parede posterior do abdome – desde a 12a vértebra torácica até a 3a vértebra lombar no adulto (Figura 53.1A). O rim médio de um adulto pesa aproximadamente entre 113 a 170 g e tem cerca de 10 a 12 cm de comprimento, 6 cm de largura e 2,5 cm de espessura (Porth & Matfin, 2009). A posição do rim direito é discretamenteinferior a do rim esquerdo, devido à localização do fígado. Figura 53.1 A. Rins, ureteres e bexiga. B. Estrutura interna do rim. (Redesenhada de Porth CM, Matfin G. Pathophysiology: Concepts of altered health states (8th ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2009.) Externamente, os rins estão bem protegidos pelas costelas e pelos músculos do abdome e do dorso. Internamente, cada rim é circundado por depósitos de gordura, que proporcionam uma proteção contra impactos. Os rins e o tecido adiposo circundantes estão suspensos da parede abdominal pela fáscia renal, constituída por tecido conjuntivo. O tecido conjuntivo fibroso, os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos que circundam cada rim são conhecidos como cápsula renal. Uma glândula suprarrenal localizase no ápice de cada rim. Os rins e as glândulas suprarrenais são independentes nas suas funções, irrigação sanguínea e inervação. O parênquima renal é dividido em duas partes: o córtex e a medula (Figura 53.1B). A medula, cuja largura aproximada é de 5 cm, constitui a parte interna do rim. Contém as alças de Henle, os vasos retos e os ductos coletores dos néfrons justamedulares. Os ductos coletores dos néfrons, tanto justamedulares, quanto corticais, conectamse com as pirâmides renais, que são triangulares e estão localizadas com a base voltada para a superfície côncava do rim, e a ponta (papila) é voltada para o hilo ou pelve. Cada rim contém aproximadamente 8 a 18 pirâmides. As pirâmides drenam para os cálices menores, os quais drenam para os cálices maiores, que se abrem diretamente na pelve renal. A pelve renal constitui o início do sistema coletor e é composta por estruturas destinadas a coletar e a transportar a urina. Quando a urina deixa a pelve renal, a sua composição ou volume não se modifica. O córtex, com aproximadamente 1 cm de largura, tem uma localização mais afastada do centro do rim e se situa ao redor das bordas mais externas. O córtex contém os néfrons (as unidades estruturais e funcionais do rim, responsáveis pela formação da urina), que são discutidos adiante. Irrigação sanguínea para os rins O hilo é a parte côncava do rim, através da qual entra a artéria renal e saem os ureteres e a veia renal. Os rins recebem de 20 a 25% do débito cardíaco total, o que significa que todo o sangue do organismo circula através dos rins, aproximadamente, 12 vezes por hora (Porth & Matfin, 2009). A artéria renal (que se origina da parte abdominal da aorta) se divide em vasos cada vez menores, formando, finalmente, as arteríolas aferentes. Cada arteríola aferente se ramifica para formar um glomérulo, o qual constitui o tufo de capilares que forma parte do néfron, através do qual ocorre a filtração. O sangue deixa o glomérulo pela arteríola eferente, e retorna à veia cava inferior graças a uma rede de vasos capilares e veias. Néfrons Cada rim contém 1 milhão de néfrons, que estão localizados no parênquima renal e são responsáveis pela formação inicial da urina. O grande número de néfrons possibilita uma função renal adequada, mesmo se o rim oposto estiver lesionado ou perder a sua funcionalidade. Quando o número total de néfrons funcionantes for inferior a 20% do normal, é necessário considerar a terapia renal substitutiva. Existem dois tipos de néfrons. Os néfrons corticais, que constituem até 80 a 85% do número total, localizam se na parte mais externa do córtex, enquanto os néfrons justamedulares, que constituem os 15 a 20% restantes, estão localizados mais profundamente no córtex (Porth & Matfin, 2009). Os néfrons justamedulares se distinguem por longas alças de Henle e são circundados por alças capilares igualmente longas, denominadas vasos retos, que “mergulham” na medula do rim. O comprimento do componente tubular do néfron está diretamente relacionado com a sua capacidade de concentrar a urina. Os néfrons são constituídos por dois componentes básicos: um elemento de filtração, composto por uma rede capilar fechada (o glomérulo), e o túbulo acoplado (Figura 53.2). O glomérulo, por sua vez, consiste em uma rede singular de capilares suspensos entre os vasos sanguíneos aferentes e eferentes, que estão envoltos em uma estrutura epitelial, denominada cápsula de Bowman. A membrana glomerular é constituída de três camadas de filtração: o endotélio capilar, a membrana basal, e o epitélio. Essa membrana normalmente possibilita a filtração de líquido e de pequenas moléculas, e ainda limita a passagem de moléculas maiores, como as células sanguíneas e a albumina. As alterações de pressão e a permeabilidade da membrana glomerular da cápsula de Bowman facilitam a passagem de líquidos e de várias substâncias a partir dos vasos sanguíneos, enchendo o espaço na cápsula de Bowman com essa solução filtrada. O componente tubular do néfron começa na cápsula de Bowman. O filtrado glomerular criado na cápsula de Bowman segue o seu trajeto, inicialmente, no túbulo proximal, em seguida, na alça de Henle, no túbulo distal e nos ductos coletores corticais ou medulares. O arranjo estrutural do túbulo permite que o túbulo distal esteja localizado em estreita proximidade do local onde as arteríolas aferente e eferente, respectivamente, entram e saem do glomérulo. As células tubulares distais, localizadas nessa região, conhecida com mácula densa, funcionam com a arteríola aferente adjacente e criam uma estrutura conhecida como aparelho justaglomerular. Tratase do local de produção da renina. A renina é um hormônio diretamente envolvido no controle da pressão arterial; é essencial para o funcionamento adequado do glomérulo (ver discussão adiante). O componente tubular consiste na cápsula de Bowman, no túbulo proximal, nos ramos descendentes e ascendentes da alça de Henle, assim como nos ductos coletores corticais e medulares. Essa porção do néfron é responsável pela realização de ajustes no filtrado, com base nas necessidades do organismo. São realizadas alterações de modo contínuo, à medida que o filtrado passa através dos túbulos até penetrar no sistema coletor e ser expelido do corpo (ver Figura 53.2). Ureteres, bexiga e uretra A urina formada nos néfrons flui pelos cálices renais e, em seguida, pelos ureteres, que consistem em longos tubos fibromusculares unindo cada rim à bexiga (Hall, 2011). Esses tubos estreitos, cada um medindo de 24 a 30 cm de comprimento, originamse na porção inferior da pelve renal e terminam no trígono da parede da bexiga. Figura 53.2 Representação de um néfron. Cada rim contém cerca de 1 milhão de néfrons, que são de dois tipos: corticais e justamedulares. Os néfrons corticais estão localizados no córtex do rim, enquanto os néfrons justamedulares são adjacentes à medula. O revestimento dos ureteres é constituído de epitélio de células de transição, denominado urotélio. O urotélio impede a reabsorção da urina. O movimento da urina, a partir de cada pelve renal até a bexiga, através dos ureteres, é facilitado pela contração peristáltica dos músculos lisos na parede dos ureteres. Existem três áreas estreitas em cada ureter: a junção ureteropélvica; o segmento ureteral, próximo à junção sacroilíaca; e a junção ureterovesical. Estas três áreas dos ureteres são propensas à obstrução por cálculos renais ou estenose. A obstrução da junção ureteropélvica é a mais grave, em virtude de sua estreita proximidade com o rim e o risco de disfunção renal associada. A bexiga urinária é um saco muscular distensível, localizado exatamente atrás do osso púbico (Weber & Kelley, 2010). A capacidade habitual da bexiga no adulto é de 400 a 500m ℓ , porém ela pode se distender para abrigar um volume maior. A bexiga se caracteriza por sua área central oca, denominada vesícula, que apresenta duas entradas (os ureteres) e uma saída (a uretra). A área que circunda o colo da bexiga é denominada junção uretrovesical. A angulação da junção ureterovesical é a principal maneira de possibilitar o movimento anterógrado da urina, também designado como efluxo da urina. Essa angulação impede o refluxo vesicoureteral (movimento retrógrado da urina) a partir da bexiga, ascendendo pelo ureter até o rim. A parede da bexiga contém quatro camadas. A camada mais externa é a adventícia, que é constituída de tecido conjuntivo. Imediatamente abaixo dela, existe uma camada de músculo liso, conhecido como músculo detrusor. Abaixo deste músculo está a camada submucosa de tecido conjuntivo frouxo, que atua como interface entre o detrusor e a camada mais interna, um revestimento de mucosa. A camada interna contém epitélio de células de transição especializado, uma membrana que é impermeável à água e que impede a reabsorção da urina armazenada na bexiga. O colo da bexiga contém feixes de músculo liso involuntário, que formam uma porção do esfíncter uretral, conhecido como esfíncter interno. Uma parte importante do mecanismo esfincteriano, que ajuda a manter a continência, é o esfíncter urinário externo da uretra anterior, o segmento mais distal em relação à bexiga (Porth & Matfin, 2009). Durante a micção, a pressão intravesical aumentada mantém a junção ureterovesical fechada e a urina nos ureteres. Assim que termina a micção, a pressão intravesical retorna a seu valor basal baixo normal, permitindo que recomece o efluxo de urina. Por conseguinte, o único momento em que a bexiga está totalmente vazia é nos últimos segundos de micção, antes de recomeçar o efluxo de urina. A uretra se origina na base da bexiga: no homem, atravessa o pênis; na mulher abrese anteriormente à vagina. No homem, a próstata, que se localiza exatamente abaixo do colo vesical, circunda, posterior e lateralmente, a uretra. Função dos sistemas renal e urinário Formação da urina O corpo humano saudável é composto de aproximadamente 60% de água. O equilíbrio hídrico é regulado pelos rins e resulta na formação de urina. A urina é formada nos néfrons por meio de um complexo processo em três etapas: a filtração glomerular, a reabsorção tubular e a secreção tubular (Figura 53.3). As diversas substâncias, normalmente filtradas pelo glomérulo, reabsorvidas pelos túbulos e excretadas na urina, incluem sódio, cloreto, bicarbonato, potássio, glicose, ureia, creatinina e ácido úrico. No interior do túbulo, algumas dessas substâncias sofrem reabsorção seletiva para o sangue. Outras, por sua vez, são secretadas a partir do sangue para o filtrado, à medida que este percorre o túbulo. Figura 53.3 A urina é formada nos néfrons em um processo de três etapas: a filtração, a reabsorção e a secreção. A água, os eletrólitos e outras substâncias, como a glicose e a creatinina, são filtrados pelo glomérulo; quantidades variáveis destas substâncias são reabsorvidas no túbulo renal ou excretadas na urina. Os volumes normais aproximados destas substâncias durante as etapas de formação da urina são mostradas na parte superior. Podem ocorrer amplas variações nestes valores, dependendo da dieta. Os aminoácidos e a glicose são habitualmente filtrados no nível do glomérulo e reabsorvidos, de modo que nenhum deles seja excretado na urina. Normalmente, não é encontrada glicose na urina. Todavia, ocorre glicosúria renal (excreção de glicose na urina) se a concentração de glicose no sangue e no filtrado glomerular ultrapassar a quantidade que os túbulos conseguem reabsorver. A glicosúria renal pode ocorrer como condição benigna (Hall, 2011). Além disso, é observada no diabetes melito inadequadamente controlado – o distúrbio mais comum que faz com que o nível de glicemia ultrapasse a capacidade de reabsorção do rim. As moléculas de proteína tampouco são, habitualmente, encontradas na urina; entretanto, as proteínas de baixo peso molecular (globulinas e albumina) podem ser, periodicamente, excretadas em pequenas quantidades. A existência de proteína na urina é designada como proteinúria. Filtração glomerular O fluxo sanguíneo normal através dos rins é de cerca de 1.000 a 1.300 mℓ/min (Porth & Matfin, 2009). À medida que o sangue flui para o glomérulo a partir de uma arteríola aferente, ocorre filtração. O líquido filtrado, também conhecido como filtrado ou ultrafiltrado, penetra, em seguida, nos túbulos renais. Em condições normais, cerca de 20% do sangue que atravessa os glomérulos são filtrados no néfron, alcançando cerca de 180 ℓ/dia de filtrado. O filtrado, normalmente, consiste em água, eletrólitos e outras moléculas pequenas, visto que a água e as pequenas moléculas têm a sua passagem livre, enquanto as moléculas maiores permanecem na corrente sanguínea. A filtração eficiente depende do fluxo sanguíneo adequado, que mantém uma pressão consistente através do glomérulo. Numerosos fatores podem alterar esse fluxo sanguíneo e essa pressão, incluindo hipotensão, diminuição da pressão oncótica no sangue e aumento da pressão nos túbulos renais em consequência de obstrução. Reabsorção e secreção tubulares A segunda e a terceira etapas na formação da urina ocorrem nos túbulos renais. Na reabsorção tubular, uma substância se move do filtrado de volta para os capilares peritubulares ou vasos retos. Na secreção tubular, uma substância se move dos capilares peritubulares ou vasos retos para o filtrado tubular. Dos 180 ℓ de filtrado produzidos diariamente pelos rins, 99% são reabsorvidos na corrente sanguínea, resultando na formação diária de 1 a 2 ℓ de urina. Embora a maior parte da reabsorção ocorra no túbulo proximal, observase uma reabsorção ao longo de todo o túbulo. A reabsorção e a secreção do túbulo envolvem, frequentemente, o transporte passivo e ativo e podem exigir o uso de energia. O filtrado tornase concentrado no túbulo distal e nos ductos coletores sob a influência hormonal e transformase em urina, que então penetra na pelve renal. Hormônio antidiurético O hormônio antidiurético (ADH), também conhecido como vasopressina, é um hormônio secretado pelo lobo posterior da hipófise, em resposta a alterações na osmolalidade do sangue. Com um aporte diminuído de água, a osmolalidade do sangue tende a aumentar, estimulando a liberação de ADH. Em seguida, o ADH atua sobre o rim, aumentando a reabsorção de água e, portanto, estabelecendo o retorno da osmolalidade do sangue ao normal. Com um aporte excessivo de água, a secreção de ADH pela hipófise é suprimida; por conseguinte, uma menor quantidade de água é reabsorvida pelo túbulo renal, levando à diurese (aumento do volume urinário). Uma urina diluída com densidade específica fixa (cerca de 1.010) ou osmolalidade fixa (cerca de 300 mOsm/ℓ) indica uma incapacidade de concentrar e diluir a urina, que constitui um sinal comum e precoce de doença renal (Crawford & Harris, 2011; Yaklin, 2011). Osmolaridade e osmolalidade A osmolaridade se refere à razão entre solutos e água. A regulação do sal e da água é de suma importância para o controle do volume extracelular e para a osmolaridade, tanto do soro, quanto da urina. O controle da quantidade de água ou da quantidade de soluto pode modificar a osmolaridade. A osmolaridade e a composição iônica são mantidas pelo organismo entre limites muito estreitos. Uma alteração de apenas 1 a 2% na osmolaridade sérica pode causar um desejo consciente de beber e pode produzir uma conservação de água pelos rins (Collins & Claros, 2011). O grau de diluição ou deconcentração da urina também é medido em termos de osmolalidade (o número de osmoles [a unidade padrão da pressão osmótica] dissolvidos por quilograma de solução). O filtrado no capilar glomerular apresenta, normalmente, a mesma osmolalidade que o sangue – 280 a 300 mOsm/kg. (Ver discussão sobre osmolalidade e a osmolaridade séricas e urinárias no Capítulo 13.) Regulação da excreção de água A regulação da quantidade de água excretada representa uma importante função do rim. Com uma elevada ingestão de líquidos, ocorre excreção de um grande volume de urina diluída. Em contrapartida, com uma baixa ingestão de líquidos, ocorre excreção de um pequeno volume de urina concentrada. Uma pessoa normalmente ingere cerca de 1.300 mℓ de líquidos por via oral e 1.000 mℓ de água nos alimentos por dia. Do líquido ingerido, aproximadamente 900 mℓ são perdidos através da pele e dos pulmões (a denominada perda insensível), 50 mℓ são perdidos através do suor, e 200 mℓ através das fezes. É importante levar em consideração todos os líquidos adquiridos e perdidos quando se avalia o estado hídrico total. As medições diárias do peso constituem um meio confiável de determinar o estado hídrico global. Um peso de 500 g é aproximadamente igual a 500 mℓ, de modo que uma alteração no peso de apenas 500 g pode sugerir um ganho ou uma perda global de líquido de 500 mℓ (Crawford & Harris, 2011). Regulação da excreção dos eletrólitos Quando os rins estão funcionando normalmente, o volume de eletrólitos excretados por dia é igual à quantidade ingerida. Por exemplo, a dieta norteamericana média contém 6 a 8 g de cloreto de sódio (sal) e de cloreto de potássio por dia, e aproximadamente as mesmas quantidades são excretadas na urina. A regulação do volume de sódio excretado depende da aldosterona, um hormônio sintetizado e liberado pelo córtex da suprarrenal. Na presença de níveis elevados de aldosterona no sangue, uma quantidade menor de sódio é excretada na urina, visto que a aldosterona promove a reabsorção renal de sódio. A liberação de aldosterona pelo córtex da suprarrenal está, em grande parte, sob o controle da angiotensina II. Por sua vez, os níveis de angiotensina II são controlados pela renina, uma enzima que é liberada por células especializadas nos rins (Figura 53.4). Este complexo sistema é ativado quando a pressão nas arteríolas renais cai abaixo dos níveis normais, conforme observado na presença de choque, desidratação ou aporte diminuído de cloreto de sódio nos túbulos. A ativação desse sistema aumenta a retenção de água e a expansão do volume de líquido intravascular, mantendo, dessa maneira, uma pressão suficiente no interior do glomérulo para assegurar uma filtração adequada. Alerta de domínio do conceito É de suma importância que as enfermeiras compreendam como o sistema renina-angiotensina atua para regular a excreção de eletrólitos e a pressão arterial. A Figura 53.4 ilustra este complexo processo 䋛Ꮁsiológico. Ver discussão detalhada sobre a regulação do sódio e do potássio séricos no Capítulo 13. Regulação do equilíbrio acidobásico O pH sérico normal é de cerca de 7,35 a 7,45 e precisa ser mantido dentro dessa faixa estreita para a função fisiológica ideal (Porth & Matfin, 2009). O rim desempenha duas funções importantes para ajudar neste equilíbrio. A primeira consiste em reabsorver qualquer bicarbonato do filtrado urinário e devolvêlo à circulação corporal; a segunda consiste em excretar ácido na urina. Como o bicarbonato é um íon pequeno, ele é filtrado livremente no glomérulo. Os túbulos renais reabsorvem ativamente a maior parte do bicarbonato no filtrado urinário. Para repor perdas de bicarbonato, as células tubulares renais produzem novo bicarbonato por meio de várias reações químicas. Esse bicarbonato, recentemente produzido, é, então, reabsorvido pelos túbulos e devolvido ao organismo. A produção de ácido do organismo é o resultado do catabolismo, ou da degradação de proteínas, que produzem compostos ácidos, sobretudo os ácidos fosfórico e sulfúrico. A dieta diária normal também inclui uma certa quantidade de compostos ácidos. Diferentemente do dióxido de carbono (CO2), os ácidos fosfórico e sulfúrico não podem ser eliminados pelos pulmões. Como o acúmulo desses ácidos no sangue diminui o pH (tornando o sangue mais ácido) e inibe a função celular, eles precisam ser excretados na urina. Um indivíduo com função renal normal excreta cerca de 70 mEq de ácido por dia. Os rins são capazes de excretar parte desse ácido diretamente na urina até o pH alcançar 4,5, que é 1.000 vezes mais ácido do que o sangue (Porth & Matfin, 2009). Figura 53.4 Sistema reninaangiotensina. TFG, taxa de filtração glomerular; ADH, hormônio antidiurético. Entretanto, o organismo precisa eliminar, habitualmente, mais ácido do que a quantidade que pode ser secretada diretamente como ácido livre na urina. Esses ácidos em excesso ligamse a tampões químicos, de modo que possam ser excretados na urina. Dois tampões químicos importantes são os íons fosfato e a amônia (NH3). Quando tamponada com ácido, a amônia se transforma em amônio (NH4). O fosfato é encontrado no filtrado glomerular, enquanto a amônia é produzida pelas células dos túbulos renais e secretada no líquido tubular. Por meio do processo de tamponamento, o rim consegue excretar grandes quantidades de ácido em uma forma ligada, sem reduzir ainda mais o pH da urina. Autorregulação da pressão arterial A regulação da pressão arterial é uma importante função do rim. Vasos especializados do rim, denominados vasos retos, monitoram constantemente a pressão arterial quando o sangue começa a sua passagem pelo rim. Quando os vasos retos detectam diminuição da pressão arterial, as células justaglomerulares especializadas, denominadas células delta, situadas próximo à arteríola aferente, ao túbulo distal e à arteríola eferente, secretam o hormônio renina. A renina converte o angiotensinogênio em angiotensina I, que, em seguida, é convertida em angiotensina II – o mais poderoso vasoconstritor conhecido; a angiotensina II provoca aumento da pressão arterial (Hall, 2011). O córtex da suprarrenal secreta aldosterona em resposta à estimulação da hipófise, que ocorre em resposta a uma perfusão deficiente ou a uma osmolalidade sérica crescente. O resultado consiste em aumento da pressão arterial. Quando os vasos retos reconhecem a elevação da pressão arterial, a secreção de renina cessa. A falha desse mecanismo de retroalimentação constitui uma das principais causas de hipertensão (ver Figura 53.4). Depuração renal A depuração (ou clearence) renal se refere à capacidade dos rins de retirar solutos do plasma. Uma coleta de urina de 24 h constitui o principal cistoscopia de depuração renal usado para avaliar o grau com que o rim desempenha essa importante função excretora. A depuração renal depende de diversos fatores: com que rapidez a substância é filtrada através do glomérulo, a quantidade da substância que é reabsorvida ao longo dos túbulos, e a quantidade da substância que é secretada para os túbulos. É possível medir a depuração renal de qualquer substância, porém uma medida particularmente útil é a depuração da creatinina. A creatinina é a escória metabólica endógena dos músculos esqueléticos. É filtrada no glomérulo, atravessa os túbulos com alteração mínima e é excretada na urina. Por conseguinte, a depuração da creatinina fornece uma boa medida da taxa de filtração glomerular (TFG), o volume de plasma filtrado pelos glomérulos por unidade de tempo. Para calcular a depuração da creatinina, efetuase uma coleta de amostra de urina de 24 h. A partir da metade da coleta, determinase o nível sérico da creatinina. A fórmula a seguiré utilizada para calcular a depuração da creatinina: No adulto, a TFG pode variar desde um valor normal, de aproximadamente 125 mℓ/min (1,67 a 2 mℓ/s), até um máximo de 200 mℓ /min (Porth & Matfin, 2009). A depuração da creatinina fornece a melhor estimativa da função renal. À medida que a função renal declina, tanto a depuração da creatinina quanto a depuração renal (a capacidade de excretar solutos) diminuem. Regulação da produção de eritrócitos Quando os rins detectam uma diminuição na pressão de oxigênio no fluxo sanguíneo renal, eles liberam eritropoetina. A eritropoetina é uma glicoproteína do rim, que estimula a medula óssea a produzir eritrócitos, que transportam oxigênio por todo o corpo. Síntese de vitamina D Os rins também são responsáveis pela conversão final da vitamina D inativa em sua forma ativa, o 1,25di hidroxicolecalciferol. A vitamina D é necessária para manter o equilíbrio normal do cálcio no organismo. Secreção de prostaglandinas Os rins também produzem prostaglandina E e prostaciclina, que exercem um efeito vasodilatador e são importantes na manutenção do fluxo sanguíneo renal. Excreção das escórias metabólicas Os rins eliminam as escórias metabólicas do corpo. A principal escória metabólica das proteínas é a ureia, da qual cerca de 25 a 30 g são produzidos e excretados diariamente (Porth & Matfin, 2009). Toda essa ureia precisa ser excretada na urina; caso contrário, ela se acumula nos tecidos orgânicos. Outras escórias metabólicas que precisam ser excretadas são a creatinina, os fosfatos e os sulfatos. O ácido úrico, escória metabólica das purinas, também é eliminado na urina. Os rins são o principal mecanismo para a excreção dos metabólitos dos medicamentos. Armazenamento da urina A bexiga é o reservatório para a urina. Tanto o enchimento quanto o esvaziamento da urina são mediados por mecanismos de controle coordenados dos sistemas nervosos simpático e parassimpático, envolvendo o músculo detrusor e a saída da bexiga. A percepção consciente do enchimento da bexiga ocorre como consequência das vias neuronais simpáticas, que seguem o seu trajeto da medula espinal até o nível de T10 a T12, onde a inervação periférica do nervo hipogástrico possibilita o enchimento contínuo da bexiga. À medida que o enchimento vesical prossegue, os receptores de estiramento na parede da bexiga são ativados, juntamente com o desejo de urinar. Essa informação proveniente do músculo detrusor é retransmitida ao córtex cerebral por meio dos nervos pélvicos parassimpáticos, no nível de S1 a S4 (Porth & Matfin, 2009). A pressão vesical total permanece baixa, devido à complacência da bexiga (capacidade de se expandir ou de colapsar), à medida que o volume de urina se modifica. A complacência da bexiga se deve, em parte, ao revestimento de músculo liso da bexiga e aos depósitos de colágeno na parede vesical, bem como aos mecanismos neuronais, que inibem a contração do músculo detrusor (especificamente, os receptores adrenérgicos, que medeiam o relaxamento). Para manter taxas de filtração renal adequadas, a pressão vesical durante o enchimento precisa permanecer abaixo de 40 cm de água (H2O). Essa baixa pressão permite que a urina deixe livremente a pelve renal e entre nos ureteres. A sensação de plenitude vesical é transmitida ao sistema nervoso central quando a bexiga alcança cerca de 150 a 200 mℓ nos adultos, e ocorre um desejo inicial de urinar (Hall, 2011). Uma acentuada sensação de plenitude e desconforto com forte desejo de urinar ocorre habitualmente quando a bexiga alcança a sua capacidade funcional de 400 a 500 mℓ de urina. As alterações neurológicas da bexiga no nível dos nervos supraespinais, nervos espinais, ou da própria parede vesical, podem provocar o armazenamento de volumes anormalmente altos de urina (até 2.000 m ℓ ), devido à diminuição ou ausência da urgência de urinar. Em circunstâncias normais, com um aporte médio de líquido de aproximadamente 1 a 2 ℓ/dia, a bexiga deve ser capaz de armazenar a urina por períodos de 2 a 4 h durante o dia (Hall, 2011). À noite, a liberação de vasopressina em resposta à ingestão diminuída de líquidos provoca uma queda na produção de urina, tornandoa mais concentrada. Este fenômeno permite, geralmente, que a bexiga continue a se encher por períodos de 6 a 8 h nos adolescentes e adultos, tornandoos capazes de dormir por períodos mais longos antes de precisar urinar. Nos indivíduos idosos, a queda da complacência da bexiga e os níveis diminuídos de vasopressina, frequentemente, provocam nictúria (despertar durante a noite para urinar). Esvaziamento da bexiga Normalmente, a micção ocorre cerca de oito vezes em um período de 24 h. É ativada por meio do arco reflexo da micção nos sistemas nervosos simpático e parassimpático, gerando uma sequência coordenada de eventos. O início da micção ocorre quando o nervo pélvico eferente, que se origina na área de S1 a S4, estimula a contração da bexiga, resultando em relaxamento completo do esfíncter uretral estriado. Este processo é seguido de uma redução da pressão uretral, contração do músculo detrusor, abertura do colo da bexiga e da parte proximal da uretra, e fluxo da urina. Este esforço coordenado pelo sistema parassimpático é mediado por receptores muscarínicos e, em menor grau, por receptores colinérgicos no músculo detrusor. A pressão gerada na bexiga durante a micção é de cerca de 20 a 40 cm H2O nas mulheres. É ligeiramente mais alta e mais variável nos homens com 45 anos de idade ou mais, devido à hiperplasia normal das células dos lobos médios da próstata, que circundam a parte proximal da uretra. Qualquer obstrução da saída da bexiga, como na hiperplasia prostática benigna (HPB) avançada, resulta em uma elevada pressão de micção. As altas pressões de micção dificultam ainda mais o início do fluxo urinário e a sua manutenção. Quando as vias espinais, que se estendem do cérebro até o sistema urinário, são destruídas (p. ex., após lesão da medula espinal), a contração reflexa da bexiga é mantida, porém há perda do controle voluntário sobre o processo. Em ambas as situações, o músculo destrusor pode sofrer contração e expelir a urina; todavia, as contrações, geralmente, não são suficientes para esvaziar a bexiga por completo, de modo que permanece uma certa quantidade de urina residual (urina mantida na bexiga depois da micção). Normalmente, a urina residual não ultrapassa 50 mℓ no adulto de meiaidade e é inferior a 50 a 100 mℓ no idoso (Weber & Kelley, 2010). Considerações gerontológicas A função das vias urinárias superior e inferior se modifica com a idade. A TFG diminui, o que começa entre 35 e 40 anos de idade, e, posteriormente, continua em um declínio anual de cerca de 1 mℓ /min. Os idosos são mais suscetíveis à insuficiência renal aguda e crônica, devido às alterações estruturais e funcionais do rim. Os exemplos incluem esclerose do glomérulo e da vascularização renal, diminuição do fluxo sanguíneo, redução da TFG, alteração da função tubular e desequilíbrio acidobásico. Embora a função renal, habitualmente permaneça adequada, a reserva renal encontrase diminuída e pode reduzir a capacidade do rim de responder de modo efetivo a alterações fisiológicas drásticas e súbitas. Essa diminuição contínua na filtração glomerular, combinada com o uso de múltiplos medicamentos, cujos metabólitos são depurados pelos rins, faz com que o idoso corra maior risco de efeitos adversos dos medicamentos e de interações medicamentosas (Eliopoulos, 2010). Os idosos são mais propensos a desenvolver hipernatremia e déficits de volume de líquidos, visto que a idade avançadatambém está associada à uma diminuição da estimulação osmótica da sede. A sede é definida como a percepção do desejo de beber. A sensação de sede é tão protetora que a hipernatremia quase nunca ocorre em adultos com menos de 60 anos de idade (Collins & Claros, 2011). As anormalidades estruturais ou funcionais que ocorrem com o envelhecimento também podem impedir o esvaziamento completo da bexiga. Isto pode ser devido à contratilidade diminuída da parede vesical; pode ser secundário a fatores miogênicos ou neurogênicos; ou pode estar relacionado com a obstrução da saída da bexiga, como na HPB ou após prostatectomia. Os tecidos vaginais e uretrais sofrem atrofia (tornamse mais finos) nas mulheres idosas, devido aos níveis diminuídos de estrogênio. Isto provoca diminuição da irrigação sanguínea para os tecidos urogenitais, resultando em irritação uretral e vaginal e em incontinência urinária. A incontinência urinária é observada em 15 a 30% dos idosos residentes em comunidades, em 50% dos idosos em asilos, e em 30% dos idosos hospitalizados (Eliopoulos, 2010). Muitos idosos e suas famílias não estão cientes de que a origem da incontinência urinária tem muitas causas. A enfermeira precisa informar ao cliente e à sua família que, por meio de uma avaliação apropriada, a incontinência urinária, frequentemente, pode ser controlada em casa, podendo ser eliminada, desta maneira, em muitos casos. Muitos tratamentos para a incontinência urinária no indivíduo idoso, incluindo intervenções comportamentais não invasivas que o cliente ou o cuidador podem realizar. (Ver discussão mais detalhada sobre as modalidades de tratamento para incontinência urinária no Capítulo 55.) A preparação do cliente idoso para exames complementares deve ser cuidadosamente administrada para evitar a desidratação, que poderia precipitar insuficiência renal em um cliente com função renal marginal. As limitações da mobilidade podem afetar a capacidade do cliente idoso de urinar adequadamente ou de consumir um volume apropriado de líquidos. O cliente pode limitar a ingestão de líquidos para reduzir a frequência da micção ou o risco de incontinência. Alerta de domínio do conceito Um importante papel do cuidado da enfermeira com o cliente idoso consiste em fornecer orientação sobre os perigos do aporte inadequado de líquidos. A enfermeira precisa ressaltar a necessidade de ingerir líquido durante o dia inteiro, mesmo se o cliente não sentir sede, visto que a estimulação da sede está diminuída. As mulheres idosas, frequentemente, apresentam esvaziamento incompleto da bexiga e estase urinária, o que pode resultar em infecção urinária ou elevação da pressão vesical, levando à incontinência de fluxo constante, hidronefrose, pielonefrite, ou doença renal crônica (Eliopoulos, 2010). Os sinais/sintomas urológicos podem simular determinados distúrbios, como apendicite, doença ulcerosa péptica e colecistite, podendo dificultar o diagnóstico em indivíduos idosos, devido à diminuição da inervação neurológica (Eliopoulos, 2010; GrayVickrey, 2010). Avaliação dos sistemas renal e urinário • • • • • • História de saúde A obtenção de um histórico de saúde urológica exige excelentes habilidades de comunicação, visto que muitos clientes ficam constrangidos ou se sentem desconfortáveis ao discutir a função ou os sintomas geniturinários (Weber & Kelley, 2010). É importante usar uma linguagem simples que o cliente possa compreender e evitar jargão técnico. É, também, importante rever os fatores de risco, particularmente para clientes que correm alto risco. Por exemplo, a enfermeira precisa estar ciente de que as mulheres multíparas que tiveram parto vaginal correm alto risco de incontinência urinária por estresse, o que, quando grave o suficiente, também pode levar à incontinência de urgência. Pessoas com distúrbios neurológicos, como neuropatia diabética, esclerose múltipla ou doença de Parkinson, frequentemente apresentam esvaziamento incompleto da bexiga e estase urinária, que podem resultar em infecção urinária ou pressão vesical crescente, levando à incontinência por transbordamento, hidronefrose, pielonefrite ou doença renal crônica (Eliopoulos, 2010). Os fatores de risco para distúrbios específicos e disfunção renal e do sistema urinário estão resumidos na Tabela 53.1 e são discutidos nos Capítulos 54 e 55. TABELA 53.1 Fatores de risco selecionados para distúrbios renais ou urológicos. Fator de risco Possível distúrbio renal ou urológico Idade avançada Esvaziamento incompleto da bexiga, levando à infecção urinária e urossepse Hiperplasia prostática benigna Obstrução do 䋲❢uxo urinário, levando à polaciúria, oligúria, anúria Diabetes melito Doença renal crônica, bexiga neurogênica Gota, hiperparatireoidismo, doença de Crohn, ileostomia Formação de cálculos renais Hipertensão arterial Insu䋛Ꮁciência renal aguda, insu䋛Ꮁciência renal crônica Instrumentação do sistema urinário, cistoscopia, cateterismo Infecção urinária, incontinência Imobilização Formação de cálculos renais Esclerose múltipla Incontinência, bexiga neurogênica e outras complicações Exposição ocupacional, recreativa ou ambiental a substâncias químicas (plásticos, piche, alcatrão, borracha) Insu䋛Ꮁciência renal aguda Lesão obstétrica, tumores Incontinência Doença de Parkinson Incontinência e outras complicações Gravidez Proteinúria, micção frequente Radioterapia da pelve Cistite, 䋛Ꮁbrose do ureter ou fístula no sistema urinário Cirurgia pélvica recente Traumatismo inadvertido dos ureteres ou da bexiga Anemia falciforme, mieloma múltiplo Doença renal crônica Lesão da medula espinal Bexiga neurogênica, infecção urinária, incontinência Faringite, impetigo, síndrome nefrótica Doença renal crônica Lúpus eritematoso sistêmico Nefrite, doença renal crônica Ao obter o histórico de saúde, a enfermeira deve investigar o seguinte: A principal preocupação ou motivo do cliente para procurar os cuidados médicos, o início do problema e o seu efeito sobre a qualidade de vida do cliente A localização, o caráter e a duração da dor, quando presente, e a sua relação com a micção; os fatores que desencadeiam dor e aqueles que a aliviam Histórico de infecções urinárias, incluindo tratamento prévio ou hospitalização para infecção urinária Febre ou calafrios Exames complementares renais ou urinários prévios ou uso de cateteres urinários de demora Disúria (micção dolorosa ou difícil) e quando ocorre durante a micção (i. e., no início ou no final da micção) • • • • • • • • • • A hesitação, esforço ou dor durante ou após a micção Incontinência urinária (incontinência de estresse, incontinência de urgência, incontinência por transbordamento ou incontinência funcional) Hematúria (existência de eritrócitos na urina) ou alteração na coloração ou no volume da urina Nictúria e a sua data de início Cálculos renais, eliminação de cálculos ou de areia na urina As mulheres, o número e o tipo de parto (vaginal ou cesariana); uso de fórceps; infecção, secreção ou irritação vaginais; práticas contraceptivas Histórico de anúria (produção diminuída de urina para menos de 50 mℓ em 24 h) ou outro problema renal Lesões genitais ou infecções sexualmente transmitidas atuais ou pregressas Tabagismo, etilismo ou uso de substâncias psicoativas Qualquer medicamento prescrito e de venda livre (incluindo medicamentos prescritos para problemas renais ou urinários). Sintomas comuns A disfunção renal pode provocar uma série complexa de sintomas em todo o corpo. A dor, as alterações na micção e os sintomas gastrintestinais são particularmente sugestivos de doença do sistema urinário. Dor A dor geniturinária é habitualmente, causada pela distensão de alguma parte do sistema urinário, em consequência da obstrução do fluxo urinárioou inflamação e edema dos tecidos. A intensidade da dor está relacionada com o súbito início da distensão, mais do que com a sua extensão. A Tabela 53.2 fornece uma lista dos vários tipos de dor geniturinária, características da dor, sinais e sintomas associados, e possíveis causas. Todavia, a doença renal nem sempre envolve dor. Ela tende a ser diagnosticada devido a outros sintomas que levam o cliente a procurar cuidados médicos, como edema dos pés, dispneia e alterações na eliminação da urina (Weber & Kelley, 2010). Alterações na micção A micção é, normalmente, uma função indolor, que ocorre cerca de oito vezes em um período de 24 h. O indivíduo comum elimina 1 a 2 ℓ de urina em 24 h, embora essa quantidade possa variar, dependendo do aporte de líquidos, da sudorese, da temperatura ambiente, da ocorrência de vômitos ou de diarreia. Os problemas comuns associados à micção incluem polaciúria (micção mais frequente do que a cada 3 h), urgência, disúria, hesitação, incontinência, enurese, poliúria, oligúria e hematúria. Esses problemas e outros estão descritos na Tabela 53.3. A urgência urinária aumentada e a polaciúria, juntamente com volumes urinários decrescentes, sugerem, certamente, uma retenção de urina. Dependendo da acuidade do início destes sintomas, o esvaziamento imediato da bexiga por cateterismo e a avaliação podem ser necessários para evitar a disfunção renal. Sintomas gastrintestinais Os sinais e sintomas gastrintestinais estão, frequentemente, associados a condições urológicas, devido à inervação autônoma e sensorial compartilhada e aos reflexos renointestinais (ver Tabela 53.3). A proximidade do rim direito com o cólon, o duodeno, a cabeça do pâncreas, o ducto colédoco, o fígado e a vesícula biliar pode provocar distúrbios gastrintestinais. A proximidade do rim esquerdo com o cólon (flexura esplênica), o estômago, o pâncreas e o baço também pode resultar em sintomas intestinais. Os sinais e sintomas mais comuns consistem em náuseas, vômitos, diarreia, desconforto e distensão abdominais. TABELA 53.2 Características de identi䋛Ꮁcação da dor geniturinária. Tipo Localização Caráter Sinais e sintomas associados Possível etiologia Renal Ângulo costovertebral, podendo se estender até o umbigo Dor constante e difusa; se houver distensão súbita da cápsula, a dor é intensa, aguda, penetrante e em Náuseas e vômitos, sudorese, palidez, sinais de choque Obstrução aguda, cálculo renal, coágulo sanguíneo, pielonefrite aguda, traumatismo cólica Vesical Área suprapúbica Dor contínua e difusa, que pode ser intensa com a micção; pode ser intensa se a bexiga estiver cheia Urgência, dor no 䋛Ꮁnal da micção, esforço doloroso Hiperdistensão da bexiga, infecção, cistite intersticial; tumor Ureteral Ângulo costovertebral, 䋲❢anco, área abdominal inferior, testículo ou grandes lábios Dor intensa, aguda e penetrante, em cólica Náuseas e vômitos, íleo paralítico Cálculo ureteral, edema ou estenose, coágulo sanguíneo Prostática Períneo e reto Desconforto vago, sensação de plenitude no períneo, dor lombar vaga Hipersensibilidade suprapúbica, obstrução do 䋲❢uxo urinário; polaciúria, urgência, disúria, nictúria Câncer de próstata, prostatite aguda ou crônica Uretral Homem: ao longo do pênis até o meato Mulher: uretra até o meato Dor variável, mais intensa durante e imediatamente após a micção Polaciúria, urgência, disúria, nictúria, secreção uretral Irritação do colo da bexiga, infecção da uretra, traumatismo, corpo estranho na via urinária inferior TABELA 53.3 Problemas associados a alterações da micção. Problema De䋛Ꮁnição Possível etiologia Anúria Débito urinário < 50 mℓ/dia Insu䋛Ꮁciência renal aguda ou crônica (ver Capítulo 54), obstrução completa Bacteriúria Contagem de bactérias > 100.000 colônias/mℓ na urina Infecção Disúria Micção dolorosa ou difícil Infecção urinária inferior, in䋲❢amação da bexiga ou da uretra, prostatite aguda, cálculos, corpos estranhos, tumores da bexiga Enurese Micção involuntária durante o sono Retardo na maturação funcional do sistema nervoso central (o controle da bexiga é, geralmente, alcançado em torno de 5 anos de idade), doença obstrutiva da via urinária inferior, fatores genéticos, incapacidade de concentrar a urina, infecção urinária, estresse psicológico Polaciúria Micção frequente – mais que a cada 3 h Infecção, obstrução da via urinária inferior, levando à urina residual e transbordamento, ansiedade, agentes diuréticos, hiperplasia prostática benigna, estenose da uretra, neuropatia diabética Hematúria Existência de eritrócitos na urina Câncer dos sistemas urinário e genital, glomerulonefrite aguda, cálculos renais, tuberculose renal, discrasia sanguínea, traumatismo, exercício extremo, febre reumática, hemo䋛Ꮁlia, leucemia, traço ou doença falciforme Hesitação Retardo, di䋛Ꮁculdade em iniciar a micção Hiperplasia prostática benigna, compressão da uretra, obstrução da saída, bexiga neurogênica Incontinência Perda involuntária de urina Lesão do esfíncter urinário externo, lesão obstétrica, lesões do colo da bexiga, disfunção do detrusor, infecção, bexiga neurogênica, medicamentos, anormalidades neurológicas Nictúria Despertar durante a noite para urinar Diminuição da capacidade de concentração renal, insu䋛Ꮁciência cardíaca, diabetes melito, esvaziamento incompleto da bexiga, ingestão excessiva de líquidos ao deitar, síndrome nefrótica, cirrose com ascite • • • • • • • • • • Oligúria Débito urinário < 0,5 mℓ/kg/h Insu䋛Ꮁciência renal aguda ou crônica (ver Capítulo 54), ingestão inadequada de líquidos Poliúria Volume elevado de urina eliminada Diabetes, diabetes insípido, uso de agentes diuréticos, ingestão excessiva de líquidos, toxicidade do lítio, alguns tipos de doença renal (nefropatia hipercalcêmica e hipopotassêmica) Proteinúria Presença de proteína na urina Insu䋛Ꮁciência renal aguda e crônica, síndrome nefrótica, exercício vigoroso, intermação, insu䋛Ꮁciência cardíaca grave, nefropatia diabética, mieloma múltiplo Urgência Forte desejo de urinar Infecção, prostatite crônica, uretrite, obstrução da via urinária inferior, levando à presença de urina residual e transbordamento, ansiedade, agentes diuréticos, hiperplasia prostática benigna, estenose uretral, neuropatia diabética Anemia inexplicada A disfunção renal gradual pode ser insidiosa na sua apresentação, embora a fadiga seja um sintoma comum. A fadiga, a falta de ar e a intolerância ao exercício resultam da condição conhecida como “anemia da doença crônica”. Embora o hematócrito tenha sido o exame de sangue de escolha na avaliação de um cliente para anemia, o uso do nível de hemoglobina, em lugar do hematócrito, fornece uma melhor avaliação da capacidade de transporte de oxigênio do sangue (Fischbach & Dunning, 2009). A anemia no indivíduo idoso precisa ser cuidadosamente avaliada (Vanesse & Berliner, 2010). Histórias patológica pregressa, familiar e social A coleta de dados sobre problemas de saúde ou doenças precedentes fornece à equipe de saúde informações úteis para avaliar o estado atual do sistema urinário do cliente. Os indivíduos com diabetes que apresentam hipertensão consistente e aqueles com hipertensão primária correm risco de disfunção renal. Os homens idosos correm risco de aumento da próstata, que provoca obstrução uretral, podendo resultar em infecções urinárias e insuficiência renal. Os indivíduos com história familiar de problemas do sistema urinário correm risco aumentado de distúrbios renais. A genética também pode influenciar as condições renais (Boxe 53.2). Boxe 53.2 GENÉTICA NA PRÁTICA DE ENFERMAGEM Distúrbios renais e do sistema urinário Diversas condições que afetam o sistema renal e a função do sistema urinário são in䋲❢uenciadas por fatores genéticos. Alguns exemplos destes distúrbios genéticos são os seguintes: Síndrome de Alport Ausência congênita dos ductos deferentes (causadapela mutação do gene CFTR para a 䋛Ꮁbrose cística) Rins císticos e displásicos Doença de Fabry Tumor de Wilms familiar Glomerulose focal e segmentar Rim em ferradura Rim policístico (gene autossômico dominante) Nefrose de início tardio Doença renal cística no complexo da esclerose tuberosa. Avaliações de enfermagem História familiar • • • • • • • • • • Investigar se existem familiares com malformações renais e/ou do sistema urinário Perguntar sobre história familiar de doença renal com início da terceira à quinta décadas de vida (rim policístico, gene autossômico dominante) Identi䋛Ꮁcar história familiar de infertilidade masculina e 䋛Ꮁbrose cística (ausência congênita do ducto deferente) Estar alerta para os familiares com história de câncer renal de início precoce (tumor de Wilms) ou outros cânceres. Exame físico Estar alerta para os sinais e sintomas de doença renal em uma idade precoce (hematúria, hipertensão, massa abdominal) Avaliar os achados clínicos sugerindo que a doença renal constitui um componente de uma síndrome genética (p. ex., convulsões, retardo mental, comprometimento da pele). Manejo de questões especí䋛Ꮁcas à genética Investigar se foram realizados testes de mutação do DNA ou outros testes genéticos em um familiar afetado Quando indicado, encaminhar para avaliação e aconselhamento genético, de modo que a família possa discutir as preocupações sobre a herança genética, os riscos para outros familiares, a disponibilidade de testes genéticos e as intervenções baseadas em genes Oferecer informações genéticas e recursos apropriados Fornecer apoio às famílias com diagnóstico recente de doença renal relacionada com genes. Recursos sobre genética Consulte no Capítulo 8, Boxe 8.6, os recursos sobre genética. É importante também avaliar o estado psicossocial, o nível de ansiedade, as ameaças percebidas à imagem corporal, os sistemas de apoio disponíveis e os padrões socioculturais. Exame físico Vários sistemas orgânicos podem afetar a disfunção das vias urinárias superiores e inferiores, e, em contrapartida, essa disfunção pode afetar diversos órgãosalvo; por conseguinte, indicase um exame da cabeça aos pés. As áreas de ênfase incluem o abdome, a região suprapúbica, a genitália, a região lombar e os membros inferiores. Os rins, habitualmente não são palpáveis. Entretanto, a palpação dos rins pode detectar um aumento que pode vir a ser muito importante (Weber & Kelley, 2010). A técnica correta para a palpação está ilustrada na Figura 53.5. É possível palpar o polo inferior liso e arredondado do rim entre as mãos. O rim direito é mais fácil de detectar, visto que a sua localização é discretamente mais baixa que a do esquerdo. Nos clientes obesos, a palpação dos rins é mais difícil. A disfunção renal pode produzir hipersensibilidade sobre o ângulo costovertebral, que é o ângulo formado pela margem inferior da 12a costela e a coluna vertebral (Figura 53.6). O abdome (exatamente um pouco à direita e à esquerda da linha média em ambos os quadrantes superiores) é auscultado para avaliar a presença de sopros (os sopros de baixa intensidade indicam estenose da artéria renal ou aneurisma aórtico). O abdome também é examinado para verificar a presença de ascite (acúmulo de líquido na cavidade peritoneal), que pode ocorrer na disfunção renal, bem como na disfunção hepática. Figura 53.5 Técnica para a palpação do rim direito (parte superior). Coloque uma das mãos sob as costas do cliente, com os dedos sob a costela mais inferior. Coloque a palma da outra mão anteriormente ao rim, com os dedos acima do umbigo. Empurre a mão para cima e para frente, à medida que o cliente inspira profundamente. O rim esquerdo (parte inferior) é palpado de modo semelhante, passando para o lado esquerdo do cliente e colocando a mão direita sob a costela inferior esquerda. (De Weber J, Kelley J. (2010) Health assessment in nursing (4th ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.) Figura 53.6 Localização do ângulo costovertebral. Para verificar a existência de urina residual, a bexiga deve ser percutida depois que o cliente urina. A percussão da bexiga começa na linha média, exatamente acima do umbigo, e prossegue para baixo. O som muda de timpânico para maciço quando se percute sobre a bexiga. A bexiga, que só pode ser palpada se estiver moderadamente distendida, é percebida como uma massa arredondada, firme e lisa, que se destaca do abdome, geralmente, na linha média (Figura 53.7). A macicez à percussão da bexiga depois da micção indica um esvaziamento incompleto (Weber & Kelley, 2010). Nos homens idosos, a HPB ou a prostatite podem causar dificuldade à micção. Como os sinais e os sintomas do câncer de próstata podem simular os da HPB, a próstata é palpada pelo toque retal, como parte do exame físico anual nos homens a partir dos 40 anos de idade (ver Capítulo 59). Além disso, obtémse uma amostra de sangue para o exame anual do nível do antígeno prostático específico (PSA); os resultados do toque retal e do PSA são, então, correlacionados. Obtémse uma amostra de sangue para determinação do PSA antes do toque retal, visto que a manipulação da próstata pode ocasionar um aumento temporário dos níveis de PSA. A área inguinal é examinada à procura de linfonodos aumentados, hérnia inguinal ou femoral e varicocele (veias varicosas do cordão espermático). Figura 53.7 Palpação da bexiga. Nas mulheres, são examinados a vulva, o óstio externo da uretra e a vagina (Weber & Kelley, 2010). A uretra é palpada à procura de divertículos, e a vagina é examinada para se analisar a presença de um efeito estrogênico adequado e de qualquer um dos cinco tipos de herniação: uretrocele, cistocele, prolapso pélvico, enterocele e retocele. A uretrocele se refere à protrusão da parede anterior da vagina para o interior da uretra. A cistocele é a herniação da parede da bexiga para dentro da abóbada da vagina. O prolapso pélvico se refere à protrusão do colo do útero para dentro da abóbada vaginal. A enterocele consiste na herniação do intestino para dentro da parede posterior da vagina. A retocele é a herniação do reto dentro da parede vaginal. Esses prolapsos são graduados, dependendo do grau de herniação. (ver Capítulo 57 para informações mais detalhadas.) Solicitase que mulher tussa e realize uma manobra de Valsalva, a fim de avaliar o sistema de suporte muscular e de ligamentos da uretra. Se houver vazamento de urina, os dedos indicador e médio da mão enluvada do examinador são empregados para sustentar ambos os lados da uretra, enquanto a mulher é solicitada a repetir a manobra de Valsalva, constituindo a denominada manobra de MarshallBonney. Se esse procedimento produzir extravasamento de urina, sugerese o encaminhamento da cliente. O cliente é examinado a procura de edema e de alterações no peso corporal. Podese observar a ocorrência de edema, particularmente, na face e nas partes pendentes do corpo, como os tornozelos e as áreas sacrais, sugerindo retenção de líquido. O edema é, comumente, acompanhado de aumento do peso corporal. Um ganho de 1 kg corresponde aproximadamente a 1.000 mℓ de líquido (500 g correspondem aproximadamente a 500 mℓ ) (Hall, 2011). Os reflexos tendíneos profundos do joelho são examinados para se analisar a sua qualidade e simetria. Tratase de uma importante parte do exame para as causas neurológicas da disfunção vesical, porque a área sacral, que • • • • • • • • • • • inerva os membros inferiores, é a mesma área de nervos periféricos responsável pela continência urinária. O padrão de marcha do indivíduo com disfunção vesical também é observado, bem como a capacidade do cliente de caminhar apoiado nos dedos dos pés e nos calcanhares.Esses exames avaliam possíveis causas supraespinais para a incontinência urinária. Avaliação diagnóstica Podese realizar uma ampla variedade de exames complementares em clientes com distúrbios urinários. Utilizase um histórico de saúde abrangente para determinar os exames laboratoriais e complementares apropriados. As sessões a seguir fornecem uma revisão de alguns dos exames específicos que podem ser realizados. A enfermeira deve instruir o cliente sobre a finalidade, o que esperar e quaisquer efeitos colaterais possíveis e relacionados com esses exames antes de sua realização. A enfermeira também deve anotar as tendências nos resultados, visto que fornecem informações sobre a evolução da doença, bem como sobre a resposta do cliente ao tratamento. Os clientes que se submetem a exames urológicos ou a exames de imagem estão, em sua maioria, apreensivos, até mesmo aqueles que já realizaram esses exames no passado. Com frequência, o cliente sente desconforto e embaraço relacionado com essa função tão íntima e pessoal que é a micção. Na presença de outras pessoas, a micção, frequentemente, pode produzir defesa, um reflexo natural que a inibe, devido à ansiedade situacional. Como os resultados desses exames determinam o plano de cuidados, a enfermeira precisa ajudar o cliente a relaxar, proporcionando o máximo possível de privacidade e explicações sobre o procedimento (Boxe 53.3). Além disso, o Boxe 53.4 fornece um plano de cuidados para clientes que se submetem a exames complementares. Exame e cultura de urina O exame de urina fornece informações clínicas importantes sobre a função renal e ajuda a estabelecer o diagnóstico de outras doenças, como diabetes. A cultura de urina determina a presença de bactérias na mesma, bem como as cepas envolvidas e a concentração. A cultura de urina e o antibiograma também identificam a terapia antimicrobiana mais apropriada contra as cepas específicas identificadas, levando em consideração os antibióticos que produzem a melhor taxa de resolução na região geográfica considerada. A avaliação apropriada de qualquer anormalidade pode ajudar na detecção de doenças subjacentes graves. Boxe 53.3 ORIENTAÇÕES AO CLIENTE Antes e depois de exames urodinâmicos Um médico ou uma enfermeira irão realizar uma entrevista detalhada. Serão feitas perguntas sobre os seus sintomas urológicos e hábitos de micção Você será solicitado(a) a descrever as sensações percebidas durante o procedimento Durante o procedimento, você poderá ser solicitado a mudar de posição (p. ex., de decúbito dorsal para a posição sentada ou em pé) Você poderá ser solicitado a tossir ou a realizar a manobra de Valsalva (fazer força para baixo) durante o procedimento Você provavelmente deverá ter um ou dois cateteres uretrais inseridos, de modo que a pressão vesical e o enchimento da bexiga possam ser medidos. Outro cateter pode ser colocado no reto ou na vagina para medir a pressão abdominal Você também poderá ter eletrodos (super䋛Ꮁciais, 䋛Ꮁos ou agulhas) aplicados na área perianal para eletromiogra䋛Ꮁa. Isso pode ser inicialmente desconfortável durante a inserção e, posteriormente, durante as mudanças de posição Sua bexiga será enchida por meio de um cateter uretral, uma ou mais vezes, durante o procedimento Depois do procedimento, você poderá apresentar polaciúria, urgência ou disúria, devido aos cateteres uretrais. Evitar o consumo de bebidas cafeinadas, gasei䋛Ꮁcadas ou alcoólicas depois do procedimento, visto que elas podem irritar ainda mais a bexiga. Esses sintomas diminuem ou desaparecem habitualmente no dia seguinte após o procedimento Você poderá perceber uma discreta hematúria logo após o procedimento (particularmente nos homens com hiperplasia prostática benigna). A ingestão de líquidos ajudará a eliminar a hematúria Se o meato urinário estiver irritado, um banho de assento morno pode ser útil Estar atento para quaisquer sinais de infecção urinária depois do procedimento. Entrar em contato com o seu médico se você apresentar febre, calafrios, dor lombar ou disúria e hematúria continuadas • • • • • • 1. 2. 1. 2. • Se você receber um antibiótico antes do procedimento, você deverá continuar tomando o ciclo completo do medicamento depois do procedimento. Trata-se de uma medida para evitar a ocorrência de infecção. Componentes O exame de urina inclui o seguinte: Coloração da urina (Tabela 53.4) Transparência e odor da urina pH e densidade específica da urina Exames para detecção de proteína, glicose e corpos cetônicos na urina (proteinúria, glicosúria renal e cetonúria, respectivamente) Exame microscópico do sedimento urinário após centrifugação para a detecção de hemácias (hematúria), leucócitos (piúria), cilindros (cilindrúria), cristais (cristalúria) e bactérias (bacteriúria) (ver Tabela 53.3). Os pesquisadores estão investigando exames adicionais não invasivos que possam ser realizados com a urina para a detecção de determinadas condições, como o câncer de bexiga. Por exemplo, foi constatado que os níveis urinários de atividade da telomerase são sensíveis e específicos para se detectar o câncer de bexiga nos homens (Casadio, 2009). Significado dos achados Diversas anormalidades, como hematúria e proteinúria, não produzem sintomas, mas podem ser detectadas durante um exame de urina de rotina, utilizando uma tira reagente. Normalmente, cerca de 1 milhão de eritrócitos são eliminados, diariamente, na urina, o que equivale de um a três eritrócitos por campo de grande aumento. A hematúria (mais de três eritrócitos por campo de grande aumento) pode surgir em decorrência de uma anormalidade em qualquer local ao longo do sistema geniturinário, sendo mais comum nas mulheres do que nos homens. As causas mais comuns consistem em infecção aguda (cistite, uretrite ou prostatite), cálculos renais e neoplasia. Outras causas incluem distúrbios sistêmicos, como distúrbios hemorrágicos; lesões malignas; e determinados medicamentos, como varfarina e heparina. Embora a hematúria possa, inicialmente, ser detectada com o uso de uma tira reagente, é necessária uma avaliação adicional com uma coleta de urina de 24 h (Fischbach & Dunning, 2009). A proteinúria pode constituir um achado benigno, ou pode significar a existência de doença grave (Ali & Gray Vickrey, 2011). A perda ocasional de até 150 mg/dia de proteína na urina, principalmente de albumina e de proteína TammHorsfall (também conhecida como uromodulina), é considerada normal e, em geral, não exige nenhuma avaliação adicional. Devese efetuar um exame com tira reagente, que pode detectar 30 a 1.000 mg/dℓ de proteína, apenas como exame de triagem, visto que a concentração da urina, o pH, a hematúria e os agentes de contraste radiológico afetam os resultados. Como a análise com tira reagente não detecta concentrações de proteína inferiores a 30 mg/dℓ , o exame não pode ser utilizado para detecção precoce de nefropatia diabética. A microalbuminúria (excreção de 20 a 200 mg/dℓ de proteína na urina) constitui um sinal precoce de nefropatia diabética. As causas benignas comuns de proteinúria transitória consistem em febre, exercício extenuante e posição ortostática prolongada. Boxe 53.4 PLANO DE CUIDADO DE ENFERMAGEM Cuidado ao cliente que se submete a exame complementar do sistema renal-urológico DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: conhecimento de䋛Ꮁciente sobre os procedimentos e os exames complementares. META: o cliente mostra um maior entendimento do procedimento e dos exames, bem como dos comportamentos esperados. Intervenções de enfermagem Justi䋛Ꮁcativa Resultados esperados Avaliar o nível de entendimento do cliente sobre os exames complementares planejados. Fornecer a descrição dos exames em linguagem simples que o cliente possa Fornece uma base para o ensino, assimcomo indicações sobre a percepção do cliente em relação aos exames. O entendimento do que se espera aumenta a Explica a justi䋛Ꮁcativa para os exames complementares planejados e quais as tarefas e comportamentos que são esperados durante o procedimento 3. 4. 3. 4. • • • • • 1. 2. 3. 4. 5. 6. 1. 2. 3. 4. 5. 6. • • • • • • • • • 1. 2. 3. 4. 5. 6. 1. 2. 3. 4. 5. 6. • • • • • • • entender. Avaliar o entendimento do cliente sobre os resultados do exame depois de seu término. Reforçar as informações fornecidas ao cliente sobre os resultados dos exames e as implicações para o cuidado de acompanhamento. adesão do cliente e a sua cooperação. A apreensão pode interferir na capacidade do cliente de entender as informações e os resultados fornecidos pela equipe de saúde. Fornece oportunidade para que o cliente esclareça as informações e antecipe o cuidado de acompanhamento. Participa na coleta de urina prescrita, modi䋛Ꮁcações na ingestão de líquidos ou outros procedimentos necessários para a avaliação diagnóstica Explica em suas próprias palavras os resultados dos exames complementares Faz perguntas para esclarecer termos e procedimentos Explica a justi䋛Ꮁcativa para o cuidado de acompanhamento Participa no cuidado de acompanhamento. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: dor aguda relacionada com a infecção, o edema, a obstrução ou o sangramento ao longo da via urinária ou com exames complementares invasivos. META: o cliente relata uma diminuição da dor e ausência de desconforto. Intervenções de enfermagem Justi䋛Ꮁcativa Resultados esperados Avaliar o nível de dor: disúria, sensação de queimação durante a micção, dor abdominal ou do 䋲❢anco, espasmo vesical. Incentivar o consumo de líquidos (a não ser que haja alguma contraindicação). Incentivar os banhos de assento mornos. Relatar a ocorrência de aumento da dor ao médico. Administrar analgésicos e agentes antiespasmódicos para a dor e o espasmo, conforme prescrição. Avaliar os padrões de micção e as práticas de higiene e fornecer instruções sobre os padrões de micção e as práticas de higiene recomendados. Fornece um parâmetro para a avaliação das estratégias de alívio da dor e progressão da disfunção. Promove uma urina diluída e a lavagem da via urinária inferior. Alivia o desconforto local e promove o relaxamento. Pode indicar progressão ou recidiva da disfunção ou sinais indesejáveis (p. ex., sangramento, cálculos). Prescritos para o alívio da dor ou do espasmo. O esvaziamento tardio da bexiga e a higiene insatisfatória podem contribuir para a dor secundária à disfunção renal ou do sistema urinário. Relata níveis decrescentes de dor Relata a ausência de sinais locais Descreve a capacidade de iniciar e de interromper o jato urinário, sem nenhum desconforto Aumenta o consumo de líquido, quando indicado Utiliza o banho de assento, quando indicado Identi䋛Ꮁca os sinais e sintomas a serem relatados ao médico Toma os medicamentos, conforme prescrição Não demora em esvaziar a bexiga Utiliza medidas higiênicas apropriadas, evita os banhos de imersão, utiliza higiene apropriada após as evacuações. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: medo relacionado com alteração potencial da função renal e constrangimento devido à discussão da função urinária e invasão da genitália. META: o cliente parece relaxado e relata uma diminuição do medo e da ansiedade. Intervenções de enfermagem Justi䋛Ꮁcativa Resultados esperados Avaliar o nível de medo e apreensão do cliente. Explicar todos os procedimentos e os exames ao cliente. Fornecer privacidade e respeitar o pudor do cliente, fechando as portas e mantendo o cliente coberto. Manter o urinol e a comadre cobertos e fora da visão. Utilizar uma terminologia correta de maneira concreta quando perguntar ao cliente sobre a disfunção do sistema urinário. Avaliar os medos do cliente sobre as alterações percebidas, associadas aos exames e outros procedimentos. Explicar e demonstrar para o cliente as técnicas de relaxamento. Alto nível de medo ou de apreensão pode interferir no aprendizado e na cooperação do cliente. O conhecimento sobre o que se deve esperar ajuda a reduzir o medo e a apreensão. Comunica que você está ciente e aceita as necessidades de privacidade e pudor do cliente. Mostra que você 䋛Ꮁca confortável ao discutir a disfunção urinária e os sintomas urinários com o cliente. Pode revelar medos e conceitos errôneos do cliente, que podem ser aliviados por meio de uma compreensão correta. Promove o relaxamento e ajuda o cliente lidar com a incerteza dos resultados. Parece estar relaxado, com baixo nível de medo ou de apreensão Explica a justi䋛Ꮁcativa para os exames e os procedimentos de maneira calma e relaxada Mantém a privacidade e o pudor habituais Discute a sua própria disfunção do sistema urinário utilizando a terminologia correta, sem indicações francas de constrangimento ou desconforto Relata seus medos e suas preocupações Mostra entendimento correto dos procedimentos e dos possíveis resultados Parece estar relaxado, com baixo nível de medo e apreensão. TABELA 53.4 Alterações na coloração da urina e possíveis causas. Coloração da urina Possível etiologia • • • Incolor a amarelo-pálida Urina diluída devido a diuréticos, consumo de bebida alcoólica, diabetes insípido, glicosúria, consumo excessivo de líquidos, doença renal Amarela a branco-leitosa Piúria, infecção, creme vaginal Amarelo-brilhante Polivitamínicos Rosada a vermelha Degradação da hemoglobina, eritrócitos, sangue macroscópico, menstruação, cirurgia de bexiga ou de próstata, consumo de beterrabas, amoras-pretas, medicamentos (fenitoína, rifampicina, tioridazina, cáscara sagrada, produtos à base de sena) Azul, azul-esverdeada Corantes, azul de metileno, microrganismos do gênero Pseudomonas, medicamentos (amitriptilina HCL, triantereno) Laranja a âmbar Urina concentrada devido à desidratação, febre, bile, excesso de bilirrubina ou caroteno, determinados medicamentos (cloridrato de fenazopiridina, nitrofurantoína) Castanha a preta Eritrócitos senescentes, urobilinogênio, bilirrubina, melanina, por䋛Ꮁrina, urina extremamente concentrada devido à desidratação, medicamentos (cáscara sagrada, metronidazol, suplementos de ferro, sulfato de quinina, produtos à base de sena, metildopa, nitrofurantoína) As causas de proteinúria persistente incluem doenças glomerulares, neoplasias malignas, doenças do colágeno, diabetes melito, préeclâmpsia, hipotireoidismo, insuficiência cardíaca, exposição a metais pesados e uso de determinados medicamentos, como antiinflamatórios não esteroides (AINEs) e inibidores da enzima conversora de angiotensina (Karch, 2012). Densidade A densidade é uma expressão do grau de concentração da urina, que mede a densidade de uma solução, em comparação com a densidade da água, que é de 1.000. A densidade é modificada quando existe sangue, proteína ou cilindros na urina. A faixa normal da densidade da urina é de 1.010 a 1.025 (Porth & Matfin, 2009). Os métodos para a determinação da densidade incluem os seguintes: Tira reagente com múltiplos testes (método mais comum) com uma área reagente própria para densidade Urinômetro (método mais acurado), em que a urina é colocada em um tubo graduado, com flutuação do urinômetro na urina; obtémse a leitura da densidade no nível do menisco da urina Refratômetro, um instrumento utilizado no laboratório, que mede as diferenças na velocidade com que a luz atravessa o ar e a amostra de urina. A densidade da urina depende, em grande parte, do estado de hidratação. Quando a ingestão de líquidos diminui, a densidade normalmente aumenta. Quando o aporte de líquido é grande, a densidade diminui. Nos clientes com doença renal, a densidade da urina não varia com o aporte de líquidos, e dizse que a urina do cliente possui uma densidade fixa. Os distúrbios ou as condições que provocam diminuição da densidade urinária incluem diabetes
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