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MARIANA MARQUES JARDIM – T29 PI CLÍNICA INTRODUÇÃO • É definida como a diminuição da taxa de filtração glomerular (TFG) abaixo de 60 ml/min/1,73m2 e/ou a presença de anormalidades na estrutura renal, com duração acima de 3 meses consecutivos. • É uma doença de curso prolongado, insidioso e que, na maior parte do tempo é assintomática. FATORES DE RISCO • Portadores de diabetes e hipertensão; • Idosos; • Obesidade; • Histórico de doença cardiovascular / DRC familiar; • Tabagismo; • Uso de agentes nefrotóxicos; FISIOPATOLOGIA • O rim tem múltiplas funções, como a excreção de produtos de diversos metabolismos, produção de hormônios, controle do equilíbrio hidroeletrolítico, do metabolismo ácido-básico e da pressão arterial. • A avaliação da função excretora é a principal forma de aferir as funções renais, que pode ser medida através da TFG que em pacientes com DRC pode estar: ➔ TFG alterada; ➔ TFG normal ou próxima do normal, mas com evidência de dano renal parenquimatoso ou alteração no exame de imagem. MARCADORES DE DANO RENAL • Albuminúria > 30mg/24 horas ou Relação Albuminúria Creatininúria (RAC) > 30 mg/g; • Hematúria de origem glomerular; • Alterações eletrolíticas ou anormalidades tubulares • Alterações detectadas por histologia, através de biópsia renal (indicada em casos de proteinúria ou de suspeita de doenças glomerulares). ALTERAÇÕES NOS EXAMES DE IMAGEM • Rins policísticos; • Hidronefrose; • Cicatrizes e alterações da textura cortical; • Sinais de doença infiltrativa; • Estenose da artéria renal. DIAGNÓSTICO • Para diagnóstico da DRC solicita-se como exames: ➔ TFG: utiliza fórmulas baseadas na creatinina sérica, para estimar a TFG. ➔ EAS: busca alterações parenquimatosas. ➔ Avaliação de imagem (USG de rins e vias urinárias): feita em indivíduos com história de DRC familiar, infecção urinária de repetição e doenças urológicas. CLASSIFICAÇÃO – ESTÁGIOS DA DRC ESTÁGIO TFG 1 >90 2 60-89 3a 45-59 3b 30-44 4 15-29 5 <15 MANEJO CLÍNICO ESTÁGIO 1 E 2: • O acompanhamento deverá ser realizado pelas UBS para tratamento dos fatores de risco modificáveis de progressão da DRC e doença cardiovascular: controle da glicemia, da hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade, doenças cardiovasculares, tabagismo e adequação do estilo de vida. • Avaliação da TFG e do EAS: realizada anualmente. • Recomendações: diminuição da ingestão de sódio, realização de atividade física compatível com a saúde cardiovascular e o abandono do tabagismo. • Todos os pacientes diabéticos e/ou com RAC ≥ 30 devem utilizar IECA ou BRA. Doença Renal Crônica MARIANA MARQUES JARDIM – T29 PI CLÍNICA ESTÁGIO 3A: • Além das mesmas medidas tomadas para os estágios 1 e 2, recomenda-se a dosagem anual do fóforo e do PTH intacto. • Nos casos de pacientes com RAC > 30 mg/g, essa avaliação deve ser semestral. • Recomendações: mesmas dos estágios 1 e 2 + realizar a correção da dose de medicações como antibióticos e antivirais de acordo com a TFG. ESTÁGIO 3B: • Além das mesmas medidas tomadas para os estágios 1 e 2, recomenda-se a realização da avaliação da TFG, do EAS, RAC e da dosagem de potássio sérico semestralmente. • Os demais exames deverão ser realizados anualmente conforme descrito abaixo: cálcio, fósforo, PTH e Proteínas totais e frações. • Em pacientes com diagnóstico de anemia, é solicitado exames de hematócrito e hemoglobina, ferritina e índice de saturação de transferrina. • Recomendações iguais do estágio 3a. ESTÁGIO 4: • O acompanhamento será realizado pela equipe multiprofissional. • A avaliação nefrológica deverá ser realizada trimestralmente, de acordo com indicação clínica. • Exames mínimos realizados: ➔ Trimestralmente: creatinina, ureia, cálcio, fósforo, hematócrito e hemoglobina, ferritina e índice de saturação de transferrina (IST) nos pacientes com anemia e potássio. ➔ Semestralmente: PTH, fosfatase alcalina, gasometria venosa ou reserva alcalina, proteínas totais e frações e RAC. ➔ Anualmente: Anti-HBs. • Recomendações: mesmas dos estágios anteriores + indica-se a redução da ingestão de proteínas e a reposição de bicarbonato via oral para pacientes com acidose metabólica. ESTÁGIO 5 NÃO DIALÍTICO: • O acompanhamento será realizado pela equipe multiprofissional. • Avaliação nefrológica realizada mensalmente. • Exames mínimos realizados: ➔ Mensalmente: creatinina, ureia, cálcio, fósforo, hematócrito e hemoglobina, potássio. ➔ Trimestralmente: Proteínas totais e frações, ferritina, IST, fosfatase alcalina, PTH e gasometria venosa ou reserva alcalina. ➔ Semestralmente: vitamina D. ➔ Anualmente: anti-Hbs, anti-Hcv, HBsAg, HIV. • Recomendações: mesmas do estágio anterior. ESTÁGIO 5 EM DIÁLISE: • Deve-se indicar TRS para pacientes com TFG inferior a 10 mL/min/1,73m2 • Antes do início da TRS é recomendado que o paciente assine um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) sobre a modalidade escolhida • O acompanhamento é realizado nas unidades de atenção especializadas em doença renal crônica. • A avaliação nefrológica realizada mensalmente. • Recomendações: mesmas do estágio anterior + avaliação da hiperfosfatemia e da adequação da diálise. ESTÁGIO 5 EM HEMODIÁLISE: • Exames mínimos realizados: ➔ Mensalmente: hematócrito, hemoglobina, ureia pré e pós a sessão de hemodiálise, sódio, potássio, cálcio, fósforo, transaminase glutâmica pirúvica (TGP), glicemia para pacientes diabéticos e creatinina durante o primeiro ano. - Quando houver elevação de TGP deve-se solicitar: AntiHBc IgM, HbsAg e AntiHCV. ➔ Trimestralmente: hemograma completo, índice de saturação de transferrina, dosagem de ferritina, fosfatase alcalina, PTH, Proteínas totais e frações e hemoglobina glicosilada para diabéticos. ➔ Semestralmente: Vitamina D e AntiHBs. Para pacientes susceptíveis, definidos como AntiHBC total ou IgG, AgHBs ou AntiHCV inicialmente negativos, fazer AgHbs e AntiHCV. ➔ Anualmente: Colesterol total e frações, triglicérides, alumínio sérico, glicemia, TSH, T4, dosagem de anticorpos para HIV, Rx de tórax em PA e perfil, ultrassonografia renal e de vias urinárias, eletrocardiograma. ➔ Exames eventuais: hemocultura na suspeita de infecção da corrente sanguínea e teste do desferal na suspeita de intoxicação pelo alumínio. MARIANA MARQUES JARDIM – T29 PI CLÍNICA ESTÁGIO 5 EM DIÁLISE PERITONEAL: • Para os pacientes que optarem pela diálise peritoneal, recomenda-se uma visita domiciliar para avaliação da adequação ambiental para realização do procedimento. • Exames mínimos realizados: ➔ Mensalmente: hematócrito, hemoglobina, sódio, potássio, cálcio, fósforo, creatinina e glicemia para pacientes diabéticos. ➔ Trimestralmente: hemograma completo, índice de saturação de transferrina, dosagem de ferritina, fosfatase alcalina, PTH, glicemia, Proteínas totais e frações e hemoglobina glicosilada para diabéticos. ➔ Semestralmente: Vitamina D, Colesterol total e frações, triglicérides. Realizar o KT/V semanal de uréia, através da dosagem da uréia sérica e no líquido de diálise peritoneal. Para pacientes que apresentam função renal residual, realizar depuração de creatinina, através da coleta de urina de 24 horas e depuração de uréia, através de coleta de urina de 24 horas. ➔ Anualmente: alumínio sérico, TSH, T4, Rx de tórax em PA e perfil, ultrassonografia renal e de vias urinárias, eletrocardiograma. ➔ Exames eventuais: teste do desferal na suspeita de intoxicação pelo alumínio; na suspeita de peritonite, análise do líquido peritoneal com contagem total e diferencial de leucócitos, bacterioscopia por gram e cultura; teste de equilíbrio peritoneal, no início do tratamento e repetir nos casos de redução de ultrafiltraçãoe/ou inadequação de diálise. TRATAMENTO • O tratamento conservador pode ser considerado uma opção para pacientes que escolham não serem mantidos em TRS devendo ser criado um programa de suporte para estes casos. • O plano de suporte avançado de vida deve incluir protocolos para o manuseio de sintomas dolorosos, atenção psicológica, cuidados espirituais e preparo para o paciente e familiar sobre a morte em domicílio ou hospitalar com a provisão de todo o suporte humano e cultural apropriado. • As pessoas com DRC devem ser acompanhadas por uma equipe multiprofissional. • Cuidados adicionais: tratamento da anemia e dos Distúrbios do Metabolismo Mineral e Ósseo TABELA RESUMO: EXAMES POR ESTÁGIO ESTÁGIO EXAMES TEMPO 1 TFG e EAS Anual 2 TFG e EAS Anual 3A TGF, EAS, fósforo e PTH intacto Anual 3B TFG, EAS, RAC e dosagem de potássio sérico Semestral Cálcio, fósforo, PTH e Proteínas totais e frações. Anual Hematócrito e hemoglobina, ferritina e índice de saturação de transferrina pacientes anêmicos 4 Creatinina, ureia, cálcio, fósforo e potássio. Trimestral hematócrito e hemoglobina, ferritina e índice de saturação de transferrina Trimestral anêmicos PTH, fosfatase alcalina, gasometria venosa ou reserva alcalina, proteínas totais e frações e RAC Semestral Anti-HBs. Anual 5-ND Creatinina, ureia, cálcio, fósforo, hematócrito e hemoglobina, potássio Mensal Proteínas totais e frações, ferritina, IST, fosfatase alcalina, PTH e gasometria venosa ou reserva alcalina. Trimestral Vitamina D Semestral Anti-HBs, anti-Hcv, HBsAg, HIV. Anual 5-D Hematócrito, hemoglobina, ureia pré e pós a sessão de hemodiálise, sódio, potássio, cálcio, fósforo, transaminase glutâmica pirúvica (TGP) Mensal Glicemia Mensal para diabéticos Creatinina Mensal no 1º ano AntiHBc IgM, HbsAg e AntiHCV. Quando TGP ↑ Hemograma completo, IST, dosagem de ferritina, fosfatase alcalina, PTH, Proteínas totais e frações Trimestral Hemoglobina glicosilada Trimestral diabéticos Vitamina D e AntiHBs. Semestral Colesterol total e frações, triglicérides, alumínio sérico, glicemia, TSH, T4, dosagem de anticorpos para HIV, Rx de tórax em PA e perfil, ultrassonografia renal e de vias urinárias, ECG. Anual Hemocultura na suspeita de infecção da corrente sanguínea e teste do desferal na suspeita de intoxicação pelo alumínio. Eventual TRANSPLANTE • Os pacientes com DRC devem ser encaminhados para os serviços especializados em transplante, desde o estágio 5-ND (não dialítico). • Duas modalidades de transplante: com doador vivo ou com doador falecido. MARIANA MARQUES JARDIM – T29 PI CLÍNICA FLUXOGRAMA DA DRC
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