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Apostila-História do Pensamento Geográfico

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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
HISTÓRIA DO PENSAMENTO 
GEOGRÁFICO 
JAQUELINE ROCHA OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo da apostila, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Elas são 
para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada uma com uma 
função especifica, mostradas a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
Vamos compreender melhor a diferença entre a Geografia prática 
do nosso dia a dia como percepção do mundo e o campo do 
conhecimento do saber científico, que refletirá sobre a seguinte 
questão: O que é a Geografia? Para que serve e qual o objeto de 
estudo da Geografia? 
Buscaremos compreender as origens e pressupostos da Geografia 
desde a Antiguidade Clássica ao Renascimento, bem como o 
contexto que o conhecimento geográfico adquiriu uma legitimidade 
a partir da Cartografia, culminando na diferenciação entre 
geógrafos e corógrafos, e posteriormente na Gênese da Geografia 
Física 
 
 
Iremos entender as origens e pressupostos da Geografia Clássica, 
a partir da escola conhecida como positivismo, a qual cunhou a 
Geografia enquanto Ciência Institucional no século XIX, 
estruturando conceitos e métodos, que posteriormente se 
fragmentaram em: Geografia Física e Geografia Humana. 
Vamos aprofundar a compreensão da Geografia Clássica, a partir 
dos principais autores que a sistematizaram - Humboldt e Ritter; 
bem como os fundadores da escola Determinista – Ratzel e da 
escola Possibilista - Vidal de La Blache, a partir do contexto 
histórico vividos por estes autores, na França e na Alemanha, que 
influenciou em suas formulações. 
 
 
Será enfatizado a crise da Geografia Tradicional a partir de uma 
crítica que leva ao movimento de renovação da Geografia, que irá 
culminar nas seguintes escolas do pensamento geográfico: 
Geografia Crítica, Geografia Tradicional, Geografia Humanística. 
Essas escolas rompem com o método positivista, porém haverão 
diversos métodos e interpretações que levam a distintos caminhos 
propostos pelos autores. 
Serão estudados como a Geografia se estabeleceu no Brasil até 
1930 – período conhecido como Geografia vernacular, e após esse 
período, quando houve a institucionalização da Geografia como 
Ciência nas universidades e institutos, a partir da influência da 
Geografia clássica e posteriormente rompendo com esta, 
culminando na adoção das outras correntes do pensamento 
geográfico: geografia teorética, Geografia crítica e a Geografia 
Humanística. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
SUMÁRIO 
O CAMPO DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO GEOGRÁFICO ................ 6 
 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 
 GEOGRAFIA E A PERCEPÇÃO DO MUNDO ........................................................ 6 
 A GEOGRAFIA ENQUANTO PRÁTICA E CIÊNCIA .............................................. 7 
 A GEOGRAFIA COMO SABER – O QUE É E PARA QUE SERVE? ..................... 8 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 11 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 12 
 
A GEOGRAFIA DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA AO RENASCIMENTO .. 16 
 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16 
 ORIGENS E PRESSUPOSTOS DA GEOGRAFIA DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA
 ............................................................................................................................... 16 
 ORIGENS E PRESSUPOSTOS DA GEOGRAFIA NO RENASCIMENTO ........... 19 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 21 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 22 
 
A GEOGRAFIA CLÁSSICA (TRADICIONAL).......................................... 26 
 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 26 
 ORIGENS E PRESSUPOSTOS DA GEOGRAFIA CLÁSSICA............................. 26 
 POSITIVISMO COMO FUNDAMENTO DA GEOGRAFIA TRADICIONAL ........... 29 
 LINHAS DE FORÇA E A FRAGMENTAÇÃO DA GEOGRAFIA CLÁSSICA ....... 31 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 34 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 35 
 
AUTORES DA GEOGRAFIA TRADICIONAL .......................................... 41 
 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 41 
 AUTORES QUE SISTEMATIZARAM A GEOGRAFIA DO SÉCULOS XIX: 
HUMBOLDT E RITTER ......................................................................................... 41 
 RATZEL: A ANTROPOGEOGRAFIA E A ESCOLA DETERMINISTA ................. 45 
 VIDAL DE LA BLACHE : A GEOGRAFIA HUMANA E O POSSIBILISMO ......... 47 
 AUTORES CLÁSSICOS: RECLUS, JEAN BRUNHES, SORRE, GEORGE E 
TRICART ............................................................................................................... 53 
 ALÉM DO DETERMINISMO E DO POSSIBILISMO: A PROPOSTA DE A. 
HETTNER E R. HARTSHORNE ............................................................................ 55 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 57 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 59 
 
A CRÍTICA DA GEOGRAFIA TRADICIONAL E O MOVIMENTO DE 
RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA .............................................................. 63 
 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 63 
 O MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA E A CRISE DA 
GEOGRAFIA TRADICIONAL ................................................................................ 64 
 A GEOGRAFIA PRAGMÁTICA ............................................................................. 66 
 A GEOGRAFIA CRÍTICA ...................................................................................... 68 
 A ABORDAGEM HUMANÍSTICA: A FENOMENOLOGIA .................................... 72 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 76 
 
O PENSAMENTO GEOGRÁFICO NO BRASIL ....................................... 80 
 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 80 
 A PRÉ-HISTÓRIA DA GEOGRAFIA NO BRASIL: VIAJANTES, JESUÍTAS, 
ENSAÍSTAS........................................................................................................... 80 
 INSTITUCIONALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA CIENTÍFICA 
NO BRASIL: UNIVERSIDADES E ORGANISMOS GOVERNAMENTAIS ........... 81 
 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 85 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 87 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................. 92 
GLOSSÁRIO ..................................................................................... 946 
 
 
O CAMPO DE CONHECIMENTO 
CIENTÍFICO GEOGRÁFICO 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
A Geografia está presente no dia a dia! Os seres humanos, desde tempos 
remotos tiveram que desenvolver habilidades para sobre viverem no ambiente 
natural, se alimentar, construir moradias e proteger a prole. Com o passar do 
tempo, em sua experiência prática cotidiana os homens construíram conhecimentos 
empíricos, os quais são transmitidos e comunicados através das gerações a partir 
da oralidade, originando uma cultura. A necessidade de orientar-se, primeiro 
através do próprio corpo, depois pelo uso dos recursos da natureza, sejam pelos rios 
e vertentes mais próximos ou o tipo de vegetação que marcam os caminhos 
percorridos pelos seres humanos, contribuiu para a criação dos registros que se 
transformaram em linguagem escrita (textos) ou cartográficas (mapas), através de 
topônimos e depois pelos pontos cardeais, essencial para localizar-se no espaço 
geográfico e para locomoção dos diversos grupos humanos (CLAVAL, 2010). 
Nesse sentido a geografia enquanto Prática e Ciência leva a uma percepção 
de mundo, seja pela orientação dos indivíduos ou organização espacial das 
sociedades, desse modo, a Geografia percebe o mundo de uma forma muito 
abrangente. Pode-se dizer que a Geografia enquanto Ciência serve como base para 
outras ciências. 
Nota-se que não há um consenso a respeito da matéria, e sim controvérsias 
que levam a questão: existe unidade no pensamento geográfico? A seguir cabe uma 
análise mais detalhada da história do pensamento geográfico, a começar pelos 
debates em torno do objeto e finalidade dessa Ciência. Vamos juntos desbravar o 
universo geográfico! 
 
 GEOGRAFIA E A PERCEPÇÃO DO MUNDO 
Para a sobrevivência da Humanidade, os seres humanos desenvolveram a 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
habilidade de cooperar para se instaurar e viver em comunidade. As estratégias de 
localização espacial que tiveram sua projeção em buscar recursos naturais, caçar ou 
coletar alimentos nos grupos nômades, também se reconfiguraram através da 
necessidade de utilizar as fontes de energia, do domínio humano sobre a terra, e a 
produção de uma estrutura do espaço social. Desse modo, ao seu fixar em territórios 
o ser humano construiu suas aldeias, cidades, e disputaram esses territórios 
perpetuando guerras (CLAVAL, 2010). 
O Geógrafo Claval (2010), em sua obra revela o caráter da geografia 
enquanto pratica e ciência. Para ele a Geografia pode ser concebida também como 
um espaço de experiências, de habitar os lugares, quando nos sentimos 
pertencidos, que se diferencia da experiência de viajar, e também nas reações 
diante do mundo, em suas diversas paisagens sejam de florestas tropicais ou 
vertentes, nas habilidades transmitidas por oralidades, introduzindo na escrita ou 
desenhos traduzidos em mapas ou textos. 
 
 
 
 
 
 
 
 A GEOGRAFIA ENQUANTO PRÁTICA E CIÊNCIA 
Desde seu surgimento, a geografia sofreu várias transformações para atingir 
o seu objeto de estudo, como veremos na próxima unidade da apostila. Hoje, 
porém, a percepção do mundo tornou-se extensa, desde a parte física como por 
exemplo nos estudos dos impactos ambientais até o estudo da sociedade, o que 
confere a essa ciência uma grande importância no contexto mundial. Podemos 
conceber a Geografia, como uma Ciência da percepção do mundo? 
Em suma, a Geografia teve originalmente por objeto de estudo a descrição da 
superfície terrestre, e a partir da modernidade podemos citar alguns importantes 
estudos: 
 
 
Ao tratar de saberes como localização espacial, orientação e mapas, a geografia 
aparece como um conhecimento prático que se inicia desde os primórdios da 
humanidade. Nesse sentido, a experiência pratica cotidiana pode ser considerada 
geográfica? Em caso afirmativo, considerando-se a Geografia como prática social, 
quando a Geografia passa a ser um conhecimento cientifico? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 As transformações ambientais sobre a superfície da terra, sejam elas 
naturais ou superficiais, relacionadas com o espaço em que ocorrem. 
 Os acidentes físicos, como o clima, os solos, o relevo e os tipos de 
vegetação que influenciam na organização espacial. 
 As relações entre os grupos humanos e destes com o ambiente. 
 
Muitos autores, consideram a Geografia como uma Ciência que estuda o 
espaço ambiental e os fenômenos de transformação deste espaço na superfície da 
terra, transformações essas relacionadas de alguma forma com o lugar, quer sejam 
de origem natural ou artificial. Contudo, outros autores terão uma abordagem mais 
voltada as contradições sociais, ou aos fluxos e transformações das sociedades 
humanas. Enfim, cada abordagem recorre a uma temporalidade especifica e uma 
escola de pensamento geográfico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A GEOGRAFIA COMO SABER – O QUE É E PARA QUE SERVE? 
O campo de conhecimento científico geográfico, é permeado pela polêmica 
em relação ao objeto dessa ciência, manifestando-se em múltiplas definições. 
Alguns autores definem a Geografia como o estudo da superfície terrestre, embora 
usual, essa é uma definição vaga, já que a superfície terrestre pode abranger 
qualquer reflexão cientifica, portanto não de apenas uma disciplina. Tal definição é 
Se o geógrafo tenta entender a paisagem, o espaço e os impactos ambientais da 
superfície terrestre, podemos falar que o geógrafo tem uma visão holística? Em caso 
afirmativo, qual a função dos geógrafos na sociedade atual? 
 
OBJETO DE ESTUDO DA GEOGRAFIA –> ESPAÇO GEOGRÁFICO 
A – Estratos da paisagem física: (elementos abióticos: geologia, solos, hidrografia, clima) 
B – Biológico (flora e fauna/ distribuição das paisagens naturais) 
C – Antrópico (transformações da paisagem/ espaços organizados – urbano, industrial e 
rural) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
respaldada na própria etimologia da palavra Geografia, que significa descrição da 
terra (MORAES, 2005). 
Nessa perspectiva a Geografia deveria descrever todos os fenômenos da 
superfície da Terra, como uma síntese de todas ciências, o que é verificado pelo 
filósofo Kant. Conforme Kant a Ciência é dividida em duas classes: 
 
 
 
Dentro da segunda classe encontram-se a Antropologia e a Geografia. Essa 
considerada como a sínteses dos conhecimentos sobre a natureza, (MORAES, 
2005). “Desta forma, a tradição kantiana coloca a Geografia como uma Ciência 
Sintética (que trabalha com dados de todas as demais ciências), descritiva (que 
enumera os fenômenos abarcados) e que visa abranger uma visão de conjunto do 
planeta” (MORAES, 2005, p. 4). 
Enfim, essa perspectiva denominada Corológica gera polêmica em torno do 
termo Superfície Terrestre que pode se relacionar a Crosta Terrestre ou a Biosfera. 
Contudo, a descrição da Superfície da Terra é a base das correntes de pensamento 
geográfico (MORAES, 2005). 
Alguns autores falam sobre o estudo da paisagem como a definição do objeto 
de estudo da Geografia, cujo os aspectos visíveis do real é a principal fonte de 
análise. Assim, a paisagem vista como uma associação de múltiplos fenômenos, 
que trabalha com dados das outras ciências, configurando-a como Ciência de 
Síntese. Conforme Moraes (2005), esta perspectiva de compreensão apresenta-se 
em duas variáveis: 
 
 A tônica descritiva – enumeração dos elementos a discussão das formas 
(morfológica). Essa perspectiva valoriza a intuição nos procedimentos de 
análise. 
 A relação entre os elementos – funcionamento da paisagem (fisiologia). 
Nessa perspectiva aparece a ecologia no domínio geográfico. 
 
Outra proposta, que dialoga com a anterior é a Geografia como estudo da 
individualidade dos lugares, abarcando a singularidade dos fenômenos de cada 
porção do Planeta. Alguns geógrafos propõem a descrição exaustiva dos elementos 
Especulativa -> apoiada na razão. / Empírica -> apoiada nas observações e sensações.10 
 
 
outros a visão ecológica inter-relacionada. Essa perspectiva tem fundamento em 
autores da antiguidade clássica como Herodoto e Estrabão (MORAES, 2005). 
Na modernidade identifica-se essa expressão na Geografia Regional, a qual 
propõe o objeto de estudo como unidade espacial, ou seja: a região que é uma 
“determinada porção do espaço terrestre (de dimensão variável), passível de ser 
individualizada, em função de um caráter próprio” (MORAES, 2005, p. 5). 
Outra proposta é a definição da Geografia como estudo da diferenciação de 
áreas, que se revela em uma visão comparativa, na individualidade das áreas 
comparadas através de dados. Essa definição caracteriza-se pela por uma maior 
generalização e uma perspectiva explicativa. Contudo ocupa uma menor 
abrangência no pensamento geográfico (MORAES, 2005). 
Outros autores buscam a Geografia como estudo do espaço, para uma 
abordagem específica, que busca a lógica da distribuição e localização dos 
fenômenos. Contudo essa Geografia da dedução efetivou-se pelas estatísticas e 
quantificação, o que atualmente é alvo de debates (MORAES, 2005). 
Alguns autores entendem a Geografia como a Ciência que estuda a relação 
entre o homem e o meio, ou seja, sociedade e a natureza. O que designaria a 
Geografia como uma disciplina que relaciona Ciências Naturais e Humanas, ou 
Sociais. Nessa perspectiva, conforme Moraes (2005), aparecem 3 visões: 
 
1ª 
A primeira compreende a influência da natureza sobre o desenvolvimento da 
humanidade, cujo o homem estaria à mercê das condições naturais, posto 
como um elemento passivo diante do domínio da natureza, cuja a ação humana 
seria de adaptação ao meio, e a Geografia explicaria as formas e mecanismo 
de manifestação desse dessa ação. 
2ª A segunda compreende a Geografia no estudo da relação entre o homem e a natureza, cujo objeto de estudo é a ação do homem que transforma o meio, ou seja, o estudo dos fenômenos humanos. 
3ª Uma terceira visão afirmam que os dados humanos e naturais possuem a mesma importância. Esses três objetos informados aqui, evocam o maior debate do pensamento geográfico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
Figura 1: Principais correntes do pensamento geográfico 
 
Fonte: Parras (2015) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nessa unidade, apresentamos um mosaico de definições e formulações 
genéricas dos modelos mais relevantes. Contudo, cabe um aprofundamento da 
História do pensamento Geográfico, bem como de seus objetos, escolas e métodos 
científicos, a começar pelo período da antiguidade clássica como veremos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
Nota-se que não há um consenso a respeito da matéria, e sim controvérsias que levam a 
questão: existe unidade no pensamento geográfico? 
 
Acesse o livro “Pensar e Ser em Geografia”, disponível na Biblioteca Virtual do seu 
Porta. Ele traz uma abordagem aprofundada sobre a História do Pensamento 
Geográfico. 
Link:https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/1396 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (UVA 2003.1/ Adaptada) "Nos últimos anos, a Ciência Geográfica tem passado 
por grandes mudanças conceituais e metodológicas. Esse processo evolutivo, 
hoje, já nos fornece a ideia de que a Geografia, busca a partir das relações entre 
os homens e destes com a natureza no decorrer dos tempos, a explicação da 
organização do espaço." Com relação a introdução à Geografia, seus métodos, 
concepções, princípios e evolução, analise as frases abaixo e coloque V nas 
verdadeiras e F nas falsas. 
 
(X) O espaço geográfico nada mais é do que a paisagem em sua totalidade – a 
configuração territorial, acrescida da sociedade. 
(X) O princípio da causalidade é a própria lei de causa e efeito, característica de 
todas as Ciências. O princípio da causalidade foi defendido, em Geografia, por 
Humboldt. 
(X) Friedrick Ratzel defendeu o possibilismo geográfico. 
(X) O determinismo é um princípio radical e fatalista, empregado eventualmente 
em algumas situações, porém nem sempre e nem em todas. 
(X) Estudar geograficamente o mundo é essencialmente investigar a dinâmica 
social que está por trás das paisagens ou formas espaciais. 
A sequência, de cima para baixo, é: 
 
a) F, V, V, V, V. 
b) V, F, F, V, F. 
c) V, V, F, V, V. 
d) F, F, V, F, F. 
e) F, F, V, V, V. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
2. São apresentadas a seguir algumas considerações sobre a ciência geográfica. 
Analise-as e assinale a INCORRETA: 
a) O objeto da Geografia, tradicionalmente, tem sido a localização dos fatos na 
superfície terrestre, a relação entre os fatos de ordem natural e as inter-relações 
entre os homens e o meio natural. 
b) A Geografia entende, por organização do espaço, o arranjo do meio ambiente ao 
desenvolvimento das potencialidades da sociedade, segundo a sua cultura. 
c) O determinismo geográfico deve ser entendido como a corrente da Geografia que 
defende a possibilidade de a ação humana vencer as determinações do meio 
natural. 
d) A definição do que é Geografia não é algo simples, pois se refere a um campo do 
conhecimento científico onde reina grande polêmica. 
e) A Geografia é uma ciência que serve como base para outras ciências, desse 
modo ela percebe o mundo de uma forma muito abrangente. 
 
3. Alguns autores entendem a Geografia como a Ciência que estuda a relação entre 
o homem e o meio, ou seja, sociedade e a natureza. O que designaria a 
Geografia como uma disciplina que relaciona Ciências Naturais e Humanas, ou 
Sociais. Nessa perspectiva, conforme Moraes (2005), aparecem 3 visões: 
I. A primeira compreende a influência da natureza sobre o desenvolvimento da 
humanidade, cujo o homem estaria à mercê das condições naturais, posto 
como um elemento passivo diante do domínio da natureza, cuja a ação 
humana seria de adaptação ao meio, e a Geografia explicaria as formas e 
mecanismo de manifestação desse dessa ação. 
II. A segunda compreende a Geografia no estudo da relação entre o homem e a 
natureza, cujo objeto de estudo é a ação do homem que transforma o meio, 
ou seja, o estudo dos fenômenos humanos. 
III. Uma terceira visão afirmam que os dados humanos e naturais possuem a 
mesma importância. 
Avalie as afirmativas acima: 
a) Aa afirmativas I, II, e III estão incorretas. 
b) As afirmativas I e II são verdadeiras, e a afirmativa III é falsa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
c) As três afirmativas informados aqui evocam o maior debate do pensamento 
geográfico. 
d) As três afirmativas informados aqui são partes de uma mesma visão de mundo. 
e) As três afirmativas informados aqui não tiveram muita repercussão na História do 
pensamento Geográfico. 
 
4. O campo de conhecimento científico geográfico, é permeado pela polêmica em 
relação ao objeto dessa ciência, manifestando-se em múltiplas definições. Alguns 
autores definem a Geografia como o estudo da Superfície Terrestre, embora 
usual, essa é uma definição vaga, já que a Superfície Terrestre pode abranger 
qualquer reflexão científica, portanto não de apenas uma disciplina. Tal definição 
é respaldada na própria etimologia da palavra Geografia, que significa descrição 
da Terra (MORAES, 2005). 
Nessa perspectiva a Geografia deveria descrever todos os fenômenos da 
Superfície da Terra, como uma síntese de todas ciências, o que é verificado pelo 
filósofo: 
a) Kant. 
b) Eratóstenes. 
c) Ptolomeu. 
d) Auguste Comte. 
e) René Descartes 
 
5. Outra proposta, que dialoga com a anterior é a Geografia como estudo da 
individualidade dos lugares, abarcando a singularidade dos fenômenos de cada 
porção do Planeta. Alguns geógrafos propõem a descrição exaustiva dos 
elementos outros a visão ecológica inter-relacionada. Essa perspectiva tem 
fundamento em autores da antiguidade clássica como: 
a) Herodoto e Estrabão. 
b) Immanuel Kant. 
c) Platão e Georg Hegel. 
d) Aristóteles. 
e) Eratóstenese Ptolomeu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
6. “Desta forma, a tradição kantiana coloca a Geografia como uma Ciência Sintética 
(que trabalha com dados de todas as demais ciências), descritiva (que enumera 
os fenômenos abarcados) e que visa abranger uma visão de conjunto do planeta” 
(MORAES, 2005, p.4). 
A perspectiva anunciada no texto acima é denominada: 
a) orológica. 
b) Corográfica. 
c) Cosmológica. 
d) Fenomenológica. 
e) Historiográfica. 
 
7. Alguns autores falam sobre o estudo da paisagem como a definição do objeto de 
estudo da Geografia, cujo os aspectos visíveis do real é a principal fonte de 
análise. Assim, a paisagem vista como como uma associação de múltiplos 
fenômenos, que trabalha com dados das outras ciências, configurando-a como 
Ciência de Síntese. Conforme Moraes (2005), esta perspectiva de compreensão 
apresenta-se em duas variáveis: 
a) A tônica descritiva na relação entre os elementos. 
b) A humanística e a Corológica. 
c) A regional e local. 
d) A singular e a geográfica geral. 
e) A divisão por áreas e a estatística. 
 
8. Outros autores buscam a Geografia como estudo do espaço, para uma 
abordagem especifica, que busca a lógica da distribuição e localização dos 
fenômenos. Contudo essa Geografia da dedução, atualmente é alvo de debates e 
efetivou-se pela: 
a) Diferenciação de áreas. 
b) Estatísticas e quantificação. 
c) Método regional. 
d) Relação entre o homem e o meio. 
e) Descrição dos fenômenos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
UNIDADE 
 
A GEOGRAFIA DA ANTIGUIDADE 
CLÁSSICA AO RENASCIMENTO 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
As origens da Geografia estão ligadas a Antiguidade Clássica, sobretudo ao 
pensamento grego. Considera-se que alguns estudos tiveram uma grande influência 
na formulação do pensamento geográfico, sobretudo a partir da Cartografia e 
Cosmologia, podendo-se citar como grandes expoentes Tales e Anaximandro, com 
a medição do espaço e o debate sobre a forma da Terra, que atualmente está 
aprofundado nos estudos da Geodésica, e Heródoto com a descrição dos lugares, e 
dentre outros estudos (MORAES, 2005). 
Contudo, no período da Antiguidade Clássica esses conhecimentos estavam 
desarticulados, e ainda não tinham o rótulo de Geografia, mas hoje fazem parte da 
disciplina geográfica. Nesse sentido, na unidade 2 busca-se a compreensão dos 
debates, pressupostos e reflexões em torno da Geografia na antiguidade clássica. 
Sigamos, nossos estudos nessa viagem pela antiguidade clássica. 
 
 
 ORIGENS E PRESSUPOSTOS DA GEOGRAFIA DA ANTIGUIDADE 
CLÁSSICA 
É considerável que as Geografias Vernaculares encontradas em escritos 
antigos da antiguidade clássica tem na descrição do mundo mediterrâneo a sua 
gênese, o que pode ser observado na obra Odisseia de Ulisses, o qual descreve 
“uma evocação de seus povos e de suas cidades através do catálogo dos navios 
Aqueus e dos efetivos troianos na Ilíada” (CLAVAL, 2010, p. 67). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
Figura 2: A apoteose de Homero 
 
Fonte: Jean-Auguste-Dominique Ingres (1827) 
 
Conforme Claval (2010), pode-se afirmar que o termo Geografia aparece em 
c.284-c. 192 a.C. cunhado por Eratóstenes. Esse saber advém de um mundo já 
percorrido e majoritariamente dominado por Gregos e Macedônios, após ser 
conquistado por Alexandre. Essa é a Geografia que estuda sobre a Terra redonda e 
o seu posicionamento no cosmos, a ênfase da esfericidade da Terra, cunhada como 
método astronômico por Pitágoras, e embasada em uma nova corrente de reflexão 
por Tales (c. 625-c 547ª.c.), Anaximandro (c.610-c.547 a.C.) e Heráclito (c.550-c. 
480 a. C.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
Para os gregos a descrição regional pode ser feita em duas diferentes 
escalas: Geógrafos e Corógrafos. Na primeira escala o Geógrafo ‘apreende a 
totalidade do mundo habitado, o ecúmeno’ e a partir das histórias de Heródoto 
descrevem os países conhecidos pelos Gregos, e mais adiante Erastóstenes cria as 
coordenadas geográficas para fazer carta geográficas. Já na escala do Corógrafo 
interessa uma área particular, preocupando-se mais com o mundo do visível 
(CLAVAL, 2010). 
 
Figura 3: Erastóstenes 
 
Fonte: Secretaria de Educação do Paraná 
 
Ademais, a descrição regional também pode ser concebida como uma 
etnografia, que perpassa o nascimento dos mitos e o seu desenvolvimento, “ela fixa 
a base territorial da religião e da cultura” (CLAVAL, 2010, p. 83) 
Com o passar do tempo, as descrições regionais mudaram conforme a 
construção da identidade na Grécia Clássica, cada região lugar e mitologia, e a 
Geografia se sobrepõe a Corografia, como exposto por Claval (2010, p. 83). 
Eratóstenes (em grego: Ἐρατοσθένης, transl.: Eratosthéni̱s; Cirene, 276 a.C. — 
Alexandria, 194 a.C.) foi um matemático, gramático, poeta, geógrafo, bibliotecário e 
astrônomo da Grécia Antiga. Nasceu em Cirene, Grécia, e morreu em Alexandria. 
Estudou em Cirene, em Atenas e em Alexandria. Disponível em : 
http://www.filosofia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=650&evento=6 . 
Acesso em: 29 dez. 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
Em sua dimensão regional, a Geografia antiga continua imperfeita. Por que 
ela é, no entanto, vitoriosa sobre a Corografia? Pela sua constante 
preocupação em interpretar o local em função das forças que vão além 
deste e o determinam: aquelas que resultam da situação do globo no 
universo (sua dimensão astronômica), aquelas que opõem o centro 
civilizado do mundo habitado às suas periferias selvagens (a dimensão 
religiosa e cultural). A Geografia trata do espaço da humanidade. 
 
Nos séculos XV e XVI corógrafos e geógrafos se diferiram, a partir de uma 
nova visão no contexto histórico do Renascimento. A cosmografia, associa-se aos 
jogos de poder como um instrumento do imperialismo europeu. Seu sucesso deve-
se as técnicas de viagens e medições mais precisas da Terra a partir de 
observações astronômicas, e a descrição como uma herança grega (CLAVAL, 
2010). 
 
 
 ORIGENS E PRESSUPOSTOS DA GEOGRAFIA NO RENASCIMENTO 
Durante a idade média, a Geografia perdeu importância no cenário científico, 
já que esse passa a ser moldado pelo conhecimento religioso, e a igreja passou a 
ter domínio de todas as questões. Após a quebra da ordem medieval e a eminência 
da era do Renascimento científico, com o fim do Geocentrismo apareceram novas 
formas de conceber a terra. Através de Copérnico a hipótese geocêntrica, a qual 
concebe a Terra como o centro do Universo cai por terra. As grandes descobertas 
que se sucederam as navegações, que esclareceu que o ecúmeno se estende ao 
velho e ao novo mundo, mais a zona glacial, comprovaram a redondeza da Terra. 
Varenius um Alemão, se interessou em estudar o perímetro da Terra e dos paralelos 
e definiu uma Geografia Física que explica a rotação da Terra (CLAVAL, 2010). 
No século XVII, o geógrafo ganha um reconhecimento, e a disciplina passa a 
ser ensinada nos colégios católicos ou academias protestantes. Contudo, o 
conhecimento faz parte de uma elite, a exemplo do Oficial da Marinha que o utiliza 
para levantar e ler plantas e o marinheiro que a usa para desenhar as linhas de 
navegação. Desse modo, a Geografia se desenvolve a partir da cartografia, com 
No ocidente os discursos geográficos tornaram-se científicos inicialmente no século VI 
pelos gregos, e depois no século XVIII na França e Alemanha, embora até o século XVIII 
não havia um conhecimento geográfico unitário (CLAVAL, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
procedimentos cada vez mais exatos para medir as coordenadas geográficas e 
utilizar dados estatísticos (CLAVAL, 2010). 
No século XVIII, o campo da cartografia se destaca do resto da disciplina 
Geográfica, a qual precisa reinventar-se. A cartografia torna-se uma junção de 
conhecimentos dos astrônomos, navegadores, exploradores, topógrafos e eruditos, 
já no campo do geógrafohouve uma perda do suporte institucional (CLAVAL, 2010). 
 
Designam-se como Geografia: relatos de viagem, escritos em tom literário; 
compêndios de curiosidades, sobre lugares exóticos; áridos relatórios 
estatísticos de órgãos de administração; obras sintéticas, agrupando os 
conhecimentos existentes a respeito dos fenômenos naturais; catálogos 
sistemáticos, sobre os continentes e os países do Globo etc. Na verdade, 
trata-se de todo um período de dispersão do conhecimento geográfico, onde 
é impossível falar dessa disciplina como um todo sistematizado e 
particularizado (MORAES, 2005, p. 11). 
 
 
 
Figura 4: O Que Permanece o Espírito do Cartografo Hoje? 
 
Fonte: Barroso (2017) 
Muitos temas que hoje são cabíveis a Ciências Geográfica, antes não eram designados 
pelo rótulo da Geografia. Essa tendência apresentada aqui permanece até o final do 
século XVIII, embora houvessem alguns autores de grande importância que tenham 
dado essa rotulação a Geografia, como por exemplo Ptolomeu que criou a obra “síntese 
geográfica”, porém os temas tratados por tais autores têm pouco em comum com o que 
seria considerado Geografia em períodos posteriores. Portanto, até o século XVIII não 
havia um conhecimento geográfico unitário (MORAES, 2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É considerável que a geografia adquiriu uma validade científica com os 
gregos, na construção de cartas geográficas precisas. Contudo, nesse período eles 
não investigaram a diversidades de relevos existentes e nem a maneira como os 
seres humanos estabelecem um domínio sobre o meio ambiente. Porém no século 
XVII essas operações cartográficas, tornam-se demasiadamente técnicas e a 
geografia perde o seu lugar institucional (CLAVAL, 2010). 
Já na idade do Século das Luzes, as Ciências da Natureza conferem a 
Geografia os elementos para descrever a face da terra, explicar a formas e gênese 
do relevo. A Geografia Física nasceu, e ganhará mais ênfase na Geografia Clássica, 
como veremos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
A Geografia nasce na Grécia, apesar das diferenças entre a Geografia Grega e atual, 
criou-se uma linha que constrói uma identidade científica. Nesse sentido, a História da 
Ciência, produz muito mais continuidade do que rupturas. 
Contudo, é considerável que a episteme da Geografia, ou seja, o seu discurso, está 
ligado a um tempo e a um contexto histórico, diante disso a nossa sociedade utiliza o 
conhecimento geográfico? Qual influência da Geografia grega na atualidade? 
Documentários sobre a história da Cartografia e Geografia: 
https://www.youtube.com/watch?v=qtbi4cgomK8 
https://www.youtube.com/watch?v=MFHIolbLjHc 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (UVA 2004.1/ Adaptada) Sobre a Geografia, seus métodos, seus 
procedimentos, sua abordagem não são verdadeiros afirmar que: 
a) A Geografia Tradicional tem por base metodológica a teoria marxista. 
b) O espaço geográfico é fruto da dinâmica social (relação homem, natureza 
e trabalho) que se diferencia de acordo com a formação história, no espaço e no 
tempo. 
c) A Geografia ao longo de sua trajetória tem vivenciado avanços e recuos. Hoje, 
pode-se dizer que a Geografia apresenta grandes avanços metodológicos 
permitindo compreender a dinâmica e as contradições sociais do espaço 
geográfico. 
d) A sala onde você está fazendo esta prova para concorrer a uma vaga 
do vestibular, contém natureza transformada pelo trabalho social. Olhe para 
as paredes, carteiras e demais objetos ao seu redor e perceberá isto. Quase tudo 
que nos cerca é o resultado do trabalho social sobre a natureza, inclusive o 
espaço geográfico, objeto de estudo da Geografia. 
e) As origens da Geografia estão ligadas a Antiguidade Clássica, sobretudo ao 
pensamento grego. 
 
2. (CESGRANRIO - 2013) As formas e os conteúdos das Geografias pré-científicas, 
que são qualificadas, de preferência, de etnogeografias, variam de uma cultura a 
outra. Pode-se esquematicamente opor as geografias transmitidas pela palavra, e 
os quadros descritivos redigidos por especialistas para responder às curiosidades 
dos públicos cultos ou às necessidades das administrações. As primeiras são 
características das sociedades primitivas ou de frações populares das grandes 
sociedades industriais. 
CLAVAL, P. Epistemologia da Geografia. Florianópolis: UFSC, 2011, p. 23. Adaptado. 
 
Essa Geografia produzida por frações populares das grandes sociedades 
industriais, descrita acima, é a denominada Geografia: 
a) Crítica. 
b) Possibilista. 
c) Vernacular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
d) Determinista. 
e) Quantitativista. 
 
3. Claval (2010), afirma que o saber geográfico advém de um mundo já percorrido e 
majoritariamente dominado por Gregos e Macedônios. Pode-se afirmar que o 
termo Geografia aparece em c.284-c. 192 a.C. cunhado por: 
a) Eratóstenes. 
b) Ptolomeu. 
c) Galileleu Galilei. 
d) Pitágoras. 
e) Tales. 
 
4. Para os gregos a descrição regional pode ser feita em duas diferentes escalas: 
Geógrafos e Corógrafos. Com relação as escalas da descrição regional, assinale 
a alternativa correta: 
a) Na escala do Geógrafo apreende-se a totalidade do mundo habitado, o ecúmeno. 
b) Na escala do Geógrafo descrevem os locais específicos conhecidos pelos 
Gregos. 
c) Eratóstenes cria as coordenadas geográficas para fazer carta geográficas na 
Escala Corográfica. 
d) Na escala do Corógrafo interessa uma área geral. 
e) Na escala do Corógrafo preocupa-se mais com o mundo do invisível. 
 
5. Com relação as origens da Geografia enquanto Ciência no renascimento, assinale 
a alternativa INCORRETA: 
a) Durante a Idade Média, a Geografia perdeu importância no cenário científico, já 
que esse passa a ser moldado pelo conhecimento religioso, e a igreja passou a 
ter domínio de todas as questões. 
b) Após a quebra da ordem Medieval e a eminencia da era do Renascimento 
científico, com o fim do Geocentrismo apareceram novas formas de conceber a 
Terra. 
c) Através de Copérnico a hipótese geocêntrica, a qual concebe a Terra como o 
centro do Universo cai por terra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
d) As grandes descobertas que se sucederam as navegações, que esclareceu que o 
ecúmeno se estende ao velho e ao novo mundo, mais a zona glacial, 
comprovaram a redondeza da Terra. 
e) No século XVII, o geógrafo ganha um reconhecimento, contudo a disciplina ainda 
não era ensinada nos colégios católicos ou academias protestantes. 
 
6. “No século XVIII, a Geografia se desenvolve a partir da cartografia, com 
procedimentos cada vez mais exatos para medir as coordenadas geográficas e 
utilizar dados estatísticos”. 
Assinale uma consequência para a Geografia, a partir da afirmativa acima: 
a) O campo da cartografia se destaca do resto da Disciplina Geográfica, a qual 
precisa reinventar-se. 
b) A cartografia torna-se uma divisão de conhecimentos dos astrônomos, 
navegadores, exploradores, topógrafos e eruditos, que não se relacionam. 
c) No campo do geógrafo houve um ganho no suporte institucional. 
d) O campo da Geografia se destaca do resto da Disciplina Cartográfica 
e) O conhecimento geográfico se popularizou. 
 
7. As origens da Geografia estão ligadas a Antiguidade Clássica, sobretudo ao 
pensamento grego. Contudo, até o século XVIII não havia um conhecimento 
geográfico unitário, nesse contexto pode-se considerar que alguns estudos de 
cunho geográfico, exceto: 
a) Tales e Anaximandro, com a medição do espaço e o debate sobre a forma da 
terra (atualmente conhecido como Geodésica) 
b) Heródoto com a descrição dos lugares 
c) Odisseia de Ulisses, o qual descreve “uma evocação de seus povos e de suas 
cidades através do catalogo dos navios aqueus e dos efetivos troianos na Ilíada” 
d) A Geografia que estuda sobre a Terra redonda e o seu posicionamento no 
cosmos, a ênfase da esfericidade da Terra, cunhada como método astronômicopor Pitágoras. 
e) Uma nova corrente de reflexão por Tales (c. 625-c 547ª.c.) a qual questionava a 
esfericidade da terra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
8. “Designam-se como Geografia: relatos de viagem, escritos em tom literário; 
compêndios de curiosidades, sobre lugares exóticos; áridos relatórios estatísticos 
de órgãos de administração; obras sintéticas, agrupando os conhecimentos 
existentes a respeito dos fenômenos naturais; catálogos sistemáticos, sobre os 
continentes e os países do Globo etc. Na verdade, trata-se de todo um período de 
dispersão do conhecimento geográfico, onde é impossível falar dessa disciplina 
como um todo sistematizado e particularizado”, (MORAES, 2005, p.11). 
O texto acima descreve um período, na História do pensamento Geográfico 
denominado: 
a) Antiguidade clássica. 
b) Renascimento científico. 
c) Idade Moderna. 
d) Idade Média. 
e) Idade contemporânea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
A GEOGRAFIA CLÁSSICA 
(TRADICIONAL) 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
Após a perda da visibilidade do papel do geógrafo como descrito 
anteriormente, no século XIX ocorreu um renascimento da Geografia Física a partir 
de uma razão mecanicista que abarca a observação, experiência e o cálculo 
matemático. Concomitantemente, uma razão naturalista se estabelece com o 
conhecimento da Superfície da Terra (rochas, minerais, plantas) (CLAVAL, 2010). 
Com a era do Renascimento, período também denominado de século das 
luzes (Iluminismo), a Geografia obteve duas direções: A 1º perpassa pela 
necessidade de um novo modelo cosmológico que substituísse o geocentrismo; já 
na 2º direção caberia adotar a geografia clássica para os modelos fundamentais, 
(GOMES, 1996). 
Dessa forma, na unidade 3, busca-se compreender as condições históricas 
vivida no início do século XIX, que consequentemente influenciará na sistematização 
do conhecimento geográfico clássico, enquanto ciência. 
Vamos juntos sintonizar rumo a Geografia Clássica! 
 
 
 ORIGENS E PRESSUPOSTOS DA GEOGRAFIA CLÁSSICA 
Assim, conhecer a extensão real do Planeta foi essencial, para se pensar no 
método unitário de estudo, da ideia de conjunto terrestre, o que só foi possível após 
as ‘Grandes navegações’ dos europeus e suas descobertas, diante de um modo de 
produção capitalista (MORAES, 2005). 
A passagem do Feudalismo para o Capitalismo, cuja Europa era o centro, que 
expandiu a sua atuação por toda Superfície Terrestre. A mundialização se constitui 
no fim do século XIX, ou seja, o conhecimento de toda a terra existente, embora 
nem todos fossem visitados (MORAES, 2005). 
Outro pressuposto para que a Geografia fosse sistematizada seria a 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
necessidade de um levantamento de dados e informações sobre os vários lugares 
da terra, em um arquivo confiável que serviria de base empírica para a análise e 
comparação dos vários lugares da superfície da terra. Isso se fez necessário 
sobretudo, com a ocupação de novos territórios com o avanço do mercantilismo e os 
impérios coloniais, para assim conhecer as realidades locais. Nesse sentido a 
geografia do século XIX, servia para elaborar não só relatos de viagens como 
inventários e levantamentos técnicos dos territórios explorados pelo interesse dos 
Estados, fundando institutos nas metrópoles incumbidas desse material (MORAES, 
2005). 
Outro pressuposto que precede uma Geografia unitária era o estabelecimento 
e aprimoramento da cartografia e as suas técnicas como instrumento do Geógrafo, 
para representar e localizar os fenômenos em territórios, que servia a expansão do 
comércio globalizado, pode-se citar o surgimento de cartas e atlas fundamentais 
para as navegações (MORAES, 2005). 
Portanto todos esses pressupostos aqui considerados na sistematização da 
Geografia, são influenciados e influenciam as relações capitalistas, nesse novo 
modo de produção, e transformações produzidas a nível econômico e político, 
“incidindo sobre os temas tratados pela geografia, valorizam-nos, legitimam-nos, 
enfim dotam-nos de uma cidadania acadêmica” (MORAES, 2005, p. 13). 
As correntes filosóficas do século XVIII, conduzem os temários da Geografia 
para a afirmação das possiblidades da razão humana, uma postura progressista que 
refuta o que restara da ordem feudal, ou seja, a lógica teológica do mundo. Uma 
explicação racional do mundo, que deslegitima a visão religiosa e sua ordem social. 
Nesse sentido a geografia cumpre a sua função de explicar os fenômenos, e 
sistematizar conforme temas geográficos (MORAES, 2005). 
O Nesse contexto o interesse pela Geografia perpassa para os filósofos como 
Hegel, Montesquieu, Rousseau, Turgot e Kant e Lienbniz e dentre outros. Dentro 
destes estudos filosóficos, os temários geográficos ganham importância. Autores 
como kant ou Lienbniz dedicados a filosofia do conhecimento, trazem a questão do 
espaço, outros como filósofos como Hegel destacaram a influência do meio sobre a 
evolução das sociedades) (CLAVAL, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
Os pensadores políticos do Iluminismo também contribuíram para a 
sistematização geográfica, a partir do debate sobre as formas de poder e 
organização do espaço, sendo ideólogos da revolução burguesa. Como exemplo 
cita-se Montesquieu na obra ‘O espirito das leis’, que elabora teses deterministas 
cujo povos que habitam regiões montanhosas teriam índoles pacíficas, já que teriam 
uma proteção natural do meio ao contrário de quem vive no litoral ou planícies que 
seriam guerreiros alertos, caso ocorra uma invasão (MORAES, 2005). 
Outros trabalhos da economia política também valorizaram temas 
geográficos, através de análises da vida social advindos da necessidade das 
relações econômicas, como por exemplo o problema do aumento populacional ou a 
produtividade do solo. 
Na Teoria do Evolucionismo, também aparecem temas concernentes a 
Geografia. Darwin e Lamarck ao tratar das condições ambientais na evolução das 
espécies e adaptação ao meio trazem alusões aos temas geográficos, sobretudo na 
metodologia naturalista que serviu as propostas dos primeiros geógrafos (MORAES, 
2005). 
Já no início do século XIX, a terra estava conhecida e os pressupostos da 
sistematização da geografia estavam estabelecidos. Na Europa o comercio 
conectou lugares distantes e relações econômicas capitalistas, nas quais o 
colonizador europeu possuíam informações de diversos pontos da Superfície 
Terrestre. O mundo era representado através da cartografia, ou seja, os mapas. A 
Filosofia, caminhava para a fé na razão humana, e as ciências naturais estavam 
firmadas em seus conceitos e categorias, sendo que a Geografia as utilizava como 
Kant um filósofo do Iluminismo: No século XVIII Revolução Burguesa e Industrial, 
ocorreram simultaneamente na Inglaterra e na França, ao passo que a Alemanha 
permanecia atrasada. Kant, queria combinar a ciências da natureza incorporando o 
homem ao seu discurso, seja no empirismo da ciência ou no abstrato da filosofia. 
Através da Geografia, Kant buscou conhecimentos empíricos relacionados a natureza, já 
na História (hoje aproximado ao campo da psicologia social ou antropologia) o autor 
buscou conhecimentos referentes ao homem (MOREIRA, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
método científico. Nesse contexto, a geografia passou a ser considerada como 
ciência autônoma, servindo de instrumento de consolidação do capitalismo em 
alguns países da Europa (MORAES, 2005). 
Na Alemanha aparecem os primeiros institutos e portanto as primeiras teorias, 
métodos e correntes de pensamentos no século XIX, sendo os autores Alemães 
Humboldt e Ritter considerados os ‘pais da Geografia’ (MORAES, 2005). 
 
 POSITIVISMO COMO FUNDAMENTO DA GEOGRAFIA TRADICIONAL 
Todas as correntes da Geografia Tradicional têm como base metodológica e 
filosófica o positivismo. Este é vistocomo um “conjunto de correntes não dialéticas”, 
(MORAES, 2005, p. 7). 
A redução da realidade ao mundo dos sentidos, ou seja, aos aspectos visíveis 
do real, mesuráveis e palpáveis estão no cerne dos estudos positivista. Na 
geografia, o positivismo aparece a partir da concepção “a Geografia é uma ciência 
empírica, pautada na observação”, que muito críticos consideram como uma visão 
reducionista a um mero empirismo, cujo o cientista é mero observador (MORAES, 
2005). 
 A descrição, enumeração e classificação dos fatos e fenômenos referentes 
ao espaço, tornou-se limitante ao propósito maior de se chegar a um conhecimento 
geográfico mais generalizador, sem um formalismo tipológico, os quais concluíam 
análises de tipos formais a-históricas e abstratas. Assim, para o estudante 
secundário, resta a memória exaustiva enumerativa (MORAES, 2005). 
O Método Positivista é originário das Ciências da Natureza. A partir do 
positivismo, evidencia-se uma ideia da existência de um único método de 
interpretação, que não considera as diversas qualidades das ciências humanas e 
naturais. O ser humano passa a ser apenas um elemento a mais na paisagem, como 
por exemplo nos estudos de populações como um conceito numérico, falando-se 
pouco da sociedade ou do especificamente humano (MORAES, 2005). 
Dentro dessa configuração, a Geografia como uma Ciência de Síntese, 
perpassa pela concepção classificatória do positivismo, a qual ordenaria todos os 
conhecimentos produzidos pelas demais ciências, que seria exaustiva em termos de 
abrangência, podendo integrar tudo que influência na Superfície da Terra. Tal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
concepção contribuiu na indefinição de um objeto de estudo (MORAES, 2005). 
Assim, o pensamento geográfico se embasou em alguns princípios de análise 
formulados pela pesquisa de campo, tidos como inquestionáveis, são eles: o 
princípio da unidade terrestre, o princípio da individualidade, o princípio da 
atividade, o princípio da conexão, o princípio da comparação, o princípio da 
extensão e o princípio da localização. Tais princípios permitiram uma generalização 
de posicionamentos metodológicos antagônicos (MORAES, 2005). 
 
 
 
 
As generalidades e vaguidades repercutiram propostas dispares e 
antagônicas, o que culminou no dualismo do pensamento Geográfico Tradicional: 
 
Geografia Física – Geografia Humana, Geografia Geral – Geografia 
Regional, Geografia Sintética – Geografia Tópica e Geografia Unitária – 
Geografias Especializadas. Estas dualidades afloram, no trabalho prático de 
pesquisa, em vista da não-resolução do problema do objeto, ao nível 
teórico. As soluções propostas são, na maior parte dos casos, puramente 
formais (linguísticas), e se diluem na pesquisa de campo. Nesta, ou se dá 
ênfase aos fenômenos humanos, ou aos naturais; ou se trabalha com uma 
visão global do planeta, ou se avança na busca da individualidade de um 
dado lugar; ou se analisa a um nível superficial a totalidade dos elementos 
presentes, ou se aprofunda o estudo apenas duma classe de elementos 
(MORAES, 2005, p. 09). 
 
Conforme Moraes (2005), essas máximas e princípios são utilizados no 
pensamento geográfico de forma não - crítica, e ao mesmo tempo inquestionáveis, 
haja visto que a sua importância se daria na sustentação e legitimidade a disciplina, 
que busca superar suas fragilidades. Desse modo, para Moraes (2005, p. 09). 
 
 A impossibilidade de existir um conteúdo consensual na Geografia está no 
fato de o temário geral se substantivar em propostas apoiadas em 
concepções de mundo, em metodologias e em posicionamentos sociais 
diversificados, e muitas vezes antagônicos. 
 
Conforme Moraes (2005), a diversidade metodológica é palco de conflitos, já 
que a luta de classes também se traduz no domínio de conhecimento cientifico e 
corrobora para uma luta ideológica. Desse modo, a Geografia ao aceitar o rótulo 
dos estudos que compreendem o temário geral, se não considerar a prática social 
como relevante, veicularão interesses de uma classe (MORAES, 2005). 
Compreenda melhor sobre os princípios de análise geográficos a partir do site: 
https://www.geoperito.com.br/oficial/index.php/pt-br/same-as/registro-montanha/109-
biograph/168-classica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
De tal modo, o que é a Geografia? Essa pergunta deve ser ressignificada, 
quando se compreende que existem geografias e métodos que expressam 
posicionamentos sociais de um temário geral. 
 
Escapa-se do plano da abstração, quando se aceita que existem tantas 
Geografias quanto forem os métodos de interpretação. E mais, que 
Geografia é apenas um rótulo, referido a um temário geral. E que este só se 
substantiva através de propostas orientadas por métodos, que expressam 
posicionamentos sociais. Assim, o que é Geografia dependerá da postura 
política, do engajamento social, de quem faz Geografia. Assim, existirão 
tantas Geografias, quantos forem os posicionamentos sociais existentes 
(MORAES, 2005, p. 10). 
 
 
 
 
 
 
 LINHAS DE FORÇA E A FRAGMENTAÇÃO DA GEOGRAFIA CLÁSSICA 
Em meados do século XIX e XX, foi um período contraditório de 
transformações e permanências que geraram conflitos. Nas ciências 
questionamentos e descobertas proporcionam revoluções no pensamento científico 
como por exemplo com a descoberta da segunda lei da termodinâmica, assim como 
na técnica a exemplo da engenharia genética e microeletrônica. Já na arte, o 
impressionismo e representações do mundo de incertezas, descontinuidades e 
subjetividades. No campo das ciências do homem, aparecem tensões que sinalizam 
ideologias do direito dos povos decidirem sobre a forma e o destino vividas em 
sociedade, seja, por exemplo no liberalismo ou no socialismos (MOREIRA, 2008). 
 
O período que começa, no final da segunda metade do século XIX, é o 
período de uma nova fase. A fase de uma Geografia marcada pelo 
antagonismo da necessidade de fragmentar-se para estar em dia com a 
contemporaneidade do pensamento e da necessidade de recuperar a 
integralidade de visão de mundo que tinha antes. Está nascendo a 
Geografia clássica (MOREIRA, 2008, p. 16). 
 
 
 
 
 
 
 
A unidade do pensamento da Geografia Tradicional fundamenta-se no positivismo, que 
se caracteriza pelo o empirismo e naturalismo!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
Figura 5: O progresso do século 
 
Fonte: Porfirio (2020?) 
 
A divisão técnica do trabalho trazido pela 2º revolução industrial, que 
fragmenta o trabalho, o pensamento e a sociabilidade exaustivamente, e na 
fragmentação das ciências e conhecimentos (MOREIRA, 2008). 
No sistema positivista, a expressão da sociedade técnica, separa o 
inorgânico, orgânico e o humano em esferas dissociadas. Nesse contexto a 
Geografia, foi a última ciência a se fragmentar, primeiro em referência a Matemática, 
na esfera do inorgânico, e só depois tardiamente na esfera do humano. 
Contudo, a modelização proposta da matemática não dará conta de se 
implantar na esfera do humano, e não se firma sem dificuldade no próprio inorgânico 
(MOREIRA, 2008). 
Desse modo, os neokantianos temiam que se a ciência não fosse rigorosa 
não se sustentaria, sem os parâmetros matemáticos, os quais visavam para a 
ciências dos homens. Nesse contexto, tem-se uma projeção de uma crise na 
Geografia, a qual designou como solução o método da Matemática para o 
tratamento científico da natureza e o institucional para o tratamento científico do 
homem. Assim nascem as Ciências Naturais e as Ciências Humanas na virada do 
sec. XIX e XX (MOREIRA, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
Quadro 1: A fragmentação da Geografia Clássica 
Dicotomias: A Geografia Física A Geografia Humana 
Área de 
concentração: 
 
geomorfologia e climatologia, 
biogeografia. 
 
Geografia agrária, Geografia urbana, 
Geografia Econômica – posteriormente 
geografia da população, geografia da 
indústria e a geografia do consumo. 
Fundamentos e 
métodos:Modelo física newtoniana – 
fenômenos explicados pela lei da 
gravidade. 
Extrapolam o plano da percepção 
sensível para a certeza sensível do 
mapa materializado na modelagem 
matemática transfigurada em 
cartografia. 
A Geografia humana surge na interface 
com a sociologia e antropologia. Compete 
as geografias humanas setoriais a 
descrição e mapeamento das formas, 
conforme os parâmetros da a sociologia e 
antropologia ou economia. 
Vertentes 
A Geomorfologia distingue-se da 
Geologia, definindo-se pelo estudo 
das formas do relevo terrestre e a 
escala do tempo. 
A Climatologia surge na fronteira 
com a meteorologia, se 
aprofundando as formas 
projetamento dos fenômenos 
meteorológicos na superfície 
terrestre, clima e mapeamento. 
A Biogeografia surge na fronteira 
com a biologia, como descrição e 
mapeamento das formas de 
vegetação na superfície terrestre, 
interagindo com o clima e solo. 
Geografia Agrária estuda a descrição do 
mapa das formas das relações agrarias. 
Geografia Urbana estuda as formas das 
passagens urbanas e as relações 
hierárquicas das cidades e mercados. 
Geografia econômica capta sensível das 
relações de Geografia Agrária e da 
indústria onde o mapa ou abstrato das 
relações da economia. 
 
Fonte: Moreira (2008) 
 
O quadro acima foi elaborado conforme Moreira (2008). Para este autor a 
dualidade da Geografia Física- humana se desloca da Teoria neokantiana para a 
Geografia. Contudo “o modelo matemático da física clássica se encaixa na 
Geografia Física Setorial, mas o modelo sociologia-antropologia não tem o mesmo 
sucesso na Geografia Setorial Humana 
 
Três formalizações vão, todavia, se estabelecer como formato de discurso 
na Geografia clássica enquanto modalidade de ciência moderna: I) a 
consolidação e ampliação de formas setoriais; 2) a reunião formal das 
Geografias Setoriais nas chancelas da Geografia Física, reunindo os 
setores de estudo da natureza, e da Geografia Humana, reunindo os 
setores de estudo do homem, no sentido neokantiano do homem social-
cultural (o ‘homem empírico’ de Foucault); e 3) o surgimento das 
alternativas unitárias, com o aparecimento da Geografia regional e a 
geografia da civilização (MOREIRA, 2008, p. 19). 
 
A partir da fragmentação, a Geografia se produz pelas certezas e limitações 
da vertente positivista. Primeiro se fragmenta, depois reaglutina-se, nos parâmetros 
neokantianos, contudo permanecem os dilemas do pensamento que segue, sejam 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
eles da Geografia Física que não acompanha as mudanças da Física Newtoniana, 
ou da Geografia Humana que não se encontra nas ciências do homem, (MOREIRA, 
2008). 
É considerável, que o fracasso a tentativa neokantiana, não oferece uma 
referência de teoria e método. No âmbito unitário, na Geografia Clássica se 
reconhece a Geografia Regional e a Geografia das Civilizações. A Geografia 
Regional afirma a Geografia Clássica, na região como unidade do físico e do 
humano, já a Geografia da Civilização se firma no discurso da relação do homem 
com o meio no globo (MOREIRA, 2008). 
 
 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Em primeiro lugar, a Geografia Tradicional deixou uma ciência elaborada, um 
corpo de conhecimentos sistematizados, com relativa unidade interna e indiscutível 
continuidade nas discussões. Deixou fundamentos, que mesmo criticáveis, 
delimitaram um campo geral de investigações, articulando uma disciplina autônoma. 
Nesse processo, elaborou um temário válido. 
Em segundo lugar, a Geografia Tradicional elaborou um rico acervo empírico, 
fruto de um trabalho exaustivo de levantamento de realidades locais. Mesmo que por 
vias metodológicas também criticáveis, o valor das informações acumuladas não 
pode ser minimizado. Constituem um substantivo material para pesquisas 
posteriores, pois apresentam dados minuciosos sobre situações singulares. Neste 
sentido, a tônica descritiva foi benéfica, pois forneceu informações fidedignas 
E, finalmente, o pensamento tradicional da Geografia elaborou alguns 
conceitos (como território, ambiente, região, habitat, área etc.) que merecem ser 
rediscutidos. 
A Geografia enquanto Ciência Institucional surge na metade do século XIX, pois antes 
era embasada por uma ciência natural, os naturalistas viajavam e viam as diferentes 
paisagens naturais e faziam descrições geográficas. No século XIX qual era o papel da 
Geografia enquanto disciplina acadêmica? E hoje, o método da descrição geográfica 
ainda é utilizado? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (CESPE - 2010 - Instituto Rio Branco) Os primeiros anos da modernidade são 
marcados pela produção de uma enorme quantidade de dados e de informações 
dificilmente tratáveis de maneira sistemática pela ciência da época. A ausência de 
segmentação no seio da ciência impossibilitava a análise de certos temas 
particulares nascidos desses dados. Assim, a partir do início do século XIX, os 
domínios disciplinares específicos organizaram-se definindo seu objeto próprio 
em torno dessas questões. 
Paulo César da Costa Gomes. Geografia e modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, 
p. 149 (com adaptações). 
 
A partir do texto acima, assinale a opção correta acerca da história do 
pensamento geográfico e da institucionalização da Geografia como ciência. 
 
a) A institucionalização da Geografia como disciplina acadêmica originou-se na 
França, com os estudos regionais empreendidos pelos herdeiros do Iluminismo do 
século XVIII, como Vidal de La Blache. 
b) A Geografia firmou-se como domínio disciplinar específico na Antiguidade, com 
obras de geógrafos como Estrabão e Ptolomeu, que delimitaram o objeto de 
estudo próprio da nova disciplina que surgia: o espaço terrestre. 
c) Grande parte dos historiadores da geografia atribui a Alexander von Humboldt a 
responsabilidade pelo estabelecimento das novas regras do Pensamento 
Geográfico Moderno, visto que ele rompeu com o enciclopedismo francês e 
abandonou as narrativas de viagens e as cosmografias. 
d) A Geografia Moderna tornou-se científica com a ascensão do possibilismo, cujos 
ideais, já em meados do século XIX, superaram as ideias deterministas e 
naturalistas em voga no início do século. 
e) A Geografia científica, que surgiu a partir do século XIX, com as obras de 
Alexander von Humboldt e Carl Ritter, foi influenciada pelo saber geográfico 
anteriormente produzido e pelo sistema filosófico de Emmanuel Kant, que 
considerava a Geografia uma ciência ao mesmo tempo geral/sistemática e 
empírica/regional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
2. (IDECAN - 2015 - Colégio Pedro II/ Adaptada) “Rompendo com a ordem 
medieval, a Renascença deu duas principais direções à geografia. Primeiramente, 
ela fez nascer a necessidade de um novo modelo cosmológico, a fim de substituir 
o sistema geocêntrico, o único então aceito pela Igreja. Em segundo lugar, a 
Renascença, ao adotar a Antiguidade clássica como fonte primordial de toda 
inspiração, também conduziu a geografia a tirar seus modelos fundamentais deste 
período.” 
GOMES, Paulo César da Costa. Geografia e modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, 
p. 127. 
 
Sobre as características da Geografia Clássica, base da Geografia Escolar no 
século XIX, é correto afirmar que: 
a) segue os modelos de Estrabão e Ptolomeu, ou seja, a Geografia Descritiva e 
Matemática, respectivamente. 
b) se baseia numa visão cosmológica e regional ao mesmo tempo, como fruto dos 
projetos científicos de Humboldt e Ritter. 
c) se orienta pelo modelo racionalista ou da ciência positiva empreendido no 
determinismo ratzeliano. 
d) se inspira no modelo vidaliano de análise equilibrada entre Geografia Geral e 
Geografia Regional. 
e) Todas as correntes da geografia tradicional têm como base metodológica e 
filosófica o Neopositivismo. 
 
3. (CESPE - 2010 - Instituto Rio Branco) Os primeiros anos da modernidade são 
marcados pela produção de uma enorme quantidadede dados e de informações 
dificilmente tratáveis de maneira sistemática pela ciência da época. A ausência de 
segmentação no seio da ciência impossibilitava a análise de certos temas 
particulares nascidos desses dados. Assim, a partir do início do século XIX, os 
domínios disciplinares específicos organizaram-se definindo seu objeto próprio 
em torno dessas questões. 
GOMES, Paulo César da Costa. Geografia e modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, 
p. 127. 
A partir do texto acima, assinale a opção correta acerca da História do 
Pensamento Geográfico e da institucionalização da Geografia como ciência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
a) A institucionalização da Geografia como disciplina acadêmica originou-se na 
França, com os estudos regionais empreendidos pelos herdeiros do Iluminismo do 
século XVIII, como Vidal de La Blache. 
b) A Geografia firmou-se como domínio disciplinar específico na Antiguidade, com 
obras de geógrafos como Estrabão e Ptolomeu, que delimitaram o objeto de 
estudo próprio da nova disciplina que surgia: o espaço terrestre. 
c) Grande parte dos historiadores da geografia atribui a Alexander von Humboldt a 
responsabilidade pelo estabelecimento das novas regras do pensamento 
geográfico moderno, visto que ele rompeu com o enciclopedismo francês e 
abandonou as narrativas de viagens e as cosmografias. 
d) A Geografia Moderna tornou-se científica com a ascensão do possibilismo, cujos 
ideais, já em meados do século XIX, superaram as ideias deterministas e 
naturalistas em voga no início do século. 
e) A Geografia Científica, que surgiu a partir do século XIX, com as obras de 
Alexander von Humboldt e Carl Ritter, foi influenciada pelo saber geográfico 
anteriormente produzido e pelo sistema filosófico de Emmanuel Kant, que 
considerava a geografia uma ciência ao mesmo tempo geral/sistemática e 
empírica/regional. 
 
4. (UFMT - 2015 - IF-MT) No que diz respeito à relação entre as Escolas 
Geográficas nascidas no âmbito da Evolução do Pensamento Geográfico e a 
legitimação de interesses de determinados Estados-Nações, marque V para as 
afirmativas verdadeiras e F para as falsas. 
(X) O Determinismo Geográfico serviu para legitimar a política expansionista 
bismarckiana, na Alemanha, baseado na supremacia do meio sobre o homem. 
(X) O Possibilismo Geográfico serviu para legitimar a política colonialista francesa na 
África e na Ásia, baseado na supremacia do homem sobre o meio. 
(X) A Geografia Quantitativa nasceu nos EUA, serviu para legitimar a política de que 
o desenvolvimento e o subdesenvolvimento no mundo estão intimamente 
relacionados à adoção de políticas de planejamento. 
(X) A Geografia Neopositivista nasceu na antiga URSS, baseada em críticas aos 
postulados utilizados pela Nova Geografia inserida no mundo técnico e no 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
enfrentamento à exploração das camadas populares menos favorecidas da 
sociedade. 
(X) A Geografia Crítica nasceu na França, com a obra de Paul Claval denominada “A 
Geografia Serve Antes de Mais Nada Para Fazer a Guerra”, baseada nos 
pressupostos da justiça social e na essência das lutas entre as classes sociais. 
Assinale a sequência correta. 
a) V, V, F, F, F. 
b) F, F, V, F, V. 
c) F, F, V, V, V. 
d) V, V, V, F, F. 
e) F, V, V, V ,V. 
 
5. (UECE/ Adaptada) Identifique a opção em que esteja definido o caráter 
ideológico da Geografia, desde o início da expansão territorial ao capitalismo: 
a) Defensora intransigente de um mundo mais justo onde o espaço seria organizado 
para felicidade das comunidades autóctones. 
b) Focalizava o papel das classes sociais na organização do espaço. 
c) Sempre adotou uma atitude dinâmica, buscando verificar o papel funcional das 
áreas do contexto em prol da igualdade social. 
d) Serve de esteio científico para expansão do capitalismo, oferecendo-lhe maior 
conhecimento dos espaços a das sociedades de muitas colônias. 
e) A Geografia era utilizada como forma de promover a igualdade social. 
 
6. (IF-RS - 2015 - IF-RS) Na História do Pensamento Geográfico, surgiu o nome de 
grandes personalidades oriundas da Escola Alemã e Francesa, que contribuíram 
para que a Geografia evoluísse e se fortalecesse como Ciência. No livro “O que é 
Geografia?", de Ruy Moreira (2009), essa trajetória é apresentada. Relacione 
abaixo os geógrafos com as suas características ou particularidades relatadas 
nesta obra: 
1. Elisée Reclus. 
2. Friedrich Ratzel. 
3. Yves Lacoste. 
4. Paul Vidal de La Blache. 
5. Pierre George. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
(X) Determinismo Geográfico. 
(X) Nova referência para a Geografia, levando em consideração os sistemas 
econômico-sociais. 
(X) Homem como natureza, consciente de si mesma. 
(X) Possibilismo e visão acadêmica. 
(X) Escreveu o livro: “Geografia do Subdesenvolvimento” em 1965. 
A correlação CORRETA, de cima para baixo é: 
a) 4 – 3 – 5 – 2 – 1. 
b) 2 – 5 – 1 – 4 – 3. 
c) 3 – 4 – 2 – 1 – 5. 
d) 5 – 1 – 4 – 3 – 2. 
e) 1 – 2 – 3 – 5 – 4. 
 
7. (UECE 94.1) Marque a opção verdadeira: 
a) O determinismo defende que o homem modifica o meio. 
b) Possibilismo defende que o homem é produto do meio. 
c) A Nova Geografia defende que o subdesenvolvimento é um estágio para se 
chegar ao desenvolvimento. 
d) A Nova Geografia defende que o desenvolvimento é um estágio para se chegar 
ao subdesenvolvimento. 
e) A Geografia Crítica apoia-se em dados estatísticos e planos para explicar a 
espacialidade social. 
 
8. (CACD 2016/ Adaptada ) No início do século XIX, o conjunto de pressupostos 
históricos de sistematização da geografia já havia ocorrido: a Terra já estava toda 
reconhecida; a Europa articulava um espaço de relações econômicas mundial; 
havia informações dos lugares mais variados da superfície terrestre, bem como 
representações do globo, devido ao uso cada vez maior de mapas. 
Antônio Carlos Robert Moraes. Apud: Auro de Jesus Rodrigues. Geografia: introdução à Ciência 
Geográfica. São Paulo: Editora Avercamp, 2008 (com adaptações). 
O neocolonialismo teve forte influência no desenvolvimento do Pensamento 
Geográfico europeu durante o século XIX e o início do século XX. A Geografia, 
enquanto Ciência a serviço dos Estados nacionais, foi instrumento de poder 
europeu sob vastas extensões territoriais na África, na América, na Ásia e na 
Oceania. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
A respeito desse assunto, julgue (V ou F) os itens que se seguem, tendo como 
referência o texto apresentado. 
(X) Os estudos da Geografia na França, com uma formação filosófica e social mais 
humanista, voltavam-se, no período citado, para os estudos das diferenças entre 
as várias regiões do país e do mundo, com apontamentos das causas do 
subdesenvolvimento das colônias e da riqueza das metrópoles. 
(X) O levantamento e a descrição de informações nos trabalhos geográficos do 
século XIX e do início do século XX foram influenciados pela ideia de 
multidisciplinaridade das ciências. Assim, as informações sobre paisagens e 
regiões eram apresentadas, de forma detalhada, com sessões conjuntas para 
fatos humanos (população, economia, povoamento etc.) e fatos naturais (clima, 
relevo, vegetação, geologia, hidrografia, recursos naturais). 
(X) Os estudos geográficos constituíram, no período citado, uma justificativa 
ideológica de legitimação da exploração de outros povos pelos países 
imperialistas, em substituição à religião, cujas explicações para tal exploração 
estava sendo questionadas, com a difusão do conhecimento científico. 
(X) O determinismo geográfico serviu para a legitimação das políticas expansionistas 
dos países imperialistas europeus, notadamente o alemão. O geógrafo alemão 
Ratzel, por exemplo, teorizou a relação entre os Estados nacionais e seu 
território, apontando que o potencial de desenvolvimento de um Estado-nação 
se daria basicamente pela relação entredois fatores: a população e os recursos 
naturais do território. 
a) V, V, F, F. 
b) V, V, V, F. 
c) F, V, F, V. 
d) F, F, V, V. 
e) F, F, F, V. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
AUTORES DA GEOGRAFIA 
TRADICIONAL 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
Nesta unidade, busca-se uma continuidade do pensamento anterior para uma 
maior compreensão do contexto histórico vivido pelos autores da geografia 
tradicional culminando em uma vasta produção acadêmica, e fundando duas escolas 
de pensamento - Possibilismo e Determinismo - que foram cunhadas na França e na 
Alemanha respectivamente. 
É importante conhecer os propósitos, posicionamentos e reflexões formuladas 
pelos autores clássicos, já que estes - os percussores da institucionalização da 
Geografia em uma disciplina Científica - irão exercer uma grande influência no 
pensamento geográfico posterior, seja para refutar suas ideias ou em uma 
continuidade de alguns propósitos, que culminará na Geografia Moderna. 
Vamos aproveitar para aprofundar nossos conhecimentos do que vimos até 
aqui! 
 
 AUTORES QUE SISTEMATIZARAM A GEOGRAFIA DO SÉCULOS XIX: 
HUMBOLDT E RITTER 
 Para compreender a herança da obra deixada por Humboldt e Ritter é 
necessário compreender o contexto vivido por estes autores no século XIX. 
 Nesse período as relações capitalistas penetram na Alemanha, um pais que 
até então não era constituído como estado Nacional, mas sim um conjunto de 
feudos desconectados de qualquer unidade econômica ou política, cujo poder era 
concentrado nas mãos dos proprietários de terra locais, (MORAES, 2005). 
As relações capitalistas penetram na Alemanha feudal, sem romper com a 
estrutura fundiária. As transformações econômicas foram operadas pela aristocracia 
agrária, sem que houvessem alteração nas relações de trabalho servil. A produção 
que antes era destinada ao autoconsumo, converge para o mercado exterior. O 
UNIDADE 
 
UNIDADE
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
comércio local não se desenvolveu, devido as barreiras alfandegarias (MORAES, 
2005). 
Nesse sentido, não ocorreu uma revolução burguesa na Alemanha, assim 
como antes ocorrera na França. Somente em 1815, com a confederação germânica, 
estabelece-se laços econômicos entre os reinos da Áustria e Prússia, com o fim dos 
impostos aduaneiros. Diante desse contexto, a Geografia apresenta-se como 
primordial, nos estudos sobre o espaço, como afirma o autor: 
 
A falta da constituição de um Estado nacional, a extrema diversidade entre 
os vários membros da Confederação, a ausência de relações duráveis entre 
eles, a inexistência de um ponto de convergência das relações econômicas 
– todos estes aspectos conferem à discussão geográfica uma relevância 
especial, para as classes dominantes da Alemanha, no início do século XIX. 
Temas como domínio e organização do espaço, apropriação do território, 
variação regional, entre outros, estarão na ordem do dia na prática da 
sociedade alemã de então. É, sem dúvida, deles que se alimentará a 
sistematização geográfica. Do mesmo modo como a Sociologia aparece na 
França, onde a questão central era a organização social (um país em que a 
luta de classes atingia um radicalismo único), a Geografia surge na 
Alemanha onde a questão do espaço era a primordial (MORAES, 2005, p. 
15). 
 
Nesse contexto, aparecem dois autores ligados a aristocracia que 
sistematizaram os primeiros estudos geográficos: Alexandre Von Humboldt e Karl 
Ritter. Ambos autores se destacaram na hierarquia universitária alemã (MORAES, 
2005). 
 
 
 
Humboldt, realizou muitas viagens e suas obras mais importante foram: 
Quadros da Natureza e Cosmos. Esse autor possuía uma formação de naturalista, e 
o método conhecido como o “empirismo raciocinado”, isto é, a intuição a partir da 
Autores prussianos ligados à aristocracia: Alexandre Von Humboldt, conselheiro do rei 
da Prússia, e Karl Ritter, tutor de uma família de banqueiros. Ambos são 
contemporâneos e pertencem à geração que vivencia a Revolução Francesa: Humboldt 
nasce em 1769 e Ritter em 1779; os dois morreram em 1859, ocupando altos cargos da 
hierarquia universitária alemã. [...]. A formação de Ritter também é radicalmente distinta 
da de Humboldt, enquanto aquele era geólogo e botânico, este possui formação em 
Filosofia e História (MORAES, 2005, p. 16). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
observação. Humboldt foi um viajante, não preocupado em criar princípios de uma 
nova disciplina, e para ele a Geografia “a parte terrestre da ciência do cosmos, isto 
é, como uma espécie de síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra 
(MORAES, 2005). 
Humboldt foi orientado por Ritter a partir da classificação e Corografia das 
paisagens da superfície da Terra, porém com uma visão holística da Terra (incorpora 
a Geografia das plantas). Ritter se diferencia de Humboldt, por explicitar um método 
e propor uma Geografia. Se livro principal é a ‘Geografia Comparada (MOREIRA, 
2008). 
 
Figura 6: Alexandre Von Humboldt (esquerda) e Karl Ritter (direita) 
 
Fonte: Elaborado pela autora com imagens de domínio público (2020) 
 
Ritter define o conceito de “sistema natural”, isto é, uma área delimitada 
dotada de uma individualidade. A Geografia deveria estudar estes arranjos 
individuais, e compará-los. Cada arranjo abarcaria um conjunto de 
elementos, representando uma totalidade, onde o homem seria o principal 
elemento (MORAES, 2005, p. 16). 
 
Karl Ritter tinha como referência epistemológica a Corografia, transformada 
em método comparativo. Essa se traduzia em uma noção de recorte paisagístico, 
através da classificação taxonômica, para organizar a descrição. Esse autor extraiu 
o princípio do método na Geografia e a Geografia à condição de Ciência, orientado 
pela teoria e explicação metódica da Individualidade regional dos recortes de espaço 
como mosaico das paisagens, designado de Geografia Comparada (MOREIRA, 
2008) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
Assim, no estudo da Geografia Comparada o autor busca estudar a 
individualidade dos lugares, conferindo um aspecto religioso a sua proposta, como 
uma aproximação a divindade. Para o autor haveria uma predestinação dos lugares, 
que se expressa como uma ordem de causalidade da natureza, cujos fenômenos 
obedeceria a um fim previsto por Deus, portando, uma relação homem- natureza, 
respaldada no antropocentrismo. O método de Ritter será o empirismo (MORAES, 
2005). 
Ambos autores são o embasamento da Geografia Tradicional, precedendo 
trabalhos que irão citá-los ou refutá-los. Assim, a grande discussão da geografia vai 
permanecer na Alemanha durante o século XIX, embora outros autores de outros 
países também tiveram sua importância, a exemplo de Elisée Reclus. A próxima 
geração se destaca pela sistematização de estudos especializados, (MORAES, 
2005). 
 
 
 
 
A obra destes dois autores compõe a base da Geografia Tradicional. Todos os trabalhos 
posteriores vão se remeter às formulações de Humboldt e Ritter, seja para aceitá-las, ou 
refutá-las. Apesar das diferenças entre estas – a Geografia de Ritter é regional e 
antropocêntrica, a de Humboldt busca abarcar todo o Globo sem privilegiar o homem – 
os pontos coincidentes vão aparecer, para os geógrafos posteriores, como fundamentos 
inquestionáveis de uma Geografia unitária. Assim, estes autores criam uma linha de 
continuidade no pensamento geográfico, coisa até então inexistente. Além disso, há de 
se ressaltar o papel institucional, desempenhado por eles, na formação das cátedras 
dessa disciplina, dando assim à Geografia uma cidadania acadêmica. Entretanto, apesar 
deste peso no pensamento geográfico posterior, não deixam discípulos diretos. Isto é, 
não formam uma “escola”. Deixam uma influência geral, que será resgatada por todas as 
“escolas” da Geografia Tradicional (MORAES, 2005, p. 17). 
Leia o artigo: O histórico do pensamento geográfico e as contribuições de Hummboldt e 
Ritter para

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