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INTERMEDIÁRIA IV OBJETIVOS 1. Elucidar a fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento da leishmaniose e do HIV (falar sobre agravos). 2. Discorrer sobre a co-infecção e reinfecção da leishmaniose e do HIV, bem como sua conduta diagnóstica e terapêutica. 3. Discutir os mecanismos de ação dos principais fármacos envolvidos no tratamento da leishmaniose e do HIV. 4. Aclarar o monitoramento, referência, contrarreferência e vigilância epidemiológica da leishmaniose e do HIV/Aids. 5. Explicar acerca dos documentos, conduta previdenciária e trabalhista e acadêmicos dos portadores de HIV. Objetivo 1+2+3+4+5 HIV-1: é responsável pela maior parte das infecções no mundo. As terapias antirretrovirais são feitas para ele, assim como a maioria dos exames de identificação. São mais agressivos e evoluem para óbito com mais frequência. HIV-2: existe quase que exclusivamente na África, este vírus tem evolução lenta, mas péssima resposta á terapia antirretroviral atual. No Brasil, por lei, sempre que é solicitado sorologia os dois tipos são testados. O vírus da imunodeficiência humana é um retrovírus tendo no seu interior uma fita simples de RNA, apresenta duas glicoproteínas no seu envoltório (GP 120 e GP 41), no seu interior, existe um capsídeo composto de glicoproteína p24. Existem dois tipo de HIV: HIV-1 (presente no Brasil) e HIV-2 (restrito ao continente africano). 1. 2. HIV 1 OBS: Pela sua semelhança estrutural com o HTLV, chegou a ser batizado inicialmente como HTLV-3, mas posteriormente foi adotado o nome HIV. Sabe-se, entretanto, que a infecção pelo HTLV não apresenta quase nenhuma semelhança com a infecção pelo HIV, já que o HTLV se relaciona a alguns tumores (linfoma e leucemias) e apenas à paraparesia espástica tropical, doença no feixe nervoso da medula que pode ocorrer na infecção inicial. Quando pensamos nos seu mecanismo de replicação é importante entender que como é um vírus apenas de RNA, ele precisa da transcriptase reversa para se utilizar do DNA humano e se replicar, tem como principal alvo os linfócitos T CD4, nos quais ele se liga á gp 120, entra, replica-se com o auxílio da transcriptase reversa e mata-os através da ruptura da sua parede celular, gerando diversas cópias virais que irão em direção aos linfonodos para atacar mais linfócitos. Outro ponto importante é que ainda temos os subtipos, levando em consideração que subtipos (variantes genômicas) do HIV não se transformam em novos vírus, mas mudam características, como agressividade na infecção aguda, cronicidade e resistência primária a algumas classes de medicamentos. Major: mais comum - A, B, C, D, E, F, G, H,I. Outlier: apenas um subtipo. Non-O non-M: incomum; Pending new cases: descoberto em 2009. Entretanto, o fator mais importante dos subtipos é que alguns deles são menos transmissíveis, fato que tem levado a estudos cada vez mais profundos sobre essa característica. O HIV tipo 1 é subdividido em grupos: 1. 2. 3. 4. No Brasil, os subtipos mais comuns do HIV tipo 1 são o B (64%), C (17%) e o F (11%), todos do grupo M (major), apesar de atualmente serem encontrados cada vez mais subtipos mistos ou outros do HIV-1. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a cascata de tratamento deveria ter a sequência de 90-90-90 para que não houvesse novas transmissões de HIV, basicamente a meta 90-90-90 estabelece que, até 2020, 90% das pessoas saibam seu estado sorológico; que 90% dessas pessoas estejam em tratamento; e que 90% das pessoas em tratamento atinjam a carga viral indetectável. Todos os pacientes que tenham sido identificado como portador do vírus HIV deve ser notificado, independentemente da carga viral ou se já está com AIDS, essa notificação é imediata (máximo 24h). Um ponto importante é os profissionais de saúde têm que notificar todos os casos de aids em adultos e crianças, mesmo que tenham sido comunicados anteriormente como infecção pelo HIV. Epidemiologia De acordo com dados da UNAIDS, no boletim Global AIDS Monitoring, publicado em 2020, em 2019 havia 38 milhões de pessoas infectadas pelo HIV no mundo, com 1,7 milhões de novas infecções apenas em 2019. A mortalidade de casos de AIDS no mundo continua em queda mas em 2019 ainda ocorreram 690 mil mortes. O perfil epidemiológico é estável concentrado na ''população-chave'': Homossexuais, trans, usuários de drogas, pessoas privadas de liberdade e trabalhadoras do sexo (existe uma pauperização da doença: infectando mais pessoas de baixa renda). Existe uma proporção 2.1H/1M. Entretanto, ocorre um processo chamado feminilização, pois houve aumento considerável do número de mulheres infectadas. Quando pensamos em Brasil a região que teve maior número de novos casos foi a Norte, a região Sudeste é a que tem maior população vivendo com HIV/AIDS. A maior parte dos casos de HIV concentra na idade entre 25 a 39 anos e os novos casos continuam aumentando, principalmente em jovens entre 15 e 25 anos. Transmissão do HIV Está relacionada ao contato de secreções que apresentam vírus e ao sangue do paciente infectado, levando em considerações dois pontos: 1. o tempo de vida do vírus fora do corpo em um gota de sangue parece ser pequeno, dessa forma p ex. instrumento com sangue coagulado seria mais difícil a contaminação e 2. não há risco de transmissão de contato com sangue infectado em pele íntegra. relação sexual: oral, anal ou vaginal. contato com sangue: usuários de drogas intravenosas, transfusões não realizadas por meio de banco de sangue, contato com materiais perfurocortantes (agulhas, bisturis, alicates de unha etc.). Contato com outras mucosas p.ex olho. Transmissão materno-fetal. Aleitamento materno. Na gestação, a transmissão do HIV ocorre principalmente no terceiro trimestre e no parto (momento com maior risco de contato do sangue da mãe com a criança). As principais ''vias'' para transmissão seria: 1. 2. 3. 4. 5. Patogênese A infecção pelo HIV ocorre principalmente em células que o antígeno CD4, ao qual o vírus se une, para que ele entre é necessário que exista receptores que promovam a sua entrada, que podem ser de dois tipos: CXCR4 e CCR5. Pode acontecer de haver infecções ainda no epitélio, por meio das células de Langherans, e o vírus já passar a barreira da pele em célula infectada. Uma vez dentro da célula, o vírus pode replica-se, levando á morte, ou integrando o seu genoma ao da célula hospedeira e permanecendo latente por um período variável. Outras células que podem ser infectada pelo HIV são os macrófagos, linfócitos B e células dendríticas, os macrófagos atuam como reservatórios para o HIV e servem para disseminá-lo para outros órgãos. O ciclo da entrada do HIV é divido por fases, e é importante conhecer os pontos de ação viral pois será necessário nos momento das medicações usadas. É bastante discutido o papel da inflamação no paciente na primoinfecção por HIV, principalmente quando lembramos do papel das células intestinais, pois paciente na sua primeira infecção apresenta melhor resposta inflamatória com estímulo das placas de Peyer (folículos linfoides) intestinais e tendência a controle de replicação viral sem necessidade de medicamento, basicamente seria o que chamamos de imunossenescência do HIV. Em compensação aqueles que apresentam uma má resposta inflamatória com baixo estímulo das placas de Peyer intestinais, desenvolve a doença mais pregressamente com o risco de AIDS em pouco tempo. O intestino é o sítio primordial na patogênese da infecção pelo HIV. OBS: Pacientes que iniciam o tratamento tardio para o HIV, mesmo que tenham o CD4 alto, podem desenvolver inflamações crônicas pelo vírus, p.ex inflamação em vasos. Pacientes que apresentam CD4 baixo tem maior incidência para desenvolver alguns tumores como os linfomas. Apósa transmissão do vírus, há um período de aproximadamente 10 dias, denominado de fase eclipse, antes que o RNA viral seja detectável no plasma, dessa forma não é achado nenhum marcador de infecção. Após uma pequena população de células infectadas, o vírus é disseminado inicialmente para os linfonodos locais e depois sistemicamente e em número suficiente para estabelecer e manter a produção de vírus nos tecidos linfoides, além de estabelecer um reservatório viral latente, principalmente em linfócitos T CD4+ de memória. A replicação viral ativa e a livre circulação do vírus na corrente sanguínea causam a formação de um pico de viremia por volta de 21 a 28 dias após a exposição ao HIV. Essa viremia está associada a um declínio acentuado no número de linfócitos T CD4+. OBS: 1. A resposta imune mediada por células é mais importante do que a resposta imune humoral no controle da replicação viral durante a infecção aguda, mas os anticorpos têm um papel relevante na redução da disseminação do HIV na fase crônica da infecção. 2. Ao contrário de outras doenças infecciosas, a presença do IgM não permite diferenciar uma infecção recente de uma infecção crônica, tendo em vista que o IgM pode reaparecer em outros momentos do curso da doença. A infecção pelo HIV desencadeia alterações inflamatórias durante todo o curso da infecção. Durante a fase aguda, ocorre uma resposta inflamatória significativa representada pelo aparecimento de diversos marcadores plasmáticos de fase aguda (por ex., alfa 1 anti-tripsina e amiloide A) e liberação de um grande número de citocinas inflamatórias comandadas pelo interferon alfa e IL15, o que coincide com o aumento expressivo da carga viral plasmática. OBS: A ativação dos linfócitos T CD8+ citotóxicos ocorre precocemente após a infecção pelo HIV e sua atividade antiviral modula a evolução da doença, correlacionando-se com redução da carga viral e lenta progressão clínica. História natural da doença Infecção aguda: é definida como as primeiras semanas da infecção pelo HIV, até o aparecimento dos anticorpos anti- HIV que costuma acorrer quatro semanas após a infecção. Nessa fase, bilhões de partículas são produzidas diariamente, a viremia plasmática alcança níveis elevados e o indivíduo torna-se altamente infectante. A infecção pelo HIV é acompanhada por manifestações clínicas entre a primeira e terceira semana após a infecção e costuma durar três a quatro semanas, denominada Síndrome Retroviral Aguda, os pacientes apresentam: febre, adenopatia, faringite, exantema, mialgia e cefaleia. Pacientes ainda podem apresentar febre alta, sudorese e linfadenomegalia. Podem ocorrer, ainda, esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia e depressão. Alguns pacientes desenvolvem exantema de curta duração após o início da febre (frequentemente inferior a três dias), afetando geralmente a face, pescoço e/ou tórax superior, mas podendo se disseminar para braços, pernas, regiões palmares e plantares. 1. OBS: 1. A presença de manifestações clínicas mais intensas e prolongadas (superior a 14 dias) pode estar associada à progressão mais rápida da doença. 2. Nessa fase a sorologia para a infecção pelo HIV é geralmente negativa, mas o diagnóstico pode ser realizado com a utilização de métodos moleculares para detecção do RNA. Na fase crônica da doença notam-se aumentados de citocinas pró-inflamatórias, como TNF, IL-1, IL-6, elevação da proteína C reativa, dímero D, havendo também aumento da produção e da destruição de LT-CD4+ e de linfócitos B. Além disso, há uma alteração da arquitetura do GALT e dos linfonodos, com importante deposição de colágeno. 2. Latência clínica e fase sintomática: nesse momento os pacientes costumam apresentar um exame físico normal, exceto pela linfadenopatia, que pode persistir após a infecção aguda. Podem ocorrer alterações nos exames laboratoriais, sendo a plaquetopenia um achado comum, embora sem repercussão clínica na maioria dos casos. Além disso, anemia (normocrômica e normocítica) e leucopenia leves podem estar presentes. Enquanto a contagem de linfócitos T-CD4+ (LT-CD4+) permanece acima de 350 células/mm, os episódios infecciosos mais frequentes são geralmente bacterianos, como as infecções respiratórias ou mesmo tuberculose, incluindo a forma pulmonar cavitária. À medida que a infecção progride, os sintomas constitucionais (febre baixa, perda ponderal, sudorese noturna, fadiga), diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite) e lesões orais, como a leucoplasia oral pilosa, tornam- se mais frequentes, além de herpes-zoster. OBS: A candidíase oral é um marcador clínico precoce de imunodepressão grave, e foi associada ao subsequente desenvolvimento de pneumonia por P. jirovecii. Diarreia crônica e febre de origem indeterminada, bem como leucoplasia oral pilosa, também são preditores de evolução para aids. 3. Síndrome da Imunodeficência Adquirada: nesse momento, quebra-se o equilíbrio de linfócitos T CD4 e outras infecções oportunistas aparecem, sendo chamadas de doenças definidoras de AIDS. Vale ressaltar que antes da infecção sintomática/aids o paciente apresenta recuperação e soroconversão seguida de infecção crônica assintomática (média de oito anos). Podemos separar as doenças definidoras de AIDS em grupos seguindo a sua etiologia, sendo: Sistema nervoso central: Neurotoxoplasmose: a neurotoxoplasmose tende a ocorrer próxima aos núcleos da base, apresentando-se classicamente como uma lesão com edema associado importante e captação anelar de contraste na tomografia computadorizada (TC) de crânio. Os pacientes tendem a apresentar: rebaixamento de consciência, convulsões tônico-clônicas generalizadas e/ou hemiplegia. O tratamento é feito com sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. Linfoma primário do SNC - EBV: menos comum, pacientes apresenta sintomas semelhantes ao da neurotoxoplasmose, porém na TC será apresentará uma única lesão, é um linfoma agressivo e o paciente não tem evidência de melhora após tratamento LEMP: acomete 4% dos portadores de HIV, é causado pelo vírus JC. Sem realce após contraste, sem efeito de massa à TC, com predileção pelos lobos frontal e occipital. Atinge, principalmente, substância branca. Trata-se com TARV. Neurocriptococose: Meningoencefalite causada pelo Cryptococcus neoformans, geralmente associada a CD4<100 com cefaleia, náuseas, vômitos e confusão mental. Pode apresentar déficits cognitivos associados e hipertensão intracraniana. Trata-se com anfotericina B. Pneumocistose: Causada pelo fungo Pneumocystis jirovecii, cursa com quadro insidioso com tosse seca, dificuldade respiratória importante, desconforto torácico e febre associado a LDH alto. Na radiografia, vemos um infiltrado intersticial bilateral. NÃO HÁ DERRAME PLEURAL OU LINFADENOMEGALIAS. Trata-se com Sulfametoxazol – Trimetoprim em doses elevadas. 1. 2. Pulmão: 3. Neoplasias: Sarcoma de Kaposi; Linfoma primário do SNC ou linfoma não- Hodgkin de célular B; Carcinoma cervical invasivo. primeira geração: testavam apenas o anti-IgG, por isso levavam de quatro a seis semanas para positivar. NÃO SÃO MAIS USADOS. segunda geração: utilizam peptídeos sintéticos derivados do HIV, e, apesar de serem melhores que os da primeira geração ainda demoram para positivar (em torno de quatro semanas); terceira geração: utilizam antígenos recombinantes, por isso detectam IgG e IgM com sensibilidade melhor que aos demais exames e a detecção ocorre em 22 dias (média); quarta geração: detectam simultaneamente o antígeno p24 e anticorpos anti-HIV. A janela diagnóstica cai para 14 dias em média, sendo o melhor tipo de imunoensaio que pode ser utilizado no momento. OBS: WB é usado para confirmação do diagnóstico final. 3. Diagnóstico sorológico: deve respeitar o tempo de infecção. Podemos dividir os testes deHIV em três tipos: imunoensaios (ELISA, quimioluminescência etc.), testes rápidos de HIV (por sangue ou fluido oral) e exames complementares (imunofluorescência indireta, WB etc.). Especificamente relativo aos imunoensaios (por exemplo, ELISA), são classificados em quatro gerações: 1. 2. 3. 4. Existem hoje também os testes moleculares p.ex PCR carga viral de HIV. 4. Testes rápidos: os testes rápidos evoluíram notavelmente nos últimos anos, com o aumento da sensibilidade e especificidade passaram a ser os testes de preferência em centro de testagem pelo motivo principal de rapidez no resultado. Diagnóstico Testes de triagem: são testes que apresentam alta sensibilidade, pois não devem passar falsos negativos, mas normalmente não têm alta especificidade, o que pode deixar passar falsos positivos. Os testes de triagem não não podem ser usados isoladamente para o diagnóstico do HIV, mas são importantes para excluir doença. São exemplos ELISA, quimioluminescência e eletroquimioluminescência. Os diagnósticos de HIV e AIDS podem ser feito de maneiras diferentes e com várias formas de abordagem, antes de falar dos exames diagnóstico é importante entender que dividimos o diagnóstico em dois grupos: pacientes < 18 meses e >18 meses. 1. 2. Testes confirmatórios: já nesse caso possuímos testes com alta especificidade porém baixa sensibilidade, sendo assim uma vez positivos, não são falso positivos. São exemplos de western blot, o immunoblot e a imunofluorescência indireta. significância é feito a profilaxia por 28 dias com Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3 TC) + Dolutegravir (DTG). 2. pré- exposição: desenvolvida para reduzir o risco de adquirir por parte de segmentos populacionais prioritários. Consiste no uso de tenofavir + entricibina 1comp por dia em uso contínuo. São indicados para pacientes: homossexuais, trans, profissionais do sexo e casais sorodiscordantes para HIV. São imunoensaios simples, que podem ser realizados em 30 minutos, existem vários formatos de TR, e os mais frequentemente usados são: dispositivos (ou tiras) de imunocromatografia ou fluxo lateral), Imunocromatografia de dupla migração (DPP), dispositivos de imunoconcentração e fase sólida. Vale lembrar que bastam dois testes de fabricantes diferentes positivos para fechar o diagnóstico. Este é apenas um dos fluxogramas para testagem. Entretanto, todos seguem o mesmo padrão: com o primeiro teste positivo, é necessário realizar um segundo teste; se o segundo teste der positivo, isso significa diagnóstico de HIV. Se discordantes, é necessário um terceiro teste para confirmação. Profilaxias Pós- exposição: antes de realizar a profilaxia pós exposição deve ser analisado: 1. o material biológico é de risco?/ 2. a exposição foi de risco?/ 3. o tempo entre a exposição e a consulta para profilaxia foi < 72h?/ 4. a pessoa exposta é HIV +? Caso esse paciente esteja dentro do período de até 72h e todas os outros questionamentos mostre São realizadas as profilaxias: pós-exposição de risco (PEP), profilaxia pré-exposição de risco (PREP) e profilaxia periparto. 1. Tratamento Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos: zidovudina (AZT); Inibidores de protease: ritonavir, é utilizado atualmente apenas como efeito sinérgico da associação com outro IP, o chamado efeito booster. Inibidores de entrada: duas subclasses: os inibidores de fusão, representados pela enfuvirtida, e os inibidores de receptores de entrada, representados atualmente pelo maraviroque. (usados apenas p/ CCR5). Todos os pacientes com infecção pelo HIV, independentemente de valor de CD4 e carga viral, devem ser estimulados a tratar o HIV. Deve ser avaliada a disposição do paciente em iniciar o tratamento, conhecer e discutir com o paciente as opções de tratamento de acordo com as rotinas e os hábitos é importante antes da prescrição de TARV. Vale lembrar que antes do início do tratamento deve-se tratar as doenças oportunistas primeiramente, como no caso da tuberculose ou da criptococose por ao menos duas semanas antes do TARV, evitando a síndrome da resposta inflamatória. Os antirretrovirais são divididos em classes, portanto de acordo com a função que exercem no bloqueio do ciclo: 1. 2. 3. 4. Inibidores de integrase: dolutegravir, pertence a essa classe. Tem mais potência e menos efeitos colaterais que os ITRNNs. O esquema preferencial de tratamento no Brasil é tenofovir/lamivudina (1 cp) associado a dolutegravir (1 cp 1x/d). Em pacientes com diagnóstico de tuberculose e HIV ao mesmo tempo, o tratamento da tuberculose deve ser começado inicialmente. Entre duas semanas do tratamento da tuberculose e até dois meses deste, deve ser iniciado tratamento antirretroviral. OBS: a novidade em 2020 é que foi liberado o uso de dolutegravir em dose dobrada em conjunto com rifampicina, quando não houver a possibilidade de uso de efavirenz. Outra mudança importante é que, quando houver impossibilidade do uso de tenofovir – por exemplo, por insuficiência renal –, a droga de escolha será o abacavir para substituição, sendo a zidovudina deixada como última opção nestes casos. O abacavir pode causar hipersensibilidade tardia, o que obriga a realizar teste para detecção do risco (HLA B57). OBS: O dolutegravir não deve ser usado dolutegravir no início da gestação. Por esta razão, não deve ser iniciado tratamento com dolutegravir em mulheres que estejam em idade fértil, se estas não estiverem em uso de contraceptivo eficiente, dessa forma é indicado o uso de efavirenz (liberado para uso durante a gestação), atazanavir com ritonavir ou raltegravir como terceira droga, no lugar do dolutegravir. OBS: A primeira dose da zidovudina deve ser feita ainda na sala de parto ou nas primeiras quatro horas após o nascimento. Caso isso não ocorra, pode ser iniciada em até 48 horas, mas não é o ideal que a administração seja retardada. A zidovudina deve ser feita para todos os recém-nascidos independente da carga viral da mãe, se ela fez uso de terapia antirretroviral durante a gestação ou do uso de AZT durante o parto. A nevirapina está indicada principalmente naqueles recém-nascidos filhos de mães com carga viral desconhecida ou superior a 1000 cópias/mL. Leishmania visceral 2 Pode também ser considerada uma zoonose pelo fato do mosquito Lutzomya urbano acaba picando com maior frequência os cachorros (inclusive é o principal reservatório do protozoário do gênero Leishmania), vale lembrar que a LV é uma das doenças que está presente na lista de notificação compulsória, sua notificação é feita semanalmente, porém é uma doença que tem uma ENORME subnotificação, apresenta uma letalidade muito alta quanto não apresentada diagnóstico e tratamento (90%). A leishmaniose é considerada uma associação das "doenças mais negligenciadas", dada o seu forte com associação com pobreza e os recursos limitados investidos em novas ferramentas de diagnóstico, tratamento e controle. A leishmaniose visceral é especialmente desenvolvida pela: Leishmania donovani e Leishmania Chagasi (infantum). Em 2020 foi relatado pelo OMS cerca de 13.000 casos de LV, tendo uma maior prevalência na África. Existem alguns fatores que acabam influenciando para o desenvolvimento da doença: questões nutricionais, idade < 5 anos, coinfecção por HIV e fatores imunogenéticos do hospedeiro. A nível de Brasil é importante entender que a região mais acometida é o Nordeste (cerca de 70%), podemos apontar alguns focos na região Centro-Oeste. Atualmente é percebido uma mudança epidemiológica no aumento da quantidade de casos e expansão para áreas urbanas e periurbanas, é uma doença que está longe de acabar. Espécies L. donovani: a doençaclínica por L. donovani pode ser resistente a todas as idades, embora, tenha maior prevalência em adultos. Na África Oriental, a transmissão de L. donovaniconsiste em componentes antroponóticos e zoonóticos. No Sudão, roedores silvestres e cães domésticos podem atuar como reservatórios; no entanto, acredita-se que grandes surtos humanos de LV em aldeias e ambientes de refugiados refletem transmissão predominantemente antroponótica. 1. 2. L. infantum: A maior carga de casos em 2014 foi relatada no Brasil com 3.453 casos. Todos os outros L. infantum–países endêmicos relataram menos de 300 casos. Tem maior prevalência em crianças <10 anos e adultos imunossuprimidos têm maior risco de doença clínica devido a L. infantumdo que adultos imunocompetentes, vale destacar que é uma infecção considerada zoonótica. OBS: A LV pode ser transmitida pelo uso de drogas intravenosas, transfusão de sangue, transplante de órgãos, infecção congênita e acidentes laboratoriais (são modos raros de transmissão). Quando pensamos no controle da LV é importante lembrar de duas abordagens principais: controle do vetor e dos reservatórios. Fisiopatologia A doença pode se desenvolver de forma abrupta ou gradual, onde a relação parasito/hospedeiro assume caráter variado, podendo resultar em diferentes formas clínicas, como: forma assintomática, aguda e crônica. A leishmania invade e se replica dentro dos macrófagos do hospedeiro (forma de amastigota), dando origem a respostas da imunidade celular e humoral, o sistema complemento atua em conjunto com anticorpos nos processos inflamatórios e é a principal resposta humoral em defesa a infecção por Leishmaniose, porém moléculas específicas presentes na superfície da forma promastigota contribuem para um dos mecanismos de escape do parasito. Para a indução da resposta imune curativa contra a Leishmania, é necessário que ocorra uma ativação eficiente de células capazes de produzir citocinas protetoras. As citocinas levam à ativação de macrófagos via IFN-γ, resultando na síntese de intermediários reativos de nitrogênio e oxigênio e que causam a morte dos parasitos intracelulares. Além disso a resposta das células T CD4+ do tipo Th1, e por células NK, estimuladas por IL- 12 tem grande importância na resposta imune à leishmania. As manifestações clínicas da doença estão relacionadas ao perfil de susceptibilidade à infecção, à resposta do tipo Th2. Nesse caso, ocorre a proliferação de linfócitos B e produção das citocinas IL4, IL5, IL6, IL10, promovendo plasmocitose e hipergamaglobulinemia que levam à formação de imunocomplexos, causando uma resposta humoral ineficiente e consequente sobrevivência do parasito OBS: ocorre uma invasão do sistema reticuloendotelial. Infecção assintomática: muitas infecções por leishmaniose são assintomáticas, refletindo a capacidade do sistema imunológico do hospedeiro de controlar o parasita. Nessa fase os pacientes podem apresentar sintomas inespecíficos como febre, diarreia, cefaleia e outros sintomas bem semelhantes a uma infecção parasitária. As infecções subclínicas podem ser detectadas no início de seu curso com testes sorológicos. O desenvolvimento posterior de uma resposta imune mediada por células protetoras pode ser detectado por meio de teste cutâneo de leishmanina, outra forma para o diagnóstico em pacientes assintomáticos seria o ensaio de liberação de interferon-gama. 1. 2. Fase aguda: paciente apresenta síndrome febril, hepatoesplenomegalia (pequena apresentação, aumento de baço 5cm do rebordo costal esquerdo) e pancitopenia. 3. Fase crônica: O início dos sintomas geralmente é insidioso ou subagudo, com progressão lenta de mal-estar, febre, perda de peso e esplenomegalia (com ou sem hepatomegalia) em um período de semanas a meses. Em casos raros, pode ocorrer doença febril aguda com sintomas rapidamente progressivos. Como os parasitas se replicam no sistema reticuloendotelial, cargas muito altas de parasitas se acumulam no baço, fígado e medula óssea. A anemia grave pode ocorrer devido à supressão da medula óssea, hemólise e sequestro esplênico. O calazar avançado está associado a caquexia acentuada, hipoalbuminemia e edema. Vale lembrar que a imunossupressão aumenta o risco de infecções bacterianas secundárias. OBS: Kala-azar ("febre negra") refere-se ao escurecimento da pele, que é um sintoma comum no sul da Ásia, mas não em outros lugares. Ainda podemos apontar outras formas da doença como: doença viscerotrópica (doença sistêmica semelhante, mas substancialmente mais leve que o calazar). Linfohistiocitose hemofagocítica (um distúrbio sistêmico de ativação imune excessiva que pode ser desencadeada por certas infecções; é uma complicação incomum da LV). Os achados laboratorial incluem anemia, neutropenia, eosinopenia e trombocitopenia. Além disso também é observado uma hipoalbuminemia intensa e hipergamaglobulinemia. Manifestações clínicas Padrã-ouro: aspirado esplênico (S: 90-95%) Aspirado de Medula Óssea (S:70%) ELISA: triagem (S: 30% em pacientes com HIV vai para 50%) Reação de Montenegro: avalia a reposta Th1, se o paciente tem a doença esse resultado tem que ser negativo. Cultura no meio NMN. Imunofluorescência indireta: lembrar que na ausência de manifestações clínicas não inicia tratamento, principalmente se o paciente residir em área endêmica. Os métodos diagnósticos para estabelecer a LV incluem a visualização do amastigote característico em esfregaços ou tecidos (histopatologia), isolamento do parasita por cultura in vitro, detecção molecular do DNA do parasita e testes sorológicos. Quais exames usamos para realizar esse diagnóstico? 1. 2. 3. 4. 5. 6. Além disso podemos abordar achados que guia para o diagnóstico como a pancitopenia, hipoalbuminemia e hipergamaglobulinemia (NÃO ESPECÍFICOS). Uma novidade para o diagnóstico de LV é o teste rápido OnSite Leishmania, avalia a antígeno rK39, possui uma excelente sensibilidade e especificidade. 2. Coinfecção com HIV: foi identificado com um desafio emergente para o controle da LV. A infecção pelo HIV aumenta o risco de LV e, inversamente, a LV acelera a progressão da doença pelo HIV, no Brasil, em 2011, o ministério da saúde observou uma taxa de coinfecção de 6% dos casos de LV. Pacientes podem apresentar infecção parasitária de locais atípicos, incluindo o trato gastrointestinal, espaço peritoneal, pulmão, espaço pleural e pele. Para diagnóstico é necessário a o uso da avaliação histopatológica ou molecular. Diagnóstico Leishmaniose dérmica pós-calazar: é uma erupção cutânea crônica observada após resposta clinica ao tratamento para LV de origem L.donovani. A PKDL é diagnosticada por microscopia (biópsias de pele ou amostras de pele em fenda), cultura e/ou métodos moleculares, os testes sorológicos são frequentemente positivos. 1. Circunstâncias especiais De acordo com o Ministério da Saúde usamos o antimonial pentavalente, sendo ela a Glucantime, lembrando que geralmente o paciente tem que ficar internado pois a administração é parenteral (intramuscular ou intravenoso) é usada 20 mg/kg por 20 a 30 dias consecutivos. Em alguns casos específicos vamos usar a Anfotericina B, no geral é a segunda droga de escolha, mas se torna a primeira escolha em pacientes com: PVHIV ou outra forma de imunossupressão, <1 ano e > 50 anos, gestantes, quadros muito graves, pacientes com insuficiência renal/hepática/cardíaca e pacientes com intervalo QT > 450 ms. Para avaliar se o tratamento está sendo eficaz é analisado variação clínica, LEMBRANDO QUE A SOROLOGIA EM LV PODE DURAR POR MUITO TEMPO, normalmente os pacientes apresentam desaparecimento da febre eredução das ''megalias'' nas primeiras semanas. Tratamento Os pacientes com HIV/AIDS tem direito a receber um benefício do INSS: Benefício de prestação continuada (valor de um salário mínimo), sendo necessário comprovar um impedimento a longo prazo e a miserabilidade (pacientes que tem um renda perca pita de 1/2 do salário mínimo), lembrando que se esse paciente não tiver nenhuma incapacidade na súmula 78 fala que: ''cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentindo amplo, em face da elevada estigmatização social da doença. É necessário que os pacientes tenham o CARDÚNICO atualizado. Levando em conta o preconceito social exista a lei 12.984/14 que define crime a discriminação com PVHIV. Pacientes que apresentam doenças definidoras do AIDS que desenvolve alguma incapacidade pode conseguir a aposentadoria por invalidez ou auxílio doença, lembrando que pacientes com HIV são insetos dos 12 meses de contribuição para acessar o benefício do INSS; Em 2019 foi aprovado uma lei 13.847/19 que incluiu um paragrafo falando que: o paciente com HIV que recebe a aposentadoria por invalidez não precisa passar por revisão de capacidade, em resumo, se o segurado for aposentado por invalidez ela não poderá ser cortada. Descartar a exigência de testagem anti-HIV para admissões em cargos e empregos públicos, bem como no âmbito da iniciativa privada. (2013) Vale lembrar que muitas leis que definem direitos dos pacientes com HIV foram criadas no parâmetro que a doença era considerada uma ''sentença de morte'' nos pacientes que já estavam com AIDS. 1. 2. 3. 4. 5. Direitos das PVHIV
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