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1 Hipertensão Arterial Sistêmica - HAS A hipertensão arterial (HTA) é uma das doenças com maior prevalência no mundo moderno e é caracterizada pelo aumento da pressão arterial, medida com esfigmomanômetro. A sua incidência aumenta com a idade. número total / proporção de casos existentes numa determinada população e num determinado momento temporal; Número ou proporção de novos casos surgidos numa determinada população e num determinado intervalo de tempo; Brasil: estima-se que um em cada cinco habitantes seja portador dessa patologia. A HA é 6 x mais frequente em indivíduos de meia- idade e idosos do que em jovens. Crianças ou adultos jovens podem apresentar a hipertensão caso tenham alguma cardiopatia ou algum problema sanguíneo congênito. Hipertensão Arterial “É uma doença crônica, não transmissível, de natureza multifatorial, assintomática (na grande maioria dos casos) que compromete fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores e vasoconstritores, levando a um aumento da tensão sanguínea nos vasos, capaz de comprometer a irrigação tecidual e provocar danos aos órgãos por eles irrigados.” 2 A hipertensão ocorre quando os níveis da PA encontram-se acima dos valores de referência para a população em geral. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) os valores admitidos são:120x80mmHg = PA ótima e 130x85mmHg = PA limítrofe. PA com valores superiores a 140x90mmHg denotam Hipertensão arterial. Conforme a IV Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, compreende em estágios: 1 (leve - 140x90mmHg e 159x99mmHg); 2( moderada - 160x100mmHg 179x109mmHg); 3 (grave - acima de 180x110mmHg). NÍVEL DA PRESSÃO ARTERIAL 120 sistólica e 80 diastólica < 130 sistólica e < 85 diastólica 130~139 sistólica ou 86~89 diastólica 140~159 sistólica ou 90~99 diastólica 160~179 sistólica ou 100~109 diastólica > 110 diastólica ou > 180 sistólica Diastólica normal com sistólica > 140 CLASSIFICAÇÃO Ideal Normal Normal-alta Hipertensão Estágio 1 Hipertensão Estágio 2 Hipertensão Estágio 3 Hipertensão Sistólica Isolada É a diferença entre a pressão sistólica e a diastólica. Na maioria das vezes, os valores da pressão diferencial estão entre 30 e 60 mmHg. Durante o sono, há um pequeno decréscimo da pressão diferencial (pressão convergente), mas há algumas doenças em que este fato se torna mais evidente: Doenças que causam hipotensão arterial aguda; Estenose aórtica; Derrame pericárdico; Pericardite constrictiva; Insuficiência cardíaca grave. O aumento da pressão diferencial (pressão divergente) ocorre: Hipertireoidismo; Fístula arteriovenosa; Insuficiência aórtica; Fibrose senil dos grandes vasos. 3 Qualquer indivíduo pode apresentar pressão arterial acima de 140x90mmHg sem que seja considerado hipertenso. Apenas a manutenção de níveis permanentemente elevados, em múltiplas medições, em diferentes horários e posições e condições (repouso, sentado ou deitado) caracteriza a hipertensão arterial. Prevalência da HAS Aumenta progressivamente com a idade em ambos os sexos. Entre os negros é sempre maior em qualquer idade. (são mais sensíveis ao sal) Até os 40 anos é próxima a 10% (20% para a raça negra); Até os 50 anos chega a 20% (40% para a raça negra); Após 60 anos ultrapassa os 40%; Após 70 anos atinge 60%. Prevalência da HAS Na população brasileira, 26% da população geral adulta. As classes sociais mais pobres são as que possuem maior prevalência de hipertensão e também de complicações como doenças vasculares. Prevalência da HAS Em 1995, estimava-se que existiam cerca de 30 milhões de hipertensos no Brasil. Provavelmente, 50% destes (aproximadamente 15 milhões), desconheciam ser hipertensos. A hipertensão é um importante fator de risco para a doença cardiovascular, seja na forma de doença isquêmica, insuficiência cardíaca ou doença cerebrovascular. A HAS está envolvida em 40% das mortes por doença cerebrovascular e em 25% das mortes por doença coronariana. Apesar do reconhecimento da hipertensão como uma entidade de prevalência elevada, seu tratamento continua inadequado. Somente 27% dos hipertensos mantém um controle satisfatório da PA (< 140/90 mmHg). 4 Apesar de devidamente diagnosticados, apenas 50% dos pacientes utilizam medicação de forma regular. Isto se deve principalmente ao caráter assintomático da hipertensão durante seus 15 a 20 primeiros anos de evolução, sendo difícil convencer um paciente do perigo em potencial que corre e da necessidade de mudar seu estilo de vida e principalmente da necessidade de utilizar as medicações. No Brasil os dados são piores, com 50,8% de índice de conhecimento da doença em portadores, 40,5% de tratamentos regulares e apenas 10,4 % de controle satisfatório. As taxas de controle inferiores se associaram a idade avançada, obesidade e baixo nível educacional. Idade; Fatores Sócio econômicos; Consumo de sal; Obesidade; Sedentarismo; Consumo excessivo de álcool; Tabagismo. - São os principais fatores relacionados ao aparecimento e a piora da HAS - A hipertensão arterial é considerada uma doença silenciosa, pois na maioria dos casos não são observados quaisquer sintomas no paciente. Quando estes ocorrem, são vagos e comuns a outras doenças, tais como dor de cabeça, tonturas, cansaço, enjôos, falta de ar e sangramentos nasais. Esta falta de sintomas pode fazer com que o paciente esqueça de tomar o seu medicamento ou até mesmo questione a sua necessidade, o que leva a grande número de complicações. A Hipertensão Arterial é um fator de risco para Aterosclerose. (Como qualquer artéria do corpo pode ser obstruída pela aterosclerose, praticamente todos os órgãos podem sofrer alterações decorrentes da hipertensão, sendo frequentes:) Coração - (IAM), miocardiopatia e insuficiência cardíaca. Cérebro – DEV (AVC). Rins – Insuficiência Renal. Olhos - diminuição da visão e problemas na retina. HAS primária: é considerada essencial, isto é, ela é uma doença por si mesma. Em 95%dos casos a causa da doença é desconhecida. Ocorre aumento da rigidez das paredes arteriais, fato que é favorecido pela herança genética em 70% dos casos. (Por essa razão, é preciso verificar o histórico familiar do paciente, uma vez que, se seus pais ou parentes próximos são hipertensos, ele tem grandes probabilidades de desenvolver a doença.) 5 HAS secundária: Ocorre quando um determinado fator causal predomina sobre os demais, embora os outros possam estar presentes. Doença do parênquima renal; Renovascular; Aldosteronismo primário; Relacionada a Gestação; Uso de Medicamentos (anticoncepcionais, corticosteróides, antiinflamatórios) ; Feocromocitoma (tumor que produz substâncias vasoconstrictoras); Outras causas. Emergência Hipertensiva Aumento da PA que requer imediata redução das cifras tensionais devido ao risco iminente de morte, lesão aguda ou progressão de lesão em algum órgão alvo. Urgência Hipertensiva Aumento da PA sem sinais de riscos iminentes de morte, lesão aguda ou de comprometimento de órgão alvo. Requer redução da PA de forma gradual. Ocorre quando a PA se eleva de modo extremamente rápido, colocando em risco um ou mais dos órgãos-alvo: cérebro, rim e coração. Cerebrovasculares Encefalopatia Hipertensiva Infarto Cerebral Isquêmico Hemorragia Intracerebral Hemorragia Subaracnóide Trauma Encefálico Cardíacas Dissecção Aguda da Aorta Insuficiência do VE Síndromes Coronárias Agudas Pré e Pós Operatório Cardíaco Renais Glomerulonefrite Aguda HA grave Pós Transplante Renal Excesso de Catecolaminas Feocromocitoma Uso de Cocaína Suspensão de Medicamentos Eclâmpsia Cirúrgica HA no Pré Operatório de Emergência Sangramento Pós Operatório Queimaduras Graves Epistaxes Graves Objetivos da avaliação do hipertenso Confirmar a elevação da PA Identificar as causas da pressão sanguínea elevada Avaliar apresença ou ausência de danos aos órgãos-alvo e DCV, extensão da doença e resposta ao tratamento Identificar outros fatores de risco ou distúrbios que possam orientar o tratamento Fonte: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002 VI Joint National Committee - 1997. 6 Na primeira avaliação, as medidas devem ser obtidas em ambos os membros superiores e, em caso de diferença, utiliza-se sempre o braço com o maior valor de pressão para as medidas subseqüentes. O indivíduo deverá ser investigado para doenças arteriais se apresentar diferenças de pressão entre os membros superiores maiores de 20/10 mmHg para a pressão sistólica/diastólica . Em cada consulta, deverão ser realizadas pelo menos três medidas, com intervalo de um minuto entre elas, sendo a média das duas últimas considerada a pressão arterial do indivíduo . A posição recomendada para a medida da pressão arterial é a sentada. A medida nas posições ortostática e supina deve ser feita pelo menos na primeira avaliação em todos os indivíduos e em todas as avaliações em idosos, diabéticos, portadores de disautonomias (*), alcoolistas e/ou em uso de medicação anti-hipertensiva. (*)Doença hereditária que envolve o sistema nervoso, caracterizada pela instabilidade emocional, incoordenação motora, vômitos, infecções frequentes e convulsões. HA - Avaliação Laboratorial 1. Exame de urina: bioquímica e sedimento 2. Creatinina 3. Potássio 4. Glicemia 5. Colesterol total, HDL e Triglicérides 6. Hematológico 7. ECG de repouso HA - Avaliação Laboratorial Complementar - Cardiovascular 1. Monitorização ambulatorial da PA (MAPA) 2. Ecocardiograma 3. Radiografia de tórax 4. Teste de esforço (paciente com risco coronariano) HA - Avaliação Laboratorial Complementar - Bioquímica 1. HDL-C “bom colesterol” (sempre que o colesterol total e a glicemia estiverem elevados). 2. Triglicérides 3. Ácido úrico 4. Proteinúria de 24 horas 5. Hematócrito e hemoglobina 6. Cálcio 7. TSH 7 - Baixo risco : CT menos que 200mg/dl , HDL-C mais que 40mg/dl em homens ou 50mg/dl em mulheres , LDL-C menos que 160mg/dl e triglicerídeos menos que 150mg/dl . - Risco intermediário : CT menos que 200mg/dl , HDL-C mais que 40mg/dl em homens ou 50mg/dl em mulheres , LDL-C menos que 130mg/dl e triglicerídeos menos que 150mg/dl. - Alto risco: CT menos que 200mg/dl ,HDL-C mais que 40mg/dl em homens ou 50mg/dl em mulheres ou diabéticos , LDL-C menos 100mg/dl e triglicerídeos menos que 150mg/dl. - Muito alto risco : CT menos que 200mg/dl , HDL-C mais que 40mg/dl em homens ou 50mg/dl em mulheres ou diabéticos , LDL-C menos que 70mg% e triglicerideos menos que 150mg%. Objetivos do tratamento da HA META Reduzir os níveis de pressão arterial (< 140/90 mmHg) respeitando-se: Características individuais Co-morbidades Qualidade de vida dos pacientes Fonte: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002 Estratificação do risco CV e decisão de tratamento Terapia medicamentosa* Modificação do estilo de vida Terapia medicamentosa Estágios da PA (sistólica/ diastólica, mmHg) Grupo de Risco A (Sem fatores de risco, sem LOA/DCV) Grupo de Risco B ( 1 fator de risco, sem incluir diabetes: sem LOA/DCV) Grupo de Risco C (LOA/DCV e/ou diabetes sem outros fatores de risco) Limítrofe (130 - 139/85 - 89) Estágio 1 (140 - 159/90 - 99) Modificação do estilo de vida (até 12 meses) Modificação do estilo de vida † (até 6 meses) Terapia medicamentosa Estágios 2 e 3 ( 160/ 100) * Para aqueles com insuficiência cardíaca, insuficiência renal ou diabetes. † Para aqueles com múltiplos fatores de risco, considerar terapia medicamentosa inicial, mais modificações no estilo de vida LOA/DCV = lesão de órgãos-alvo/doença cardiovascular. VI Joint National Committee - 1997.Fonte: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002 Tratamento não medicamentoso da Hipertensão Arterial Promoção de Hábitos Saudáveis de Vida - modificações de estilo de vida têm comprovado valor na redução da pressão arterial – Redução do peso; Redução da ingestão de sódio; Dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com pouco teor de gordura; Diminuição ou abolição do álcool / tabaco; Atividade física. Abandono do tabagismo; Controle das dislipidemias; Controle do diabetes mellitus; Evitar drogas potencialmente hipertensoras. 8 Todo adulto deve realizar pelo menos 30 minutos de atividade física leve a moderada de forma contínua ou acumulada na maioria dos dias da semana, com pequenas mudanças no cotidiano, tais como utilizar escadas em vez de elevador, andar em vez de usar o carro e praticar atividades de lazer, como dançar. Recomendação populacional Tipo: exercícios dinâmicos (caminhada, corrida, ciclismo, dança, natação) Freqüência: 3 a 5 vezes por semana Duração: 30 a 60 minutos contínuos (indivíduos com pressão normal limítrofe ou obesidade - 50 a 60 minutos) Recomendação individualizada Tratamento medicamentoso da HA Princípios Gerais do Medicamento Ser eficaz por via oral Ser bem tolerado Se possível tomada única diária Iniciar com menores doses efetivas e aumentá-las gradativamente e/ou associar outra classe farmacológica Quanto maior a dose, maiores as probabilidades de efeitos indesejáveis Mínimo de 4 semanas para o aumento da dose e/ou a associação de medicamento de outra classe, salvo em situações especiais Esclarecer o paciente sobre a doença, efeitos colaterais dos medicamentos, planificação e objetivos terapêuticos Considerar custo e condições socio-econômicas Fonte: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002 Aumentar a dose Diuréticos, Betabloqueadores e Inibidores da ECA Resposta não adequada ou Efeitos Adversos Adicionar a 2ª droga Substituir a monoterapia Aumentar as doses, trocar a associação ou adicionar a 2ª e/ou 3ª droga Resposta inadequada Fluxograma para o tratamento medicamentoso Monoterapia Inicial Antagonistas dos canais de cálcio Inibidores do receptor da Angiotensina II Fonte: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002 A equipe ideal PSF Abordagem Multiprofissional Médicos Enfermeiros Auxiliares de enfermagem Assistentes sociais Nutricionistas Profissionais da Atividade Física Psicólogos Farmacêuticos Odontólogos Agentes administrativos Agentes comunitários Fonte: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002 Fluxograma de atendimento na rede pública 9 Verificação da Pressão Arterial Fonte: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002 VI Joint National Committee - 1997. Verificar se o equipamento está em boas condições de uso Explicar o procedimento de verificação da pressão ao paciente Deixar o paciente descansar de 05 a 10’ Certificar-se de que ele: não está com a bexiga cheia não praticou exercícios físicos não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos ou fumou até 30’ antes da medida Verificação da Pressão Arterial Colocar o paciente em posição confortável. Localizar a artéria braquial por palpação. Colocar o manguito adequado firmemente, cerca de 2 a 3 cm acima da fossa ante-cubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. Manter o braço do paciente na altura do coração. Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mostrador do manômetro aneróide. Palpar o pulso radial, inflar o manguito até o desaparecimento do pulso e estimar o nível da pressão sistólica, desinflar rapidamente e aguardar 1 minuto antes de inflar novamente. MEDIDA INDIRETA CASUAL DA PRESSÃO ARTERIAL MEDIDA INDIRETA CASUAL DA PRESSÃO ARTERIAL MEDIDA INDIRETA CASUAL DA PRESSÃO ARTERIAL 10 MEDIDA INDIRETA CASUAL DA PRESSÃO ARTERIAL Verificação da Pressão Arterial Colocar o estetoscópio no ouvido com a curvatura voltada para frente. Posicionar a campânula do estetoscópio sobre a artéria, na fossa ante-cubital, evitando compressão excessiva. Solicitar ao paciente que não fale durante o procedimento. Inflar rapidamenteo manguito, de 10 em 10 mmHg, até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica. Proceder a deflação na velocidade de 2 a 4 mmHg por segundo. Determinar a pressão sistólica no aparecimento do 1º som, que é um som fraco seguido de batidas regulares. MEDIDA INDIRETA CASUAL DA PRESSÃO ARTERIAL Verificação da Pressão Arterial Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder a deflação rápida e completa. Registrar os valores da pressão sistólica e diastólica, complementando com a posição do paciente, tamanho do manguito usado e braço em que foi feita a medida. Registrar o valor real obtido na escala. Esperar 1 a 2’ antes de realizar nova medida. Atendimento propriamente dito (pré-consultas, pós-consultas e consultas), Participação nas reuniões da equipe com os pacientes (Clube do Hipertenso), Elaboração e execução de projetos de pesquisa e coordenação de serviço. A participação da enfermagem, junto com a equipe de saúde tem propiciado maior eficácia do serviço, oferecendo excelente campo de treinamento a profissionais em formação. 11 Muito Obrigado!!!
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