Anemia hemolítica APG 23 Anemia hemolítica ELINE DOS REIS - MEDICINA R: PORTH - Fisiopatologia. 10 ed. 2019. ♥ A anemia hemolítica é caracterizada por: 1) Destruição prematura das hemácias; 2) Retenção orgânica de ferro e outros produtos da degradação da hemoglobina; 3) Aumento na eritropoese. ♥ Quase todos os tipos de anemia hemolítica se distinguem pela existência de hemácias normocíticas e normocrômicas. ♥ Devido à redução da vida útil da hemácia, a medula óssea geralmente se torna hiperativa, resultando no aumento do número de reticulócitos na circulação sanguínea. ♥ Tal como acontece com outros tipos de anemia, a pessoa sente: Cansaço; Dispneia; Outros sinais e sintomas de comprometimento do transporte de oxigênio. ♥ Na anemia hemolítica, a degradação das hemácias pode ocorrer de 2 formas: 1. Intravascular; 2. Extravascular. ♥ HEMÓLISE INTRAVASCULAR: é menos comum e ocorre como resultado da fixação do complemento em reações transfusionais, dano mecânico ou fatores tóxicos. ♥ É caracterizada por: Hemoglobinemia; Hemoglobinúria (presença de hemácias na urina); Icterícia; Hemossiderinúria (urina com alta concentração de hemoglobina). ♥ Inclusive, a hemoglobinúria e a hemossiderinúria são características que ajudam a diferenciar hemólise intra e extravascular, pois as mesmas ocorrem somente na hemólise intravascular. ♥ HEMÓLISE EXTRAVASCULAR: é mais comum e ocorre quando as hemácias perdem parte da capacidade de deformação, o que dificulta sua passagem através dos sinusoides do baço. As hemácias anormais são sequestradas e fagocitadas por macrófagos. ♥ O formato bicôncavo é o que permite a passagem das hemácias, então quando há uma alteração na estrutura da hemácia e esta muda seu formato, ela perde a capacidade de passagem pelos capilares fenestrados do baço. ♥ As manifestações de hemólise extravascular incluem: Anemia; Icterícia. ♥ Outra classificação de anemia hemolítica se baseia na causa: 1. Intrínseca; 2. Extrínseca. ♥ CAUSAS INTRÍNSECAS/HEREDITÁRIAS: incluem defeitos da membrana das hemácias, diversas hemoglobinopatias e deficiência enzimática hereditária. ♥ Dois tipos principais de hemoglobinopatias podem causar a lise das hemácias: 1. A substituição anormal de um aminoácido na molécula de hemoglobina (como na anemia falciforme); 2. Falhas na síntese de uma das cadeias polipeptídicas que formam a porção globina da molécula de hemoglobina (como na talassemia). ♥ CAUSAS EXTRÍNSECAS/ADQUIRADAS: são causadas por agentes externos às hemácias, como medicamentos, toxinas bacterianas e outras, anticorpos e traumatismo físico. ♥ Embora todos esses fatores possam causar a destruição prematura e acelerada de hemácias, não devem ser tratados da mesma maneira. Alguns respondem à esplenectomia, outros ao tratamento com hormônios corticosteroides e outros ainda não apresentam resolução até que seja corrigido o transtorno primário. R: Anemia Falciforme: Aspectos Clínicos e Epidemiológicos. Angélica Machado. 2018. R: Anemia Falciforme. Guilherme H. Miranda Sousa. Revista Ibero - Americana de Humanidades, Ciências e Educação. 2021. ♥ Incluem: Anemia falciforme; Talassemia; Esferocitose hereditária. ♥ As pessoas que herdam um desses tipos de anemia podem ter diferentes manifestações clínicas, a depender do genótipo que apresentam. ♥ É possível que uma pessoa seja gravemente enferma ou apresente pouca/nenhuma manifestação clínica. ♥ É transmitida principalmente de forma autossômica dominante e é a doença hereditária mais comum da membrana das hemácias. ♥ A doença é causada por anormalidades nas proteínas de membrana espectrina, anquirina, proteína 4.2 ou banda 3, que conduzem a uma perda gradual da superfície da membrana. ♥ A perda relativa de membrana em relação ao citoplasma faz a célula perder sua bicamada lipídica do citoesqueleto. As hemácias assumem uma forma esférica e não conseguem atravessar facilmente o baço. ♥ Gradualmente, a maioria dessas hemácias perde uma quantidade cada vez maior de membrana superficial e morre. ♥ Os sinais clínicos variam, mas geralmente incluem: Anemia hemolítica leve; Icterícia; Esplenomegalia; Cálculos biliares de bilirrubina. ♥ Pode advir uma crise aplásica potencialmente fatal quando a interrupção súbita da produção de hemácias (frequentemente por parvovírus B19) provoca uma rápida queda nos índices de hematócrito e níveis de hemoglobina. ♥ A doença é tratada, em geral, com esplenectomia para reduzir a destruição das hemácias. Podem ser necessárias transfusões de sangue durante uma crise. ELINE DOS REIS - MEDICINA ELINE DOS REIS - MEDICINA ♥ É uma doença hereditária em que ocorre a produção de uma hemoglobina anormal (hemoglobina S [HbS]), que conduz a um estado crônico de anemia hemolítica, dor e falência de órgãos. ♥ O gene HbS é transmitido por herança recessiva e pode se manifestar como traço de células falciformes (i. e., heterozigoto com um gene HbS) ou anemia falciforme (i. e., com dois genes homozigotos HbS). ♥ A anemia falciforme afeta aproximadamente 100 mil indivíduos nos EUA. ♥ PREVALÊNCIA EM CERTAS POPULAÇÕES: Através de mecanismos que não estão totalmente elucidados, se sabe que heterozigotos (HbAS) tem uma vantagem considerável em zonas onde a Malária é endêmica. ♥ Estudos realizados na África, Ásia e Oceania com mais de 29.000 pessoas, sendo 12.000 com grave quadro de Malária e 17.000 controle, mostraram uma redução de 86% em indivíduos HbAS (WILLIAMS, 2018). ♥ O continente africano é de onde a doença se originou e foi difundida graças a grande quantidade de imigrantes escravos (MANFREDINI, 2007). ♥ O Brasil, devido a sua grande população afrodescendente, possui de 0,1 a 0,3% da população vivendo com AF, sendo prevalente nas regiões sudeste e nordeste do país (FELIX, 2010). ♥ Segundo o ministério da saúde, esse número pode chegar de 25 a 30 mil, e ainda outras estimativas mostram que esse número pode aumentar até 3.500 novos casos por ano (HOKAZONO, 2011). ♥ Anemia falciforme é uma doença hereditária monogênica e a mesma se dá pelo fato de uma mutação causadora da doença ser mais prevalente dentre as pessoas afrodescendentes no Brasil. ♥ Sendo representado com uma maior frequência no Norte e Nordeste do que em outras regiões país (JULIÃO, 2019), onde as informações avaliadas mostram que 4% da população brasileira e em média acerca de 10% dos negros ou afrodescendentes são portadores do traço falciformes (Hb AS) (QUIARATI, 2015). ♥ ETIOLOGIA E PATOGÊNESE: A estrutura anormal de HbS resulta de uma mutação pontual na cadeia β da molécula de hemoglobina, com a substituição anormal de um único aminoácido, a valina, pelo ácido glutâmico. ♥ Existem variações nas proporções, e a concentração de HbS está relacionada com o risco de afoiçamento das hemácias. ♥ No indivíduo homozigoto com anemia falciforme, a HbS causa o afoiçamento quando desoxigenada ou em baixa tensão de oxigênio. ♥ A hemoglobina desoxigenada forma agregados que sofrem polimerização no citoplasma e formam um gel semissólido, que altera a forma e a capacidade de deformação da célula. ♥ A célula que sofreu afoiçamento pode retornar à sua forma normal pela oxigenação dos pulmões. No entanto, depois de repetidos episódios de desoxigenação, as células tornam-se permanentemente falciformes. ♥ A pessoa com traço falciforme, que tem menos HbS, apresenta pouca tendência de desenvolver células falciformes e é praticamente assintomática. ♥ HbF (hemoglobina fetal) inibe a polimerização de HbS. Portanto, a maioria das crianças com anemia falciforme não começa a sentir os efeitos do afoiçamento ELINE DOS REIS - MEDICINA ELINE DOS REIS - MEDICINA até depois de 8 a 10 semanas de vida, quando a HbF foi substituída por HbS. ♥ Há duas grandes consequências relacionadas com o afoiçamento das hemácias: Anemia hemolítica crônica; Oclusão dos vasos sanguíneos. ♥ A destruição prematura das células devido à membrana rígida e indeformável ocorre no baço, causando hemólise e anemia pela diminuição do número de hemácias. ♥ A oclusão