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alfabetizacao cientifica

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3. Alfabetização Científica – Desafios do Ensino
A alfabetização científica em termos gerais pode ser compreendida como o contato do estudante com os saberes produzidos do campo, e as relações de impacto para a área de ciências em termos sociais e culturais. O contato do estudante com os saberes produzidos pelo campo das ciências da natureza acontece por meio de acesso aos laboratórios, pátios escolares, bibliotecas e sala de aula; porém, com apresenta Sasseron (2015), nas escolas brasileiras tem como espaço privilegiado de produção de saberes a sala de aula, porém, a não utilização desses outros espaços não esta relacionada com a construção do espaço físico, mas com o objetivo do ensino no país. 
Na seção 3.1, será apresentada as concepções de iniciação científica e ensino por investigação; já na seção 3.2 será apresentada a alfabetização cientifica por meio das aulas de ciências.
3.1. Alfabetização Cientifica e o Ensino por Investigação
A alfabetização científica é tema que é trabalhado em toda comunidade científica que tem como lócus de desenvolvimento de pesquisas o ensino. Deste modo, no Brasil ainda existem disputam no campo de produção do conhecimento sobre os diversos significados em função do termo adotado: alfabetização, letramento e/ou enculturação científica (SASSERON, 2015), porém, independente do termo adotado na realização das pesquisas, o sentido converge para a proposição de uma formação em que oferte condições para que o sujeito possa analisar situações no campo das ciências por meio de conhecimento científico.
Sob essa perspectiva, a Alfabetização Científica é vista como processo e, por isso, como contínua. Ela não se encerra no tempo e não se encerra em si mesma: assim como a própria ciência, a Alfabetização Científica deve estar sempre em construção, englobando novos conhecimentos pela análise e em decorrência de novas situações; de mesmo modo, são essas situações e esses novos conhecimentos que impactam os processos de construção de entendimento e de tomada de decisões e posicionamentos e que evidenciam as relações entre as ciências, a sociedade e as distintas áreas de conhecimento, ampliando os âmbitos e as perspectivas associadas à Alfabetização Científica. (SASSERON, 2015, p. 8).
A alfabetização científica é tida como procedimento de produção de novos saberes no campo das ciências, pois a cada nova atualização do campo os procedimentos para sua investigação e sistematização do conhecimento precisam ser ampliados a partir de observações de novos conhecimentos, dessa maneira, as diversas áreas do conhecimento se intercalam durante este processo, já que a produção de conhecimento não é algo isolado e autônomo, os saberes científicos precisam transitar para que a produção do conhecimento seja aprofundada em consistência teórico-metodológica, para que a ciência possa avançar.
Essas questões trabalhadas com os estudantes por meio do processo de investigação científica, torna-se uma grande aliada para que o processo de alfabetização científica venha acontecer com alunos da Educação Básica. Isso, devido a investigação ir além de procedimentos didáticos que apresentam como finalidade a apresentação de conteúdos sem a instigação para aplicabilidades de conhecimentos científicos para problematização e checagem das informações, que culminam em processo investigativo por parte do estudante e que pode ser aplicado pelo docente para diversos conteúdos.
Considerando essas ideias, entendemos que o ensino por investigação extravasa o âmbito de uma metodologia de ensino apropriada apenas a certos conteúdos e temas, podendo ser colocada em prática nas mais distintas aulas, sob as mais diversas formas e para os diferentes conteúdos. Denota a intenção do professor em possibilitar o papel ativo de seu aluno na construção de entendimento sobre os conhecimentos científicos. Por esse motivo, caracteriza-se por ser uma forma de trabalho que o professor utiliza na intenção de fazer com que a turma se engaje com as discussões e, ao mesmo tempo em que travam contato com fenômenos naturais, pela busca de resolução de um problema, exercitam práticas e raciocínios de comparação, análise e avaliação bastante utilizadas na prática científica. (SASSERON, 2015, p. 10).
O processo de ensino por investigação é uma estratégia a grosso modo que vem sendo implementada com o Novo Ensino Médio, quando os alunos são submetidos a cursarem um componente curricular chamado aprofundamento obrigatório. Contudo, o enfoque que vem sendo dado para o estudante é o procedimento de estágios de pesquisas mais avançados, quando era para ser focado nos procedimento de alfabetização cientifica, promoção de estímulos para que o estudante torne-se capaz de desenvolvimento de um senso crítico podendo gerar questionamentos sobre os conteúdos apresentados, elaborando hipóteses sobre os resultados por meio de uma lógica científica, o que pode ser estendido para as demais áreas de conhecimento. Contudo, observa-se que o foco do ensino esta na preparação para o mercado de trabalho com isso existe perdas no processo de ensino-aprendizagem, pois, existem conteúdos que são priorizados e inseridos nos currículos enquanto outros são reduzidos.
Como um procedimento didático o ensino por investigação exige do docente que ele trabalhe o ensino por meio de situações problemas, ou seja, o professor apresenta uma situação aos estudantes, dentro deste processo vai desenvolvendo habilidades que os auxiliam a resolução do problema, sempre instigando a interação entre os colegas de turma e em alguns momentos com estudantes de outras turmas e mesmo nível/série. Dessa maneira, o ensino por investigação é uma parceria entre o professor e o estudante no processo de construção do conhecimento, considerando que o docente precisa levar em considerações alguns procedimentos realizados pelos estudantes durante o processo. 
O docente precisa levar em consideração as hipóteses geradas pelos estudantes, inicialmente, pois, é preciso considerar todo conhecimento prévio que os adolescentes trazem para a escola, além disso, isso ajuda a compreender o processo de aprendizagem em que a turma se encontra. A partir desses fatores, é necessário que o estudante se sinta instigado no processo investigativo, podendo apresentar teorias mais elaboradas e com fundamentação científica consistente.
A partir do ensino por investigação é possível a interlocução com a alfabetização científica, pois é um procedimento em que corrobora para o desenvolvimento de análises em relação a temas, conceitos e práticas cientificas e relações com outras esferas do conhecimento, assim, fomentando o processo de discussões sobre temas científicos, por meio de uma construção lógica baseado em evidências científicas. 
3.2. Alfabetização científica em aulas de ciências 
A escola é tida como espaço privilegiado para difusão e produção de conhecimento científico, tendo em vista os diferentes sujeitos, experiências, realidades e perspectivas sociais e culturais. Todo esse conhecimento e passado por meio de um processo de sistematização do conhecimento, que é definido pelas diretrizes curriculares e pelo projeto político pedagógico da escola, pelo regimento escolar, pelo contato do professor com os estudantes e a relação entre os discentes. Todas essas questões são produtoras de conhecimento, que auxilia os estudantes no processo de desenvolvimento e aprendizagem, logo, a alfabetização cientifica neste espaço encontra-se em ambiente fértil para produção e difusão do conhecimento científico.
É importante salientar que a escola como campo de produção de conhecimento científico, e visto apenas a sala de aula como espaço propicio para desenvolvimento desta atividade, logo, a biblioteca os laboratórios não são equiparados com materiais para fomentar espaços de conhecimento e produção de saberes, Sasseron (2015), apresenta que a não utilização destes espaços está vinculado a uma proposição organizacional da educação brasileira, partindo do pressuposto que os sujeitos que compõe o processo educativo(formulações de políticas), estão preocupados no processo de preparação dos estudantes para o mercado de trabalho.
Além disso, é atribuído aos docentes atividades exaustivas de preparação para avaliações externas, o que torna o ensino mecânico, em procedimentos decorativos de formulas e teorias sem desenvolvimento crítico sobre a elaboração de tais conhecimentos. Assim, o ensino por investigação e o desenvolvimento da alfabetização cientifica, vão perdendo espaço para as novas demandas educacionais fomentadas pelos organismos internacionais. 
Em uma perspectiva histórica, é possível identificar que as ciências da natureza, assim como qualquer empreendimento humano, têm seu avanço associado a questões de ordens social, cultural e histórica. Essa influência mútua e permanente pode nos apresentar modos diferentes para a compreensão do que venham a ser essas ciências, pois relata, além da existência de interações entre pessoas, as relações que são tecidas entre novas evidências, observações, suposições e novos experimentos e os conhecimentos já legitimados. (SASSERON, 2015, p. 7).
A partir das concepções expostas, a alfabetização cientifica está intrinsicamente ligada ao processo de desenvolvimento da sociedade, buscando desenvolvimento e compreensão do conhecimento cientifico; que por sua vez, encontra na escola espaço propicio para sua execução por meio de procedimentos didáticos instituído pelos professores de ciências que a partir das situações problemas apresentadas para os alunos podem ir apresentando procedimentos possíveis para serrem utilizados durante as análises (método), assim, iria trabalhando os conhecimentos prévios apresentados pelos estudantes de modo a transformá-lo em conhecimento científico.
Em aulas de ciências é bastante comum adotar a argumentação no debate de pontos de vista distintos, colocando opiniões pessoais em confronto. Mas a apropriação da argumentação como estratégia de ensino vai além: a avaliação de problemas, os processos engendrados para sua resolução e a comunicação de ideias resultam em um trabalho argumentativo de envolvimento com a linguagem científica. (SASSERON, 2015, p. 12)
A argumentação nas aulas de ciências é um meio pelo qual é oportunizado ao aluno a participação no processo de construção do conhecimento; a argumentação durante o ensino das ciências é fundamental pois, auxilia para o desenvolvimento do raciocínio prático e teórico dos conteúdos trabalhados. 
A atividade investigativa do cientista é ampla e complexa. Não se manifesta privilegiadamente por meio de uma estratégia específica, podendo estar associada a testes empíricos, experimentos de pensamento, análise e avaliação de dados e toda uma gama extensa de modos congregados. A argumentação científica, de modo semelhante, também pode se manifestar em distintas formas e em distintos momentos da produção e proposição de um conhecimento. Utilizando de estratégias para a persuasão ou a superação de conflito, a linguagem argumentativa tem o intuito central de delimitar o contexto de validade de uma afirmação, explicitando condições de contorno e condições de exceção associadas ao fato em alegação. (SASSERON, 2015, p. 13).
Os procedimentos de investigação e argumentação nas aulas de ciências tem sido utilizados para tratar de assuntos científicos; não podem ser compreendidas apenas como abordagens educativas ou metodologias de ensino, mas, como elementos que demarcam na disciplina escolar os saberes próprios das Ciências da Natureza. É importante salientar que em sala de aula os métodos de investigação e argumentação, são diferentes dos utilizados por aqueles que produzem ciência; mas, quando utilizados como procedimentos didáticos auxiliam para o desenvolvimento de procedimentos que auxiliam na discussão com os estudantes sobre o que sejam as ciências, em tempo que e por essa via que são discutidos com os estudantes os conceitos, procedimentos, noções e modelos científicos. 
O ensino das ciências por meio destas abordagens contribui para o processo de construção e entendimento sobre o que seja a ciência, refletindo sobre as teorias, modelos e concepções que á compõe. É a construção de uma nova maneira de vislumbrar o universo científico na escola e o modo como estamos conectado a ele; sendo o uso da linguagem a forma como ele será transmitido, cabendo assim ao docente identificar maneiras de utiliza-las que favoreçam o processo de alfabetização científica.

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