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1 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 OBJETIVOS 1. Analisar o planejamento familiar 2. Descrever os métodos contraceptivos, destacando o mecanismo de ação, indicações e contra indicações REFERÊNCIAS GUAZZELLI C.A, SAKAMOTO L.C. Anticoncepcional hormonal apenas de progestagênio e anticoncepção de emergência. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. FEBRASGO, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Contracepção reversível de longa ação. São Paulo, 2016. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais. Brasília, 2009. PLANEJAMENTO FAMILIAR O planejamento familiar é um conjunto de ações regulamentadas por lei federal (1996), que garantem assistência à concepção e contracepção, visando o atendimento integral à saúde. É um direito sexual e reprodutivo que vai além da assistência à concepção e contracepção, deve assegurar o acesso ao pré natal, a assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato, envolve também o controle de ISTS e o controle/prevenção dos cânceres de colo de útero, de mama, de próstata e de pênis. MÉTODOS CONTRACEPTIVOS Anticoncepção corresponde ao uso de métodos e técnicas com a finalidade de impedir que o relacionamento sexual resulte em gravidez. Os métodos anticoncepcionais podem ser classificados de várias maneiras. Reconhecem-se dois grupos principais: I - Reversíveis. 1 - Comportamentais. 2 - De barreira. 3 - Dispositivos intrauterinos. 4 - Hormonais. 5 - De emergência. II - Definitivos. 1 - Esterilização cirúrgica feminina. 2 - Esterilização cirúrgica masculina. MÉTODOS COMPORTAMENTAIS MÉTODO OGINO-KNAUS (RITMO, CALENDÁRIO OU TABELINHA) MECANISMO DE AÇÃO Baseia-se no fato de que a duração da 2ª fase do ciclo menstrual (pós-ovulatório) é relativamente constante, com a ovulação ocorrendo entre 11 a 16 dias antes do início da próxima menstruação. PASSO A PASSO: deve-se calcular o período fértil da mulher por meio da análise de seu padrão menstrual prévio, durante 6 a 12 meses. Depois, deve-se verificar a duração de cada ciclo, contando desde o 1 dia da menstruação até o dia que antecede a menstruação seguinte e analisar o ciclo mais curto e o mais longo, calculando a diferença entre eles. Diferença > 10 dias: contraindicação para esse método. Diferença < 10 dias: pode ser utilizado determinando a duração do período fértil da seguinte maneira: • Duração do ciclo mais curto – 18 = dia do início do período fértil. Planejamento Familiar e Métodos Contraceptivos Problema 06 2 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 • Duração do período mais longo – 11 = dia do fim do período fértil. CONTRAINDICAÇÕES Não é indicada após o parto ou durante a amamentação, ou para adolescentes e mulheres na pré-menopausa que estejam apresentando ciclos menstruais irregulares. Mulheres com ciclos muito curtos (<26 duas) ou muito longos (>32 dias) devem evitar estes métodos, por sua menor efetividade. BENEFÍCIOS Ausência de efeitos sistêmicos e favorece o conhecimento da fisiologia reprodutiva. TEMPERATURA BASAL CORPORAL MECANISMO DE AÇÃO Antes da ovulação: temperatura basal corporal ↓ Após a ovulação: ↑ ligeiramente (0,3-0,8 Cº), permanecendo nesse novo nível até a próxima menstruação, devido à elevação dos níveis de progesterona, que tem um efeito termogênico, atuando no centro termorregulador no hipotálamo. PASSO A PASSO A partir do 1º dia do ciclo menstrual, verificar diariamente a temperatura basal, pela manhã, antes de realizar qualquer atividade e após um período de repouso de no mínimo 5 horas, utilizando um termômetro comum para a medida da temperatura (por via oral, retal ou vaginal). Obs: Uma vez escolhida a via de verificação da temperatura, esta deve ser mantida durante todo o ciclo. O período fértil termina na manhã do 4° dia em que for observada a temperatura elevada. CRÍTICAS -Vários fatores podem interferir com a temperatura basal, como estados infecciosos, insônia, estresse, etc. -A aferição diária acarreta ansiedade. -O método não permite prever a ovulação, dificultando a contracepção nos dias que a precedem. MUCO CERVICAL OU BILLINGS MECANISMO DE AÇÃO Baseia-se na identificação do período fértil por meio da auto-observação das características do muco cervical e da sensação por ele provocada na vulva, sob influência do estrogênio e da progesterona ao longo do ciclo menstrual. O muco cervical, no início da primeira fase do ciclo, é imperceptível. Com o passar do tempo, a mulher começa a percebê-lo espesso, grumoso, dificultando a ascensão dos espermatozóides pelo canal cervical. À medida que a ovulação se aproxima, o muco vai se tornando transparente, escorregadio e elástico, comparável a uma clara de ovo. Além disso, o muco cervical, sob ação estrogênica, produz, na vulva, uma sensação de umidade e lubrificação, indicando o tempo da fertilidade, momento em que os espermatozóides têm maior facilidade de penetração no colo uterino. O período de abstinência vai da percepção do muco elástico, ou sensação de lubrificação vaginal, até o 4º dia após a percepção máxima de umidade. CRÍTICAS Este método envolve vários fatores subjetivos. A presença de uma infecção vaginal, por exemplo, influencia a percepção das características do muco. Além disso, apresenta índices de falha de até 39 em 100 mulheres por ano. MÉTODO SINTO-TÉRMICO: É a combinação entre as observações da temperatura basal + muco cervical + sinais indicativos (dor pélvica – dor do meio, enxaqueca, etc). EJACULAÇÃO EXTRAVAGINAL 3 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 CRÍTICAS E RISCOS A interrupção da relação sexual antes da ejaculação requer grande controle por parte do homem, o que nem sempre acontece. Além disso, a ejaculação é precedida de liberação de muco que pode conter espermatozoides. Elevado índice de falha. INDICAÇÕES É indicado quando a crença do casal condene outros métodos. MÉTODOS DE BARREIRA PRESERVATIVO MASCULINO MECANISMO DE AÇÃO Consiste em um envoltório de látex que deve ser colocado no pênis ereto, antes do início do ato sexual que retém o esperma por ocasião da ejaculação impedindo o contato com a vagina. O usuário deve retirar o pênis da vagina após a ejaculação para evitar que o seu conteúdo saia do reservatório com a diminuição da ereção. VANTAGENS É um método que, além de evitar a gravidez, reduz o risco de transmissão do HIV e de outras ISTs, É barato e de fácil acesso. DESVANTAGENS Requer motivação, manipulação durante o ato sexual, pode ocorrer rupturas/vazamento e reações alérgicas (homem látex e mulher na fricção). Taxa de falha: 3% PRESERVATIVO FEMININO O preservativo feminino é um tubo de poliuretano com uma extremidade fechada e a outra aberta, acoplado a 2 anéis flexíveis também de poliuretano. Um anel fica solto dentro do tubo, serve para ajudar na inserção e na fixação de preservativo no interior da vagina. O segundo anel serve como um reforço externo do preservativo que, quando corretamente colocado, cobre parte da vulva. VANTAGENS Serve como um receptáculo ao esperma, impedindo seu contato com a vagina, reduzindo o risco de ISTs e gravidez. Pode ser colocada na vagina imediatamente antes da penetração ou até 8 horas antes da relação sexual. DESVANTAGENS Pouco estética, maior custo, provoca ruídos, etc. Taxa de falha: 5% - 21% DIAFRAGMA É um anel flexível, coberto no centro com uma membranade látex ou silicone em forma de cúpula que se coloca na vagina cobrindo completamente o colo uterino e a parte superior da vagina, impedindo a penetração dos espermatozoides no útero e trompas. Para maior eficácia do método, antes da introdução, deve-se colocar, na parte côncava, creme espermicida (nonoxinol-9 a 2%). O dispositivo poderá ser inserido até 2 horas antes da relação sexual e sua remoção só deverá ser efetuada 6 a 8 horas após o sexo, para garantir maior tempo de exposição do espermatozoide ao espermicida. CONTRAINDICAÇÕES Alergia a látex, história de síndrome de choque tóxico, história de doença valvular cardíaca complicada, pacientes virgens, ou com infecções vaginais ou DIP. Pacientes com prolapso uterino, cistocele, retocele, retroversão uterina fixa e nos casos de alterações anatômicas. Taxa de falha: 6-16% VANTAGENS 4 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 Protege contra algumas DSTs, reduzindo 50% do risco pela oclusão do colo, embora não proteja contra HIV. GELEIA ESPERMICIDA São substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo do útero, impedindo a penetração dos espermatozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou destruindo os espermatozóides. Devem ser aplicados antes da relação sexual com auxílio de um aplicador. São efetivos por 2 horas. DESVANTAGENS Pode gerar reação alérgica em ambos. O produto espermicida a base de nonoxinol-9 (N- 9) a 2% é o mais amplamente utilizado no Brasil e no mundo. Entretanto, o uso de alguns métodos contraceptivos contendo N-9 podem aumentar o risco de transmissão sexual do HIV e outras DST, devido ao N-9 provocar lesões (fissuras/microfissuras) na mucosa vaginal e retal, dependendo da frequência de uso e do volume aplicado. Não deve ser utilizado isoladamente, por não conferir proteção adequada. Restrições: História recente de infecção genital, baixa ou alta e existência de DST/AIDS. Taxa de falha: 18-29%. ESPONJA A esponja constitui-se de poliuretano acompanhada de espermicida. É descartável e de fácil colocação. Pode ser utilizada por 24hrs. DESVANTAGENS Tem como principal limitação ao uso o custo (produto importado). As contraindicações são as mesmas para o diafragma Taxa de falha é de 9-32%. DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS São artefatos de polietileno, com ou sem adição de substancias metálicas ou hormonais, que exercem efeito anticonceptivo quando colocados dentro da cavidade uterina. Podem ser classificados em duas categorias: DIUs não medicados: não contêm ou liberam substancias ativas, sendo unicamente de polietileno. DIUs medicados (ativos): além do polietileno, contêm substancias como metais (cobre) ou hormônios), que exercem ação bioquímica local, ↑ a eficácia anticonceptiva. DIU DE COBRE É feito de plástico, com filamento de cobre enrolado em sua haste vertical. Entre os DIUs de cobre, o mais utilizado é o Tcu 380A, com duração de 10 anos. No primeiro ano de uso, as taxas de falha variam de 0,6 a 1,4%. Nos anos subsequentes é ainda menor. Não há necessidade de período de descanso entre a troca de DIUs. MECANISMO DE AÇÃO Esse DIU depende uma reação de corpo estranho para sua ação contraceptiva, pois se trata de reação inflamatória estéril que produz lesão tecidual mínima, porém suficiente para ser espermicida. A presença de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial causa mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, além de produzir modificações no muco cervical afetado o transporte de esperma de modo a prevenir a fertilização. Os íons de cobre também têm um efeito direto na motilidade espermática, reduzindo a capacidade de penetração no muco cervical. A ovulação não é afetada em usuárias do DIU de cobre. 5 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 DESVANTAGENS Pode causar alterações no sangramento menstrual, como sangramento de escape, aumento do fluxo ou cólicas. VANTAGENS Longa duração, muito eficaz, não interfere nas relações sexuais, não apresentam efeitos colaterais do uso de hormônios. É imediatamente reversível (a mulher pode engravidar imediatamente), pode ser inserido logo após o parto, não interage com outras medicações, etc. SIU COM LEVONORGESTREL O sistema intrauterino de levonorgestrel consiste numa matriz de plástico em forma de T, contendo um reservatório de 52 mg de levonorgestrel, que libera 20 mcg do progestágeno diariamente, diminuindo de forma gradual: 15mcg no 2º ao 5º ano e 12 mcg do 6º ao 7º ano. Sua taxa de falha é de 0,1% no primeiro ano de uso. Seu efeito contraceptivo perdura por 5 a 7 anos. MECANISMO DE AÇÃO • Efeitos endometriais: devido aos níveis ↑ de levonorgestrel na cavidade uterina, ocorre inibição da síntese do receptor de estradiol no endométrio e efeito antiproliferativo, com atrofia endometrial e inibição da passagem do espermatozoide através da cavidade uterina. • Muco cervical: ↓ a produção e aumenta a viscosidade do muco cervical, inibindo a migração espermática. OBS: mantém a produção estrogênica, o que possibilita uma boa lubrificação vaginal. EFEITOS ADVERSOS • Inibição da ovulação: produz anovulação em aproximadamente 25% das mulheres. • Pode ocorrer sangramento irregular. • Muitas mulheres ficam em amenorreia por atrofia endometrial (20% no primeiro ano e 50% nos cinco anos). • Possiveis efeitos colaterais: cefaleia, náuseas, depressão, ganho de peso, acne, mastalgia. BENEFÍCIOS ↓ a quantidade de fluxo menstrual, previne anemia relacionada à menstruação, não altera a PA, promove o controle de menorragia. INTERCORRÊNCIAS COM O USO DO DIU: - Perfuração uterina (raro) - Expulsão: mais frequente no primeiro mês após a colocação em multíparas. - Doença inflamatória pélvica: devido a infecções pré existentes ou à técnica inadequada. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS São constituídos estrogênio + progesterona sintéticos ou somente progesterona. MECANISMO DE AÇÃO: Combinados: promovem a anovulação através do bloqueio do eixo hipotálamo-hipofisário. Assim, suprimem o LH (progesterona inibe) e FSH (estrógeno inibe) basais e ↓ a capacidade da hipófise de secretar gonadotrofinas quando estimulada pelo GnRH. Além disso, tornam o muco cervical espesso, e provocam alterações no endométrio. Apenas progestogênios: promovem atrofia do endométrio e tornando o muco cervical mais espesso, alterando a motilidade tubária, inibem a ovulação em 15 a 40% dos casos. ANTICONCEPCIONAIS ORAIS (ACOs) COMBINADO: existem 3 tipos de formulações contendo doses variadas de hormônios: • Monofásicas- mantêm a mesma dose hormonal durante todo o ciclo • Bifásicas ou trifásicas- variações na quantidade hormonal tentando mimetizar o ciclo. MODO DE USO: A primeira cartela deve ser iniciada no 1º dia da menstruação. Existem cartelas com 21 (pausa de 7 dias), 22 (pausa de 6 dias), 24 (pausa de 4 dias) e 28 (uso ininterrupto- os 4 últimos comprimidos são 6 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 placebos). Durante a pausa ocorre o sangramento por privação hormonal. Em caso de esquecimento de 1 pílula: tomar a pílula esquecida assim que lembrar, tomar a pílula seguinte no horário regular, tomar o restante das pílulas regularmente, uma a cada dia. Em caso de esquecer 2 ou + pílulas: uso de preservativo ou evitar relações sexuais nos próximos 7 dias. Tomar uma pílula imediatamente. Contar quantas pílulas restam na cartela: -se restam >7: tomar o restante como de costume. -se restam <7: tomar o restante como de costume e iniciar uma novacartela no dia seguinte após a última pílula da cartela, neste caso, a menstruação pode não ocorrer naquele ciclo. EFEITOS ADVERSOS Progestogênios: acne, ganho ponderal, depressão, ↓ da libido, etc. Estrogênios: náuseas, vômitos, mastalgia, cefaleia, edema, etc. BENEFÍCIOS Regularizam o ciclo, promovem alivio da TPM, ↓ o risco de DIP, ↓ dismenorreia, previnem endometriose. CONTRAINDICAÇÕES • Mutações trombogênicas • Amamentação < 6 meses pós parto • CA de mama • Uso de rifampicina ou anticonvulsivantes (fenitoína, carbamazepina, topiramato etc). • Tabagismo • Diabetes • Histórico de trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar • Histórico de AVE, IAM, cardiopatia valvar • Enxaqueca com aura em qualquer idade • Enxaqueca sem aura > 35 anos • Hepatite viral aguda • Cirrose • Tumor hepático MINIPÍLULAS Contêm apenas progestogênio em baixas doses. A ausência do componente estrogênico permite sua utilização em algumas situações em que há contraindicação ao uso desse esteroide: durante amamentação, HAS, coagulopatias e cardiopatias valvares, tabagista. São os anticoncepcionais orais mais indicados para a mulher que amamenta (a partir de 6 semanas pós-parto), uma vez que sua eficácia menor pode ser compensada pelo efeito anticoncepcional da lactação. MODO DE USO: contínuo. INJETÁVEIS MENSAIS: são combinados, a primeira injeção deve ser tomada até o 5º dia do início da menstruação e as seguintes, devem ser administradas a cada 30 dias. O retorno da fertilidade ocorre cerca de 4 meses após a interrupção do método. TRIMESTRAIS: exclusivamente de progestogênios. Administrar no 5º dia do início da menstruação e repetir a cada 3 meses. Neste caso, a mulher não menstrua. O retorno da fertilidade ocorre cerca de 6 meses após a interrupção do método. IMPLANTES SUBCUTÂNEOS Bastão de progestogênio, inserido no subcutâneo da face interna do braço. Duração de 3 anos (a mulher não menstrua). Liberação de microdoses diárias. Não há necessidade de períodos de “descanso” para inserir novo implante após a mulher ter usado o anterior por 3 anos. Inibe a ovulação, além de alterar o muco cervical. ADESIVOS TRANSDÉRMICOS 3 adesivos 1 por semana. Fazer pausa na 4ª semana, quando ocorre o sangramento de escape. Pode ser colocado no braço, na barriga, nas costas ou nas nádegas, não deve ser colocado próximo à mama. ANEL VAGINAL COMBINADO Deve ser colocado dentro da vagina até o 5º dia do ciclo menstrual e lá permanecer por 3 semanas, fazer pausa de 1 semana e colocar outro anel. Possui mesmo mecanismo de ação e contraindicações dos ACOs orais, porém menos efeitos adversos. DISPOSITIVO INTRAUTERINO Aparelho pequeno e flexível que é inserido dentro do útero, com ou sem adição de substancias 7 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 metálicas ou hormonais. Podem ser classificados em duas categorias: DIUS NÃO MEDICADOS: não contêm ou liberam substancias ativas, sendo unicamente de polietileno. DIUS MEDICADOS (ATIVOS): além do polietileno, contêm substancias como metais (cobre) ou hormônios), que exercem ação bioquímica local, ↑ a eficácia anticonceptiva. Antes da inserção do DIU deve-se realizar um exame ginecológico detalhado e ultrassom endovaginal, afim de descartar a possibilidade de contraindicações. Após a inserção deve-se realizar o acompanhamento anual com ultrassonografia. CONTRAINDICAÇÕES Infecção ginecológica ativa, anormalidades anatômicas do útero, suspeita de gravidez, câncer de colo de útero ou de endométrio, SUA, 48h a 3 semanas após o parto. OBS: CA de mama e de ovário são contraindicações para o SIU com levonorgestrel. A DIP associada ao DIU ocorre pouco tempo após a inserção, por conta de infecções preexistentes não diagnosticadas ou devido à técnica inadequada. DIU DE COBRE É feito de plástico, com filamento de cobre enrolado em sua haste vertical. Entre os DIUs de cobre, o mais utilizado é o Tcu 380A, com duração de 10 anos. Não há necessidade de período de descanso entre a troca de DIUs. É disponibilizado no SUS. MECANISMO DE AÇÃO A presença de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial causa uma reação inflamatória no endométrio, causando mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, com aumento da produção de prostaglandinas e inibição das enzimas endometriais, além de ter um efeito direto na motilidade espermática, reduzindo a capacidade de penetração no muco cervical. A melhor época para inserção é no período menstrual. A ovulação não é afetada em usuárias do DIU de cobre. EFEITOS ADVERSOS Pode causar alterações no sangramento menstrual, como sangramento de escape, aumento do fluxo ou cólicas. BENEFÍCIOS Longa duração, muito eficaz, não interfere nas relações sexuais, não apresentam efeitos colaterais do uso de hormônios, imediatamente reversível (a mulher pode engravidar imediatamente), pode ser inserido logo após o parto; SIU COM LEVONORGESTREL O sistema intrauterino de levonorgestrel consiste numa matriz de plástico em forma de T, contendo um reservatório de levonorgestrel, que libera progestágeno diariamente, diminuindo de forma gradual. Seu efeito contraceptivo perdura por 5 a 7 anos. MECANISMO DE AÇÃO Devido aos níveis ↑ de levonorgestrel na cavidade uterina, ocorre inibição da síntese do receptor de estradiol no endométrio e efeito antiproliferativo, com atrofia endometrial e inibição da passagem do espermatozoide através da cavidade uterina. Torna o muco cervical espesso e hostil à penetração dos espermatozoides, inibindo a sua motilidade no colo, no endométrio e nas tubas uterinas, prevenindo a fertilização. Impede a resposta ao estradiol circulante. Mantêm a produção estrogênica, o que possibilita uma boa lubrificação vaginal – ação local EFEITOS ADVERSOS Sangramento irregular, amenorreia, cefaleia, náuseas, depressão, acne, mastalgia, ganho de peso. BENEFÍCIOS ↓ a quantidade de fluxo menstrual, previne anemia relacionada à menstruação, não altera a PA, promove o controle de menorragia. CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA 8 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER ANA LUÍZA A. PAIVA – 5° PERÍODO 2022/1 MECANISMO DE AÇÃO 1ª fase do ciclo menstrual (antes da ovulação): altera o desenvolvimento dos folículos, impedindo a ovulação ou a retardando por vários dias. 2ª fase do ciclo menstrual (após ovulação): altera o transporte dos espermatozoides e do óvulo nas trompas; modifica o muco cervical, tornando-o espesso e hostil, impedindo ou dificultando a migração dos espermatozoides. MÉTODO DE LEVONORGESTREL: 1 cp de 1,5mg ou 2 cps de 0,75mg de uma só vez, até 5 dias após a relação sexual. 2ª opção: 1 cp de 0,75mg de 12/12 horas, no total de 2 comprimidos até 5 dias após a relação sexual. MÉTODO DE YUZPE: Pílula combinada em 2 doses a cada 12h. Deve ser tomado em até 5 dias após relação. INDICAÇÕES • Relação sexual sem uso de anticoncepcional • Falha ou esquecimento do uso de algum método: ruptura do preservativo, esquecimento de pílulas ou injetáveis, deslocamento do DIU ou do diafragma. • No caso de violência sexual, se a mulher não estiver usando nenhum método anticoncepcional. EFEITOS SECUNDÁRIOS Náuseas, Vômitos, Cefaleia, Mastalgia, Diarreia, Dor abdominal, Irregularidade menstrual. MÉTODOS CIRÚRGICOS Por serem métodos contraceptivos de caráter definitivo, deve-se levar em consideração a possibilidade de arrependimento da mulher ou do homem e o pouco acesso das pessoas às técnicas de reversão da cirurgia. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: I – em homensou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com 2 filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar. II – risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por 2 médicos. LAQUEADURA TUBÁRIA Pode ser feita por via abdominal, (por laparotomia ou videolaparoscopia) ou via vaginal (por colpotomia ou histeroscopia). A esterilização cirúrgica feminina durante os períodos de parto ou aborto ou até o 42º dia do pós-parto ou aborto, é proibida por lei, exceto nos casos de comprovada necessidade. Essa restrição visa à ↓ da incidência de cesárea para procedimento de laqueadura. VASECTOMIA Consiste no bloqueio dos ductos deferentes, interrompendo o fluxo de espermatozoides. Realiza-se um espermograma após 3 meses do procedimento ou após 20 ejaculações, para avaliar a sua efetividade.