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REVISAO - LING III AP 1

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LINGUÍSTICA III 
ESTUDO DIRIGIDO 
 
1. Explique ao menos duas características que diferenciam os estudos linguísticos formais dos estudos 
funcionais, que se desenvolvem a partir da década de 1960. 
A partir de 1960 ocorreu a assim denominada guinada pragmática, que passou a observar a Língua em uso. Os 
aspectos histórico-sociais de realização concreta da Língua foram resgatados pelos estudos funcionalistas que 
passaram a vê-la como um fenômeno social, enquanto os formalistas – anterior à década de 60 – concebiam-na 
como um fenômeno mental ou cognitivo. 
FORMALISMO: aborda a Linguagem do ponto vista psíquico e privilegia o estudo das formas linguísticas, dando 
ênfase à sua relação com o pensamento. 
➔ Língua: um sistema autônomo (analisado independente do uso). 
➔ Língua: fenômeno mental, cognitivo 
➔ Busca o que é único, universal, constante na Língua 
➔ Remete-se a Ferdinand de Saussure: a Langue (língua) – objeto de estudo da Linguística 
FUNCIONALISMO: ocupa-se seu aspecto social da Linguagem (também denominado sociologismo), dando 
atenção às suas relações externas, com um olhar voltado para a dimensão histórica e social, dando ênfase às 
funções que desempenham as formas, em contexto de interação social, ou seja, no processo de comunicação. 
➔ Língua: um fenômeno social 
➔ Procura o que é múltiplo, diverso e variado nos estudos da Linguagem 
➔ Possibilitou novas abordagens: a Linguística Textual, a Análise da Conversação, a Análise do 
➔ A Linguística Textual – objeto de estudo: TEXTO 
 
2. Em que consiste a virada pragmática? 
É a passagem de uma visão formalista para uma observação das manifestações distintas da Língua em uso. 
 
Ferdinand Saussure elegeu a Língua como objeto a ser estudado considerando-a um sistema de valores autônomo, 
com suas próprias leis internas, desconsiderando as idiossincrasias (as irregularidades) da fala (parole). A partir de 
1960, a GUINADA PRAGMÁTICA passa a observar a Língua em uso. Os aspectos históricos e sociais de 
realização concreta da Língua foram resgatados pelos estudos funcionalistas pós a década de 60, que tornaram 
possíveis novas abordagens no campo da ciência da Linguagem: a Linguística Textual, a Análise da Conversação, 
a Análise do Discurso e a Sociolinguística Interacional. 
 
3. Qual a diferença entre o estudo linguístico da interação verbal, proposto por Bakhtin, e os estudos 
formais de linguagem. 
BAKTIN se desloca da proposta formalista, que pensa a Língua como sistema isolado, para uma reflexão sobre os 
elementos externos à Língua, empregada por indivíduos sociais e históricos, na ENUNCIAÇÃO. A Língua é 
inseparável do fluxo da comunicação verbal. Logo, está em permanente constituição. O interesse dos estudos da 
FORMA da Linguagem não é a relação do signo com a sua exterioridade ou com o sujeito, mas sua relação 
opositiva com outro signo no interior do sistema linguístico. Para BAKHTIN, a Linguagem é dialógica e se constitui 
no diálogo relacional entre indivíduos. Pensá-la em sua configuração dialógica, significa considerá-la como 
acontecimento social decorrente de uma comunicação social, realizada por uma comunicação verbal determinada, 
ou seja, por uma INTERAÇÃO VERBAL. 
 
4. O que é dialogismo? 
É o princípio constitutivo de todo enunciado, ou seja, ele é constituído a parti de outro enunciado. Outra dimensão 
da dialogização refere-se á organização interna dos enunciados, isto é, a articulação de múltiplas vozes no interior 
de todos enunciados. Em qualquer enunciado há pelo menos duas vozes, duas posições sociais. Em linhas gerais a 
teoria do dialogismo, elaborada pelo Círculo de Bakhtin, acaba por revelar que todo discurso é heterogêneo. 
 
5. O que são os gêneros do discurso? Explique a diferença entre os gêneros primários e secundários. 
Para Bakhtin, gêneros de discurso são constituídos por tipos relativamente estáveis de enunciados que decorrem 
das diferentes esferas da atividade humana. Os gêneros discursivos são heterogêneos e possuem inúmeros tipos. 
É importante lembrar que os enunciados apresentam regularidades , o que pode ser comprovado pelas três 
características que Bakhtin propõe para seu estudo: estilo, conteúdo temático e construção estrutural. Enquanto a 
diferença entre os gêneros o primários são constituído de comunicação espontânea e matem relação direta com o 
contexto imediato, como por exemplo, um bate papo entre amigos. Já os gêneros discursivos secundários estão 
relacionados a textos mais complexos , são desenvolvidos em circunstâncias mais elaboradas como os artigos 
científicos. 
 
6. Fale dos estudos desenvolvidos pela linguística textual – seus interesses – e as mudanças na disciplina. 
A Linguística textual , em sues estudos, parte da premissa de que a língua não funciona em unidades isoladas, mas 
sim em unidades de sentido, chamadas texto, pode-se dizer que o que define a disciplina é o fato de tomar como 
objeto nao mais a palavra ou frase, mas o texto, como forma de manifestação da linguagem. O interesse da 
Linguistica Textual inclui o estudo das operações linguísticas, discursivas e cognitivas reguladoras da produção, da 
construção e do processamento de textos escritos e orais em contextos naturais de uso [Pág. para leitura : 109; 
111; 115- 118]. 
 
7. Defina os fatores de textualidade. 
São 5 : intencionalidade, situacionalidade, informatividade, intertextualidade e aceitabilidade. 
 
1. INTENCIONALIDADE refere-se ao esforço do produtor do texto em construir uma comunicação eficiente 
capaz de satisfazer os objetivos de ambos os interlocutores. Quer dizer, o texto produzido deverá ser 
compatível com as intenções comunicativas de quem o produz. A intencionalidade diz respeito ao que os 
produtores do texto pretendiam, tinham em mente ou queriam que eu fizesse com aquilo, tem a intenção de 
informa, convencer, ordenar, questionar, etc. 
2. SITUACIONALIDADE: critério que refere-se ao fato de relacionarmos o evento textual à situação (social, 
cultural, ambiente etc.) em que ele ocorre .A situacionalidade não só serve para interpretar e relacionar o 
texto ao seu contexto interpretativo, mas também para orientar a própria produção. É a adequação do texto 
a uma situação comunicativa, ao contexto. Note-se que a situação orienta o sentido do discurso, tanto na 
sua produção como na sua interpretação. 
3. INFORMATIVIDADE: seguramente, este critério é o mais óbvio de todos, pois se um texto é coerente é 
porque desenvolve algum tópico, ou seja, refere conteúdos. O essencial desse princípio é postular que num 
texto deve ser possível distinguir entre o que ele quer transmitir e o que é possível extrair dele, e o que não 
é pretendido. Ser informativo significa, pois, ser capaz de dirimir incertezas. É a medida na qual as 
ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo receptor. Um discurso menos 
previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais trabalhosa, porém mais interessante, envolvente. 
O excesso de informatividade pode ser rejeitado pelo receptor, que não poderá processá-lo. O ideal é que o 
texto se mantenha num nível mediano de informatividade, que fale de informações que tragam novidades, 
mas que venham ligadas a dados conhecidos. 
4. INTERTEXTUALIDADE: concerne aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente da 
interpretação de outros. Cada texto constrói-se, não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual 
abstrai alguns aspectos para dar-lhes outra feição. O contexto de um texto também pode ser outros textos 
com os quais se relaciona. Essa propriedade está relacionada a dois conceitos : dialogismo e polifonia. 
5. Aceitabilidade diz respeito à atitude do receptor do texto que recebe o texto como uma configuração 
aceitável, tendo-o como coerente e coeso, ou seja, interpretável e significativo. O texto produzido também 
deverá ser compatível com a expectativa do receptor em colocar-se diante de um textocoerente, coeso, útil 
e relevante. O contrato de cooperação estabelecido pelo produtor e pelo receptor permite que a 
comunicação apresente falhas de quantidade e de qualidade, sem que haja vazios comunicativos. Isso se 
dá porque o receptor esforça-se em compreender os textos produzidos. 
 
 
8. Na aula 5, vimos que o processamento textual envolve estratégias, a saber, as cognitivas, as textuais e as 
sociointeracionais. Defina cada uma delas. 
São as estratégias cognitivas que possibilitam o cálculo mental realizado pelos interlocutores. As inferências são 
uma dessas estratégias e permitem derivar informação nova a partir do que já é conhecido. Como sabemos que 
muitas informações ficam implícitas nos textos, a realização de interferências é fundamental. As estratégias de 
natureza sociointeracional são determinadas socialmente e têm como objetivo o “estabelecer, manter e levar a bom 
termo uma interação verbal” (Koch, 1997, p. 36-37). Algumas dessas estratégicas são a chamada preservação da 
face (ou representação positiva do Self), as formas de polidez, negociação, atribuição de causas aos mal-
entendidos etc. Estratégias textuais são as que se relacionam às escolhas textuais realizadas pelos interlocutores e 
que incluem estratégias de organização da informação, formulação, referenciação e “calibragem” entre o que é 
informação implícita e explícita [Cap. 5, p. 148-150]. 
 
9. O que estuda a análise da conversação? 
A Análise da Conversação privilegia em seus estudos o uso de dados empíricos, ou seja, o objeto analisado é a 
língua falada em contextos naturais, gravada e transcrita de forma detalhada utilizando para isso uma notação 
própria [Cap. 7, p. 191]. 
 
10. Como se dá a coleta do material para um estudo voltado à análise da conversação? 
A ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO privilegia, em seus estudos, o uso de dados empíricos, ou seja, o objeto analisado 
é a língua falada em contextos naturais, gravados e transcritos de forma detalhada, utilizando para isso uma 
notação própria. O uso dessa notação tem a finalidade de capturar, ao máximo, as características do objeto 
pesquisado. A língua falada é um fenômeno que se desenvolve no tempo – assim que uma palavra é pronunciada, 
ela simplesmente desaparece no ar –, por isso, é necessário que toda informação relevante para o investigador da 
CONVERSAÇÃO seja devidamente registrada, para que possa se, posteriormente, considerada na análise. São 
utilizadas transcrições, que visam reproduzir a fala do modo mais fiel à realidade possível. 
 
A SEGUIR, UM RESUMO SOBRE OS NÍVEIS FUNDAMENTAL E NARRATIVO DO PERCURSO NARRATIVO DO 
SENTIDO – SEMIÓTICA DISCURSIVA 
 
SEMIÓTICA DISCURSIVA 
 
• A Semiótica Discursiva, proposta por Greimas, objetiva explicitar o modo como os sentidos de um 
texto (verbal, não verbal ou sincrético/oral ou escrito) se constroem. O texto, para essa vertente 
linguística, é considerado como um objeto de significação e de comunicação, composto por um 
plano de expressão e um plano de conteúdo. 
• Modelo de análise considerado (para o plano do conteúdo): percurso gerativo de sentido. Nesse 
modelo, o texto é estruturado (e analisado) em três níveis (profundo/fundamental; narrativo e 
discursivo), cada um deles organizando-se a partir de dois componentes: o semântico e o sintático. 
• Com GReimas há um deslocamento da unidade de análise, do objeto de estudo: dos signos para o 
texto. É, portanto, uma teoria da significação e não do signo. 
 
 OBJETO DE COMUNICAÇÃO: há mecanismos intradiscursivos de constituição de sentidos; o texto 
possui uma estrutura interna que o organiza (concepção também da 
Linguística textual) 
TEXTO 
 
 OBJETO DE SIGNIFICAÇÃO: relação com a exterioridade; objeto histórico, ou seja, produzido por 
sujeitos, em uma determinada sociedade, com finalidades específicas 
(concepção também da Análise do Discurso) 
 
PERCURSO GERATIVO DO SENTIDO 
 
1) NÍVEL FUNDAMENTAL (mais abstrato e profundo): instância inicial do percurso gerativo 
 
COMPONENTE SEMÂNTICO 
• A semântica do nível fundamental diz respeito às categorias que estão na base da construção de um texto. 
Centra-se numa oposição semântica elementar. 
• CATEGORIA SEMÂNTICA: fundamenta-se numa oposição (cuidado: “violência semântica”, expressão 
mencionada por Fiorin). 
• Greimas postula que a negação é a “primeira operação pela qual o sujeito funda-se como operador e funda 
o mundo como cognoscível”. “... para conhecer, é necessário negar”. 
• QUADRADO SEMIÓTICO: esquema visual que apresenta a estrutura elementar de significação de um 
texto, explicitando as relações de contrariedade, complementaridade e contraditoriedade presentes nos 
textos. 
• Cada elemento dessa categoria de base recebe uma “qualificação semântica”: euforia e disforia. 
• Euforia: valores considerados atraentes, positivos; disforia: valores negativos, repulsivos. Tais valores estão 
inscritos nos textos, não são dados pelo senso comum ou pelo leitor (axiologização). 
• OBSERVAÇÃO: construam um quadrado semiótico, a partir de um par de elementos opostos e expliquem 
as relações estabelecidas . Pode ser que seja cobrado (eu cobraria. Rs). 
• QUADRADO SEMIÓTICO: foi questionado. Motivo: seu binarismo não daria conta das gradações e do 
aspecto contínuo do sentido. Há uma alternativa de análise: semiótica tensiva (a articulação do sentido é 
pensada a partir de dois eixos: o da extensidade e o da intensidade. 
 
COMPONENTE SINTÁTICO 
• Aqui se observam duas operações: a asserção (afirmação) e a negação. 
a) afirmação de a; negação de b; afirmação de b 
b) afirmação de b; negação de a; afirmação de a. 
 
 
 
2) NÍVEL NARRATIVO 
 
 SINTAXE NARRATIVA: espetáculo que simula o fazer do homem que transforma o homem: descrever o 
espetáculo, determinar seus participantes e o papel que representam na historiazinha simulada. 
 
• Narrativa com mudança de estados, operada pelo fazer transformador de um sujeito que age no e 
sobre o mundo em busca de valores investidos nos objetos. 
• O sujeito é o actante que se relaciona transitivamente com o objeto, o objeto aquele que mantém 
laços com o sujeito 
 
 TEXTO: DOTADO DE NARRATIVIDADE 
  
 (transformação situada entre dois estados sucessivos e diferentes. Pressupõe um estágio 
inicial, transformação e estágio final  narrativa simples) 
• Narratividade: transformação situada entre dois estados sucessivos e diferentes. 
 
 Nesse nível, analisam-se as relações entre os sujeitos e os objetos (estados) e suas transformações. 
 
 COMPONENTE SINTÁTICO 
• Analisam-se as mudanças de estado de um sujeito na busca de conjunção com objetos-valor. É por meio do 
objeto que o sujeito tem acesso aos valores. 
• Há dois tipos de enunciados elementares: de estado (ser) e de transformação (fazer). 
Enunciados de estado (ser): relação de junção (conjunção/disjunção) entre um sujeito e objeto. (JUNÇÃO 
é a relação que determina o estado, a situação do sujeito em relação a um objeto qualquer. Há dois tipos de 
junção: conjunção e disjunção). 
 Como há dois tipos de enunciados, há duas espécies de narrativas mínimas: a de privação (estado 
inicial conjunto e um estado final disjunto) e a de liquidação da privação (um estado inicial disjunto e um 
final conjunto). 
Enunciados de transformação (fazer): mostram as transformações que correspondem à passagem de um 
estado a outro, ou seja, de um estado conjuntivo a um estado disjuntivo e vice-versa. 
 
  Não confundir sujeito com pessoa e objeto com coisa. Sujeito e objeto são papéis narrativos. 
 
Os textos NÃO são narrativas mínimas; SÃO NARRATIVAS COMPLEXAS (série de enunciados de 
estado e fazer organizados hierarquicamente). 
• NARRATIVA COMPLEXA: estruturada em quatro fases (manipulação, competência, performance, sanção) 
1. Manipulação: entendida como a forma através da qual o destinador age sobreo destinatário, levando-o 
a querer e/ou a dever fazer algo. (O destinador faz-fazer.) Destinador não é necessariamente uma 
pessoa, pode ser um papel narrativo. Ex.: é o ciúme o sujeito que impele Otelo a matar Desdêmona. 
Quatro classes de manipulação: 
− Tentação: recompensa ao manipulado. Mobiliza um “querer-fazer” do sujeito 
− Intimidação: ameaça ao manipulado. Mobiliza um dever-fazer. Leva o destinador a agir contra a 
sua vontade. 
− Provocação: institui um juízo de valor negativo sobre o destinador. Mobiliza um “dever-fazer”. A 
competência do destinador é posta à prova. 
− Sedução: reforço da imagem positiva do manipulado/destinador. Mobiliza um “querer-fazer”. 
 
Lembrando: ANTISSUJEITO: tudo o que pode contribuir para que a transformação não seja bem 
sucedida, agindo como força contrária; ADJUVANTE: tudo que favorece a transformação. 
 
2. Competência: Não basta querer fazer, temos que ter competência para fazê-lo. Nessa fase, o sujeito 
adquire condições para realizar a ação pretendida. 
Muitas vezes essa fase não está explícita, mas pressuposta no texto. 
O sujeito que vai realizar a transformação central da narrativa é dotado de um saber e/ou poder fazer. 
3. Performance: a ação propriamente dita. Aqui se dá a transformação central da narrativa. Caracteriza-
se pela passagem de disjunção para o da conjunção do sujeito com o objeto pretendido. 
4. Sanção: a ação pretendida se efetivou (ou não). Aqui ocorre a constatação de que a performance se 
realizou e, por conseguinte, o reconhecimento do sujeito que operou a transformação. Distribuem-se 
prêmios e castigos. Se descobrem as revelações (segredos podem ser desvelados, mentiras 
reveladas...) 
 
 Em alguns textos, não é possível evidenciarmos as quatro fases, estando algumas pressupostas. 
Jornal sensacionalista, ao contar um assassinato, narra em geral a performance: como foi o crime, 
quem o realizou, quem era a vítima...). 
 
SEMÂNTICA NARRATIVA 
• Nesse componente, observam-se as modalizações do sujeito e as paixões a elas relacionadas. (“Os 
sujeitos empreendem suas buscas, conquistam objetos, mas também sentem, sofrem, são movidos pelo 
desejo e por angústias, ansiedades e prazeres.” Há sempre paixões que alimentam os sujeitos.) 
• MODALIZAÇÃO: “modificação do sujeito com os valores (modalização do ser) e a qualificação da relação 
do sujeito com o seu fazer (modalização do fazer). 
 
 
 modalização do ser: modificação do sujeito com os valores (modalidades 
manifestadas pelos verbos “querer, dever, crer, saber e poder” e pelas 
“figuras”: elementos do mundo material/ver exemplo do quadro de Gaugin 
“Mulher segurando uma fruta”.) 
• MODALIZAÇÃO do sujeito: 
 modalização do fazer: qualificação do sujeito com o seu fazer (dois 
processos: “o fazer-fazer” o fazer do destinador/manipulador que age sobre 
o destinador-sujeito levando-o a fazer algo; “ser-fazer”  organização modal 
da competência do sujeito. O destinador age sobre o destinatário (faz fazer), 
mas o destinatário deve ter competência para tal, deve adquirir o saber fazer 
(sei fazer). 
(O destinador age sobre o destinatário; para que o destinatário possa agir, ele 
deve ter competência para tal ação, deve ter adquirido o “saber-fazer”) 
 
“Na organização modal da competência do sujeito operador, combinam-se dois tipos de modalidades: as 
virtualizantes e as atualizantes.” 
modalidades virtualizantes: instauram o sujeito. São o “dever-fazer” e o 
“querer-fazer”. 
 
• Há duas modalidades para se 
fazer algo, para se agir sobre o outro: 
 
 modalidade atualizante: qualificam o sujeito para a ação. São o “saber-
fazer” e o “poder-fazer”. 
 
“O querer é uma modalidade virtualizante que não garante por si só que a 
ação se efetive”. 
 Isso significa que não basta se o sujeito deve ou quer fazer algo, ele tem que 
saber e poder fazer, ou seja, tem que ter competência para a ação. Posso, por 
exemplo, “manipular” um destinador para que ele faça algo, mas isso não 
basta. Ás vezes, modalizamos um sujeito pelo dever ou querer, mas ele não 
“pode” ou não “sabe” fazer. 
“... (às vezes) a modalidade virtualizante não encontra correspondência 
na modalidade atualizante, que a qualifica para a ação esperada... Há, 
portanto, incompatibilidade entre as modalidades”. 
 
 
 
• Ainda sobre a MODALIZAÇÃO DO SER: há dois processos envolvidos: 
1º: modalização veridictória: para a Semiótica, a verdade não está em jogo, mas a veridicção: “efeito de 
verdade atribuído a um dado dizer, a uma dada performance”, que se estrutura pelos esquemas o 
“parecer/não parecer” (manifestação) e o “ser/não ser” (imanência). Pensem nas figuras do herói e do vilão. 
Leiam a citação de Tatit, página 31 do módulo: “É simultaneamente pelo ser e pelo parecer que se confirma 
a verdade dos sentimentos.” 
 
2º: paixões (modalizações pelo querer, dever, saber e poder). A modalização do ser produz efeitos de 
sentido afetivos ou passionais. Paixões no discurso sentidos de afetividade relacionados ao sujeito. 
As paixões devem ser compreendidas como “efeitos de sentido de qualificações modais que 
mdificam o sujeito de estado”. Pensem no exemplo de Greimas, que fala do DESESPERO: o 
desesperado “deve ser”/”quer ser” (mas) “não pode ser”/”não sabe ser”. Nesse caso, o querer excessivo do 
desesperado não se modifica pela consciência da impossibilidade de ser. Greimas diz: o “desesperado 
dispõe, de certo modo, de duas identidades modais independentes, a do fracasso e da frustração, por um 
lado, e a confiança e da expectativa, por outro; e a ruptura é um efeito de sua independência e de sua 
incompatibilidade”. 
• O sujeito não apenas empreende ações na sua busca pela conquista do objeto, mas também sente, 
sofre, ocupando “diferentes posições passionais, saindo de estados de tensão e disforia para estados de 
relaxamento e euforia ou vice-versa”. 
• Relação do sujeito com o objeto/outras relações (paixões): 
− impaciência: modalidade intensiva do querer; 
− cólera: frustração de um sujeito em relação a um objeto do qual ele está privado e ao qual ele crê 
ter direito, intensificando o estado de disjunção; 
− entusiasmo: intensifica a conjunção, seja ela realizada ou não; 
− nostalgia: persistência na memória de uma conjunção terminada; 
− avareza: intensidade de uma conjunção (adquirir e acumular) com a da não-disjunção (reter). 
• Há paixões simples (resultantes de um único arranjo modal, que modifica a relação entre o sujeito e o 
objeto; decorrem da modalização pelo querer ser) e paixões complexas (resultam de uma configuração de 
modalidades”, que se desenvolvem em vários percursos passionais”.

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