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1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ..................................................... 3 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL ...................................................... 9 LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL ........................ 12 DOCUMENTOS INTERNACIONAIS E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ........ 14 5.1 Internacional ....................................................................................... 21 PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL .......................................... 22 Diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Especial 27 DOS ATORES QUE ATUAM, DE FORMA COLABORATIVA, NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ..................................... 30 AÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL EQUITATIVA, INCLUSIVA COM APRENDIZADO AO LONGO DA VIDA ...................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 41 2 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Fonte: timetoast.com Na Antiguidade, a preocupação da sociedade, ou melhor, do homem em si, relacionava-se àquilo que na época se considerava perfeição. Para eles, a beleza física e o porte atlético eram fundamentais. Portanto, os deficientes físicos ou mentais eram considerados imperfeitos, sendo vistos como outra raça. Pode-se dizer que, afinal, não havia nenhuma interação dos deficientes. Deficientes físicos e mentais eram relegados por toda a sociedade. Os maus tratos, o abandono e o extermínio eram frequentes no princípio da Era Cristã na Roma Antiga. Já na Grécia Antiga, as crianças que possuíam algum tipo de deficiência eram escondidas e até mesmo sacrificadas “em Esparta, nesse contexto, as crianças, ao nascerem doentes ou com alguma deficiência eram jogadas de um despenhadeiro” (XAVIER, 2016, p.88). Constata-se que na Grécia Antiga havia uma supervalorização do corpo belo e forte, pois favorecia a luta nas guerras. Por isso, as crianças que apresentassem má formação ou alguma doença eram eliminadas ou abandonadas. No entanto, havia outro tipo de atitude em relação às deficiências decorrentes das lutas e ferimentos nas batalhas. Assim, “aquele que não correspondesse ao ideal estético era marginalizado e até mesmo eliminado, entretanto, guerreiros mutilados em batalhas eram protegidos pelo Estado” (SCHEWINSKY, 2004, p. 10). O autor permite vislumbrar que na Grécia Antiga existia uma atitude diferenciada em relação às deficiências resultantes dos ferimentos em guerra. Para esses casos, o Estado era assistencialista e protecionista, algo como uma contrapartida indenizatória para o 4 guerreiro que havia arriscado sua vida e sacrificado seu corpo pelos interesses das cidades-estados. Esse tipo de situação demonstra que não existia uniformidade nas atitudes dos governos e sociedades em relação à pessoa com deficiência, variando conforme o contexto histórico abordado (PACHECO; ALVES, 2007, p.243). Quando discutimos os conceitos e práticas relacionados aos antecedentes históricos da implantação da educação especial, podemos constatar que, ao longo da história, a sociedade tem uma relação diferenciada com determinados tipos de pessoas com deficiência. Assim a história da educação especial pode ser dividida em 4 etapas principais: 1. Período de extinção; 2. Isolamento / período institucional; 3. Período de integração; 4. Período de inclusão. Ao analisar esses conceitos, é necessário considerar seus antecedentes históricos. Pois a forma como cada grupo social lida com a deficiência se deve à possibilidade material de explicar esse fenômeno a cada momento histórico, portanto, a intenção não é implementar nenhum tipo de moral ou julgamento dessas práticas, mas sim compreender esses processos históricos. Quanto ao primeiro período, foi denominado de “extinção”. Desde a antiguidade até a Idade Média, as pessoas com certas deficiências viviam à margem da sociedade, marcadas sim pela extinção, discriminação e preconceito. Não há muitos relatos de pessoas com deficiência na época da origem humana. Como a sobrevivência está relacionada às habilidades pessoais durante esse período, acredita-se que as pessoas com certas deficiências eram excluídas e largadas a própria sorte. De acordo com pesquisas históricas, os primeiros relatos de práticas sociais relacionadas às pessoas com deficiências foram na antiguidade. Uma das principais práticas desse período estava relacionada à pena de morte, pois os nobres que estavam no poder na época “descartavam” as pessoas que não podiam trabalhar. Antigamente, a atenção à sociedade, ou mais precisamente, a atenção às próprias pessoas estava relacionada ao que se considerava perfeito na época. Para eles, a beleza e a habilidade atlética são fundamentais. Portanto, as pessoas com deficiência física ou mental eram consideradas imperfeitas e até mesmo de outra raça, pode-se dizer que não havia nenhuma relação afetiva com os deficientes. Pessoas com deficiência física e mental eram menosprezadas na sociedade como um todo. No princípio da era cristã, mais precisamente na Roma antiga, as pessoas com deficiência eram frequentemente submetidas a abusos, abandono e extinção. Já na Grécia antiga, as crianças com deficiências eram escondidas ou mesmo mortas, na 5 cidade de Esparta, por exemplo, as crianças que nasciam doentes ou deficientes eram atiradas em um despenhadeiro. É notório a supervalorização do corpo bonito e forte na Grécia, pois os homes serviam para lutar e as mulheres para dar continuidade e cuidar da prole. Caso contrário, quem se encontrava em situação difícil ou quem não gozava de boa saúde eram simplesmente descartadas. Porém, há outra atitude em relação à insuficiência causada pelas lutas e lesões em combate, ou seja, aquele que não atendesse os ideais estéticos era marginalizado ou mesmo morto, enquanto os lutadores que forem mutilações em batalha eram amparados pelo Estado. Na Grécia antiga, havia diferentes atitudes em relação às deficiências causadas por feridos na guerra. Nessas circunstâncias, o estado é assistencialista e protecionista, como a contrapartida compensatória de guerreiros que arriscam suas vidas e sacrificam seus corpos em benefício da cidade-estado. Essa situação mostra que as atitudes do governo e da sociedade em relação às pessoas com deficiência não são consistentes e variam de acordo com o contexto histórico envolvido (PACHECO; ALVES, 2007, p. 243). A partir do século XI, com o crescimento do cristianismo, o dogma religioso passou a regulamentar a ordem social, condenou os prazeres secularesdo mundo greco-romano relacionados ao corpo, o corpo foi objetivado como o templo da alma, onde habita todos os vícios e virtudes humanas. Tendo em vista a noção de que todos são criação de Deus, desde o século XII, a extinção dos deficientes passou a ser questionada (BELTHER, 2017). No entanto, essas transformações ocorreram gradativamente. No mesmo período, as pessoas com deformidades também eram vistas como entretenimento, tornando-se objetos para diversão e para “matar a curiosidade” da nobreza, na maioria das vezes eram expostas em praças públicas (BELTHER, 2017). Porém, a partir dessa nova visão de mundo baseada em valores religiosos, deu-se início ao período do apartheid, marcado pelas ações assistenciais da Igreja Católica. Segundo Belther (2017), essas ações assistenciais são baseadas no princípio da salvação. Porém, é importante ressaltar que com o poder do clero, a filantropia e o bem-estar ganham poder, pois essas ações conduzem à salvação da alma. Nesse sentido, no início do século XVI, surgiram as primeiras medidas de proteção, que incluíam a abertura de abrigos para atendimento a pessoas com deficiência (BELTHER, 2017, p. 6). 6 Todas essas etapas correspondem ao período pré-científico porque suas interpretações das condições físicas e mentais são consideradas inusitadas e atribuídas ao nível espiritual. Com a revolução burguesa, o poder da Igreja Católica começou a enfraquecer, dando lugar a um estado moderno marcado pelo processo de industrialização e capitalismo. As convicções religiosas caminharam para o fracasso ao tempo em que a ciência conquista espaços. A humanização da igreja poderia ter produzido - além das mudanças que realmente ocorreram - mudanças nas atitudes da sociedade e da própria igreja em prol pessoas com deficiência. Isso não é o que aconteceu. De acordo com Martinho Lutero, o líder do processo de divisão na Igreja Católica “o homem é o próprio mal quando lhe faleça a razão ou lhe falte a graça celeste a eliminar-lhes o intelecto, assim, dementes e amentes são, em essência, seres diabólicos”. Dessa forma, o deficiente é considerado culpado e condenado por Deus. Por conta desse conceito, recomenda- se que a atitude em relação ao deficiente seja o castigo, para expulsar o demônio por meio da prisão e do açoite. Da mesma forma, a percepção da sociedade sobre as pessoas com deficiência não parece mudar linearmente. Embora o cristianismo tenha mudado a percepção da sociedade sobre eles, o fato de não serem mais executados não prevê a aceitação ou as tentativas de incluir essas pessoas. Pelo contrário, eles ainda são considerados pessoas indesejáveis em alguns casos. E sofreram provações terríveis, até mesmo para quem tinha uma visão de mundo de vanguarda daquela época. Percebe-se que embora a pessoa com deficiência nem mesmo fosse considerada humana na antiguidade, na Idade Média esse conceito passou a ter traços metafísicos, pois, sob a orientação da religião, essas pessoas ora eram consideradas demônios ora eram possuídas por eles. Com o surgimento da era moderna e a criação de métodos científicos, foram iniciadas pesquisas em vários campos, como o conceito de deficiência. A ciência então começou a buscar explicações e acreditava que a deficiência humana era o resultado de uma característica genética ou doença física e mental. Como resultado desse processo, novas ideias sobre suas origens começaram a surgir, não mais interpretadas como maldição divina ou comportamento do demônio, mas como um infortúnio natural. A ideia de que as deficiências vêm de problemas biológicos e médicos é propícia ao estabelecimento de uma visão científica do problema. De acordo com essa nova interpretação, as deficiências começaram a ser tratadas por 7 meio da alquimia, da magia e da astrologia e dos primeiros métodos médicos. Os médicos e alquimistas são os pioneiros na explicação da deficiência do ponto de vista científico, principalmente do ponto de vista médico, delineando um ponto de vista teológico /moral e cientifico. Foi nesta época que apareceu o primeiro hospital psiquiátrico da história. Desde então, este tipo de instituição foi amplamente desenvolvido, no entanto, os asilos e mosteiros, consistiam em locais de confinamento não sendo locais propícios para o tratamento. No final das contas, essas instituições são muito semelhantes às prisões (AMARAL, 1995). Nessa fase, diferentes campos do conhecimento, especialmente os campos da medicina, da filosofia e da educação, foram acompanhados pelo desenvolvimento de novas ideias. A visão dos organicistas buscava cada vez mais identificar as causas ambientais da deficiência, e essa visão continua a ser fortalecida. Gradualmente fortaleceu-se o conceito de que pessoas com deficiência intelectual podem ser educadas. As atitudes sociais têm sofrido amplas diversificações, resultando em iniciativas voltadas ao desenvolvimento de estratégias de institucionalização, medicina e ensino para pessoas com deficiência. Nesse caso, a deficiência mental ainda era considerada uma doença genética e incurável, de modo que a maioria das pessoas com doença mental eram trancadas em abrigos, hospícios, ou prisões locais. E as pessoas com deficiência física ficavam sob a responsabilidade de suas famílias ou eram encaminhadas a casas de repouso (ARANHA, 2001). Em meados de 1800, Guggenbuhl abriu uma instituição para o cuidado e tratamento residenciais de pessoas com deficiência mental, em Abendberg, Suíça. Os resultados de seu trabalho chamaram a atenção para a necessidade de uma reforma significativa no sistema, então vigente, da simples internação em prisões e abrigos. Embora tenha deteriorado posteriormente, este foi o projeto que deu origem à ideia e à prática do cuidado institucional para pessoas com deficiência mental, inclusive no continente americano. Da mesma forma que na Suíça, entretanto, de instituições para tratamento e educação, elas logo mudaram para instituições asilares e de custódia, ambientes segregados, denominados Instituições Totais, constituindo o primeiro paradigma formal adotado na caracterização da relação sociedade – deficiência: o Paradigma da Institucionalização (ARANHA, 2001, apud TOMPOROSK, 2019, p. 26). A característica dessa etapa é a transferência do deficiente da comunidade para a instituição ou escola especial onde reside, mantendo distância de seus familiares. A lógica da segregação permaneceu. Na maioria dos casos, a instituição fica longe da comunidade de origem dos deficientes, e eles não podem retornar ao 8 núcleo familiar. Por várias razões, incluindo o que diziam ser para proteção, tratamento ou orientação educacional, as pessoas com deficiência eram isoladas da sociedade. Com o advento da era contemporânea, à medida que as instituições passam a dar atenção à educação escolar, as atitudes em relação às pessoas com deficiência mudam. No entanto, a visão da integração não surgiu nesta fase. A sociedade moderna ainda manterá esse tipo de isolamento por muito tempo, separando ou isolando aqueles que são inconsistentes com o modelo idealizado em alguma medida. Como consequência, essas pessoas são excluídas dos mais diversos espaços sociais. As chamadas instituições monolíticas existem desde o século XVI, mas não foram rigorosamente censuradas até a publicação de Erving Goffman's Asylums na década de 1960. O estudo analisou abrigos, prisões, manicômio e mosteiros e se tornou um estudo clássico dessas instituições e seu impacto na vida das pessoas com deficiência. Para o autor, essas instituições são lugares para viver e trabalhar, onde um grande número de pessoas que foram excluídas da sociedade, em geral por muito tempo, vive juntas uma vida de isolamento e de gestão formal”. Portanto, até meados do século XX, a palavra deficiência era entendida como um problema genético e, portanto, não pode ser alteradano decorrer da vida. Acreditava-se que aqueles que nasciam com qualquer problema seja físico ou mental já estavam condenados a viverem com essas limitações para o resto da vida. Mesmo com o passar dos anos, a deficiência ainda continuou sendo considerada um problema orgânico, ou seja, pouco progresso foi feito. Essa situação começou a mudar no século XIX, quando se iniciou o período designado como ciência, que identificou duas outras etapas da educação especial: a integração e a inclusão. A fase de integração e inclusão é contemporânea e integra marcos na defesa e promoção dos direitos humanos das pessoas com deficiência. O que os diferencia é o papel desempenhado pela sociedade. Ou seja, na fase de integração a sociedade é um sujeito passivo, e a luta pela tolerância, defesa de direitos e tolerância social fica a cargo dos esforços individuais. Na fase inclusiva, ocorrem ações bilaterais, ou seja, ações conjuntas entre pessoas com deficiência e organizações representativas para buscar conjuntamente a produção de tecnologia e conhecimento para promover a acessibilidade e o conhecimento (FERNANDES, 2013). Nesse contexto, na década de 1960, “o 9 movimento social da educação especial ganhou um enorme poder político e desencadeou profundas mudanças no campo da educação. A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL Fonte: www.scielo.br No que diz respeito ao processo histórico da educação especial no Brasil, os principais marcos foram a criação do Instituto dos Meninos Cegos (atual Instituto Benjamin Constant - IBC) e do Instituto dos Surdos-Mudos (atual Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES) em 1854 em 1857, na cidade do Rio de Janeiro. Ambas as academias foram criadas sob a influência de amigos íntimos do imperador e, de acordo com eles, isso constituía graça e caridade. Esse tipo de relação confirmava a natureza do bem-estar, esses comportamentos não mudava a realidade social dos necessitados, pois atendia apenas as necessidades individuais e emergentes, porque são pontuais e não promovem mudanças estruturais efetivas e duradouras, o que tem norteado o cuidado para pessoas com deficiência e educação especial, especialmente desde a sua criação. Poucos anos depois, o Hospital Juliano Moreira (1874) foi criado na Bahia para atender pessoas com deficiência intelectual, e a Escola Mexicana (1887) também foi instalada no Rio de Janeiro para atender pessoas com deficiência física e intelectuais (BELTHER, 2017). Existem dois aspectos para o início do processo histórico da educação especial: 10 Médico-pedagógica: caracterizada pelas instituições nas quais o atendimento estava mais centralizado na figura na figura do médico, seja no diagnóstico ou nas práticas escolares das pessoas com deficiência. Psicopedagógica: caracterizada pelas instituições que, embora não dispensem a presença do médico, centra suas atividades em princípios psicológicos (BELTHER, 2017, apud RIBEIRO, 2018, p. 6). Logo após a Proclamação da República em 1889, aconteceram grandes progressos. Diversos profissionais que foram estudar na Europa regressaram ao Brasil com diferentes conceitos de educação especial. Foi nesse período que as escolas públicas do Rio de Janeiro começaram a atender alunos com deficiência intelectual em 1906. No entanto, a história de exclusão social do Brasil durou muito tempo e durou até meados da década de 1950. Por exemplo, na Europa, já havia políticas de matrícula para crianças com deficiência, especialmente aquelas com deficiência intelectual, no final do século XIX. Entre as décadas de 1930 e 1940, a educação brasileira passou por várias mudanças, com destaque para a expansão da educação básica. No entanto, o principal objetivo da discussão e preocupação é a reforma da educação das pessoas sem deficiência, e ainda continuava sem espaço para a discussão da educação especial. Por volta da década de 1950, já existiam 40 instituições de ensino formal que prestavam algum tipo de atendimento escolar para pessoas com deficiência intelectual, e também havia escolas particulares e federais que atendiam também crianças com determinados tipos de deficiência. No atendimento aos deficientes visuais, a instituição de maior destaque no século 20 foi o Instituto Benjamin Constant, que editou a primeira revista brasileira para cegos em 1942 e instalou uma impressora em Braille para distribuição de livros para cegos. Outra instituição conhecida é o Instituto de Cegos Padre Chico, que foi fundado em São Paulo em 1928 e atua em internatos e semi-internatos (MAZZOTA, 1996). No atendimento aos deficientes auditivos, destaca-se o Colégio Santa Terezinha, fundado em 1929 por duas freiras que haviam dado aulas a crianças surdas na França. A faculdade foi transferida para São Paulo em 1933 e passou a funcionar como internato para meninas com deficiência auditiva. Somente em 1970 é que começou a funcionar por meio do sistema de ensino diurno masculino e feminino e passou a incluir os surdos na educação formal (MAZZOTA, 1996). Ainda no início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), por meio da campanha do governo federal para esse fim, a assistência educacional aos deficientes 11 foi disseminada por todo o país. Portanto, além do aumento significativo do volume de atendimento prestado pelas redes públicas, as entidades privadas que atendem às pessoas com deficiência também estão em expansão (MAZZOTA, 1996). Em 1954, a Escola Paulista de Educação foi criada para oferecer educação a crianças com deficiência auditiva entre 05 e 7 anos. As três primeiras professoras eram as mães dos alunos, que não tinham nenhuma especialização, apenas cursos regulares. No início do século XXI, a escola chamava-se Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (DERDIC) e era considerada um dos mais importantes centros de ensino, especializado no ensino e pesquisa em comunicação de áudio e fonoaudiologia para pessoas com deficiência (MAZZOTA, 1996). O primeiro movimento brasileiro de educação de surdos do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) tinha como objetivo promover as medidas necessárias à educação e assistência aos surdos no país em um sentido amplo. Alguns anos depois, a campanha foi encerrada com o fim das doações que compunham o orçamento. Em 1972, a intenção de implantar e garantir a assistência docente da educação especial foi concretizada no momento do desenvolvimento do I plano da secretaria de educação. O governo elege a educação especial como área prioritária (MAZZOTA, 1996). Como resultado desse plano, o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) foi criado em 1972 para promover a expansão do atendimento às pessoas com deficiência em todo o país. Sob a supervisão da Secretaria-Geral do Ministério da Educação e Cultura, o CENESP tem autonomia administrativa e financeira, passando alguns anos depois a Secretaria de Educação Especial (SESPE), com a mesma finalidade do CENESP (MAZZOTA, 1996). Em 1989, o movimento de integração do Brasil avançou bastante: a Coordenação Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência (CORDE) foi instituída de acordo com a Lei nº 7.853, que instituiu os direitos das pessoas com deficiência. Em 1992, a coordenação e formulação da “Política Nacional de Integração da Deficiência” também foram orientadas por diversos princípios como integração e padronização. Seus principais obstáculos são as dificuldades e preconceitos de integração e as mazelas sociais no Brasil (MAZZOTA, 1996). Por fim, em 1996, foram promulgadas as Diretrizes Nacionais de Educação e a Lei Básica nº 9.394, na qual havia um capítulo dedicado à educação especial. O objetivo da LDB é condenar o 12 preconceito e cumprir seu compromisso com a “Educação para Todos” e evitar qualquer tipo de discriminação na educação formal (MAZZOTA, 1996). Desse modo, gradativamente, serviços especiais,materiais especiais e professores da área passaram a ter espaço e consideração, período em que surgiram escolas especiais. Portanto, o governo brasileiro criou dois subsistemas - educação geral e educação especial - e seus objetivos são obviamente os mesmos, a saber, formar cidadãos para a sociedade e a vida no trabalho. Esse momento pode ser considerado muito importante para a educação especial, pois as instituições especiais oferecem educação para quem nem mesmo tinham direitos. Os alunos das classes especiais deveriam estar preparados para frequentar às classes normais, o que mostra uma incoerência, ou seja, os alunos que devem se adaptar à escola e não a escola se adaptar aos alunos, essas são características dominantes de integração na educação dos alunos da educação especial. Somente em 1990 o Brasil aprovou uma legislação de apoio ao movimento mundial pela educação inclusiva, que “envolve ações políticas, culturais, sociais e pedagógicas, com o objetivo de defender o direito de todos os alunos de aprenderem juntos, sem discriminação. LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL Nesse contexto histórico, a primeira lei que vamos enfatizar sobre a educação especial são as Diretrizes Nacionais de Educação e a Lei Básica nº 4.024, de 1961 (LDBEN). Analisemos a lei: Da Educação de Excepcionais Art. 88. A educação de excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral da educação, a fim de integrá-los na comunidade (BRASIL, 1961). Fica claro como o governo entendeu o papel do Estado na educação especial neste momento da história. Este pequeno trecho utiliza o termo “excepcionais “para se referir a pessoas com determinado tipo de deficiência. Em sua última parte, reforça a ideia de integração dessas pessoas à comunidade. Como já mencionado, este é um conceito histórico. Em meados de 1971, foi promulgada a Lei nº 5.692, que alterou a LDB em 1961 e foi responsável por estabelecer os fundamentos e as diretrizes do 13 ensino de primeiro e segundo grau. No art. 9ª fica estabelecido o tratamento especial para alunos com deficiência física ou mental: Art. 9º Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação (BRASIL, 1971, apud RIBEIRO, 2018, p. 9). Após a longa ditadura do governo brasileiro, a Constituição da República Federal do Brasil foi aprovada em 1988, que contém um capítulo especial que descreve os direitos dos cidadãos e as obrigações do Estado em garantir a educação. O artigo 205 da citada Constituição estabelece que a educação é garantia de todos Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, apud RIBEIRO, 2018, p. 9). Já no art. 208 há a garantia de que é responsabilidade do Estado a atenção especializada às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede de ensino. Embora não seja um texto legal de natureza nacional, não podemos deixar de citar a Declaração de Salamanca de 1994, que afirmava que 200 milhões de crianças não tinham acesso à educação, sendo que a grande maioria delas eram crianças com deficiência (BELTHER, 2017, p. 22). Ao analisar a Declaração de Salamanca, destaca-se três eixos importantes: 1. Fortalece o direito de todos à educação; 2. Foca na Declaração Universal dos Direitos Humanos; 3. defende e protege o direito de todos, independentemente das diferenças individuais (BELTHER, 2017, p. 23). A Declaração de Salamanca foi se dúvida um dos fatores mais importantes na luta por igualdade e qualidade na educação. Em seu texto, essas ideias são voltadas para uma escola, que para existir, precisa de engajamento do governo, devendo dar prioridade a investimentos nos sistemas educacionais. Somente assim as escolas estarão aptas para receber e atender as crianças com eficiência e dignidade (BELTHER, 2017). Em 1996, a LDB foi atualizada pela atual Lei nº 9.394 / 96, expondo especificamente as garantias e obrigações relativas à educação especial no Capítulo 5. No artigo 58, a LDB define educação especial: 14 Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. §1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial (BRASIL, 1996, apud RIBEIRO, 2018, p. 10). No artigo a seguir da LDB, são explicadas as responsabilidades da escola com os alunos com deficiência. Por exemplo, garanta que professores com experiência suficiente no ensino médio ou superior, bem como professores de educação formal que receberam treinamento especial, integrem esses alunos em classes regulares (Brasil, 1996). Outro foco da LDB é a educação especial para o trabalho, que visa garantir uma efetiva inserção na vida social: IV – Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora (BRASIL, 1996, apud RIBEIRO, 2018, p. 10). Em 2002, por meio da Lei nº 10.436, a língua de sinais (LIBRAS) foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, bem como outros recursos de expressão a ela relacionados (GIL, 2017). Em meados de 2007, foi formulada a “Política Nacional de Educação Especial” na perspectiva da educação inclusiva. DOCUMENTOS INTERNACIONAIS E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Nos últimos anos, a polêmica sobre a educação especial e a educação inclusiva no Brasil tem sido acirrada, especialmente nas instituições de ensino geral (ou seja, aquelas que juntam alunos com e sem deficiência) para incluir as questões de todos. Atualmente, o Ministério da Educação (MEC) está revisando a atual Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), que data de 2008. O texto proposto tem sofrido forte oposição de alguns grupos de educadores que atuam no tema, para eles, a nova redação vai estimular a separação das pessoas com deficiência e contrariar as visões sociais – que é remover as barreiras e promover a acessibilidade, ao invés da separação dos alunos com deficiência. 15 Durante o desenvolvimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a polêmica se deu pela supressão de um texto introdutório contendo informações detalhadas sobre a educação inclusiva, cujo extrato foi elaborado com a contribuição de entidades e pesquisadores que trabalham com o tema. Além disso, o documento também citava a necessidade de "diferenciação curricular" negada pelos especialistas como forma de discriminação Antes disso, durante o Plano Nacional de Educação (PNE), que traçou 20 metas que o país deve cumprir em dez anos, a principal discursão era sobre a possibilidade de crianças e jovens com deficiência ingressarem em escolas especiais em vez de obrigatoriamente no sistema escolar formal. Essa opção foi mantida na redação final da meta aprovada em 2014. Organizações profissionais no assunto alegaram que o texto do PNE violava tratado internacional firmado pelo Brasil sobre o assunto. Além do PNE, da Lei da Pessoa com Deficiência e do BNCC, também existem decretos, regulamentos, resoluções, instruções técnicas e leis que estipulam o assunto, que refletem a discussão da diversidade inclusiva esua integração social. Consulte o texto principal abaixo, organizado em ordem cronológica. Deve-se notar que alguns não são mais válidos e foram substituídos por textos aprovados posteriormente. 1961– Lei Nº 4.024 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) baseavam o atendimento educacional de pessoas com deficiência, que são denominadas no texto como “excepcionais” (atualmente, este termo é incompatível com os direitos básicos das pessoas com deficiência). De acordo com a lei, a educação de excepcionais deveria ser integrada ao sistema de ensino geral, tanto quanto possível, para que eles possam ser integrados à sociedade. 1971 – Lei Nº 5.692 O segundo guia educacional e lei básica do Brasil foi formulado durante a ditadura militar (1964-1985) e substituiu o anterior. O texto afirma que “alunos com deficiência física ou mental, alunos muito aquém da idade escolar normal e alunos superdotados devem receber tratamento especial”. Essas normas devem obedecer às regras estabelecidas pelo Conselho de Educação. Ou seja, a lei não promove a inclusão de redes regulares, identificando as escolas especiais como destino correto para essas crianças. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm 16 1988 – Constituição Federal O artigo 208 trata da educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, estipulando que cabe ao Estado a responsabilidade de garantir “atendimento educacional especial às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Os artigos 205 e 206 estipulam, respectivamente, que “a educação é direito de todas as pessoas, garantindo o pleno desenvolvimento, o exercício da cidadania assim como a qualificação para o trabalho e iguais condições de admissão e continuidade nas escolas. 1989 – Lei Nº 7.853 O texto prevê a integração social das pessoas com deficiência. Por exemplo, no campo da educação, exige a inclusão de escolas especiais públicas e privadas no sistema de ensino e a oferta obrigatória de educação especial em instituições de ensino públicas gratuitamente. Afirmou ainda que o governo deve ser responsável pela inscrição obrigatória dos cursos formais em instituições públicas e privadas para pessoas com deficiência que possam ser integradas no sistema de ensino formal. Em outras palavras: isso exclui uma grande proporção de crianças da lei, implicando que elas não podem se conectar com a sociedade e, portanto, não podem aprender. O texto também garante acesso a material escolar, merenda escolar e bolsa de estudos. 1990 – Lei Nº 8.069 Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei nº 8.069 garante a prestação de atendimento educacional especializado para crianças com deficiência, preferencialmente na rede formal de ensino, protege o trabalho de jovens com deficiência e prioriza ações e políticas públicas de atendimento a famílias com crianças e jovens nesta situação. 1994 – Política Nacional de Educação Especial Em termos de integração escolar, o texto é considerado um atraso porque propõe a chamada “integração Institucional”, que apenas permite uma educação geral para crianças com deficiência que possam supervisionar e desenvolver atividades curriculares programadas, para acompanhar os chamados alunos “normais” (atualmente, este termo é inconsistente com os direitos básicos das pessoas com deficiência). Em outras palavras, a política exclui uma grande proporção de alunos com deficiência do sistema de educação formal e “ empurra ”para a educação especial. 1996 – Lei Nº 9.394 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7853.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm 17 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) possui capítulos dedicados à educação especial. Ele afirma que quando necessário, as escolas normais fornecerão serviços de apoio especial para atender às necessidades especiais dos clientes de educação especial. Também destacou que todo aluno que não puder ser inserido na turma regular do ensino formal devido às suas circunstâncias específicas ele receberá assistência educacional na turma, na escola ou nos serviços especializados. Além disso, este texto também cobre a formação de professores e currículo, métodos, técnicas e recursos para atender às necessidades de crianças com deficiência, gerais de desenvolvimento e crianças altamente capazes ou superdotadas. 1999 – Decreto Nº 3.298 Este decreto regulamenta a Lei nº 7.853 / 89, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e consolida as normas de proteção e dá outras providências. O principal objetivo é garantir que as pessoas com deficiência sejam totalmente integradas ao “contexto socioeconômico e cultural” =do país. Em relação ao acesso à educação, o texto aponta que a educação especial é um modelo transversal de todos os níveis e modelos de ensino enfatizando que é um complemento à educação regular. 2001 – Lei Nº 10.172 O anterior Plano Nacional de Educação (PNE) foi criticado por ser muito amplo, estabelecendo cerca de 30 metas para crianças e jovens com deficiência. Dentre eles, afirmava a educação especial como forma de educação escolar e que deveria ser promovida com vigor em todos os níveis de ensino e que fosse garantido vagas de ensino regular para os mais diversificados níveis e tipos de deficiência. 2001 – Resolução CNE/CEB Nº 2 O texto do Conselho Nacional de Educação (CNE) elaborou as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Nos pontos principais, destacou que o sistema educacional deve acolher todos os alunos, e as escolas devem organizar-se para prestar serviços aos alunos com necessidades educativas especiais e garantir que sejam criadas as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. No entanto, o documento levantava a possibilidade de substituir o ensino regular pelo atendimento especializado. Também acredita que o atendimento da escola aos alunos com deficiência começa na educação infantil, por meio da avaliação e interação com famílias e comunidades, para garantir que eles http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3298.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf 18 recebam serviços de educação especial quando for comprovado que precisam de cuidados do atendimento educacional especializado”. 2002 – Resolução CNE/CP Nº1/2002 A resolução dá “Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena”. (BRASIL, 2002). Em relação à educação inclusiva, destacou que a formação do professor deve incluir “conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos, incluindo as particularidades dos alunos com necessidades educativas especiais”. 2002 – Lei Nº 10.436/02 Certifica a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão. 2005 – Decreto Nº 5.626/05 Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 2002 (link anterior). 2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Documento elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre as metas está a inserção de assuntos relacionados às pessoas com deficiência nos currículos escolares. 2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) No contexto da Educação Inclusiva, o PDE trata as questões da infraestrutura das escolas, orientando as formas de acesso dos espaços das escolas, a formação dos professores e também as salas de recursos multifuncionais. 2007 – Decreto Nº 6.094/07 O texto trata sobre o Plano de Metas CompromissoTodos pela Educação do MEC. Ao enfatizar as necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência, o documento fortalece sua inserção na rede pública de ensino. 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Documentos que traçam a história do processo de inclusão nas escolas brasileiras para subsidiar “políticas públicas que promovam uma educação de qualidade para todos os alunos”. 2008 – Decreto Nº 6.571 http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm http://portal.mj.gov.br/sedh/edh/pnedhpor.pdf http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6094.htm http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6571.htm 19 Prestar assistência ao atendimento educacional especializado (AEE), na educação básica é definido como “um conjunto de atividades, acessibilidades e recursos educacionais organizados no sistema como complemento ou suplemento para formação de alunos do ensino regular”. O decreto obriga a União a fornecer suporte técnico e financeiro à rede pública de ensino na oferta desse recurso. Além disso, também enfatiza a necessidade de integrar o AEE aos programas de ensino da escola. 2009 – Resolução Nº 4 CNE/CEB O foco da resolução é orientar a implantação de serviços de educação profissionalizante (AEE) para a educação básica, que devem ser realizados após as aulas, preferencialmente na chamada sala de recursos multifuncionais das escolas regulares. A resolução da CNE serve de guia para que o sistema de ensino cumpra o Decreto nº 6.571. 2011 – Decreto Nº 7.611 Este revogou o Decreto nº 6.571 de 2008 e estabeleceu novas diretrizes para as obrigações educacionais do país para o público-alvo da educação especial. Entre eles, determina que o sistema de ensino seja inclusivo em todos os níveis, a aprendizagem é vitalícia e evita a exclusão do sistema de ensino geral por motivo de deficiência. Também determinou que a escola primária seja gratuita e obrigatória, garantiu ajustes razoáveis com base nas necessidades individuais e adotou medidas de apoio personalizadas e eficazes de acordo com o objetivo de tolerância plena em um ambiente que maximiza a promoção do desenvolvimento acadêmico e social, e que a educação especial deve acontecer preferencialmente na rede regular de ensino. 2011 – Decreto Nº 7.480 Até 2011, os caminhos da educação especial e da educação inclusiva era determinada pela Secretaria de Educação Especial (Seesp) do Ministério da Educação (MEC). Atualmente, está atrelado à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). 2012 – Lei nº 12.764 A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 2014 – Plano Nacional de Educação (PNE) Conforme mencionado acima, o objetivo de solucionar esse tema no PNE atual é o item 4. A redação é: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7480.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htmhttp:/www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm http://www.observatoriodopne.org.br/ 20 “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados” (BRASIL, 2014). A barreira para a inclusão é a palavra "PREFERENCIALMENTE", que, de acordo estudiosos, abre espaço para que crianças com deficiência continuem frequentando escolas especiais. 2019 – Decreto Nº 9.465 Criar a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação e exclui a secretaria de educação continuada, alfabetização, diversidade e inclusão (Secadi). A pasta inclui três áreas: Diretoria de Acessibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência; Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos; e Diretoria de Políticas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais Brasileiras. (BRASIL, 2020). 2020 – Decreto N°10.502 – Política Nacional de Educação Especial No dia 30 de setembro de 2020, foi assinado o decreto para formular a política nacional de educação especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. O parágrafo 1° introduz as disposições gerais e as definições dos termos-chave desta política, como segue: Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, por meio da qual a União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, implementará programas e ações com vistas à garantia dos direitos à educação e ao atendimento educacional especializado aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (BRASIL, 2020). O processo educacional delineado no PNEE 2020 é projetado para garantir aprendizagem de alta qualidade e colaboração envolvendo: . A União, como órgão responsável pela formulação de leis e diretrizes operacionais, bem como órgão de cooperação técnica e redistribuição e financiamento complementar (artigo 211 da Constituição), levando em consideração o sistema http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/57633286 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948 21 cooperativo e as responsabilidades e definições legais dos estados e municípios do distrito federal; e · Os governos estaduais, distrital federal e municipal, por meio de suas secretarias e comitês de educação, são responsáveis por organizar seus sistemas de ensino para implementar as políticas e diretrizes estabelecidas pela LDB. 5.1 Internacional 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos O documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) afirma: As necessidades essenciais de aprendizagem das pessoas com deficiência demandam cuidado diferenciado. Como parte integrante do sistema educacional, é necessário tomar medidas para garantir a aceitação igual por todos os tipos de pessoas com deficiência. O texto ainda usa o termo "portador", que não é mais usado hoje. 1994 – Declaração de Salamanca Este documento é uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), concebida na Conferência Mundial de Educação Especial em Salamanca (Espanha). O texto trata dos princípios, políticas e práticas das necessidades de educação especial e orienta a estruturação das ações de educação especial em âmbito regional, nacional e internacional. Em relação às escolas, o documento trata de temas como gestão, recrutamento de educadores e participação comunitária. 1999 – Convenção da Guatemala A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas com Deficiência, também conhecida como Convenção da Guatemala, aprovou a Lei nº 3956/2001 no Brasil. O texto brasileiro afirma que as pessoas com deficiência “gozam dos mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que os demais. Esses direitos, inclusive o direito de não ser discriminada com base na deficiência, decorrem da dignidade e igualdade inerentes a cada pessoa. Da mesma forma, o texto ainda usa o termo "portador", que nãoé mais usado hoje. 2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3956.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm 22 A convenção foi ratificada pelas Nações Unidas e o Brasil é um de seus signatários. Ela destacou que os países têm a responsabilidade de garantir que um sistema educacional inclusivo seja estabelecido em todas as fases da educação. 2015 – Declaração de Incheon O Brasil participou do Fórum Mundial de Educação em Incheon, Coreia do Sul, e assinou a declaração final, prometendo desenvolver uma agenda conjunta sobre educação de qualidade e inclusiva. 2015 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável O documento da UNESCO derivado da Declaração de Incheon tem 17 metas que devem ser implementadas até 2030. No item 4, estabelece o objetivo: garantir uma educação inclusiva, justa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Fonte: novaescola.org.br A Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida é dirigida a alunos que se encontram em diferentes estágios, níveis e métodos de ensino, diferentes origens, espaços urbanos e rurais e que precisam de fornecer serviços e recursos de educação especial. Para tanto, é necessário identificar os alunos que necessitam de recursos de educação especial o quanto antes na escola, por meio da integração do processo de avaliação da equipe http://unesdoc.unesco.org/images/0024/002432/243278POR.pdf http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/20160119-ODS.pdf 23 escolar, geralmente coordenado pelo gestor da escola, auxiliar ou coordenador pedagógico. A avaliação visa eliminar ou minimizar obstáculos à aprendizagem, ao desenvolvimento e à participação dos alunos, e tomar medidas preventivas para garantir o acesso vitalício, a permanência e a igualdade de condições de aprendizagem. Os seguintes são considerados os públicos-alvo da política nacional de educação especial: justiça, tolerância e aprendizagem ao longo da vida: I – educandos com deficiência, conforme definido pela Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência. BRASIL, 2015. Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015). Barreiras educacionais e escolares referem-se aos obstáculos que podem prejudicar a aprendizagem efetiva dos alunos, seu desenvolvimento e sua plena participação no espaço escolar por meio de impedimentos individuais de longo prazo. De acordo com a Lei de Integração da Pessoa com Deficiência do Brasil e a consideração das metas do PNEE 2020, essas características referem-se a danos de longa duração de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e considerações sobre os objetivos da PNEE 2020: 24 No PNEE 2020, alunos com deficiência auditiva, surdos que usam tecnologia ou alunos surdos têm a garantia de escolher o idioma no atendimento educacional especializado. Portanto, eles podem escolher um método bilíngue (Libra e português) ou um método não bilíngue. Se optarem por uma abordagem não bilíngue, devem receber acompanhamento profissionalizante na área de educação especial, se escolherem Libra como primeira língua, devem ser inseridos no espaço escolar bilíngue. Política Nacional de Alfabetização conforme definido em 2019, Artigo 1. 2. Enfatizar o ensino fonético e destacar o “ensino fonético sistemático” (BRASIL, 2019), visando “implementar planos e ações voltados à promoção da alfabetização com base em evidências científicas”, que podem ser aplicados a pessoas surdas ou com deficiência auditiva. O processo de ensino de surdos que não escolhem Libra como língua materna pode ser ancorado na Fônica Visual A diferença entre os fonemas pode ser percebida por meio de símbolos visuais utilizados para representar a fala, visto que a escrita do português é acompanhada de fonemas da fala. Não necessariamente relacionado ao processo de ensino oral, ele é desenvolvido pela Fonoaudiologia, geralmente na área da saúde. 25 Isso não é difamar a linguagem de sinais. Trata-se de não oferecer uma única alternativa. Se um aluno surdo e sua família optarem pela oralidade, é importante poder cooperar no encaminhamento a profissionais especializados nesse processo. O PNEE 2020 orienta o respeito pela escolha do idioma, alfabetização de surdos e deficientes auditivos em uma idade apropriada promove a importância de os alunos se tornarem bilíngues o mais rápido possível (se quiserem). 26 II – educandos com transtornos globais do desenvolvimento, incluídos os educados com transtorno do espectro autista, conforme definido pela Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. BRASIL, 2012. A Lei nº 12.796, de 2013, alterou a nomenclatura do público-alvo da educação especial, alterando a denominação de “portadores de necessidades especiais” “educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”, alterando o texto da LDB. Para tanto, no Decreto nº 10.502 de 2020, que formulou a “Política Nacional de Educação Especial: Equidade, Inclusão e Vida”, foram mantidas as disposições atuais de acordo com esta lei, que prevalecia no contexto educacional da época. O termo "transtorno global do desenvolvimento" ainda é válido na LDB. Usar esse termo para especificar o público- alvo dessa política definitivamente não significa que se possa escolher um modelo médico que superestime os fatores biológicos e prejudique a subjetividade de todos. Em vez disso, é a história de vida de cada aluno que é um dos principais fatores na determinação da melhor escolha educacional oferecida. Alunos com transtornos específicos da aprendizagem (também considerados transtornos do neurodesenvolvimento) ainda não são o público-alvo da educação especial; no entanto, considerando os princípios constitucionais de direitos educacionais igualitários e inclusivos, cada rede pública ou privada deve se basear em sua singularidade. A equipe pedagógica ou a equipe multiprofissional, podem obter apoios específicos de apoio à aprendizagem. O sistema de ensino deve se 27 organizar para prestar serviços de apoio ao professor, envolvendo práticas pedagógicas e recursos utilizados no processo de ensino desses alunos e de suas famílias. Se houver necessidade de atendimento multiprofissional, a equipe escolar deve entrar em contato com profissionais externos que cooperem ou venham a cooperar com o aprendizado desses alunos. Se tal inclusão for aprovada, será necessária uma educação continuada intensiva para profissionais da educação com o apoio do Ministério da Educação. III - educandos com altas habilidades ou superdotação que apresentem desenvolvimento ou potencial elevado em qualquer área de domínio, isolada ou combinada, criatividade e envolvimento com as atividades escolares. Pessoas com altas habilidades ou superdotação podem vir de qualquer classe social ou raça. Eles são caracterizados por possuírem habilidades acima da média em vários campos do conhecimento (acadêmicos, artes, psicomotores, liderança, etc.) ou em apenas um campo. Eles podem ser altamente criativos e produtivos e dedicados ao que fazem. Este é um fenômeno humano entre os alunos. DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL I - ofereceratendimento educacional especializado e de qualidade, em classes e escolas regulares inclusivas, classes e escolas especializadas ou classes e escolas bilíngues de surdos a todos que demandarem esse tipo de serviço, para que lhes seja assegurada a inclusão social, cultural, acadêmica e profissional, de forma equitativa e com a possibilidade de aprendizado ao longo da vida; O sistema educacional não deve fornecer apenas um tipo de atendimento. Deve haver diferentes opções educacionais, porque os alunos não são os mesmos, e nem todas as coisas relacionadas ao processo educacional são resolvidas na sala de aula coletiva ou sala de recursos. Estudantes diferentes, origens diferentes, expectativas pessoais e familiares diferentes assim precisam de recursos e serviços diferentes, a base para estabelecer e fornecer esses serviços deve ter uma base científica. 28 Diferentes tipos de ajuda podem acomodar diferentes alunos com eficácia. Muitos especialistas e pais de pessoas com deficiência permanente que requerem cuidados múltiplos e contínuos estão ansiosos para o ingresso deles em escolas especializadas e tem a consciência do quanto a sociedade pode se beneficiar de escolas regulares inclusivas. A Constituição garante o mais alto nível de ensino, pesquisa e criação artística de acordo com a capacidade de cada um, e garante a prestação de assistência educacional especializada aos alunos que dela necessitem por motivo de deficiência (artigo 208). Da mesma forma, a LDB garante a prestação de assistência educacional em classes, escolas ou serviços especiais, desde que seja impossível incluir alunos nas classes regulares do ensino regular em razão de suas circunstâncias específicas (artigo 58). Portanto, garantias de bem-estar pessoal, social e econômico (Artigo 8 da LBI) dos alunos que têm deficiências físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais de longo prazo podem impedi-los de interagir com outras pessoas ao interagir com um ou mais obstáculos. Em condições de igualdade (Artigo 2 do LBI), a participação plena e efetiva nas escolas - portanto, na sociedade - baseia-se na liberdade de escolha da opção educacional mais adequada - nas aulas profissionais, gerais ou bilíngues para surdos - são proibidas todas as formas de discriminação em razão de seu estado físico e psíquico (artigo 23 da LBI), pois o direito de ser incluído no ambiente educacional comum é direito de todos e não pode atender às necessidades educacionais específicas de determinados alunos do público-alvo em determinados casos. II – garantir a viabilização da oferta de escolas ou classes bilíngues de surdos aos educandos surdos, surdocegos, com deficiência auditiva e com outras deficiências ou com altas habilidades e superdotação associadas. De acordo com a estratégia 7.7 da Meta 4 do Plano Nacional de Educação, a educação bilíngue em Libras / Língua Portuguesa pode ser iniciada desde o momento do nascimento, se a família claramente exigir. III – garantir, nas escolas ou classes bilíngues de surdos, a Libras como parte do currículo formal em todos os níveis e etapas de ensino e a organização do trabalho pedagógico para o ensino da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua. 29 A forma de cursar cursos em escolas ou classes bilíngues para surdos-mudos respeita a escolha da língua dos alunos que optam pela Língua Brasileira de Sinais como língua de ensino, orientação, comunicação e interação. IV - priorizar a participação do estudante e de sua família no processo de decisão sobre os serviços e os recursos do atendimento educacional especializado, considerados o impedimento de longo prazo e as barreiras a serem eliminadas ou minimizadas para que ele tenha as melhores condições de participação na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. Constituição, art. 205, preconizando que a educação será promovida e incentivada no âmbito da cooperação da sociedade, que é direito de todas as pessoas e obrigação do Estado e da família, sublinhando o privilégio de associação e participação integral nestas situações. Entender os papéis e responsabilidades de cada um deles é fundamental para promover o correto funcionamento do PNEE 2020 e atingir os objetivos aqui traçados. As famílias precisam realizar as matriculas na idade certa e trabalhar duro para assiduidade escolar e dar continuidade a esta educação. Porém, ao contrário do que muitos defendem, a responsabilidade da família não começa e não termina na escola. Sua responsabilidade começa, desde o nascimento da criança incluindo toda a vida escolar, a família deve ser considerada no processo educacional até que tenha autonomia para tomar decisões por si mesma. Portanto, é necessário incluir a família na escola e participar de todas as situações educacionais que envolvam o processo de avaliação, planejamento, desenvolvimento curricular, acompanhamento e análise do desempenho escolar e participação na definição das recomendações educacionais. É importante encorajar as famílias a contribuírem para mudanças que promovam o progresso escolar, incluindo orientações sobre os requisitos da escola e do sistema educacional, quando for preciso Em termos de educação, cabe aos poderes públicos: assegurar a taxa de matrícula dos alunos e a disponibilidade de recursos e serviços e assistência educacional especializada, especificamente para a educação especial; considerando que qualquer intervenção pedagógica adequada contribuirá para uma aprendizagem significativa e para o desenvolvimento do aluno. Seja por meio de cursos formais ou por meio de atividades específicas de educação especial. 30 DOS ATORES QUE ATUAM, DE FORMA COLABORATIVA, NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Os serviços de educação especial no ambiente escolar são prestados por vários profissionais em cooperação. I – equipes multiprofissionais e interdisciplinares de educação especial Equipes multiprofissionais e interdisciplinares de educação especial conduzem estudos de caso ou desenvolvem projetos conjuntos em parcerias multifuncionais e colaborações interdepartamentais, locais e / ou turísticas. A equipe é composta por um professor de educação especial e pelo menos outros dois profissionais oriundos de áreas que contribuem para a avaliação biopsicossocial da escola, como psicologia, fisioterapia, medicina, enfermagem, fonoaudiologia, assistência social e áreas afins de terapia ocupacional. A composição das equipes multidisciplinares e interdisciplinares deve se adequar às necessidades de cada situação e à padronização do sistema de ensino. II – guias-intérpretes. O Guia de Interprete é um profissional que faz a implementação da língua brasileira de sinais, português, língua de sinais tátil, alfabeto datilológico, sistema braille, Tadoma, comunicação tátil e outros recursos e serviços específicos relacionados à acessibilidade, orientação e mobilidade do curso, incluindo a descrição de espaço, pessoas e condições visa alcançar a acessibilidade dos cursos e a mobilidade dos alunos no ambiente escolar. O intérprete-guia deve ter curso e especialização na área para trabalhar com surdos-cegos, sendo preferível um curso de pós-graduação em interpretação de guia. III – professores bilíngues em Libras e língua portuguesa. Professores bilíngues de Libra e Português são certificados para serem proficientes em Língua Brasileira de Sinais e podem trabalhar no espaço escolar sem um intérprete de Libra para mediar a relação professor-aluno e o conteúdo da entrevista. Professores bilíngues podem usar Libra como língua para comunicação, interação, orientação e ensino com alunos surdos. Surdos-mudos com perda auditiva, surdez cegueira, outras deficiências e surdos com alta capacidade ou talento que escolherem Libra. 31 IV – professores da educação especial. Osprofessores de educação especial devem receber o seguinte treinamento: 1. Treinamento inicial em educação especial; 2. Formação inicial de docência, com especialização em educação especial ou educação bilíngue para surdos; 3. Ensino em educação especial ou áreas afins e treinamento preliminar em cursos estritamente de pós-graduação; ou 4. Formação preliminar para o ensino de educação especial e formação contínua. Os Professores de educação especial além de atuarem no atendimento educacional especializado ele dá assistência e orienta o professor regente de aula regular. Também devem cooperar e se conectar com a equipe profissional da escola e com as equipes multidisciplinares e interdisciplinares para que possam alcançar melhores resultados no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. O sistema de ensino organiza as categorias profissionais que atuam na área da educação especial de acordo com os atributos funcionais designados por regulamento próprio. V – profissionais de apoio escolar ou acompanhantes especializados, de que tratam o inciso XIII do caput do art. 3º da Lei nº 13.146, de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência, e o parágrafo único do art. 2º da Lei nº 12.764, de 2012. O Profissional de Apoio Escolar ou Acompanhante Especializado (artigo 3º, inciso XIII da Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015 e parágrafo artigo 2º da Lei nº 12.764 de 2012) é a pessoa que oferece suporte para alunos com deficiência e transtornos do espectro autista auxilia os alunos na alimentação, higiene, ações de apoio, interação e comunicação desses alunos nas atividades escolares necessárias, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas. Nas atividades da escola, oferecem apoio aos demais profissionais. Esses profissionais podem atuar em todas as atividades escolares, turmas regulares, turmas profissionais, turmas bilíngues, salas multifuncionais ou de recursos específicos e outros ambientes escolares pelo tempo que for necessário. O sistema deve oferecer cursos específicos para profissionais de apoio escolar, para que possam atender alunos de educação especial que atendam a diferentes necessidades. 32 VI – tradutores-intérpretes de Libras e língua portuguesa. O tradutor-intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa, é o profissional que traduz e interpreta o português para a língua de sinais brasileira simultaneamente ou consecutivamente na forma escrita ou visual para mediar e promover o acesso ao conteúdo, ou seja, informação e comunicação, e atividades em todos os espaços e escolas, para proteger os direitos linguísticos dos surdos. Os serviços desse profissional devem ser prestados a todos os alunos surdos- mudos ou deficientes auditivos, quando necessário, em todos os ambientes educacionais, e ressalta-se que, principalmente na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental, os tradutores de Libra devem atuar sob especial circunstâncias, porque nessas etapas de ensino, alunos surdos, deficientes auditivos e surdocegos que utilizam a Língua Brasileira de Sinais e optam pela educação bilíngue têm o direito de participar de cursos bilíngues, com professores bilíngues. AÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL EQUITATIVA, INCLUSIVA COM APRENDIZADO AO LONGO DA VIDA I - elaboração de estratégias de gestão dos sistemas de ensino para as escolas regulares inclusivas, as escolas especializadas e as escolas bilíngues de surdos, que contemplarão também a orientação sobre o papel da família, do estudante, da escola, dos profissionais especializados e da comunidade, e a normatização dos procedimentos de elaboração de material didático especializado. A partir do PNEE 2020, o campo da educação especial foi fortalecido e a equidade e a inclusão no Brasil serão ampliadas. Com a edição do Decreto nº 10.502 em 2020, podemos esperar e estimular a criação de novos produtos, novos espaços e a oferta de novos serviços, aumentando assim a visibilidade da região e os aspectos sociais, acadêmicos e culturais de muitos alunos que abandonaram as escolas regulares. No entanto, é importante que esse reforço seja acompanhado de uma ênfase nas evidências científicas e em estratégias de gestão adequadas do sistema educacional para que os recursos individuais, coletivos e públicos não sejam perdidos. 33 É importante ressaltar que, a partir da autonomia do sistema de ensino, os gestores passaram a sistematizar diretrizes sobre os papéis da família, do aluno, da escola, do profissional e da comunidade. A padronização específica dos procedimentos de compilação de livros didáticos também é muito importante, considerando que a educação especial de alta qualidade é inseparável de uma variedade de recursos de ensino. II – definição de estratégias para a implementação de escolas e classes bilíngues de surdos e o fortalecimento das escolas e classes bilíngues de surdos já existentes. Com a promulgação da “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva”, em 2008, muitas escolas para surdos no Brasil foram fechadas ou convertidas em escolas inclusivas comuns, correndo o risco de fechamento. Essa situação afetou inclusive o Instituto Benjamin Constance (IBC) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Porém, a partir do PNEE 2020, foi incentivado o fortalecimento das escolas de surdos existentes e abertas novas escolas e cursos bilíngues para esses públicos. III – definição de critérios de identificação, acolhimento e acompanhamento dos educandos que não se beneficiam das escolas regulares inclusivas, de modo a proporcionar o atendimento educacional mais adequado, em ambiente o menos restritivo possível, com vistas à inclusão social, acadêmica, cultural e profissional, de forma equitativa, inclusiva e com aprendizado ao longo da vida. O PNEE 2020 confirma os princípios de justiça e tolerância, para que todos os alunos possam desfrutar plenamente do direito à educação e da liberdade de fazer suas próprias escolhas. A elegibilidade de um aluno para serviços e recursos de educação especial é melhor demonstrada por uma avaliação biopsicossocial conduzida por uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar que determina as necessidades educacionais específicas da escola. Em todo o público-alvo seja, atendimento educacional especializado, educação especial, é muito importante utilizar a avaliação pedagógica dos alunos como um guia para repensar estratégias de ensino que atendam às suas necessidades específicas e singulares. No processo de avaliação da situação do aluno para o fornecimento de 34 educação especial, é importante envolver professores regentes, professores profissionais, funcionários da escola, alunos e seus familiares. O processo de avaliação deve se concentrar na compreensão das habilidades, potencial e singularidade dos alunos, bem como os serviços e recursos de que necessitam no processo educacional. IV – definição de diretrizes da educação especial para o estabelecimento dos serviços e dos recursos de atendimento educacional especializado aos educandos público-alvo da PNEE 2020. São responsabilidades dos sistemas de ensino: 1. Garantir que os Serviços de Atendimento Educacional Especializado sejam fornecidos para alunos com deficiência, TGD, Atas Habilidades e Superdotação, matriculados em escolas regulares inclusivas, escolas especializadas, escolas bilíngues para surdos e mudos; 2. Disponibilizar recursos humanos, técnicos e materiais, prestar serviços de educação profissional a todos os alunos da educação especial e constituir uma área responsável pelo planeamento, implementação, acompanhamento e avaliação das ações previstas no PNEE 2020; 3. Promover o pleno funcionamento do PNEE 2020 e possibilitar o cumprimento de seus objetivos e metas;4. Assegurar o apoio às unidades escolares em todas as ações que promovam a equidade, a inclusão e a assistência à educação especializada; 5. Promover a organização e operação de serviços de educação especial de uma maneira sem barreiras, flexível, multifuncional, justa e inclusiva, com foco na aprendizagem ao longo da vida, comprometida com o sucesso acadêmico de todos os alunos respeitando e apreciando a singularidade e diversidade no ambiente escolar; 6. Alocar recursos profissionais de forma eficaz e decisiva para garantir que todos os alunos tenham oportunidades iguais de aprendizagem, persistência e condições de sucesso; 7. Participar do estabelecimento de diretrizes e procedimentos para a identificação, matrícula e atendimento de alunos especiais na educação básica para estimular a implementação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento de suas potencialidades; 35 8. Por meio de políticas de formação e avaliação dos profissionais que atuam em escolas gerais inclusivas, bilíngues ou profissionalizantes e SAEE, temos o compromisso de melhorar permanentemente a qualidade da educação para que possam adquirir conhecimentos sobre práticas pedagógicas justas e inclusivas, bem como a aprendizagem ao longo da vida e monitorar, avaliar os princípios da educação permanente para avaliar sua eficácia no processo de ensino e nos serviços de educação profissional 9. Estabelecer parcerias com instituições de ensino superior, outros departamentos governamentais e organizações da sociedade civil para atingir os objetivos de justiça, inclusão e aprendizagem e educação ao longo da vida; 10. Os esforços para a criação de um centro multidisciplinar de apoio, pesquisa e consultoria, composto por profissionais de diversas áreas, estimulam os contatos com instituições acadêmicas de apoio ao trabalho de educação especial. 11. Combinar as funções e responsabilidades dos centros de serviços de educação profissional e centros de serviços de educação profissional específicos (CAS, CAP, CAAH, CAFI e CIMT), alocar recursos e trabalhar duro para implementar e operar; e 12. Ampliar, prioritariamente, os serviços para alunos com deficiência, deficiências generalizadas de desenvolvimento e alunos com altas habilidades ou superdotados no próprio sistema de ensino, independentemente do apoio prestado às instituições parceiras. São responsabilidades das unidades de ensino: 1. De acordo com o potencial dos alunos e a valorização da sua singularidade, proporcionar uma educação com padrões de qualidade; 2. Direcionar ações educativas que promovam a aprendizagem, o desenvolvimento e a participação efetiva dos alunos para a consecução dos fins, metas e objetivos da educação especial; 3. Mobilizar a comunidade escolar para a elaboração e atualização de projetos pedagógicos e o desenvolvimento de práticas justas e inclusivas com a participação de alunos de educação especial; 4. Por meio de ações colaborativas entre a equipe escolar e a SAEE e a SAEE- BS, garantir o desenvolvimento, a supervisão e a avaliação dos planos de desenvolvimento individual e escolar dos alunos de educação especial; 36 5. Assegurar que as equipes SAEE e SAEE-BS cooperem com a equipe escolar, principalmente com o professor regente, no planejamento e desenvolvimento das atividades escolares envolvendo alunos de educação especial e surdos bilíngues; 6. Garantir um ambiente escolar sem barreiras e espaço de serviço de educação profissional, e fornecer todos os recursos e serviços necessários para o desenvolvimento do aluno; 7. Para identificar os alunos que necessitam de serviços e recursos de educação especial o mais rápido possível, o melhor é passar pelo processo de avaliação biopsicossocial da escola, coordenado pela equipe docente ou equipe multidisciplinar e interdisciplinar, podendo permitir profissionais de outros departamentos e instituições profissionais participar deste processo Comunidade; 8. Disponibilizar de estratégias e recursos organizacionais para maximizar a participação dos alunos de educação especial nas atividades escolares; 9. Com base nas evidências de aprendizagem que comprovem o progresso de leitura e / ou cálculo, educação infantil ou disciplinas básicas, garantir a identificação, registro, atendimento e verificação da situação de aprendizagem de alunos de alta habilidade ou talentos, e utilizar os aceleração da aprendizagem para que os alunos possam Completar o currículo escolar em menos tempo para promover o seu desenvolvimento potencial e obter o mais alto nível de ensino, pesquisa e criação artística de acordo com a capacidade de cada um; 10. Organizar o trabalho docente para que os tradutores e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais / Português tenham condições de desempenho suficientes, incluindo a obtenção dos materiais necessários e professores regentes o mais rápido possível no contexto da tradução-interpretação e planejamento do cronograma; 11. Incentivar e valorizar as famílias para a participação no processo de educação escolar e ações de acompanhamento das ações do SAEE; 12. Estimular as famílias a contribuírem para o desenvolvimento e a melhoria contínua dos serviços de educação escolar e profissional; 37 13. No que se refere à prestação de serviços e recursos de formação profissional, acompanhar a atuação dos docentes dos serviços de formação profissional no apoio ao processo de ensino; 14. Promover ações claras e colaborativas entre professores de educação especial e professores de turma inclusiva geral para melhorar o processo de ensino e seus resultados; 15. De acordo com a singularidade e os resultados apresentados pelos alunos ao longo do processo de ensino, promover a requalificação da aprendizagem e acelerar a aprendizagem; 16. Disponibilidade de matrículas para surdos, surdocegos, deficientes auditivos, outras deficiências relacionadas e alunos altas habilidades ou superdotação, que optam por receber educação bilíngue para surdos em uma escola bilíngue para surdos. Onde não tiver escola bilíngue para surdos-mudos, deve-se garantir que esteja matriculado em turma bilíngue para surdos-mudos, de preferência em escola polo; 17. Um grupo de alunos e professores surdos de Língua de Sinais com comprovada proficiência na Língua Brasileira de Sinais garante a oferta de cursos bilíngues para surdos; 18. Oferecer disciplinas de Libra na educação básica como um curso obrigatório em educação bilíngue para surdos, escolas bilíngues para surdos e aulas bilíngues para surdos; e 18. Oferecer disciplinas de Libra na educação básica como um curso obrigatório em educação bilíngue para surdos, escolas bilíngues para surdos e aulas bilíngues para surdos; e 19. Garantia de fornecimento de SAEE-BS a todos os alunos surdos-mudos, sinal de perda auditiva, surdocegueira e quando apresentarem outros defeitos relacionados, altas habilidades ou gênio. V – definir estratégias e de orientações para as instituições de ensino superior com vistas a garantir a prestação de serviços ao público-alvo da PNEE 2020, para incentivar projetos de ensino, pesquisa e extensão destinados à temática da educação especial e estruturar a formação de profissionais especializados para cumprir os objetivos da PNEE 2020: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. 38 São responsabilidades dos sistemas de ensino no atendimento dos educandos da educação especial matriculados no ensino superior: 1. Garantir a prestação de serviços a alunos com deficiência e portadores de deficiência Desenvolvimento e alta habilidade ou superdotação por meio formular diretrizes e estratégias no plano de desenvolvimento Instituição de ensino superior 2. Promover o desenvolvimento de atividades e projetos de ensino, pesquisa e extensão vinculados à área de educação especial,
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