Buscar

Infecções de Pele: Causas e Fatores de Risco

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PIESC III – SAÚDE DA CRIANÇA LUCAS SILVA – MED UESB XV 
Erisipela 
A pele possui bactérias residentes, que vivem como comensais, e transitórias, que, ocasionalmente, podem 
colonizar a pele. 
• A flora residente é formada, principalmente, por: cocos gram-positivos (Staphylococcus epidermidis), difteroides 
(Corynebacterium e Brevibacterium) e bastonetes anaeróbios (Propionibacterium). 
• Os organismos da flora residente contribuem para a resistência contra a colonização por bactérias patogênicas 
ao hidrolisar lipídeos e produzir ácidos graxos livres, que são tóxicos para muitas bactérias. 
• A flora transitória está representada, principalmente, pelo Staphylococcus aureus (coagulase positivo) e pelo 
Streptococcus pyogenes. Estas bactérias, provenientes do ambiente, demonstram patogenicidade, usualmente 
na presença de um distúrbio de integridade da pele. 
• As piodermites são definidas como infecções cutâneas primárias provocadas, principalmente, por bactérias 
piogênicas dos gêneros Staphylococcus e Streptococcus. 
• Entre os estafilococos, os Staphylococcus aureus (S. aureus) são os patógenos mais importantes, causando 
infecções superficiais ou profundas e doenças relacionadas à ação de suas toxinas. O tegumento é o habitat 
natural de muitas espécies de estafilococos. Em 20% da população, encontra-se colonização permanente por S. 
aureus na narina anterior. Aproximadamente 60% dos indivíduos saudáveis apresentam colonização ocasional 
por S. aureus em algum local, especialmente em axilas, períneo, faringe, mãos e narinas. 
• A principal defesa contra os estafilococos é a fagocitose realizada pelos neutrófilos. Condições predisponentes 
para a colonização da pele por baixa resistência ao agente incluem: dermatite atópica, diabetes mellitus, diálise, 
uso de droga endovenosa, disfunção hepática e infecção por HIV. 
• A invasão direta a partir de pequenas soluções de continuidade das mucosas, da pele e seus anexos resulta em 
uma variedade de infecções superficiais. 
• Os estreptococos quase sempre participam da microbiota oral ou do tubo digestivo, estando entre os agentes 
mais comuns de doenças humanas. O Streptococcus pyogenes (S. pyogenes) é responsável pela maioria das 
infecções causadas pelas bactérias da família Streptococcaceae, sendo encontrado na orofaringe de 10% da 
população geral. Apenas 1% das pessoas o apresenta na pele normal. Os mais virulentos pertencem ao grupo A 
e possuem, em sua superfície, a proteína M que os protege contra a fagocitose e aumenta a aderência para os 
tecidos epiteliais. 
• As infecções por S. pyogenes são mais comuns na infância e na adolescência. Isso se deve ao fato de que 
infecções sucessivas, sintomáticas ou inaparentes pelos sorotipos prevalentes na comunidade vão conferindo 
imunidade específica e duradoura contra este patógeno. A frequência das piodermites varia de acordo com 
diversos fatores. Em geral, atinge cerca de 7% da população. 
• O verão é a estação propícia para as infecções de pele, uma vez que favorece a instalação e manutenção do 
microclima, calor e umidade, necessários ao desenvolvimento dos agentes infecciosos. 
• Na patogenia das piodermites, devemos considerar fatores relacionados ao hospedeiro: presença da flora 
residente, que dificulta a colonização de outras bactérias e produz ácidos graxos não-saturados que formam a 
barreira química; a barreira mecânica; o grau de umidade da pele que, quanto maior, mais fácil torna a 
multiplicação bacteriana; o pH alcalino, que facilita a colonização bacteriana e a capacidade imunológica do 
indivíduo. 
 
• Em relação ao microorganismo, consideram-se a 
sua patogenicidade e o grau de virulência que 
decorrem, fundamentalmente, do potencial invasivo 
determinado pela presença de elementos 
antifagocitários na superfície da bactéria e da sua 
capacidade de produção de toxinas. 
• Embora a etiologia das piodermites seja 
basicamente a mesma, existem várias formas 
clínicas distintas quanto a morfologia, evolução, 
patogenia, complicações e terapêutica. 
 
PIESC III – SAÚDE DA CRIANÇA LUCAS SILVA – MED UESB XV 
 
Com essa imagem, fica mais fácil entender que o estrato córneo é responsável pela proteção da epiderme, e 
que qualquer ruptura dessa camada, como picada de insetos, mordedura de cães e gatos, queimadura, 
escoriações, corpos estranhos, distúrbios dermatológicos importantes, cirurgia ou úlceras, pode permitir que as 
bactérias penetrem os tecidos mais profundos e causem infecções. 
Têm como fatores de risco a insuficiência venosa, o linfedema (fator predisponente e também fator de 
complicação da celulite), a doença vascular periférica, a diabetes mellitus, a obesidade, a Tinea pedis, as úlceras 
de membros inferiores, o trauma local, e as picadas de inseto. 
As principais diferenças entre elas são: 
• A lesão da erisipela apresenta bordas bem definidas, diferente da lesão da celulite, que tem suas bordas de 
difícil delimitação. A coloração da erisipela é vermelha viva, e da celulite é mais rosada. 
• A erisipela acomete a superfície da pele apenas, e a celulite acomete também o tecido subcutâneo. 
• A erisipela apresenta manifestações sistêmicas mais pronunciadas. 
Caso clínico: 
Paciente masculino, 16 anos, branco, estudante do ensino médio, natural e procedente de Anagé (BA), 
acompanhado da mãe na Unidade Básica de Saúde Vila América. 
Queixa principal: dor e inchaço em tornozelo há cinco dias. 
HMA: paciente, previamente hígido, refere que há cerca de quatro dias percebe inchaço na perna direita, com 
calor, dor e vermelhidão local, sentiu o corpo quente, tendo um início abrupto de febre elevada, 39°C, 
acompanhada de mal-estar e astenia há três dias. Conta que há sete dias sentiu algo perfurante entrando em 
seu pé direito durante uma partida de futebol com os amigos da vizinhança, retirou o objeto pontiagudo, mas 
não soube especificar o conteúdo do material, apenas que era pequeno e pontiagudo. Nega outras queixas. 
Afirma diabetes mellitus tipo I. Mãe com diabetes mellitus tipo I, nega outras doenças familiares. Calendário 
vacinal atualizado. Afirma uso contínuo e correto de insulina. 
Ao exame, você percebe um paciente em bom estado geral e nutricional, fácies atípica. Aparelho respiratório, 
cardiovascular, neurológico sem alterações. 
Exame físico das extremidades: Membro inferior direito há grande lesão eritematosa que se estende do 
tornozelo à panturrilha, com margens bem delimitadas e elevada, dolorida, com área endurecida e 
aparentemente superficial. Além disso, haviam bolhas de conteúdo seroso e hemorrágico no local afetado, em 
região maleolar medial. Foi observado também discreta linfonodomegalia local. 
 
Você já tem uma suspeita, não é mesmo? Isso! Erisipela. 
A lesão superficial, eritematosa, unilateral, bem delimitada, em adolescente diabético, com histórico de 
perfuração em pé por um objeto desconhecido é bastante sugestiva de infecção por continuidade, 
principalmente por S. pyogenes. Lógico que você pode ter outras suspeitas como, por exemplo, trombose 
venosa, mas bem menos provável pelo histórico clínico do paciente ou alguma complicação venosa do diabetes 
e pode sim investigá-las detalhadamente. 
PIESC III – SAÚDE DA CRIANÇA LUCAS SILVA – MED UESB XV 
1. INTRODUÇÃO: 
• A erisipela é uma infecção bacteriana da derme mais superficial e com importante comprometimento 
linfático, tendo como agente principal o estreptococo β-hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes). O 
sexo feminino é o mais atingido e é mais frequentemente observada em adultos com 40-60 anos de idade, 
sobretudo naqueles que apresentam alguns fatores predisponentes, como insuficiência venosa e linfática 
crônica, obesidade, diabetes, hipertensãoarterial, tabagismo e alcoolismo. 
• Afeta com mais frequência os membros inferiores, também podendo envolver a região facial em menor 
frequência. A penetração da bactéria ocorre por soluções de continuidade que pode ocorrer nas micoses 
interdigitais e lesões traumáticas ou cirúrgicas. 
• A erisipela é uma infecção cutânea aguda e inflamatória, caracterizada por eritema, edema e dor, 
geralmente causada pelo estreptococo-hemolítico do grupo A, sendo menos comum grupo C e G. 
Sthapylococcus aureus mais raramente pode ser isolado. 
 
• Possui uma incidência estimada entre 10 e 100 casos por 100.000 
habitantes/ano. Afeta, sobretudo, adultos, dos 40 aos 60 anos, com 
predomínio do sexo feminino. 
• A localização de acometimento é, em 85% dos casos, nos membros 
inferiores, podendo acometer a região facial. Pode originar-se de um 
ferimento traumático ou cirúrgico, mas, na maioria dos casos, 
nenhuma porta de entrada costuma ser encontrada. 
• A erisipela consiste na infecção bacteriana de pele com 
acometimento das camadas superficiais, logo, é uma infecção que 
chega até a derme. Enquanto isso, a celulite é uma infecção 
bacteriana profunda da pele, com acometimento do tecido 
subcutâneo, até a hipoderme. 
2. QUADRO CLÍNICO: 
• Classicamente, o quadro clínico é caracterizado por um início súbito, com febre (38,5- 40ºC) e calafrios 
seguido, em cerca de 12-24 horas, pelo aparecimento de placa eritematosa (vermelha viva), edematosa, 
quente e dolorosa, de limites bem definidos e geralmente localizada a um membro inferior. 
• Com a progressão da doença, o paciente pode apresentar confusão mental e leucocitose polimorfonuclear de 
20.000 células/mm3 ou mais. A infecção pode se disseminar através dos vasos linfáticos causando linfangite e 
linfadenite supurativa, e através da corrente sanguínea, produzindo bacteremia. 
• As áreas mais acometidas são os membros inferiores e a face. Nos casos de erisipela facial, o edema é 
marcante e os olhos estão frequentemente inchados. 
• O quadro é caracterizado por eritema, edema, calor e dor, acompanhado por febre, calafrios, mal-estar e, 
muitas vezes, náuseas ou vômitos. 
• Caracteriza-se, em geral, por lesão única elevada em relação à pele circunscrita, tendo em média 10 a 15 cm 
no seu maior eixo, e borda nítida, que avança com a progressão da moléstia. Podem surgir bolhas, geralmente 
flácidas, de conteúdo translúcido. 
• No exame físico é possível notar a presença de placa eritematosa, habitualmente única, edemaciada, infiltrada 
e dolorosa, com bordas que crescem centrifugamente, bem delimitadas e elevadas que avançam rapidamente 
sobre a pele circunvizinha. 
• Em alguns casos, ocorrem vesículas ou bolhas, geralmente flácidas, de conteúdo translúcido e por vezes 
contendo líquido seropurulento. A apresentação bolhosa confere gravidade ao processo, podendo evoluir com 
necrose e ulceração posterior. 
• A erisipela com localização facial também confere gravidade ao processo. Outra característica relevante é sua 
capacidade de recorrência na mesma região e, após cada uma delas, permanece certo grau de edema duro 
(linfedema). 
• A seqüela mais comum é o linfedema, que é o inchaço persistente e duro localizado principalmente na perna e 
no tornozelo, resultante dos surtos repetidos de erisipela. 
• Os diagnósticos diferenciais de um quadro de erisipela são vários e inclui patologias infecciosas e não 
infecciosas. Do ponto de vista prático se deve essencialmente considerar durante a avaliação inicial destes 
doentes: a fasceíte necrosante e a trombose venosa profunda, pelas as suas importantes implicações 
terapêuticas; a dermite de contacto, dada a sua elevada incidência na população geral. Entretanto, em cada 
um deles, febre, dor e sensibilidade estão ausentes e a coceira é intensa. 
• O principal diagnóstico diferencial é com a Celulite, infecção cutânea que compromete uma parte maior dos 
tecidos moles, estendendo-se profundamente através da derme e tecido subcutâneo, sendo quadro doloroso e 
com bordas mal delimitadas. Sua demarcação com pele sã é quase indistinguível. Algumas complicações 
PIESC III – SAÚDE DA CRIANÇA LUCAS SILVA – MED UESB XV 
como septicemia, celulite profunda, fasceíte necrosante e formação de abscesso podem ocorrer, 
especialmente em pacientes obesos e aqueles com abuso crônico de álcool. 
• São fatores de risco para erisipela: insuficiência venosa, infecções cutâneas por fungos, linfedema, diabetes 
mellitus, obesidade, imunossupressão, infecção do trato respiratório e alcoolismo. 
Do ponto de vista prático são essencialmente três os diagnósticos diferenciais a considerar durante a avaliação 
inicial destes doentes: a fasceíte necrosante e a trombose venosa profunda, pelas as suas importantes 
implicações terapêuticas; a dermite de contacto, dada a sua elevada incidência na população geral. 
PATOLOGIAS INFECCIOSAS 
• Fasceíte necrosante Osteomielite Bursite Miosite Herpes Zoster (Zona) 
PATOLOGIAS NÃO INFECCIOSAS 
• Trombose venosa profunda Síndrome de compartimento Intolerância próteses ortopédicas Celulite de 
Wells Síndrome de Sweet Febre mediterrânica familiar Carcinomas inflamatórios Dermatite de contacto 
Fasceíte necrosante (FN) 
• Trata-se de uma infecção rara, mas letal em cerca de 30% dos casos. Caracteriza-se pela existência de 
necrose da hipoderme, presença de tromboses vasculares, necrose da aponevrose superficial (fasceíte) e 
secundariamente necrose da derme. 
• O estreptococo do grupo A é o agente mais frequentemente implicado, mas não é rara a presença de uma 
flora polimicrobiana (S. aureus, anaeróbios, enterobactérias).. 
• A dor local é, geralmente, um sintoma inicial proeminente; a presença de febre associada a alteração do 
estado geral e, na pele envolvida, o rápido desenvolvimento de bolhas, necrose cutânea e crepitação são 
sugestivos. Constituem fatores de risco: feridas traumáticas ou cirúrgicas, diabetes, obesidade, alcoolismo 
crónico, arteriopatia, imunodepressão e terapêutica prévia com anti-inflamatório. 
 
• O diagnóstico diferencial entre erisipela e FN é crucial, já que a realização 
de desbridamento cirúrgico em tempo útil é essencial em termos de 
prognóstico. 
• Propõe-se a utilização de uma pontuação, baseada em indicadores 
laboratoriais de risco (proteína C reativa, contagem de leucócitos, 
hemoglobina, natremia, creatininemia e glicemia) para facilitar o 
diagnóstico de FN, com um valor máximo de 13. 
• Um valor ≥ 6 seria suspeito de FN e ≥ 8 fortemente preditor. 
• Outros autores apresentam esquemas mais simplificados, incluindo 
apenas a leucocitose e a hiponatremia. Porém, estes esquemas de 
pontuação, exclusivamente laboratoriais, não entram em linha de conta 
com outros dados de natureza clínica, sempre indispensáveis na decisão 
diagnóstica. 
 
 
Trombose venosa profunda (TVP) 
Dentro das patologias não infecciosas é o diagnóstico diferencial mais 
frequentemente evocado. 
A presença de febre elevada associada a placa eritematosa de limites 
bem definidos, característicos da erisipela, contrasta geralmente com o 
aspecto pouco inflamatório da TVP (phlegmasia alba dolens); a 
presença de linfangite e adenopatia associadas é também menos 
frequente. 
Dermatite de contato (DC) 
Surgindo geralmente como complicação da aplicação de medicamentos 
tópicos (anti-sépticos ou antimicrobianos) no contexto do tratamento de 
feridas traumáticas ou úlceras crónicas, caracteriza-se, na fase aguda, 
pela presença de prurido intenso e lesões cutâneas eritemato-vesico-
exsudativas de limites imprecisos. Muitas vezes a erisipela e a DC 
coexistem, sendo necessário uma anamnese e um exame clínico 
cuidadosos para o diagnóstico correto. 
PIESC III – SAÚDE DA CRIANÇA LUCAS SILVA – MED UESB XV 
4. CONDUTA: 
• O diagnóstico éessencialmente clínico. 
• No hemograma, leucocitose leve com desvio nuclear à esquerda e velocidade de sedimentação globular 
pouco aumentada podem estar presentes. A presença de leucocitose neutrofílica (geralmente entre 13000-
15000 leucócitos µl) é o único exame biológico não bacteriológico considerado como critério diagnóstico da 
erisipela; contudo está ausente em cerca de metade dos casos. 
• O aumento significativo da velocidade de sedimentação e da proteína C reativa são frequentes, mas 
desprovidos de especificidade e, geralmente, a sua determinação não está disponível no momento da 
avaliação inicial do doente. 
• Histologicamente, caracteriza-se por edema de derme e dilatação linfática. 
• Na erisipela a contribuição diagnóstica da bacteriologia é limitada pela sua fraca sensibilidade ou 
positividade tardia. As hemoculturas são positivas em somente 5% dos casos. O isolamento do agente 
responsável através da cultura de amostras da pele afetada, obtidas por diversos métodos (aspiração de 
bolhas, aspiração por agulha após injeção de soro fisiológico, biopsia cutânea) tem uma sensibilidade baixa 
(5-41%) e coloca problemas de interpretação dada a possibilidade de contaminação por flora comensal. 
• A sorologia estreptocócica, que deve incluir a determinação seriada dos títulos de anti-estreptolisina O e 
anti-desoxiribonuclease B, com 10 a 15 dias de intervalo para garantir a sua especificidade, só permite um 
diagnóstico retrospectivo. 
• Os parâmetros clínicos e analíticos considerados encontram-se resumidos no Quadro 2. 
• A realização de cultura para identificação do agente infeccioso se mostra importante quando os pacientes 
apresentam toxicidade sistêmica. Radiografias são úteis para o diagnóstico de exclusão na suspeita de 
abscessos e osteomielite. A ultrassonografia com Doppler é útil apenas para pacientes com fator de risco 
para trombose venosa profunda (TVP). 
• Nos casos de apresentação atípica, em que o diagnóstico diferencial com a TVP se coloque, pode ser útil a 
realização de ecodoppler venoso dos membros inferiores. O risco de TVP é baixo em doentes 
hospitalizados por erisipela e, na ausência de suspeita clínica documentada, não está indicada a sua 
pesquisa sistemática através deste exame. 
• Num estádio inicial da infecção e nas situações em que estejam presentes, na admissão, sinais locais de 
gravidade (sobretudo necrose e hipostesia) a distinção entre erisipela grave e FN pode ser difícil com base 
exclusiva em critérios clínicos. A ressonância magnética nuclear (RMN) pode ser um exame de extrema 
utilidade, permitindo a identificação de alterações ao nível do tecido adiposo da hipoderme e fáscias 
musculares profundas (colecções líquidas, espessamento e captação de contraste). 
• No entanto, a realização de um estudo imagiológico não deve atrasar a atitude cirúrgica, fundamental 
quando a probabilidade de FN é elevada. 
Quadro 2 – Erisipela: Critérios de Diagnósticos 
• Início súbito 
• Febre ≥ 38º C, calafrios, 
mal-estar 
• Placa eritematosa, 
edematosa, dolorosa e de 
limites bem definidos 
• Ausência de necrose 
• Adenopatia e/ou linfangite 
• Estado geral conservado 
• Leucocitose com 
neutrofilia 
• Hemoculturas positivas 
TRATAMENTO 
• Na prática, na ausência de sinais clínicos de gravidade, em indivíduo imunocompetente e sem patologias 
coexistentes clinicamente significativas, o tratamento pode ser instituído em regime de ambulatório por via 
oral ou por via intramuscular. A duração do tratamento deve ser de 10 a 14 dias. 
• O tratamento é composto por orientações e medicação sistêmica. A terapia medicamentosa consiste, no 
essencial, na instituição de antibioterapia empírica tendo em conta a epidemiologia desta infecção e, se 
necessário, sintomáticos (analgésicos). Nos casos de febre de difícil controle ou queixas álgicas intensas, o 
paracetamol é uma alternativa adequada. 
• Pelo mesmo receio associado à utilização dos AINEs, o uso de corticosteróides não está indicado no 
tratamento da erisipela, excetuando na forma particular de erisipela hemorrágica, 
• A escolha do antibiótico vai depender da gravidade da doença (tabela). Adicionalmente, devem ser 
instituídas medidas de caráter geral, dentre as medidas gerais, orienta-se repouso, uso de meias 
compressivas e elevação do membro acometido. 
• Constitui um importante passo na delineação da abordagem terapêutica a avaliação da necessidade de 
hospitalização (Quadro 3). 
Antibioticoterapia na Erisipela: Casos leves a moderados 1ª escolha: Penicilina G procaína na dose de 400 a 
600.000 UI, IM, de 12 em 12 h, por 10 dias. Outras opções: ▪ Cefalexina, 500 mg, VO, 4x ao dia, por 10 dias; ▪ 
Amoxicilina 500 mg, VO, 3x ao dia, por 10 dias; 
PIESC III – SAÚDE DA CRIANÇA LUCAS SILVA – MED UESB XV 
• Casos graves 1ª escolha: Penicilina G cristalina na dose de 1 a 2. 000. 000 UI de 4 em 4 horas IV. 
Outras opções: ▪ Ceftriaxone 1g IV a cada 24 horas; ▪ Cefazolina 1-2g IV a cada 8 horas. 
• Casos recorrentes Penicilina G benzatina,1.200.000 UI, IM, de 3/3 semanas, por 1 ano. 
• Se houver suspeita de S. aureus: combinação de penicilina e clindamicina, ou clindamicina até que os 
resultados das culturas estejam disponíveis. 
➢ Alergia à penicilina: macrolídeos. Eritromicina 500 mg de 6 /6 horas. 
Quadro 3 – Erisipela: critérios de internamento 
• Idade superior a 60 anos; 
• Localização na face; 
• Sinais de gravidade local, como bolhas e 
necrose, ou gravidade geral, como confusão e 
hipotensão; 
• Fatores de comorbidades, como 
imunossupressão, insuficiência cardíaca ou 
renal; 
• Terapêutica em ambulatório ineficaz. 
 
➢ O manejo terapêutico da erisipela consiste na instituição de antibioticoterapia, além de medidas de caráter 
geral, como repouso e elevação do membro afetado. 
➢ O tratamento de escolha é a penicilina via oral ou parenteral. Pacientes sem sinais de gravidade local ou 
geral podem ser tratados, por via oral, com amoxacilina, 3-4,5g/dia, por 10 a 14 dias em regime 
ambulatorial. 
➢ Formas graves, geralmente, necessitam de antibióticos por via intravenosa, penicilina G 12-20 milhões de 
unidades/dia ou cefazolina 4g/dia. Em casos de uma evolução favorável à antibioticoterapia endovenosa 
inicial, pode ser empregada a via oral para completar o tratamento de 10-20 dias. 
➢ Nas erisipelas com manifestações sistémicas (tais como febre e arrepios) deve ser tratado com a terapia 
parenteral. Os doentes com infecção ligeira ou aqueles que melhoraram após o tratamento inicial com 
terapia antibiótica parenteral podem ser tratados com a terapia oral. 
➢ Quadros leve a moderado podem ser tratados com penicilina ou amoxicillin, macrolídeos (particularmente 
eritromicina), cefalexina, clindamicina ou linezolida. 
➢ Quadros mais graves e poucos responsivos ao tratamento inicial devem ser tratados por via parenteral com 
ceftriaxona (1g de 24/24hs) ou com cefazolina (1-2g de 8/8hs). 
CONSIDERAÇÕES 
• Após ter tido erisipela em uma extremidade inferior, 46% dos pacientes desenvolvem edema persistente e 
47%, erisipelas recorrentes. 
• Pacientes apresentando-se com um primeiro episódio de erisipela em uma extremidade inferior 
demonstram, com frequência, sinais pré existentes de prejuízo linfático no membro não-afetado 
clinicamente, sugerindo que a disfunção linfática subclínica de ambas as pernas pode ser um importante 
fator predisponente. 
• Recomenda-se que o tratamento da erisipela atue não apenas sobre a infecção, mas também nos aspectos 
linfáticos. A terapêutica de longa data para o linfedema é essencial a fim de evitar recorrência da erisipela e 
agravamento do distúrbio linfático. 
• Em ambiente nosocomial e forte suspeita de infecção por Staphyloccocus aureus meticilinoresistente 
(MRSA), a vancomicina e, mais recentemente, a linezolida são opções indicadas. 
• A linezolida é aprimeira de uma nova classe de antibióticos, chamada oxazolidinonas. Apesar de 
relativamente nova, mostra uma grande promessa no tratamento de uma variedade de organismos gram-
positivos, incluindo MRSA. 
• Tendo em conta o baixo risco de ocorrência de trombose venosa profunda (4,9%), o uso sistemático de 
anticoagulação profilática não está indicado no tratamento da erisipela. Somente a existência de 
contexto clínico, que condicione um risco tromboembólico moderado a alto, justifica a sua utilização. 
• Recorrência é a principal complicação da erisipela, que ocorre em cerca de 20% dos casos. Medidas para 
reduzir as recidivas de erisipela incluem o tratamento dos fatores predisponentes. 
• Com a instituição de terapêutica adequada a evolução de uma erisipela é geralmente favorável (80%), 
observando-se apirexia nas 48-72h após início da antibioterapia, seguida pela melhoria progressiva dos 
sinais locais (geralmente entre 4º e 6º dia) e resolução completa em duas semanas. 
• Nas formas de erisipela bolhosa a evolução pode ser mais lenta, sendo necessário, em média, 20 dias para 
a completa reepitelização ser atingida. 
• Por fim, em doentes com múltiplas recidivas, pode estar indicada a instituição de antibioticoterapia 
profiláctica (penicilina benzatina 2.4 UI 3/3 semanas via intramuscular ou eritromicina 250 mg 12/12h via 
oral). Esta profilaxia deve ser prolongada, dado que o seu efeito é unicamente supressivo. 
 
 
PIESC III – SAÚDE DA CRIANÇA LUCAS SILVA – MED UESB XV 
 
 
 FLUXOGRAMA – ERISIPELA/CELULITE COM INTERNAÇÃO HOSPITALAR

Continue navegando