Buscar

Nefrolitíase: Anatomia, Fisiologia e Fatores de Risco

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Letícia Teixeira Santos APG – 4º Período Medicina – FAHESP/ IESVAP
 
 
OBJETIVOS 
 
1. Revisar a anatomia e a fisiologia dos rins 
2. Conhecer a etiologia e os fatores de risco da 
nefrolitíase. 
3. Compreender a fisiopatologia, as manifestações 
clínicas e as complicações da nefrolitíase. 
4. Entender como se dá o diagnóstico, o tratamento e 
a profilaxia da nefrolitíase. 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS RINS 
 
Os rins, têm formato oval, retiram o excesso de água, 
sais e resíduos do metabolismo proteico do sangue, 
enquanto devolvem nutrientes e substâncias químicas 
ao sangue. 
Estão situados no retroperitônio sobre a parede 
posterior do abdome, um de cada lado da coluna 
vertebral, no nível das vértebras T XII a L III. 
Na margem medial côncava do rim há uma fenda 
vertical, o hilo renal. O hilo renal é a entrada de um 
espaço no rim, o seio renal. As estruturas que servem 
aos rins (vasos, nervos e estruturas que drenam urina 
do rim) entram e saem do seio renal através do hilo 
renal. O hilo renal esquerdo situa-se perto do plano 
transpilórico, a cerca de 5 cm do plano mediano. O 
plano transpilórico atravessa o polo superior do rim 
direito, que está por volta de 2,5 cm mais baixo do que 
o polo esquerdo, provavelmente por causa do fígado. 
Posteriormente, as partes superiores dos rins situam-se 
profundamente às costelas XI e XII. Os níveis dos rins 
modificam-se durante a respiração e com mudanças 
posturais. 
Durante a vida, os rins têm coloração marrom-
avermelhada e medem cerca de 10 cm de 
comprimento, 5 cm de largura e 2,5 cm de espessura. 
No rim, o seio renal é ocupado pela pelve renal, cálices, 
vasos e nervos e uma quantidade variável de gordura. 
Cada rim tem faces anterior e posterior, margens 
medial e lateral e polos superior e inferior 
O ápice da pelve renal é contínuo com o ureter. A pelve 
renal recebe dois ou três cálices maiores, e cada um 
deles se divide em dois ou três cálices menores. Cada 
cálice menor é entalhado por uma papila renal, o ápice 
da pirâmide renal, de onde a urina é excretada. Nas 
pessoas vivas, a pelve renal e seus cálices geralmente 
estão colapsados (vazios). As pirâmides e o córtex 
associado formam os lobos renais. Os lobos são visíveis 
na face externa dos rins nos fetos, e os sinais dos lobos 
podem persistir por algum tempo após o nascimento. 
 
 
 
FATORES DE RISCO 
 
Fatores de risco modificáveis: 
•Fatores urinários – Certas anormalidades 
bioquímicas da composição da urina foram associadas 
a um risco aumentado de formação de cálculos renais, 
incluindo maior cálcio na urina, maior oxalato na urina, 
menor citrato na urina, maior ácido úrico na urina e 
menor volume de urina. O pH da urina contribui para a 
probabilidade de formação de certos tipos de cálculos; 
uma urina ácida favorece a precipitação de ácido úrico, 
enquanto uma urina alcalina promove a formação de 
cálculos de fosfato de cálcio. Os cálculos de oxalato de 
cálcio não são dependentes do pH na faixa fisiológica. 
•Fatores dietéticos – Os fatores dietéticos podem 
desempenhar um papel importante na promoção da 
formação de cálculos, principalmente por afetar a 
composição da urina. Menor ingestão de líquidos, cálcio, 
potássio e fitato e maior ingestão de oxalato, sódio, 
sacarose, frutose, vitamina C e possivelmente proteína 
animal estão associados a um risco aumentado de 
formação de cálculos de cálcio. Maior consumo de 
proteína animal e menor ingestão de frutas e vegetais 
aumentam o risco de cálculos de ácido úrico, reduzindo 
o pH da urina e aumentando a geração de ácido úrico. 
Dietas especializadas, como Dietary Approaches to 
Stop Hypertension (DASH) e dietas mediterrâneas, são 
 Letícia Teixeira Santos APG – 4º Período Medicina – FAHESP/ IESVAP 
opções razoáveis na tentativa de reduzir o risco de 
recorrência de cálculos. 
•Medicamentos – Vários medicamentos têm sido 
associados a um risco aumentado de formação de 
cálculos renais. Alguns medicamentos podem 
promover a formação de cálculos renais induzindo 
anormalidades metabólicas que alteram a 
composição da urina, enquanto outros podem 
cristalizar na urina e se tornar o principal constituinte 
do cálculo renal. 
 
Fatores de risco não modificáveis – Os fatores de risco 
não modificáveis para a formação de cálculos incluem 
histórico familiar de cálculos, suscetibilidade genética e 
uma variedade de condições médicas. 
 
ETIOLOGIA 
 
Entre os múltiplos fatores envolvidos na etiopatogenia, 
destacam-se a supersaturação urinária, decorrente de 
baixa ingesta hídrica, hipercalciúria, hiperuricosúria e 
hipocitratúria. A predisposição familiar e hereditária 
para a formação dos cálculos é conhecida. Entretanto, 
sua distribuição é incerta em termos de incidência, 
distribuição territorial e raça. 
A nefrolitíase está relacionada a várias doenças, 
múltiplos medicamentos e anormalidades anatômicas, 
a saber: hiperparatireoidismo, acidose tubular renal, 
Doença de Crohn, bypass intestinal, ressecções 
intestinais, síndrome de má absorção, sarcoidose, 
hipertireoidismo, cistinúria, hiperoxalúria primária, 
suplementos de cálcio, suplementos de vitamina D, 
ácido ascórbico em altas doses (mais de 4 g/dia), 
laxativos, acetazolamida, sulfonamida, indinavir, 
furosemida, estenose de junção uretero-piélica, 
divertículo calicial , estenose de ureter, refluxo vésico-
ureteral, rim em ferradura, ureterocele. 
A relação entre a nefrolitíase e infecção bacteriana é 
patógeno-específico, por exemplo, alguns tipos de 
bactéria (Proteus, Pseudomonas, Klebsiella, 
Staphylococcus sp.) são produtoras de urease. Essa 
enzima é responsável pela degradação da uréia em 
amônia, o que leva a um aumento do pH urinário. O pH 
se tornando alcalino favorece a precipitação de cristais 
de fósforo, amônia e magnésio e a formação do 
cálculo chamado estruvita ou fosfato amoníaco 
magnesiano. 
 
FISIOPATOLOGIA 
 
80% dos pacientes com nefrolitíase formam cálculos de 
cálcio, a maioria dos quais é composta principalmente 
de oxalato de cálcio ou, menos frequentemente, de 
fosfato de cálcio. Os outros tipos principais incluem 
ácido úrico, estruvita (fosfato de magnésio e amônia) e 
cálculos de cistina. O mesmo paciente pode ter um 
cálculo que contém mais de um tipo de cristal (por 
exemplo, oxalato de cálcio e ácido úrico). 
Existem diferentes teorias sobre a formação de 
cálculos de cálcio, e os diferentes tipos de cálculos 
podem ter diferentes eventos de iniciação. 
A formação de cálculos ocorre quando o material 
normalmente solúvel (por exemplo, cálcio, oxalato) 
supersatura a urina e inicia o processo de formação de 
cristais (por exemplo, cristal de oxalato de cálcio). Para 
alguns cálculos de cálcio, particularmente oxalato de 
cálcio, parece que um importante evento inicial ocorre 
no interstício medular do rim. Cristais de fosfato de 
cálcio podem se formar no interstício e eventualmente 
erodir através do epitélio papilar renal, formando a 
clássica placa de Randall. Cristais de oxalato de cálcio 
ou fosfato de cálcio podem então se depositar no topo 
desse nidus, permanecendo presos à papila. Os cálculos 
de fosfato de cálcio também podem se formar 
inicialmente nos ductos dilatados de Bellini e depois 
crescer no espaço urinário. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
Cálculos assintomáticos: Os pacientes podem 
ocasionalmente ser diagnosticados com nefrolitíase 
assintomática quando um exame de imagem do 
abdome é realizado para outros fins ou quando a 
imagem de vigilância é realizada naqueles com história 
prévia de cálculos 
A fase assintomática tem maior probabilidade de 
persistir naqueles que nunca tiveram um episódio 
clínico de cólica renal 
 
Pedras sintomáticas: 
Dor: Os sintomas podem se desenvolver quando os 
cálculospassam inicialmente da pelve renal para o 
ureter. A dor é o sintoma mais comum e varia de uma 
dor leve e quase imperceptível a um desconforto tão 
intenso que requer analgésicos parenterais. A dor 
geralmente aumenta e diminui em gravidade e se 
desenvolve em ondas ou paroxismos. Paroxismos de 
dor intensa geralmente duram de 20 a 60 minutos. 
Acredita-se que a dor ocorra principalmente por 
obstrução urinária com distensão da cápsula renal. 
Consequentemente, a dor devido a uma pedra nos rins 
 Letícia Teixeira Santos APG – 4º Período Medicina – FAHESP/ IESVAP 
geralmente se resolve rapidamente após a passagem 
da pedra. 
O local da obstrução determina a localização da dor. A 
obstrução ureteral superior ou pélvica renal causa dor 
ou sensibilidade no flanco, enquanto a obstrução 
ureteral inferior causa dor que pode irradiar para o 
testículo ou lábio ipsilateral. A localização da dor pode 
mudar à medida que a pedra migra. Muitos pacientes 
familiarizados com os sintomas são capazes de prever 
se o cálculo passou pelo ureter. No entanto, os cálculos 
impactados ou que não migram não podem ser 
localizados com certeza com base apenas nos 
sintomas. Além disso, uma localização variável da dor 
pode ser enganosa e, ocasionalmente, imita um 
abdome agudo ou um aneurisma dissecante. Em 
alguns pacientes com dor lombar crônica, o 
diagnóstico de cólica aguda pode ser difícil sem um 
exame de imagem. 
Ocasionalmente, os pacientes apresentam-se após 
terem passado por cascalho ou pedra. Os pacientes 
que formam cálculos de ácido úrico frequentemente 
descrevem a passagem de cascalho, mas os cálculos 
de ácido úrico também podem produzir obstrução 
aguda. 
Hematúria: A hematúria macroscópica ou 
microscópica ocorre na maioria dos pacientes que 
apresentam nefrolitíase sintomática (mas também 
está frequentemente presente em pacientes 
assintomáticos). Além da passagem de uma pedra ou 
cascalho, este é um dos preditores mais discriminativos 
de uma pedra nos rins em pacientes que apresentam 
dor no flanco unilateral. Um estudo, por exemplo, 
descobriu que dois terços dos pacientes com cálculo 
ureteral apresentavam hematúria 
Por outro lado, a ausência de hematúria no quadro de 
dor aguda no flanco não exclui a presença de 
nefrolitíase. A hematúria não é detectada em 
aproximadamente 10 a 30% dos pacientes com 
nefrolitíase documentada. Um fator que pode 
comprometer a sensibilidade da hematúria é o 
intervalo entre o início da dor aguda até o momento 
do exame de urina. 
 
Outros sintomas: Outros sintomas que são comumente 
vistos incluem náuseas, vômitos, disúria e urgência 
urinária. As duas últimas queixas geralmente ocorrem 
quando o cálculo está localizado no ureter distal. 
 
COMPLICAÇÕES 
 
A nefrolitíase pode levar à obstrução renal persistente, 
que pode causar danos permanentes nos rins se não 
for tratada. Se a urina estiver infectada próximo ao 
cálculo obstrutivo, esta é uma emergência urológica 
que requer descompressão rápida por um stent 
ureteral ou um tubo de nefrostomia. Esta é uma 
situação em que um paciente pode se tornar séptico 
muito rapidamente se não for tratado. 
Os cálculos de chifre de veado normalmente não 
produzem sintomas, a menos que a pedra resulte em 
obstrução do trato urinário ou uma infecção seja a 
causa do cálculo de chifre de veado. No entanto, eles 
podem levar à insuficiência renal ao longo dos anos se 
estiverem presentes bilateralmente. 
 
DIAGNÓSTICO 
 
O diagnóstico de nefrolitíase deve ser suspeitado em 
qualquer paciente que apresente cólica renal ou dor 
no flanco, com ou sem hematúria, particularmente se 
o paciente tiver história prévia de litíase. Esses 
pacientes devem ser submetidos a exames 
laboratoriais e de imagem dos rins, ureteres e bexiga 
para confirmar a presença de um cálculo e avaliar 
sinais de obstrução urinária. 
 
Exames laboratoriais: obtém-se um painel metabólico 
básico para avaliar a função renal e um exame de 
urina para avaliar hematúria e sinais de infecção do 
trato urinário. Embora a piúria possa estar presente 
mesmo na ausência de bacteriúria, a combinação de 
piúria e teste positivo para nitritos no exame de urina 
deve levantar a suspeita de infecção concomitante do 
trato urinário. 
 
Diagnóstico por imagem: Pacientes com suspeita de 
nefrolitíase devem ser submetidos a um estudo de 
imagem para determinar se há uma pedra nos rins e 
para avaliar sinais de obstrução urinária (por exemplo, 
hidronefrose). Se um cálculo for detectado, o tamanho 
e a localização do cálculo são usados para prever a 
probabilidade de passagem espontânea e orientar o 
manejo. Além disso, a densidade e a aparência de um 
cálculo na tomografia computadorizada (TC) às vezes 
podem ser usadas para prever sua composição 
mineral, o que é importante para informar o 
tratamento. A passagem recente de um cálculo 
ureteral também pode ser sugerida por achados de 
imagem de dilatação pieloureteral, às vezes 
acompanhada de encalhe perinéfrico. 
 
 Letícia Teixeira Santos APG – 4º Período Medicina – FAHESP/ IESVAP 
- TC de abdome e pelve sem contraste realizada com 
protocolos de baixa dose de radiação é o exame 
preferido para a maioria dos adultos com suspeita de 
nefrolitíase. Se a tecnologia de TC não estiver 
disponível, a ultrassonografia dos rins e da bexiga, às 
vezes em combinação com a radiografia 
abdominopélvica, é a opção de segunda linha para a 
imagem inicial. Essa escolha é determinada por 
considerações de precisão diagnóstica, dose 
cumulativa de radiação ao longo do tempo e a 
necessidade de informações sobre o planejamento do 
tratamento caso o exame seja positivo. Outras 
modalidades disponíveis, mas menos utilizadas, para 
avaliar pacientes com suspeita de nefrolitíase incluem 
a pielografia intravenosa (PIV) e a ressonância 
magnética (RM) do abdome e da pelve.; tais 
modalidades só devem ser usadas se a TC e a 
ultrassonografia não estiverem disponíveis. 
Pacientes que podem estar grávidas devem ser 
submetidas a triagem para gravidez (ou seja, teste de 
gravidez de urina ou soro) antes de TC ou radiografia 
abdominal. 
- A TC de abdome e pelve sem contraste realizada com 
tecnologia de varredura de baixa dose de radiação 
detecta de forma confiável a hidronefrose e 
demonstra a mais alta precisão diagnóstica para 
nefrolitíase. Se positivo, a TC também descreve com 
precisão o tamanho e a localização do cálculo para o 
planejamento do tratamento. Ele também fornece 
informações precisas sobre o tamanho e o número de 
outras pedras nos rins. 
 
 
- Determinação da composição do cálculo: A 
aparência, densidade e localização de um cálculo na TC 
podem sugerir sua composição. Em geral, cálculos de 
ácido úrico, cistina e estruvita podem ser diferenciados 
dos cálculos de oxalato de cálcio. A densidade é medida 
em unidades Hounsfield desenhando regiões de 
interesse em imagens de TC. 
Embora os cálculos de fosfato de amônio de magnésio 
e cistina sejam frequentemente radiopacos na TC, eles 
não são tão densos quanto os cálculos compostos de 
oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio. Os cálculos de 
ácido úrico tendem a apresentar densidade mais baixa 
do que os cálculos de cálcio. 
Cálculos grandes na pelve renal favorecem cálculos de 
estruvita. As pedras de estruvita geralmente têm um 
componente de carbonato de apatita misturado, que 
é responsável por sua radiodensidade usual. 
A nefrocalcinose é mais comumente associada a 
cálculos de fosfato de cálcio. 
O rim esponjoso medular com calcificações bilaterais 
na junção corticomedular está associado a cálculos de 
oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio. 
Os cálculos que são radiotransparentes, que podem 
passar despercebidos mesmo na TC, são compostos 
de inibidoresde protease (por exemplo, indinavir , 
atazanavir ), xantina ou dihidroxiadenina. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 
Várias condições podem imitar a dor no flanco 
causada por nefrolitíase: 
- O sangramento dentro do rim pode produzir coágulos 
que se alojam temporariamente no ureter. Assim, o 
carcinoma de células renais pode apresentar cólica 
renal. Em comparação, o sangramento glomerular não 
leva à formação de coágulos ou sintomas de cólica 
renal. 
- A pielonefrite frequentemente se apresenta com dor 
no flanco, febre e piúria. A febre é incomum em 
pacientes com litíase não complicada. 
- A dor devido a uma gravidez ectópica pode 
ocasionalmente ser confundida com cólica renal. A 
causa subjacente da dor geralmente pode ser 
esclarecida através da obtenção de uma 
ultrassonografia renal e pélvica 
- A ruptura ou torção de um cisto ovariano pode 
apresentar dor no flanco. Esses pacientes geralmente 
podem ser identificados com ultra-som. 
- A dismenorreia, que raramente se apresenta com 
dor no flanco, começa imediatamente antes ou 
concomitante ao início da menstruação. No cenário 
clínico correto, a dismenorreia é diagnosticada após a 
exclusão de outros distúrbios. 
- Obstrução intestinal aguda, diverticulite ou apendicite 
podem se apresentar com cólica, mas geralmente não 
em associação com hematúria. Além disso, náuseas e 
vômitos são característicos de obstrução intestinal e 
cólica renal, enquanto a sensibilidade abdominal é 
característica de diverticulite e apendicite, mas não de 
nefrolitíase. 
- A cólica biliar e a colecistite podem estar associadas 
à dor no flanco, mas geralmente não estão associadas 
à hematúria. 
- A isquemia mesentérica aguda raramente produz 
dor abdominal que pode ser confundida com cólica 
renal; além disso, a isquemia mesentérica está 
 Letícia Teixeira Santos APG – 4º Período Medicina – FAHESP/ IESVAP 
frequentemente associada à acidose metabólica, mas 
não à hematúria. 
- O herpes zoster pode produzir dor no flanco, mas 
geralmente é acompanhado de erupção cutânea e 
não de hematúria. 
- Indivíduos que procuram atenção ou narcóticos 
podem fingir ter cólica renal e podem ter hematúria 
auto-infligida. Além disso, pode haver indivíduos em 
busca de drogas que realmente têm pedras nos rins, 
mas estão no rim e não estão obstruindo. 
A nefrolitíase geralmente pode ser distinguida dos 
distúrbios listados acima após a realização de um teste 
radiológico confirmatório (geralmente uma 
tomografia computadorizada sem contraste [TC]). 
 
TRATAMENTO 
 
O tratamento da fase aguda inclui a analgesia na cólica 
renal, hidratação e as intervenções cirúrgicas ou não-
cirúrgicas para eliminação dos cálculos. 
Na cólica renal pode-se fazer analgesia, administrar 
anti-inflamatórios não esteroidais, bloqueadores alfa-l-
adrenérgicos para relaxar a musculatura lisa ureteral. 
Pacientes apresentando rim obstruído e com infecção 
é uma emergência urológica, sendo indicado 
descompressão imediata do sistema coletor através 
de drenagem percutânea ou cateterização uretral. 
Para os pacientes com cálculos ureterais que 
aguardam a eliminação espontânea, comprimidos ou 
supositórios de AINEs (por exemplo, diclofenaco sódio 
100-150mg, durante 3-10 dias) podem auxiliar a reduzir 
a inflamação e o risco de dor recidivante. Os agentes 
alfa- bloqueadores, administrados diariamente 
também reduzem o número de cólicas recidivantes. 
Tansulosina foi o agente alfabloqueador mais 
comumente utilizado nos estudos, com melhores 
resultados. A tansulosina é indicada para cálculos >5 
and ≤10 mm, na dose de 0,4 mg , via oral, uma vez ao 
dia, até a passagem do cálculo ou durante 4 semanas. 
Já na intervenção urológica com cálculos menores do 
que 10 mm que possuem chances de serem eliminados 
espontaneamente, não há necessidade de terapia 
intervencionista. 
Os cálculos de ácido úrico podem ser dissolvidos com 
terapia clínica. A litotripsia com ondas de choque 
extracorpórea (LOCE) é mais indicada quando existe 
cálculo de ácido úrico ou estruvita na junção 
ureteropélvica. Um cateter é introduzido até o ureter, 
deslocando o cálculo e então as ondas são aplicadas. 
Essa intervenção é contraindicada em caso de 
gravidez, aneurisma aórtico ou de artéria renal, 
hipertensão grave, uso de marca-passo e cálculos 
coraliformes. A cistoureteroscopia com ureteroscopia 
rígida é usado para retirar cálculos no ureter distal, 
com semi-rigida é indicada para retirar cálculos no 
ureter médio e flexível para retirar cálculos no ureter 
proximal e na pelve renal. 
 
 
 
A nefrolitotomia percutânea está indicada para os 
cálculos maiores do que 2 cm, coraliformes, localizados 
no polo renal inferior e refratários à LOCE. 
É guiada por ultrassom e um nefroscópio é introduzido 
com fórceps e instrumentação para litotripsia 
intracorpórea. A nefrolitotomia aberta é realizada em 
pacientes refratários aos métodos não invasivos ou em 
casos de cálculos de difícil acesso ou muito extensos. 
No tratamento da nefrolitíase complicada, ou seja, 
aquela associada com infecção renal (pielonefrite) ou 
que causa obstrução ureteral total bilateral ou 
unilateral em caso de rim único, a primeira intervenção 
deve ser a da retirada dos cálculos, evitando perda 
irreversível do parênquima renal e, após isso, trata-se a 
complicação do quadro. 
Como medidas gerais para evitar novas crises o 
aumento da ingestão hídrica com pelo menos 30 
mL/kg peso corpóreo é imprescindível. O estímulo à 
atividade física e orientação dietética com adequação 
da dieta de acordo com o distúrbio metabólico e 
ingestões de cálcio e oxalato balanceadas evitando 
restrição importante de cálcio, também são muito 
importantes. 
No tratamento medicamentoso visando a prevenção 
da recorrência dos cálculos depende do distúrbio 
 Letícia Teixeira Santos APG – 4º Período Medicina – FAHESP/ IESVAP 
metabólico evidenciado. Os mais utilizados e as 
principais indicações são: 
• Tiazídicos: em casos de Hipercalciúria 
• Inibidor da XantinaOxidase (Allo-purinol): 
Hiperuricosúria 
• Citrato de Potássio: em casos de Hipocitratúria, 
Hiperuricosúria, Acidose Tubular Renal, podendo 
também ser utilizado em casos de Hipercalciúria. Está 
contraindicado em caso de infecção urinária 
associada. 
Com a observação que todas as medicações devem 
ser utilizadas as menores dose possíveis necessárias 
para o controle das alterações metabólicas, com o 
mínimo de efeitos colaterais. 
 
PROFILAXIA 
 
Certas medidas preventivas são aplicáveis a todos os 
pacientes com cálculos renais, independentemente do 
tipo de cálculo ou risco individual. 
 
Ingestão de líquidos: Para todos os pacientes com 
cálculos renais, sugerimos ingestão de líquidos 
suficiente para produzir consistentemente pelo menos 
2 litros de urina por dia. 
O risco de formação de cálculos pode ser afetado pelo 
tipo de bebida consumida, sendo certos tipos de 
bebidas mais ou menos benéficos para a prevenção 
de cálculos renais. A água é uma escolha ideal, mas 
outras bebidas não calóricas também são eficazes. 
Aconselha-se os pacientes a evitar bebidas que 
contenham calorias, como refrigerantes adoçados, 
para evitar ganho de peso com o aumento geral da 
ingestão de líquidos. 
 
Medidas de dieta e estilo de vida: 
Limitar a ingestão de sódio: Para todos os pacientes 
com cálculos renais, sugerimos limitar a ingestão de 
sódio na dieta abaixo de 100 mEq (2300 mg) por dia. 
O cálcio é reabsorvido passivamente no túbulo 
proximal ao longo do gradiente de concentração 
favorável criado pela reabsorção de sódio e água. 
Assim, uma dieta pobre em sódio (80 a 100 mEq/dia) 
pode aumentar a reabsorção proximal de sódio e 
cálcio, levando a uma redução na excreção de cálcio. 
Aumente a ingestãode frutas e vegetais: Alimentos 
ricos em potássio, principalmente frutas e vegetais, 
podem ser benéficos. O aumento da ingestão de frutas 
e vegetais, independentemente dos valores de urina de 
24 horas, pode reduzir o risco de formação de cálculos 
de oxalato de cálcio, particularmente em pacientes 
que optam por uma dieta pobre em frutas e vegetais. 
Este benefício é principalmente o resultado do 
aumento da excreção de citrato. 
Perda de peso: O controle de peso pode ser útil na 
prevenção da recorrência de cálculos, uma vez que 
obesidade e ganho de peso são fatores de risco para 
cálculos renais, principalmente em mulheres. No 
entanto, não há ensaios clínicos que tenham 
demonstrado que a perda de peso reduz o risco de 
cálculos recorrentes. 
 
REFERENCIAS 
 
 CURHAN, Gary C. Kidney stones in adults: Diagnosis and 
acute management of suspected nephrolithiasis. 
Uptodate. 2022. 
 CURHAN, Gary C. Kidney stones in adults: Epidemiology 
and risk factors. Uptodate. 2021. 
 CURHAN. Gary C. Kidney stones in adults: Prevention of 
recurrent kidney stones. Uptodate. 2021. 
 GOMES, Pedro Neto et al. Profilaxia da litíase renal. 
Acta Urol, v. 22, n. 3, p. 47-56, 2005. 
 Moore, Keith L.; DALLEY, Arthur F.. Anatomia orientada 
para a clínica. 6 ed. Rio De Janeiro: Editora Guanabara 
Koogan S.A., 2011. 
 PACHALY, Maria Aparecida; BAENA, Cristina Pellegrino; 
CARVALHO, Mauricio de. Tratamento da nefrolitíase: 
onde está a evidência dos ensaios clínicos?. Brazilian 
Journal of Nephrology, v. 38, p. 99-106, 2016. 
 RODRIGUES FILHO, Sérgio Antônio Saldanha; MENEZES 
FILHO, Jonas Rodrigues de; NASCIMENTO, Gabrielle 
Alessandra Socorro do. Perfil epidemiológico e 
métodos diagnósticos de pacientes com nefrolitíase, 
atendidos no Serviço de Urologia da Fundação 
Hospital Adriano Jorge nos anos de 2010 a 2012, na 
cidade de Manaus-Amazonas. 2019.

Outros materiais