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1 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 PÂNCREAS ENDÓCRINO E DM2 FISIOLOGIA PANCREÁTICA Pâncreas • Ácinos: enzimas digestivas • Ilhotas de Langerhans • Tipos celulares presentes nas Ilhotas o Células β (60%): insulina o Células α (25%): glucagon o Células δ (10%): somatostatina- regulador do GH o Células PP: polipeptídeos pancreáticos o Células ɛ: ghrelina- hormônio da fome • Inter-relação estreita entre os tipos celulares com controle direto da secreção entre os hormônios • Pâncreas endócrino INSULINA • É hipocligemiante. • Se dissolve no plasma livremente → meia vida curta, não precisa de proteínas para ser transportada. • É um hormônio proteico • Meia-vida plasmática + 6 minutos com eliminação 10 - 15 minutos, degradada pela insulinase (fígado). Por isso a dosagem de insulina não é um exame confiável. • Isolada pela primeira vez em 1921. A insulina apesar de ser descoberta em 1921 por Frederick Branting, só começou a ser comercializada em 1923 pela Lilly. • Secreção de Insulina o Secreção de insulina é estimulada por substratos energéticos (glicose é a mais importante) o Célula beta tem grande número de transportadores de glicose o Glicose é transportada para o interior célula beta por uma proteína de membrana GLUT 2. o A imagem é uma célula Beta-Pancreática o Mecanismos da Secreção de Insulina 2 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 ▪ Após entrar célula β pelo transportador GLUT 2, a glicose é fosforilada à glicose-6-fosfato pela glicocinase e seu metabolismo na mitocôndria gera ATP. ▪ Relação ATP/ADP aumenta, fechando canais potássio, despolarizando membrana celular que abre canais de cálcio ▪ Influxo de cálcio estimula a fusão das vesículas que contém insulina com a membrana celular desencadeando a exocitose da insulina. ▪ Depois de secretada, a insulina age nas células que temreceptor para ela. ▪ Padrão temporal de secreção de insulina: o Série de pulsos secretórios o Período de 24 horas: insulina total secretada o 50% sob condições basais- cerca de 18 a 32 unidades (0,7 a 1,3mg) o 50% em resposta as refeições- resposta rápida e aumenta cerca de 5x sobre o nível basal • Mecanismos da Ação da Insulina ▪ Depois de secretada, a insulina age nas células que tem receptor para ela. ▪ Insulina se liga à subunidade α de seu receptor o que provoca a autofosforilação do receptor da subunidade β, que por sua vez induz a ativação da tirosinocinase. ▪ Inicia cascata de fosforilações de diversas outras enzimas celulares que medeiam os efeitos da insulina sobre o metabolismo da glicose, lipídios e proteínas. • Segundos depois que a insulina se acopla aos seus receptores de membrana ocorre aumento da captação de glicose por quase todos os tecidos do organismo, especialmente, pelo tecido muscular, adiposo e fígado. o Músculo em repouso: pouco permeável a glicose; o Músculo em atividade: muito permeável à glicose. METABOLISMO DA GLICOSE NO FÍGADO • Armazenamento na forma de glicogênio hepático (100g) e excesso usado para síntese de triglicerídeos • Mecanismos: o Ativação da glicocinase: aumento da captação de glicose pelo hepatócito o Ativação da glicogênio sintase: síntese de glicogênio o Inibição da glicogênio fosforilase: enzima que quebra glicogênio em glicose o Síntese aumentada de triglicerídeos o Quando quantidade glicose é maior do que a capacidade de armazenamento na forma de glicogênio, a insulina promove conversão de glicose em ácidos graxos → triglicerídeos e VLDL → transportados no sangue → depositados como gordura no tecido adiposo o Insulina também inibe a gliconeogênese hepática o Redução da glicose entre as refeições → redução da insulina → reversão dos efeitos enzimáticos o Em geral, 60% da glicose da refeição é armazenada no fígado na forma de glicogênio e retorna quando necessário INSULINA NO METABOLISMO LIPÍDICO • Armazena e promove síntese de gorduras • Síntese de ácidos graxos pelo fígado é utilizada para formar triglicerídeos à liberados para o sangue na forma de lipoproteínas à armazenados nas células adiposas na forma de triglicerídeos 3 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 • Insulina promove transporte glicose pela membrana do adipócito à formação ácidos graxos + glicerol à formam mais triglicerídeos para serem armazenados • Insulina inibe a hidrólise dos ácidos graxos do tecido adiposo • Deficiência de insulina: lipólise – formação de corpos cetônicos o hidrólise dos triglicerídeos armazenados --> ácidos graxos e glicerol liberados no sangue --> mitocôndrias do hepatócito formação de acetil-CoA --> ácido acetoacético → liberado no sangue e usado como fonte de energia (exceto pelos neurônios) e formação dos corpos cetônicos (acido β- hidroxibutírico, acetona e ácido acetoacético) INSULINA NO METABOLISMO PROTEICO • Insulina promove síntese e armazenamento de proteínas: estimula o transporte de aminoácidos para as células (valina, leucina, isoleucina, tirosina, fenilalanina). • Insulina inibe o catabolismo proteico • Deficiência insulina leva a catabolismo proteico --> aumento aminoácidos plasmáticos --> fonte energia e substrato para a gliconeogênese. REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DE INSULINA • Concentração da glicose plasmática • Incretinas o GLP1 – Glucagon Like Peptide 1- Hormônio produzido células-L do íleo distal e cólon e secretado no período pós-prandial estimulado por nutrientes. Estimula a secreção de insulina e inibe a secreção do glucagon, inibe apetite, reduz esvaziamento gástrico. o GIP– Hormônio produzido no duodeno e jejuno proximal • 3- Glicose sérica baixa e catecolaminas (proteger da hipo) o Inibidores da secreção da insulina PÂNCREAS ENDÓCRINO • GLUCAGON: secretado pelas células alfa das ilhotas. o Principal contra-regulatório. o Hormônio hiperglicemiante o Redução glicemia --> estimula secreção glucagon o Glucagon --> fígado --> gliconeogênese- capta aa --> glicogenólise-oxidação ácidos graxos livres e cetogênese o Exercício estimula secreção de glucagon HOMEOSTASE DA GLICOSE 4 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 DIABETES MELLITUS • Grupo heterogêneo de doenças caracterizado por hiperglicemia que resulta da secreção deficiente insulina pelas céls β pancreáticas, resistência periférica à ação da insulina ou ambas. • Aumento dos níveis de glucagon ??? • Hipergliicemia crônica: danos em diversos órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, ccoração e vasos sanguíneos • Federação Internacional DM (IDF) estima: o Atualmente – cerca de 400 milhões DM no mundo o 2035 – 471 milhões DM no mundo • Importante problema saúde pública: incapacitações, mortalidade prematura, custos ao sistema de saúde (consome 12% do total de gastos com saúde) • Classificação o Diabete tipo 1 (DM1) o Diabete tipo 2 (DM2) o Diabete gestacional (DMG) o Tipos específicos de diabetes ▪ Defeitos genéticos da função da cél β ▪ Defeitos genéticos na ação insulina ▪ Doenças do pâncreas exócrino (pancreatite, neoplasia...) ▪ Endocrinopatias (Síndrome de Cushing...) ▪ Outros... DIABETES TIPO 2 • 90 - 95% casos de diabetes • Mais comum após 40 anos, porém pode acometer crianças e adolescentes • Aumento incidência em crianças ® aumento obesidade infantil • Maioria dos pacientes é obesa • 70-90% dos DM2 têm Síndrome Metabólica 5 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 • Fisiopatologia o Resistência à ação da insulina no músculo esquelético e nos adipócitos o Resistência hepática à insulina --> aumento produção de glicose pelo fígado o Disfunção céls β --> secreção deficiente insulina o Resistência Insulínica ▪ Perturbação das vias sinalização mediadas pela insulina ▪ Concentrações normais de insulina produzem uma resposta biológica subnormal ▪ Defeitos nas células alvo ao nível dos receptores insulínicosou da cascata de eventos pós- receptores ▪ Obesidade visceral: aumento ácidos graxos livres, redução adiponectina, secreção citocinas ▪ Lipotoxicidade e glicotoxicidade ▪ O que causa resistência à insulina? ▪ Fatores genéticos e adquiridos podem influenciar a sensibilidade à insulina. ▪ A resistência à insulina da obesidade e do DM2 é caracterizada por alterações em diversos pontos da via de transmissão do sinal da insulina. ▪ A síndrome de resistência à insulina e o DM2 são poligênicos e podem envolver polimorfismos em vários genes que codificam as proteínas envolvidas nas vias de sinalização da insulina, na secreção de insulina e no metabolismo intermediário. ▪ A capacidade da célula beta pancreática para compensar a resistência insulínica determina se os níveis de glicose permanecerão normais ou não. 6 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 MANEJO DA GLICOSE PELO RIM Diagnóstico de diabetes • Anamnese • Sintomas clássicos: poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso inexplicada • Sintomas inespecíficos - tonturas, dificuldade visual, astenia, cãibras • Candidíase repetição em mulheres e disfunção erétil em homens • 50% DM2 são oligo ou assintomáticos --> atraso diagnóstico --> presença complicações crônicas no diagnóstico • Hiperglicemia acentuada no DM2: estado hiperglicêmico hiperosmolar não-cetótico • Exame físico • Hidratação, peso, altura, IMC, circunferência abdominal, pressão arterial e hipotensão postural • Pesquisa complicações: neuropatia diabética, pé diabético, pulsos periféricos, intertrigo… • Acantose nigricans: marcador resistência insulínica → perder peso para melhorar!!! • Laboratorial • Glicemia de jejum (GJ): teste mais prático • Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): coleta GJ, ingestão de 75 gramas de glicose anidra e nova dosagem glicemia após 2hs • Indicações: glicemia de jejum alterada (100 e 125mg/dL), diagnóstico do diabetes gestacional • Níveis normais de glicose ▪ Glicemia jejum até 99mg/dL: normal ▪ TOTG: glicemia 2hs após 75g glicose anidra oral <140mg/dL: normal • Pré-Diabetes (risco aumentado para DM) • Glicemia jejum entre 100 e125mg/dL: glicemia de jejum alterada – indicação para TOTG • TOTG: glicemia 2hs após 75g glicose anidra oral entre 140 e 199mg/dL: tolerância diminuída à glicose (TGD) • HbA1c: 5,7 – 6,5% 7 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 • Hemoglobina Glicada (HbA1c): reação não enzimática entre glicose e hemoglobina, depende da concentração glicose no sangue. Reflete a média das glicemias dos últimos 2 a 3 meses. • Frutosamina: proteína glicada (albumina), controle glicêmico 7 a 14 dias (pacientes com alteração HbA1c - hemoglobinopatias) • Correlação entre os níveis HbA1c e níveis médios da glicemia: Tratamento do DM2 • Objetivo: reduzir complicações micro e macrovasculares • Maioria dos DM2 tem associação fatores de risco para doença cardiovascular --> visão global do tratamento • Memória metabólica o A hiperglicemia pode deixar uma impressão em células do sistema vascular e de órgãos-alvo, favorecendo futuras complicações • UKPDS (The United Kingdom Prospective Diabetes Study- 1998): 3867 pacientes DM2 seguidos por 10 anos com terapia convencional x intensiva • Resultados: HbA1c 7,0% (intensivo) x 7,9% (convencional) • Redução 25% risco complicações microvasculares, sem diferença estatística na doença macrovascular • Monitorização pós-trial: houve perda da diferença em relação HbA1c entre grupos, porém grupo intensivo se manteve com redução de15% risco IAM e 13% morte por qualquer causa 8 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 • Opções de tratamento para o DM2 • Mudanças no estilo de vida (dieta, atividade física, perda de peso, cessação tabagismo…) • Medicações orais • Insulina • Análogos do GLP-1 • Dieta e atividade física (MEV) • Ponto fundamental do tratamento • Baseados no estado nutricional do paciente, nível atividade física, perfil metabólico • DM2 maioria é obesa: redução peso melhora a resistência à insulina Abordagem centrada no paciente TRATAMENTO: Antidiabéticos Orais • BIGUANIDAS: Metformina • Droga escolha já no diagnóstico + MEV • Aumenta sensibilidade à insulina (fígado) e captação glicose • Reduz gliconeogênese • Aumenta níveis de GLP1 ativo • Reduz atividade de DPP4 9 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 • Efeitos colaterais: gastrintestinais (diarréia, cólicas, náuseas), acidose lática (rara) • Contra-indicações: insuficiência renal ou hepática grave, DPOC e ICC descompensados, etilistas, doenças em fase aguda • Prevenção DM • Estudo DPP (Diabetes Prevention Program): 3234 pessoas sobrepeso e pré-DM submetidos a 2 intervenções por 3 anos: mudanças no estilo de vida (redução incidência de DM2 de 58%) e metformina (redução incidência DM2 de 31%) • SULFONILURÉIAS: Glibenclamida, Gliclazida, Glimepirida, Glipizida • Ação: estímulo secreção insulina (fechamento canais potássio cél β) • OBS: estimulam a secreção e NÃO a síntese de insulina ® • requerem cels β funcionantes! • Efeitos colaterais: hipoglicemia, ganho peso • Contra-indicações: insuficiência renal ou hepática • INIBIDORES DA DIPEPTIDIL PEPTIDASE-4 (DPP4): Vildagliptina, Sitagliptina, Saxagliptina, Linagliptina, Alogliptina • Ação: inibe a enzima que degrada o GLP1 (glucagon-like peptide-1), incretina secretada pelo intestino que estimula a secreção insulina e inibe glucagon • Não causam aumento de peso ou hipoglicemia 10 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 • INIBIDOR DA SGLT2: Dapagliflozina (Forxiga®), Empagliflozina (Jardiance®), Kanagliflozina (Invokanna) • Bloqueia o cotransportador sódio-glicose 2 (SGTL2), responsável pela reabsorção de glicose renal ® eliminação do excesso de glicose na urina • Contra-indicações: TFG <45mL/min/1,73m² (MDRD), DM1, cetoacidose diabética • Reações adversas: ITU, candidíase genital, poliúria... • TIAZOLIDINEDIONA (GLITAZONA): Pioglitazona o Ação: receptores intracelulares PPAR-γ, regulam genes que melhoram ação insulina no tecido adiposo e muscular o Efeitos colaterais: edema, ganho peso, anemia dilucional o Contra-indicações: hepatopatias, etilismo, DM1, gestantes, ICC o OBS: aumento risco de neo bexiga??? • GLINIDAS: Repaglinida e Nateglinida o Ação: aumentam secreção insulina por fecharem canais K cél β o Efeitos colaterais: hipoglicemia, ganho peso o Contra-indicações: insuficiência renal e hepática graves, DM1, gestação, complicações agudas • INIBIDORES DA α-GLICOSIDASE: Acarbose o Ação: inibe α-glicosidases intestinais (enzimas que hidrolizam os carboidratos), redução glicemia pós- prandial o Efeitos colaterais: gastrintestinais (flatulência, diarréia, dor abdominal) o Contra-indicações: transtornos gastrintestinais, gestação, insuficiência renal ou hepática 11 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 • INSULINA o Agente mais potente na redução da glicemia o Indicação: falência terapêutica com drogas orais, gestação, doenças agudas como sepse, IAM, AVC ou complicações agudas hiperglicêmicas (EHHNC ou CAD), o no diagnóstico se glicemia>250mg/dL o Efeitos colaterais: hipoglicemia, ganho peso o Contra-indicações: não existem • ANÁLOGOS DO GLP1: Exenatide, Liraglutide, Lixisenatide, Dulaglutide, Semaglutide o Incretinomiméticos o Estimulam secreção insulina, inibem glucagon, reduzem esvaziamento gástrico o Aplicado via subcutânea o Vantagens: redução peso corporal o Efeitos colaterais: náuseas, diarréia, vômitos, pancreatite aguda?
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