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SUMÁRIO Evolução Histórica da Medicina legal – 01 Medicina Legal no Brasil – 04 Diérese e Síntese – 09 Instrumentais - 14 Sexologia Forense – 18 Parafilías e Crimes sexuais – 19 Estupro – 31 Cuidados - 35 Bibliografia – 36 No capítulo de título Noções de Medicina legal vamos apresentar um percurso histórico e as áreas de estudo e atuação que os ingressantes desta especialidade médica encontrarão e poderão eventualmente atuar. Essa especialidade médica é responsável pelo esclarecimento de fatos médicos de interesse da Justiça, ou seja, essa ciência encontra relação direta e diária com questões do direito, em toda a extensão da sua atuação. A medicina cuida do homem dotado de inteligência, de órgãos e aparelhos, que devem funcionar a contento. Quando o equilíbrio orgânico é quebrado surgem as doenças. Entre os direitos protegidos temos saúde, a integridade física e a vida, mas esses direitos podem ser violados, num grupo social. A escalada da violência, e dos conflitos em geral, na atualidade, torna cada vez mais difícil a manutenção da ordem social, pois os direitos aumentam e os deveres se atenuam. A Medicina Legal sendo um ramo extenso e complexo dos conhecimentos científicos que une a medicina ao direito, na aplicação e elaboração das leis que regulam os atos humanos, é de extraordinária importância para a solução de fatos de interesse jurídico. Não se atem apenas ao estudo de cadáveres, mas se estende a outras áreas, envolvendo o ser humano ainda vivo. Percebe-se que, para melhor formar a sua convicção, fica muito difícil ao magistrado abrir mão das informações dadas por especialistas da área pericial. Não é uma especialidade médica, é ciência e arte existindo em razão das necessidades de ordem pública e social. A Medicina Legal surgiu para colaborar na solução das questões existentes entre os membros da sociedade, tornando, desta forma, a vida em grupo viável e menos conturbada. INTRODUÇÃO A evolução histórica da Medicina Legal divide-se em cinco períodos: Período Antigo - Não havia um caráter científico nas legislações antigas. Eram nuvens esparsas e referências isoladas. A lei era a própria religião, um simulacro de medicina judiciária. Tudo decorria do poder dos sacerdotes, tidos como representantes divinos, que determinavam normas para serem obedecidas de forma que os bons espíritos acompanhassem o grupo. Quando o castigo dos deuses atingia um membro, sob a forma de doença, eles eram chamados para afastar espíritos e curar os doentes. Esses sacerdotes eram ao mesmo tempo legislador, juiz e médico e como os corpos eram sagrados, o exame cadavérico interno era proibido. Nesse período, portanto, a Medicina Legal tinha apenas o propósito de tratar doentes. Período Romano - Em Roma, a primeira determinação relativa perícia médico legal consta como sendo de Numa, inspirado pela ninfa Egéria, e exigindo a prática da histerectomia2 nas gestantes mortas. Em todos os casos de morte violenta, o cadáver deveria ficar exposto ao público para que qualquer pessoa pudesse opinar sobre o fato ocorrido. Na Lei das XII Tábuas, já citada, determinava-se que a duração máxima da gravidez seria de dez meses, o que coincide com o nosso prazo de viuvez como causa suspensiva de matrimônio. A primeira vítima de homicídio a passar por exame médico, foi Júlio César em 44 a.C. O examinador foi Antistius, um médico amigo, que constatou 23 golpes, dos quais apenas um foi mortal. Idade Média - Área pericial, nesse período demonstrou algum progresso. O médico iria contribuir mais diretamente para o direito, uma vez que Carlos Magno (742 à 814) determinava que os pareceres médicos deviam orientar os juízes em casos de lesão corporal, infanticídio, suicídio, estupro, impotência e outras eventualidades. Período Canônico - Nesse período tornaram-se habituais os Exames Periciais, por força do prestígio do Papa Inocêncio III em 1219. Essa época foi influenciada beneficamente pelo Cristianismo. Em 1234 substituiu-se o juramento da acusada pelo exame médico de virgindade, nos casos de anulação de casamento. 01 Evolução Histórica da Medicina Legal Auxiliar de Necropsia A importância de médicos nos tribunais foi ganhando maior destaque e, na França, Felipe “O Audaz” emite as “Cartas Patentes” em 1278, fazendo referência a cirurgiões juramentados junto ao rei, e, a nomeação de médicos, cirurgiões, parteiras e barbeiros para funcionarem, como peritos, em casos de lesão corporal, morte violenta e atentado ao pudor acabam se tornando frequentes em Paris. As autópsias continuavam a ser realizadas clandestinamente pelos anatomistas, mas em 1374 o Papa Gregório XI concedeu à Faculdade de Medicina de Montpellier a primeira autorização para exames internos para estudos anatômicos e clínicos. Ainda estava longe a necropsia Médico Legal. Em 1521, quando o Papa Leão X veio a óbito com suspeita de envenenamento, seu corpo foi necropsiado (FRAN«A, 2004, p. 04). Em 1532 a promulgação da “Constitutio Criminalis Carolina”, do imperador Alemão Carlos V, marcou de maneira indelével a história da Medicina Legal. A Constituição do Império Germânico abrigava o embrião da mesma como disciplina distinta e individualizada. Abordava vários temas médico-legais. Tornava obrigatória a perícia médica, antes da decisão dos juízes nos casos de ferimentos, assassinatos e tantos outros. É o primeiro documento bem organizado de Medicina Judiciária. Em 1575, na França, Ambroise Paré, escreve o primeiro livro da matéria, sendo denominado por Lacassagne, pai da Medicina Forense e da Medicina Cirúrgica, escrevendo várias obras sobre cirurgia e anatomia sem nunca ter estudado numa Faculdade de Medicina. Para ele a Medicina Legal é a arte de fazer relatórios médicos na justiça (PEREIRA, 1982, p. 13;16-17). Em 1597, na Itália, o médico Baptista Codronchius, publica uma obra onde estuda problemas médico-legais de traumatologia, sexologia e toxicologia. Em 1598 Fortunato Fidelis escreve um grande tratado em quatro livros, defendendo a ideia de que, sem o exame cadavérico completo a informação pericial ao direito nunca seria perfeita. 02 Evolução Histórica Auxiliar de Necropsia Período Moderno - O verdadeiro fundador e maior autor de Medicina Legal, reconhecido pela unanimidade dos autores, realmente foi Paulo Zacchia, que, de 1621 a 1635 para uns, 1621 a 1658 para outros, e ainda com muitas outras datas desencontradas, escreve “Todas as Questões de Medicina Legal” em sete volumes ou dez como afirmam [...]. Sob a influência das obras escritas, análises em anatomia, e exames cadavéricos, percebeu-se a importância dessa disciplina, bem como a necessidade de dar-se uma formação específica nessa área, que tanto se relacionava com o direito. Surge assim, o primeiro curso especializado em Medicina Legal, em Faculdade de Medicina, em 1650. Em 1689 publica-se a principal obra alemã, até então, onde as lesões corporais são classificadas em mortais por si e as que são letais quando agravadas por outros meios; as características diferenciadoras entre as lesões “intra vitam” e “post mortem” são mostradas; a necessidade da autópsia completa é provada e, informava que deveria haver um maior controle médico dos venenos, agente lesivo muito utilizado para a prática de homicídios. Em 1808, a física, química e biologia foram incorporadas à Medicina Legal, em razão das grandes informações que prestavam. Orfila, pai da toxicologia moderna, introduziu ricos informes na área pericial, tendo em vista serem muito comuns os casos de envenenamentos, por suicídio, acidente e homicídio. A partir de 1821 ocorre um progresso na área da Medicina Legal surgindo nomes importantes como Philippe Pinel na Psiquiatria Forense, Auguste Tardieu e Paul Camille Brouardell que organizaram uma disciplina mais prática e objetiva sem perder seu caráter científico. Em 1834 Devergie instalou o primeiro Curso Prático de Medicina Legal, que começou realmente a dar certo a partir de 1878, quando foireaberto por Brouardell, que era assistente de Tardieu, catedrático de Medicina Legal em Paris. Em Viena, em 1818 tivemos o primeiro Instituto Médico Legal graças à ação de Von Hoffmann. Após meados do século XIX, as ciências biológicas, fazendo uso de método científico, acarretaram um grande progresso e modificação nos diagnósticos médicos de doenças. Surgiram aos poucos, as especialidades clínicas e cirúrgicas, tudo na esteira dos estudos dos pesquisadores da área pericial, e, sendo assim, a Medicina Legal passou a ser considerada ciência, uma forma de medicina aplicada. 03 Evolução Histórica Auxiliar de Necropsia A Medicina Legal no Brasil sofreu forte influência dos franceses depois italianos e alemães. Segundo Hilário Veiga de Carvalho, a primeira publicação da área, registrada por Flamínio Fávero e Oscar Freire data de 1814. A evolução do estudo, ensino e pesquisa desta ciência auxiliar do direito partiu da Bahia e do Rio de Janeiro, onde em 1832 foram fundadas as primeiras escolas de medicina do Brasil. A opinião dos autores, acompanhando Oscar Freire divide a evolução da Medicina Legal em três fases: a estrangeira, a de transição e a de nacionalização. Fase Estrangeira - Compreende o fim do período colonial até quando Souza Lima assume a cátedra de Medicina Legal da Faculdade de Medicina que hoje pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1877. Naquela época os juízes não eram obrigados a ouvir peritos, a imposição decorreu apenas com o advento do primeiro Código Penal Brasileiro em 1830. Em 1832 sendo regulamentado o processo penal, regras foram estabelecidas para os exames de corpo de delito, criando-se a perícia profissional. Ainda nesse mesmo ano as escolas médico- cirúrgicas criadas por D. João VI em 1808, na Bahia e Rio de Janeiro foram transformadas em Faculdades de Medicina Oficiais, sendo instalada em ambas a cadeira de Medicina Legal. Como os alunos, para obter o grau de doutor, necessitavam defender uma tese, a maioria escolhia a área de Medicina Legal e embora, esses trabalhos se tratassem de cópias de obras europeias, serviram para abrir caminho e ampliar as pesquisas. Em 1835 tivemos a primeira publicação sobre tanatologia (autópsia médico-legal) no Brasil. Fase de Transição - Começou em 1877 com a entrada de Souza Lima para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, desenvolvendo o ensino prático em laboratório, e levando progresso ao campo da toxicologia. Inaugurou o primeiro curso de tanatologia forense, ministrado no necrotério da polícia. Publicou inúmeras obras na área da Medicina Legal relacionando-a ao Direito, à Jurisprudência, à Toxicologia Clínica e Química Legal, elaborou um Tratado de Medicina Legal e tantas outras. Foi, segundo Flamínio Fávero, (1962, p.20) o maior incentivador e batalhador pela nacionalização da Medicina Legal. Um exemplo aos médicos e aos juristas; eram magistrais as interpretações que fazia dos textos legais. 04 Medicina Legal no Brasil Auxiliar de Necropsia Fase de Nacionalização - Esse período teve início na Bahia com Nina Rodrigues. Percebendo, desde logo, que as condições do meio físico, psicológico e social não eram iguais às encontradas na Europa, esse ilustre professor compreendeu que havia necessidade de colher, em nosso próprio país, os elementos de laboratório e de clínica, para a solução de problemas médico-legais e de criminologia. Desta forma, após estudos acerca da origem étnica das nossas populações, executou “As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil” (Idem. p.21). Com ele tem início a era das pesquisas originais. Preocupava-se em não permitir que os julgamentos fossem alicerçados em doutrinas europeias. O juízo deveria sempre estar embasado em ensinamentos do nosso próprio meio. Outro seguidor da escola baiana foi Oscar Freire, que jamais se deixou levar pelo meio estrangeiro, dando na sua formação técnico-científica, preferência a uma mentalidade nacional. Na Bahia ensinou Medicina Legal na perícia, como Nina Rodrigues sempre desejou, e graças a ele houve um grande desenvolvimento nessa área, sendo regulamentado, inclusive em 1916 o funcionamento do Serviço Médico Legal, onde hoje é o Instituto Nina Rodrigues, no qual se concentra o exercício e à docência da especialidade. Em 1918 Oscar Freire veio para São Paulo a convite de Arnaldo Vieira de Carvalho, organizador da Faculdade Paulista de Medicina. Começou aí a sua luta, para o início do ensino científico da Medicina Legal, lançando bases para a formação de um grande centro de pesquisas. Depois de árdua luta, conseguiu construir a sede da cadeira na Faculdade de Medicina, e em 1922 instalou- se o Instituto Oscar Freire, onde até hoje são ministradas as aulas de Medicina Legal. “O ensino de Medicina Legal nos Cursos de Direito foi proposto por Rui Barbosa, que conseguiu aprovar na Câmara dos Deputados um Decreto criando a Cátedra de Medicina Legal nas Faculdades de Direito de todo país, a partir de 1891”. (FRAN«A, 2004, p. 03). Mesmo que no seu conceito e concepção prática a Medicina Legal seja uma só, as metodologias de ensino devem ser diferentes conforme estejamos num curso de medicina ou de direito. 05 Auxiliar de Necropsia No curso médico, o ensino deve ressaltar o lado pericial, considerando a formação de um profissional capaz de atender à Justiça como perito oficial ou nomeado, ensinando a fazer. Daí a denominação Medicina Legal. Por outro lado, deve, também, quanto a Deontologia Médica, parte constante da Medicina Legal, cuidar da discussão e na análise de temas que interessem na formação Ética de cada médico. No curso jurídico, a Medicina Legal deve ser mais doutrinária, como forma de ensinar a interpretação dos Documentos Médico Forenses, os laudos, pareceres e atestados, sem deixar de ensinar a importância pericial, uma vez que ela é necessária no dia a dia dos operadores do direito. Daí a denominação Medicina Forense. Sob o ponto de vista contemporâneo, a medicina legal ela é uma matéria interdisciplinar, que auxilia na formação de especialistas para dar atendi- mento aos interesses comuns da medicina e do direito, ou ainda: Medicina Legal compreende o estudo e a aplicação dos conhecimentos médicos e afins que devem ser utilizados para o esclarecimento dos fatos e negócios jurídicos, bem como para a elaboração das normas jurídicas que regulam a vida social”.(ALMEIDA JUNIOR, 1991, p. 13-15). Relações: Serve mais a área Jurídica, do que à própria medicina uma vez que foi criada em prol das necessidades do Direito. Desta maneira, com as Ciências Jurídicas e Sociais relaciona-se, completando-se ambas sem nenhum embate. SAIBA MAIS! A Medicina Legal constitui-se na soma de todas as especialidades médicas acrescentadas de conhecimento de outras tantas complementares, destacando- se entre elas a ciência do direito, não sendo assim especialidade, mas uma disciplina. Seu campo de ação sendo vasto e extenso torna difícil uma definição precisa, sendo assim, cada autor acaba propondo uma definição de acordo com o seu próprio ponto de vista. Mas se quiséssemos defini-la diríamos simplesmente Medicina Legal é a medicina a serviço das ciências Jurídicas e Sociais. 06 Auxiliar de Necropsia Colabora com o Direito Penal, quando são realizados exames periciais avaliando lesões corporais; analisando a realidade ou não da ocorrência do infanticídio; examinando o cadáver interna e externamente em casos de homicídio; avaliando indícios e vestígios em casos de estupro; apresenta interesse na constatação da periculosidade do sentenciado e da imputabilidade plena, parcial ou nula do indiciado etc. Com o Direito Civil no que tange a problemas de paternidade, ocorrência, impedimentos matrimoniais, gravidez, impotência “lato sensu”, concepção de defeito físico irremediável etc. Com o Direito do Trabalho quando cuida das doenças profissionais, acidentes do trabalho, insalubridade e higiene. Quando trata de questõessobre a dissolubilidade do matrimônio, a proteção da infância e à maternidade se presta ao Direito Constitucional. Com o Direito Processual Civil quando trata a concepção da interdição e da avaliação da capacidade civil e, penal quando cuida da insanidade mental se estuda a psicologia da testemunha, da confissão e da acareação do acusado e da vítima. O Direito Penitenciário também não permanece fora do campo de ação da Medicina Legal na medida em que trata da psicologia do detento, concessão de livramento condicional bem como da psicossexualidade nos presídios. É uma ciência social vez que trata ainda dos diagnósticos e tratamentos de embriaguez, toxicofilias. Relaciona-se ainda com o Direito dos Desportos, Internacional Público, Internacional Privado, Direito Canônico e Direito Comercial. Não raro uma perícia médico-legal, para a elucidação dos fatos ocorridos, necessita ainda dos préstimos da Química, Física, Biologia, Toxicologia, Balística, Dactiloscopia, Economia, Sociologia, Entomologia e Antropologia (FRAN«A, 2004, p. 02). Divisão Didática: A Medicina Legal possui uma parte geral, onde se estuda a Jurisprudência Médica, ou a Deontologia Médica que ensina aos profissionais da área médica seus direitos e deveres. Tem também uma parte especial dividida nos seguintes capítulos: Antropologia Forense ou Médico-legal: É o estudo da identidade e identificação médico-legal e judiciária. Traumatologia Forense ou Médico-legal: Capítulo extenso e denso que estuda as lesões corporais e os agentes lesivos. Tanatologia Forense ou Médico-legal: Estuda a morte e o morto. Conceito, momento, realidade e causa da morte, Tipos de morte, Sinais de morte. Destino legal do cadáver, direito sobre o cadáver etc. 07 Auxiliar de Necropsia Asfixiologia Forense ou Médico-legal: Trata das asfixias de origem violenta. As asfixias mecânicas como enforcamento, estrangulamento, esganadura, afogamento, soterramento, sufocação direta e indireta e as asfixias por gases irrespiráveis. Toxicologia Forense ou Médico-legal: Analisa os cáusticos e os venenos. Sexologia Forense ou Médico-legal: É um capítulo social e cultural. É informativo e analisa a sexualidade sob o ponto de vista normal, patológico e criminoso. Psicologia Forense ou Médico-legal: Estuda as causas que podem deformar um psiquismo normal, bem como, a capacidade de entendimento da testemunha, da confissão, do delinquente e da vítima. Psiquiatria Forense ou Médico-legal: Neste capítulo a análise é mais profunda, pois trata dos transtornos mentais e da conduta, da capacidade civil e da responsabilidade penal. Criminalística: Estuda a dinâmica do crime, analisando seus indícios e vestígios materiais. Criminologia: Preocupa-se com o criminoso, com a vítima e com o ambiente. Estuda a criminogênese. Infortunística: Estuda os acidentes e doenças do trabalho, doenças profissionais, higiene e insalubridade laborativas. Devendo sempre lembrar-se da necessidade do exame pericial do local do trabalho para que se estabeleça um nexo de causalidade entre acidente ou doença e o trabalho. Genética Forense ou Médico-legal: Especifica as questões ligadas à herança e ao vínculo genético da paternidade e maternidade. Vitimologia: Analisa a vítima como elemento participativo na ocorrência do delito. Policiologia Científica: Considera os métodos científicos-médico-legal usados pela polícia na investigação e elucidação dos crimes. 08 Auxiliar de Necropsia Ao longo da história da humanidade, encontram-se episódios que retratam atitudes cirúrgicas para a manutenção da vida. Inicialmente, as cirurgias eram dirigidas para a correção deferimentos traumáticos e o controle do sangramento. O controle da dor intra e pós- operatório, a anestesia e os passos iniciais do controle da infecção cirúrgica também transformaram a história da cirurgia, contribuindo para sua evolução. Em princípio, a cirurgia era mutiladora e visava extirpar a parte do doente ou o órgão afetado. Após a descoberta da narcose e da assepsia, no século XIX, as cirurgias passaram a ser restauradoras e conservadoras. A partir daí então, observa-se um avanço acelerado no desenvolvimento, tanto científico como de técnicas cirúrgicas cada vez mais específicas, menos mutilantes e mais curativas. Outro ponto a ser considerado na evolução da cirurgia foi o desafio de transformar o ato cirúrgico em uma atividade cientifica e em uma escolha terapêutica segura. Aliados a evolução cirúrgica, muitos instrumentos foram idealizados e utilizados por cirurgiões em todos os períodos da história. passar do tempo vários desses instrumentos, em especial os instrumentos de síntese, foram reformulados, adaptados, dispensados ou substituídos por outros mais práticos e específicos para um determinado procedimento. Os instrumentos cirúrgicos são essenciais para o desenvolvimento das sequências que compõe os tempos cirúrgicos. Os tempos cirúrgicos são divididos em: Diérese / Hemostasia / Exérese e Síntese 1.DIÉRESE – Dividir, cortar, separar. Separação dos planos anatômicos ou tecidos para possibilitar a abordagem de um órgão ou região (cavitária ou superfície), é o rompimento da continuidade dos tecidos. Pode ser classificada em: •Mecânica (instrumentos cortantes) •Física (recursos especiais) Mecânica pode ser: •Punção – Drenar coleções de líquidos ou coletar, fragmentos de tecidos, (agulhas, trocaters) •Secção – Dividir ou cortar tecidos com uso de material cortante (bisturi, tesouras, lâminas) 09 Diérese e Síntese Auxiliar de Necropsia Segmentação de tecidos: • Divulsão – Afastamento dos tecidos nos planos anatômicos sem cortá-los (afastadores, tesouras com ponta romba) • Curetagem – Raspagem da superfície do órgão (cureta). • Dilatação – Processo para se aumentar o diâmetro de estruturas físicas anatômicas (dilatadores específicos). • Descolamento – Separação dos tecidos de um espaço anatômico (pinças descoladoras, descoladores específicos). Física pode ser: • Térmica – Realizada com uso do calor, cuja fonte é a energia elétrica (bisturi elétrico) • Crioterapia – Resfriamento brusco e intenso da área a ser realizada a cirurgia (nitrogênio líquido) • Laser – realiza-se por meio de um feixe de radiação, ondas luminosas de raios infravermelhos concentrados e de alta potência. Há vários sistemas laser, mas, o mais utilizado na cirurgia é o laser de CO2, que pode ser facilmente absorvido pela água existente no tecido humano. 10 Auxiliar de Necropsia Outra classificação da diérese é de acordo com o tecido a ser separado, ou seja, diérese da pele, de aponeurose, de músculo e de órgãos específicos. Diérese de pele A pele pode ser considerada um sistema, pois possui, além da epiderme e a derme, um aporte vascular e nervosos próprios, e seus anexos como as glândulas sebáceas e sudoríparas e os folículos pilosos. Desempenham também funções altamente especializadas, como parte dos mecanismos de defesa, regulação da pressão sanguínea, receptores dolorosos (nociceptores) e sensitivos, além de servir de "membrana" que proporciona a individualidade dos seres. A Técnica desenvolve-se a partir de vários tempos: • Ligeira escarificação com a ponta do bisturi; • Com o auxílio do azul de metileno; • Com agulhas hipodérmicas; • Compressão com fio e escarificação, em áreas arredondadas ou convexas. • Com lápis dermatológico Traçado de incisão com Azul de Metileno e traçado para plástica. Tipos de secção da pele: a) Magistral - a incisão é feita com um só movimento ou traço, sem levantar o bisturi, movendo-se o pulso ao mesmo tempo que se traciona o braço. O bisturi deve ser empunhado como um lápis ou faca. b) Secção magistral breve - consta de uma incisão rápida, onde é feito somente o movimento de pulso - indicada para pequenas incisões (5 ou 6 centímetros). c) Serrilhada - usada quando o bisturi não tem fio e os movimentos são como quando se usa uma serra ou faca de pão. d) Punção - é feita uma pequena incisão, introduzindo o bisturipela ponta, em uma posição quase que vertical. e) Transfixação - o bisturi penetra com a parte cortante voltada para cima e secciona desde a profundidade para a superfície, a medida que o vai sendo removido. f) Secção circular - aconselha-se marcar a linha de incisão, que pode ser feita em um ou dois tempos. g) Secção com bisturi ampliada com tesoura - onde a epiderme é seccionada com o bisturi e a derme com a tesoura. h) Secção com tesoura - quando usada é devido à ausência do bisturi ou em casos de recortes em cirurgia reparadora. 11 Auxiliar de Necropsia Despregamento cutâneo (divulsão) Usado quando é necessário desprender a pele do tecido subcutâneo, onde as bordas de pele são pinçadas e o tecido subcutâneo é seccionado com bisturi ou afastado com tesoura (introduzida fechada e aberta no interior dos tecidos). Este despregamento pode ser em 3 planos: • Subdérmico • Subcutâneo • Supra-aponeurótico Diérese do tecido subcutâneo • Secção com bisturi: às cegas, isto é, junto com a pele; • Secção magistral: com previa diérese de pele; • Secção por planos: onde são feitas tantas incisões quantas necessárias para se atingir o tecido aponeurótico; • Secção com bisturi e tesoura: incisão com o bisturi, dissecação romba com tesoura (tesoura na posição vertical); • Secção com tesoura: onde, com o auxílio de pinças, eleva-se o tecido subcutâneo e secciona-se. Despregamento do tecido subcutâneo A secção é feita com o bisturi e o afastamento, despregamento ou divulsão do tecido subcutâneo é feito com a tesoura metzembaum, cabo do bisturi ou com as mãos. Diérese da aponeurose Geralmente a linha de secção da aponeurose superficial é a mesma da incisão cutânea. Esta secção é uma etapa importante da diérese, pois na reconstrução por planos, na síntese, é a aponeurose que fornece o suporte necessário para uma adequada sutura muscular. Tipos de secção: • Com bisturi - da esquerda para a direita (pessoas destras); • Com tesoura - mediante prévio orifício feito com o bisturi ou tesoura; • Com tesoura - mediante prévia dissecação; • Sobre tentacânula - com prévia introdução deste instrumento. Para a diérese aguda, usar o bisturi e para a romba usar a tesoura metzembaum. 12 Auxiliar de Necropsia Técnicas de dissecação: Dissecar um músculo significa desprendê-lo parcial ou totalmente dos tecidos que o rodeiam (aponeuroses e músculos vizinhos), respeitando os nervos e vasos. Primeiro expõe-se a face superficial, após as laterais e por último a profunda. Técnica de diérese muscular • Simples - Quando todos os planos são incisados na mesma direção da incisão da pele. • Complexa - quando os planos musculares são atravessados no sentido de suas fibras, sem se levar em conta a direção da incisão de pele. Tipos de diérese • Secção magistral - sempre com bisturi, onde pode ser usada o auxílio de duas pinças de tecidos para elevação do músculo; • Secção com tesoura – fazendo um túnel com a tesoura em posição horizontal e se seciona com a tesoura na posição vertical. 2.HEMOSTASIA (Hemo=sangue; stasis=deter) – Processo pelo qual se previne, detém ou impede o sangramento. Pode ser feito por meio de: • Pinçamento de vasos • Ligadura de vasos • Eletrocoagulação • Compressão 3.EXÉRESE Cirurgia propriamente dita. Trata-se da remoção ou extirpação cirúrgica de órgãos ou de estruturas anatômicas. 4. SÍNTESE - Redução do espaço morto A redução do espaço morto é importante para evitar a formação de seroma, o que pode causar contaminação e consequente deiscência de sutura. Também é importante para diminuir a tensão sobre a sutura de pele, o que diminuirá o risco de necrose por perda de irrigação do local. Ao diminuir a tensão da sutura de pele, permite também a utilização de fio de sutura mais fino, o que contribui para uma cicatriz mais esteticamente aceitável. 13 Auxiliar de Necropsia INSTRUMENTAIS Classificação didática de acordo com sua utilização: Instrumental para Diérese; Instrumental para Hemostasia; Instrumental para Síntese; Instrumentos Auxiliares; Pinça de Campo; Afastadores; Preensão; Instrumentos Especiais. INSTRUMENTOS DE DIÉRESE: É a fase de abertura, tem a função de cortar e dissecar os tecidos. Constituído pelos bisturis, tesouras, trépano, e outros, utilizados nas cirurgias gerais, assim como nas especiais. O bisturi é o melhor instrumento para a secção dos tecidos, sendo um instrumental de corte por excelência. Grande parte dos bisturis são cabos com uma extremidade destinada à fixação de lâminas descartáveis. Tesouras, são instrumentos de corte, podem ser curvas ou retas, fortes ou delicadas e em diversos tamanhos; Podem apresentar lâmina simples ou serrilhada e pontas rombas ou pontiagudas ou uma combinação das duas (Romba- Romba, Romba-Ponta, Ponta-Ponta); Pinças: Pinça de Kocher: instrumental grosseiro, com um dente na extremidade e entalhes em toda a sua extensão. Pode ser reta ou curva e afastadores. 14 Figura: montagem da mesa de instrumental de acordo com tempos cirúrgicos Auxiliar de Necropsia Auxiliar de Necropsia HEMOSTASIA visa estancar, temporária ou definitivamente, o sangramento dos vasos seccionados durante a diérese, com pinças de Halsted, de Kelly, de Crile, de Rochester e de Moyniham INSTRUMENTOS DE SÍNTESE: Consiste na tentativa de devolver a morfologia e a função da área operada. É representada pela sutura. -Pinça de Pean: Tem a função de preender gazes para a realização de anti-sepsia. -Pinça Backaus: Tem a função de fixar os campos cirúrgicos. Tem 13cm de comprimento. -Carpule: na montagem a agulha é colocada pelo assistente, que não coloca a mão na carpule, apenas rosqueia a agulha. Quando não estiver usando a carpule deve-se proteger a agulha com um tubete. -Bisturi: Instrumento composto de cabo e lâmina descartável com a função de realizar as incisões cirúrgicas. A empunhadura é em forma de caneta modificada. O bisturi deve entrar no tecido a 90º, aprofunda-se o quanto se desejar e depois inclina-se o bisturi a 45º e realiza-se a incisão; então volte a inclinar o bisturi a 90º e o retire. -Tesoura de Matzembaum: – 14 cm de comprimento – Ponta Romba – Reta ou curva – Tem a função de divulsionar os tecidos -Pinça Dente de Rato: – Tem a função de promover a fixação dos tecidos durante a divulsão e/ou sutura. -Pinça Halsted (Mosquito): – Tem a função de promover a hemostasia através da compressão dos vasos – Possui travas para mantê-la fechada. -Pinça Kelly Curva ou Reta: É usada para pinçamento (Hemostasia) -Pinça Allis: – É uma pinça de preensão traumática – Somente pode ser utilizada para tecidos que serão removidos 15 Auxiliar de Necropsia Auxiliar de Necropsia -Porta Agulhas: São destinados a preender a agulha para a realização da síntese dos tecidos. Podem ser de 2 tipos: – Tipo Matieu – Tipo Mago-Hegar -Tesoura Cirúrgica: – 14 cm de comprimento – Reta ou Curva – Tem a função de cortar os fios cirúrgicos. -Afastador de Farabeuf: Tem a função de afastar os tecidos para melhor visão do campo operatório 16 Auxiliar de Necropsia 17 Auxiliar de Necropsia Classificação dos instrumentais cirúrgicos: Sexologia forense - COMPORTAMENTO SEXUAL, VIOLÊNCIA E CRIME. “estudo dos problemas médico-legais ligados ao comportamento sexual”. Seu objeto de estudo refere-se a todos os fenômenos ligados à sexualidade e suas implicações no âmbito jurídico, dedicada ao estudo dos fenômenos relacionados com a reprodução humana, desde a concepção até o puerpério. Sexologia Forense Definição: Segundo Bonnet, 1993: é a disciplina científica que estuda as questões relacionadas com o sexo em seus aspectos médicos, jurídicos, filosóficos e sociológicos, ou seja, estuda a solução dos problemas jurídicos que o sexo pode suscitar. Conceito: Sexo genético: Cromossômico e Cromatínico (síndromes); Sexo endócrino (desenvolvimento das características sexuais: hormônios, gônadas, tiróide, hipófise); Sexo Morfológico: interno e externo, dinâmicoou copulativo; Sexo Psicológico; Sexo Jurídico. 18 Auxiliar de Necropsia Sexologia Forense O transtorno sexual sofre intervenção de fatores culturais, fazendo com que seu significado e importância mude com a época e o lugar. O que é transtorno hoje, pode não ter sido ou deixar de sê-Io. Exemplos como o da pedofilia e do homossexualismo são apenas os mais citados. O primeiro era cultivado com requinte na Antigüidade. A homossexualidade, até a nona revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-9) da Organização Mundial de Saúde (OMS), figurava sob o nº 302.0 entre os Desvios e Transtornos Sexuais, agrupada ao que hoje se chama parafilias. Em 1992, na décima revisão da Classificação de transtornos mentais e de comportamento (CID-10), a homossexualidade desapareceu como transtorno, sendo citada no código F66, juntamente com a heterossexualidade e a bissexualidade, entre as ''variações de desenvolvimento sexual que podem ser problemáticas para o indivíduo" (OMS, 1993). Mesmo assim foi registrada, com interessante redação, a advertência politicamente correta: "a orientação sexual por si só não é para ser considerada como um transtorno". Mesmo sem a homossexualidade, o que permanece não deixa de refletir os determinantes culturais. Não é por acaso que o estupro, o atentado ao pudor, o ato obsceno e a corrupção de menores figuram no Código Penal (CP) sob o título VI: "Crimes Contra os Costumes". A atitude geral da sociedade brasileira para com eles tem variado da intolerância persecutória ao escárnio, passando pela silenciosa cumplicidade, dependendo do grupo social que os considere. PARAFILIAS Parafilias, segundo o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, da American Psychiatric Association, 4ª. edição revisada (DSM-IV-TR) (2000), consistem em fantasias, anseios sexuais ou comportamentos recorrentes, intensos e sexualmente excitantes, em geral envolvendo objetos não-humanos, sofrimento ou humilhação próprios ou do parceiro, crianças ou outras pessoas sem o seu consentimento. O termo parafilia vem substituindo com vantagem o antigo perversão, carregado de acepções não-científicas, como corrupção, desmoralização, degradação, e que, pela proximidade com perversidade, sinônimo de crueldade, adquiriu uma tonalidade depreciativa que não tem lugar no pensamento psiquiátrico. 19 Auxiliar de Necropsia Parafilías e Crimes Sexuais Parafilia (do grego pará = ao lado de, funcionamento desordenado ou anormal, oposição + philos = amante, que tem afinidade, atraído por) expressa melhor o sentido original psicanalítico, que é, segundo Laplanche (1998), o de "desvio em relação ao ato sexual normal, definido este como coito que visa à obtenção do orgasmo por penetração genital, com uma pessoa do sexo oposto". Assim, a preferência de uma pessoa por partes do corpo da outra, sejam nádegas, mamas, pés, bem como por peças de vestuário em cores específicas, pode ser considerada perversão do ponto de vista estritamente psicanalítico, sem correspondente na nosografia psiquiátrica. O critério diferencial é: 1) a importância (ou exclusividade) que essa atitude adquire na vida sexual do indivíduo; e 2) a possibilidade de causar sofrimento a si ou a outros, aí incluídos os choques com a legislação. Recentemente se tem identificado semelhança entre as parafilias e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Afirma-se que as obsessões são similares às fantasias sexuais, tanto parafílicas quanto não-parafílicas; as compulsões são semelhantes ao comportamento sexual compulsivo; há uma co-morbidade de depressão e ansiedade tanto no TOC como nos transtornos sexuais; e, nos níveis neurobiológico e neurofarmacológico, há significativa superposição desses transtornos. 20 Auxiliar de Necropsia DISFUNÇÕES OU TRANSTORNOS SEXUAIS: Disfunções ou transtornos sexuais são problemas que ocorrem em alguma das fases da resposta sexual humana. Disfunções Sexuais Femininas Na mulher, as disfunções sexuais mais comuns são: as inibições do desejo sexual, a anorgasmia, o vaginismo e a dispareunia. As inibições do desejo sexual ou transtorno do desejo sexual hipoativo, constituem a falta ou diminuição da motivação para a busca de sexo, ou seja, a pessoa não tem vontade de manter relações sexuais. A anorgasmia ou disfunção orgásmica é a falta de sensação de orgasmo na relação sexual. O vaginismo é uma contração inconsciente, não desejada, da musculatura da vagina, que ocorre quando a pessoa imagina que possa vir a ter um ato sexual. A dispareunia é a dor genital que ocorre repetidamente antes, durante ou após o ato sexual. Disfunções Sexuais Masculinas As disfunções sexuais masculinas mais comuns são: a disfunção erétil (impotência) e a ejaculação precoce. A disfunção erétil conhecida como impotência, consiste na incapacidade em obter ou manter uma ereção que permita manter uma relação sexual, ou seja, o homem não consegue que seu pênis fique e permaneça duro e assim consiga ter relação sexual com penetração. 21 Disfunções sexuais Auxiliar de Necropsia IMPORTANTE! À Medicina Legal interessa, por sua repercussão sobre a sociedade, o estudo das diversas manifestações (qualitativas e quantitativas) do desejo sexual, particularmente quando estas apresentam caráter obsessivo. Erotismo Aumento do desejo sexual. Interessa ao Direito o aumento exagerado, compulsivo. Importância: Abusam da masturbação, podendo gerar crime de estupro, escândalo, adultério e prostituição. Ninfomania Do grego: nymphe (ninfa, jovem, recémcasada). Sentimento obsessivo para atos sexuais, a insatisfação é frequente, assim como acontece com o sátiro, está ligada ao adultério, ao atentado ao pudor, ao ultraje ao pudor, ao homicídio. Auto-erotismo Prazer sexual sem parceiro (a) podendo ocorrer orgasmo sem estimulação de zonas erógenas e mesmo sem a presença de alguém do outro sexo. Coito psíquico. Erotomania Mania amorosa. A pessoa é obcecada por uma paixão avassaladora e súbita. Às vezes é desencadeada por apenas um aceno, cumprimento ou por atenção. Importância: Tímidos, podem chegar ao suicídio ou homicídio. Narcisismo Admiração excessiva, com forte conotação sexual, por si mesmo, com indiferença para o sexo oposto. É o amar a si mesmo. A palavra deriva de Narcisus, personagem da mitologia romana, que se apaixonou por si mesmo ao ver sua imagem refletida em um lago. Mixoscopia ou Voyeurismo Prazer sexual ao ver pessoas se despindo, nuas, praticando atos libidinosos ou mantendo relações sexuais. Exibicionismo Atitude compulsiva caracterizada pela exibição de áreas erógenas ou dos órgãos sexuais, como meio de obter gratificação e prazer sexual. 22 Auxiliar de Necropsia Satiríase A palavra é derivada de “satyros” e significa um estado de ereção quase permanente. O sátiro não se satisfaz, mesmo obtendo o orgasmo. . TRANSTORNOS PARAFÍLICOS: Edipismo Atração com conotação sexual pela figura materna, o que dificulta o relacionamento normal com as mulheres. A palavra deriva de Édipo, personagem da mitologia grega que, após matar o pai, casou-se com sua mãe, Jocasta, sem suspeitar do seu parentesco. Complexo de Electra Atração com conotação sexual pela figura paterna, o que dificulta o relacionamento normal com os homens. Feticismo ou Fetichismo O prazer sexual se realiza à vista, ao toque ou à simples lembrança de objetos ou partes do corpo de pessoa do outro sexo, que não os genitais. O ato sexual só se confirma com a evocação do objeto de desejo. Está relacionado a furtos. O objeto do fetiche pode ser: cabelo, mãos, pés, olhos, nádegas, seios, nariz, dentes, orelhas, cicatrizes, tatuagens. Há o fetiche da voz. Travestismo O indivíduo se sente atraído pelas roupas utilizadas por pessoas do sexo oposto. Mais comum nos homens que nas mulheres.O travesti (masculino ou feminino) se identifica com o sexo oposto tanto na maneira de se vestir quanto nas ideias em geral. Não tem necessariamente conotação homossexual.Nem todo travesti é homossexual e vice-versa. Pedofilia Atração sexual obsessiva de indivíduos adultos por crianças ou adolescentes, acompanhadas de manifestações eróticas: atos libidinosos, exibição de fotos e filmes, etc. Cromo-inversão: Atração sexual obsessiva por pessoas de cor diferente da do indivíduo. Etno-inversão: Atração sexual obsessiva por pessoas de raça diferente da do Indivíduo. 23 Auxiliar de Necropsia 24 Auxiliar de Necropsia Pictofilia Atração sexual por quadros, telas ou painéis, em geral quando estes representam figuras humanas. Não há a necessidade de que as imagens estejam nuas. SAIBA MAIS! Pictofilia Opera “𝙀𝙙𝙞𝙥𝙞𝙨𝙢𝙤” by Luana Tucci Em alusão a Cropofilia Dolismo Atração sexual por bonecas (plástico, louça, porcelana, etc.) As bonecas podem ser utilizadas para a masturbação ou para o ato sexual. Lubricidade senil Manipulação física (atos libidinosos) em crianças de baixa idade, por indivíduos idosos. A parafilia pode atingir idosos normais ou idosos doentes (aterosclerose avançada). Lubricidade senil Importância: Prática de atos libidinosos Triolismo É a prática sexual por três pessoas, duas mulheres e um homem ou um homem e duas mulheres. O termo estendeu-se para mais de três pessoas. Swinging (amor coletivo). Swapping (troca de casais) Urolagnia O desejo sexual é despertado ao ver a urina ou ao ouvir o ruído produzido pela emissão do Jato Urinário. Coprofilia Prazer sexual obtido no ato da defecação ou pelo contato com fezes próprias ou de outro. Gerontofilia Atração sexual obsessiva de pessoas jovens por outras de excessiva Idade. Cromo- inversão Atração sexual obsessiva por pessoas de cor diferente da do indivíduo. Etno-inversão Atração sexual obsessiva por pessoas de raça diferente da do Indivíduo. Riparofilia: Atração erótica por pessoas sujas e sem nenhum asseio. Necrofilia: Compulsão obsessiva para atos libidinosos ou relação sexual com cadáveres. Homicídio Vampirismo O prazer sexual é obtido quando o indivíduo suga o sangue do parceiro ou vítima. Pode levar ao homicídio.É uma forma especial de sadismo. Masoquismo Caracteriza-se pela obtenção de prazer sexual mediante dor física ou moral, causada por outrem ou por si mesmo. Os masoquistas procuram a dor e não a Morte. A palavra é referente ao escritor polonês Sacher-Masoch, que era portador desta parafilia e a descreveu. Masoch fazia-se bater até pelos criados. Armava situações para apanhar. Promoveu a infidelidade da esposa, como forma de sofrimento. 25 Auxiliar de Necropsia Os crimes antes considerados atentado violento ao pudor, enquadrados no Artigo 214 do Código Penal, são contemplados agora no Artigo 213, referente ao estupro. Com isso, estupro e atentado violento ao pudor, que eram dois crimes autônomos com penas somadas, devem resultar na aplicação de uma única pena. Há o risco de as penas serem menores. Antes era aplicado concurso material de delitos. Quem praticou [de forma forçada] sexo vaginal [que era estupro] e depois oral [que era atentado violento ao pudor] podia receber seis anos por causa de cada delito. A condenação pelos dois delitos com penas somadas, agora passaram a ser a mesma coisa. A unificação dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor vai na contramão de uma decisão tomada em 18 de junho de 2009 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando os ministros da Corte decidiram por seis votos a quatro que atentado violento ao pudor e estupro não são crimes continuados. Pela manifestação do STF, quem praticar os dois crimes deve ter as penas somadas, já que os delitos, embora ambos sejam crimes sexuais, não são da mesma espécie Gravidez. A conjunção carnal poderá também ser comprovada com base na constatação de gravidez; O prazo mínimo legal da gravidez é de 180 dias O prazo máximo legal da gravidez é de 300 dias Bestialismo e Sadismo Prática de atos libidinosos ou de relações sexuais com animais. Sadismo Prazer obtido mediante o sofrimento e a dor do (a) parceiro (a) ou vítima. A satisfação sexual só se realiza pelo sofrimento físico ou moral imposto a outrem. Sadismo comporta gradações. Pequeno sadismo: beliscões, bofetadas, mordeduras, chupões. Médio sadismo: agressões corporais, flagelações, queimaduras, picadas, murros, pontapés. Grande sadismo: mais que a dor, a morte. 26 Auxiliar de Necropsia Estupro e Atentado violento ao pudor segundo o Código Penal, são atos sexuais: Gravidez: Quanto à paternidade, presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos “ nascidos 180 dias, depois de estabelecida a convivência conjugal” (CC, art. 1597, I), e os filhos “ nascidos 300 dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento” (CC, art. 1597, II) Importância Médico Legal do Diagnóstico da gravidez: • Resguardo dos Direitos do Nascituro; • Investigação de Paternidade; Prova de adultério; • Prova de Violência Carnal; Infanticídio; • Aborto; • Atestado de gravidez p/ funcionárias públicas; Impedimento de anulação de casamento. • Puerpério e Estado puerperal • Período compreendido entre o parto e o retorno do útero ao seu estado normal (45 • dias). • Caracterização do crime de infanticídio pela lei penal, há controvérsias entre autores. 27 Auxiliar de Necropsia Zacharias (1991, p. 173): “ Perturbação psíquica, de caráter agudo e transitório, que, por influência simultânea de fatores fisiológicos, psicológicos e sociais, acomete a parturiente, até então mentalmente sã, afetando seu comportamento e podendo impeli-la à prática do infanticídio. É sempre possível que estados mentais patológicos preexistentes sejam agravados pelo parto e, com isso, levem à prática do infanticídio. O Perito deverá observar: • A recenticidade do parto; • Se o parto transcorreu de forma a provocar sofrimento incomum na parturiente; • Se a parturiente se recorda do ocorrido; • Se a parturiente apresenta histórico de psicopatia anterior; • Se existe comprovação de que, em razão do parto, surgiu alguma perturbação mental capaz de levá-la ao crime. Aborto Considera-se aborto, em Medicina Legal, a interrupção da gravidez, por morte do concepto em qualquer época da gestação, antes do parto. Para se caracterizar o aborto é necessário e suficiente que se comprove a morte do concepto ainda dentro do corpo da gestante Aborto Doloso É repelido por nosso CP, excluindo-se algumas situações em que é legal e, portanto, permitido (Art.128 CP). Aborto Terapêutico (Art. 128, I, CP) • Em algumas situações não há como manter a vida do concepto e da gestante. • Lei autoriza o sacrifício da vida do feto. • Aborto Terapêutico (Art. 128, I, CP) Infanticídio (Art. 123 CP) É a morte do recém-nascido provocada pela própria mãe, sob estado de transtorno mental, decorrente do trabalho de parto ou puerpério (estado puerperal) Para se admitir o infanticídio, é indispensável que o recém- nascido seja morto pela própria mãe. Condições: O médico tem que ter a opinião de outros colegas, a gestante deverá estar em perigo de morte e isto se relacione diretamente com a gravidez. Que a interrupção da gestação faça cessar o risco da gestante; seja o único meio de salvar a vida da gestante. 28 Auxiliar de Necropsia • Aborto Sentimental (Art. 128, II, CP) • Aborto praticado por médico quando a gestação decorre de estupro. • É aplicável também quando a gestação ocorre de atentado violento ao pudor • Perícia no Aborto Criminoso, considerada bastante difícil; • Lesões no períneo; • Vestígios do meio empregado (sonda ou outros instrumentos); • Lesões uterinas; • Exames laboratoriais; • Exame do feto quando possível; • Exame de DNA. Recém-Nascido: criança que recebeu os primeiros cuidados, até o 7o dia de vida. Infanticídio (Art. 123 CP) Perícia em 2 etapas: a) Para se tipificar o infanticídio é indispensável, em tese, a comprovação do nascimentocom vida; A docimásia hidrostática de Galeno é utilizada para comprovar o nascimento com vida (pulmão colocado em vasilha com água, se flutuar existiu respiração = vida) A positividade das docimásias de Galeno depende, essencialmente da respiração do feto, ao nascer. b) Se a mulher agiu sob influência do estado puerperal. Também podemos encontrar corpos estranhos nas vias aéreas, indicando que a criança foi morta por sufocação. Crime de sedução - Lei 11.106, 2005, Art. 5, revogou o Art. 217 CP. Não sendo mais necessário realizar perícia por sedução. Porém, manteve-se as considerações a respeito da integridade do hímem por ser de interesse médico legal em outras perícias. 29 Auxiliar de Necropsia Conjunção Carnal Também chamada de: Cópula Coito É a relação entre homem e mulher, caracterizada pela penetração do pênis na vagina, com ou sem ejaculação Atos Libidinosos • Conjunção carnal: (ato libidinoso por excelência) • Atos libidinosos diversos da conjunção carnal: Atos Libidinosos 1) Cópulas ectópica: cópulas fora da vagina: 2) Cópula anal ou retal 3) Cópula vulvar (cópula vestibular ou “ad introitum”) 4) Cópula oral ou felação 5) Cópula entre as coxas Atos orais: 1) Felação 2) Cunilíngua (sexo oral na genitália feminina) 3) Beijos e sucções nas mamas, coxas ou outras regiões de conotação sexual Atos manuais: 1) Masturbação e manipulações eróticas de todos os tipos Estupro. 2) Conjunção carnal é o ato sexual convencional: cópula vaginal (coito pênis/vagina). 3) Introdução do pênis pode ser parcial ou total, havendo ou não ejaculação. Somente mulher pode ser vítima desta espécie delituosa, podendo, no entanto, ser indiciada como coautora. 30 Auxiliar de Necropsia ESTUPRO Concurso de força física e de emprego de meios capazes de privar ou perturbar o entendimento da vítima impossibilitando-a de reagir ou de se defender. Tipos de violência: • Efetiva violência Física: a lei exige que o agressor tenha agido de forma violenta, anulando ou enfraquecendo a oposição (resistência física) da vítima (deixa vestígios: hematomas, contusões, marcas de mordidas, etc.) • Presumida: Presume-se a violência, constrangimento físico, embora não efetuado. • Psíquica: O agente conduz a vítima a uma forma de não resistência por inibição ou enfraquecimento das faculdades mentais. Embriaguez completa anestesia, estados hipnóticos. A perícia de Estupro busca lesões corporais e o diagnóstico de possível conjunção carnal. O ideal é que a perícia seja feita nas primeiras 48 horas do fato ocorrido. O conteúdo da perícia se divide em: • Preâmbulo. Identificação da pericianda ou periciando. • Histórico - Registro da história do fato ocorrido, antecedentes ginecológicos e sexuais. • Exame geral - Descrição das vestes: do estado psíquico, das lesões corporais. • Exame genital - Descrição dos seios, vulva, hímen e períneo, procurando sinais sugestivos de gravidez, contusões, sugilações, equimoses, hematomas, escoriações, exame do ânus. • Exames complementares: Pesquisa de espermatozoides e contam nação venérea em secreção vagina1. Teste de gravidez; outros exames a depender do caso. • Comentário Médico-Forense (a critério). • Conclusão 31 Auxiliar de Necropsia Perícia no Estupro Objetivos Periciais Comprovar a cópula vaginal, e neste caso há três situações: 1) Na mulher virgem 2) Na mulher com vida sexual pregressa 3) Na adolescente com vida sexual pregressa A Perícia deve buscar provas de ejaculação (sêmen) (Constituição do sêmen, análise do vestígio e testes confirmatórios) O estupro é um crime que deixa vestígios. Considera-se indispensável a realização do exame pericial para a devida comprovação da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso e dos demais elementos que caracterizam tal delito, entre outros as lesões produzidas por violência física, a identidade, a determinação da idade, o estado mental da vítima e a colheita de material para as provas biológicas que confirmem o ato ou identifiquem o autor. Na cena do crime: Nas perícias que envolvem materiais oriundos de crimes sexuais, o corpo de delito é o esperma. Estes vestígios podem ser encontrados em manchas nas roupas, lençóis, almofadas, móveis, no chão, tapetes entre outros.O esperma antes de secar tem odor alcalino muito característico e contém milhões de espermatozoides. Depois de secar, a mancha perde o seu odor, os espermatozoides morrem, adquire uma coloração branco acinzentada e por vezes amarelada, dando aos tecidos um efeito engomado.Para pesquisar esses vestígios criminais que são fluidos biológicos depositados diretamente na vítima ou na cena do crime utilizamos um swab (cotonete) ou diversos tipos de suportes sob a forma de manchas. Perícia médico legal: A constatação de esperma na cavidade vaginal é de muito valor na comprovação da conjunção carnal e do seu autor. Importante também coletar amostras nas cavidades retal, bucal, pele e região das mamas e coleta na região peniana do suspeito. Para determinação da presença de esperma na cavidade vaginal, retira-se do interior desta e/ou do canal do colo uterino material que será colocado entre lâmina e lamínula. Sendo positiva essa reação, surgirão, no campo microscópico, inúmeros cristais castanho-avermelhados de formato rômbico. O reativo de Florence constitui-se de iodo metalóide, iodeto de potássio e água destilada. Barbério utiliza como reagente uma solução saturada de ácido pícrico em glicerina e, quando a reação é positiva, encontramos cristais em forma de agulhas ou alpistes, corados de amarelo, isolados ou em grupos. A reação de Baecchi é feita depois da reação de Florence, após 20 a 30 minutos, quando começam a surgir, da periferia para o centro da lâmina, outros micro cristais arredondados e de tonalidade mais carregada que os de Florence. 32 Auxiliar de Necropsia Pode também o esperma ser observado através da lâmpada de Wood, quando é identificado por sua ação fluorescente até 72 horas depois da violência. Esta técnica tem muito falso positivo com algumas substâncias, como leite, vaselina líquida, loções suavizantes de pele, entre outras. As provas citadas acimas nos dão sinais de probabilidade e não de certeza. Também empregamos a dosagem da fosfatase ácida (probabilidade) e do PSA (antes chamado de proteína P30), que se mostra em forma de traços na secreção vaginal, mesmo quando os autores são vasectomizados. O PSA (antígeno prostático específico)é uma prova de certeza. No entanto, o diagnóstico mais simples e de maior certeza é, sem dúvida, a presença do elemento figurado do esperma — o espermatozoide. Lesões genitais (contusões, lacerações), decorrentes da: • Violência da penetração • Desproporção de tamanho entre pênis e vulva e vagina (no caso de crianças), podem fundamentar o diagnóstico de Conjunção carnal • Ato libidinoso • Pêlos pubianos soltos encontrados na região pubiana na região vulvar sobre o corpo da vítima na roupa íntima ou de cama desde que comprovada sua origem como sendo de outra pessoa, é indicativo de relação sexual. Crimes contra a dignidade sexual - As alterações trazidas pela Lei 12.015/2009 A primeira positiva modificação introduzida pela Lei 12.015/2009 consistiu na alteração do Título VI, que passou à denominação correta: Dos crimes contra a dignidade sexual. Portanto, o que se pretende tutelar é a dignidade sexual, no mesmo prisma da dignidade da pessoa humana, na ótica do Estado Democrático de Direito (art. 1o, III, CF). Outra modificação diz respeito à unificação, na mesma figura penal (art. 213), dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor. Portanto, a partir da edição da referida Lei, qualquer pessoa pode cometer estupro contra qualquer pessoa. Anteriormente, no caso de estupro, somente a mulher poderia ser sujeito passivo. A partir de agora, homens e mulheres podem ser sujeitos passivos desse delito. A conseqüência imediata dessa alteração é a criação de um tipo misto alternativo, ou seja, a práticada violência sexual para obter a conjunção carnal e também outro ato libidinoso dá margem à apenas em um crime: estupro. Não existem mais dois delitos (estupro e atentado violento ao pudor), mas somente o previsto no art. 213 do Código Penal. 33 Auxiliar de Necropsia • Outra novidade legislativa consiste na criação do tipo penal do estupro de vulnerável (art. 217-A, CP). A anterior previsão do art. 224, referindo-se à presunção de violência, deixou de existir como norma autônoma, passando a integrar a composição do tipo penal. Assim sendo, ter conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14 anos é crime de estupro contra vulnerável, sujeito à pena de reclusão, de 8 a 15 anos. • Criou-se, finalmente, o tipo penal destinado a punir aquele que fomenta, de algum modo, a prostituição juvenil. O art. 218-B prevê punição para quem submeta, induza ou atraia o menor de 18 anos (e maior de 14, por questão de lógica, pois o menor de 14 é protegido pelo art. 217-A) à prostituição ou outra forma de exploração sexual, incluindo o cliente desse menor e o proprietário, gerente ou responsável pelo estabelecimento onde o ato sexual se realize. SEXOLOGIA CRIMINAL Área da medicina legal que se dedica ao estudo das ocorrências médico-legais inerente à gravidez, aborto e diversas questões relacionadas com a reprodução humana, assim como, trata das questões periciais ligadas aos delitos conta a liberdade e dignidade sexual. Posto isso, verifica, para análise pericial, a importância do estudo sobre esperma quando o sujeito é vítima de estupro. A perícia médico- legal comprova a cópula vagínica, em que a vítima não for mulher virgem, constatando a presença do esperma, possibilitando também a identificação do agressor. 34 Auxiliar de Necropsia Uma das deficiências que causa a incapacidade reprodutiva do homem é a teratozoospermia, ejaculação de espermatozóides com anormalidades na sua formas. Cuidados Perícia • Vítima é alienada ou deficiente mental? Enquadramento em presunção de violência. • Se houve qualquer outro fato que impossibilitasse a vítima de resistir? Conclusão: Erro pericial é fatal: ou atinge a honra da mulher e a liberdade do homem, ou permite a absolvição de criminoso e desamparo da ofendida. Como não correr o risco de ser processado por assédio sexual? • Seja educado, ao iniciar a abordagem; • Tenha bom censo. Jamais insista se um convite ou dois já tenham sido recusados; • Não faça elogios sexuais ou comentários inconvenientes, seja sutil; • Evite a proximidade física exagerada. Um aperto de mão muito demorado pode ser mal interpretado; • Não devore ninguém com os olhos. Também não tente enxergar o que se esconde por baixo das roupas, qualquer adulto entende um olhar diferente; • Presente para colegas de trabalho, fora de datas especiais, pode gerar constrangimentos. Em qualquer caso, deve-se fazê-lo sempre na presença juntamente de outra pessoa de sua confiança, do contrário, mesmo que se dê presentes para todas as mulheres da empresa, corre-se o risco de ser indiciado por “tentativa de cantada coletiva”. 35 Auxiliar de Necropsia ALMEIDA JR; Antônio & COSTA JUNIOR, João Batista de Oliveira. Lições de Medicina Legal. 20. ed. rev. atual. Com a colaboração de Irene Batista Muakad e José Lopes Zarzuela. São Paulo: Nacional, 1991. ARBENZ, Guilherme Oswaldo. 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