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CONSUMIDOR 1 FASE

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1 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
PROF.ª PATRÍCIA STRAUSS 
 
 
 
2 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
1. RELAÇÃO DE CONSUMO .............................................................................................. 3 
1.1. Consumidor .................................................................................................................................................. 3 
1.1.1. Características do consumidor padrão ou standard ................................................... 3 
1.1.2. Consumidor equiparado ................................................................................................................ 4 
1.2. Fornecedor ...................................................................................................................................................9 
1.2.1. Características do fornecedor .................................................................................................... 10 
2. OBJETO DA RELAÇÃO DE CONSUMO ................................................................... 10 
2.1. Produto ......................................................................................................................................................... 10 
2.2. Serviços ......................................................................................................................................................... 11 
2.3. Da política Nacional das relações de consumo .............................................................. 14 
2.4. Dos direitos básicos do consumidor ...................................................................................... 17 
2.5. Da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço ou responsabilidade 
por acidente de consumo (Artigos 12 a 17, CDC) .................................................................... 23 
2.6. Da responsabilidade por vício do produto e do serviço (Artigos 18 a 25, CDC)
 ................................................................................................................................................................................... 32 
2.7. Da decadência e da prescrição: Artigos 26 e 27. .......................................................... 40 
3. DAS PRÁTICAS COMERCIAIS ................................................................................... 44 
3.1. Da oferta (Artigos 30 a 35, CDC). ............................................................................................... 44 
3.2. Da Publicidade (Artigos 36 a 38, CDC). ................................................................................ 46 
3.3. Das práticas abusivas (Artigos 39 a 41, CDC) ..................................................................... 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. RELAÇÃO DE CONSUMO 
1.1. Consumidor 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo. 
 O CDC é uma lei especial em razão dos seus destinatários, já que somente 
é aplicável aos consumidores e fornecedores. Assim, para que se possa ter a 
aplicação do CDC é necessária a existência do binômio fornecedor/consumidor. 
 
1.1.1. Características do consumidor padrão ou standard 
• Pode ser pessoa física ou jurídica; 
• Adquire/utiliza PRODUTOS ou SERVIÇOS como destinatário final; 
• Adquire podemos pensar em comprador, utiliza podemos pensar em um 
familiar que ainda que não tenha comprado, estará utilizando. 
 
DESTINATÁRIO FINAL 
Aquele que retira o bem do mercado, aquele que coloca um fim na cadeia 
de produção e não utiliza esse bem para continuar a produzir. 
A pessoa que adquire produtos/serviços para seu uso ou de sua família é 
destinatária final. Não é necessária a verificação se é vulnerável ou não. Há uma 
presunção absoluta de vulnerabilidade. Aqui temos, sem dúvida, a configuração 
de um consumidor. 
Exemplo: 
FABRICANTE → COMERCIANTE → Nidal 
Entre fabricante e comerciante teremos uma relação civil, teremos uma 
relação empresarial, aplicando o CC. 
Entre Nidal e comerciante teremos uma relação de CDC: Nidal, ao comprar 
cervejas artesanais do mercado, será considerado como consumidor. A relação 
entre o comerciante e Nidal será uma relação de consumo, aplicando o CDC. 
 
 
4 
 
1.1.2. Consumidor equiparado 
O consumidor padrão, assim, é aquele que, em posição de vulnerabilidade 
adquire não profissionalmente produtos ou serviços como destinatário final. Tais 
bens são adquiridos de forma a satisfazer suas necessidades pessoais ou de sua 
família ou de terceiros que estão em suas relações domésticas. 
No entanto, o CDC também se aplica a terceiros que não seriam 
consumidores padrão, mas que foram EQUIPARADOS a consumidores. 
O ponto de partida do parágrafo é a observação de que muitas pessoas, 
que mesmo sem ter adquirido produtos/serviços, podem ser consideradas como 
consumidores. Assim, alguém que efetua a compra de um alimento e é ingerido 
por seu filho, esse filho também será tido como consumidor, sendo o chamado 
consumidor equiparado. Temos três situações de consumidor equiparados: 
Art 2: Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de 
consumo. 
O parágrafo demonstra o caráter coletivo da proteção ao consumidor. Tem 
por objetivo dar eficácia para a tutela coletiva de direitos e interesses difusos, 
coletivos e individuais homogêneos, previstos nos artigos 81e seguintes do CDC. 
 Importante lembrar que o artigo 81 e seguintes tratam sobre interesses 
coletivos. 
IMPORTANTE: Súmula 601 STJ: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para 
atuar na defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos 
consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviços públicos.” 
 
Art. 17: Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores 
todas as vítimas do evento (refere-se à seção II, que trata da responsabilidade 
pelo fato do produto e do serviço. 
Equipara a consumidor todas as vítimas de um acidente de consumo. 
Assim, o artigo 17 estende a proteção do CDC para qualquer pessoa 
 
5 
 
eventualmente atingida por um acidente de consumo, ainda que nada tenha 
adquirido do fornecedor. 
Alguém é atropelado por um veículo devido a um defeito do freio. A pessoa 
atropelada será consumidora por equiparação e teremos aqui a aplicação do 
CDC. Alguém é atropelado porque o condutor se distraiu, teremos então a 
aplicação do CC. 
Exemplos: 
1 – Ana adquire uma televisão e alguns dias depois realiza uma festa em sua casa. 
Ao ligar a televisão, esta explode, causando lesões nas amigas Carla e Joana. Ana 
é consumidora padrão (artigo 2). Carla e Joana não consumidoras por 
equiparação (artigo 17). 
2 – Notícia do STJ: 
Fabricante também responde por acidente causado por distribuidora que deixou 
garrafas de cerveja na rua. Por integrar a cadeia de fornecimento, nos moldes 
previstos pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), uma empresa fabricante 
de bebidas foi considerada pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) solidariamente responsável pelo acidente causado por cacos de garrafas 
que uma de suas distribuidoras deixou em via pública. Com a manutenção do 
acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), as duas rés – fabricante 
e distribuidora – deverão pagar indenização por danos morais de R$ 15 mil à 
vítima do acidente, que foi equiparada à condição de consumidor para efeito de 
aplicação das normas protetivas do CDC. 
 
De acordo com os autos, o pedestre caminhava na calçada quando, ao 
perceber que um caminhão não identificado trafegava com uma das portas 
abertas, jogou-se ao chão para não ser atingido, mas acabou caindo em cima de 
várias garrafas quebradas. Os cacos haviam sido deixados na calçadaapós outro 
acidente, ocorrido durante o transporte das garrafas por uma das distribuidoras 
da fabricante de cerveja. A relatora do recurso especial, ministra Nancy Andrighi, 
explicou que a legislação amplia o conceito de consumidor para abranger 
 
6 
 
qualquer vítima, mesmo que nunca tenha mantido qualquer relação com o 
fornecedor. 
No caso dos autos, a ministra também lembrou que, embora a fabricante 
se dedique exclusivamente à produção das bebidas, o consumo desses produtos 
não ocorre no interior das fábricas, mas em locais como bares, clubes ou nas 
casas dos consumidores. Para que isso ocorra, explicou a relatora, é necessário 
que os produtos sejam transportados até o público consumidor, e todo esse 
processo compõe um único movimento econômico de consumo. “A partir dessas 
considerações, exsurge a figura da cadeia de fornecimento, cuja composição não 
necessita ser exclusivamente de produto ou de serviços, podendo ser verificada 
uma composição mista de ambos, dentro de uma mesma atividade econômica”, 
apontou. Ao manter o acórdão do TJRJ, a ministra Nancy Andrighi também 
ressaltou que, para além da relação jurídica existente entre a fabricante e a 
distribuidora, os autos demonstraram que o acidente foi ocasionado pela 
distribuidora ao transportar a cerveja produzida pela fabricante até o consumidor 
final. “Portanto, é inegável a existência, na hipótese dos autos, de uma cadeia de 
fornecimento e, conforme jurisprudência deste tribunal, a responsabilidade de 
todos os integrantes da cadeia de fornecimento é objetiva e solidária, nos termos 
dos artigos 7º, parágrafo único, 20 e 25 do CDC”.1 
Art. 29: Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos 
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas 
nele previstas (refere-se ao capítulo que trata de práticas comerciais e 
contratos). 
A parte de práticas comerciais e contratos se encontra nos artigos 30-54 o 
CDC. Um exemplo de consumidor por equiparação é quando terceiros são 
expostas a ofertas/publicidade do fornecedor. Podemos pensar aqui, também 
em pessoas que ainda não realizaram contratos, mas que foram expostos à 
práticas comerciais, tais como: pessoa que teve seu nome colocado em cadastros 
 
1 Notícia em: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-
antigas/2018/2018-08-09_06-58_Fabricante-tambem-responde-por-acidente-causado-por-
distribuidora-que-deixou-garrafas-de-cerveja-na-rua.aspx 
 
7 
 
de restrição sem nunca ter comprado em determinada loja, poderá ser 
enquadrada em consumidor por equiparação do artigo 29. 
MUITO IMPORTANTE: Quando temos pessoa jurídica como consumidor? 
Aqui há algumas teorias a serem verificadas: 
➢ Teoria finalista ou subjetivista: 
Restringe a figura do consumidor como sendo aquele que adquire/utiliza um 
produto para uso próprio ou de sua família. Assim, o consumidor não pode ser 
um profissional, já que o CDC não seria feito para destacar vulnerabilidade de 
alguém que seja profissional. Consumidor, então, seriam pessoas físicas ou 
jurídicas não profissionais. Somente para finalidades não profissionais. Pessoa 
jurídica e profissionais não poderiam ser consumidores. 
➢ Teoria maximalista ou objetiva: 
CDC seria um código geral para o consumo, instituindo normas e regramentos 
para todos os agentes do mercado. A definição do artigo 2 deveria ser 
interpretada de forma mais ampla possível. Não importa a finalidade. Então 
abrangia todas as empresas, até as que compram insumos etc. 
➢ Teoria finalista aprofundada ou mitigada: 
Por essa interpretação, o sujeito, poderá ser considerado consumidor se estiver 
em uma posição de vulnerabilidade. A vulnerabilidade pode ser econômica, 
técnica (não compra para atividade fim e sim para atividade meio), jurídica, fática. 
A vulnerabilidade é verificada casuisticamente, “in concreto”. 
Desta forma, profissionais (pessoas jurídicas/profissionais liberais etc.) podem ser 
consumidores quando estiverem em posição de vulnerabilidade. 
Exemplo: 
Loja de roupas (pessoa jurídica) que compra um computador (fora da área 
de seu domínio, há vulnerabilidade técnica). 
Vejamos decisão do STJ: 
“Consumidor. Definição. Alcance. Teoria finalista. Regra. Mitigação. 
Finalismo aprofundado. Consumidor por equiparação. Vulnerabilidade. 1. A 
jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sentido de que a determinação 
 
8 
 
da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da 
teoria finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera 
destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou 
serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 2. Pela teoria finalista, fica excluído da 
proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo 
produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo 
(e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser 
considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei nº 8.078⁄90, aquele que 
exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva 
do mercado de consumo. 3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o 
conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem 
evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas 
jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo 
aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a 
pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à 
condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma 
vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das 
relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, 
que legitima toda a proteção conferida ao consumidor.” (Terceira Turma, REsp 
nº 1.195.642⁄RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi) 
 Em conclusão, para que uma pessoa física ou jurídica seja considerada 
consumidora, de acordo com a teoria finalista aprofundada, faz-se necessário, em 
primeiro lugar, que haja vulnerabilidade. Em segundo lugar, é preciso que os 
bens por ela adquiridos sejam bens de consumo e que na pessoa jurídica 
esgotem a sua destinação econômica.” (CAVALIERI, 2019). 
 
Exemplo de decisão do STJ sobre a corrente finalista aprofundada: 
“O conceito de destinatário final do CDC alcança a empresa ou o profissional que 
adquire bens ou serviços e os utiliza em benefício próprio”. (AgRg no Ag 
807159/SP – DJ 25.10.2008). 
 
9 
 
 
MUITO IMPORTANTE: Insumo, matéria prima, peças para produção etc. o 
entendimento é que não é destinatária final, não sendo, assim, consumidor. 
Compra peças para montar carro, por exemplo. O STJ entende que não há 
relação de consumo. Inclusive empresa que contrata outra empresa para 
transporte de insumos que comprou, não há relação de consumo. 
 
Também o caso de aquisição de produto/serviço para a 
implementação de atividade econômica ou então a contratação de 
empréstimo para financiar atividades empresariais (compra de insumo 
etc.) não será aplicado o CDC, já que não se enquadra como destinatário 
final e, assim, não é consumidor. 
Para simplificar, podemos fazer a seguinte associação: 
• Pessoa jurídica e profissionais não são consumidores, já que adquirem 
produtos/serviços para uso profissionalmente. 
• Pessoa jurídica e profissionais PODEM ser consumidores, se demonstrada a 
situação de vulnerabilidade, a ser analisada “in concreto”. 
• Dentre os tipos de vulnerabilidade, temos que a mais comum é a 
vulnerabilidade técnica (fora do domínio de atuação da PJ). 
Obs.: Condomínio é ente despersonalizado, mas pode se enquadrar como 
consumidor. 
 
1.2. Fornecedor 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção,transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços. 
 
10 
 
 § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou 
imaterial. 
 § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes 
das relações de caráter trabalhista. 
1.2.1. Características do fornecedor 
• Pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional, estrangeira, ente 
despersonalizado. 
• Desenvolve atividade com habitualidade, como sendo o ofício, a profissão ou 
uma de suas profissões. 
• Temos aqui ideias de atividades profissionais, habituais e com finalidade 
econômica. 
Importante lembrar que fornecedor se enquadra como sendo gênero. 
Desta forma, não somente o fabricante, por exemplo, mas também 
transformadores, intervenientes e até comerciantes poderão ser 
responsabilizados. Não importa se regularizado ou não, com CNPJ ou não. 
RESUMO SOBRE CONSUMIDOR: 
Artigo 2 - Padrão 
Artigo 2, parágrafo único - Equiparado 
Artigo 17 - Equiparado 
Artigo 29 - Equiparado 
 
2. OBJETO DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
2.1. Produto 
O produto pode ser todo bem móvel ou imóvel, material ou imaterial 
(muito raro, já que, em geral, se atrela ao conceito de serviço). Também tempos 
produtos duráveis (bens que não se extinguem após uso regular, ainda que 
sofram desgastes, tais como carro, mesa, brinquedos etc.) e produtos não 
duráveis (tais como alimentos, remédios, cosméticos, canetas, sabonetes etc.). 
 
 
11 
 
IMPORTANTE: 
Produto não tem requisito remuneração. 
Exemplo 1: Fábrica distribuir doces gratuitamente que faz com que pessoas 
fiquem doentes. Há relação de consumo e aplicação do CDC. 
Exemplo 2: Amostras grátis de perfume. Utiliza e dá uma alergia: aplicação do 
CDC. 
 
DÚVIDA: João vende imóvel para Pedro, já que quer se mudar para outro país. 
Teremos relação de consumo? 
Não, já que João não se enquadra como profissional. Incorporadora imobiliária 
João vende para Pedro, que adquire para uso próprio. Teremos relação de 
consumo. 
 
2.2. Serviços 
 Segundo o parágrafo segundo serviço é: “qualquer atividade fornecida no 
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, 
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista.” 
 Assim, as atividades de serviço podem ser de natureza material, financeira 
ou intelectual, prestadas por entidades públicas ou privadas, mediante 
REMUNERAÇÃO. 
Importante: REMUNERAÇÃO: 
O fornecedor de serviços tem um outro requisito (que não tem o 
fornecedor de produtos): remuneração. 
Remuneração que pode ser direta ou indireta. 
Há serviços que são gratuitos ao consumidor, mas que trazem 
remuneração ao fornecedor, mantendo, assim, a aplicação do CDC. Assim, tanto 
faz remuneração direta ou indireta. As Cortes brasileiras aceitaram o conceito de 
 
12 
 
remuneração indireta e entendem que os serviços “gratuitos” são submetidos às 
regras do CDC, se houver remuneração indireta. 
Assim, transporte de passageiros idosos de forma gratuita, lavagens de 
carro como brinde etc., ainda que não sejam onerosos para o consumidor, há 
uma retribuição para o fornecedor, se enquadrando aqui no CDC. 
 
Os serviços públicos são regidos pelo CDC? Depende. 
 Consoante artigo 22 do CDC temos que:” os órgãos públicos, por si ou suas 
empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de 
empreendimento são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, 
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”. 
 Os serviços chamados de “uti universi” tais como segurança pública, saúde 
pública etc., são financiados por impostos e, então não tem aplicação do CDC. 
 Os serviços chamados “uti singuli” são passíveis de determinação, tais 
como telefonia, água e energia elétrica. Nestes casos, tem a aplicação do CDC. 
 No entanto, a matéria não é pacífica e há divergências doutrinárias a 
respeito de quais serviços públicos seriam regulados ou não pelo CDC. 
Para Cavalieri Filho: “os serviços públicos remunerados por tributos 
(impostos, taxas ou contribuições de melhoria) não estão submetidos à 
incidência do CDC, porque trava-se entre o Poder Público e o contribuinte uma 
relação administrativo-tributária, conforme já ressaltado, disciplinada pelas 
regras do Direito Administrativo (segurança pública, saúde pública, educação 
pública etc.)”. 
“Só estão sujeitos às regras do CDC os serviços públicos remunerados por 
tarifa ou preço público” São os serviços “uti singuli”. A relação é individualizada 
(energia elétrica, telefonia, internet, água e esgoto etc.). 
Exemplo de serviços “uti singuli” e que temos a aplicação do CDC: Só irei 
receber energia elétrica se contratar. Só terei água em minha casa, se contratar. 
Só terei transporte público se pagar o valor da passagem (tanto faz ser empresa 
pública de transporte ou empresa privada que presta serviços ao ente público). 
 
13 
 
Neste contexto, é possível a interrupção do fornecimento de energia 
elétrica, por exemplo, caso o consumidor esteja inadimplente? Sim, de acordo 
com o posicionamento mais atual do STJ, é lícito à concessionária interromper o 
fornecimento de energia elétrica, se, após aviso prévio, o consumidor de energia 
elétrica permanecer inadimplente no pagamento da respectiva conta. 
De qualquer forma, é necessário sempre que se pondere com Princípios 
como da Dignidade da Pessoa Humana, miserabilidade etc. 
 
Entendimentos jurisprudenciais: 
• Não ter fins lucrativos não inibe a aplicação do CDC. Instituições filantrópicas, 
esportivas etc., tem incidência do CDC. 
• Universidade privada e comunitária: há relação de consumo. 
• Universidade pública: podemos pensar em “uti universi” e então não há 
aplicação do CDC. 
• Correios – serviço postal – tem aplicação do CDC. 
• Relação entre imobiliária e proprietário: Há relação de consumo, aplicação do 
CDC. 
Não se aplica o CDC: 
• Financiamento estudantil – FIES: Ou seja, tipo de financiamento público. 
• Financiamento Imobiliário – submetido às regras do SFH. (quando há garantia 
do Estado em relação ao saldo devedor. 
• Prestação de serviços advocatícios – 133 CF. 
• Locação de imóveis urbanos (Lei 8.245/91) 
• Dpvat 
• Entre Franqueador e franqueado 
• Condomínio e condôminos 
 
Súmulas importantes: 
Súmula 563 STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades 
abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos 
previdenciários celebrados com entidades fechadas. 
 
14 
 
Súmula 608 STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de 
plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. 
Súmula 297 STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições 
financeiras. 
Súmula 597 STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência 
para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência 
ou de urgência é considerada abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 
horas contado da data da contratação. 
Súmula 302 STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no 
tempo a internação hospitalar do segurado. 
Súmula 609 STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença 
preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à 
contratação ou a demonstração de má-fé do segurado. 
RESUMO 
Produto: Não precisa o caráter remuneração; 
Serviço: Precisa remuneração (direta ou indireta). 
 
2.3. Da política Nacional das relações de consumo 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por 
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o 
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus 
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem 
como a transparência e harmoniadas relações de consumo, 
atendidos os seguintes princípios: 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado 
de consumo; 
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o 
consumidor: 
a) por iniciativa direta; 
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações 
representativas; 
 
15 
 
c) pela presença do Estado no mercado de consumo; 
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados 
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. 
 
 
 
Consagração do Princípio da Confiança 
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de 
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a 
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de 
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem 
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na 
boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; 
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, 
quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do 
mercado de consumo; 
 V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de 
controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim 
como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de 
consumo; 
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados 
no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e 
utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e 
nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos 
aos consumidores; 
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; 
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo. 
 Dentro da Política Nacional das Relações de Consumo temos vários princípios 
que são norteadores do próprio Código de Defesa do Consumidor. Para muitos o 
artigo 4 é um dos artigos mais importantes do CDC, já que estabelece princípios 
e bases, através de NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E DE INTERESSE SOCIAL. O 
 
16 
 
CDC, assim, busca a igualdade material (real), através de uma disciplina voltada 
para o diferente, já que é necessário que se trate desiguais de forma desigual. 
1 – Princípio da Proteção Confiança do Consumidor: O CDC traz a proteção do 
vínculo contratual, do equilíbrio contratual do início até o seu final entre 
consumidor e fornecedor. 
2 – Proteção dos interesses do consumidor: Proteção não somente ao que está 
efetivamente contratado, mas também com relação às suas legítimas 
expectativas. 
3 – Princípio da vulnerabilidade: Está no inciso I, do artigo 4º. É o ponto de 
partida do próprio CDC, que estabelece uma presunção de vulnerabilidade do 
consumidor. Assim, estabelecida a relação de consumo, mediante o binômio 
fornecedor/consumidor, automaticamente o consumidor é tido como o mais 
fraco, o vulnerável, na relação. 
Essa vulnerabilidade pode ser fática, situacional, jurídica, informacional, 
técnica etc. De qualquer sorte, a presunção de vulnerabilidade é verificada em 
abstrato, ou seja, não é necessária a análise do caso concreto. 
Assim, para as pessoas físicas destinatárias finais de produtos e serviços, 
milita presunção de vulnerabilidade na relação de consumo. 
4 – Princípio da boa-fé objetiva: Função de controle e limitação de condutas. 
Seria um patamar de atuação do homem médio, de sua conduta, levando em 
consideração o outro participante da relação contratual. 
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de 
Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, 
entre outros: 
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o 
consumidor carente; 
 
 
Há fundamentação sobre a gratuidade da justiça também no CPC (Artigo 98 
CPC). 
 
17 
 
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, 
no âmbito do Ministério Público; 
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento 
de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; 
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas 
Especializadas para a solução de litígios de consumo; 
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das 
Associações de Defesa do Consumidor. 
 
2.4. Dos direitos básicos do consumidor 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas 
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; 
Vide artigos 8 -10 e 12 e seguintes 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, 
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
Vide artigo 39 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, 
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
Vide artigo 31 e Lei 13.146 (artigo 62). 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou 
impostas no fornecimento de produtos e serviços; 
Vide artigos 36 e seguintes 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
Vide artigo 51 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos; 
 
18 
 
Vide artigo 12 e seguintes 
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou 
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, 
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a 
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
IX - (Vetado); 
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve 
ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. 
 
O artigo 6º somente pode ser usado EM FAVOR do consumidor. O 
fornecedor não pode utilizar o artigo. 6º. 
O consumidor é titular de direitos fundamentais, já que sua própria 
proteção está inserida no artigo 5º da CF. O consumidor foi assim, identificado na 
CF como um sujeito que precisa de especial proteção. 
 O artigo 6º traz inúmeros direitos básicos do consumidor. Segundo a 
doutrina, o rol do artigo é um rol EXEMPLIFICATIVO. 
1 – O inciso I traz a Proteção da Incolumidade física do consumidor: vida, saúde e 
segurança. Tal proteção se consagra pela observância aos princípios da 
SEGURANÇA e PREVENÇÃO. 
2 – Direito à educação para o consumo está no inciso II: Ainda que o consumidor 
seja e sempre será o sujeito vulnerável nas relações de consumo, ele também 
tem direito a ter conhecimento para que possa aumentar seu poder de 
pensamento sobre hábitos e direitos relacionados ao consumo. 
3 – O inciso III traz o Direito à informação e Princípio da Transparência: Como 
reflexo do Princípio da Transparência, há o dever de informar do fornecedor. 
A informação é uma conduta de boa-fé, de comportamento positivo do 
 
19 
 
fornecedor. Direito à informação é um ponto que mitiga a desigualdade, já 
que o consumidor não tem conhecimento da “expertise” do fornecedor. 
O Dever de informar é do fornecedor e o Direito de informação pertence ao 
consumidor. A informação deve estar presente em todos os momentos da 
relação de consumo, seja em fase pré-contratual, seja em fase pós-contratual. 
Exige-se, assim, um comportamento proativo do fornecedor. 
 Para Cavalieri Filho (2019, p. 112) o fornecedor cumpre o dever de informarquando cumpre três requisitos: 
• adequação (meios de informação são compatíveis com os riscos do produto); 
• veracidade e 
• consentimento informado, já que sem informação clara e precisa, não há 
escolha consciente. 
 De qualquer forma, se pergunta até onde se espera que vá o dever de 
informar do fornecedor? O dever de informar deve compreender as informações 
necessárias e suficientes para que o consumidor possa tomar a sua decisão. Fatos 
notórios, assim, não constituem dever de informar. 
MUITO IMPORTANTE: Por falta de informação adequada, o fornecedor por 
responder civilmente pelo “risco inerente” (riscos de um produto tóxico, de uma 
cirurgia médica etc.). 
Regra: Fornecedor não responde por riscos inerentes. 
Exceção: Fornecedor deixa de informar, por exemplo, sobre produtos nocivos e 
perigosos (agrotóxicos, alergênicos etc.) sem que seja advertido o consumidor, 
poderá o fornecedor responder por isso. 
 
Assim, uma cirurgia eletiva, por exemplo, que possa trazer consequências 
para o paciente, traz a obrigação do médico de informar cuidadosamente quais 
seriam as possíveis consequências indesejadas do procedimento. E então, o 
paciente, uma vez consciente e informado, concorda na celebração do contrato 
ou não. 
 
20 
 
4 – O inciso IV, na sua primeira parte, trata sobre controle da publicidade. Temos 
aqui o direito básico de proteção contra a publicidade enganosa e/ou abusiva. 
 Importa lembrar que o CDC obriga o fornecedor que fizer a publicidade de 
produtos e serviços, desde que seja suficientemente precisa, a se VEICULAR ao 
que foi ofertado, fazendo parte do contrato eventualmente celebrado. 
PROMETEU → PRECISA CUMPRIR 
Importante que o controle da publicidade é externo e posterior, através do 
Código de Autorregulamentação publicitária. 
5 – Proteção contra práticas e cláusulas abusivas estão na segunda parte do 
inciso IV: “Práticas abusivas” é uma expressão genérica e tudo que vá contra os 
princípios do CDC. 
 Um exemplo dado pela doutrina é o consumidor que receber cartão de 
crédito em casa, sem que tenha solicitado. Não há necessidade de dano ao 
consumidor. O simples fato do envio já é prática abusiva. 
Súmula 532 STJ: Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de 
crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato 
ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa. 
 Nos artigos 39, 40 e 41 há exemplos de práticas abusivas, mas que não são 
exaustivas e sim exemplificativas. 
 Além disso, havendo CLÁUSULAS ABUSIVAS, elas são nulas de pleno 
direito, conforme artigo 51 do CDC: “São nulas de pleno direito, entre outras, as 
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que...” 
 
6 – O inciso V trata de um tema muito importante: a possibilidade de ser 
revisadas cláusulas contratuais: “V - a modificação das cláusulas contratuais 
que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de 
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;” 
 Temos no inciso V duas formas de possíveis modificações/revisão de um 
contrato: 
 
21 
 
A – Lesão: no momento da celebração temos o desequilíbrio. A lesão estará 
configurada pelo simples fato de haver desequilíbrio. OU 
B – Causa superveniente: Após a celebração temos o desequilíbrio, tornando o 
contrato excessivamente oneroso para o consumidor. Esta possibilidade 
somente tem lugar nos chamados contratos de execução continuada, de trato 
sucessivo ou de execução diferida. 
Exemplo de causa superveniente: acontecimento político, econômico etc. Não 
pode ser visto algo individual. 
 Na causa superveniente entende a doutrina (ainda que não seja pacífico) 
que a posição adotada pelo CDC foi a Teoria da Quebra da Base Objetiva do 
Negócio em que se procura olhar as razões pelas quais celebraram o contrato: 
moeda estável, juros baixos, fornecimento de insumos frequentes, etc. Para que 
haja sua aplicação, se questiona o passado. Se uma destas bases é modificada, 
um dos pilares pelo qual se fez o contrato mudou, então estaria autorizada a 
modificação de cláusula. A teoria da base objetiva do negócio não solicita a 
imprevisão. 
 Importante lembrar que o CDC não traz como requisito a imprevisão. O fato 
superveniente não precisa ser imprevisível para o CDC. E, além disso, segundo o 
artigo 51, parágrafo 2º, se tenta a manutenção do contrato. Importante verificar 
que o consumidor pode pedir a decretação de nulidade (artigo 51) ou então 
revisão ou modificação da cláusula com base no artigo 6º, V. 
 
7 – O inciso VI trata sobre a efetiva prevenção e reparação de danos para o 
consumidor. 
• Moderno sistema de responsabilidade civil, fundamentada em: 
• Princípios da prevenção: (arts. 8º, 9º e 10 do CDC); 
• Princípios da informação (arts. 8º, 9º, 10, 12 e 14 do CDC); 
• Princípio da segurança (arts. 12, § 1º, e 14, § 1º, do CDC); 
• A indenização integral com reparação em danos materiais e morais, 
individuais, coletivos e difusos (art. 81, parágrafo único, I, II e III, do CDC). 
 
22 
 
 
8 – Acesso à justiça e à administração, conforme inciso VII. Também consagrado 
no artigo 5 º como, por exemplo, a manutenção de assistência jurídica gratuita 
para o consumidor hipossuficiente. 
 
9 – Extremamente importante é a possibilidade de inversão de ônus da prova, 
conforme o inciso VIII. 
 A inversão do ônus da prova pode ser dar em decorrência da lei (artigos 12, 
parágrafo terceiro, 14, parágrafo terceiro e artigo 38) ou então em decorrência de 
uma determinação do juiz (artigo 6 º, VIII). 
 
A) Inversão de ônus de prova judicial: Artigo 6, VIII. 
→ Segundo STJ, o momento de inversão é no saneamento (artigo 357 do CPC e 
tal ato do julgador é uma decisão). 
Assim, por exemplo, para vício, teremos a inversão do juiz, uma vez 
configurados os requisitos. 
Fica a critério do juiz, portanto durante um processo, a inversão do ônus da 
prova, sempre em favor do consumidor. 
Requisitos: alegação do consumidor é verossímil OU quando for 
hipossuficiente. 
 
B) Inversão legal: Artigos 12 § 3°, 14 § 3° e 38. 
→ Na inversão legal, independe o momento, já que mesmo antes da formação de 
um processo, o fornecedor já sabe de sua obrigação, por foça de lei. 
 
IMPORTANTE: Quando há inversão do ônus da prova, não se quer dizer que o 
consumidor não deve provar o ocorrido. Ele está dispensado de provar o próprio 
defeito do produto ou serviço, mas não está dispensando de provar que ocorreu 
o acidente de consumo, por exemplo, ou então os danos causados. 
 
 
23 
 
10 – Direito à prestação adequada e eficaz dos serviços públicos em geral, 
conforme inciso X. 
 Para a doutrina, o CDC incide sobre os chamados serviços públicos 
impróprios, que são remunerados por tarifas ou preços públicos, tais como água, 
energia elétrica, telefonia etc. 
 
Obs.: Artigo 22: “Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, 
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de 
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, 
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de 
descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as 
pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na 
forma prevista neste código.” 
 
2.5. Da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço ou 
responsabilidade por acidente de consumo (Artigos 12 a 17, CDC) 
Temos: 
* Para todos verem: esquema abaixo. 
 
 
Pontos importantes com relação a responsabilidade civil no CDC: 
• Ação direta do consumidor contra o fornecedor; 
• Não se fala aqui em responsabilidade contratual e extracontratual; 
• Regra de responsabilidade objetiva, exceto a dos profissionais liberais, que é a 
responsabilidade subjetiva, por força do parágrafo quarto do artigo 14. 
Responsabilidade 
pelo fato do 
produto: 
Artigos 12, 13 
e 17
Responsabilidadepelo fato do 
serviço: 
Artigos 14 e 17
Responsabilidade 
pelo vício do 
produto: 
Artigos 18 - 19
Responsabilidade 
pelo vício do 
serviço: 
Artigos 20 - 21
 
24 
 
• Havendo a ideia de danos (materiais, morais etc.) teremos o fato, que o 
legislador chama de DEFEITO. 
• Havendo a ideia de substituição, conserto, temos a ideia de VÍCIO. 
 O CDC traz a aplicação da teoria do risco do empreendimento, na qual todo 
o fornecedor deve responder por eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços 
fornecidos. A responsabilidade do CDC é dividida em: 
1 - Responsabilidade por fato de produto ou serviço (defeitos de segurança); 
2 - Vício de produto e serviço (vícios por inadequação). 
 Os artigos 12 até 17 tratam sobre FATO DE PRODUTO/SERVIÇO. A palavra 
utilizada é DEFEITO. No fato o defeito é tão grave que provoca um acidente de 
consumo. 
Exemplo: 
João compra um ferro de passar. O ferro explode, mas ninguém fica ferido. 
Temos vício do produto. Se alguém fica ferido, temos fato do produto. Encanador 
contratado para conserto em casa. O serviço não resolve o problema. Temos vício 
de serviço. O serviço prestado faz com que um cano exploda e cause danos na 
casa. Temos fato de serviço. 
Se o problema permanece dentro dos limites do produto, há vício. Se 
romper suas esferas, há fato. 
 Está no artigo 12 do CDC o fato de produto e no artigo 14 do CDC o fato de 
serviço. 
 Em ambas é necessário que se prove dano + atividade (conduta 
antijurídica) e nexo causal (responsabilidade objetiva, com exceção do parágrafo 
quarto, artigo 14, que traz a responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais). 
 
2.5.1. Fato do produto: SEGURANÇA – DEFEITO: Artigos 12, 13 e 17. 
 Acontecimento que causa dano material ou moral ao consumidor, mas 
que decorre de um DEFEITO DE PRODUTO. Aqui temos o FATO GERADOR da 
responsabilidade do fornecedor é o DEFEITO DO PRODUTO. 
 
25 
 
Artigo 12: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e 
o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de 
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequados sobre sua utilização e riscos.” 
 O DEFEITO pode ser de criação (projeto) de produção (montagem, 
fabricação) e de comercialização (informações inadequadas). 
 O que seria o DEFEITO? O primeiro parágrafo do artigo 12 nos informa: “o 
produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente 
se espera”. 
Assim se espera que os fornecedores mitiguem os riscos dos produtos 
postos em circulação. Quanto maior for o risco criado pela atividade empresarial, 
maior será o dever de segurança do fornecedor. 
SEGURANÇA: conformidade com uma expectativa legítima + capacidade 
de (não) causar acidente de consumo. 
 
Obs.: É certo que não há produto 100% seguro, por isso que a ideia de 
segurança é uma ideia dentro do razoável. Um shampoo que vai aos olhos, se 
espera que não vá causar um dano ao olho. Um bicho de pelúcia que é colocado 
na boca, se espera que não vá intoxicar. Um carro que não tenha sistema de freios 
ABS terá que ainda assim funcionar e frear. 
 
MUITO IMPORTANTE! 
O fato de o fornecedor ter atentado aos padrões mínimos, estabelecidos 
pelo Poder Público, afasta o dever de indenizar? Não, já que o dever de segurança 
é do fornecedor e não do poder público. Assim, produtos e serviços podem ser 
considerados defeituosos, ainda que estejam em conformidade com os padrões 
estabelecidos pelo Poder Público. 
 
26 
 
A responsabilidade do fornecedor, é objetiva, contudo, não é absoluta, e é 
necessário que o consumidor demonstre o nexo causal entre causa e efeito. Não 
se exige prova do defeito e sim apenas prova do acidente de consumo. 
 
 
Perigosidade inerente e perigosidade adquirida 
A) Risco inerente: 
Alguns produtos possuem intrinsicamente riscos (agrotóxicos, 
medicamentos, armas...). Caso sigam as normas técnicas, ou seja, é um caso de 
risco permitido, não há violação à lei. Como regra, o fornecedor não responde 
pelos danos que decorrem do risco inerente. Contudo, tais riscos geram um 
dever “extra” de informar, como conta no artigo 9: “O fornecedor de produtos e 
serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá 
informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou 
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso 
concreto.” 
FORNECEDOR NÃO RESPONDE POR RISCOS INERENTES (REGRA) -> HÁ 
PRODUTOS/SERVIÇOS QUE SÃO NATURALMENTE PERIGOSOS ->GERA DEVER 
EXTRA DE INFORMAR 
*O que ocorre se o fornecedor de produtos/serviços com risco inerente não 
prestar informações adequadas? Poderá responder por defeito de informação -> 
FATO. 
 Se um fornecedor de produtos/serviços com risco inerente não prestar 
informações adequadas e suficientes poderemos ter a responsabilidade, por 
DEFEITO DE INFORMAÇÃO. Se o produto é potencialmente nocivo ou perigoso 
(risco inerente) o fornecedor tem o dever de informar sobre a nocividade e 
periculosidade. 
 Exemplo: fornecedores devem indicar na bula todos os conhecidos efeitos 
colaterais 
B) Risco adquirido: 
 
27 
 
Produtos e serviços tornam-se perigoso em decorrência de defeito. Há 
imprevisibilidade e anormalidade. Há violação à lei. 
→ Quem são os responsáveis por fato de produto? Como regra será o fabricante, 
produtor, construtor e importador (artigo12, “caput”). 
Regra: Eles serão responsáveis (fabricante, produtor, construtor e 
importador) 
Exceção: Não serão responsabilizados se provarem: 
§ 3°, artigo 13: “O fabricante, o construtor, o produtor ou importador 
só não será responsabilizado quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito 
inexiste; 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros* 
→ E o comerciante? 
IMPORTANTE: O comerciante possui responsabilidade quando se fala de 
fato de produto: 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do 
artigo anterior, quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não 
puderem ser identificados; 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, 
produtor, construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis 
[...] 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado 
poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, 
segundo sua participação na causação do evento danoso. 
 
PRAZO PRESCRICIONAL: 5 anos, a contar do conhecimento do dano e da 
autoria (Artigo 27). 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da 
 
28 
 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou 
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que 
dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi colocado em circulação. 
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de 
melhor qualidade ter sido colocado no mercado. 
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito 
inexiste; 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. 
Art.13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do 
artigo anterior, quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não 
puderem ser identificados; 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, 
produtor, construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado 
poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, 
segundo sua participação na causação do evento danoso. 
2.5.2. Fato de serviço (Artigos 14 e 17, CDC). 
Consoante o “caput” do artigo 14: “O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados 
aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” 
 
29 
 
Também aqui temos como fundamento o dever de segurança e com 
responsabilidade objetiva. 
O que seria serviço defeituoso, que trará um fato de serviço? O primeiro 
parágrafo do artigo 14 nos responde: 
“O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor 
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, 
entre as quais: 
I - o modo de seu fornecimento; 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi fornecido.” 
Também já nos fala o parágrafo segundo do artigo 14 que o serviço não é 
considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
Em decorrência da dificuldade em se saber quem são os eventuais agentes 
da cadeia de fornecimento, o CDC fala em fornecedor. Assim, todos os 
participantes da cadeia de serviços são fornecedores e poderão responder para 
com o consumidor. Além disso, todos respondem de forma solidária (sendo 
posição dominante, mas não unânime). 
 
Jurisprudência: Segundo a orientação jurisprudencial desta Corte Superior, o art. 
14 do CDC estabelece regra de responsabilidade solidária entre os fornecedores 
de uma mesma cadeia de serviços, razão pela qual as ‘bandeiras’/marcas de 
cartão de crédito respondem solidariamente com os bancos e as 
administradoras de cartão de crédito pelos danos decorrentes da má prestação 
de serviços” (REsp nº 596.236/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 3/2/2015). 
Exemplos de fato de serviço: 
• Cobrança indevida de um serviço que causa dano moral; 
• Danos causados por hospitais (não tem medicação, instrumentos 
cirúrgicos na hora de fazer a cirurgia); 
 
30 
 
• Transporte de pessoas; 
• Falha no dever de informar quando vende passagens aéreas (não informar 
sobre a necessidade visto, por exemplo); 
• Tratamento indigno ao embarque de cadeirante. 
• Danos materiais/morais/estéticos decorrentes de falhas no fornecimento 
de energia (Concessionária de energia elétrica – relação de consumo). 
No artigo 14, parágrafo terceiro temos a inversão legal do ônus da prova, já 
que o fornecedor responde, como regra. Ele somente não irá responder se provar 
que: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do 
consumidor ou de terceiros*. Exemplo: consumidor que toma muita medicação. 
DEBATE DOUTRINÁRIO: Para Cavalieri Filho, o fortuito interno e externo seria 
igual ao CC, ou seja, se for fortuito externo, rompe o nexo causal e, assim, não 
haveria responsabilidade. Há julgado do STJ que diz que chuva de granizo em 
estacionamento seria caso fortuito externo e, então não haveria 
responsabilização. No entanto, é necessário haver a comparação com o risco do 
empreendimento (segundo Tartuce) e então pensarmos em fortuito interno e 
fortuito externo. 
Responsabilidade dos profissionais liberais: 
No § 4º do seu art. 14: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais 
será apurada mediante a verificação de culpa.” Seria aquele que exerce uma 
profissão com autonomia, sem subordinação. Seria o médico, engenheiro, 
eletricista, pintor etc. 
IMPORTANTE: 
Obrigação de meio: médico: responsabilidade subjetiva. 
Obrigação de resultado: médico cirurgião plástico/estético. A responsabilidade 
continua sendo subjetiva, mas com culpa presumida do médico. 
 
 
 
 
31 
 
JURISPRUDÊNCIA: 
• Não há relação de consumo entre o médico e o fornecedor de equipamento-
hospitalar que o médico irá utilizar. 
• Hospital responde objetivamente por atos próprios 
• Hospital responde solidariamente por ato médico a ele vinculado mediante 
prova de culpa médica (ônus pode ser revertido) 
• Médico responde mediante prova da culpa. 
 
Consumidor por equiparação: 
 Consoante o artigo 17, todas as vítimas do acidente de consumo são 
consideradas consumidoras. 
Exemplo: avião que transportava malotes para o destinatário final 
(Companhia aérea fornecedora e destinatário final consumidor) e cai em cima de 
uma casa. Relação de consumo e aplicação do CDC. 
 
Direito de Regresso: 
 Quem paga a indenização, se não for o único causador do dano, poderá 
demandar regresso contra os demais responsáveis. Consequência da 
solidariedade passiva. Lembrando que o artigo 88 do CDC veda a denunciação 
da lide. 
Obs.: Prazo prescricional: 5 anos (artigo 27 do CDC). 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos. 
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o 
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - o modo de seu fornecimento; 
 
32 
 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi fornecido. 
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas 
técnicas. 
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando 
provar: 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. 
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação de culpa. 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento. 
 
2.6. Da responsabilidade por vício do produto e do serviço (Artigos 18 a 25, 
CDC) 
 Se a palavra para acidente de consumo é DEFEITO, aqui a palavra 
necessária é VÍCIO. A doutrina argumenta que DEFEITO seria um vício maior e a 
seção III, que trata sobre responsabilidade por vício, seria um vício menor. A 
responsabilidade aqui trata sobre tal vício e não sobre os danos causados pelo 
produto/defeito (seria então FATO de produto/serviço). 
 Da mesma forma que o fato de produto/serviço, a responsabilidade é 
objetiva. 
 Os vícios do CDC podem ser: ocultos ou aparentes. Não importa se o vício 
é anterior, posterior, oculto etc. Também entende a doutrina que não se fala em 
responsabilização por outros danos materiais, além do valor da coisa. Assim, 
quando se fala em VÍCIO não se pode pedir além do prejuízo com o 
produto/serviço. 
Exemplo: Foi em show artístico e não ocorreu. TEMOS Vício. Foi em show 
artístico e houve briga, foram arremessadas garrafas, e alguém se machucou. 
Temos fato. 
 
 
33 
 
ESPÉCIES DE VÍCIO 
 
2.6.1. Vício de produto (Artigos 18 e 19, CDC). 
O artigo 18 consagra 2 tipos: qualidade e quantidade. 
 
A) Vício de qualidade do produto: “impróprios ao consumo a que se destinam 
ou lhes diminuam o valor, assim como aqueles decorrentes da disparidade, com 
as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária”. No parágrafo sexto, há alguns exemplos do que seria 
vício de qualidade. 
No caso de vício de qualidade de produto, quais seriam as soluções? 
Em caso de vício de qualidade do produto o consumidor poderá: 
• Fornecedor terá prazo de 30 dias parasanar o vício. Este prazo é para sanar, 
quando for possível sanar. Por exemplo, uma troca de peça etc. Não refazer 
todo o bem. 
• Caso não seja sanado, poderá o consumidor exigir, a sua escolha: 
• Substituição do produto por outro da mesma espécie OU 
• Restituição da quantia paga (atualizada) podendo também pedir perdas e 
danos*; OU 
• Abatimento proporcional do preço. 
 
A doutrina recomenda que o consumidor exija, por escrito, que o defeito 
seja sanado (para fins de comprovação de prazo). O consumidor somente poderá 
pleitear as demais opções, depois de feita a exigência ao fornecedor e ela não ter 
sido cumprida. 
 Importa também dizer que o fornecedor somente tem UMA possibilidade 
de correção do vício, que são os 30 dias dados pela lei. Tal prazo é decadencial. Se 
neste interregno o produto “foi e voltou” várias vezes, não há a suspensão do 
prazo, ele está correndo desde a primeira vez. 
 
 
34 
 
Consumidor reclamou → Fornecedor tem 30 dias → Não ficou bom dentro 
deste prazo, já temos as outras possibilidades do consumidor. 
Exemplo: Consumidor reclamou no dia 18.09. Tem o fornecedor até 18.10 
para arrumar. Apareceu problema de novo no dia 10.10. Bom, tem até o dia 18.10. 
Lembrando que são dias corridos. 
 
 
Há caso, no entanto, em que se pode fazer uso das opções do parágrafo 
primeiro: 
Artigo 18 § 3°: O consumidor poderá fazer uso imediato das 
alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão 
do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a 
qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se 
tratar de produto essencial. 
 Tal prazo também pode ser alterado: Poderão as partes convencionar a 
redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser 
inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a 
cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de 
manifestação expressa do consumidor. 
 
B) Vício de quantidade do produto: São aqueles decorrentes da disparidade 
com as indicações da embalagem, da mensagem publicitária. Tais vícios estão 
no artigo 19: “Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de 
quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua 
natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do 
recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária.” 
Não há prazo de 30 dias, trocando etc., como tem no vício de qualidade de 
produto. 
Exemplo: Paguei por 1kg de arroz e veio menos. 
Em caso de vicio de quantidade o consumidor poderá exigir: 
 
35 
 
• abatimento proporcional do preço; 
• complementação do peso ou medida; 
• substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo; 
• restituição imediata da quantia paga, sem prejuízo de perdas e danos. 
O parágrafo sexto traz uma lista exemplificativa de quais seriam vícios de 
produto. 
2.6.2. Vício de serviço (Artigos 20 e 21, CDC). 
 O artigo 20 fala sobre vício de serviço, que também pode ser de qualidade 
e de quantidade. Não há prazo de 30 dias também (há prazo de 30 dias no vício 
de qualidade de PRODUTO). 
A) Vício de serviço de qualidade: Tornam o serviço impróprio ao consumo ou 
lhe diminuem o valor. 
Quais seriam as soluções? 
• A reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
• Vide parágrafo primeiro que permite que o fornecedor, por sua conta e 
risco, traga outra pessoa para realizar o serviço. 
• A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos; 
• O abatimento proporcional do preço. 
• Observe que não há prazo para que o fornecedor corrija o vício, como 
ocorre no vício de qualidade de produto, podendo o consumidor já exigir 
algumas da alternativas que a lei garante. 
B) Vício de serviço de quantidade: Está na segunda parte do artigo 20: “aqueles 
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou 
mensagem publicitária.” 
Quais seriam as soluções? As mesmas que os vícios de qualidade: 
• A reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
• A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos; 
• O abatimento proporcional do preço. 
 
36 
 
Exemplo: mecânico que arruma o carro, mas não fica bom. 
RESUMO: 
* Para todos verem: esquema abaixo. 
 
Regra: FORNECEDORES SÃO SOLIDÁRIOS POR VÍCIO DE PRODUTO, POR 
VÍCIO DE SERVIÇO E POR FATO DE SERVIÇO. 
 
Exceção: Não teremos solidariedade no: 
Fato de produto (artigos 12 ,13 e 17). A responsabilidade será do fabricante 
ou de quem o substitua nesse papel. O comerciante terá responsabilidade 
subsidiária. 
Artigo 18 § 5°: Produto “in natura”. Não houve industrialização. Então o 
responsável será o fornecedor imediato (exceto quanto identificado claramente 
o produtor). “No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável 
perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado 
claramente seu produtor”. 
Artigo 19 § 2°: Responde somente o fornecedor imediato (balança fora de 
padrões técnicos, por exemplo). “§ 2° O fornecedor imediato será responsável 
quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver 
aferido segundo os padrões oficiais.” 
Responsabilidade 
por fato do 
produto: 
Primeiro o fabricante e 
depois o comerciante. 
Responsabilidade 
por fato de 
serviço: 
Há solidariedade entre 
todos os envolvidos na 
situação. 
Responsabilidade 
por vícios do 
produto: 
Solidariedade entre 
fabricante e comerciante
Responsabilidade 
por vício do 
serviço: 
Há solidariedade entre 
todos os envolvidos na 
prestação.
 
37 
 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou 
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao 
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como 
por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de 
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das 
partes viciadas. 
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode 
o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em 
perfeitas condições de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do 
prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete 
nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a 
cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio 
de manifestação expressa do consumidor. 
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 
1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a 
substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade 
ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de 
produto essencial. 
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° 
deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá 
haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, 
mediante complementação ou restituição de eventual diferença de 
preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. 
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será 
responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto 
quando identificado claramente seu produtor. 
 
38 
 
§ 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos 
de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, 
alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, 
fraudados,nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles 
em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, 
distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer 
motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. 
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de 
quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações 
decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
I - o abatimento proporcional do preço; 
II - complementação do peso ou medida; 
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca 
ou modelo, sem os aludidos vícios; 
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior. 
§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a 
pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido 
segundo os padrões oficiais. 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de 
qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes 
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da 
disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem 
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua 
escolha: 
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros 
devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. 
 
39 
 
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para 
os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles 
que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. 
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a 
reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a 
obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição 
originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações 
técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização 
em contrário do consumidor. 
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, 
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de 
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, 
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, 
das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas 
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma 
prevista neste código. 
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por 
inadequação dos produtos e serviços não o exime de 
responsabilidade. 
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço 
independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do 
fornecedor. 
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que 
impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista 
nesta e nas seções anteriores. 
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos 
responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas 
seções anteriores. 
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada 
ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, 
construtor ou importador e o que realizou a incorporação. 
 
 
 
 
40 
 
2.7. Da decadência e da prescrição: Artigos 26 e 27. 
 
2.7.1. Prazos para reclamar VÍCIOS de produto (quantidade ou qualidade) ou 
serviço (quantidade ou qualidade): 
 Os prazos são decadenciais (artigo 26). 
* Para todos verem: esquema abaixo. 
 
 
 A partir de quando começa a contar os prazos? 
Vício aparente: tradição – entrega do bem ao consumidor (tanto de bem durável 
quanto não durável) 
Vício oculto: A partir do momento em que ficar evidenciado o problema. 
Naquele dia (barulho no motor do carro, por exemplo) começaria o prazo de 90 
dias para reclamar contra o fornecedor. 
 
Importante dizer que o CDC não traz quais seriam os prazos de garantia 
para bens duráveis ou não duráveis. Ele traz prazos para reclamação (30 dias ou 
90 dias). Garantia legal é um dever de adequação, que sempre existe. É um dever 
inerente. Independentemente de ter uma garantia contratual ou não, sempre 
teremos uma garantia legal. É o que fala o artigo 24: 
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe 
de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor. 
Importa ressaltar que também temos a garantia contratual, que é uma 
liberalidade, dada pelo fornecedor: 
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será 
conferida mediante termo escrito. 
Fornecimento 
de produtos 
não duráveis
30 
dias Produtos 
duráveis
90 
dias
 
41 
 
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser 
padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a 
mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode 
ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe 
entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do 
fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação 
e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações. 
 
Os prazos de decadência podem ser obstados: 
Obstam a decadência: 
A) A reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que 
deve ser transmitida de forma inequívoca. 
Exemplo: 06/11 – recebeu o produto, uma televisão, e nesta data, aparece o 
defeito e já reclama no mesmo dia: 06/11. Vicio aparente/90 dias. Peça não 
funciona. 
Do dia 06/11, terá o fornecedor até o dia 06/12 para sanar o vício. Caso 
sanado, ótimo! 
Digamos que há resposta negativa do fornecedor (alegação de mau uso 
pelo consumidor) no dia 16/11. Da resposta negativa, começa a contar o prazo para 
que o consumidor possa ajuizar a ação. Qual é o prazo? 90 dias. E se o 
fornecedor nunca respondeu? Então o prazo continua parado. E poderá ajuizar 
a ação o consumidor. 
2 – A instauração do inquérito civil. 
Obs: CRITÉRIO DE VIDA ÚTIL 
Importa dizer que o STJ entende que o fornecedor não irá ficar para sempre 
responsável. Deve ser levado em conta o critério de “vida útil” do bem, mesmo 
que ultrapassado prazo de garantia contratual. Assim, por exemplo, caso o prazo 
de garantia contratual de um fogão seja de 1 ano e, passados 14 meses, o fogão 
estraga, apresentando vício, teremos então que no momento da evidência do 
vício, começa o prazo de 90 dias para reclamação. Isso porque, um fogão tem 
 
42 
 
vida útil maior do que somente 14 meses. Não se poderia fazer tal pedido depois 
de 10 anos, por exemplo, de uso do fogão. 
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil 
constatação caduca em: 
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos 
não duráveis; 
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de 
produtos duráveis. 
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega 
efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. 
§ 2° Obstam a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor 
perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa 
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; 
II - (Vetado). 
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no 
momento em que ficar evidenciado o defeito. 
 
 
2.7.2. Prazo para ação em caso de fato de produto ou de serviço. 
 O prazo de 5 anos obedece a teoria do “actio nata” que informa que o prazo 
começa acontar não da ocorrência do fato e sim a partir da ciência do dano e 
sua autoria. 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos 
danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção 
II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do 
conhecimento do dano e de sua autoria. 
 
A) Desconsideração da personalidade jurídica 
Não necessita os requisitos do artigo 50 do CC. Com base no parágrafo 
quinto, é possível desconsiderar por muito pouco. Esta é a teoria menor. Um 
 
43 
 
exemplo seria que o fornecedor está insolvente. Então já teríamos a possiblidade 
de desconsideração. A maneira está no CPC. A teoria menor basta a constatação 
de insolvência do fornecedor. 
Hipóteses: 
• Abuso de direito 
• Excesso de poder (seria um desvio de finalidade) 
• Infração da lei ou prática de ato ilícito. 
• Violação dos estatutos ou do contrato social 
• Má administração (que leva para a falência, estado de insolvência, 
encerramento ou inatividade) 
• Quando for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos 
consumidores 
 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da 
sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso 
de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou 
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração 
também será efetivada quando houver falência, estado de 
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica 
provocados por má administração. 
§ 1° (Vetado). 
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as 
sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas 
obrigações decorrentes deste código. 
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis 
pelas obrigações decorrentes deste código. 
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre 
que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
 
44 
 
3. DAS PRÁTICAS COMERCIAIS 
3.1. Da oferta (Artigos 30 a 35, CDC). 
 Como elementos formadores de um contrato temos: oferta e aceitação. A 
oferta está na chamada fase pré-contratual, já que não há contrato enquanto não 
houver aceitação. No Código Civil, a oferta é chamada de proposta (artigo 427 do 
CC). 
 No CDC a oferta não é personalizada e específica, como ocorre no CC. Pelo 
contrário, ela também é feita através de meios de massa, como publicidade, 
exposição de mercadorias em sites de internet, vitrines etc. 
 A oferta, seria sinônimo de MARKETING, já que significa quaisquer meios, 
métodos, técnicas que aproximam o consumidor de produtos e serviços do 
fornecedor. Quando um destes meio for suficiente preciso, poderá ser então uma 
oferta VINCULANTE. 
 O artigo 30 conceitua a oferta como: “Toda informação ou publicidade, 
suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação 
com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o 
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a 
ser celebrado.” 
 A oferta deve assegurar informações corretas, claras em língua portuguesa 
sobre suas características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, 
prazo de validade bem sobre os riscos que apresentem à segurança e saúde dos 
consumidores (Artigo 31). Assim, a oferta é pautada na transparência e a 
aceitação do consumidor é fundada na confiança. 
 
A) Princípio da vinculação: oferta integra o contrato. 
Um ponto muito importante é que a oferta integra o contrato. O artigo 35 
também fala sobre o caso de o fornecedor não cumprir a oferta: 
“Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, 
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua 
livre escolha: 
 
45 
 
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, 
apresentação ou publicidade; 
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; 
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente 
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.” 
→ A ação cabível seria a do artigo 84 do CDC, além doas ações de obrigação de 
fazer ou dar do CPC. 
Ainda sobre a oferta: 
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta 
de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a 
fabricação ou importação do produto. 
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta 
deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da 
lei. 
Exemplo de responsabilidade pós-contratual. 
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso 
postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na 
embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na 
transação comercial. 
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por 
telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a 
origina. 
Não daria para o consumidor ligar, estar pagando e ficar ouvindo 
publicidade. 
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente 
responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes 
autônomos. 
Mais um caso sobre solidariedade. 
Está na sequência da oferta. Assim, se o preposto oferece algo 
por determinado valor, determinado produto/serviço, o 
fornecedor deverá responder de forma solidária. Exemplo: 
 
46 
 
seguradora responde por oferta do segurado. Franqueado 
(Burger King) e franqueador com relação à oferta. 
É utilizada aqui a teoria da aparência (STJ). 
 
RESUMO - CARACTERÍSTICAS DA OFERTA: 
→ SERIEDADE e COMPLETA 
No CDC, no entanto, a exigência de oferta completa (com todos os 
requisitos necessários, tais como preço, coisa etc.) vem sendo flexibilizado. 
No entanto, sempre deve ser observada a boa-fé. 
 
REGRA: O fornecedor precisa cumprir a oferta 
EXCEÇÃO: Caso o fornecedor não cumprir, poderá o consumidor escolher: exigir 
o cumprimento da obrigação, aceitar outro produto ou serviço ou resolver o 
contrato. 
 
3.2. Da Publicidade (Artigos 36 a 38, CDC). 
3.2.1. Proteção contratual do consumidor – fase pré-contratual. 
Um ponto extremamente importante do CDC e que serve de exemplo 
como fase “pré-contratual” é, exatamente, a PUBLICIDADE. O principal objetivo 
da publicidade é informar o consumidor sobre produtos e serviços disponíveis no 
mercado de consumo. 
A proteção do consumidor, com relação à publicidade, está nos artigos 36 
até 38 do CDC. O CDC não proíbe, obviamente a publicidade, mas protege o 
consumidor de publicidades enganosas e/ou abusivas. 
 Algumas doutrinas diferenciam a publicidade promocional da publicidade 
institucional. Ambas estariam tuteladas pelo CDC. 
PROMOCIONAL: promoção de produtos e serviços no mercado de consumo 
INSTITUCIONAL: promoção de uma marca ou certa empresa. 
 
 
47 
 
Obs.: Publicidade e propaganda não são sinônimas. Publicidade tem objeto 
comercial para anunciar bens no mercado de consumo. Propaganda tem fio 
ideológico, com objetivo de propagar teorias, ideias, políticas etc. 
 
3.2.2. Princípios que norteiam a Publicidade 
1 – Princípio da Identificação, no artigo 36: 
“A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e 
imediatamente, a identifique como tal”. 
 Estariam proibidas, assim, a publicidade clandestina, subliminar. 
Exemplos seriam: publicidades disfarçadas de reportagem, “merchandising” em 
novelas, programas etc., sem se afirmar e demonstrar que é prática de 
“merchandising”. O consumidor precisa saber que está recebendo uma 
mensagem publicitária. 
2 – Princípio da Vinculação contratual da Publicidade: 
Está no artigo 30 do CDC, na parte que trata sobre oferta: “Toda informação 
ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio 
de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, 
obriga

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