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MEDCURSO 2021 HÉRNIAS DE PAREDE ABDOMINAL UMBILICAL Defeito no fechamento do anel umbilical. CRIANÇA Etiologia Defeito congênito! Tende ao fechamento espontâneo até 2 anos de idade. Tratamento Conservador: aguardar fechamento espontâneo até 2 anos (mais comum) ou 4-6 anos (corte). Cirurgia: indicar se • Concomitante à hérnia inguinal • > 2 cm • Associada à derivação ventrículo-peritoneal (para evitar complicações) • Não fechamento espontâneo com 4-6 anos ADULTO Etiologia Defeito adquirido! Os fatores de risco estão relacionados ao aumento de pressão intra-abdominal, como gestação, ascite, entre outros. É mais comum em mulheres. Tratamento Conservador à priori! Cirurgia: indicar se • Sintomático, ou • Ascite volumosa. EPIGÁSTRICA Hérnia formada na linha alba entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide. Tratamento Cirúrgico: descolamento do saco herniário → reposicionamento da hérnia → fecha ou põe uma tela. INCISIONAL Hérnia formada em região de cicatriz cirúrgica prévia. Etiopatogenia Ocorre por deiscência da sutura da camada musculo-aponeurótica, mantendo pele e subcutâneo íntegros (que evita a evisceração). São fatores de risco: • Técnica de fechamento incorreta. • Infecção do sítio cirúrgico, hematoma, seroma. • Má cicatrização: Desnutrição, idade avançada, corticoide. • Aumento de pressão intra-abdominal, obesidade. SPIEGEL Hérnia que se forma entre a borda lateral do músculo reto abdominal e a linha Spiegel (semilunar). Forma-se, geralmente, sobre ou abaixo da linha arqueada de Douglas. Diagnóstico Geralmente é interparietal. Deve-se avaliar imagem para o diagnóstico, como tomografia. LOMBAR Hérnias formadas nos triângulos lombares superior ou inferior. • Superior: triângulo de Grynfelt (abaixo da 12ª costela) • Inferior: triângulo de Petit (acima da crista ilíaca) ANATOMIA DA VIRILHA A composição do canal inguinal é feita por: • Parede posterior: fáscia transversalis, músculo transverso e músculo oblíquo interno do abdome (em algumas referências, apenas fáscia transversalis). • Anel inguinal interno: início do canal inguinal. • Canal femoral: orifício “duplo”. • Parede anterior: aponeurose do músculo oblíquo externo. ✓ Anel inguinal externo (final do canal inguinal) – 2 orifícios. ✓ Ligamento inguinal (Poupart). Estruturas do anel inguinal: • Homem: funículo espermático (músculo cremaster, veias deferentes, plexo pampiniforme...) Na migração do testículo intra-abdominal para a localização escrotal, ocorre uma evaginação peritoneal denominado conduto peritôneo-vaginal. Esse conduto, em condições fisiológicas, estará obliterado com o passar do tempo. • Mulher: ligamento redondo do útero. HÉRNIA INGUINAL INDIRETA DIRETA Mais comum em qualquer grupo! Anuncia-se através do canal inguinal INterno. Causa: defeito congênito (não fechamento do conduto peritônio-vaginal). Lateral aos vasos epigástricos inferiores. Maior risco de encarceramento entre as inguinais. Defeito adquirido por enfraquecimento da parede posterior. Triângulo de Hasselbach: onde a hérnia se anuncia. Medial aos vasos epigástricos inferiores. Menor risco de encarceramento, pois não participa do canal inguinal. Triângulo de Hasselbach Medial aos vasos epigástricos inferiores. Forma hérnia direta. Hérnia lateral aos vasos epigástricos inferiores é considerada indireta. Ao exame físico Tocar o canal inguinal do paciente e solicitar Valsalva. INDIRETA DIRETA O conteúdo se anuncia através do anel inguinal interno e toca a ponta do dedo. O conteúdo vem de trás e toca a polpa do dedo. OBS: a hérnia inguinal indireta é mais comum em lado direito que esquerdo devido ao fechamento mais tardio do conduto peritônio-vaginal. HÉRNIA FEMORAL (OU CRURAL) Anuncia-se abaixo do ligamento inguinal. Anatomia do Canal Femoral EPIDEMIOLOGIA Mais comum em mulheres. Mais comum ao lado direito devido a ocupação do sigmoide (que dificulta a herniação à esquerda). Maior risco de encarceramento entre todas. CLASSIFICAÇÃO DE NYHUS I- Indireta com anel inguinal interno normal II- Indireta com anel inguinal interno dilatado III- Defeito na parede posterior: a. direta / b. indireta / c. femoral IV- Recidivante: a. direta / b. indireta / c. femoral / d. mista TRATAMENTO Redutível Cirurgia eletiva Encarcerada Redução manual por manobra de taxe (analgesia, posição de Trendenlemburg, retornar hérnia manualmente) * Estrangulada Isquemia → Cirurgia de emergência → inguinotomia Se redução espontânea → laparotomia * Quando não reduzir: sofrimento isquêmico! • Tempo > 6-8 horas • Obstrução • Irritação peritoneal, hiperemia, hipotensão (estrangulamento?) TÉCNICAS OPERATÓRIAS ABORDAGEM ANTERIOR ABORDAGEM POSTERIOR Herniorrafia anterior + reforço da parede posterior! Técnicas: Acesso pré-peritoneal. Indicações: recidivas e hérnias bilaterais. Recidivas devem ser tratados de forma oposta à abordagem primária para evitar fibrose cicatricial. • Shouldice: imbricação dos músculos para reforço. Baixo índice de recidiva e de complicação PO. • Lichtenstein: escolha! Utilização de tela livre de tensão e sutura ao longo do ligamento inguinal. • Mc Vay: boa para hérnia femoral (ligamento de Cooper). Técnicas: • Stoppa: tela bilateral. • Videolaparoscopia: posterior e sempre utiliza tela. Tem indicação em hérnias primárias e unilaterais também. Padrão-ouro em sexo feminino. ✓ Técnica TEP: totalmente extraperitoneal. ✓ Técnica TAPP: transabdominal pré- peritoneal. ANATOMIA LAPAROSCÓPICA “Y” invertido: 1- Vasos epigástricos inferiores 2- Vasos deferentes (VD): medial 3- Vasos espermáticos ou gonadais (VE): lateral 4- Trato ileopúbico (TI): parte interna do ligamento inguinal Triângulos: • Hérnia direta: medial aos VEI. • Hérnia indireta: lateral aos VEI. • Hérnia femoral: abaixo do TI. • Triângulo de DOOM: entre os VD (medial) e VE (lateral). Apresentam os vasos ilíacos externos, com grande risco de sangramento. Deve ser evitado na abordagem. • Triângulo da DOR: entre os VE (lateral) e TI (lateral). Apresenta inervação da região. “Nunca fixar a tela abaixo do trato ileopúbico e lateralmente aos vasos deferentes”. DENOMINAÇÕES ESPECIAIS DAS HÉRNIAS INGUINO-FEMORAIS Richter Isquemia sem obstrução devido ao pinçamento somente da borda antimesentérica. Mais comum na hérnia femoral. Littré Divertículo de Meckel Amyand Apêndice Garangeot Apêndice (em hérnia femoral) HÉRNIAS INGUINOCRURAIS O diagnóstico é clínico. No entanto, em alguns casos (ex: hidrocele), pode haver dúvida a respeito da presença ou não de hérnias. Nestes casos duvidosos, os exames complementares estarão bem indicados. De acordo com as "Orientações da Sociedade Brasileira de Hérnia": O ultrassom deve ser o exame inicial em casos em que a história clínica é condizente com hérnia e o seu exame físico é vago; ou na suspeita de diagnóstico diferencial. Além disso, na persistência da dúvida diagnóstica, a ressonância nuclear magnética é superior à tomografia computadorizada.
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