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Condição autoimune desencadeada pela ingestão do glúten em indivíduos predispostos; Mais comum em mulheres brancas, em qualquer idade; Glúten esta presente no trigo (gliadina), centeio (hordeína), cevada (secalina), incluindo malte; Há aumento da prevalência mundial entre: Diabéticos: 2-20%, principalmente do tipo I; Tireoide autoimune (hashimoto): 9%; Colangite biliar primária: 1- 36%; Colangite esclerosante: 1-9%; Síndrome de Down e Síndrome de turner; Deficiência IgA. A doença pode ocorrer em qualquer faixa etária, da fase inicial na infância à velhice. 2 picos de início: 1° logo após o desmame nos 2 primeiros anos de vida; 2° ou 3° década de vida. Mais comum em mulheres (brancas, em qualquer idade) do que em homens. Componentes bem definidos: Elementos genéticos – HLA – DQ2 e HLA DQ8 (25-30% da população): apenas 4% das pessoas que possuem o gene irão desenvolver a doença; Auto-anticorpos envolvidos: anti transglutaminase tecidual (tTG) e anti-endomísio – sensibilidade superior à 90%. Existe ainda o anti-gliadina (criança menores de 2 anos). “Receita” para a autoimunidade: Predisposição genética; Exposição ao glúten; Perda da função de barreia intestinal (aumento da permeabilidade); Resposta imune pró- inflmatória desencadeada pelo glúten; Resposta imune adaptativa inadequada; Desequilibrio do microbioma intestinal. Classificação de Oslo – 2011; 1. Intestinal – Forma Clássica: Mais comum na população pediátrica e crianças < 3 anos de idade; Diarreia, perda de apetite, distensão abdominal e dificuldade no desenvolvimento; Crianças mais velhas e adultos: diarreia, distensão abdominal, constipação, dor abdominal e perda de peso; Nos adutos, a síndrome de disabsorção é rara: diarreia crônica, perda de peso e astenia significativa; Ainda assim, pode ocorrer hospitalização devido à: caquexia, sarcopenia, hipoalbuminemia significativa, alteração eletrolíticas; Alternativamente, é mais frequente a apresentação como síndrome do intestino irritável: constipação ou diarreia e/ou sintomas dispépticos – naúseas e às vezes, vômito. 2. Forma Não-Clássica Sintomática – sintomas extraintestinais: Comuns em crianças e adultos; Anemia microcítica por carência de ferro. Mais raramente, anemia macrocítica devido à carência de ácido fólico e/ou vitamina B12; Alterações na densidade óssea – osteopenia ou osteoporose – alteração na absorção de cálcio e vitamina D; Defeitos no esmalte dentário; Estomatite aftosa (em 20% dos pacientes não diagnosticados); Hipertransaminemia: correlacionado à translocação bacteriana que alcança o fígado devido ao aumento da permeabilidade intestinal. Sintomas neurológicos / psiquiátricos: cefaleia, parestesias, ansiedade / depressão; Sintomas do sistema reprodutor: Menarca tardia, amenorreia, menopausa precoce; Abortos de repetição e nascimento prematuro; Alteração do número e mortalidade dos espermatozoides. Dermatite herpetiforme: considerada a manifestção cutânea específica; OBS: As manifestações extraintestinais podem ser reversíveis quando o paciente inicia um dieta livre de glúten. 3. Forma Não-Clássica Subclínica: Pacientes com sinais e sintomas que não atingem o limiar de identificação clínica; Reconhecidos quando são submetidos a uma dieta livre de glúten e observação dos efeitos benéficos da dieta; Exemplo típico: assintomáticos, que são submetidos a screening sorológico. 4. Forma Não-Clássica Potencial / Latente: Caracterizada por: Sorologia (+) e marcadores genéticos; Mucosa intestinal normal; Sinais mínimos de inflamação, como aumento dos linfócitos intraepiteliais. Manifestação clínica: Sintomas clássicos; Sintomas não-clássicos; Assintomáticos. É controversa a indicação de dieta livre de glúten. 5. Forma Não-Clássica Refratária: Caracterizada por: sintomas persistentes e atrofia da vilosidade intestinal após pelo menos 12 meses de dieta rigorosa livre de glúten; Complicações: jejunoileíte ulcerativa, sprue colágeno e linfoma intestinal. Padrão-ouro: Alteração de mucosa duodenal + testes sorológicos positivos. Teste complementares: Teste da gordura fecal (sudam III); Raio x contrastado de ID: dilatações, floculação do bário, alargamento das pregas, perda do padrão mucoso; Densitometria óssea: indicada para todos ao diagnóstico – avaliar osteopenia / osteoporose; Laboratório: hemograma completo, transaminases, ferro sérico, cálcio, vitamina D e B12, ácido fólico, ferritina, magnésio, função da tireoide, entre outros. OBS: Nenhum teste disponível tem sensibilidade e especificidade de 100%. “4 das 5 regras” seriam suficientes para estabelecer o diagnóstico: Sinais e sintomas típicos – diarreia e disabsorção; Positividade auto-anticorpos; Positividade HLA-DQ2 e/ou HLA-DQ8 (teste genético); Dano intestinal – atrofia vilositária ou lesões menores; Resposta clínica à dieta livre de glúten. Sorologia positiva + biópsia negativa = repetir biópsia em 2 anos = forma latente; Sorologia positiva + biópsia positiva = diagnóstico confirmado = tratar; Sorologia negativa + biópsia positiva = avaliar outras causas (repetir exame, deficiência de IgA? Dosar HLA DQ2/DQ8?); Sorologia negativa + biópsia negativa = diagnóstico excluído; Biópsia duodenal na endoscopia digestiva alta: achados histológicos. Doença de Whipple: doença sistêmica rara causada pela bactéria Tropheryma whipplei, costuma danificar principalmente os intestinos e o sistema digestivo; Linfoma intestinal; Tuberculose; Doença de Crohn. Diagnóstico tardio: >50 anos de idade e/ou não-adesão à dieta livre de glúten (podem levar a um aumento da mortalidade); Investigar pacientes que apesar da adesão a dieta, se queixam de persistência inexplicadas ou exacerbação de sintomas; Hipoesplenismo; Doença celíaca refratária e jejunoileíte ulcerativa; Linfoma intestinal: incidência maior em 6-9 vezes comparados à população geral; Adenocarcinoma de intestino delgado: neoplasia extremamente rara na população geral – mais comum em pacientes com doença celíaca em jejuno, e em mulheres. O único tratamento efetivo disponível para doença celíaca é dieta restrita para o resto da vida; Resolução dos sintomas intestinais e extraintestinais; Negativação dos auto- anticorpos; Crescimento das vilosidades intestinais. Desvantagem da dieta: Impacto negaivo na qualidade de vida; Problemas psicológicos; Medo de contaminação involuntária / inadvertida com glúten; Possibilidade de deficiências vitamínicas; Constipação severa.