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PROVA 3 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas DOENÇA CELÍACA DEFINIÇÃO © Enteropatia crônica do intestino delgado imuno-mediada precipitada pela exposição ao glúten em indivíduo geneticamente predisposto. INTRODUÇÃO © Prevalência: 1% na população mundial. © Amplo leque de manifestações clínicas (desde pacientes que não tem manifestação nenhuma até pacientes que tem manifestações típicas como dor abdominal, diarreia e emagrecimento) © Sintomas, mortalidade e complicações são evitados com dieta sem glúten. © Dieta é cara, promove isolamento social e nem sempre é totalmente efetiva. EPIDEMIOLOGIA © Mais comum na raça branca (principalmente norte da Europa) © Diagnóstico > mulheres (2,9/1) © Europa- 1:300 © Itália - 1:184 (n: 17.201 crianças) © Doadores de sangue americanos - 1:250 © Brasil- 1: 681 a 1:271 © 1:100 na maioria das populações geneticamente suscetíveis © Rara em indivíduos puramente descendentes de chineses, japoneses e da África subsaariana. PREVALÊNCIA © 11 anos para o diagnóstico © Doença celíaca é 4 – 4,5x mais prevalente atualmente que há 50 anos: ó Dieta à mais grãos e mais glúten ó Outros fatores ambientais ó Microbiota ó Mais métodos diagnósticos - O indivíduo tem que ser geneticamente suscetível - Gatilho ambiental à glúten MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – SINTOMAS E SINAIS DA DOENÇA CELÍACA - A maioria dos pacientes que tem doença celíaca são assintomáticos PROVA 3 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas CLASSIFICAÇÃO: 1. CLÁSSICA OU ENTEROPATIA SENSÍVEL AO GLÚTEN: © Sintomas de má absorção (esteatorréia, perda de peso ou outros sinais de deficiência de nutrientes/vitaminas) ó Atrofia das vilosidades ó Resolução das lesões da mucosa e sintomas após a retirada do glúten 2. ATÍPICA: © Pacientes têm discretas queixas gastrointestinais © Anemia, defeito do esmalte dental, osteoporose, artrite, aumento das transaminases, sintomas neurológicos ou infertilidade. © Podem apres © entar graves lesões da mucosa. 3. ASSINTOMÁTICA: © Diagnóstico incidental © Não apresentam sintomas. © Ocasionalmente, apresentam atrofia das vilosidades. 4. LACTENTE OU POTENCIAL: © Assintomático © Anticorpos positivos © Mucosa normal com consumo de glúten DOENÇAS ASSOCIADAS © Dermatite herpetiforme (85%) ó Começa antes e resolve se tirar o gluten © Síndrome de Down (16%) © Diabetes Mellitus tipo 1 (2,6 a 7,8%) © Deficiência de IgA seletiva (1 a 2%) ** © Doença da tireóide © Doenças hepáticas (hepatite autoimune e cirrose biliar primária) © Pancreatite © Cardiomiopatia autoimune © Psoríase © Problemas neurológ APRESENTAÇÕES - Latente à patologia normal (biópsia n orm DIAGNÓSTICO © Clínico (Extremamente variável) © Exames laboratoriais de rotina (hematologia/bioquímica) © Determinação sorológica de auto anticorpos: ó Anticorpos antigliadina IgA/IgG ó Anticorpos antiendomísio IgA ó Anticorpos antitransglutaminase tecidual IgA © Endoscopia digestiva alta com biópsia © Outros PROVA 3 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas 3 SOROLOGIA © 1980: identificação de anticorpos no sangue. © Anti gliadina à 1º a ser utilizado © Anti endomísio à Marca melhor lesão de mucosa © Anti transglutaminase © Anti DGP (deamidated gliadin peptides) COMO USAR A SOROLOGIA PARA DIAGNÓSTICO: Os testes ficam negativos no paciente que faz dieta. © Endomísio: ó Especificidade 99% (se tiver Endomísio positivo, a chance de o paciente ter doença celíaca é de 99%) ó Sensibilidade variável – Imunofluorescência direta (depende do observador) ó Indicado em resultados discordantes © Transglutaminase: ó Mais usado. ó Alta sensibilidade e especificidade com baixo custo. ó ELISA – sensibilidade e especificidade 98% ó Teste de consultório – usado para acompanhamento do tratamento (se tiver fazendo o tratamento corretamente à o anticorpo tem que ser negativo) OBS: todos esses anticorpos são baseados em IgA à se o paciente tiver deficiência de IgA pode dar falso negativo por isso, sempre tem que dosar IgA ao pedir a dosagem desses anticorpos!! Deficiencia de IgA em 1 – 5 % celíacos © Anti DGP (deamidated gliadin peptide): ó DGP IgA/IgG ó 97% sensibilidade ó 95% especificidade ó Teste de escolha para indivíduos com deficiência de IgA ó Opção para pacientes com alteração histológica e TTG negativo Sugestão: HLA (sangue) © Pacientes em dieta sem glúten (então bióppsia e anticorpos estarão normais) sem diagnóstico estabelecido © Estratificação de risco em paciente com história familiar e sorologia negativa © Doença celíaca é extremamente rara em indivíduos sem HLA DQ2 e DQ8 © 30% da população geral carrega HLA DQ2/DQ8 ó Se não tiver HLA DQ2/DQ8 à a chance de ser celíaco é < 0,1% © Valor preditivo negativo 99,9% © Valor preditivo positivo <30% ACHADOS ENDOSCÓPICOS OBS: Endoscopia normal à pelo menos 3 pregas © Perda das vilosidades © Serrilhamento das pregas (aspecto calcetado) © Mucosa em padrão de mosaico © Padrão vascular visível © Palidez mucosa (cheia de rachaduras) © Realce à cromoscopia com índigo carmin, NBI © O uso de magnificação pode identificar a atrofia vilosa mas não tem a mesma acurácia que a biópsia IgA-TTG (Transglutaminase): teste de triagem de escolha na dieta com glúten. DGP/IgG- em pacientes com deficiência de IgA. Todos são menos sensíveis em crianças < 2 anos PROVA 3 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas 4 BIÓPSIA DUODENAL OU JEJUNAL © Classificação de Marsh - Adotada para descrever a progressão dos achados na mucosa com doença celíaca © Normal – uma cripta = 3 vilosidades ó A medida que tem atrofia aumentam as criptas e diminuem as vilosidades © Achados: ó Atrofia vilosa ó Infiltração linfocítica da lâmina própria (risco de linfoma como complicação da doença celíaca) ó Hiperplasia de criptas ó Perda da altura da superfície celular dos enterócitos ó Remissão com a dieta COMO AVALIAR PACIENTE EM DIETA SEM GLÚTEN? Sensibilidade da sorologia e histologia reduz com a ausência de glúten. Sorologia à útil no primeiro mês HLA se em dieta > 30 dias 30 – 40 % população normal tem detectado sem ser celíaco Positivos devem fazer desafio com glúten (comer pelo menos 10g de glúten por 4 – 8 semanas e depois repetir sorologias nos sintomáticos à após 2 semanas fazer sorologia e biópsia RASTREIO DA DOENÇA CELÍACA à EM PACIENTES COM INTESTINO IRRITÁVEL (Dx diferencial) © Pacientes com sintomas gastrointestinais: diarréia crônica ou recorrente, má absorção, perda de peso. © Pacientes com sintomas sugestivos de síndrome do intestino irritável ou severa intolerância à lactose. © Indivíduos com anemia por deficiência de ferro, ácido fólico, Vit B12 inexplicável. © Persistência de elevação de transaminases, abortos recorrentes. © Diabetes mellitus tipo 1 © Outras doenças auto-imunes © Parentes do 1º e 2º grau de indivíduos com doença celíaca © Síndrome de Down, Turner © População de alta prevalência PROVA 3 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas 5 CAUSAS DE ATROFIA VILOSITÁRIA © Doença celíaca (90% tem sorologia positiva) © Doença celíaca refratária © Enteropatia auto-imune © Espru colágeno © Enterite eosinofílica © Enterocolite linfocítica © Imunodeficiência comum variável © Espru tropical © Doença de Crohn de delgado © Gastrinoma © Drogas: Olmesartan, AINEs © Giardíase © SCBID COMO AVALIAR UM PACIENTE RECÉM DIAGNOSTICADO? Deficiências nutricionais (vitaminas e minerais) Deficiênciade ferro – 32% B12: Comprometimento íleo, insuficiência pancreática, gastrite auto imune – 12 – 41% Hemograma, ferritina, B12 (ac. metilmalonico), folato, cobre, zinco, vitamina D, cálcio. Densitometria – massa óssea TRATAMENTO © Dieta sem glúten © Não dietético ó Corticoides e imunossupressores ó ALV003 ó Acetato de larazotide (estreitaa relação entre os enterócitos à boa medicação para pacientes sensíveis ao glúten sem ser celíacos) • Para celíacos não é indicada MONITORIZAÇÃO: Acompanhar por 3- 6 meses com sorologia até negativar!! Como avaliar a aderência e a resposta? © Sintomas: melhoram entre 4 semanas e 6 meses © Sorologia negativa em 2 anos – não garante a recuperação histológica. © Biópsias: podem levar até 9 anos para normalizar, principalmente em adultos. © Sugestão: consulta 3 – 6 meses após inicio da dieta com sorologia visitas anuais com sorologias. Histologia após 2 anos de dieta. Doença celíaca não responsiva: © Persistência dos sintomas, sinais ou alterações laboratoriais após 6 - 12 meses de dieta. © Etiologia è Ingestão de glúten – mais comum ó Fazer revisão completa da dieta Doença celíaca refratária: GRAVE © Persistência ou recorrência de atrofia vilositária após 12 meses ou mais de dieta sem glúten. © 1 – 2 % celíacos © Tipo 1 è sintomas de má absorção e boa resposta aos corticoides © Tipo 2 è 50% mortalidade em 5 anos, relacionada com linfoma e jejunoileíte ulcerativa. MALIGNIDADE: © Risco aumentado de adenocarcinoma e linfoma de delgado. © Linfoma não-Hodgking é a neoplasia mais comumente associada com doença celíaca. © 5 anos com sorologia negativa à risco de malignidade passa a ser igual o da população geral FUTURO © Dieta mais fácil e acessível © Tratamentos não dietéticos
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