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ATIVIDADE FÍSICA EM TEMPOS DE PANDEMIA Experiências, desafios e perspectivas Márcio Flávio Ruaro, PhD (Organizador) Márcio Flávio Ruaro, PhD (Organizador) Editora Ilustração Cruz Alta – Brasil 2020 ATIVIDADE FÍSICA EM TEMPOS DE PANDEMIA EXPERIÊNCIAS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS Responsável pela catalogação: Fernanda Ribeiro Paz - CRB 10/ 1720 2020 Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora Ilustração. Todos os direitos desta edição reservados pela Editora Ilustração. Rua Coronel Martins 194, Bairro São Miguel, Cruz Alta, CEP 98025-057 E-mail: eilustracao@gmail.com www.editorailustracao.com.br Copyright © Editora Ilustração Editor-Chefe: Fábio César Junges Diagramação: Fábio César Junges Imagem da capa: Freepik Revisão: Os autores CATALOGAÇÃO NA FONTE A872 Atividade física em tempos de pandemia : experiências, desafios e perspectivas / organizador: Márcio Flávio Ruaro. - Cruz Alta : Ilustração, 2020. 221 p. ; 21 cm ISBN 978-65-88362-48-8 DOI: 10.46550/978-65-88362-48-8 1. Atividade física. 2. Exercício físico. 3. Isolamento social. 4. Pandemia (COVID-19). I. Ruaro, Márcio Flávio (org.). CDU: 796 Conselho Editorial Drª. Adriana Maria Andreis UFFS, Chapecó, SC, Brasil Drª. Adriana Mattar Maamari UFSCAR, São Carlos, SP, Brasil Drª. Berenice Beatriz Rossner Wbatuba URI, Santo Ângelo, RS, Brasil Drª. Célia Zeri de Oliveira UFPA, Belém, PA, Brasil Dr. Clemente Herrero Fabregat UAM, Madri, Espanha Dr. Daniel Vindas Sánches UNA, San Jose, Costa Rica Drª. Denise Tatiane Girardon dos Santos FEMA, Santa Rosa, RS, Brasil Dr. Domingos Benedetti Rodrigues SETREM, Três de Maio, RS, Brasil Dr. Edemar Rotta UFFS, Cerro Largo, RS, Brasil Dr. Edivaldo José Bortoleto UNOCHAPECÓ, Chapecó, SC, Brasil Drª. Egeslaine de Nez UFMT, Araguaia, MT, Brasil Drª. Elizabeth Fontoura Dorneles UNICRUZ, Cruz Alta, RS, Brasil Dr. Evaldo Becker UFS, São Cristóvão, SE, Brasil Dr. Glaucio Bezerra Brandão UFRN, Natal, RN, Brasil Dr. Gonzalo Salerno UNCA, Catamarca, Argentina Dr. Héctor V. Castanheda Midence USAC, Guatemala Dr. José Pedro Boufleuer UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil Dr. Luiz Augusto Passos UFMT, Cuiabá, MT, Brasil Drª. Maria Cristina Leandro Ferreira UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil Drª. Odete Maria de Oliveira UNOCHAPECÓ, Chapecó, SC, Brasil Drª. Rosângela Angelin URI, Santo Ângelo, RS, Brasil Drª. Salete Oro Boff IMED, Passo Fundo, RS, Brasil Dr. Tiago Anderson Brutti UNICRUZ, Cruz Alta, RS, Brasil Este livro foi avaliado e aprovado por pareceristas ad hoc. DEDICATÓRIA À minha esposa, Heloise, pelo amor, carinho e companheirismo. Aos meus filhos João Gabriel, Samuel (In memorian), Benício (In memorian) e ao nosso primeiro anjo. Aos meus pais e toda minha família! Dedico em especial a todas as famílias que perderam seus entes queridos durante a pandemia COVID-19. Dedico e agradeço aos colaboradores deste livro. Todos escreveram seus capítulos com muito carinho, contribuindo com sua experiência para entregar ao leitor o conhecimento sério e responsável sobre o desenvolvimento da atividade física durante a pandemia. Vocês foram fantásticos, muito Obrigado! Somos do tamanho dos nossos sonhos! (Fernando Pessoa) SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ..............................................................................17 Márcio Flávio Ruaro A PANDEMIA ....................................................................................21 Natália Leão ATIVIDADE FÍSICA EM TEMPOS DE PANDEMIA: O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS? ...........................................................23 Márcio Flávio Ruaro Érico Chagas Caperuto Cezar Grontowski Ribeiro Andrey Portela Aluísio Menin Mendes Diogo Bertella Foschiera Gesiliane Aparecida Kreve SISTEMA IMUNOLÓGICO: A IMPORTÂNCIA EM REALIZAR EXERCÍCIOS FÍSICOS DURANTE O PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL ...................................................................39 Marcio Roberto Doro Carlos Souza da Silva Rômulo Martins Camila de Melo Accardo Marcio Flavio Ruaro CORPO E MENTE: COMO MANTER A MOTIVAÇÃO PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA DURANTE A PANDEMIA .....49 Adriana Ribas Márcio Flávio Ruaro (Org.) BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO FÍSICO NA COVID-19: FERRAMENTAS PARA O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA SE ADAPTAR AO “NOVO NORMAL” ..............................59 Bruno Nascimento-Carvalho Adriano dos Santos Thayna Fabiana Ribeiro-Batista Maria Claudia Irigoyen Iris Callado Sanches ALIMENTAÇÃO DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL ..............75 Michael Martini Bruno Nascimento Lopes Brunno Cesar Timoteo Lira ESTRATÉGIAS DE EMAGRECIMENTO ALÉM DO CONVENCIONAL ............................................................................87 Jozias Fortunato SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL ...............................................................................................97 Guilherme Andrade Lira Pereira EXERCÍCIOS FÍSICOS EM CASA ..................................................111 Antonio Eraldo Alves Cardozo Junior PELOS OLHOS DOS RESISTENTES EM TEMPOS DE PANDEMIA: DE QUEM, SOBRE QUEM E PARA QUEM ESTAMOS FALANDO? ....................................................................121 Milena Pedro de Morais Vera Lúcia Teixeira Silva Paulo Clepard Silva Januario Gilberto Martins Freire Graciele Massoli Rodrigues ATIVIDADE ADAPTADA EM TEMPOS DE COVID-19 ..............131 Roger Octávio Ruaro Jesse Budin Atividade Física em Tempos de Pandemia A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO FÍSICO PARA O IDOSO EM TEMPOS DE PANDEMIA ........................................................139 Waldir Aliot Júnior CORRIDA DE RUA E SEUS BENEFÍCIOS EM ÉPOCAS DE ISOLAMENTO SOCIAL..................................................................149 Jeferson Oliveira Santana Leandro Yanase Rocha RECOMENDAÇÕES PARA O RETORNO E PRÁTICA DE ATIVIDADES AQUÁTICAS EM UM PERÍODO DE PANDEMIA ......................................................................................159 Bruno Allan Teixeira da Silva Rubens Branquinho Luís Antônio de Souza Júnior Iris Callado Sanches Marcelo Callegari Zanetti ATIVIDADE FÍSICA E PANDEMIA: PENSANDO ESSE “TEMPO” PARA OS ADOLESCENTES ...........................................................175 Sabrina Lencina Bonorino Silvester Franchi Natálie Queiroz da Rosa Deizi Domingues da Rocha HIIT BODY WORK: O TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE COM PESO CORPORAL .........................189 Alexandre F. Machado AULAS REMOTAS: ATIVIDADES PRÁTICAS EM TEMPO DE PANDEMIA ......................................................................................197 Adriana de Moura das Neves Luis Felipe Cordeiro Michely Mattia Tegoni SOBRE OS AUTORES .....................................................................207 APRESENTAÇÃO Falar em “Atividade Física em tempos de Pandemia” é um desafio, pois sua prática foi fortemente abalada pelo isolamento social e precisou se reinventar. Logo, a atividade física tão necessária para o equilíbrio do corpo, da mente, da qualidade de vida, é como capsulas de saúde que ingerimos diariamente e sentimos seus efeitos benéficos nos vários aspectos de nossa vida. Mas na pandemia, esta ingestão diária de saúde se viu prejudicada. Historicamente caracterizada pela coletividade de sua prática tanto nas aglomerações das academias, nos jogos coletivos, nos grupos de atletas profissionais ou amadores e inclusive na simples prática em espaços públicos ao ar livre, precisou se transportar para práticas individuais, solitárias, dentro de casa e com pouca estrutura. Na preocupação de manter uma atividade física de qualidade, responsável e séria para a população que precisou recolher-se em suas casas e sabendo das consequências da mal elaboração e execução dos exercícios físicos, bem como das consequências desastrosas para a saúde física e mental que o sedentarismo pode ocasionar, foi que se motivou a organização desta obra. Que somente se tornou possível graçasà colaboração de muitas mãos de pesquisadores, especialistas, mestres e doutores na área da atividade física e saúde, que trouxeram sua experiência e excelência para um conhecimento pautado de cientificidade, buscando levar para dentro da casa do leitor não somente opções de atividades, mas sim cuidado, organização, segurança e principalmente qualidade de informação. E assim, cada capítulo foi estrategicamente pensando, para oferecer conhecimento sério e responsável sobre como, quando e onde realizar atividade física. Logo no primeiro capítulo, os especialistas Márcio Flávio Ruaro, Érico Chagas Caperuto, Cezar Grontowski Ribeiro, Andrey Portela, Aluísio Menin Mendes, Diogo Bertella Foschiera e Gesiliane Aparecida Kreve abordam o título “Atividade Física em Tempos de Pandemia: O que dizem os especialistas?”, e repassam ao leitor um conhecimento, sério e responsável sobre a atividade física durante o período da pandemia, baseado nas suas experiências enquanto profissionais de educação física. Neste capítulo são discutidas estratégias de enfrentamento, comportamentos, planejamento, tipos de exercício físico e os efeitos psicossociais durante a 18 Márcio Flávio Ruaro (Org.) pandemia. O segundo capítulo, “Sistema Imunológico: A importância em realizar exercícios físicos durante o período de isolamento social”, Marcio Roberto Doro, Carlos Souza da Silva, Rômulo Martins, Camila de Melo Accardo e Marcio Flavio Ruaro abordam os aspectos importantes do exercício físico com enfoque na prevenção para fortalecimento do sistema imunológico, imprescindível para o enfrentamento da COVID-19. A psicóloga Adriana Ribas, autora do terceiro capítulo “Corpo e mente: Como manter a motivação para a prática de atividade física durante a pandemia”, traz a relação entre Corpo e Mente, os desafios de uma mente ansiosa, como trabalhar novos hábitos e de que forma podemos manter a nossa motivação para prática de atividade física tão essencial durante este período de isolamento social. No quarto capítulo, “Benefícios do treinamento físico na COVID-19: ferramentas para o profissional de Educação Física se adaptar ao novo normal”, os autores Bruno Nascimento-Carvalho, Adriano dos Santos, Thayna Fabiana Ribeiro-Batista, Maria Claudia Irigoyen e Iris Callado Sanches contribuem com conhecimentos direcionados aos profissionais de Educação Física ao “novo normal”, com informações pertinentes sobre o controle do nível de atividade física total de seus alunos, sobre os efeitos deletérios induzidos pelo novo coronavírus no organismo, e os possíveis efeitos benéficos do treinamento físico na COVID-19, indicando métodos de controle para prescrição do treinamento físico à distância. Na sequência no capítulo “Alimentação durante o isolamento social”, os nutricionistas Michael Martini, Bruno Nascimento Lopes e Brunno Cesar Timoteo Lira abordam os principais fatores relacionados a alimentação durante a quarentena, que podem contribuir para o aumento de peso e gordura corporal. Também abordam as estratégias que podem ajudar com a manutenção do peso durante o isolamento social ou ainda, contribuir com a perda de peso durante um processo de emagrecimento. No sexto capítulo “Estratégias de emagrecimento além do convencional”, o professor de Educação Física e personal do emagrecimento Jozias Fortunato apresenta estratégias de emagrecimento que vão além do convencional, contribuindo para manutenção e cuidados com o peso durante o período da pandemia. O nutricionista Guilherme Andrade Lira Pereira, traz em seu capítulo intitulado “Suplementação alimentar durante o isolamento social” recomendações e condutas sobre a necessidade ou não da 19 Atividade Física em Tempos de Pandemia suplementação alimentar durante o isolamento social. Orienta da melhor forma possível a suplementação alimentar para praticantes de diferentes tipos de atividades físicas. O oitavo capítulo “Exercícios físicos em casa”, o personal trainer Antonio Eraldo Alves Cardozo Junior traz estratégias e tipos de exercícios físicos para serem praticados em casa, contribuindo para que as pessoas mantenham-se ativas, mas com segurança. Na sequência o capítulo “Pelos olhos dos resistentes em tempos de pandemia: De quem, sobre quem e para quem estamos falando?”, os autores Milena Pedro de Morais, Vera Lúcia Teixeira Silva, Paulo Clepard Silva Januario, Gilberto Martins Freire e Graciele Massoli Rodrigues trazem uma reflexão sobre o distanciamento social para pessoas com deficiência (PCD) no contexto da Educação Física, na formação, no ensino e na educação inclusiva. No décimo capítulo intitulado “Atividade adaptada em tempos de covid-19”, Jesse Budin e Roger Octavio Ruaro destacam a importância das atividades físicas adaptadas para pessoas com deficiência durante o período de pandemia. Os autores sugerem exemplos práticos de atividades físicas adaptadas para que este grupo populacional possa realizar em casa. O capítulo “A importância do Exercício Físico para o Idoso em tempos de Pandemia”, Waldir Aliot Júnior aborda aspectos importantes sobre o envelhecimento, velhice e o idoso. Tratando de um grupo de risco em tempos de COVID-19, Waldir enfatiza a importância do manter-se ativo durante esta fase da vida e demonstrando os cuidados necessários para uma boa manutenção do condicionamento físico em idosos. Os autores Jeferson Oliveira Santana e Leandro Yanase Rocha, abordam no décimo segundo capítulo “Corrida de rua e seus benefícios em épocas de isolamento social”, as vantagens dos praticantes desta atividade física no enfrentamento da COVID-19, além de abordar a questão do uso de máscara durante a prática. No capítulo “Recomendações para o retorno e prática de atividades aquáticas em um período de pandemia”, os autores Bruno Allan Teixeira da Silva, Rubens Branquinho, Luís Antônio de Souza Júnior, Iris Callado Sanches e Marcelo Callegari Zanetti abordam recomendações para professores e gestores subsidiarem a intervenção no retorno gradativo das práticas de atividades aquáticas. Na sequência o capítulo “Atividade física e pandemia: Pensando esse “tempo” para os adolescentes”, escrito pelas autoras Sabrina Lencina 20 Márcio Flávio Ruaro (Org.) Bonorino, Silvester Franchi, Natálie Queiroz da Rosa e Deizi Domingues da Rocha traz aspectos importantes sobre permanecia de adolescentes por longos períodos de tempo em isolamento social, afetando seu desenvolvimento. Enfatizam os cuidados necessários que devemos ter com os adolescentes, destacando o papel da atividade física durante este período da pandemia. No décimo quinto capítulo “HIIT BODY WORK: O treinamento intervalado de alta intensidade com peso corporal”, o autor Alexandre F. Machado destaca o uso do treinamento intervalado de alta intensidade para promover condicionamento da atividade física durante o período da pandemia. Por fim, os autores Adriana de Moura das Neves, Luis Felipe Cordeiro e Michely Mattia Tegoni no capítulo “Aulas remotas: Atividades Práticas em tempo de pandemia”, sugerem e descrevem opções de atividades físicas que podem ser desenvolvida em casa durante o período de isolamento social. Todos os capítulos foram cuidadosamente selecionados para compor esta obra, com um único objetivo: trazer a informação clara e coerente sobre a Educação Física na batalha contra a COVID-19. Por isso, teve-se o cuidado para que os capítulos comtemplassem um amplo leque de temas, abordando a atividade física para grupos de riscos, como idosos e pessoas com deficiência, trazendo informações para atletas amadores, como corredores de rua e nadadores, abrangendo questões nutricionais tanto para manutenção de peso como principalmente para busca pelo emagrecimento saudável. Sabendo que a prática da atividade física é um aliado neste momento atípico que a população mundial vem enfrentando e aprendendo a lidar dia-a-dia, e da sua contribuição para a minimização dos danos, tanto físicos quanto psicológicos,que a COVID-19 trouxe, recomenda-se a leitura desta obra, não somente para profissionais de educação física, mas sim para todos aqueles que encontram ou buscam no exercício físico um motivo para resistir e persistir. E assim, convido você a iniciar essa leitura com o texto escrito pela jornalista e amante de atividades físicas, Natália Leão, que retrata a pandemia. Boa leitura! Prof. Dr. Márcio Flávio Ruaro A PANDEMIA Natália Leão O coronavírus mudou tudo. Dizer isso agora - tanto tempo depois dos primeiros casos terem assustado o mundo - é quase redundante. Enquanto lê essas linhas é certo que você já sentiu na pele todas as mudanças de rotina impostas pela pandemia. No esporte não foi diferente: provas foram canceladas, academias fechadas, treinos ao ar livre restritos. Os atletas (profissionais e amadores) passaram por uma espécie de ciclo de luto em relação às suas práticas - da negação à raiva, passando pela negociação e depressão, até chegar à aceitação. Este último estágio, no entanto, aconteceu de forma surpreendente. Ao contrário de aceitarem passivos a inatividade aparentemente inevitável, os praticantes de atividade física se adaptaram. Na tentativa de nos mantermos ativos dentro de casa recorremos aos aplicativos: nos Estados Unidos o MIRROR, um espelho que “transmite” treinos on- line de forma interativa - e custa US $ 1.495 - quase dobrou suas vendas durante o surto de coronavírus. Por aqui, o BTFIT, app da rede BodyTech de academias, teve mais de 500 mil novos downloads em três meses de pandemia e o Nike Training Club (NTC) experimentou, entre os meses de março e julho, um aumento de 770% no número de treinos realizados dentro do app em comparação com 2019, além de um boom de 700% de membros. Esportes ao ar livre, como corrida e ciclismo também viram crescer os números de adeptos: no Strava, app mania entre ciclistas e corredores, mais de 3 milhões de novos atletas chegaram desde o começo de 2020 e a funcionalidade “rotas”, que mapeia percursos próximos ao usuário se tornou uma das preferidas dos assinantes; entre 15 de junho e 15 de julho, as vendas de bikes aumentaram 118% no Brasil em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike). Os motivos que levaram tantos brasileiros antes inativos a ingressarem na atividade física exatamente neste período parecem ser aqueles que os atletas assíduos já conhecem e vivenciam: a prática esportiva tem benefícios que vão muito além da manutenção da saúde física; mexer o corpo é, também, questão de saúde mental. Fechados em casa com nossas famílias ou sozinhos, livres do trânsito das grandes cidades, das horas extras nos escritórios, das demandas externas e das possíveis desculpas, nos 22 Márcio Flávio Ruaro (Org.) vimos obrigados a olhar para dentro, para os nossos hábitos, e muitos não gostaram do que viram. Por décadas colocamos as demandas externas à frente das internas. Quando perguntadas porque não praticavam atividade física as pessoas poderiam listar, facilmente, todos os afazeres mais urgentes ou importantes como impeditivos. Até o coronavírus nos lembrar do que é realmente urgente. Aparentemente, olhar a morte tão de perto, nos fez olhar também para a vida. Quanta vida estávamos deixando passar imóveis? Repensamos nossas relações, inclusive aquela com nosso corpo e, consequentemente, com o esporte. Vimos que, da porta de casa para dentro, o bem estar importa muito mais que a estética; que construir hábitos saudáveis tem muito mais a ver com médio e longo prazo que com imediatismo; que mover-se pode oxigenar não apenas as células, mas também as ideias. À medida que a pandemia de coronavírus arrefecer - sim, um dia ela será apenas a lembrança de um vírus mortal - é provável que voltemos à nossa rotina de trânsito, reuniões intermináveis, compromissos inadiáveis. Que bom será se mantivermos algumas conquistas positivas desses tempos pandêmicos, como a consciência de que nosso corpo é o guardião de um sopro de vida, tão intenso e potente quando sensível e frágil; que a vida deve ter movimento e que, em muitos casos, ele pode ser o remédio que nos livra dos remédios; que a real motivação para se envolver com um esporte deve ser íntima e não dependente de aplausos ou estímulos externos; que nosso tempo é finito e deve ser usado com sabedoria e, finalmente, que o seu bem estar, físico e mental, deve ser prioridade todos os dias. Natália Leão é jornalista especializada em esporte, saúde e bem estar. Passou por dezenas de redações como repórter e editora até chegar à GQ, onde editou por 6 anos conteúdos de esporte, saúde, beleza e bem-estar. Desde 2019 é CEO da própria vida e cofundadora do Inspira e Transpira, plataforma de conteúdos e encontros para unir e empoderar mulheres através do esporte. O surfe é seu esporte do coração e o tênis sua nova paixão, embora já tenha corrido meias maratonas, feito natação em águas abertas e encaixe outras modalidades esportivas na rotina sempre que possível. ATIVIDADE FÍSICA EM TEMPOS DE PANDEMIA: O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS? Márcio Flávio Ruaro Érico Chagas Caperuto Cezar Grontowski Ribeiro Andrey Portela Aluísio Menin Mendes Diogo Bertella Foschiera Gesiliane Aparecida Kreve Este capítulo foi escrito por docentes universitários, pesquisadores, especialistas, mestres e doutores na área da atividade física e saúde. Cada um deles procurou contribuir com sua experiência entregando ao leitor o conhecimento correto, sério e responsável sobre a atividade física durante o período da pandemia. A PANDEMIA DA COVID-19: O EXERCÍCIO FÍSICO COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO DA DOENÇA Prof. Dr. Márcio Flávio Ruaro (IFPR) Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto (USP) Em dezembro de 2019, indivíduos em Wuhan, capital da província de Hubei, no República da China, apresentou sintomas semelhantes aos da pneumonia de etiologia desconhecida. Várias semanas mais tarde, foi relatada a primeira morte atribuível a esta doença, com a causa confirmada como um romance cepa de vírus, síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2). O vírus rapidamente espalhou- se por todos os continentes causando sofrimento generalizado, pânico, agitação social e econômica instabilidade. Em 20 de abril de 2020, o Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas (CSSE) na Johns Hopkins. 24 Márcio Flávio Ruaro (Org.) A universidade declarou que a pandemia mortal (renomeada COVID-19 pela World Health Organização), infectou 2.475.841 pessoas em todo o mundo, resultando em 170.261 mortes. A taxa de o diagnóstico e a mortalidade continuam a aumentar, sem nenhuma vacina viável atualmente disponível. Vários fatores parecem estar associados a um risco aumentado de hospitalização e mortalidade em pacientes com COVID-19 incluindo idade avançada (60 anos), obesidade, diabetes, hipertensão, doença cardiovascular, a história de tabagismo e doença pulmonar obstrutiva crônica. Comum a estes A condição é um estado de inflamação crônica de baixo grau. Recentemente, foi sugerido que o mundo está enfrentando duas pandemias simultaneamente, a pandemia COVID-19 e um estado físico de inatividade durante a pandemia. Ambas as pandemias causam efeitos adversos à saúde da população, atacando os sistemas de saúde. A pandemia da COVID-19 colocou restrições sem precedentes na atividade física e estilo de vida da População brasileira. Essas restrições tiveram objetivo de minimizar o risco de transmissão da COVID-19, mas, levaram a diminuição à atividade física. Populações que envolvem programas de exercícios terapêuticos foram significativamente afetados. A revisão do Lancet, indicou que os principais efeitos da quarentena relatados no estudo efeitos psicológicos negativos, incluindo sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva. Restrição de movimento, perda da rotina habitual e redução social e o contato físico com outras pessoas foram frequentementemostrado para causar tédio, frustração e uma sensação de isolamento. Os pacientes podem perguntar sobre as intervenções, que eles poderiam implementar sob condições de movimento limitado, para reduzir o risco de contrair a própria infecção, diminuir alguns dos efeitos da quarentena e manter a saúde. E no meio dessa guerra contra o vírus, nós temos uma arma poderosa, o “exercício físico”. Algumas áreas podem se beneficiar do exercício físico, como por exemplo, os sintomas relacionados à ansiedade e depressão, manutenção de peso, melhora do sistema cardiovascular, melhora do condicionamento físico e sistema imunológico. O exercício físico provoca efeitos potentes e abrangentes sobre o sistema imunológico, melhorando seus efeitos anti-inflamatórios. Na verdade, o treinamento físico oferece proteção contra o desenvolvimento de várias doenças metabólicas crônicas, incluindo o estado de resistência à insulina que normalmente acompanha obesidade e diabetes. Indivíduos que possuem essas comorbidades, mas, melhoram seus níveis de aptidão física cardiorrespiratória, podem aumentar a defesa imunológica do 25 Atividade Física em Tempos de Pandemia hospedeiro contra SARS-CoV-2 e reduzir potencialmente o risco de infecção na fase inicial da doença. Consideramos que altos níveis de aptidão cardiorrespiratória induzida pelo treinamento físico anterior podem proporcionar alguma proteção imunológica inata contra Covid-19, atenuando a “síndrome da tempestade de citocinas”, muitas vezes experimentado por indivíduos em risco. COMPORTAMENTO EM TEMPOS DE COVID-19: ATIVIDADE FÍSICA, ALIMENTAÇÃO, RELAÇÕES SOCIAIS E SAÚDE MENTAL Prof. MSc. Cezar Grontowski Ribeiro (IFPR) Entendendo a situação A rápida disseminação e a gravidade do COVID-19 submeteram a população a um distanciamento que impactou nas rotinas de diferentes maneiras. Em pouco tempo, tivemos cerceada nossa liberdade de escolha por medidas preventivas de governo (extremamente necessárias, diga-se), sendo preciso reorganizar as formas de trabalhar, de estudar, de adquirir produtos e serviços, e até mesmo de nos relacionarmos uns com os outros. Esse distanciamento provocou reações variadas nas pessoas, como ansiedade, estresse, frustração, tédio, por exemplo, que podem levar a um quadro de saúde negativo. É preciso destacar que estamos vivendo (a maioria da população) um período de distanciamento social. Assim, a recomendação de permanecer por mais tempo em casa trouxe uma mudança significativa de comportamento em diferentes aspectos, como veremos a seguir. Atividade física A reclusão ocasionada pelo distanciamento social tende a fazer com que as pessoas sejam ainda menos ativas, o que pode ocasionar, por exemplo, ganho de peso e o surgimento ou ampliação dos efeitos de doenças relacionadas ao estilo de vida (hipertensão, diabetes, entre outras). A atividade física não evita que a pessoa seja contaminada, mas fortalece 26 Márcio Flávio Ruaro (Org.) o organismo de maneira geral, protegendo contra doenças que podem potencializar a ação do coronavírus1. A Organização Mundial da Saúde recomenda que as pessoas realizem pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada (aquela que faz aumentar sua respiração e batimentos cardíacos, mas você ainda consegue conversar ou cantar) e/ou de atividade física vigorosa (aquela em que a respiração e os batimentos cardíacos aumentam muito e para realizá- la você não consegue conversar ou cantar). Para se manter ativo no período de distanciamento social, procure uma atividade que você considera prazerosa. Alguns exemplos são brincar com as crianças e/ou animais domésticos, dançar, subir e descer escadas, entre outras inúmeras atividades possíveis de realização na própria casa. Existem vários aplicativos e vídeos na internet com exercícios e atividades que podem ser realizados sem a necessidade de equipamentos ou orientação especializada. Isso ajudará a diminuir o impacto do distanciamento social e permitirá melhorar sua relação com a família, ao mesmo tempo em que efetua uma atividade saudável. Se não conseguir realizar 30 minutos de atividade física diariamente, seja o mais ativo que puder! Dê uma atenção especial às crianças e adolescentes A tecnologia tem transformado a forma como as crianças brincam, conversam e se relacionam. Na pandemia, o tempo de uso dos aparelhos tecnológicos (inclusive pelos adultos) aumentou significativamente. No entanto, é importante que os pais estejam atentos ao conteúdo e ao tempo de tela dos menores. Ficar muito tempo sentado ou deitado, fazendo movimentos repetitivos em computador, celular ou outro aparelho, pode trazer prejuízos à saúde. O ideal é que você crie propostas de atividade física ou de lazer que possam ser compartilhadas em família, que envolvam movimento. Assim, não somente vai ajudar a criança a manter uma boa saúde, como também poderá se divertir e fortalecer os vínculos entre todos. Lembre-se: uma criança ativa é o primeiro passo para um adulto saudável e feliz. Olhe para a vida de forma positiva A forma como vamos olhar para o mundo quando a situação se estabilizar, não será mais a mesma. Nem por isso se deve perder a esperança ou o otimismo em dias melhores. Ficar na zona de conforto e reclamar da situação é visivelmente mais fácil. Porém, aqueles que estão usando esse 27 Atividade Física em Tempos de Pandemia tempo para pensar em soluções criativas, certamente sairão na frente, seja no trabalho, nas relações sociais ou familiares. Apesar do cenário de caos que nos é apresentado todos os dias pelos meios de comunicação, é preciso olhar para essa pandemia como um aprendizado positivo. Valorizar ainda mais o lar, a família e as boas relações. Ver que os empregos e o dinheiro são importantes, mas não compram o sorriso de um filho ou o abraço de uma pessoa querida. É preciso viver com entusiasmo, alegria, confiança na própria capacidade, utilizando o tempo de distanciamento para otimizar sua vida e suas ações. Por fim, a melhor recomendação a se fazer é a manutenção de um comportamento saudável, o pensamento positivo, as ações firmes em seus propósitos e a crença de que a vida sempre encontra um meio. Em breve isso passará, mas não podemos esquecer jamais que estamos nesse mundo com um único objetivo: sermos felizes. BUSCAR UM PLANO PARA MANTER-SE EM FORMA DURANTE A PANDEMIA É ESSENCIAL Profª. Me. Gesiliane Aparecida Lima Kreve (IFPR) Buscar um plano para manter-se em forma e ter saúde durante a pandemia, parece algo inalcansável para indivíduos que sempre foram sedentários. Vemos em vários estudos que o covid19 está sendo menos agressivo com indivíduos saudáveis e mais cruel com os que apresentam comorbidades relacionadas ao sedentarismo. O sedentarismo é há muito tempo fator determinante para que os indivíduos desenvolvam doenças crônicas como, diabetes, hipertensão arterial, obesidade entre outros, não esqueçamos que portadores de tais doenças estão sendo tratados como população de risco para o covid-19. Como manter-se saudável em tempos tão difíceis? Ao argumentr sobre o que fazer estando trancados em suas casas, há o entendimento que poucas pessoas terão condição física e emocional para desenvolver práticas saudáveis em seus lares, quer seja na questão de alimentação, quer seja na questão da prática de exercícios físicos, pois as tarefas do home ofice estão ocupando o dia todo de muitos, onde tarefas do trabalho se misturam com as familiares e domésticas causando sobrecarga física e psicológica. Existe a dificuldade natural dos indivíduos 28 Márcio Flávio Ruaro (Org.) manterem-se saudáveis, sendo que muitos só obtém resultados positivos ao contratarem profissionais que os levam à rotinas sistemáticas de exercícios físicos e cuidados alimentares, obrigando-os a se exercitarem regulamente. Um ponto crucial é, alguém que não conseguia executar diariamente exercícios físicos mesmo com a ajuda de um profissional, conseguiria fazê- losozinho? A resposta não parece tão simples, os indivíduos naturalmente possuem dificuldade de se exercitar sozinhos, levados pela falta de conhecimento técnico, pela “falta de tempo” ou por questões motivacionais, geralmente as mais comuns. Na verdade, a pandemia trouxe à indivíduos pouco saudáveis muita apreensão, já que estes estão sendo acometidos pelos sintomas mais graves do covid-19. Os mais saudáveis aparentemente estão sendo menos prejudicados. Porém, é difícil imaginar que alguém que não praticava exercícios e não cuidava de seus hábitos alimentares, pudesse agora sozinho conseguir tamanha façanha. Parece que a discussão deve permear o conceito de que, mais importante do que tentar motivar alguém a se exercitar em casa, é motivá-lo a mudar seus hábitos ao término da pandemia, pois teorias relatam que existe imensa dificuldade dos seres humanos mudarem hábitos impregnados em suas vidas por décadas. Não parece plausível culpá-los, pois leigos não conseguiriam sozinhos tomar atitudes saudáveis sem a ajuda de um educador físico, assim como não conseguem curar-se de uma doença sem a ajuda de um médico. Ambas as profissões almejam a profilaxia das doenças, onde cada uma tem sua função específica dentro das questões da saúde humana. Tais profissionais existem para ajudar os indivíduos a desenvolverem hábitos mais saudáveis e aprenderem a cuidar de suas vidas com discernimento e coerência. Mais complexo do que a preocupação com os hábitos saudáveis durante a pandemia será recuperar a condição que os indivíduos adquiriram durante a mesma, pois já é visível a quantidade de adultos e crianças com sobrepeso e obesidade neste período. A sobrecarga do home office ocasionou uma condição de mal-estar e desequilíbrio em todos os aspectos na vida dos indivíduos. Neste contexto, os profissionais da educação física deverão ser protagomistas das ações voltadas à saúde dos mesmos após a pandemia. Tais profissionais da saúde devem instigar as pessoas a desenvolverem práticas saudáveis em seu dia a dia, o que os levaria a um patamar alto de saúde, qualidade de vida e o afastamento das doenças. A manutenção de hábitos saudáveis vai garantir aos indivíduos o distanciamento das enfermidades. Uma questão latente é, a educação física será capaz de mudar antigos paradigmas impregnados em uma sociedade sedentária? Ao término da pandemia valores serão modificados, principalmente aos que se referem à saúde, outras pandemias virão e certamente modificará velhos hábitos, 29 Atividade Física em Tempos de Pandemia substituindo-os por mais saudáveis. Hábitos nefastos serão repensados por indivíduos que temem a próxima pandemia, sendo que esta, é só uma questão de tempo! PARA SE PROTEGER DO COVID-19... EXERCÍCIO FÍSICO NA NATUREZA! Prof. Dr. Andrey Portela (UFSC) Em momentos da pandemia do Coronavírus Covid-19, cuidar de si mesmo é essencial para manter a saúde em dia, principalmente quando em quarentena e pertencendo a um grupo de risco. É importante que as pessoas invistam nisso, cultivando hábitos positivos como, por exemplo, filtrando o excesso de notícias, acalmando a mente, não deixando de ter contato com as pessoas, mesmo que à distância; mantendo rotinas como o horário de dormir, de fazer refeições; desenvolvendo habilidades, cuidando da alimentação, tendo momentos de lazer, além de se manter ativo fisicamente. Quanto ao fato de se manter ativo fisicamente, sabemos que a prática adequada e regular de exercícios físicos é muito importante para possibilitar e manter a saúde física e/ou mental, proporcionando inúmeros benefícios, onde muitos estudos investigam, inclusive, a relação positiva entre o exercício e a resposta imunológica do corpo humano. Diante das preocupações colocadas em tempos de Covid-19, a imunologia tornou-se motivo ainda maior de discussão, buscando-se o desenvolvimento ou aprimoramento/manutenção desta para combater eficientemente o vírus, em caso de contaminação. No entanto, no que diz respeito a prática dos exercícios físicos para este fim, além de algumas indefinições como o tipo, a intensidade, a frequência e a duração adequada de exercícios, outras barreiras se apresentam neste momento de pandemia, como a falta de espaços adequados para a prática, pois as academias tiveram que fechar suas portas; a falta de equipamentos e motivação para treinar em casa somado a falta de orientação/acompanhamento de um profissional de Educação Física, a impossibilidade de aglomeração social, entre outros. Desta forma, devemos pensar em estratégias que auxiliem no rompimento destas barreiras momentâneas para que possamos continuar 30 Márcio Flávio Ruaro (Org.) ativos fisicamente, usufruindo dos importantes benefícios agudos e crônicos do exercício físico, estando protegidos das possíveis consequências do contágio por Covid-19. Umas das formas disto acontecer é tomarmos como iniciativa a prática de exercícios em ambientes naturais, ou seja, em meio a natureza. Certamente, para quem se exercita ao ar livre, os benefícios são muitos. O simples contato com a natureza já traz benefícios para saúde e pode servir como um estímulo a mais para se movimentar, podendo, inclusive, ser mais saudável e eficiente do que outros ambientes de prática, ainda, com a vantagem de não estar em um local fechado, frequentado por muitas pessoas, aumentando o risco de contaminação. Tendo como foco a estratégia de desenvolver nas pessoas o hábito de buscarem os ambientes naturais para o desenvolvimento de suas atividades físicas, para a prática de seus exercícios ou esportes, orientando a forma correta para que isto ocorra, além de diminuir as chances de contato com o vírus, de não ter os prejuízos do sedentarismo, vamos além dos tradicionais benefícios de se ter uma vida ativa. A começar pela luz do sol que, por exemplo, faz nosso organismo produzir vitamina D, que constantemente tem sido intimamente ligada a eficiência do sistema imunológico e combate ao Covid-19. Inúmeras pesquisas comprovam que se exercitar rotineiramente ao ar livre, em contato com a natureza, além de benefícios físicos, auxilia no combate à depressão, ansiedade, estresse, melhorando o humor, a autoestima, estando associado a melhora de parâmetros hormonais e de neurotransmissores do bem-estar como a dopamina e a serotonina. O terreno irregular, a variação de temperatura e a resistência do vento, fazem com que o corpo gaste mais calorias, não havendo rotina. Diferente de uma modalidade de academia de ginástica, por exemplo, onde as pessoas ficam em média se exercitando por sessenta minutos, na natureza tais práticas podem ser tão prazerosas, tão variadas em estímulos, que se perde a noção do tempo, ou seja, a partir deste maior envolvimento a atividade se torna mais duradoura. As opções para esse tipo de atividades são inúmeras e para todos os gostos, indo desde uma simples caminhada a beira do mar até a prática de esportes de aventura. Podemos usufruir de locais como academias ao ar livre, praças e parques, ou ambientes mais rústicos como montanhas, trilhas em meio a mata, praias, cachoeiras, costões, entre outros ambientes naturais. Porém, destaca-se o fato de que, além dos tradicionais procedimentos que devemos tomar para a prática de qualquer exercício físico, como 31 Atividade Física em Tempos de Pandemia um alongamento/aquecimento prévio, hidratação, alimentação... ao se exercitar em meio a natureza devemos ter alguns cuidados a mais, evitando acidentes. Por mais simples que pareça a atividade, o ambiente natural demanda alguns cuidados para a segurança do praticante. Uma boa opção é buscar modalidades conduzidas por pessoas experientes, que conheçam o trajeto/ modalidade, especialmente se for um iniciante. Por mais atenção que se tenha, não dá para garantir que estará livre de uma pedra solta, um galho fora do lugar, uma correnteza inesperada, uma mudança climática, um terreno muito irregular, criando situações que são suficientespara causar, por exemplo, quedas e lesões. Em meio a natureza pense com carinho nas vestimentas e equipamentos que utilizará, por exemplo, optando por roupas confortáveis que deem conta das adversidades climáticas e calçados resistentes e antiderrapante. Não esqueça detalhes importantes como repelente, protetor solar e, dependendo a proposta de prática, um kit de primeiros socorros. Como a tendência é que você fique mais tempo praticando exercícios na natureza com níveis de exigência física que podem oscilar mais, além de estudar o local de prática avalie se sua preparação física está adequada ao percurso/atividade que escolheu, considerando a duração, distância, e altitude que enfrentará. Preferencialmente pratique sempre acompanhado por outra pessoa e sempre informando alguém que você irá realizar tal atividade e o local. Por fim, vá com calma! Estabeleça um ritmo, curta as paisagens e respeite a natureza. A realização de exercícios no meio natural não deve ser considerada apenas uma opção para quem busca a emoção dos esportes de aventura, mas deve ser uma prática acessível, estimulada e adotada como um hábito de vida por todos, sendo mais uma estratégia para manutenção da saúde em tempos de pandemia. Sabemos que é preciso encontrar um equilíbrio nas ações para que se estabeleça um ótimo aproveitamento dos exercícios, e, como foi abordado, se exercitar em contato com a natureza é uma ótima opção, até porque, os fatos têm demonstrado que os sujeitos ativos fisicamente se recuperam mais rapidamente do Covid-19 que os sedentários. 32 Márcio Flávio Ruaro (Org.) ALONGAMENTO – NECESSÁRIO PARA O CORPO E PARA MENTE Prof. Me. Aluísio Menin Mendes (IFPR) Com a pandemia mundial do COVID-19 nos obrigamos a adotar ações, atitudes e posturas que não eram comuns anteriormente. Em relação a postura, convém reportar que a palavra remete a referência no posicionamento de parte do corpo ou dele próprio em relação a localização no espaço e, também, ao modo de agir ou pensar, atitude e comportamento. A postura está diretamente ligada a como uma pessoa confiante, por exemplo, anda com a cabeça elevada ou alguém tímido, se “esconde” no próprio tronco, quando permanece encurvado. No cotidiano, assumimos diversas posições (posturas) que são específicas ao que estamos realizando, seja dormir, fazer jardinagem ou qualquer outra atividade. E, independentemente destas inúmeras ações, a grande maioria acabam alterando um posicionamento corporal que seria normal e natural, criando fragilidades e encurtamentos nas nossas estruturas do aparelho locomotor. Isto limita a amplitude dos movimentos articulares e, entre diversos problemas, pode prejudicar especialmente nossa coluna vertebral. Antes deste surto mundial do COVID-19 se dizia que 80% da população teria, pelo menos, um episódio de lombalgia na sua vida. Agora, certamente isto se agravou. Adicionando ainda sensações como medo, incertezas, ansiedade, sentimentos esses, comuns neste período de pandemia. Esta tensão toda transmite-se para a musculatura provocando dores leves e podendo inclusive agravar-se. Desde que o vírus se disseminou pelo mundo, ficamos menos ativos fisicamente do que éramos. Impossibilitados de sair pelos isolamentos e limitados pelo distanciamento social, que foram solicitados pelas autoridades sanitárias, ficamos mais reclusos nos lares e uma infinidade de pessoas buscou formas de distrair-se, ocupar o tempo ou, mesmo trabalhar em home-office, mantendo posições constantes durante grande parte do dia. Nestas ações, independentemente da situação, as posturas adotadas e assumidas, se não forem alteradas com frequência regular e ainda por ser posturas ruins, possivelmente trarão efeitos nocivos a nossa estrutura de coluna vertebral e seus componentes como: ligamentos, discos, tecido conjuntivo, músculos e até vértebras. Os paramorfismos (alterações 33 Atividade Física em Tempos de Pandemia reversíveis) podem se transformar em dismorfismos (alterações irreversíveis) (VANÍCOLA; GUIDA, 2014). Mas, ainda bem que, para combater e minimizar esta situação temos os exercícios físicos específicos e apropriados denominados: alongamentos. Exercícios que exigem um relaxamento de um grupo muscular a ser trabalhado para que permitam movimentar em amplitudes maiores do que as costumeiras, nas articulações onde estes atuam. Desta maneira, um exercício de alongamento que mantém uma posição de 15, 30 ou mais segundos e que objetiva recuperar ou até aumentar a amplitude de movimento articular, repetido de 3 a 4 vezes, já é capaz de proporcionar relaxamento e bem estar. No alongamento o objetivo é atuar nas estruturas encurtadas, nos músculos que ficaram tensos. E mesmo que seja um tempo relativamente curto, é possível obter benefícios percebíveis. Por isso, precisamos imaginar quanto uma postura qualquer num sofá vendo uma série de tv, sentada numa cadeira inadequada de um escritório improvisado no trabalho em casa, ou mesmo atrás de um volante de caminhão pode ser danosa. Especialmente pelo tempo desta mesma posição manter-se, às vezes, durante horas. Quão perniciosas estas posições constantes e que provocam desvios na coluna são prejudiciais para o organismo humano? A ACSM (2018), reporta que 50% do dia de um indivíduo comum envolve atividades associadas a períodos longos em posição sentada. Imagine isto sendo repetido durante semanas; comumente meses, quanto prejuízo. Entre tantas estruturas e sistemas afetados, a coluna vertebral não escapa ilesa. Devido a localização (central), pelo número de articulações (são 33 vértebras), e por proteger e permitir o direcionamento da medula espinhal e seus ramos nervosos, precisa ter conservadas suas curvaturas fisiológicas para permanecer saudável e indolor. Alterações como hipercifoses, escoliose, cervicalgias e demais desconfortos por pressão intradiscal excessiva, levam ao mal estar e podem trazer consequências para o resto da vida. Por isso, termos atenção a postura nos locais onde permanecemos, mesmo considerando até o posicionamento deitado que, embora reduza a pressão intradiscal, pode trazer problemas se a densidade do colchão não for adequada ao indivíduo, é um fator a considerar, pensando na qualidade de vida. É preciso que tenhamos consciência de que nossa postura, agora referindo-se a ação e atitude, precisa ser de mudança, de recuperação. A flexibilidade articular perdida é apenas um dos problemas a considerar, pois há também a força muscular que é afetada diretamente quando 34 Márcio Flávio Ruaro (Org.) não nos exercitamos regularmente. Um músculo atrofia muito mais rapidamente do que se imagina e, músculos enfraquecidos e encurtados não sustentam, nem protegem nossas estruturas de coluna como deveriam. Trazem inicialmente desconforto, podendo levar a dores e deformações crônicas. “Em relação à função musculoarticular, não é vantajoso ser forte e encurtado ou ser flexível e frágil” (ACHOUR JÚNIOR, 2017, p. 115). A combinação de exercícios que trabalham as duas capacidades físicas expressas aqui seria uma forma para manter a integridade da coluna vertebral. Alinhar-se, fortalecer e alongar, ganhar mobilidade é necessário; gradativamente, respeitando seu condicionamento físico atual. Constantemente estamos recebendo informações a respeito de nos mantermos fisicamente ativos. Chegou a hora de não deixar para depois. Nosso corpo e mente precisam de cuidados, comecemos pela região central, nossa coluna vertebral é uma coluna de sustentação. Que sirva para organizar todo o resto. Que a postura corporal melhorada, através de exercícios regulares que considerem a individualidade, a idade, as preferências e o nível atual de preparo físico, sob orientação e acompanhamento de um profissional da Educação Física, seja possível a todos. Assim como alongar significa “ir além”, que para contribuir nesta adequação da postura, estejam a esperança e o otimismo para superar este período de pandemia.OS EFEITOS PSICOSSOCIAIS DA (IN)ATIVIDADE FÍSICA EM TEMPOS DE PANDEMIA Prof. Esp. Diogo Bertella Foschiera (IFPR) A prática regular da atividade física oferece ao ser humano muito mais do que a possibilidade de ativação do seu tecido muscular ou o aumento da sua frequência cardíaca. O prazer da prática do esporte favorito, o encontro com os amigos no futebol do final de semana, o crescimento pessoal decorrente da prática das lutas ou o senso de cuidado com a própria saúde durante sessões de musculação podem ser apontados como bons exemplos das necessidades humanas atendidas pela prática regular da atividade física. Estes vários efeitos 35 Atividade Física em Tempos de Pandemia positivos que a prática da atividade física oferece para o homem, acabam por torna-la indispensável para uma rotina saldável (GUEDES, 1999; WEINBERG; GOULD, 2017)”title”:”Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício”,”type”:”book”},”uris”:[“http:// www.mendeley.com/documents/?uuid=9f936998-ab25-4298-9a8c- af87c279dd0a”]},{“id”:”ITEM-2”,”itemData”:{“DOI”:”10.5016/66 19”,”ISSN”:”1980-6574”,”abstract”:”11 alcançarem metas voltadas à educação para a saúde, mediante seleção, organização e desenvolvimento de experiências que possam propiciar aos educandos não apenas situações que os tornem crianças e jovens ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida. SAÚDE NO CONTEXTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO A nível conceitual, com freqüência o termo saúde tem sido caracterizado dentro de uma concepção vaga e difusa, o que incentiva interpretações arbitrárias e, por vezes, carente de uma visão didática-pedagógica mais consistente. Essa arbitrariedade tem oferecido uma multiplicidade de opiniões, programas e procedimentos relacionados à promoção da saúde no meio educacional. Em vista disso, os conceitos elaborados quanto ao que vem a ser saúde devem ser objeto de cuidadosa reflexão, para que se possa perceber e atuar de forma coerente no sentido de contribuir efetivamente na formação dos educandos. Mais recentemente, o documento produzido na Conferência Internacional sobre Exercício, Aptidão e Saúde, realizada no Canadá em 1988, com a finalidade de estabelecer consenso quanto ao estado atual do conhecimento nessa área, procurou definir saúde como condição humana com dimensões física, social e psicológica, caracterizada por um continuum com pólos positivos e negativos. A saúde positiva está associada à capacidade de apreciar a vida e de resistir aos desafios do cotidiano, e não meramente a ausência de doenças; enquanto a saúde negativa está associada à morbidez e, no extremo, à mortalidade (Bouchard et alii, 1990. Mesmo com todos os benefícios decorrentes da prática da atividade física, é um desafio para a sociedade moderna a promoção dessa atividade, seja pela preferência das pessoas por atividades tecnológicas (GRECA; SILVA; LOCH, 2016), pela falta de interesse em exercícios físicos (DE LIZ et al., 2010) ou ainda, por falta de acesso, recursos e possibilidades diversificadas de atividades. Ademais, um aspecto agravante deste quadro no ano de 2020 é a pandemia do vírus COVID-19, a qual resultou no distanciamento físico das pessoas e, como consequência, na diminuição do nível de atividade física da população de uma maneira geral (COSTA et al., 2020). 36 Márcio Flávio Ruaro (Org.) Se por um lado a prática regular da atividade física oferece uma série de benefícios nas mais variadas dimensões humanas, a inatividade física e o sedentarismo decorrem em problemas nos campos físico, social e psicológico do ser humano (SAMULSKI, 2009). A falta de contato físico afeta negativamente os praticantes de atividade física voltada à saúde, os atletas amadores ou de fim de semana e até mesmo os atletas profissionais. Do mesmo modo, os aspectos emocionais e cognitivos podem sofrer impactos negativos decorrentes da diminuição da prática regular da atividade física (VORRABER, 2010; WEINBERG; GOULD, 2017). No campo social, o distanciamento físico e a falta do comportamento pró-social, naturalmente, impactam de maneira negativa na sociabilidade das pessoas, causando efeitos nocivos em suas respostas emocionais (KAVUSSANU; AL-YAARIBI, 2019) e capacidades cognitivas (STANGER; KAVUSSANU; RING, 2016). Efeitos estes que podem decorrer em problemas de autoestima e, principalmente, depressivos, os quais comprometem a saúde mental e a capacidade operacional da pessoa em suas atividades diárias. No campo psicológico, o comprometimento do equilíbrio emocional é causando, tanto pela falta da atividade física, como pela redução do convívio social. Esse desequilíbrio diminui a capacidade de processamento dos estímulos ambientais, privando a pessoa de tomar as decisões mais assertivas nas mais variadas tarefas do seu dia a dia (SAMULSKI, 2009; WEINBERG; GOULD, 2017). Uma vez comprometida a condição emocional, as capacidades cognitivas de atenção, concentração, raciocínio, memória, dentre muitas outras, acabam tornando-se menos efetivas, ou seja, a performance da pessoa, no campo esportivo ou fora dele, acaba sendo reduzida significativamente (TREVELIN; ALVES, 2019; VORRABER, 2010). Nesse sentido, fica evidente a necessidade de manter-se fisicamente ativo, mesmo no período da pandemia (PITANGA; BECK; PITANGA, 2020), uma vez que, os efeitos nocivos da inatividade podem comprometer a saúde física, social, emocional e cognitiva das pessoas. Entretanto, torna- se fundamental observar as recomendações sanitárias das instituições nacionais e internacionais acerca da não contaminação pelo COVID-19. Do mesmo modo, seguir recomendações para uma qualidade mínima de atividade física faz-se necessário para garantir os benefícios desta prática. Algumas sugestões interessantes para a atividade física no período da pandemia incluem: A) a prática das atividades na própria residência, em locais abertos (como parques) ou espaços devidamente higienizados; 37 Atividade Física em Tempos de Pandemia B) a realização de atividades aeróbicas, combinadas com anaeróbicas e alongamentos, sempre respeitando os próprios limites corporais e seguindo orientações de profissionais; C) uma duração média diária de 30 a 60 minutos (PITANGA; BECK; PITANGA, 2020). O equilíbrio entre o cuidado sanitário em tempo de pandemia e a prática regular e segura da atividade física pode contribuir com a manutenção da saúde física, social, emocional e cognitiva das pessoas. Referências ACHOUR JÚNIOR, Abdallah Mobilização e Alongamento na Função Neuromuscular. Barueri, SP: Manole, 2017. ACSM - American College of Sports Medicine Diretrizes do ACSM. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. Ferreira, M.J. et al. Vida Fisicamente Ativa como Medida de Enfrentamento ao COVID-19. Arq. Bras. Cardiol. [online]. 2020, vol.114, n.4, p. 601-602. COSTA, C. L. A. et al. Influência do distanciamento social no nível de atividade física durante a pandemia do COVID-19. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 25, p. 1–6, 2020. DE LIZ, C. M. et al. Aderência à prática de exercícios físicos em academias de ginástica. Motriz. Revista de Educacao Fisica, v. 16, n. 1, p. 181–188, 2010. GRECA, J. P. DE A.; SILVA, D. A. S.; LOCH, M. R. Atividade física e tempo de tela em jovens de uma cidade de médio porte do Sul do Brasil. Revista Paulista de Pediatria, v. 34, n. 3, p. 316–322, 2016. GUEDES, D. P. Educação para a saúde mediante programas de Educação Física Escolar. Motriz, v. 5, n. 1, p. 10–15, 1999. KAVUSSANU, M.; AL-YAARIBI, A. Prosocial and antisocial behaviour in sport. International Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 0, n. 0, p. 1–24, 2019. PITANGA, F. J. G.; BECK, C. C.; PITANGA, C. P. S. Atividade Física e Redução do Comportamento Sedentário durante a Pandemia do Coronavírus. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, p. 4–6, 2020. 38 Márcio Flávio Ruaro (Org.) SAMULSKI, D. M. Psicologia do Esporte: conceitose novas perspectivas. 2. ed. Barueri: Manole, 2009. STANGER, N.; KAVUSSANU, M.; RING, C. Gender Moderates the Relationship Between Empathy and Aggressiveness in Sport: The Mediating Role of Anger. Journal of Applied Sport Psychology, v. 29, n. 1, p. 44–58, 2016. TREVELIN, F.; ALVES, C. F. Psicologia do esporte: revisão de literatura sobre as relações entre emoções e o desempenho do atleta. Psicologia Revista, v. 27, p. 545–562, 2019. VORRABER, G. A. Analisis of cognitive and emotional processes inherent to sports tactical performance. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 6, n. 2, p. 117–143, 2010. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 6a ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. SISTEMA IMUNOLÓGICO: A IMPORTÂNCIA EM REALIZAR EXERCÍCIOS FÍSICOS DURANTE O PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL Marcio Roberto Doro Carlos Souza da Silva Rômulo Martins Camila de Melo Accardo Marcio Flavio Ruaro Introdução A COVID-19 é uma doença infecciosa, contagiosa, causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). A rápida e incontrolável disseminação do Covid19 pelo mundo aliada à sua gravidade e consequências para saúde, bem como sua letalidade, fez com que, no dia 11 de março de 2020, o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizasse a situação como pandemia (WHO; 2020). Esta pandemia que atualmente se caracteriza como uma emergência de saúde pública apresentou sua eclosão em Whuan, na China, em dezembro de 2019, e segundo dados da OMS foram confirmados no mundo 32.037.207 casos de COVID-19 (231.396 novos em relação ao dia anterior) e 979.435 mortes (5.559 novas em relação ao dia anterior) até 25 de setembro de 2020. Contudo, a complexidade dos casos, divide-se como uma maioria leve (81%), 14% com necessidade de internação e cerca de 5% evolui com gravidade, necessitando de cuidados intensivos, e dentre estes últimos identifica-se uma mortalidade de 61%, chegando a 81% nos pacientes que necessitam de ventilação mecânica invasiva (SANTOS, et al, 2020). Embora este vírus cause uma taxa de mortalidade menor que a síndrome respiratória aguda grave (SARS), sua transmissão entre indivíduos é muito mais prevalente, outro fator preocupante, é o fato de uma parcela da população infectada ser assintomáticos ou desenvolver a forma leve da doença. Por esse motivo, o isolamento social é essencial no controle de 40 Márcio Flávio Ruaro (Org.) novos infectados (SHEN, et al, 2020). Neste período de reclusão domiciliar a população em geral tende a adotar uma rotina sedentária, sabe-se que os fatores associado ao sedentarismo, obesidade, doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade entre outros, associados ao Covid 19 aumenta o risco de letalidade. A importância de incentivar a manutenção de uma rotina de vida fisicamente ativa no período de isolamento social como uma medida preventiva para a saúde física e mental, se tornou de vital importância, pois como sabemos, a prática regular de exercícios físicos é uma estratégia não- farmacológica para o tratamento e prevenção de diversas doenças, sejam elas de caráter metabólico, físico e/ou psicológico (LUAN, et. al., 2019), além do fortalecimento do sistema imune. Ademais, é sugerido que a prática regular de exercícios físicos fortalece o sistema imunológico, inclusive diminuindo a incidência de doenças transmissíveis, como o novo COVID-19 (WU et al., 2020). Já existem evidências que o risco de infecção do trato respiratório superior por coronavírus é potencialmente maior na presença de deficiência do sistema imunológico (CHANNAPPANAVAR, 2017). O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2020) divulgou um guia onde sugere a prática de atividade física de intensidade a moderada deva ser mantida no período de quarentena, salientando a importância para a saúde de cada minuto fisicamente ativo. A importância desta revisão está relacionada ao fortalecimento do sistema imunológico proporcionado pela prática do exercício físico regular, pois até o momento as únicas defesas que temos contra o Covid 19 são o isolamento social e um sistema imunológico forte. A atual pesquisa se torna relevante para destacar o que encontramos na literatura neste período de 6 meses de pandemia relacionados ao sistema imune, exercício físico e isolamento social. Para atender aos objetivos da nossa revisão foi realizada uma busca nas bases de dados Pubmed, Scielo e Lilacs, utilizando as palavras chaves “immune system, physical exercise, covid 19” e estabelecendo como critérios de inclusão artigos publicados nos últimos seis meses. Foram encontrados 20 artigos que após os critérios de análises se reduziram a 5 (cinco) artigos que serão discutidos nesta revisão. 41 Atividade Física em Tempos de Pandemia Autor Título Periódico Ano Denay KL, Breslow RG, Turner MN, Nieman DC, Roberts WO, Best TM. ACSM Call to Action Statement: COVID-19 Considerations for Sports and Physical Activity Current sports Medicine Reports 2020 Yousfi N, Bragazzi NL, Briki W, Zmijewski P, Chamari K. The COVID-19 pandemic: how to maintain a healthy immune system during the lockdown – a multidisciplinary approach with special focus on athletes Biol Sport 2020 Jesus I, Vanhee V, Deramaudt TB, Bonay M. Promising effects of exercise on the cardiovascular, metabolic and immune system during COVID-19 period J. of Human Hypertension 2020 Silveira MP, Fagundes KKS, Bizuti MR, Starck E, Rossi RC, Silva DTR. Physical exercise as a tool to help the immune system against COVID-19: an integrative review of the current literature Clinical and Experimental Medicine 2020 Onagbiye SO, Mchiza ZJR, Bassett SH, Travill A, Eijnde BO. Novel coronavirus and regular physical activity involvement: Opinion African J. of Primary health care & Family Medicine 2020 Revisão de literatura Coronavírus é uma grande família de vírus que causam doenças respiratórias que variam de resfriado comum a doenças pulmonares mais graves. SARS-CoV-2 é um vírus altamente transmissível que se espalha principalmente por meio de gotículas transportadas pelo ar quando infectadas (NIEMAN DC, 2020). O vírus ataca o tecido vascular por todo o corpo, causando isquemia lesões e reações inflamatórias que destroem células e tecidos (ACKERMANN M, VERLEDEN SE, KUEHNEL M, et al, 2020). Estudo aponta que aponta que para algumas pessoas, o SARS- COV-2 se comporta similar ao HIV, infectando linfócitos TCD4, que compromete a imunidade adaptativa e resposta na produção de anticorpos que também faz parte desta imunidade, (DAVANZO et. al.,2020). O mesmo também causa dano direto ao tecido, e o sistema imunológico do corpo pode responder excessivamente à infecção, resultando em uma tempestade de citocinas capaz de destruição significativa, a tempestade de citocinas é um termo genérico, aplicado à liberação excessiva 42 Márcio Flávio Ruaro (Org.) de citocinas, que são proteínas do sistema imunológico, em resposta à um quadro infeccioso ou outros estímulos que o organismo interprete como agressão. A patogênese deste evento inclui a perda do controle da produção de citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6, seja local ou sistêmico (QING et al, 2020) Ainda não se sabe se o vírus expressará uma variação sazonal, como a gripe, ou ser uma ameaça constante o ano todo, ao que tudo indica ele não tem relação com as estações e deve se manter ativo durante o ano todo. Ademais o COVID-19 está sendo visto como uma sindemia (interação mutuamente agravante entre problemas de saúde em populações em seu contexto social e econômico), isso é importante, pois a nova classificação visa à interação do vírus com o contexto social e ambiental. As intervenções até o momento foram mirando nas rotas de transmissão para controle de disseminação, mas nesse novo contexto trás a tona a necessidade de novas medidas. A análise de fator de risco paraos casos mais graves de COVID-19 indicam uma ligação à obesidade, condições relacionadas à obesidade, como hipertensão e diabetes mellitus tipo 2, idade avançada, status de minoria racial e étnica, e inatividade física (NIEMAN DC, 2020; HAMER M, et al, 2020). No tangente a obesidade é importante destacar que não é qualquer tipo de célula que o SARS-COV-2 infecta é preciso que ela tenha o ACE-2, (KASSIR, 2020), estudos preliminares demonstram que a célula que o SARS-COV-2 parece utilizar como reservatório são as do tecido adiposo, quanto mais tecido, mais partículas virais. Até o momento, não foi encontrada vacina e nem uma cura para o COVID -19, portanto a melhor maneira de combater a contaminação ainda é o isolamento social e manter o sistema imunológico forte. Neste contexto está muito bem estabelecido na literatura que a atividade física regular traz benefícios físicos e mentais a curto, médio e longo prazo. Tais benefícios podem contribuir a melhorar o sistema respiratório, reduzir o aumento de peso, bem como atuar contra a depressão e sofrimento psicológico. Foi relatado que o exercício físico o pode proteger contra alguns dos sintomas de infecções respiratórias, diminuindo a inflamação e melhorando a reação imunológica a infecções virais respiratórias (MARTIN SA, PENCE BD, WOODS JA, 2009). Há fortes evidências que sugerem que o sistema imunológico responde ao exercício físico (NIEMAN DC, WENTZ LM, 2018). 43 Atividade Física em Tempos de Pandemia Nieman tem mostrado por muito tempo que a relação entre o risco de infecção e a extensão do exercício segue uma curva J (Nieman DC, 1994). Isso significa que fazer regular moderado o exercício por um curto período reduz o risco de infecções comparado a nenhuma forma de atividade física. Contudo, aumentar a dose de atividade ou exercício muito alto, e fazer isso por um longo período, aumenta o risco de infecções constantemente até que se torne mais vulnerável do que se eles fossem inativo em primeiro lugar (NIEMAN DC, 1994). Como já apresentado na introdução a complexidade dos casos, apenas 5% dos casos, evolui com gravidade, necessitando de cuidados intensivos, e dentre estes identifica-se uma mortalidade de 61%, chegando a 81% nos pacientes que necessitam de ventilação mecânica invasiva (SANTOS, et al, 2020). Relatos médicos tem evidenciado que estes 5% apesentam alguma doença pré-existente, em geral “doenças cardiovasculares, câncer, obesidade”. Assim é possível identificar uma ligação metabólica e endócrina direta entre diabetes tipo 2 mellitus (DM2), hipertensão e SARSCoV- 2 (BORNSTEIN SR, et al, 2020). Também é importante destacar que com 4 bilhões de pessoas em confinamento no mundo, o surto de COVID-19 pode resultar em tempo excessivo de sedentarismo, especialmente na população de sujeitos vulneráveis e deficientes. Em muitos distúrbios crônicos e doenças, incluindo DM2 e hipertensão, efeitos benéficos cardiovasculares, metabólicos e imunológicos de intervenções de exercícios foram relatadas (NIEMAN DC, WENTZ LM, 2019). A intensidade, volume e modo de exercício podem exercer diferentes ativações do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, do sistema nervoso autônomo e do sistema imunorregulador resultante hormônios que influenciam a resposta imunológica. Intervenções de exercícios podem afetar a sensibilidade à infecção, já que foram mostrados para modificar monócitos e linfócitos, fenótipo e produção de citocinas Efeitos agudos e crônicos do exercício no sistema imunológico resposta tem sido extensivamente estudada em atletas (NIEMAN DC, WENTZ LM, 2019). Quando feito em excesso, o exercício pesado está associado a aumento do risco de doença, atribuído à disfunção imunológica. Aumento de biomarcadores inflamatórios e aumento do risco de infecções do trato respiratório superior foram observadas após sessões de exercícios intensos e prolongadas em atletas. Durante o período pós-corrida, o aumento da suscetibilidade foi correlacionado para suprimir a produção de imunoglobulina A salivar, diminuição da atividade das células natural 44 Márcio Flávio Ruaro (Org.) killer e redução das células T e B. Ao contrário, moderado agudo e crônico mudanças imunes induzidas por exercícios têm estado envolvidas em os efeitos benéficos da atividade física na prevenção do câncer e do desenvolvimento de doenças cardiovasculares (NIEMAN DC, WENTZ LM, 2019, SHARMAN JE, ET AL, 2019, PEDERSEN BK, 2017). Células Imune em respostas antinflamatórias estão ligadas à mitocôndria oxidação de ácidos graxos (Weinberg SE, Sena LA, Chande lNS, 2015). Recentemente, melhora de respiração dependente da oxidação de ácidos graxos foi relatado em células mononucleares do sangue periférico de voluntários saudáveis com um estilo de vida sedentário durante exercícios de baixa intensidade (LIEPINSH E, 2020). Mais estudos são necessários para avaliar o potencial anti- inflamatório do exercício de baixa intensidade em pacientes com doenças cardiometabólicas. Sobre saúde global efeitos benéficos do baixo volume de atividades físicas de lazer atividade, um grande estudo observacional mostrou que 15 min / dia por 6 dias por semana de atividade de baixo volume reduzida todas as causas mortalidade em 14%, mortalidade por câncer em 10% e mortalidade de doenças cardiovasculares em 20%, em comparação com os indivíduos no grupo inativo (WEN CP, et al, 2011). Dados epidemiológicos sugerem que o exercício moderado diminui a mortalidade e a incidência taxa de infecção por influenza (WU S, ET AL, 2016, WONG CM, ET al, 2008). Infecções Respiratórias viral, incluindo coronavírus, induzem inflamação grave, que é parcialmente desencadeada por oxigênio reativo produção de espécies e disfunção do antioxidante do hospedeiro defesa (KHOMICH AO, et al, 2018). Curiosamente, as intervenções de exercícios podem estimular resposta antioxidante, particularmente via Nuclear fator de transcrição do fator 2 relacionado ao eritroide 2 (Nrf2) que estiveram envolvidos na defesa antimicrobiana e cardiovascular risco em doenças metabólicas (VARGAS-MENDOZA N, ET AL, 2019, BONAY M, DERAMAUDT TB, 2015). Neste contexto, exercício crônico moderado e adaptado pode ser duplamente benéfico no DM2 e doenças cardiovascular para prevenir a inflamação e vias respiratórias virais infecção, incluindo infecção por coronavírus (Fig. 1). As alta taxas de incidência de pacientes com sobrepeso e obesidade são observado em unidades de terapia intensiva COVID-19 e muitos dados sugerem que comorbidades pré-existentes, incluindo hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares aumentam a gravidade e taxa de mortalidade de COVID-19. Programas de treinamento físico, 45 Atividade Física em Tempos de Pandemia como intervenções preventivas secundárias após cura, conferiria proteção imunológica aos pacientes com doença cardiovascular e metabólica em comparação com doenças sedentárias controles, mereceriam investigações adicionais. A localização dos programas de treinamento de exercícios, dentro ou fora de casa, também deve ser avaliado. A atividade física moderada a vigorosa (AFMV) diminuiu durante as fases iniciais da pandemia COVID-19, e um retorno gradual é encorajado enquanto segue a mitigação diretrizes (MEYER J, MCDOWELL C, LANSING J, et al., 2020, NIEMAN DC, 2020, WALSH NP, GLEESON M, PYNE DB, et al., 2011). Durante esta pandemia, tem sido recomendado para aqueles com saúde normal e também portadores de doença crônica, atividade física de 30 minutos a 60 minutos na maioria dos dias da semana dentro dos limites do distanciamento social, mas afinal, como conseguir esta meta de atividade física, especialmente aqueles que convalescem de doenças graves. É possível que seja necessário semanas ou possivelmente meses para restaurar a tolerância ao exercício. Está evidente na literatura que exercício aeróbico estimula o miocárdio e melhora a função do coração e é efeiciente para melhorar atroca gases, esta função parece sugerir que tais exercícios podem contribuir para melhorar a eficácia dos pulmões como meio de reabilitação. Neste contexto o isolamento social imposto pelo COVID-19 requer uma abordagem flexível para aspectos de atividades físicas, baseada na necessidade de distanciamento social combinada com mudanças nas demandas e ambientes pessoais. Isso pode incluir atividade física de formas não habituais com atividades ao ar livre, grupos familiares ou alternativos fora do pico vezes. No entanto, um estudo que avaliou a eficácia de um programa de treinamento de exercícios cardiorrespiratórios e desempenho musculoesquelético, bem como relacionado à saúde qualidade de vida dos pacientes que estavam se recuperando da SARS, revelou que o programa foi eficaz na melhoria de ambos na saúde cardiorrespiratória e musculoesquelética (LAU HM, et al, 2005). Considerações finais Esta breve revisão vem elucidar a importância do exercício físico nesse período de isolamento social. Foi visto que o Covid-19 tem um índice de fatalidade maior em obesos, portadores de doenças cardiovasculares ou 46 Márcio Flávio Ruaro (Org.) outras comorbidades pré-existentes. Já está bem estabelecido na literatura que o exercício físico é um potente tratamento não farmacológico para essas doenças, o que pode atenuar a gravidade do vírus. Além disso o exercício físico também tem importante atuação no fortalecimento do sistema imunológico, o que dificulta o alojamento do vírus. Portanto, embora mais estudos sejam necessários é possível apontar o exercício físico como aliado não farmacológico ao combate do Covid-19. Referências Ackermann M, Verleden SE, Kuehnel M, et al. Pulmonary vascular endothelialitis, thrombosis, and angiogenesis in COVID-19. N. Engl. J. Med. 2020; May 21. doi: 10.1056/NEJMoa2015432. [Epub ahead of print]. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS. (ACSM). Staying active during the coronavirus pandemic. Bornstein SR, Dalan R, Hopkins D, Mingrone G, Boehm BO. Endocrine and metabolic link to coronavirus infection. Nat Rev Endocrinol. 2020;16:297–8. CHANNAPPANAVAR R, PERLMAN S. Pathogenic human coronavirus infections: causes and consequences of cytokine storm and immunopathology. Semin Immunopathol. 2017;39(5):529–39. Hamer M, Kivimäki M, Gale CR, Batty D. 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Essa sensação de estar estagnado neste momento é uma falácia. Nossa mente não para, está permanentemente em busca de respostas ou saídas para encontrar o tão sonhado equilíbrio emocional. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde mental como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere“. Nesse contexto ela está associada ao bem-estar, capacidade de amar, manter relações interpessoais, à forma como o sujeito reage às exigências, desafios e mudanças da vida e ao modo como harmoniza suas ideias e emoções. Diariamente, vivenciamos uma série de emoções, como lidamos com elas é o que determina como está a qualidade da nossa saúde mental. Portanto, ter saúde mental, está muito longe de somente ausência de transtornos mentais. Sempre foi um grande desafio
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