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PEIXES COMERCIAIS DE SANTARÉM - PARÁ

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Ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal
Gustavo Krause Gonçalves Sobrinho
Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Eduardo Martins
Diretor de Recursos Naturais Renováveis
Paulo Benincá de Salles
Chefe do Departamento de Pesca e Aquicultura
Carlos Fernando Anicet Fisher
Diretor de Incentivo à Pesquisa e Divulgação
Celso Martins Pinto
Chefe do Departamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação Ambiental
José Silva Quintas
Coordenadora da Divisão de Divulgação Técnico-Científica
Maria Luiza Delgado Assad
Edição
IBAMA
Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação
Departamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação Ambiental
Divisão de Divulgação Técnico-Científica
SAIN, Av. L4 Norte, Edifício Sede.
CEP 70.800-900, Brasília, DF.
Telefones: (061) 316-1191 e 316-1222
Fax: (061) 226-5588
e-mail: ditec@ibama.gov.br
Brasília
1998
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação
Peixes Comerciais do
Médio Amazonas:
Região de Santarém, Pará
Efrem J. G. Ferreira
Jansen A. S. Zuanon
Geraldo M. dos Santos
Coleção Meio Ambiente
Série Estudos: Pesca, n° 18
ISSN 0103-9695
ISBN 85-7300-021-X
Preparação dos Originais
Vitória Adaii Brito Rodrigues
Revisão de Provas
Vitória Adail Brito Rodrigues
Norma Guimarães Azeredo
Capa
Paulo Aclidésio Luna
Diagramação
Luiz Eduardo Nunes
Ilustrações
Efrem J. G. Ferreira
JansenA. S. Zuanon
Geraldo M. dos Santos
F383p Ferreira, Efrem J. G.
Peixes comerciais do médio Amazonas: região de Santarém,
Pará / Efrem J. G. Ferreira, Jansen A. S. Zuanon, Geraldo M. dos
Santos -Brasília: Edições IBAMA, 1998.
214 p.; 21 x 15 cm
ISSN 0103-9695
ISBN 85-7300-021-X
1. Peixes. 2. Comércio. 3. Médio Amazonas. I. Zuanon, Jansen
A. S. II. Santos, Geraldo M. dos. III. Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
CDU 693.2 (282.281.3)
Agradecimentos
Os autores agradecem às seguintes pessoas pela ajuda e
apoio na elaboração deste trabalho: Dr. Mauro César Lambert Ribeiro,
Dra. Victoria Isaac, MSc. Mauro Rufino, MSc. Marcelo Garcia, Carlos
Fisher, Vera Lúcia Rocha, ítalo Vieira, Paulo Roberto Spozito de Oliveira
(Magnólio), Dr. Bernd Mitlewski e Dr. Wolf Hartmann. Ao INPA, IBAMA
e GTZ/GOPA pelo apoio institucional.
Apresentação
Inserido no Projeto Iara - Administração dos Recursos
Pesqueiros na Região do Médio Amazonas, o Subprojeto Biologia e
Ecologia Pesqueira apresenta, como um dos resultados de suas
atividades voltadas para a produção de informações técnico-cientificas,
o Catálogo de Peixes Comerciais do Médio Amazonas. Apesar de não
poder ser considerado um manual completo, no que se refere ao registro
de todas as espécies de peixes ocorrentes na Amazônia brasileira, com
certeza contempla as espécies, economicamente mais importantes,
comercializadas nos mercados e frigoríficos da região de Santarem/PA
e arredores.
A pouca disponibilidade de informações confiáveis sobre
os recursos pesqueiros na região, estruturadas em documentos de
circulação restrita e que ainda utilizam terminologia técnica, dificultam
os trabalhos de identificação dos peixes comerciais do Amazonas.
Na tentativa de superar esses obstáculos tem-se adotado,
neste processo, a utilização de nomes comuns ou populares das
espécies, o que acaba induzindo a erros. Isto porque numa determinada
localidade, um nome pode ser utilizado para identificar diferentes
espécies ou então diferentes nomes podem ser utilizados para designar
um mesmo tipo de peixe.
A forma como este Catálogo foi elaborado, ou seja,
:vitando-se o uso excessivo de terminologia técnica, apresentando
nformações sobre características individuais, biologia e ecologia das
;spécies, bem como fotografia colorida de cada uma delas, faz do
jresente trabalho um guia prático e útil para todos os interessados no
issunto, representando, desta forma, uma valiosa contribuição do
3rojeto Iara na geração de conhecimento sobre a composição das
;spécies mais exploradas na região.
Carlos Fernando Fischer
Coordenador Geral / Projeto Iara
SUMARIO
Introdução 9
Metodologia 12
Os Peixes Comerciais da Região de Santarém 13
Chave de Identificação das Famílias de Peixes 17
Descrição das Famílias e Espécies de Peixes 21
CHONDRICHTHYES 21
Lamniformes 21
Carcharhinidae 21
Rajiformes 22
Pristidae 22
Potamotrygonidae 23
OSTEICHTHYES 28
Osteoglossiformes 28
Arapaimidae 28
Osteoglossidae 29
Clupeiformes 31
Clupeidae 31
Characiformes 35
Erythrinidae 35
Prochilodontidae 38
Curimatidae 42
Chilodontidae 50
Hemiodontidae 51
Anostomidae 58
Serrasalmidae 68
Cynodontidae 85
Characidae 89
Siluriformes 97
Doradidae 97
Callichthyidae 103
Loricariidae 105
Hypophthalmidae 108
Ageneiosidae 112
Pimelodidae 117
Auchenipteridae 143
Perciformes 146
Sciaenidae 146
Cichlidae 155
Bibliografia 179
Glossário de Termos Técnicos 183
Desenhos Esquemáticos das Principais Estruturas
Morfo-anatômicas das Espécies Estudadas 187
Prancha 01 - Corpo de Peixe de Escama 189
Prancha 02 - Corpo de Peixe liso 190
Prancha 03 - Diferentes Tipos de Boca 191
Prancha 04 - Cabeça de Characiforme 192
Prancha 05 - Vista Ventral da Cabeça - Raios Branquiostegais 192
Prancha 06 - Vista Ventral da Cabeça - Barbilhões 193
Prancha 07 - Diferentes Tipos de Escamas de Peixes 193
Prancha 08 - Diferentes Tipos de Dentes de Peixes 193
Prancha 09 - Diferentes Formas de Nadadeiras Caudais 194
Prancha 10 - Aparelho Branquial de Peixes 194
Lista das Espécies de Peixes Comerciais com Nomes
Científicos e Comuns 195
índice Remissivo 202
Introdução
Os peixes são a principal fonte de proteína na alimentação
das populações amazônicas. Em Manaus, por exemplo, o peixe representa
cerca de 70% da proteína animal consumida, com uma média per capita
da ordem de 150 g/dia, quase 10 vezes maior que a média nacional
(GIUGLIANO et ai, 1978). As populações interioranas com certeza
apresentam valores maiores que estes, já que são muito mais dependentes
dos recursos pesqueiros do que as das zonas urbanas.
A produção anual de pescado na Amazônia brasileira
oscila em torno de 85 mil toneladas, sendo Manaus o maior mercado
pesqueiro, com cerca de 30 mil t/ano (PETRERE JR., 1978a,b). Estes
valores são elevados, contudo representam menos da metade da
produção total estimada para a região, que é de 151 mil t/ano (PETRERE
JR., 1989). A estimativa do rendimento sustentável é de cerca de
200.000 t/ano, caso os estoques fossem equitativamente explorados.
Por sua importância na economia regional a pesca tem se
expandido como atividade comercial. Por outro lado, o aumento da
população urbana na Amazônia tem ocasionado uma procura por
pescado cada vez maior, em função do preço médio do pescado ser
mais baixo que o de outras fontes de proteína animal, como o gado e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
frango. Isto fez com que mais pessoas e barcos entrassem na atividade
para suprir a demanda nas grandes cidades, ocasionando uma
concorrência na utilização deste recurso, entre os moradores ribeirinhos
e urbanos. Tal fato tem ocasionado uma série de problemas, como a
competição entre grupos de pescadores, sendo que uns defendem a
ideia de que os recursos pesqueiros devam servir principalmente às
comunidades ribeirinhas locais, enquanto outros pressionam para que
estes sejam destinados aos grandes centros consumidores. Além disto
existe também a competição entre os pescadores e membros de outros
setores económicos, que utilizam as áreas das várzeas para fins
agropecuários, exploração florestal, especulação imobiliária, etc.
(SUDEPE, 1988). Os problemas relacionados ao aproveitamento dos
recursos pesqueiros têm ocasionado sérios conflitos entre os diversos
segmentos sociais envolvidos, chegando até a disputas armadas, com
morte de pessoas, principalmente na região de Santarém.
Os órgãos públicos que atuamno setor têm sido acionados
na busca de soluções para estes problemas; no entanto, constata-se
uma carência generalizada de informações confiáveis sobre os recursos
pesqueiros, bem como sobre outros aspectos importantes de atividades
correlatas. Isto impossibilita a apresentação de sugestões adequadas
para resolver ou minimizar os conflitos.
Apesar da importância e do grande potencial que o peixe
representa para a região, o conhecimento sobre a composição das
espécies exploradas é quase nulo. As informações disponíveis, em sua
maioria, estão em boletins e relatórios técnicos, de circulação restrita,
os quais normalmente citam apenas o nome comum das principais
espécies, que não passam de algumas dezenas.
Um dos problemas cruciais enfrentados nesta área é a
dificuldade de identificação correta das espécies. Existem poucos
10
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
trabalhos que podem ser utilizados na identificação das espécies de
peixes da região; em sua grande maioria são trabalhos que usam
terminologia técnica, não facilmente acessível, restritos em sua
abrangência a um grupo específico de peixes e geralmente escritos em
língua estrangeira. Esta situação leva a que os trabalhos com peixes
comerciais da Amazônia se utilizem dos nomes comuns ou populares
das espécies, incorrendo em erros, uma vez que estes mudam de um
local para outro. Mesmo numa mesma localidade um único nome
comum pode ser utilizado para identificar diferentes espécies, ou ainda
diferentes nomes podem ser dados a uma mesma espécie.
Foi com o objetivo de encontrar soluções para estes conflitos
que se elaborou um programa de administração dos recursos pesqueiros
na região do Médio e Baixo Amazonas, chamado Projeto IARA. Este
programa vem sendo desenvolvido numa área compreendida entre os
municípios de Almeirim (Pará) e Itacoatiara (Amazonas), embora numa
primeira etapa as atividades estejam sendo concentradas no município
de Santarém (Pará). Este projeto é composto de vários segmentos,
englobando diversos aspectos da pesca, desde a biologia dos peixes até
características sócio-econômicas das comunidades ribeirinhas, incluindo
informações sobre a pesca artesanal e comercial.
O presente trabalho apresenta os resultados obtidos pelo
subprojeto "Biologia", segmento "Identificação das espécies
comerciais". Nele constam a relação e a ilustração de todas as espécies
encontradas nos mercados e frigoríficos da região. Devemos ressaltar
que este inventário não é completo, mas com certeza abrange as
principais espécies comerciais encontradas nos mercados e deve
constituir-se, portanto, num guia de identificação prático e útil para
técnicos e leigos que lidam ou se interessam pelo assunto.
11
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Metodologia
Para a realização deste trabalho foram feitas amostragens
nos principais mercados de peixes e frigoríficos da região de Santarém,
sendo coletadas todas as espécies de peixes encontradas e, sempre
que possível, registrando-as fotograficamente a fresco . Exemplares da
maior parte das espécies foram fixados em formalina a 10%,
posteriormente conservados em álcool 70%, e depositados na Coleção
Central de Peixes do INPA.
A classificação seguida foi a de FINK & FINK (1981),
GREENWOOD et a/. (1966), LAUDER & LIEM (1983), com alterações
embasadas em trabalhos científicos mais específicos de revisão de
determinados grupos (ROBERTS, 1973; 1974; VARI, 1983; 1989;
KULLANDER, 1983; entre outros). A relação dos trabalhos científicos
utilizados para a identificação das espécies é apresentada na
bibliografia.
Além de descrições dos taxons, o trabalho apresenta chaves
de identificação para famílias e espécies. Para cada uma das espécies
identificadas é apresentada uma fotografia colorida. Nos poucos casos
em que isto não foi possível utilizou-se fotografias de material
preservado. Apresentamos também informações sobre as características
individuais, a biologia e ecologia das espécies, e outras informações
de caráter geral. Tentamos, na medida do possível, evitar o uso de
terminologia técnica, de modo que seja acessível a qualquer leigo no
assunto. Para auxiliar na compreensão destes termos apresentamos ao
final um glossário com os principais termos técnicos utilizados, além
de desenhos esquemáticos das principais estruturas morfo-anatômicas
citadas no texto.
Devemos salientar que embora abranja um considerável
número de espécies, este manual foi elaborado basicamente para as
espécies de peixes comerciais de Santarém e arredores.
12 •
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Os Peixes Comerciais da Região de Santarém
Os peixes amazônicos pertencem a dois grupos ou classes
distintas: os Chondrichthyes e os Osteichthyes.
Os Chondrichthyes são caracterizados pelo esqueleto
cartilaginoso, que pode apresentar calcificação, mas nunca ossificação;
narinas e boca ventrais; os dentes não são, em geral, fundidos à maxila
e são substituíveis; pele normalmente com escamas dérmicas fortes,
chamadas de placóides ou dentículos dérmicos; 5 a 7 aberturas
branquiais de cada lado da cabeça; ausência de bexiga natatória e
pulmão; válvula espiral presente no intestino; os machos apresentam
um par de claspers nas margens internas das nadadeiras pélvicas, que
são usados na reprodução. Os Chondrichthyes estão divididos em duas
sub-classes, Elasmobranchii e Holocephalii. A primeira compreende
os tubarões e arraias, e a segunda as quimeras. Na Amazônia só foi
registrada a presença de peixes da subclasse Elasmobranchii. Ela está
dividida em duas ordens: Lamniformes (tubarão), e Rajiformes
(arraias). Foram registrados representantes de três famílias:
Carcharhinidae, Pristidae e Potamotrygonidae.
Os Osteichthyes diferem dos Condrichthyes pela presença
de ossos, escamas e bexiga natatória e, eventualmente, pulmões;
apresentam os raios moles das nadadeiras normalmente segmentados
e de origem dérmica (lepidotrichia); geralmente apenas uma abertura
branquial de cada lado da cabeça, coberta por opérculo ósseo. Possuem
as mais diferentes formas e características, sendo portanto diferenciados
mais por um padrão estrutural comum, combinado com a ausência de
características dos Chondrichthyes. Os Osteichthyes estão
representados por cinco ordens: Osteoglossiformes, Clupeiformes,
Characiformes, Siluriformes e Perciformes.
• 13
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
A ordem Osteoglossiformes é composta por apenas 15
espécies, todas arcaicas, com duas espécies na América do Norte, três
na América do Sul, quatro na África, quatro na Ásia e duas na Austrália.
É caracterizada principalmente pela presença de uma língua óssea e
grandes escamas ciclóides com pequenos ornamentos. Na Amazônia
estão os três representantes da América do Sul, pertencentes a duas
famílias, Arapaimidae e Osteoglossidae. Representantes das duas
famílias foram encontrados em Santarém.
A ordem Clupeiformes é composta por peixes
caracterizados por atributos comuns aos peixes ósseos inferiores: raios
moles, nadadeiras pélvicas abdominais, escamas ciclóides, etc; além
disto, a bexiga natatória se estende para frente em dois ramos que
entram no crânio e terminam em pequenas bolhas, e parte do canal do
sistema sensor se espalha sobre o opérculo e subopérculo. Normalmente
possuem escamas prateadas decíduas. Muitos possuem ventre
comprimido em forma de quilha, geralmente com escamas
especializadas, direcionadas para trás, chamadas de escudos, serras
ou carenas. A ordem é composta por três famílias: Clupeidae,
Engraulididae e Pristigasteridae, sendo que apenas representantes da
primeira foram encontrados em Santarém.
A ordem Characiformes compreende a grande maioria dos
peixes de água doce do Brasil. Eles são caracterizados pelo corpo
totalmente revestido de escamas finas; nadadeiras pélvicas com 5 a 12
raios e localizadas na porção médio-posterior do corpo; nadadeira
caudal com cerca de 19 raios principais; nadadeira adiposa quase
sempre presente; série circumorbital com no máximo oito ossos;
presença de ossos finose pontiagudos, denominados "espinhas" entre
a musculatura do corpo; e de 3 a 5 raios branquiostegais. Os peixes
desta ordem estão restritos à América do Sul e África, porém algumas
espécies alcançaram a América Central em época recente. Cerca de
14
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
90% destes peixes ocorrem na América do Sul. Um total de
aproximadamente 1.300 espécies, distribuídas por cerca de 16 famílias,
são conhecidas no Brasil. Segundo alguns autores, este grupo apresenta
o mais extenso caso de diversidade morfológica e ecológica entre os
vertebrados atuais, sendo a Amazônia o seu maior centro de radiação
evolutiva. A este grupo pertencem espécies de grande valor económico,
tanto para a aquariofilia (cardinal, tetra), como para a alimentação
humana (tambaqui, jaraqui, pacus, sardinhas). Na região de Santarém
foram encontradas representantes de nove famílias desta ordem:
Erythrinidae, Prochilodontidae, Curimatidae, Chilodontidae,
Hemiodontidae, Anostomidae, Serrasalmidae, Cynodontidae e
Characidae.
A ordem Siluriformes congrega peixes caracterizados pelo
corpo sem escamas, coberto por pele nua (lisa) ou placas ósseas;
apresentam também barbilhões ao redor da boca, normalmente em
três pares (um par maxilar e dois pares mentonianos). Os dentes são
pequenos e curvos, agrupados em faixas ou placas semelhantes a uma
lixa. As nadadeiras peitorais e dorsal são geralmente guarnecidas com
espinhos providos de serras nas margens. Muitas espécies apresentam o
corpo achatado, dorso-ventralmente adaptado à vida bentônica. A maioria
das espécies é noturna ou crepuscular. Muitas são carnívoras, mas outras
alimentam-se principalmente de algas (lodo) que são raspadas de folhas,
pedras e galhos submersos. A ordem inclui desde peixes de mais de 2,5 m
de comprimento e 200 kg, como a piraíba, até espécies muito pequenas,
cujos indivíduos adultos não passam de 3 cm de comprimento total.
Algumas espécies produzem sons que podem ser ouvidos até de fora
d'água. Várias espécies possuem a capacidade de respirar ar na superfície,
o que as torna capazes, de habitar ambientes não suportados por outros
grupos de peixes. A ordem compreende 14 famílias nas águas doces da
América do Sul, sendo 12 na Amazônia brasileira. Uma família adicional
(Ariidae) ocorre no estuário do rio Amazonas (Baía de Marajó). Seis
• 15
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
famílias foram registradas nos mercados, feiras e frigoríficos de Santarém:
Ageneiosidae, Hypophthalmidae, Loricariidae, Auchenipteridae,
Doradidae e Pimelodidae.
A Ordem Perciformes constitui a maior dentre todos os
vertebrados, com cerca de 7.000 espécies de peixes, em sua maioria
de origem marinha. Elas apresentam as seguintes características:
espinhos presentes nas nadadeiras; nadadeiras dorsal composta de
duas porções, a primeira com espinhos e a segunda com raios moles
ramificados; nadadeira adiposa nunca presente; nadadeiras pélvicas
em posição torácica ou jugular ou ausentes; nadadeiras pélvicas com
um espinho e cinco ou menos raios moles; nadadeiras peitorais no
lado do corpo, inseridas verticalmente; menos que 17 raios principais
na nadadeira caudal; escamas ctenóides ou ausentes (ciclóides em
poucas formas). Na Amazônia elas representam cerca de 5% das
espécies existentes, sendo em sua maioria ciclídeos (acarás, tucunarés,
jacundás). A ordem é representada por cinco famílias na Amazônia,
duas das quais foram encontradas nos mercados de Santarém: Cichlidae
e Sciaenidae.
16
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE PEIXES
1. Aberturas branquiais de cada lado da cabeça, não protegidas por opérculo;
esqueleto cartilaginoso 2
1'. Presença de uma só abertura branquial de cada lado da cabeça,
recoberta por um opérculo ósseo; esqueleto ósseo 4
2. Abertura branquial em posição ventral 3
2'. Abertura branquial em posição lateral; corpo alongado; lóbulo
superior da nadadeira caudal muito maior que o inferior; boca em
posição subinferior
Carcharhinidae (tubarão) p. 21
3. Corpo discóide, achatado, prolongado por uma cauda em forma de
chicote, com a presença de um ou mais ferrões sobre ela
Potamotrygonidae (arraias) p. 23
3'. Corpo alongado, cabeça se prolongando em ponta óssea (rostro)
achatada, em forma de serra, com 17 a 20 dentes de cada lado..
Pristidae (peixe-serra) p. 22
4. Corpo coberto de escamas 5
4'. Coberto nu, sem escamas, ou com placas ósseas 16
5. Nadadeira dorsal normalmente curta e sempre sem espinho;
nadadeiras peitorais em posição baixa e afastadas das ventrais 6
5'. Nadadeira dorsal geralmente longa, se estendendo por grande parte do
dorso, sua porção anterior constituída de raios duros, em forma de espinho,
e a posterior de raios moles; nadadeiras peitorais altas, quase sobre as
ventrais; ausência de nadadeira adiposa 22
6. Nadadeira dorsal situada na parte posterior do corpo; escamas grandes
e em forma de mosaico; língua óssea e áspera 7
6'. Nadadeira dorsal situada na porção mediana do corpo; escamas
e língua normais 8
• 17
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
7. Corpo roliço, cabeça pequena e achatada dorso-ventralmente, boca terminal
Arapaimidae (pirarucu) p. 28
7'. Corpo alongado, achatado lateralmente, região ventral quilhada,
boca oblíqua, presença de dois pequenos barbilhões
Osteoglossidae (aruanã) p. 29
8. Corpo alongado, muito comprimido; cabeça estreita; boca pequena,
ligeiramente voltada para cima; região pré-ventral com serras ou carena; sem
nadadeira adiposa
Clupeidae (apapás) p. 31
8'. Corpo alongado, nornalmente não muito comprimido; região pré-
ventral geralmente normal; nadadeira adiposa quase sempre presente
9
9. Nadadeira anal curta, menos de 15 raios 10
9'. Nadadeira anal longa, mais de 19 raios 14
10. Nadadeira adiposa ausente, dentes caniniformes, firmemente
implantados e de tamanhos diferentes; caudal arredondada
Erythrinidae (traíras, jejus) p. 35
10'. Nadadeira adiposa presente; caudal geralmente furcada; sem dentes
ou com dentes de formas variadas 11
11. Sem dentes ou com dentes diminutos, fracamente inseridos nos
lábios 12
11'. Presença de dentes incisivos, simples ou cuspidados; corpo alongado,
fusiforme 13
12. Boca protrátil, formando uma ventosa, com duas fileiras de diminutos
dentes inseridos nos lábios; um espinho pré-dorsal; nadadeira anal com 2
raios anteriores não ramificados
Prochilodontidae (curimatã, jaraqui) p. 38
12'. Boca pouco protrátil, sem forma de ventosa, ausência de dentes;
nadadeira anal com 2 raios anteriores não ramificados
Curimatidae (branquinhas) p. 42
18
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
12". Boca pouco protrátil; dentes presentes, em pequeno número, bicuspidados,
inseridos nos lábios; nadadeira anal com 3 ou 4 raios não ramificados
Chilodontidae (branquinha-cascuda) p. 50
13. Dentes cuspidados, em número de 10 ou mais, inseridos apenas na
maxila superior Hemiodontidae (charuto, orana) p. 51
13'. Dentes incisivos ou cuspidados em número de 8 ou menos, inseridos
em ambas as maxilas Anostomidae (aracus) p. 58
14..Corpo alto, comprimido, discóide; presença de fortes serras na linha mediana
da região ventral
Serrasalmidae (pacus, piranhas, tambaqui, pirapitinga) p. 68
14'. Corpo de forma variável, nunca comprimido e alto ao mesmo
tempo 15
15. Corpo alongado, dentes caninos grandes, dois na maxila inferior
muito maiores que os outros, em forma de presas
Cynodontidae (peixe-cachorro, saranha) p. 85
15'. Ausência de dentes caninos muito grandes na maxila inferior
Characidae (sardinhas, matrinxã) p. 89
16. Corpo coberto parcial ou totalmente com placas ósseas 17
16'. Corpo nu, sem placas ósseas 19
17. Corpo com apenas uma série de placas ósseas laterais, ao longo
dos flancos, cada placa com um espinho
Doradidae (bacus, cujuba) p. 97
17'. Corpo coberto por duas ou mais séries de placas ósseas 18
18. Duas séries de placas estreitas, altas e lisas, ao longo do corpo;
boca terminal Callichthyidae (tamoatá) p. 103
18'. Três ou mais séries de placas ósseas ásperas sobre o corpo;boca
inferior com lábios espessos, em forma de ventosa
Loricariidae (acarí-bodó, acarí-pedra) p. 105
19. Abertura branquial ampla, alcançando a sínfise mandibular; rastros
branquiais longos, finos e numerosos
Hypophthalmidae (maparás) p. 108
• 19
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
19'. Abertura branquial não atingindo a sínfise mandibular; rastros
branquiais geralmente curtos, duros e em pequeno número 20
20. Ausência de barbilhões mentonianos, cabeça achatada, corpo
comprimido Agcnciosidae (mandubés) p. 112
20'. Presença de três pares de barbilhões 21
21. Abertura branquial ampla, prolongando-se além da base da nadadeira
peitoral
Pimelodidae (mandi, sorubim, filhote, jaú, piramutaba) p. 117
21'. Abertura branquial estreita e curta, limitando-se à base da nadadeira
peitoral
Auchenipterídae (mandi, cangati) p. 143
22. Presença de dois espinhos na porção anterior da nadadeira anal; dois
orifícios nasais de cada lado do focinho; linha lateral contínua do opérculo até
o fim do pedúnculo caudal; escamas da linha lateral maiores que as das fileiras
imediatamente superior e inferior Sciaenidae (pescadas) p. 146
22'. Presença de três ou mais espinhos na porção anterior da nadadeira anal;
um só orifício nasal de cada lado do focinho; linha lateral interrompida,
constituída de dois ramos, um superior, do opérculo até embaixo dos raios
moles da dorsal, e outro inferior, sobre o pedúnculo caudal; escamas da linha
lateral de mesmo tamanho que as outras
Cichlidae (acarás, tucunarés, jacundás) p. 155
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Descrição das Famílias e Espécies de Peixes
CLASSE: CHONDRICHTHYES
Ordem: Lamniformes
Família: Carcharhinidae (tubarão, cação)
Espécie: Carcharhinus leucas
Apenas uma espécie de tubarão é encontrada nas águas
continentais da Amazônia, Carcharhinus leucas (Fig. 1). Embora de
origem marinha, esta espécie é comumente encontrada em rios e lagos
desde o México até a América do Sul, sendo sua presença registrada
até no alto rio Solimões, na região de Iquitos, Peru. Não se conhece o
que leva esta espécie a entrar na água doce, aparentemente isto não
está relacionado a nenhuma necessidade biológica fundamental.
Embora frequentemente capturada na região de Santarém, não tem
importância comercial, sendo mais citada como curiosidade.
20 21
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Ordem: Rajiformes
Família: Pristidae (peixe-serra, espadarte)
Espécie: Pristis perotteti
Embora pareça com um tubarão pela forma de seu
corpo, o peixe-serra pertence ao grupo das arraias; isso pode ser
verificado pela presença das fendas branquiais em posição ventral,
e não lateral, como nos tubarões. Somente uma espécie é encontrada
na região, Pristis perotteti (Fig. 2), sendo caracterizada pela
presença de uma lâmina longa e achatada na ponta do focinho,
com 16 a 20 dentes de cada lado. Também de origem marinha, não
se conhece a razão de sua presença nas águas doces. Sua captura
é comum na região, mas, como o tubarão, tem pouca importância
comercial, sendo também motivo de curiosidade.
Figura 2. Pristis perotteti - peixe-serra
22
Peixes Comerciais do
Família: Potamotrygonidae (arraias)
Caracterizadas pela forma discóide do corpo, as arraias
de água doce são bastante comuns na região. Embora pouco
utilizadas como fonte de alimento, são mais conhecidas por
representarem perigo para os banhistas nas margens de lagos e
rios, por causa de seu ferrão que pode causar ferimentos dolorosos.
Apesar de serem de origem marinha, as arraias desta família se
adaptaram totalmente às águas doces, não conseguindo mais
sobreviver em água salgada. As arraias normalmente se alimentam
de peixes e crustáceos. Tem fecundação interna, com os filhotes
nascendo com o formato do adulto. Quatro espécies foram
encontradas na região.
Chave para as Espécies de Potamotrygonidae
1. Superfície dorsal do disco com ocelos amarelos a alaranjados,
maiores que o diâmetro do olho Potamotrygon motoro
V. Superfície dorsal do disco sem ocelos grandes; pequenas manchas
ou ocelos circulares ocasionalmente presentes acima da órbita ou
submarginalmente no disco 2
2. Superfície dorsal do disco coberta com manchas brancas a amarelo-
claras, circulares, isoladas umas das outras, não formando vermiculações
ou rosetas Potamotrygon scobina
2'. Padrão dorsal diferente do anterior 3
3. Disco dorsal marron-escuro com linhas vermiformes escuras; disco e
cauda relativamente ásperos, com dentículos afiados e espinhos
Potamotrygon aff. hystrix
3'. Disco dorsal uniformemente colorido de marron-claro a marron-escuro,
com manchas brancas •irregulares nas margens, ocasionalmente com padrão
reticulado quebrado por pigmentos escuros; uma série submargjnal de tubérculos
geralmente presente no disco Potamotrygon constellata
23
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Potamotrygon motoro
Nome comum: arraia-de-fogo, arraia, raia
Espécie de grande porte, atinge cerca de 60 cm de
comprimento e mais de 15 quilos de peso. Caracterizada pela presença
de ocelos grandes de cor amarelo-alaranjada no dorso do disco. Os
exemplares jovens são comercializados como peixes ornamentais.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Potamotrygon scobina
Nome comum: arraia, raia.
Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de
comprimento e mais de 15 quilos de peso. Caracterizada pela presença
de pequenas manchas circulares de cor amarelo-clara.
Figura 3. Potamotrygon motoro - arraia-de-fogo
24
Figura 4. Potamotrygon scobina - arraia
• 25
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Potamotrygon aff. hystrix
Nome comum: arraia, raia.
Espécie de grande porte, atinge cerca de 50 cm de comprimento
e 15 quilos de peso. Caracterizada pela cor marron-escura do dorso e por
linhas vermiformes escuras; o dorso do disco e da cauda é relativamente áspero,
com dentículos afiados e espinhos.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Potamotrygon constellata
Nome comum: arraia, raia.
Espécie de grande porte, alcança mais de 50 cm de
comprimento e 10 quilos de peso. Caracterizada pelo colorido uniforme
do disco, de cor marrom-claro a marrom-escuro, com algumas manchas
brancas irregulares nas margens do disco; presença de uma série de
tubérculos sobre o disco, lembrando o formato de espinhos de paineira
ou munguba.
Figura 5. Potamotrygon aff. hystrix - arraia Figura 6. Potamotrygon constellata - arraia
26 27
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Peixes Comerciais do Médio Amazonas
CLASSE: OSTEICHTHYES
Ordem: Osteoglossiformes
Família: Arapaimidae (pirarucu)
Caracterizada pela língua óssea e áspera; escamas grandes,
grossas e fortemente imbricadas em forma de mosaico; corpo roliço;
região ventral arredondada; boca terminal.
Espécie: Arapaima gigas
Nome comum: pirarucu, bodeco
Espécie de grande porte, é o maior peixe de escamas da
Amazônia, chegando a atingir mais de 2 metros de comprimento e 100
quilos de peso. Caracterizada pela língua óssea e áspera e pelo corpo
roliço. Tem respiração aérea obrigatória, isto é, precisa subir
regularmente à superfície para tomar o oxigénio do ar. Este hábito é
conhecido pelos pescadores e usado para capturá-lo com arpões.-É
uma espécie predadora, se alimentando de peixes. Na época de
reprodução formam casais, com a fêmea depositando os ovos em
buracos cavados no fundo dos lagos, e cuidam da prole nos primeiros
meses de vida. Espécie muito apreciada como alimento, contudo em
virtude de sua escassez, sua presença nos mercados é pequena, sendo
inclusive proibida sua captura entre os meses de novembro e março. É
comercializada em mantas, que é a carne, em forma de filé, que fica
após a retirada da cabeça, das nadadeiras, e da espinha dorsal,
praticamente sem espinhos. Dois métodos de conservação são
utilizados: o gelo e a salga, sendo este último o principal.
28
20cm
l 1
Figura 7. Arapaima gigas - pirarucu
Família: Osteoglossidae(aruanã)
Caracterizada pela língua óssea e áspera; escamas
grandes, grossas e fortemente imbricadas em forma de mosaico; corpo
achatado lateralmente; região ventral quilhada; boca oblíqua,
profundamente fendida; presença de dois pequenos barbilhões na
ponta do queixo. Embora sejam conhecidas duas espécies na
Amazônia, Osteoglossum bicirrhosum e O. ferreirai, na região de
Santarém só é encontrada a primeira.
• 29
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Osteoglossum bicirrhosum
Nome comum: aruanã, baiano, sulamba, macaco-d'água
Espécie de grande porte, alcança cerca de um metro de
comprimento e mais de 2,5 quilos de peso. Caracterizada pela língua
óssea e áspera, pelo corpo achatado lateralmente, e pela presença de
um par de barbilhões na ponta do queixo. Difere de O. ferreirai, por
esta apresentar 52 a 58 raios na nadadeira dorsal, 61 a 67 raios na
nadadeira anal, e de 37 a 40 escamas na linha lateral, enquanto que
O. bicirrhosum apresenta valores menores que estes, além de O. ferreirai
só estar registrada para a região do rio Negro. Espécie onívora, com
preferência por insetos (principalmente Coleoptera), na captura chegam
a saltar fora d'água, sendo por isso conhecida como macaco-d'água.
Esta espécie se reproduz no início da enchente, com o macho
carregando os ovos, as larvas e os alevinos na boca. Espécie apreciada
pelos aquariofilistas, é explorada intensivamente, principalmente no
rio Negro (AM).
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Figura 8. Osteoglossum bicirrhosum - aruanã
Ordem: Clupeiformes
Família: Clupeidae (apapá, sardinhão)
Os peixes desta família são caracterizados pelo corpo
fortemente comprimido lateralmente; cabeça estreita; boca pequena,
ligeiramente voltada para cima; região pré-ventral com serras ou carena;
nadadeira adiposa e linha lateral, em geral, ausentes. São pelágicos, e
se alimentam de peixes. A maioria são espécies de origem marinha e
estuarina; três espécies são conhecidas nas águas doces da Amazônia.
Chave para as Espécies de Clupeidae
1. 8 serras pós-ventrais Ilisha amazônica
V. Mais de 8 serras pós-ventrais 2
2.10 serras pós-ventrais; 12 rastros no ramo inferior do primeiro arco branquial;
coloração amarelada Pettona castelnaeana
2'. 11 a 14 serras pós-ventrais; mais de 20 rastros no ramo inferior do
primeiro arco branquial; coloração prateada .. Pellona flavipinnis
30 31
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: llisha amazônica
Nome comum: apapá, sardinhão
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. E caracterizada pela presença de oito espinhos pós-
ventrais. E pouco importante como alimento, em virtude de seu pequeno
tamanho e por apresentar muitas espinhas nos músculos.
Figura 9. IHsha amazônica - apapá
32
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Pellona castelnaeana
Nome comum: apapá-amarelo, sardinhão
Espécie de grande porte, atinge mais de 60 cm de
comprimento. É caracterizada pela presença de 10 espinhos pós-ventrais
e 12 rastros no ramo inferior do primeiro arco branquial. Sua coloração
é amarelo-prateada com a região interna da nadadeira caudal escura
e a anal amarela. Espécie piscívora.
Figura 10. Peíhna castelnaeana - apapá-amarelo
33
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Pellona fíavipmnis
Nome comum: apapá-branco, sardinhão
Espécie de grande porte, atinge cerca de 50 cm de
comprimento. É caracterizada por apresentar 11 a 14 espinhos pós-
ventrais e mais de 20 rastros no ramo inferior do primeiro arco branquial.
Sua coloração geral é mais esbranquiçada queP castelnaeana e apenas
o bordo externo da nadadeira caudal é escuro. Comumente capturada
junto com a outra espécie do género. Espécie piscívora.
Figura 11. Pellona flavipinnis- apapá-branco
34
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Ordem: Characiformes
Família: Erythrinidae (traíra, jeju)
Esta família compreende cerca de 7 espécies,
caracterizadas pelo corpo roliço, cilindriforme; cabeça densa, fortemente
ossificada; escamas duras e lisas; nadadeira caudal arredondada; boca
terminal, com dentes caninos e cónicos, sem cúspides, fortemente
implantados; ausência de nadadeira adiposa. Os representantes desta
família são carnívoros e apresentam preferência por ambientes de água
calma, sendo capazes de sobreviver em poças lamacentas e sob
baixíssimas concentrações de oxigénio, graças a adaptações
morfológicas e fisiológicas que possuem. Nos mercados de Santarém
foram encontradas duas espécies.
Chave para as Espécies de Erythrinidae
1. Dorsal com 11-15 raios ramificados, uma série de manchas nos flancos
Hoplias gr. malabaricus
V. Dorsal com 8 raios ramificados, uma faixa longitudinal preta no meio dos
flancos do corpo Hopleiythrinus unitaeniatus
35
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Hoplias gr. malabaricus
Nome comum: traíra
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo roliço; coloração cinza-escura
e às vezes com barras angulares ao longo dos flancos; queixo e
nadadeiras com faixas pontilhadas formadas por pequenas manchas
escuras e claras, alternadamente; dentes caniniformes perfurantes.
Espécie piscívora.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Hoplerythrinus unitaeniatus
Nome comum: jeju
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo roliço; coloração cinza-
amarronzada mais escura no dorso e uma faixa escura ao longo do
corpo; olho pequeno; dentes incisivos. Espécie carnívora, alimenta-se
de peixes e invertebrados.
Figura 12. Hoplias gr. malabaricus- traíra
36
Figura 13. Hoplerythrinus unitaeniatus -jeju
37
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Família: Prochilodontidae (jaraqui, curimatã)
Esta família compreende cerca de 40 espécies,
caracterizadas pelos lábios carnosos e boca protrátil, em forma de
ventosa, e presença de espinho pré-dorsal; dentes diminutos, em fileiras
e em grande número, fracamente implantados sobre os lábios; intestino
bastante enovelado, com numerosos cecos pilóricos e estômago com
grossas paredes musculares. As espécies deste grupo são detritívoras,
alimentam-se de matéria orgânica e microorganismos associados à
lama no fundo de lagos e margens de rios. Foram encontradas três
espécies nos mercados de Santarém.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Prochilodus nigricans
Nome comum: curimatã, curimatã
Espécie de médio porte, alcança cerca de 40 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado; coloração cinza
prateada, ligeiramente azulada no dorso; as nadadeiras caudal, dorsal
e anal apresentam numerosas manchas escuras e claras,
alternadamente; escamas ásperas ao tato; boca protrátil, em forma de
ventosa, com lábios carnosos sobre os quais são implantados numerosos
dentes diminutos em fileiras; linha lateral com 45 a 50 escamas.
Chave para as Espécies de Prochilodontidae
1. Escamas ciclóides ou crenuladas, as pós-dorsais numa série regular
da dorsal até a adiposa, finamente serrilhadas; nadadeira caudal com
faixas verdes ou escuras e amarelas 2
l1. Escamas ctenóides, pelo menos nos adultos; as pós-dorsais
normalmente não em série regular, não estriadas, e semelhantes àquelas
dos flancos; nadadeira caudal com pontos pretos, nunca com faixas
Prochilodus nigricans
2. Corpo alongado, altura 2,8 - 3,3 vezes contida no comprimento
padrão, escamas crenuladas, 66 a 76 escamas na linha lateral
Semaprochilodus taeniurus
2'. Corpo alto, altura 2,0 - 2,7 vezes contida no comprimento padrão;
38 a 45 escamas na linha lateral
Semaprochilodus insignis
38
Figura 14.Prochilodus nigricans- curimatã
39
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Semaprochilodus taeniurus
Nome comum: jaraqui-escama-fina
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado; coloração cinza-
prateada, mais escura no dorso que no ventre;nadadeiras caudal e
anal com faixas transversais, de coloração escura e amarela,
alternadamente; linha lateral com 66 a 76 escamas; 12 a 14 fileiras de
escamas acima da linha lateral.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Semaprochilodus insignis
Nome comum: jaraqui-escama-grossa
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo elevado; coloração cinza-
prateada, mais escura no dorso que no ventre; nadadeiras caudal e
anal com faixas transversais, de coloração escura e amarela,
alternadamente. Espécie muito parecida com a anterior, diferindo
daquela basicamente pelo número de escamas, tendo esta 38 a 45
escamas na linha lateral, e 7 a 9 fileiras de escamas acima da linha
lateral. São comumente capturadas juntas, formando cardumes de
milhares de indivíduos e estão entre as espécies comerciais mais
importantes da Amazônia.
Figura 15. Semaprochilodus taeniurus - jaraqui-escama-fina
40
Figura 16. Semaprochilodus insignis- jaraqui-escama-grossa
41
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Família: Curimatidae (branquinha)
Esta família compreende cerca de uma centena de espécies,
caracterizadas pela ausência total de dentes e o intestino bastante
enovelado. Todas as espécies deste grupo são iliófagas, ou seja, nutrem-
se de matéria orgânica e microorganismos que vivem na lama, sendo
portanto, peixes típicos de lagos, onde exploram o fundo para se
alimentar. Foram encontradas sete espécies desta família nos mercados
de Santarém.
Chave para as espécies de Curimatidae
1. 75 a 120 escamas na linha lateral 2
1'. 45 a 70 escamas na linha lateral 4
2. Presença de um espinho pontiagudo à frente da nadadeira dorsal
Cyphocharax abramoides
2'. Ausência de espinho à frente da dorsal 3
3. Região abdominal afilada, formando uma quilha
Potamorhina latior
3'. Região abdominal arredondada Potamorhina altamazonica
4. Boca inferior, lábio superior carnoso 5
4'. Boca terminal, lábio superior fino 6
5. Corpo alongado, presença de uma mancha na região pré-dorsal; cerca
de 50 escamas na linha lateral; extremidade da nadadeira anal alcança
a base da caudal Steindachnerina bimaculata
5'. Corpo relativamente elevado; região pré-ventral achatada; ausência
de mancha sobre o corpo; cerca de 65 escamas na linha lateral;
extremidade da nadadeira anal não alcança a base da caudal
Curimatã inornata
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
6 Corpo elevado; presença de uma mancha escura na base dos raios
caudais medianos; lóbulos da nadadeira caudal uniformemente claros
Psectrogaster amazônica
&. Corpo alongado, ausência de mancha na base dos raios caudais;
lóbulos da nadadeira caudal geralmente com uma mancha escura ...
Psectrogaster rutiloides
Espécie: Cyphocharax abramoides
Nome comum: branquinha
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado; coloração
uniformemente clara; presença de um espinho pontiagudo na base
anterior da nadadeira dorsal.
Figura 17. Cyphocharax abramoides - branquinha
42 • 43
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Potamorhina latior
Nome comum: branquinha-comum
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto e romboidal; região ventral
do corpo bastante afilada, em forma de quilha; coloração uniformemente
clara; 90 a 120 escamas na linha lateral.
Figura 18.Potamorhina latior- branquinha-comum
44 •
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Potamorhina altamazonica
Nome comum: branquinha-cabeça-lisa
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto e alongado; região pré-
pélvica transversalmente arredondada; escamas pequenas; 90 a 120
escamas na linha lateral. Forma grandes cardumes e apresenta grande
importância comercial.
Figura 19.Potamorhina altamazonica- branquinha-cabeça-lisa
• 45
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Steindachnerina cf. bimaculata
Nome comum: branquinha
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado; coloração cinza
amarelada; uma mancha escura na base da caudal e outra na base da
dorsal; escamas relativamente grandes; nadadeiras amareladas.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Curimatã inornata
Nome comum: branquinha
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
;omprimento. Caracteriza-se pela coloração uniformemente prateada;
inha lateral com cerca de 65 escamas; boca inferior, lábio superior
;arnoso, formando uma espécie de focinho saliente, região pré-ventral
ichatada, coberta por escamas grandes. Apesar de abundante, não
ipresenta grande importância comercial.
Figura 20. Steindachnermad. bimaculata - branquinha Figura 21. Curimatã inornata - branquinha
46 47
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Psectrogaster amazônica
Nome comum: branquinha-cascuda
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Corpo curto e alto; região pré-pélvica transversalmente
arredondada; região pós-pélvica quilhada e com escamas
transformadas em espinhos; coloração prateada com uma mancha
escura pouco conspícua na base dos raios caudais.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Psectrogaster rutiloides
Nome comum: branquinha-cascuda
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo relativamente alongado; região
oré-pélvica transversalmente arredonda ou ovalada; região pós-pélvica
quilhada mas sem escamas transformadas em espinho; extremidade
dos lobos caudais normalmente com uma mancha escura.
Figura 22. Psectrogaster amazônica - branquinha-cascuda Figura 23. Psectrogaster rutiloides- branquinha-cascuda
48 49
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Família: Chilodontidae (cabeça-dura, cabeça-de-ferro)
Esta família compreende 6 a 7 espécies, caracterizadas
pela nadadeira anal curta, com 7 a 10 raios ramificados; boca pequena
com poucos e diminutos dentes fracamente implantados nos lábios e
escamas grandes, geralmente ásperas ao tato. Nos mercados da região
foi registrada a presença de apenas uma espécie.
Espécie: Caenotropus labyrinthicus
Nome comum: branquinha-cascuda, cabeça-dura,
cabeça-de-ferro
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Caracteriza-se pela boca pequena com dentes
minúsculos, fracamente implantados nos lábios; escamas grossas;
coloração do corpo cinza, com numerosas manchas puntiformes
escuras e uma faixa longitudinal ao longo do corpo, interceptada na
região humeral por uma mancha escura; cavidade abdominal com
ampla área vazia. Espécie onívora, alimenta-se de pequenos
invertebrados, algas e detritos.
Figura 24. Caenotropus labyrinthicus - cabeça-dura
50
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Família: Hemiodontidae (orana, cubiu, charuto, flexeira)
Esta família compreende algumas dezenas de espécies
caracterizadas pelo corpo fusiforme; boca pequena, terminal a inferior;
maxila inferior desprovida de dentes e a maxila superior com dentes
pequenos, multicuspidados, frágeis e fracamente implantados. As
espécies deste grupo, geralmente, alimentam-se de perifiton,
microorganismos bentônicos e plâncton. Foram encontradas seis
espécies desta família nos mercados de Santarém.
Chave para as Espécies de Hemiodontidae
1. Rastros branquiais numerosos e longos, aproximadamente do mesmo
tamanho dos filamentos branquiais; presença de uma mancha escura no queixo
Anodus melanopogon
V. Rastros branquiais curtos, muito menores que os filamentos
branquiais; ausência de mancha escura no queixo 2
2. 65 a 75 escamas na linha lateral; 5 a 6 escamas entre a linha lateral
e a nadadeira ventral 3
2'. 100 a 125 escamas na linha lateral; 10 a 20 escamas entre a linha
lateral e a nadadeira ventral 4
3. Presença de uma mancha arredondada no meio do corpo;
extremidade dos raios da nadadeira caudal escura;escamas abaixo da
linha lateral maiores que aquelas acima .. Hemiodus unimaculatus
3'. Ausência de mancha no corpo; extremidade dos raios da nadadeira caudal
hialina, formando uma faixa clara semicircular na parte interna; escamas abaixo
e acima da linha lateral do mesmo tamanho Hemiodus immaculatus
4. Cerca de 100 escamas na linha lateral; 10 a 12 escamas entre a
linha lateral e a nadadeira ventral; corpo relativamente elevado
Hemiodus ocellatus
4'. 110 a 125 escamas na linha lateral; 15 a 17 escamas entre a linha
lateral e a nadadeira ventral; corpo alongado 5
• 51
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
5. Corpo muito alongado, altura contida cerca de 4 vezes no comprimento;
nadadeira caudal profundamente furcada, com a face extema do lóbulo inferior
intensamente avermelhada Hemiodus sp.
5'. Corpo pouco alongado, altura contida entre 3 e 3,5 vezes no
comprimento; nadadeira caudal fracamente furcada, com a face
externa do lóbulo inferior de cor amarela clara
Hemiodus microlepis
Espécie: Anodus melanopogon
Nome comum: cubiu, charuto, cubiu-orana
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo roliço; coloração cinza-
amarronzada uniforme e ocasionalmente uma mancha escura
arredondada no meio do corpo e outra no queixo; ausência de dentes;
filamentos branquiais longos e numerosos. Espécie planctívora;
alimenta-se de pequenos crustáceos planctônicos.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Hemiodus unimaculatus
Nome comum: charuto, orana
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Corpo fusiforme; coloração cinza-prateada com uma
mancha escura arredondada na porção mediana do corpo; escamas
da parte ventral do corpo maiores que as da parte dorsal; 65 a 71
escamas na linha lateral; 12 a 14 escamas acima da linha lateral. Espécie
onívora, alimenta-se de pequenos invertebrados e algas.
Figura 25. Anodus melanopogon - cubiu
52
Figura 26.Hemiodus unimaculatus- charuto
53
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Hemiodus immaculatus
Nome comum: charuto, orana
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo fusiforme, coloração cinza
prateada uniforme, mais escura no dorso que no ventre; nadadeira
caudal com uma mancha escura em forma de V; 5 a 6 escamas entre a
linha lateral e a nadadeira ventral. Espécie onívora, alimenta-se de
microrganismos do bentos e perifiton.
Figura 27. Hemiodus immaculatus - orana
54
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Hemiodus ocellatus
Nome comum: charuto, orana, flexeira
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo fusiforme; coloração cinza, mais
escura no dorso que no ventre; uma mancha escura arredondada no flanco;
miômeros em forma de zigue-zague facilmente visíveis nos flancos; porção
interna do lóbulo inferior da caudal mais escura que a restante; escamas
diminutas, em número aproximado de 100 na linha lateral; 21 a 22 fileiras
de escamas acima e 10 a 12 abaixo da linha lateral. Espécie onívora,
alimenta-se de microorganismos do bentos e perifiton.
Figura 28. Hemiodus ocellatus - charuto
55
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Hemiodus sp.
Nome comum: charuto, orana
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo fusiforme, não elevado; altura
contida entre 3 e 3,5 vezes no comprimento; nadadeira caudal
profundamente furcada, com a face externa do lóbulo inferior
intensamente avermelhada; escamas diminutas, em número de 110 a
125 na linha lateral e 15 a 17 abaixo dela. Espécie onívora, alimenta-
se de microorganismos do bentos e perifiton.
Figura 29. Hemiodussp. - charuto
56
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Hemiodus microlepis
Nome comum: charuto, orana, flexeira
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo fusiforme, relativamente
elevado, com altura contida entre 3 e 3,5 vezes no comprimento;
coloração cinza, com uma mancha escura arredondada nos flancos;
nadadeiras peitoral, ventral e anal alaranjadas; escamas diminutas,
com 110 a 125 na linha lateral e 15 a 17 abaixo da linha lateral; Espécie
onívora, alimenta-se de microorganismos do bentos e perifiton.
Figura 30. Hemiodus microlepis - charuto
• 57
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Família: Anostomidae (aracu, piau)
Esta família compreende peixes caracterizados pelo corpo
alongado, fusiforme; narina em forma de tubo; dentes incisivos, em
número de 6 ou 8 em cada maxila, firmemente implantados; nadadeira
anal curta, com 10 a 13 raios e nadadeira dorsal implantada ao nível
médio do corpo. A grande maioria destes peixes apresenta hábitos
onívoros, alimentando-se, preferencialmente de invertebrados e frutos,
sendo que algumas espécies se alimentam exclusivamente de algas
filamentosas, raízes de gramíneas e de pequenos frutos e sementes.
Foram encontradas nove espécies desta família nos mercados de
Santarém.
Chave para as Espécies de Anostomidae
1. 50 a 90 escamas na linha lateral 2
1'. 37 a 43 escamas na linha lateral 3
2. 50 a 55 escamas na linha lateral Rhytiodus argenteofuscus
2'. 84 a 90 escamas na linha lateral Rhytiodus microlepis
3. Corpo amarelo-alaranjado com 6 a 10 faixas escuras sobre o tronco .... 4
3'. Corpo cinza-prateado; se com faixas, em número menor que 6 5
4. 8 a 9 faixas escuras bem definidas sobre o tronco; nadadeira caudal
lobada Leporinus fasciatus
4'. 10 a 13 faixas escuras não bem definidas sobre o tronco; nadadeira
caudal pronunciadamente furcada Leporinus aff. affinís
5. Boca terminal a ligeiramente voltada para baixo 6
5'. Boca ligeiramente voltada para cima... Anostomoides laticeps
6. Corpo com 1 a 3 manchas arredondadas e sem manchas verticais
Leporinus fridericf
6. Corpo com 3 a 4 manchas verticais e sem manchas arredondadas 7
58 •
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
• Região ventral da cabeça e membrana opercular avermelhada; 3 dentes
nicos em cada lado da mandíbula Leporinus trifasciatus
Região ventral da cabeça e membrana opercular claras; 4 dentes
r ulticuspidados em cada lado da mandíbula 8
f Ffedúnculo caudal com uma faixa longitudinal, que geralmente se estende
j >lo corpo Schizodon vittatum
Pedúnculo caudal com uma mancha arredondada; ausência de faixa
1 ngitudinal no corpo Schizodon fasciatum
Espécie: Rhytiodus argenteofuscus
Nome comum: aracu, aracu-pau-de-nego, aracu-pau-de-
v íqueiro
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
c jmprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado, cilindriforme;
( Coração cinza no dorso e clara no ventre e uma faixa longitudinal
Í cura ao longo do corpo; boca pequena com dentes curtos e frágeis;
) a 55 escamas na linha lateral. Espécie herbívora, alimenta-se de
filamentosas e raízes.
Figura 31. Rhytiodus argenteofuscus - aracu
• 59
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Rhytiodus microlepis
Nome comum: aracu, aracu-pau-de-vaqueiro
Espécie de médio porte, alcança cerca de 35 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado, cilindriforme e de
coloração marrom-escura no dorso e clara no ventre; boca pequena
com dentes curtos e frágeis; 84 a 90 escamas na linha lateral. Espécie
herbívora, alimenta-se de algas filamentosas e raízes.
Figura 32. Rhytiodus microlepis - aracu
60
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Leporinus fasciatus
Nome comum: aracu-amarelo, aracu-flamengo, aracu-
pinima
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
;omprimento. Caracteriza-se pelo corpo amarelado com 8 a 9 faixas
escuras transversais sobre o tronco e 3 sobre a cabeça; região ventral da
;abeça normalmente avermelhada; dentes incisivos, sendo os sinfisianos
ia maxila inferior bem maiores que os demais. Espécie carnívora, alimenta-
se de invertebrados, principalmente insetos.
Figura 33. Leporinus fasciatus - aracu-flamengo• 61
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Leporinus aff. affinís
Nome comum: aracu-pinima, aracu-flamengo
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo amarelado com 10 a 13 faixas
escuras transversais sobre o tronco, algumas anastomosadas e 3 sobre
a cabeça; nadadeiras peitorais, ventrais e anal amareladas; nadadeira
caudal escura e profundamente furcada; dentes incisivos, sendo os
sinfisianos da maxila inferior bem maiores que os demais. Espécie
carnívora, alimenta-se de invertebrados.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Anostomoides laticeps
Nome comum: aracu, piau
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo cinza-amarronzado com três a
quatro faixas escuras indistintas sobre o tronco e uma mancha escura na
base da caudal; boca voltada para cima; dentes incisivos e robustos; porção
da íris normalmente avermelhada. Espécie carnívora, alimenta-se de
invertebrados, principalmente insetos, aranhas, e crustáceos.
Figura 34. Leporinus aff. affinís- aracu-flamengo Figura 35. Anostomoides laticeps- aracu
62 • 63
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Leporinus friderici
Nome comum: aracu-cabeça-gorda, aracu-comum
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo cinza-amarronzado com duas
a três máculas escuras nos flancos, sendo a primeira ao nível da
nadadeira dorsal, a segunda entre a dorsal e a adiposa e a terceira na
base da nadadeira caudal; dentes incisivos, robustos. Espécie carnívora,
alimenta-se de invertebrados, principalmente insetos.
Figura 36. Leporinus friderici- aracu-cabeça-gorda
64 •
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Leporinus trifasciatus
Nome comum: aracu-cabeça-gorda
Espécie de médio porte, alcança cerca de 35 cm de
comprimento. Corpo cinza com duas a três faixas transversais
escuras e uma mancha arredondada, também escura, na base da
caudal; a região ventral da cabeça é normalmente avermelhada;
dentes incisivos e robustos. Espécie onívora, alimenta-se de
invertebrados, frutos e sementes.
Figura 37. Leporinus trifasciatus - aracu-cabeça-gorda
65
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Schizodon vittatum
Nome comum: aracu-comum, aracu-pororoca
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo cinza-prateado com três a
quatro faixas escuras sobre o tronco e uma faixa longitudinal escura
sobre o pedúnculo caudal, às vezes se estendendo sobre o corpo; dentes
largos e multicuspidados. Espécie herbívora, alimenta-se de algas
filamentosas, sementes e raízes.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Figura 38. Schizodon vittatum - aracu-comum
66
Espécie: Schizodon fasciatum
Nome comum: aracu-comum, piau, aracu-pororoca
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo cinza prateada com quatro
faixas verticais escuras sobre o tronco e uma mancha arredondada na
base da caudal; dentes largos, multicuspidados. Espécie herbívora,
alimenta-se de algas filamentosas, raízes e sementes.
Figura 39. Schizodon fasciatum - aracu-comum
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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Família: Serrasalmidae (tambaqui, pirapitinga, piranha, pacu)
Esta família compreende cerca de 120 espécies,
caracterizadas pelo corpo bastante elevado; uma fileira de escudos
ósseos, em forma de serra, na linha mediana no ventre, normalmente
formando uma quilha; geralmente um espinho na base anterior da
nadadeira dorsal; escamas diminutas e dentes fortes, cortantes ou
molariformes, firmemente implantados em uma ou duas fileiras, em
ambas as maxilas. Foram encontradas 15 espécies desta família nos
mercados de Santarém.
Chave para as Espécies de Serrasalmidae
1. Duas séries de dentes no pré-maxilar; geralmente um par de dentes
cónicos sinfisiais na mandíbula 2
1'. Uma série de dentes cortantes no pré-maxilar; mandíbula com série
simples de dentes 9
2. Ausência de espinho pré-dorsal 3
2'. Presença de espinho pré-dorsal 6
3. Região ventral arredondada 4
3'. Região ventral pontiaguda, em forma de quilha 5
4. Adiposa com raios; série de dentes internos separada da externa
Colossoma macropomum
4'. Ausência de raios na adiposa; dentes do pré-maxilar sem separação
das duas séries; presença de uma mancha escura sobre o pré-opérculo
Piaractus brachypomus
5. Cabeça pequena; 10 a 16 serras atrás das nadadeiras ventrais, com a
última não próxima da nadadeira anal; 28 - 34 raios ramificados na anal
Mylossoma aureum
5'. Cabeça proporcionalmente maior; 18 a 22 serras atrás das nadadeiras
ventrais, com a última muito próxima da nadadeira anal; cerca de 37 raios
ramificados na anal Mylossoma duriventre
68
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
6. Adiposa curta, menor que a distância interdorsal 7
6'. Adiposa longa, maior que a distância interdorsal 8
7. Presença de uma faixa escura vertical sobre o lado do corpo
Myleus schomburgki
7. Ausência de faixa escura sobre os lados do corpo ... Myleus torquatus
8. Processo supra-occiptal muito longo, normalmente menos de 2,4
vezes na distância da base do occiptal até a origem da nadadeira
dorsal; nadadeira adiposa longa e baixa.... Metynnis hypsauchen
8'. Processo supra-occiptal não muito longo, normalmente mais de 2,6
vezes na distância da base do occiptal até a origem da nadadeira
dorsal; nadadeira adiposa não muito longa e baixa
Metynnis argenteus
9. Boca voltada para cima; nadadeira adiposa longa; primeiros raios
da dorsal desenvolvidos em filamentos Catoprion mento
9'. Boca terminal; nadadeira adiposa curta 10
10. Ausência de dentes no palato; região ventral do corpo avermelhada; cabeça
larga Pygocentrus nattererí
10'. Presença de dentes no palato 11
11. Corpo alongado, altura contida mais de 2,5 vezes no comprimento
Serrasalmus elongatus
11'. Corpo alto, altura contida menos de 2 vezes no comprimento 12
12. Presença de uma mancha em forma de meia lua na base da
nadadeira caudal Serrasalmus aff. eigenmanni
12'. Ausência de mancha em forma de meia lua na base da nadadeira
caudal 13
13. Nadadeira caudal com faixa preta, seguida por uma faixa hialina
no bordo; corpo amarelado Serrasalmus spilopleura
13'. Faixa preta terminal no bordo da nadadeira caudal 14
14. Dentes do palato obtusos, em número de 3 ou 4, eventualmente ausentes;
corpo alto, altura contida cerca 1,5 vezes no comprimento; base da
nadadeira caudal clara Serrasalmus calmoni
• 69
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
14'. Dentes do palato agudos, com 8 a 10 de cada lado; altura do corpo
contida mais de 1,8 vezes no comprimento; base da nadadeira caudal
acinzentada Serrasalmus rhombeus
Espécie: Coíossoma macropomum
Nome comum: tambaqui, melo, bocó
Espécie de grande porte, alcança cerca de 90 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo muito elevado, romboidal;
maxila superior com duas fileiras de dentes robustos e molariformes;
maxila inferior com uma fileira de dentes igualmente robustos,
decrescendo de tamanho a partir do par central, atrás do qual ocorre
um par de dentes cónicos; nadadeira adiposa curta, com raios na sua
extremidade; rastros branquiais longos e numerosos. Espécie onívora,
alimenta-se de frutos, sementes e zooplâncton. Na cheia, entra nos
igapós onde se alimenta de frutos e sementes que caem das árvores.
Espécie muito apreciada como alimento, e utilizada na piscicultura.
Figura 40. Coíossoma macropomum - tambaqui
70
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Piaractus brachypomus
Nome comum: pirapitinga
Espécie de grande porte, alcança cerca de 80 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo romboidal, alto e comprimido
lateralmente; coloração cinza-arroxeada uniforme nos adultos e cinza
com manchas alaranjadas nos jovens; uma pequena mancha escura
no opérculo; cabeça pequena, duas fileiras de dentes molariformes na
maxila superior e umafileira principal com 6 a 8 dentes na maxila
inferior, atrás da qual ocorre um par de dentes cónicos, na região
mediana; nadadeira adiposa totalmente carnosa, sem raios; ausência
de espinho na base da nadadeira dorsal. Espécie herbívora, alimenta-
se de frutos e sementes.
Figura 41. Piaractus brachypomus- pirapitinga
• 71
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Mylossoma aureum
Nome comum: pacu-comum, pacu-manteiga, pacu
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado e comprimido
lateralmente; coloração prateada com uma mancha incipiente na base
dos raios caudais; nadadeira anal e região opercular geralmente
alaranjadas; ausência de espinho na base da nadadeira dorsal; 10 a
16 serras atrás da nadadeira ventral, sendo que as últimas não estão
em contacto com o primeiro raio da nadadeira anal. Espécie herbívora,
alimenta-se de frutos e sementes.
Figura 42. Mylossoma aureum - pacu-comum
72
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Mylossoma duriventre
Nome comum: pacu-comum, pacu-manteiga, pacu
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Corpo bastante elevado e comprimido lateralmente;
coloração prateada com uma mancha incipiente na base dos raios
caudais; nadadeira anal e região opercular normalmente alaranjadas;
ausência de espinho na base da nadadeira dorsal; 18 a 22 serras atrás
da nadadeira ventral, sendo que as últimas estão em contacto com o
primeiro raios da nadadeira anal. Espécie herbívora, alimenta-se de
frutos e sementes. Forma grandes cardumes, frequentemente junto com
M. aureum. E importante na pesca comercial local.
Figura 43. Mylossoma duriventre - pacu-comum
73
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Myleus schotnburgki
Nome comum: pacu-jumento, pacu-cadete, pacu
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado com uma
faixa escura transversal sobre o flanco; um espaço carnoso bastante
amplo entre as duas fileiras de dentes da maxila superior. Espécie
herbívora, alimenta-se de frutos e sementes. Pouco frequente nos
mercados.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Myleus torquatus
Nome comum: pacu-branco, pacu
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado, quase
redondo; coloração prateada uniforme; extremidades das nadadeiras
caudal, anal e dorsal escuras; nadadeira anal com 26 a 30 raios e
dorsal com 17 a 22 raios. Espécie herbívora, alimenta-se de frutos e
sementes. Pelo porte, apresenta alguma importância comercial.
Figura 44. Myleus schomburgki - pacu-jumento Figura 45. Mu/eus torquatus - pacu-branco
74
75
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Metynnis hypsauchen
Nome comum: pacu-marreca, pacu
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
comprimento. Corpo bastante elevado, quase redondo; coloração
prateada uniforme; nadadeira anal longa e com a porção anterior
avermelhada; processo supra-occipital muito longo, menos que 2,4 vezes
na distância da base do occipital à origem da nadadeira dorsal. Espécie
onívora, alimenta-se de frutos, sementes e invertebrados.
Figura 46. Mefynnis hypsauchen - pacu-marreca
76
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Mefynnis argenteus
Nome comum: pacu-marreca, pacu
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante elevado, quase
redondo; coloração prateada uniforme; nadadeira anal longa e
avermelhada; processo supra-occipital não muito longo, normalmente
mais de 2,6 vezes na distância da base do occipital à origem da
nadadeira dorsal. Espécie herbívora, alimenta-se de frutos e sementes.
Figura 47. Metynnis argenteus - pacu-marreca
77
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Catoprion mento
Nome comum: pacu-piranha, piranha-pacu
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 20 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo elevado; coloração cinza-
prateada no dorso e amarelo-alaranjada no ventre; região opercular,
nadadeiras peitoral, ventral e anal geralmente avermelhadas; boca
voltada para cima; dentes tuberculados, alguns localizados na superfície
externa da boca; nadadeira dorsal com os primeiros raios em forma de
filamento; nadadeira caudal com o contorno da base escuro, em forma
de meia-lua. Espécie lepidófaga, alimenta-se de escamas de peixes.
Figura 48. Catoprion mento - pacu-piranha
78
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Pygocentrus nattereri
Nome comum: piranha-caju, piranha-vermelha
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
omprimento. Caracteriza-se pelo corpo denso, principalmente na sua
orção anterior; focinho curto, arredondado, com a maxila inferior
olumosa e mais comprida que a superior; espaço interorbital largo e
lho pequeno; coloração cinza no dorso e avermelhada no ventre e
agião inferior da cabeça; nadadeiras peitoral, ventral e anal
laranjadas. Espécie piscívora, que forma grandes cardumes, sendo
or isso potencialmente perigosa em certas situações.
Figura 49. Pygocentrus nattereri - piranha-caju
79
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Serrasalmus eíongatus
Nome comum: piranha-mucura, piranha-comprida
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo relativamente alongado;
presença de dentes agudos no palato; maxila inferior maior que a
superior; boca ligeiramente inclinada; coloração cinza prateada no dorso
e amarelo a avermelhado no ventre; extremidade da caudal escura.
Espécie piscívora, alimenta-se basicamente de nadadeiras ou escamas
retiradas de outros peixes. Pelo seu formato tipicamente alongado, é
inconfundível entre as piranhas.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Figura 50. Serrasalmus eíongatus - piranha-mucura
Espécie: Serrasalmus aff. eigenmanni
Nome comum: piranha-branca, piranha
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
omprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto; presença de dentes agudos
no palato; maxila inferior maior que a superior; coloração cinza-
marelada; nadadeiras peitorais, ventrais e anal amarelo-alaranjadas;
adadeira caudal com uma faixa escura na base, em forma de meia-lua.
spécie piscívora, pouco comum nos mercados e feiras.
Figura 51. Serrasalmus aff. eigenmanni - piranha-branca
• 8180 •
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Serrasalmus spilopleura
Nome comum: piranha-mafurá, piranha-amarela
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto; coloração cinza amarelada;
nadadeira caudal com uma larga faixa preta seguida de uma estreita faixa
clara na extremidade; nadadeiras peitorais e ventrais amareladas; presença
de dentes agudos no palato. Espécie piscívora. E comum ser capturada
junto com P. nattereri.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Serrasalmus calmoni
Nome comum: piranha-branca, piranha
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 15 cm de
omprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto; coloração prateada;
ladadeira anal e cabeça alaranjadas; extremidade da nadadeira caudal
scura; dentes do palato ausentes ou em número de 3 a 4. Espécie
mívora, alimenta-se de peixes, frutos e sementes. Não é comum nos
lercados.
Figura 52. Serrasalmus spilopleura - piranha-mafurá
82
Figura 53. Serrasalmus calmoni - piranha-branca
• 83
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Serrasalmus rhombeus
Nome comum: piranha-preta
Espécie de médio porte, alcança cerca de 40 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto; presença de dentes agudos
no palato; coloração uniformemente cinza a cinza-escura nos indivíduos
adultos e com manchas escuras nos jovens. Espécie carnívora, alimenta-
se de peixes e invertebrados. É a piranha que atinge maior tamanho
na Amazônia.
PeixesComerciais do Médio Amazonas
Figura 54. Serrasalmus rhombeus- piranha-preta
84
Família: Cynodontidae (peixe-cachorro)
Esta família compreende peixes de médio e grande porte,
caracterizados pela nadadeira anal longa; boca ampla, oblíqua ou
superior, com uma série de dentes numerosos, agudos e caniniformes,
além de possuir geralmente um par de presas exageradamente grandes
na maxila inferior; nadadeiras peitorais muito desenvolvidas; presença
de quilha na parte mediana ventral do corpo e rastros branquiais
espinhosos. Foram encontradas três espécies desta família nos mercados
ie Santarém. São todas predadoras, ictiófagos.
Chave para as Espécies de Cynodontidae
L. Nadadeira dorsal situada à frente do início da nadadeira anal
Hydrolycus scomberoides
V. Nadadeira dorsal situada atrás ou no mesmo nível da nadadeira anal... 2
2. Corpo muito comprido e fino; nadadeira dorsal bem mais próxima da caudal
iue da cabeça Rhaphiodon vulpinus
2'. Corpo mais alto e largo; nadadeira dorsal situada em posição
nediana do corpo Cynodon gibbus
• 85
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Hydrolycus scomberoides
Nome comum: peixe-cachorro, cachorra, pirandirá
Espécie de grande porte, alcança mais de 50 cm de
comprimento. Corpo alto e comprimido lateralmente; nadadeira dorsal
inserida à frente da origem da anal; maxila inferior com um par de presas
destacadamente maior que os demais dentes e que se encaixa no palato,
podendo aparecer na superfície externa da maxila superior; escamas
diminutas; nadadeira caudal curta e totalmente coberta de escamas;
nadadeira anal longa, com 34 a 36 raios; coloração cinza com uma mancha
escura arredondada, atrás da abertura branquial; porção terminal da
nadadeira caudal mais escura que a basal. Espécie piscívora.
Figura bb.Hydrolycus scomberoides- peixe-cachorro
86
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Rhaphiodon uulpinus
Nome comum: peixe-cachorro, ripa
Espécie de grande porte, alcança cerca de 50 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo bastante alongado, com altura
contida 4 a 6 vezes no comprimento padrão; nadadeira dorsal situada
ligeiramente atrás da vertical que passa pela origem da anal; coloração
uniformemente prateada, mais escura no dorso que no ventre; maxila
inferior com um par de presas que se encaixa no palato, podendo
aparecer na superfície externa da maxila superior; escamas diminutas;
linha lateral com 130 a 150 escamas; nadadeiras peitorais longas; os
raios medianos da nadadeira caudal geralmente são longos, em forma
de filamento. Espécie piscívora.
Figura 56. Rhaphiodon uu/pinus- peixe-cachorro
• 87
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Cynodon gibus
Nome comum: peixe-cachorro, caranha, saranha
Espécie de médio porte, alcança cerca de 30 cm de
comprimento. Caracteriza-se pela porção anterior do corpo muito
elevada; nadadeira dorsal inserida no mesmo nível ou um pouco atrás
da inserção da anal; boca inclinada e dentes caninos, alguns deles em
forma de presa; escamas pequenas e lisas; nadadeira anal bastante
longa, com 72 a 80 raios; coloração prateada com uma mancha escura
atrás do opérculo e outra na base dos raios caudais. Espécie piscívora.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Figura 57. Cynodon gibus - peixe-cachorro
Família: Characidae (matrinxã, sardinha, peixe-cachorro)
Esta família compreende centenas de espécies, com uma
extraordinária diversidade de formas e tamanhos, caracterizadas
basicamente pela presença de grande número de dentes, firmemente
implantados nas duas maxilas e pela nadadeira anal longa, com 10 ou
mais raios. Apesar da riqueza de espécies, apenas sete foram encontradas
nos mercados de Santarém, o que se deve, em parte, ao fato da maioria
delas serem de pequeno porte, de pouco ou nenhum interesse como
alimento, contudo várias delas são objeto de exploração pelo comércio de
peixes ornamentais.
Chave para as Espécies de Characidae
1. Dentes cónicos, caniniformes 2
1'. Dentes não cónicos (mulitcuspidados ou molariformes) 4
2. Corpo fusiforme, ausência de dentes externos 3
2'. Corpo não fusiforme, achatado lateralmente; presença de dentes
externos à boca; gibosidade no dorso Roeboides myersi
3. Opérculo com duas manchas escuras, a superior separada da inferior por
uma faixa muito estreita e pálida; 140-175 escamas na linha lateral
Acestrorhynchus falcirostris
3'. Mancha preta na região humeral grande e ovalada, alongada
verticalmente; 83-90 escamas na linha lateral
Acestrorhynchus falcatus
4. Região ventral arredondada Brycon cephalus
4'. Região ventral estreita, em forma de quilha 5
5. (6) escamas entre a linha lateral e a nadadeira dorsal
Triportheus flavus
5'. (5) escamas entre a linha lateral e a nadadeira dorsal 6
88 89
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
6. 30-37 escamas na linha lateral; altura do corpo contida 3 a 3,4 vezes no
comprimento Triportheus albus
6. 40-46 escamas na linha lateral; altura do corpo contida 3,8 a 4 vezes no
comprimento Tripotheus elongatus
Espécie: Roeboides myersi
Nome comum: zé-do-ó, madalena
Espécie de pequeno porte, alcança cerca de 12 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto e comprimido lateralmente,
com uma gibosidade no dorso; coloração uniforme, prateada a
amarelada; uma pequena mancha escura na região humeral; nadadeira
anal bastante longa; presença de dentes arredondados fora e ao redor
da boca. Espécie carnívora, alimenta-se de escamas de peixes e
invertebrados. Apresenta pouca importância comercial.
Figura 58. Roeboides myersi - zé-do-ó
90
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Espécie: Acestrorhynchus falcirostris
Nome comum: peixe-cachorro, dentudo, ueua
Espécie de médio porte, alcança cerca de 35 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo comprido e roliço; nadadeira
dorsal implantada na porção terminal do corpo; coloração clara no
abdómen e amarelada no dorso; uma mancha escura na base da caudal
e ocasionalmente outra, menor, atrás do opérculo; maxila superior maior
que a inferior, ambas com numerosos dentes caniniformes; escamas
diminutas e fracamente implantadas; 140 a 175 escamas na linha
lateral. Espécie piscívora.
5cm
Figura 59. Acestrorhynchus falcirostris- dentudo
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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Acestrorhynchus falcatus
Nome comum: peixe-cachorro, dentudo, ueua
Espécie de médio porte, alcança cerca de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado e alto; coloração
amarelo-avermelhada; uma mancha circular, azulada, atrás do opérculo
e outra escura, na base da caudal; nadadeiras amarelo-alaranjadas,
exceto porções da caudal que normalmente são vermelhas; 83 a 90
escamas na linha lateral; maxilas longas com numerosos dentes
caniniformes. Espécie piscívora.
Peixes Comerciais do Médio Amazonas
Figura 60. Acestrorhynchus falcatus - dentudo
92
Espécie: Brycon cephalus
Nome comum: matrinxã, jatuarana
Espécie de médio porte, alcança cerca de 40 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo relativamente alto e
comprimido; coloração cinza uniforme, com uma mancha escura
arredondada na região humeral; nadadeiras alaranjadas, exceto a
caudal que geralmente é cinza; dentes fortes, multicuspidados em várias
"ileiras na maxila superior; região ventral arredondada. Espécie onívora,
alimenta-se de frutos, sementes e insetos; migradora, e se reproduz no
início na enchente. Tem grande importância comercial.
Figura 61. Brycon cephalus - matrinxã
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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Espécie: Triportheus flavus
Nome comum: sardinha-papuda, sardinha
Espécie de médio porte, alcança cerca *de 25 cm de
comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alto e comprimido lateralmente;
coloração cinza-escura; nadadeiras cinza-amarelad^s; nadadeira
caudal com extremidade reta e normalmente com reaios medianos
alongados em forma de filamento; 6 escamas entre a l inha lateral e a
nadadeira dorsal. Espécie onívora, alimenta-se

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