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SISTEMA DO COMPLEMENTO

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O SISTEMA COMPLEMENTO 
O sistema complemento é um dos 
principais mecanismos efetores da 
imunidade humoral e é também um 
importante mecanismo efetor da 
imunidade inata. 
O sistema complemento consiste em 
um conjunto de proteínas séricas e 
de superfície celular que interagem 
umas com as outras e com outras 
moléculas do sistema imune de 
maneira altamente regulada, para 
gerar produtos que atuam na 
eliminação dos microrganismos. 
As proteínas do complemento são 
proteínas plasmáticas normalmente 
inativas; elas são ativadas apenas em 
condições particulares para gerar 
produtos que medeiam várias funções 
efetoras. 
CARACTERÍSTICAS DE ATIVAÇÃO DO 
COMPLEMENTO 
I: O sistema complemento é ativado 
por microrganismos e por anticorpos 
que estão ligados aos microrganismos 
e outros antígenos. Dessa maneira, o 
complemento direciona o ataque 
imune às superfícies microbianas. 
II: A ativação do complemento 
envolve a proteólise sequencial de 
proteínas para gerar complexos 
enzimáticos com atividade proteolítica 
III: Muitos produtos de clivagem 
biologicamente ativos resultantes da 
ativação do complemento se tornam 
covalentemente ligados às superfícies 
celulares microbianas, aos anticorpos 
ligados a microrganismos e outros 
antígenos, e aos corpos apoptóticos. 
Assim, há ativação completa e, 
consequentemente, as funções 
biológicas do sistema complemento, 
são limitadas às superfícies celulares 
microbianas ou a sítios dos anticorpos 
ligados aos antígenos, mas não 
ocorrem no sangue 
IV: Os subprodutos da ativação do 
complemento estimulam reações 
inflamatórias. 
V: A ativação do complemento é 
inibida por proteínas reguladoras que 
estão presentes em células normais 
do hospedeiro e ausentes nos 
microrganismos 
VIAS DE ATIVAÇÃO DO 
COMPLEMENTO 
Há três vias principais de ativação do 
complemento: a via clássica, ativada 
por determinados isotipos de 
anticorpos ligados a antígenos; a via 
alternativa, ativada na superfície das 
células microbianas na ausência de 
anticorpo; e a via das lectinas, ativada 
por uma proteína ligante de manose 
que se liga a carboidratos de 
superfície em microrganismos 
Embora as vias de ativação do 
complemento apresentem diferenças 
na forma como são iniciadas, todas 
resultam na clivagem da proteína mais 
abundante do complemento: C3. As 
vias alternativa e das lectinas 
representam mecanismos efetores da 
imunidade inata, ao passo que a via 
clássica representa um dos principais 
mecanismos de imunidade humoral 
adaptativa. 
O evento central na ativação do 
complemento é a proteólise da 
proteína C3 do complemento, que 
gera produtos biologicamente ativos, 
e a subsequente ligação covalente de 
um produto de C3, denominado C3b, 
às superfícies celulares microbianas 
ou ao anticorpo ligado ao antígeno. A 
ativação do complemento envolve a 
geração de um complexo proteolítico, 
a convertase de C3 (ou C3 
convertase), que cliva C3 em dois 
fragmentos denominados C3a e C3b. 
O C3b torna-se covalentemente 
ligado à superfície celular microbiana 
ou a moléculas de anticorpos ligadas 
ao antígeno. Todas as funções 
biológicas do complemento são 
dependentes da clivagem proteolítica 
de C3. Por exemplo, a ativação do 
complemento promove a fagocitose 
porque o C3b torna-se 
covalentemente ligado aos 
microrganismos e os fagócitos 
(neutrófilos e macrófagos) expressam 
receptores para C3b. Os peptídeos 
produzidos por proteólise de C3 (e de 
outras proteínas do complemento) 
estimulam a inflamação. 
Em todas as três vias de ativação do 
complemento, após a geração de 
C3b pela C3 convertase, um segundo 
complexo enzimático chamado 
convertase de C5 (ou C5 convertase) 
é montado, o qual cliva C5 em C5a e 
C5b. A C5 convertase contribui para 
a inflamação por meio da geração do 
fragmento C5a e para a formação de 
poros nas membranas dos alvos 
microbianos. 
As vias de ativação do complemento 
diferem na forma como o C3b é 
produzido, mas seguem uma 
sequência comum de reações após a 
clivagem de C5. 
 
A VIA ALTERNATIVA 
A via alternativa de ativação do 
complemento resulta na proteólise de 
C3 e na fixação estável de seu 
produto de degradação C3b nas 
superfícies microbianas, sem a 
participação de anticorpo. 
Normalmente, o C3 está sendo 
continuamente clivado no plasma a 
uma taxa baixa (1 a 2% do total de C3 
plasmático por hora) para gerar C3b 
em um processo chamado C3 
tickover. A proteína C3 contém uma 
ligação de tioéster reativa que fica 
escondida em uma região da proteína 
conhecida como domínio tioéster. 
Quando o C3 é clivado, a molécula 
C3b sofre uma mudança 
conformacional dramática e o domínio 
tioéster é exteriorizado, expondo a 
ligação tioéster reativa anteriormente 
oculta. 
Quando o C3b passa pela mudança 
conformacional pós-clivagem, é 
exposto um sítio de ligação para uma 
proteína plasmática chamada Fator B. 
O Fator B liga-se, então, à proteína 
C3b, que fica agora preso de forma 
covalente à superfície da célula. O 
Fator B ligado é, por sua vez, clivado 
por uma serina protease plasmática 
chamada Fator D, liberando um 
fragmento pequeno denominado Ba e 
gerando um fragmento maior 
chamado Bb que permanece ligado 
ao C3b. O complexo C3bBb é a C3 
convertase da via alternativa e atua 
clivando mais moléculas de C3, 
estabelecendo, assim, uma sequência 
de amplificação. 
Mesmo quando o C3b é gerado pelas 
vias clássica ou das lectinas, ele pode 
formar um complexo com Bb e esse 
complexo é capaz de clivar mais C3. 
Assim, a C3 convertase da via 
alternativa atua para amplificar a 
ativação do complemento iniciado por 
qualquer uma das vias: alternativa, 
clássica ou das lectinas. Quando o C3 
é clivado, o C3b permanece ligado às 
células e o C3a é liberado. Esse 
fragmento solúvel (C3a) tem várias 
atividades biológicas que serão 
discutidas posteriormente 
A ativação da via alternativa ocorre 
prontamente nas superfícies de 
células microbianas, mas não em 
células de mamífero. Se o complexo 
C3bBb é formado na superfície das 
células de mamíferos, é rapidamente 
degradado e a reação finalizada pela 
ação de diversas proteínas 
reguladoras presentes nessas células. 
A ausência de proteínas reguladoras 
nas células microbianas permite a 
ligação e a ativação da C3 convertase 
da via alternativa. Além disso, uma 
outra proteína da via alternativa, 
denominada properdina, pode se ligar 
e estabilizar o complexo C3bBb, e a 
ligação da properdina é favorecida 
nos microrganismos, em oposição às 
células normais do hospedeiro. A 
properdina é liberada por neutrófilos 
ativados (e também pode ser 
produzida por macrófagos e algumas 
células T), sendo o único fator 
conhecido de regulação positiva do 
complemento. 
Algumas das moléculas de C3b 
geradas pela C3 convertase da via 
alternativa ligam-se à própria 
convertase. Isso resulta na formação 
de um complexo contendo uma 
porção de Bb e duas moléculas de 
C3b, que funciona como a C5 
convertase da via alternativa, a qual 
cliva C5 e inicia as etapas tardias da 
ativação do complemento 
 
OBS: O C3b pode ficar solúvel (iC3b) 
e não interagir com molécula de 
superfície. Assim, ele se torna inativo 
e não ativa complemento 
A VIA CLÁSSICA 
A via clássica é iniciada pela ligação da 
proteína C1 do complemento aos 
domínios CH2 das moléculas de IgG 
ou aos domínios CH3 das moléculas 
de IgM que possuem antígeno ligado 
a elas. Entre os anticorpos IgG, a IgG1 
e a IgG3 (em humanos) são 
ativadores do complemento mais 
eficientes do que as outras subclasses. 
A IgG2 tem alguma capacidade de 
ativar o complemento, mas IgG4 não. 
O C1 é um complexo proteico grande 
e multimérico, composto pelas 
subunidades C1q, C1r e C1s; C1q liga-se 
ao anticorpo, enquanto C1r e C1s são 
proteases. A subunidade C1q é 
constituída por um arranjo radial de 
seis cadeias, semelhante a um guarda-
chuva, cada uma contendo uma 
cabeça globular ligada a umahaste 
central por meio de um braço do tipo 
colágeno. Esse hexâmero executa a 
função de reconhecimento da 
molécula e liga-se especificamente às 
regiões Fc da cadeia pesada µ e de 
algumas cadeias pesadas γ. 
 
Somente anticorpos ligados a 
antígenos, e não anticorpos livres 
circulantes, podem iniciar a ativação 
da via clássica. A razão para isso é 
que cada molécula de C1q deve se 
ligar a pelo menos duas cadeias 
pesadas de Ig para ser ativada e cada 
região Fc de Ig tem apenas um único 
sítio de ligação a C1q. Dessa maneira, 
duas ou mais regiões Fc precisam 
estar acessíveis a C1 para que a 
ativação da via clássica seja iniciada. 
 
Como cada molécula de IgG tem 
apenas uma região Fc, várias 
moléculas de IgG precisam estar 
próximas antes que C1q possa se ligar, 
e múltiplos anticorpos IgG somente 
são aproximados quando se ligam 
simultaneamente a epítopos idênticos 
de um antígeno multivalente ou a 
várias moléculas antigênicas em um 
microrganismo, célula ou superfície 
tecidual. 
Em decorrência de sua estrutura 
pentamérica, uma única molécula de 
IgM pode se ligar a duas moléculas de 
C1q, e essa é uma das razões pela 
qual a IgM é um anticorpo mais 
eficiente para a ligação ao 
complemento do que a IgG. 
C1r e C1s são serina proteases que 
formam um tetrâmero contendo duas 
moléculas de cada uma das proteínas. 
A ligação de duas ou mais cabeças 
globulares de C1q a regiões Fc de IgG 
ou de IgM leva à ativação enzimática 
da C1r associada, que cliva e ativa C1s. 
A C1s ativada cliva a proteína seguinte 
da cascata, C4, para gerar C4b. 
O C4 é homólogo à C3, e C4b 
contém uma ligação tioéster interna, 
semelhante àquela presente em C3b, 
que forma ligações covalentes do tipo 
amida ou éster com o complexo 
antígeno-anticorpo ou com a 
superfície adjacente de uma célula a 
qual o anticorpo esteja ligado. Essa 
ligação de C4b assegura que a 
ativação da via clássica prossiga sobre 
uma superfície celular ou 
imunocomplexo. A proteína seguinte 
do complemento, C2, se complexa 
com o C4b ligado à superfície celular, 
sendo clivada por uma molécula C1s 
próxima para gerar um fragmento 
solúvel C2b, de importância 
desconhecida, e um fragmento C2a 
maior que permanece fisicamente 
associado a C4b na superfície da 
célula. 
O complexo resultante, C4b2a, é a 
C3 convertase da via clássica, que 
tem a capacidade de se ligar e clivar 
proteoliticamente C3. A ligação desse 
complexo enzimático a C3 é mediada 
pelo componente C4b, e a proteólise 
é catalisada pelo componente C2a. A 
clivagem de C3 resulta na remoção 
do fragmento pequeno C3a, e o C3b 
pode formar ligações covalentes com 
as superfícies celulares ou com o 
anticorpo em que a ativação do 
complemento se iniciou. Após sua 
deposição, o C3b pode se ligar ao 
Fator B e gerar mais C3 convertase 
pela via alternativa 
As etapas-chave iniciais das vias 
alternativa e clássica são análogas: o 
C3 da via alternativa é homólogo a 
C4 da via clássica, e o Fator B é 
homólogo a C2. 
 
OBS: A C1 consegue interagir apenas 
quando o IgM está em sua forma 
solúvel (em forma de aranha), o que 
ocorre quando ele está interagindo 
com um antígeno 
A VIA DAS LECTINAS 
Um carboidrato presente na 
membrana do microrganismo, 
chamado de manose, liga-se a uma 
proteína do complemento, 
denominada lectina, semelhante à C1q 
da via clássica, que se apresenta 
como um complexo associada a duas 
proteínas: MASP1 e MASP2, similares 
à C1r e C1s 
 
Quando pelo menos duas cabeças 
globulares da lectina consegue 
interagir com resíduos de manose 
dos microrganismos, MASP1 e MASP2 
se tornam ativas e são capazes de 
quebrar C4 em C4a e C4b e C2 em 
C2a e C2b. Os fragmentos C4b e 
C2a se ligam ao microrganismo, de 
maneira a formar a C3 convertase. 
Quando uma proteína C3 se ligar à 
C3 convertase, é quebrada em C3a e 
em C3b, que se fixa à C3 convertase 
para formar a C5 convertase. 
 
 
 
ETAPAS TERMINAIS DA ATIVAÇÃO 
DO COMPLEMENTO 
As C5 convertases geradas pelas vias 
alternativa, clássica ou das lectinas 
iniciam a ativação dos componentes 
da via terminal do sistema 
complemento, que culmina na 
formação do complexo de ataque à 
membrana 
As C5 convertases clivam C5 em um 
fragmento pequeno, C5a, que é 
liberado, e outro fragmento C5b com 
duas cadeias (contendo uma cadeia α 
e uma cadeia β), que também é 
liberado, mas se liga ao C6 plasmático. 
O C6 sofre uma mudança 
conformacional, e o complexo C5b-
C6 liga-se à membrana celular através 
de interações iônicas e hidrofóbicas. 
O C7 plasmático se liga então à 
cadeia α do C5b e forma o complexo 
C5b-C6-C7 (C5b-7). O C7 ligado 
passa por uma transição anfifílica, 
penetra na membrana e pode 
contribuir para a liberação de algumas 
micelas fosfolipídicas da membrana, 
porém não forma poros completos. 
A proteína C8 é um trímero 
composto por três cadeias distintas, 
uma das quais se liga ao componente 
C5b do complexo C5b-7 e forma um 
heterodímero covalente com a 
segunda cadeia; a terceira cadeia se 
insere na bicamada lipídica da 
membrana. Esse complexo C5b,6,7,8 
(C5b-8) inserido estavelmente forma 
poros instáveis, e grandes números 
desses complexos C5b-8 podem lisar 
as células. A formação de um MAC 
completamente ativo é alcançada pela 
ligação de C9, o componente final da 
cascata do complemento, ao 
complexo C5b-8. O C9 é uma 
proteína sérica que se polimeriza no 
local onde o C5b-8 está ligado para 
formar poros nas membranas 
plasmáticas, formando complexos 
C5b-9 que contêm C5b, C6, C7, C8 
e muitas moléculas de C9 
Assim, formam-se canais que 
permitem a livre circulação de água e 
de íons. O tamanho do canal varia 
com base no número de moléculas 
de C9 no complexo C5b-C9. 
Complexos tubulares de C9 apenas 
podem também se formar. A entrada 
de água resulta em dilatação osmótica 
e ruptura das células em cuja 
superfície o MAC foi depositado 
 
RECEPTORES PARA PROTEÍNAS DO 
COMPLEMENTO 
Muitas das atividades biológicas do 
sistema do complemento são 
mediadas pela ligação de fragmentos 
do complemento a receptores de 
membrana expressos em vários tipos 
celulares 
O receptor de complemento do tipo 1 
(CR1 ou CD35) atua principalmente 
para promover a fagocitose de 
partículas recobertas por C3b e C4b, 
para remover os imunocomplexos da 
circulação. O CR1 é um receptor de 
alta afinidade para C3b e C4b, 
expresso principalmente em células 
derivadas da medula óssea, incluindo 
eritrócitos, neutrófilos, monócitos, 
macrófagos, eosinófilos e linfócitos T 
e B; também é encontrado em 
células dendríticas foliculares 
Os fagócitos utilizam esse receptor 
para se ligar e internalizar partículas 
opsonizadas com C3b ou C4b. A 
ligação das partículas recobertas por 
C3b ou C4b ao CR1 também transduz 
sinais que ativam os mecanismos 
microbicidas dos fagócitos, 
especialmente quando o receptor 
Fcγ é simultaneamente engajado por 
partículas revestidas com anticorpos. 
Nos eritrócitos, o CR1 liga-se a 
imunocomplexos circulantes com C3b 
e C4b ligados, e transporta esses 
complexos para o fígado e para o 
baço. Nesses órgãos, os fagócitos 
removem os imunocomplexos da 
superfície dos eritrócitos e os 
eritrócitos continuam a circular. O CR1 
também é um regulador da ativação 
do complemento 
O receptor do complemento do tipo 
2 (CR2 ou CD21) atua estimulando as 
respostas imunes humorais, 
aumentando a ativação de células B 
por antígenos e promovendo a 
retenção de complexos antígeno-
anticorpo nos centros germinativos. O 
CR2 está presente em linfócitos B, 
FDCs e algumas células epiteliais. Liga-
se especificamente aos produtos de 
clivagem de C3b, denominados C3d, 
C3dg e iC3b (i refere-se a inativo), 
gerados por proteólise mediada pelo 
Fator I. Esse complexo transmite sinais 
para as células B, aumentando suas 
respostas ao antígeno. Nas FDCs, o 
CR2 atua capturando complexos 
antígeno-anticorpo recobertos por 
iC3b, C3d e C3dgnos centros 
germinativos 
O receptor do complemento do tipo 
3, também chamado Mac-1 (CR3, 
CD11b/CD18), é uma integrina que atua 
como um receptor para o fragmento 
iC3b gerado por proteólise de C3b. O 
Mac-1 é expresso em neutrófilos, 
fagócitos mononucleares, mastócitos e 
células NK 
Em neutrófilos e monócitos, Mac-1 
promove a fagocitose de 
microrganismos opsonizados com 
iC3b. Além disso, Mac-1 pode 
reconhecer diretamente bactérias 
para a fagocitose pela ligação a 
algumas moléculas microbianas 
desconhecidas. Mac-1 também se liga 
à molécula de adesão intercelular 1 em 
células endoteliais e promove a 
adesão estável dos leucócitos ao 
endotélio, mesmo sem ativação do 
complemento. Essa ligação leva ao 
recrutamento de leucócitos para os 
locais de infecção e de lesão tecidual 
O receptor de complemento do tipo 
4 (CR4, p150,95, CD11c/CD18) é outra 
integrina com uma cadeia α diferente 
(CD11c) e a mesma cadeia β do Mac-1. 
O CR4 também se liga à iC3b e sua 
função é provavelmente semelhante 
à do Mac-1. O CD11c é 
abundantemente expresso em células 
dendríticas, sendo utilizado como um 
marcador para esse tipo de células. 
O receptor do complemento da 
família das imunoglobulinas (CRIg) é 
expresso na superfície de macrófagos 
no fígado, conhecidos como células 
de Kupffer. O CRIg é uma proteína 
integral de membrana com uma 
região extracelular constituída por 
domínios de Ig. Liga-se aos 
fragmentos C3b e iC3b do 
complemento e está envolvido na 
remoção de bactérias opsonizadas e 
de outros patógenos transmitidos pelo 
sangue. 
Outros receptores incluem aqueles 
para C3a, C4a e C5a, que estimulam 
a inflamação. Os efeitos pró-
inflamatórios desses fragmentos do 
complemento são mediados pela 
ligação dos peptídeos a receptores 
específicos em diversos tipos 
celulares 
REGULAÇÃO DA ATIVIDADE DO 
COMPLEMENTO 
A ativação da cascata do 
complemento e a estabilidade de 
proteínas ativas do complemento são 
fortemente reguladas para evitar a 
ativação do complemento em células 
normais do hospedeiro e para limitar a 
duração dessa ativação, mesmo em 
células microbianas e complexos 
antígeno-anticorpo. 
As proteínas RCA incluem as 
proteínas de membrana celular fator 
de aceleração do decaimento, 
proteína cofator de membrana, 
receptor de complemento do tipo 1 
(CR1/CD35) e receptor do 
complemento do tipo 2 (CR2/CD21) 
A ativação do complemento precisa 
ser regulada por dois motivos. 
Primeiro, baixos níveis de ativação do 
complemento ocorrem contínua e 
espontaneamente, e caso o 
prosseguimento dessa ativação seja 
permitido, o resultado pode ser 
danoso para as células e os tecidos 
normais. 
Segundo, mesmo quando o 
complemento é ativado onde é 
realmente necessário, precisa ser 
controlado porque os produtos da 
degradação de proteínas do 
complemento podem se difundir para 
as células adjacentes e produzir lesão. 
Diferentes mecanismos reguladores 
inibem a formação das C3 
convertases nas etapas iniciais da 
ativação do complemento, quebram e 
inativam as convertases de C3 e de 
C5 e inibem a formação do MAC nas 
etapas terminais da via do 
complemento. 
FUNÇÕES DO COMPLEMENTO 
As principais funções do sistema do 
complemento na imunidade inata e na 
imunidade adaptativa humoral são: 
promover a fagocitose de 
microrganismos sobre os quais o 
complemento é ativado, estimular a 
inflamação e induzir a lise desses 
microrganismos. Além disso, os 
produtos de ativação do 
complemento facilitam a ativação dos 
linfócitos B e a produção de 
anticorpos. 
 
A fagocitose, a inflamação e a 
estimulação da imunidade humoral são 
todas mediadas pela ligação de 
fragmentos proteolíticos de proteínas 
do complemento a vários receptores 
da superfície celular, enquanto a lise 
celular é mediada pelo MAC. 
 
 
OPSONIZAÇÃO E FAGOCITOSE 
Os microrganismos sobre os quais o 
complemento é ativado tornam-se 
recobertos com C3b, iC3b ou C4b, e 
são fagocitados pela ligação dessas 
proteínas a receptores específicos 
em macrófagos e neutrófilos 
Ambos, C3b e iC3b, atuam como 
opsoninas, em virtude do fato de se 
ligarem especificamente a receptores 
em neutrófilos e macrófagos. C3b e 
C4b (este último gerado somente 
pela via clássica) ligam-se a CR1, e iC3b 
liga-se a CR3 (Mac-1) e CR4. Por si só, 
o CR1 não é eficiente na indução da 
fagocitose de microrganismos 
recobertos com C3b, mas sua 
capacidade pode ser aumentada se os 
microrganismos estiverem revestidos 
com anticorpos IgG, que se ligam 
simultaneamente a receptores Fcγ 
A fagocitose de microrganismos 
dependente de C3b e de iC3b é um 
importante mecanismo de defesa 
contra infecções nas imunidades inata 
e adaptativa 
Os anticorpos IgM contra 
polissacarídeos capsulares ligam-se às 
bactérias, ativam a via clássica do 
complemento e estimulam a 
eliminação fagocítica das bactérias no 
baço 
 
ESTIMULAÇÃO DAS RESPOSTAS 
INFLAMATÓRIAS 
Os fragmentos proteolíticos C5a, C4a 
e C3a do complemento induzem 
inflamação aguda pela ativação de 
mastócitos, neutrófilos e células 
endoteliais. Todos os três peptídeos 
ligam-se a mastócitos e induzem sua 
degranulação, com a liberação de 
mediadores vasoativos, como a 
histamina. Esses peptídeos também 
são denominados anafilatoxinas, 
porque as reações de mastócitos que 
desencadeiam são características da 
anafilaxia 
Além disso, C5a pode atuar 
diretamente sobre as células 
endoteliais vasculares e induzir 
aumento da permeabilidade vascular e 
expressão de selectina, que promove 
a ligação de neutrófilos. Essa 
combinação de ações de C5a em 
mastócitos, neutrófilos e células 
endoteliais contribui para a inflamação 
nos sítios de ativação do 
complemento 
 
CITÓLISE MEDIADA PELO 
COMPLEMENTO 
A lise de organismos estranhos 
mediada pelo complemento é 
realizada pelo MAC e parece ser 
essencial apenas para a defesa contra 
alguns poucos agentes patogênicos 
que são incapazes de resistir à 
inserção do MAC 
 
OUTRAS FUNÇÕES DO SISTEMA 
COMPLEMENTO 
Por se ligarem aos complexos 
antígeno-anticorpo, as proteínas do 
complemento promovem a 
solubilização desses complexos e sua 
remoção por fagócitos 
Se os imunocomplexos se acumulam 
no sangue, eles podem ser 
depositados na parede dos vasos e 
induzir reações inflamatória, que 
danificam os vasos e o tecido 
circundante. A formação de 
imunocomplexos pode exigir não 
apenas a ligação multivalente das 
regiões Fab da Ig aos antígenos, mas 
também as interações não covalentes 
das regiões Fc das moléculas de Ig 
justapostas. A ativação do 
complemento sobre moléculas de Ig 
pode bloquear estericamente essas 
interações Fc-Fc, promovendo, assim, 
a dissolução dos imunocomplexos. 
Além disso, os imunocomplexos com 
C3b aderido se ligam a CR1 nos 
eritrócitos e os complexos são 
removidos pelos fagócitos no fígado 
A proteína C3d gerada a partir de C3 
liga-se a CR2 em células B e facilita a 
ativação dessas células e o início das 
respostas imunes humorais. C3d é 
gerado quando o complemento é 
ativado por um antígeno 
As FDCs exibem os antígenos às 
células B nos centros germinativos, e 
esse processo é importante para a 
seleção de células B de alta afinidade.. 
A importância do complemento nas 
respostas imunes humorais é ilustrada 
pela grave diminuição da produção de 
anticorpos e formação do centro 
germinativo observadas em 
camundongos deficientes de C3 ou 
C4, ou ainda, da proteína CR2. 
DEFICIÊNCIAS DO COMPLEMENTO 
E POSSÍVEIS INIBIÇÕES 
50% dos pacientes com deficiências 
de C2 e C4 desenvolvem Lupus 
eritematoso sistêmico 
 
INIBIDOR DE C1 (C1INH) 
C1q se liga a anticorpos complexados 
com antígeno, resultando na ativação 
de C1r2s2, impedida pelo C1 INH 
 
FATOR 1 
Quebra o C3b em iC3b, que é o 
inativo e que não consegue ativar o 
complemento 
 
CD59 
Ele interage com o C5b, impedindo 
que o C9 se ligue e forme o poro 
 
INIBIÇÃO DA C3 CONVERTASE 
 
 
CASOCLÍNICO 
Paciente, sexo feminino, nove anos de 
idade, procedente Belo Horizonte, 
com história de duas meningites 
meningocócicas graves, segundo a 
mãe. O primeiro quadro foi aos dois 
anos, com 33 dias de internação (três 
em UTI, necessitando de intubação). O 
segundo quadro ocorreu aos nove 
anos, permanecendo internada por 27 
dias. Nesse episódio apresentou 
necrose em vários locais em infecção 
de pele, que evoluíram para queloides. 
Os pais são primos em primeiro grau. 
Havia história de meningite em prima 
materna, além de tio e primo 
paternos. 
Os exames imunológicos da paciente 
mostraram os seguintes resultados: 
I: Imunoglobulinas séricas normais; 
II: Titulações positivas de anticorpos 
contra vários sorotipos de S. 
pneumoniae; 
III: Complemento total (CH50): 110 
U/mL (valor normal 130 a 330 U/mL); 
IV: C3: 108 mg/dL (VN 88 a 201 
mg/dL), 
V: C4: 23 mg/dL (VN 16 a 47 mg/dL), 
VI: C5: 0,9 mg/L (VN 45 a 190 mg/L). 
CONCLUSÃO 
Deficiência do componente C5 do 
complemento associada a meningites 
meningocócicas

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