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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3 2 ASPECTOS GERAIS E HISTÓRICOS DO CONCRETO ARMADO .... 4 2.1 HISTÓRICO DE CONCRETO ARMADO ...................................... 5 3 VANTAGENS E DESVANTAGENS ..................................................... 7 3.1 Vantagens do concreto armado .................................................... 7 3.2 Aplicações do concreto armado .................................................... 8 3.3 Desvantagens do concreto armado .............................................. 9 4 FISSURAÇÃO NO CONCRETO ARMADO ....................................... 10 5 CONCRETO ARMADO: CONCEITUAÇÃO E MATERIAIS CONSTITUINTES ................................................................................................. 12 6 EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO ........... 18 7 NORMAS TÉCNICAS, ENSAIOS E PATOLOGIAS DAS ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO.......................................................... 28 8 BIBLIOGRFIA .................................................................................... 36 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A Organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 ASPECTOS GERAIS E HISTÓRICOS DO CONCRETO ARMADO Denominamos Concreto o material de construção composto pela mistura de cimento, agregado graúdo (brita ou cascalho), agregado miúdo (areia) e água. Pelo fato de sua consistência ser plástica quando fresco, é possível moldá-lo em fôrmas de acordo com as dimensões desejadas (PFEIL, 1988). O concreto armado, como o próprio nome indica, é o material formado pelas associações do concreto com armaduras (elementos de aço) inseridas em seu interior, sendo utilizado para construir estruturas sujeitas a diferentes tipos de esforços. O concreto é um material que possui elevada resistência à compressão, embora ofereça baixa resistência à tração. Por sua vez, o aço absorve os esforços de tração e serve também para resistir às tensões de Compressão. (PFEIL, 1988). Uma grande contagem do concreto armado é que ele alia muito bem as qualidades do concreto (como durabilidade, baixo custo e resistência à compressão, ao fogo e à agua) com as qualidades do aço (como ductilidade e resistência à tração e à compressão). Além disso, o aço da armadura inserida no interior do concreto fica protegido da corrosão e das altas temperaturas em caso de incêndio (BASTOS, 2006). Os materiais de construção precisam apresentar, dentre outras características, Resistências e durabilidade, o que explica o porquê de o concreto ser o material mais usado na engenharia. No entanto, uma viga feita com concreto simples sujeita à flexão tem resistência limitada à tração, rompendo bruscamente após o aparecimento de fissuração. Com a colocação de armaduras na face interior de vigas, a capacidade resistente é aumentada. (PFEIL, 1988). As armaduras são empregadas não só para absorver os esforços de tração, mas também para suportar as tensões de cisalhamento causadas ou por esforços cortantes ou por momentos fletores. As armaduras auxiliam o concreto a suportar os esforços de compressão, pois o aço possui um bom comportamento não só à tração (PFEIL, 1988). O concreto e o aço tem em comum duas importantes propriedades físicas que os permitem trabalhar em conjunto de modo solidário (PFEIL, 1988). 5 • Aderência mútua, a qual impede que haja o escorregamento entre os materiais e permite a transmissão de esforços de um material para o outro; e • Coeficientes de dilatação praticamente iguais, o que impede que em caso de variação de temperatura, ocorram deslocamentos relativos entre os materiais, não comprometendo a aderência. 2.1 HISTÓRICO DE CONCRETO ARMADO As estruturas em concreto armado são muito utilizadas no mundo todos. Por quê? Porque, em comparação com outros materiais estruturais, além de ser muito fácil obter os materiais que compõem o concreto (cimento, agregados e água), ainda é possível contar com a grande disponibilidade de aço. Entre as aplicações do concreto armado estão os mais variados tipos de construções, por exemplo, edifícios, pontes, viadutos, barragens, pavimentos rodoviários, etc. (BASTOS, 2006). Na antiguidade, madeira, rocha e ferro eram utilizados, e até hoje são encontradas construções com esses tipos de materiais. Os romanos faziam uso de pedras com uma argamassa com propriedades cimentícias contendo cal e pozolana de origem vulcânica, e confeccionaram estruturas de concreto que existem até hoje (PFEIL, 1988). O cimento Portland teve sua produção industrial iniciada somente após 1850, mas foi patenteado um pouco antes, após muitos experimentos em laboratórios. O uso do concreto simples foi gradativamente substituindo as construções feitas em alvenaria de pedra (PFEIL, 1988). O chamado cimento armado surgiu na França, em 1849, quando Joseph Lambot construiu um barco de concreto com argamassa de cimento e com telas de fios de aço. Essa foi a primeira peça executada em concreto armado registrada na história. Joseph Monier, um pouco depois, passou a confeccionar vasos de jardim e outras peças com argamassa de cimento Portland e armadura e, posteriormente, reservatórios, escadas e até uma ponte. 6 Em vários países foram feitos ensaios, que contribuíram para que sem compreendesse a real função das armaduras em conjunto com o concreto. Apenas no início do século XX surgiram as primeiras teorias realistas que abordavam o dimensionamento de elementos de concreto armado. A partir de então, ele começou a ser tratado como ciência (BASTOS, 2006). No Brasil, o concreto armado começou a ser utilizado também no início do século XX, no Rio de Janeiro. Após alguns anos, praticamente todos os cálculos estruturais passaram a ser feitos no Brasil e muitas obras de grande porte foram construídas. 7 3 VANTAGENS E DESVANTAGENS Como material de construção, o concreto apresenta uma série de vantagens em comparação a outros materiais. As estruturas também podem ser feitas, por exemplo, em madeira, aço ou alvenaria estrutural, dependendo da finalidade da obra e da disponibilidade dos materiais. 3.1 Vantagens do concreto armado As principais vantagens do uso do concreto armado segundo Bastos: • Custo: os materiais constituintes do concreto, além de possuírem ampla disponibilidade, apresentam baixo custo, como é o caso da água e dos agregados; o aço está disponível mundialmente a preço competitivos; • Moldabilidade: apresenta enorme facilidade de moldagem e variabilidade de formas, favorecendo o projeto arquitetônico; • Estrutura monolítica: as estruturas são construídas sem a necessidade de ligações, assim,as peças trabalham em conjunto quando solicitadas; • Resistência mecânica: o concreto armado apresenta excelente desempenho à compreensão e à tração; • Resistência ao fogo: o concreto armado é capaz de resistir a elevadas temperaturas e se manter intacto durante um bom tempo (com relação a outros materiais), podendo suportar o período necessário à evacuação segura de pessoas dos ambiente; • Resistência à fadiga: Principalmente em comparação ao aço, o concreto sem comportam melhor quando submetido a carregamentos cíclicos, já que o aço é mais suscetível ao estado de tensões que variam no tempo; • Resistência a choques e vibrações: por possuírem grande massa e rigidez, as estruturas de concreto minimizam os efeitos de vibrações e ascilações causadas pelo vento ou por ações decorrentes de utilizações; 8 • Durabilidade: as estruturas de concreto, desde que bem projetadas e executadas, possuem boa resistência à ação de intempéries; seu custo de manutenção é baixo, quando avaliado apropriadamente em fase de projeto; as armaduras colocadas no interior do concreto são protegidas pelo meio alcalino promovido por ele, evitando a corrosão do aço quando as barras são posicionadas de maneira correta, obedecendo aos valores mínimos de cobrimento; • Execução: os processos construtivos de estruturas em concreto armado são muito conhecidos e difundidos, além de apresentarem facilidade e rapidez de execução; • Mão de obra: não são necessários profissionais com elevados níveis de qualificação, nem equipamentos avançados. 3.2 Aplicações do concreto armado Segundo Bastos as principais aplicações do concreto armado: • Edifícios: podem ser totalmente construídos em concreto armado, ou apenas alguns elementos, com o concreto sendo moldado no local ou com estruturas pré-moldadas; • Galpões: são construídos com estruturas pré-moldadas de concreto armados, prontas para serem montadas no local da obra; • Pisos industriais: são placas de concreto armado com telas soldadas para ambientes como estacionamentos, depósitos, armazéns, quadras esportivas, postos de gasolinas, entre outros locais sujeitos a carregamentos intensos e que precisam apresentar alta resistência; • Obras rodoviárias: é possível usar o concreto armado na construção de pavimentos, pontes, viadutos, passarelas, túneis, galerias, estruturas de contenção, etc.; 9 • Obras hidráulicas e de saneamento: o concreto armado é uma opção viável na construção de reservatórios, estação de tratamento, tubos, barragens, canais, etc.; • Estruturas variadas: torres, chaminés, postes, elementos de cobertura, silos, dormentes, piscinas, etc., são outras estruturas que contam com a utilização do concreto armado na sua construção. 3.3 Desvantagens do concreto armado As desvantagens do uso de concreto armado e que são importantes para que possa tomar uma decisão acertada sobre usá-lo ou não no projeto em que trabalha: • Massa específica: provavelmente a maior desvantagem do concretos armado é o seu valor de massa específica bastante elevado (2500 kg/m³); é possível afirmar que o concreto armado apresenta baixa resistência por unidade de volume em comparação com o aço, pois são necessários grandes volumes de estruturas de concreto (e, consequentemente, pesos elevados) para suportar os carregamentos; • Reformas e demolições: de fato, é um tanto difícil realizar reformas, reforços e remodelagem de peças de concreto armado; • Desempenho térmico e acústico: o concreto armado não possui um desempenho tão bom quando se trata de transmissão de calor e de som; • Fôrmas e escoramentos: como o concreto armado é moldado no local e na hora da construção (a não ser no caso de estruturas pré-moldadas), é necessário o uso de fôrmas e de escoramentos, o que representa mais custos; • Produção: por ser muitas vezes produzidos in loco, a resistência final do concreto pode ser afetada devido a erros durante os processos de mistura e cura, ou mesmo durante o lançamento e adensamento; • Fissuração: a retração (isto é, a redução de volume do concreto por perda de umidade) e a influência (ou seja, a deformação lenta de estruturas sujeitas 10 a cargas de longa duração) são os dois fenômenos responsáveis pelo aparecimento de fissuras no concreto. 4 FISSURAÇÃO NO CONCRETO ARMADO A existência da fissuração em estruturas de concreto armados se deve ao fato de o concreto apresentar baixa resistência a esforços de tração. Esse fenômeno, apesar de indesejável, é absolutamente natural, mas devem ser respeitados os limites estabelecidos por norma. As causas principais do aparecimento de fissuras no concreto armado são (PFEIL, 1988): • A retração do concreto, que nada mais é do que a redução do volume quando há rápida evaporação da água na mistura fresca; e • As solicitações atuantes que geram esforços normais de tração. É possível evitar ou minimizar a retração do concreto com a adoção de algumas medidas de proteção durante a fase de endurecimento do concreto fresco. A cura do concreto – cuja finalidade é evitar que a água da mistura evapore – deve ser realizada para que se mantenha úmida a superfície de concreto nas suas primeiras idades. Você também pode usar uma armadura suplementar, chamada armadura de pele, que vai contribuir para a diminuição das fissuras por retração, absorvendo os esforços (BASTOS, 2006) Como a evaporação acontece na superfície do concreto, a retração será maior nessa região do que no interior da estrutura, originando tensões de retração capazes de provocar fissuras. O encurtamento da peça provocado pela retração vai depender de alguns fatores, como (BASTOS, 2006): • A espessura dos elementos: quanto menor for a espessura, maior será a superfície de contato da peça com o ambiente em relação ao seu volume, e maior será a retração: 11 • A composição química do cimento: cimentos com maior resistência e com endurecimento acelerado provocam maior retração; • A quantidade de cimento: quanto maior for a quantidade, maior será a retração; • A relação água/cimento: quanto maior for essa relação, maior será a retração; • A umidade ambiente: se a umidade estiver alta, a evaporação ficará dificultada e a retração será menos; • A temperatura ambiente: quanto maior for a temperatura, maior será a retração. É um pouco mais complicado impedir as fissuras causadas por tensões de tração porque as deformações de concreto e do aço são incompatíveis (o aço é muito mais tolerante aos alongamentos de tração). Para evitar a fissuração do concreto, seria necessário aplicar tensões baixas de tração na peça e armaduras, o que seria antieconômico. Assim, já que não podemos eliminar as fissuras, pelo menos buscamos diminuir seu aparecimento. Você já deve ter visto que as fissuras do concreto armado causam alguns efeitos prejudiciais ligados à estética, à insegurança aos usuários e, principalmente, à redução da proteção das armaduras (pela oxidação delas em contato a água e o ar) (PFEIL, 1988). Para evitar isso, são estipulados valores aceitáveis de fissuras, de acordo com os estados limites de serviços (ELS) apresentados em norma, em função do ambiente em a estrutura vai se encontrar (BASTOS, 2006). 12 5 CONCRETO ARMADO: CONCEITUAÇÃO E MATERIAIS CONSTITUINTES De maneira geral, o concreto armado é obtido pela associação do concreto simples com a armadura convenientemente posicionada (armadura passiva), de tal modo que ambos resistam solidariamente aos esforços atuantes. O concreto simples, em geral, é pouco adequado como elemento estrutural resistente, pois apresenta boa resistência à compressão, mas pouca à tração (cerca de 10% da resistência à compressão), tipo de solicitação normalmente verificado em quase todas as estruturas usuais. Compreendem exemplos bastante comuns os elementos fletidos,nos quais, em uma mesma seção transversal, são formadas tensões de compressão e tração. Nesse caso, a ruptura da viga de concreto simples é brusca, tão logo a resistência à tração do concreto é superada e surge a primeira fissura. Ao colocar-se a armadura passiva na região na qual ocorrem as tensões de tração, eleva-se a capacidade resistente da viga (BASTOS, 2006; CARVALHO, 2007). Fonte: Adaptada Pfeil (1989). O detalhe do comportamento das seções (aa, a’a’, bb e b’b’) e das armaduras de uma viga submetida a flexão pura pode ser visualizado na Figura 2 — sendo o momento fletor M igual nas duas extremidades, a armadura longitudinal 13 inferior será tracionada. A linha neutra indica o local onde as tensões normais são nulas na seção transversal. Fonte: Adaptada de Clímaco (2008). Portanto, aço e concreto trabalham solidariamente, situação possível em razão das forças de aderência entre a superfície do aço e o concreto, pois as barras de aço tracionadas somente funcionam quando começam a ser alongadas pela deformação do concreto que as envolve; por isso, caracterizam-se como armaduras passivas. Logo, é a aderência que define o elemento estrutural concreto armado (CARVALHO, 2007; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014). Em relação à composição dos materiais, o concreto simples refere-se à associação da argamassa (cimento + água + agregado miúdo) com o agregado graúdo. Em alguns casos, pode-se obter microconcretos, aqueles nos quais os agregados graúdos têm dimensões reduzidas, e concretos especiais, como o concreto de alto desempenho (CAD), de alta resistência inicial (CAR), autoadensável (CAA), etc. (CARVALHO, 2007). A armadura passiva, por sua vez, é normalmente composta pelo aço, devendo apresentar boa resistência à tração e maior deformabilidade em relação ao concreto (BASTOS, 2006). 14 Analisando conjuntamente, pode-se citar algumas características da combinação desses materiais, como a proximidade entre os coeficientes de dilatação térmica do concreto e do aço (αconcreto = 1 × 10-5°C-1 e αaço = 1,2 × 10-5°C-1) e a capacidade de proteção, em condições normais, do concreto ao envolver o aço, reduzindo a oxidação e a ação de altas temperaturas (CARVALHO, 2007). Para a produção das armaduras passivas, no mercado brasileiro produzem- se barras e fios de aço, designadas com o prefixo CA, indicativo de emprego no concreto armado. As barras são os produtos de diâmetro nominal 6,3 mm ou superior, obtidos exclusivamente por laminação a quente, sem processo posterior de deformação mecânica. Os fios são produtos com diâmetro nominal 10 mm ou inferior, obtidos a partir de fio-máquina por trefilação ou laminação a frio (FUSCO, 1995). A NBR 7480:2007 admite os seguintes diâmetros padronizados (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007). Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2008) De acordo com as características mecânicas, as barras e os fios são classificados, conforme o valor característico da resistência de escoamento, nas categorias CA-25, CA-50 e CA-60 (apenas para fios). O número na sequência, após 15 o prefixo CA, indica o valor característico de fyk em kN/cm2. Os diâmetros e as seções transversais nominais são estabelecidos pela NBR 7480:2007. Os aços da categoria CA-25 são lisos, podendo-se utilizá-los em estruturas de concreto armado, embora sejam pouco utilizados atualmente. Empregam-se os aços da categoria CA- 50 em armaduras longitudinais de flexão, podendo ser utilizados, por exemplo, em telas soldadas, estribos, treliças e armaduras de pele, de lajes e de pisos (FUSCO, 1995). Para a categoria CA-50, as barras devem obrigatoriamente ser providas de nervuras transversais oblíquas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2008), para aumentar a ancoragem quando envolvidas pelo concreto fresco. Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2008). Os fios podem ser lisos, entalhados ou nervurados, e o diâmetro nominal de 10 mm deve ter obrigatoriamente entalhes ou nervuras (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2008). Complementando a especificação do tipo de armadura, faz-se necessária a caracterização da capacidade de 16 aderência das barras de aço ao concreto, feita por meio do coeficiente de conformação superficial das barras (η), conforme a NBR 6118:2014. Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014). A escolha do tipo de aço tem como base condições econômicas, em especial da disponibilidade de mercado; contudo, em geral, em obras convencionais, o aço CA-50 representa a primeira alternativa (FUSCO, 1995). Os aços CA-50 e CA-60 são soldáveis, característica útil para estruturas em concreto armado. O aço CA-60, que apresenta maior resistência, possibilita a redução nas seções de concreto, tornando as estruturas mais esbeltas e leves, como quando utilizadas em vigotas de lajes pré-moldadas. De modo geral, a NBR 6118:2014 considera os seguintes valores para os aços (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014): • massa específica – 7.850 kg/m3; • módulo de elasticidade – 210 GPa. Em conjunto com as armaduras passivas, têm-se os estribos, constituídos pelas armaduras transversais, com duas finalidades: resistir às tensões de tração resultantes do cisalhamento, pela atuação da força cortante ou do momento torsor; e atuar como armadura de montagem, mantendo as barras passivas posicionadas longitudinalmente no momento da concretagem da peça (CLÍMACO, 2008). 17 Fonte: Adaptada de Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2015) Quando se produzem as armaduras em obra, ou seja, quando cortadas, dobradas e montadas no local, é comum utilizar arames recozidos para as amarrações entre armaduras passivas e estribos. Normalmente, têm diâmetro de 1,24 mm ou 1,65mm (BASTOS, 2006). Ainda segundo Bastos (2006), pode-se citar as telas soldadas, bastante úteis nas obras, o que promove economia de tempo e mão de obra. São assim chamadas por terem as barras soldadas entre si nos encontros (nós). No mercado, existem diversos tipos de telas soldadas padronizadas, com diferenças quanto a distâncias e diâmetros dos fios, geralmente no fio CA-60, podendo ser aplicadas em lajes, pisos, calçamentos, piscinas, etc. 18 6 EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO A condição inicial para a execução de estruturas em concreto armado consiste na elaboração de um projeto com padrão técnico adequado, que forneça todos os elementos necessários. Caso isso seja cumprido, a qualidade da execução dependerá, então, dos seguintes fatores seguintes: adequação da mão de obra, dos equipamentos e do controle de qualidade dos materiais. De forma geral, a execução de estruturas em concreto armado pode seguir um esquema básico de produção, com a qualidade especificada, conforme o fluxograma apresentado. (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006). Fonte: Adaptada de Barros, Melhado e Araújo (2006, p. 20). 19 Uma das primeiras etapas refere-se à execução das fôrmas, podendo-se afirmar que a qualidade global da estrutura dependerá muito da qualidade das fôrmas e dos cimbramentos. (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006). De acordo com Barros, Melhado e Araújo (2006), as principais funções das fôrmas consistem em: • dar forma ao concreto armado; • conter o concreto fresco e sustentá-lo até que atinja resistência suficiente; • servir de suporte para o posicionamento das armaduras, permitindo o posicionamento de espaçadores a fim de garantir a execução dos cobrimentos especificados; • servir de suporte para o posicionamento de elementos de instalações e outros itens embutidos; • servir de estrutura provisória para as atividades de armação e concretagem, devendo resistir às cargas provenientes do seu peso próprio, depessoas, equipamentos e materiais; • proteger o concreto novo contra choques mecânicos; • limitar a perda de água de amassamento do concreto, favorecendo as reações químicas de cura do cimento. Ainda segundo Barros, Melhado e Araújo (2006), as fôrmas devem apresentar baixa aderência ao concreto, facilitando os procedimentos de desforma e evitando danos na superfície do elemento de concreto. Sobre os elementos constituintes, o sistema de fôrmas pode ser composto por molde, estrutura do molde, escoramento (cimbramento) e peças acessórias (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006). 20 Fonte: Adaptada de Barros, Melhado e Araújo (2006, p. 28-33). O molde é o elemento que caracteriza a forma da peça, entrando em contato direto com o concreto, definindo o formato e a textura conforme especificações de projeto, podendo ser dividido em painéis de laje, fundos e faces de vigas e faces de pilares. Pode ser executado, por exemplo, em madeira, materiais metálicos ou plástico. A estrutura do molde refere-se à parte que proporciona a sustentação, o travamento e o enrijecimento do molde, garantindo que não se deforme durante as atividades de armação e concretagem, sendo normalmente constituído de gravatas, sarrafos acoplados aos painéis e travessões. Pode ser executado em madeira, materiais metálicos ou misto de madeira e elementos metálicos. O escoramento ou cimbramento é a estrutura que dá apoio às fôrmas, destinado a transmitir os esforços da estrutura do molde para algum ponto de suporte no solo ou na própria estrutura de concreto, sendo genericamente constituído por guias, pontaletes e pés-direitos. Pode ser executado, por exemplo, em madeira ou perfis tubulares e torres. Os acessórios consistem em componentes utilizados para nivelamento, prumo e locação das peças, constituídos normalmente por aprumadores, sarrafos e cunhas; podem ser em madeira ou aço. 21 Em relação à etapa de montagem das armaduras, Barros, Melhado e Araújo (2006) apresentam o fluxograma que contempla um conjunto básico de operações que podem ser seguidas. Fonte: Adaptada de Barros, Melhado e Araújo (2006, p. 52). Após a etapa de compra, recebimento e estocagem, tem-se a etapa executiva de corte da armadura, na qual os fios e barras podem ser cortados com equipamentos como talhadeiras, tesourões especiais, máquinas de corte manuais ou mecânicas e, eventualmente, discos de corte. Nessa fase, deve-se tomar cuidado especial com o planejamento de corte do material, visando a otimizar a sua utilização, evitando desperdícios. Após o corte dos fios e barras, há a etapa de dobramento, normalmente efetuada sobre bancadas de madeira, em que se fixam diversos pinos para facilitar a dobra do material. 22 Segundo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2015), atualmente existem empresas especializadas em produzir estribos, tornando-se uma opção econômica no caso de grandes quantidades. Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2015). 23 Na sequência, tem-se a montagem da armadura, etapa em que a ligação das barras entre si ou com os estribos é feita com a utilização de arame recozido. Os arames normalmente indicados são os arames recozidos nº. 18 ou nº. 20. Um ponto a considerar no planejamento consiste em definir quais peças podem ser montadas no próprio pátio de armação e quais serão nas próprias fôrmas. Para isso, deve-se considerar fatores como dimensões das peças, sistema de transporte disponível em obra, espessura das barras para resistir aos esforços de transporte da peça montada, etc. (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006). A montagem das armaduras deve estar sempre de acordo com o projeto estrutural elaborado especificamente para a obra em questão. Eventuais necessidades de mudança precisam ser sempre solicitadas ao projetista responsável. Já a conferência deve ser feita em relação a ancoragens, ganchos, transpasses, bitolas, espaçamentos, instalação de espaçadores, etc. Atentar-se especialmente à manutenção e à garantia do cobrimento do concreto especificado, com a utilização de espaçadores, e ao eventual posicionamento incorreto da armadura negativa (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006). Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2015). 24 A NBR 6118:2014 estabelece os cobrimentos nominais mínimos para estruturas em concreto armado. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014). Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014). As classes de agressividade ambiental são assim definidas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014): • classe I — agressividade fraca. Ambientes rurais ou submersos, com insignificante risco de deterioração da estrutura; • classe II – agressividade moderada. Ambientes urbanos, com pequeno risco de deterioração da estrutura; • classe III – agressividade forte. Ambientes marinhos ou industriais, com grande risco de deterioração da estrutura; • classe IV – agressividade muito forte. Ambientes industriais ou respingos de maré, com elevado risco de deterioração da estrutura. Após a montagem das armaduras, tem-se a concretagem das estruturas, composta pelas etapas de lançamento, adensamento e cura do concreto, na qual alguns cuidados devem ser tomados, conforme descrito a seguir. Previamente ao 25 lançamento, recomenda-se efetuar o controle tecnológico antes de sua aplicação, com a realização dos ensaios de abatimento do tronco de cone e de resistência à compressão axial. Adicionalmente, o engenheiro residente ou responsável pela obra deverá conferir as armaduras, verificando se está de acordo com o projeto (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006). Ainda, deve-se verificar a instalação e o posicionamento de eletrodutos e caixas de passagem, além de evitar a redução de seções de elementos estruturais com a passagem de tubos de queda, esgoto ou calhas, embutidas em peças concretadas, como os pilares. Esse tipo de arranjo pode dificultar futuras manutenções. Cuidado especial também deve ser dado à execução de furos transversais aos elementos estruturais, evitando pontos de tensões excessivas, de flexão ou cisalhamento, que poderiam diminuir sua capacidade de resistência. (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006). Na etapa de lançamento e adensamento, deve-se, no caso de pilares, efetuá-los em camadas não superiores a 50 cm (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006). Neville e Brooks (2013) ainda citam alguns cuidados, como lançar o concreto em camadas uniformes (e não em grandes montes), manter uma espessura de camada compatível com a fôrma de vibração, manter as mesmas velocidades de lançamento e adensamento, adensar totalmente cada camada antes do lançamento da próxima e evitar impactos entre o concreto e as fôrmas ou armaduras. 26 O concreto deve estar compactado ao máximo dentro da fôrma, eliminando- se as bolhas de ar, de maneira a não deixar vazios, de preferência mecanicamente (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2015). Para garantir um bom adensamento, a NBR 6118:2014 cita a necessidade de prever no detalhamento da disposição das armaduras espaço suficiente para a entrada da agulha do vibrador (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014). 27 É preciso efetuar a cura do concreto, tratamento dado durante o seu período de endurecimento, evitando a evaporação acelerada da água de amassamento (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2015). A etapa de desforma encerra o ciclo de produção das estruturas de concreto armado, retirando-se as fôrmas e os escoramentos, após o tempo de cura do concreto, normalmente dado por: • 3 dias para retirada de fôrmas das faces laterais; • 7 dias para retirada de fôrmas de fundo, deixando algumas escoras; • 21 dias para retirada total do escoramento (BARROS; MELHADO; ARAÚJO, 2006).Atentar-se especialmente à sequência de retirada das escoras. A retirada do escoramento de uma viga biapoiada ou laje apoiada em todos os lados, por exemplo, deve sempre iniciar do centro para os apoios ou bordas, simulando o mesmo comportamento estrutural para o qual a estrutura foi dimensionada. 28 7 NORMAS TÉCNICAS, ENSAIOS E PATOLOGIAS DAS ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO Algumas normas que apresentam diretrizes para as estruturas em concreto armado são descritas a seguir. A NBR 6118:2014 — “Projeto de estruturas de concreto” — pode ser considerada uma das principais normas regulamentadoras referentes às estruturas em concreto armado. Essa norma estabelece os requisitos básicos exigíveis para o projeto de estruturas de concreto simples, armado e protendido, exceto aquelas em que se empregam concreto leve, pesado ou outros especiais. Deve ser empregada para estruturas de concreto normais com massa específica seca maior que 2.000 kg/m3, não excedendo 2.800 kg/m3, do grupo I de resistência (C20 a C50) e do grupo II de resistência (C55 a C90), conforme a classificação da NBR 8953:2015. Segundo a NBR 6118:2014, para ambientes urbanos, por exemplo, a classe de concreto ou fck mínimo deve ser de 25 MPa (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014). Quanto aos requisitos de qualidade das estruturas de concreto armado, a NBR 6118:2014 afirma que estas devem atender a critérios mínimos de qualidade durante sua construção e serviço, como (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014): • capacidade resistente — segurança da estrutura; • desempenho em serviço — capacidade da estrutura de manter-se em condições plenas de utilização durante sua vida útil, não podendo apresentar danos que comprometam em parte ou totalmente o uso para o qual foi projetada; • durabilidade — capacidade da estrutura de resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e pelo contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto. 29 Em relação à durabilidade, as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o prazo correspondente à sua vida útil. Por vida útil, entende-se o período durante o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, sem intervenções significativas, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como de execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014). A NBR 6118:2014 ainda cita requisitos referentes à qualidade do concreto de cobrimento e detalhamento das armaduras, ao controle de fissuração, à inspeção e manutenção preventiva, às propriedades dos materiais (concreto e aço), ao comportamento conjunto de concreto e aço, à segurança e estados-limites de dimensionamento, às ações atuantes e resistências requeridas, a demais análises estruturais e ao detalhamento de elementos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014). A NBR 6120:1980 — “Cargas para o cálculo de estruturas de edificações” — fixa as condições exigíveis para a determinação dos valores das cargas que devem ser consideradas no projeto de estrutura de edificações, qualquer que seja sua classe e destino, salvo os casos previstos em normas especiais. Basicamente, 30 essa norma classifica as cargas em duas categorias (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1980): • cargas permanentes — constituídas pelo peso próprio da estrutura e pelo peso de todos os elementos construtivos fixos e instalações permanentes; • cargas acidentais — podem atuar sobre a estrutura de edificações em razão do seu uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos, etc.). Ainda, descreve o peso próprio de alguns materiais de construção, como rochas, blocos artificiais, revestimentos e concretos, madeiras, metais e materiais diversos, bem como de alguns valore mínimos de cargas verticais de acordo com o tipo de ambiente analisado. A NBR 6123:1988 — “Forças devidas ao vento em edificações” — fixa as condições exigíveis ao considerar as forças resultadas da ação estática e da dinâmica do vento para efeitos de cálculo de edificações. Considera os efeitos de pressão, forma e dimensões da edificação, velocidade do vento, topografia do local, rugosidade do terreno, entre outros fatores (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1988). A NBR 8953:2015 — “Concreto para fins estruturais: classificação por grupos de resistência” — estabelece as classes do concreto por sua massa específica, resistência à compressão axial e consistência. Os concretos para fins estruturais são classificados nos grupos I e II, conforme a resistência característica à compressão (fck), determinada a partir do ensaio de corpos de prova moldados de acordo com a NBR 5738:2015 (versão corrigida 2016) e rompidos conforme a NBR 5739:2018, permitindo-se a especificação de valores intermediários. De acordo com essa norma, os concretos com classe de resistência inferior à C20 não são considerados estruturais. 31 Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2018). Ainda de acordo com a NBR 8953:2015, os concretos classificam-se por sua consistência no estado fresco, determinada a partir do ensaio de abatimento pela NBR NM 67:1998 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). Em relação aos ensaios, podem ser executados no concreto tanto no seu estado fresco quanto endurecido. No estado fresco, pode-se citar a NBR 5738:2015, que prescreve procedimentos para a moldagem e a cura de corpos-de-prova (CP) cilíndricos de concreto utilizados posteriormente nos demais ensaios no estado endurecido, como de compressão e tração por compressão diametral (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). Ainda no estado fresco, o ensaio de abatimento do tronco de cone, estabelecido pela NBR NM 67:1998, visa a especificar um método para determinar a consistência do concreto fresco pela medida do seu assentamento, em laboratório e obra (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1998). 32 No estado endurecido, o ensaio para determinação da resistência à compressão axial para o concreto é estabelecido pela NBR 5739:2018 – “Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos de concreto” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018). Para a determinação da resistência à tração, os procedimentos são definidos pela NBR 7222:2011, por meio do ensaio de compressão diametral (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011). De modo complementar, o módulo estático de elasticidade à compressão do concreto pode ser determinado pela NBR 8522:2017 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2017). Para a estrutura em operação, a NBR 9607:2012 estabelece as provas de cargas, definidas como o conjunto de atividades destinadas a analisar o desempenho de uma estrutura por meio da medição e do controle de efeitos causados pela aplicação de ações externas de intensidade e natureza previamente estabelecidas. Definem-se os carregamentos de prova como o conjunto de ações externas dimensionadas segundo critérios preestabelecidos e que, aplicados à estrutura, a submetem a esforços solicitantes de intensidades compatíveis ou representativas da finalidade prevista para sua utilização. O carregamento deve ser dimensionado de modo a não ocasionar qualquer dano de caráter irreversível à estrutura. De forma mais genérica, pode-se citar a NBR 12654:1992, cancelada em 19 fev. 2015, que fixava as condições para a realização de controle tecnológico dos materiais componentes do concreto, para comprovarque os materiais empregados na mistura do concreto atendem aos requisitos exigidos nas demais normas. Os responsáveis pela programação e realização das atividades devem ter qualificação e experiência comprovadas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1992). Do mesmo modo, a NBR 12655:2015, que substituiu a NBR 12654:1992, estabelece requisitos para: propriedades do concreto fresco e endurecido e suas verificações; composição, preparo e controle do concreto; aceitação e recebimento do concreto. Ainda, abrange concretos preparados pelo construtor em obra, por 33 empresas de serviços de concretagem e outras modalidades (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). As estruturas em concreto armado podem apresentar manifestações patológicas ao longo de sua vida útil, como as fissuras, consideradas um tipo bastante comum nessas estruturas, com características variadas de acordo com sua origem, intensidade ou magnitude. Conforme Souza e Ripper (1996), o processo de fissuração pode ser originado por causas intrínsecas, quando iniciada e provocada por processos no interior das estruturas em concreto, e extrínsecas, provocada por fatores externos às estruturas. As fissuras podem, ainda, ser ativas, quando a causa responsável por sua geração ainda atua sobre a estrutura, e inativas, quando a causa, sentida durante certo tempo, deixa de existir. Algumas causas das fissuras podem consistir em deficiências de projeto, contração plástica do concreto, movimentação de fôrmas e escoramentos, retração do concreto, reações expansivas, corrosão de armaduras, recalques diferenciais, etc. Fonte: Souza e Ripper (1996). 34 A movimentação de fôrmas e escoramentos também pode provocar deformações acentuadas na peça, alterando sua geometria, o que resulta na perda de resistência e no desenvolvimento do quadro de fissuração. (SOUZA; RIPPER, 1996). Fonte: Souza e Ripper (1996). A corrosão de armaduras, outro tipo de manifestação patológica comum em estruturas de concreto armado, pode ser definida como uma deterioração do material, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente, aliada ou não a esforços mecânicos. Esse processo se caracteriza pela destruição da película passivante (protetora) existente na superfície da barra de aço, formada como resultado do impedimento da dissolução do ferro pela elevada alcalinidade da solução aquosa proporcionada pelo concreto de cobrimento, a qual, por sua vez, corresponde à parcela da água de amassamento do concreto que preenche os veios capilares da massa (SOUZA; RIPPER, 1996). Nas regiões do elemento estrutural em que o recobrimento de concreto não é adequado, seja pela espessura, seja pela composição inadequada do material, a 35 corrosão pode iniciar-se e formar subprodutos, como os oxi-hidróxidos de ferro, que passam a ocupar volumes de 3 a 10 vezes superior ao volume original do aço da armadura, podendo causar pressões de expansão superiores a 15 MPa. Essas tensões provocam, inicialmente, a fissuração do concreto na direção paralela à armadura corroída, o que favorece a penetração do CO2, provocando a carbonização, e de agentes agressivos, como cloretos e sulfatos, causando, e até mesmo acelerando, o lascamento do concreto (RIBEIRO, 2013). Fonte: Ribeiro (2013). 36 8 BIBLIOGRFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: concreto: procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova: versão corrigida. Rio de Janeiro, 2016. 9 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: concreto: ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2018. 9 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento: versão corrigida. Rio de Janeiro, 2014. 238 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações: versão corrigida. Rio de Janeiro, 2000. 5 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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