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Técnico Judiciário 4 Língua Portuguesa 4 Noções de Direito Administrativo 4 Noções de Direito Constitucional 4 Noções de Direito Civil 4 Noções de Direito Processual Civil 4 Noções de Direito Penal 4 Noções de Direito Processual Penal TJ-RO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA ATUALIZADO E 2021 REVISADO Redaçãoü Noções de Administração de ü Recursos Humanos e Gestão de Pessoas Matemáticaü Legislação Especícaü Geograa e História de ü ü Rondônia em videoaulas ON-LINE CONTEÚDO Tribunal de Justiça de Rondônia TJ-RO Técnico Judiciário NV-001ST-21 Cód.: 7908428800901 Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da editora Nova Concursos. Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. Dúvidas www.novaconcursos.com.br/contato sac@novaconcursos.com.br Obra TJ-RO – Tribunal de Justiça de Rondônia Técnico Judiciário Autores LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Paloma da Silveira Leite, Gabriela Coelho e Isabella Ramiro HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA (ON-LINE) • Carla Kurz NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO • Fernando Paternostro Zantedeschi e Xico Kraemer NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Ana Philippini, Giovana Marques e Samara Kich NOÇÕES DE DIREITO CIVIL • Filipe Garcia e Eduardo Gigante NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Nairo Lopes e Juliana Ataides NOÇÕES DE DIREITO PENAL • Renato Philippini, Rodrigo Gonçalves, Samantha Rodrigues NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E GESTÃO PÚBLICA (ON-LINE) • Nágila Vilela, Ricardo Reis e Fernando Zantedeschi MATEMÁTICA (ON-LINE) • Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA (ON-LINE) • Ana Philippini e Edirlei Souza Edição: Setembro/2021 APRESENTAÇÃO Um bom planejamento é determinante para a sua preparação de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen- sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro foi organizado de acordo com os itens exigidos no Edital Nº 1, de 01 de setembro de 2021 do TJ-RO, para o cargo de Técnico Judiciário. O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário, facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem- pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abordan- do todos os itens do edital e reorganizando-os quando necessá- rio, de uma maneira didática para que você realmente consiga aprender e otimizar os seus estudos. Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica – com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobra- dos nas provas e a seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gabaritados da banca FGV, organizadora do certame. A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes- sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan- do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago- ra é com você! Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con- teúdos complementares disponíveis on-line para este livro em nossa plataforma: História e Geografia de Rondônia, Noções De Administração De Recursos Humanos e Gestão Pública, Matemá- tica e Legislação Específica. Para acessar, basta seguir as orien- tações na próxima página. CONTEÚDO ON-LINE Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on- line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente. CONTEÚDO COMPLEMENTAR: • História e Geografia de Rondônia (disponível on-line em videoaula). • Noções De Administração De Recursos Humanos e Gestão Pública (disponível em pdf). • Matemática (disponível em pdf). • Legislação Específica (disponível em pdf). COMO ACESSAR O CONTEÚDO ON-LINE Se você comprou esse livro em nosso site, o bônus já está liberado na sua área do cliente. Basta fazer login com seus dados e aproveitar. Mas, caso você não tenha comprado no nosso site, siga os passos abaixo para ter acesso ao conteúdo on-line. Acesse o endereço novaconcursos.com.br/bônus Digite o código que se encontra atrás da apostila (conforme foto ao lado) Siga os passos para realizar um breve cadastro e acessar seu conteúdo on-line sac@no vaconcursos.com.br VERSO DA APOSTILA NV-003MR-20 Código Bônus DÚVIDAS E SUGESTÕES NV-003MR-20 9 088121 44215 3 Código Bônus SUMÁRIO LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11 ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO DO TEXTO E SEU SENTIDO ......................................................... 11 GÊNERO DO TEXTO (LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO, NARRATIVO, DESCRITIVO E ARGUMENTATIVO) .....11 INTERPRETAÇÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA ...............................................................................................15 SEMÂNTICA ....................................................................................................................................... 17 SENTIDO E EMPREGO DOS VOCÁBULOS........................................................................................................17 CAMPOS SEMÂNTICOS ...................................................................................................................................19 EMPREGO DE TEMPOS E MODOS DOS VERBOS EM PORTUGUÊS ...............................................................20 MORFOLOGIA ..................................................................................................................................... 21 RECONHECIMENTO, EMPREGO E SENTIDO DAS CLASSES GRAMATICAIS ................................................21 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS ..................................................................................................39 MECANISMOS DE FLEXÃO DOS NOMES E VERBOS .....................................................................................42 SINTAXE .............................................................................................................................................. 45 FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO ............................................................................................................................45 TERMOS DA ORAÇÃO .......................................................................................................................................45 PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO ....................................................................................51 CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL ...........................................................................................................53 TRANSITIVIDADE E REGÊNCIA DE NOMES E VERBOS ..................................................................................58 PADRÕES GERAIS DE COLOCAÇÃO PRONOMINAL NO PORTUGUÊS ..........................................................59 MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL ............................................................................................. 60 ORTOGRAFIA ...................................................................................................................................... 63 ACENTUAÇÃO GRÁFICA ................................................................................................................... 64 EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE .................................................................................64 PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 66 REESCRITA DE FRASES ..................................................................................................................... 68 SUBSTITUIÇÃO, DESLOCAMENTO, PARALELISMO .......................................................................................68 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: NORMA CULTA ......................................................................................................71 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................75 NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ............................................................................. 75 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA ...........................................................................................................77 CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO.....................................................................................................82 CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO .....................................................................................................83 PRINCÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................................................83 ÓRGÃOS PÚBLICOS ........................................................................................................................... 86 AGENTES PÚBLICOS ........................................................................................................................ 87 PROCESSO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................95 PODERES ADMINISTRATIVOS .......................................................................................................... 96 ATO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................101 CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO .......................................................106 CONTROLE ADMINISTRATIVO ......................................................................................................................107 CONTROLE JUDICIAL .....................................................................................................................................107 CONTROLE LEGISLATIVO ..............................................................................................................................108 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ..................................................................................................109 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO .......................................................................................116 LICITAÇÃO E CONTRATOS ..............................................................................................................119 LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 .......................................................................................................119 LEI 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002 (LEI DO PREGÃO) .............................................................................132 LEI Nº 14.133, DE 1° DE ABRIL DE 2021 (NOVA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS) ........................................................................................................................139 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................ 193 CONSTITUIÇÃO ...............................................................................................................................193 CONCEITO .......................................................................................................................................................193 CLASSIFICAÇÃO .............................................................................................................................................193 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................................194 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ...................................................................................197 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ......................................................................................197 DIREITOS SOCIAIS ..........................................................................................................................................210 NACIONALIDADE ............................................................................................................................................217 CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS .............................................................................................................218 PARTIDOS POLÍTICOS ...................................................................................................................................221 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA .............................................................................222 UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, MUNICÍPIOS E TERRITÓRIOS .....................................................222 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...........................................................................................................232 DISPOSIÇÕES GERAIS ....................................................................................................................................232 SERVIDORES PÚBLICOS ...............................................................................................................................240 PODER JUDICIÁRIO .........................................................................................................................244 DISPOSIÇÕES GERAIS ....................................................................................................................................244 Órgãos Do Poder Judiciário e Competências .............................................................................................244 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) ...................................................................................250 COMPOSIÇÃO E COMPETÊNCIA ..................................................................................................................250 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA: .............................................................................................................252 Ministério Público ..........................................................................................................................................252 Advocacia Pública .........................................................................................................................................253 Defensoria Pública .........................................................................................................................................254 NOÇÕES DE DIREITO CIVIL ........................................................................................259 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO .....................................................259 VIGÊNCIA ........................................................................................................................................................260 APLICAÇÃO .....................................................................................................................................................261 Eficácia da Lei no Espaço ..............................................................................................................................261 INTERPRETAÇÃO ............................................................................................................................................262 INTEGRAÇÃO DAS LEIS ..................................................................................................................................263CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO ...................................................................................................................263 PESSOAS NATURAIS .......................................................................................................................263 PERSONALIDADE ............................................................................................................................................264 CAPACIDADE ...................................................................................................................................................265 NOME ...............................................................................................................................................................270 ESTADO ...........................................................................................................................................................271 DOMICÍLIO .......................................................................................................................................................272 DIREITOS DA PERSONALIDADE ....................................................................................................................273 PESSOAS JURÍDICAS ......................................................................................................................279 DISPOSIÇÕES GERAIS ....................................................................................................................................279 DOMICÍLIO .......................................................................................................................................................280 ASSOCIAÇÕES ................................................................................................................................................280 FUNDAÇÕES ...................................................................................................................................................281 BENS .................................................................................................................................................282 FATOS JURÍDICOS ............................................................................................................................287 NEGÓCIO JURÍDICO ........................................................................................................................................287 ATOS JURÍDICOS LÍCITOS .............................................................................................................................295 ATOS ILÍCITOS ................................................................................................................................................295 PRESCRIÇÃO ...................................................................................................................................................295 Disposições Gerais ........................................................................................................................................295 DECADÊNCIA ..................................................................................................................................................298 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL ......................................................... 303 DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS ..................303 JURISDIÇÃO E AÇÃO .......................................................................................................................307 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS DO PROCESSO .........................................307 PARTES E PROCURADORES ............................................................................................................308 DOS SUJEITOS DO PROCESSO ......................................................................................................................308 CAPACIDADE PROCESSUAL ..........................................................................................................................308 DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES ...............................................................................310 PROCURADORES ............................................................................................................................................312 MINISTÉRIO PÚBLICO .....................................................................................................................312 ADVOCACIA PÚBLICA E DEFENSORIA PÚBLICA ..........................................................................313 ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS ....................................................................................................................313 DO JUIZ E AUXILIARES DA JUSTIÇA .............................................................................................314 ATOS PROCESSUAIS .......................................................................................................................319 PROCESSO E PROCEDIMENTO ......................................................................................................................319 Disposições Gerais .......................................................................................................................................319 PROCEDIMENTO COMUM .............................................................................................................................336 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA .....................................................................................................................356 PROCESSO DE EXECUÇÃO ..............................................................................................................366 JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS .................................................................................377 NOÇÕES DE DIREITO PENAL.....................................................................................397 APLICAÇÃO DA LEI PENAL .............................................................................................................397 PRINCÍPIOS .....................................................................................................................................................397 Legalidade ......................................................................................................................................................397 Anterioridade ..................................................................................................................................................397 A LEI PENAL NO TEMPO ................................................................................................................................397 Lei Penal Excepcional, Especial e Temporária .............................................................................................399 Tempo do Crime .............................................................................................................................................400 A LEI PENAL NO ESPAÇO ...............................................................................................................................401 Territorialidade ...............................................................................................................................................401 Lugar do Crime ...............................................................................................................................................402 Extraterritorialidade da Lei Penal .................................................................................................................403 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO ...........................................................................................................403 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA .....................................................................................................403CONTAGEM DE PRAZO ...................................................................................................................................404 Frações Não Computáveis da Pena .............................................................................................................404 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ...................................................................................................................404 Conflito Aparente de Normas Penais ...........................................................................................................405 ANALOGIA .......................................................................................................................................................407 IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL ..............................................................................................................408 CRIMES CONTRA A PESSOA ..........................................................................................................408 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ..................................................................................................434 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .........................................................................458 DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL ........................................489 CRIMES HEDIONDOS ......................................................................................................................492 ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................................................................493 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .............................................................................499 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL ...................................................... 523 INQUÉRITO POLICIAL ......................................................................................................................523 AÇÃO PENAL ....................................................................................................................................528 JUIZ, MINISTÉRIO PÚBLICO, ACUSADO E DEFENSOR, ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA ............................................................................................................................................531 COMPETÊNCIA PENAL DO STF, DO STJ, DOS TRIBUNAIS ESTADUAIS E DOS JUÍZES ESTADUAIS .......................................................................................................................................534 ATOS PROCESSUAIS ......................................................................................................................536 FORMA, TEMPO E LUGAR ..............................................................................................................................536 CITAÇÕES, INTIMAÇÕES E NOTIFICAÇÕES ................................................................................................537 ATOS JURISDICIONAIS ..................................................................................................................................541 Despachos, Decisões Interlocutórias e Sentença (Conceito, Publicação, Efeitos) ...................................541 LÍ N G U A P O RT U G U ES A 11 LÍNGUA PORTUGUESA ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO DO TEXTO E SEU SENTIDO GÊNERO DO TEXTO (LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO, NARRATIVO, DESCRITIVO E ARGUMENTATIVO) Prosa e Poesia Os textos literários dividem-se em duas partes: prosa e poesia. Neste tópico estudaremos a definição de cada uma. Comecemos pela poesia: a poesia é a linguagem subjetiva, metafísica, vaga com o mundo interior do poeta. Quanto a sua forma, é um texto curto com ora- ções e períodos curtos, em que sobressaem a estética, a harmonia e o ritmo. Trata-se da mais antiga compo- sição do mundo. Antes da existência do papel já exis- tia os textos literários. Com os livros de argila e o uso de poemas, seria possível transmitir muita coisa com pouco material. A Prosa, por sua vez, é a linguagem objetiva, usual, veículo natural do pensamento humano. Ela possui diversas formas, chamadas de subgêneros literários, como: romances, crítica, novela, conto etc. Vejamos as diferenças entre um texto em forma de poesia e outro em forma de prosa: Poema z Frases curtas. z Destaque para a beleza dos versos. z De rimas: Porta/importa, minha/vizinha. z Uso de métrica - contagem de sílabas poéticas. z escrito em forma de versos. Prosa z Frases longas. z Não há beleza no texto, somente a informação. z Texto objetivo: transmitir uma mensagem. z Não há métrica, nem rima, nem ritmo. z Texto escrito em forma de parágrafos. Dica Embora os nomes sejam parecidos, você deve se atentar para o fato de que poema e poesia não são a mesma coisa. Poema é um texto literário composto de versos, estrofes e, às vezes, rima. Já a poesia é a própria manifestação artística, baseada na linguagem subjetiva e estética. A Linguagem Literária e a não literária Antes de mais nada é preciso saber que existem a linguagem literária e a linguagem não literária, e elas são bem diferentes. Vamos ao conceito: a lin- guagem literária é emotiva e sentimental, e abarca as figuras de linguagem e o sentido conotativo das palavras. Apresenta o fantástico que precisa ser des- coberto através de uma leitura atenta. Já a linguagem não literária é aquela própria para a transmissão de saberes, da informação, no âmbito das necessidades da comunicação social. Você pode encontra-la na ciên- cia, na técnica, no jornalismo e na conversação entre os falantes. Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as duas formas: LINGUAGEM LITERÁRIA LINGUAGEM NÃO LITERÁRIA Intralinguística Extralinguística Ambígua Clara/exata Conotação Denotação Sugestão Precisão Transfiguração da realidade Realidade Subjetiva Objetiva Ordem inversa Ordem direta Gêneros Literários Na teoria literária, o estudo dos gêneros literários ocupa-se em agrupar as diversas modalidades de expressão literária pelas suas características de forma e conteúdo. Cada gênero possui uma técnica, um esti- lo e uma função. Vale destacar que a distinção entre os gêneros é bem flexível, sendo possível às vezes a mistura deles. Para classificar uma obra, então, é necessário verificar a predominância de um gênero. A classificação básica dos gêneros compreende: o lírico, o épico e o dramático. z Gênero Lírico – A poesia lírica surgiu na Grécia Antiga, sendo originalmente declamada ao som da lira, daí a origem da palavra lírico. A lira, pela tra- dição literária, passou a simbolizar a poesia. No gênero lírico predomina o sentimento, a emo- ção, a subjetividade, a expressão do “eu”. Trata-se da manifestação do mundo interior através de uma visão pessoal do mundo. Quanto à temática, o tema lírico por excelência é o amor, sendo que os demais lhe são correlatos: a soli- dão, a angústia, a saudade, a tristeza. A linguagem lírica mostra-se densamente metafó- rica, sendo predominante a exploração da sonoridade e o arranjo das palavras. Aqui estamos falando especificamente do lirismo na Literatura, mas o lirismo identifica-se com outras formas de arte, podendo ser encontrado na própria poesia, em um romance, em um filme ou quadro e em outras formas de arte. Observe neste poema as características do gênero lírico, o espírito subjetivo, que aparece embalado por emoções e sentimentos. Eu cantarei de amor tão docemente, Por uns termos em si tão concertados, Que dois mil acidentes namorados Faça sentir ao peito que não sente. 12 Farei que amor a todos avivente, Pintando mil segredos delicados, Brandas iras, suspiros magoados, Temerosa ousadia e pena ausente. Também, Senhora, do desprezo honesto De vossa vista branda e rigorosa, Contentar-me-ei dizendo a menor parte. Porém, pera cantar de vosso gesto A composição alta e milagrosa Aqui falta saber, engenho e arte. Luís de CamõesImportante! Para a compreensão dos gêneros literários, pre- cisamos saber que o lirismo, a subjetividade, não são exclusividade do gênero lírico, podendo apa- recer nos demais. Também é preciso saber sepa- rar a participação do “eu-lírico”, ou seja, a própria voz que fala no poema do artista (o poeta). z Gênero Dramático – Do grego, a palavra “drama” significa “ação”. Trata-se de um modo específico de textos, baseado na performance, sendo assim, o gênero dramático abrange os textos em forma de diálogo destinados à encenação. No gênero dramático, não há a narração de fatos, como existe no romance, tendo em vista que os per- sonagens assumem seus papéis diante de um público que assim é envolvido com os acontecimentos. Vale destacar que uma peça é uma obra literária, enquanto texto destinado à leitura. Por outro lado, como espetáculo teatral, depende dos meios técnicos empregados na apresentação, como: maquilagem, ilu- minação, imposição de voz, cenário e figurino. Exemplos de Textos Dramáticos z Tragédia: acontecimentos trágicos, temas deri- vados das paixões humanas do qual fazem parte personagens nobres e heroicas, sejam deuses ou semideuses. Os finais são sempre nefastos. Como exemplo, podemos citar “Édipo Rei”, de Sófocles; “Romeu e Julieta”, de Shakespeare. z Comédia: textos humorísticos de caráter crítico, irônico, jocoso e satírico, podendo ser até mes- mo obsceno, cuja temática são ações cotidianas das quais fazem parte personagens humanos e estereotipados, geralmente o povo e a nobreza. O objetivo era fazer sátiras políticas, críticas sociais, fazer paródias com o intuito de causar o riso. z Tragicomédia: textos que trazem a junção de ele- mentos trágicos e cômicos na representação teatral. z Farsa: surgida por volta do século XIV, a farsa caracteriza-se pela crítica social. É um texto cur- to, formado por diálogos simples e representado por personagens caricaturais em ações corriquei- ras, cômicas, burlescas. Como exemplo famoso na língua portuguesa, podemos citar “A farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente. z Auto: surgido na Idade Média, os autos são textos curtos, de linguagem simples, com ele- mentos cômicos e intenção moralizadora. Suas personagens simbolizam as virtudes, os pecados, ou representam anjos, demônios e santos. Um dos autos mais famosos na língua portuguesa é o “Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação”, de Gil Vicente. Modernamente, encontramos textos notáveis que revelam certa influência medieval, como é o caso do “Auto da Compadecida”, de Aria- no Suassuna. c) Gênero Épico ou Narrativo - O gênero narrativo estrutura-se pela narração, sendo característico a narração das ações dos personagens em determi- nado tempo e espaço. A forma narrativa consagrada na antiguidade era a épica em que se faziam relatos de versos sobre as origens das nacionalidades, os acontecimentos histó- ricos que mudaram o curso da humanidade. Os heróis das epopeias eram personagens históricas ou semi- deuses, isto é, pessoas que se destacaram por excep- cionais façanhas. Cumpre ressaltar as mais célebres epopeias: a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero; a “Enei- da”, de Vergílio; “Os Lusíadas”, de Camões. Modernamente, as formas narrativas resultam da evolução do gênero épico, a saber: o romance, o conto, a novela e a crônica. O romance e a novela possuem uma estrutura de múltiplos conflitos, em que se caracteriza a pluralidade de ações. De modo contrário, o conto gira em torno de um único conflito, decorre disso a unidade de ações. A crônica, por sua vez, que nasceu das colunas dos jornais, explora fatos da atualidade. Texto Narrativo Os textos compostos predominantemente por sequências narrativas cumprem o objetivo de contar uma história, narrar um fato. Por isso, precisam man- ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão de algumas estratégias, como a organização dos fatos a partir de marcadores temporais e espaciais, a inclu- são de um momento de tensão (chamado de clímax) e um desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- vo pode ser caracterizado por sete aspectos. São eles: z Situação inicial: Envolve a “quebra” de um equilí- brio, o que demanda uma situação conflituosa; z Complicação: Desenvolvimento da tensão apre- sentada inicialmente; z Ações (para o clímax): Acontecimentos que ampliam a tensão; z Resolução: Momento de solução da tensão; z Situação final: Retorno da situação equilibrada; z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre a resolução; z Moral: Apresentação de valores morais que a his- tória possa ter apresentado. Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...” Vamos lê-la e identificar essas características, bem como aprender a identificar outros pontos do tipo textual narrativo. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 13 Era um garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones Girava o mundo sempre a cantar As coisas lindas da América Não era belo, mas mesmo assim Havia mil garotas afim Cantava Help and Ticket to Ride Oh Lady Jane e Yesterday Cantava viva à liberdade Situação inicial: predomínio de equilíbrio Mas uma carta sem esperar Da sua guitarra, o separou Fora chamado na América Stop! Com Rolling Stones Stop! Com Beatles songs Complicação: início da tensão Mandado foi ao Vietnã Lutar com vietcongs Clímax Era um garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones Girava o mundo, mas acabou Fazendo a guerra no Vietnã Resolução Cabelos longos não usa mais Não toca a sua guitarra e sim Um instrumento que sempre dá A mesma nota, ra-tá-tá-tá Não tem amigos, não vê garotas Só gente morta caindo ao chão Ao seu país não voltará Pois está morto no Vietnã [...] Situação final / Avaliação No peito, um coração não há Mas duas medalhas sim Moral Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do- hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021. Essas sete marcas que definem o tipo textual nar- rativo podem ser resumidas em marcas de organiza- ção linguística que são caracterizadas por: z Presença de marcadores temporais e espaciais; z Verbos, predominantemente, utilizados no passado; z Presença de narrador e personagens. Importante! Os gêneros textuais que são predominantemen- te narrativos apresentam outras tipologias tex- tuais em sua composição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamente por uma sequência textual. Por isso, devemos sem- pre identificar as marcas linguísticas que são pre- dominantes em um texto, a fim de classificá-lo. Para sua compreensão, também é necessário saber o que são marcadores temporais e espaciais. São formas linguísticas como advérbios, pronomes, locu- ções etc. utilizados para demarcar um espaço físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos, esses elementos são essenciais para marcar o equi- líbrio e a tensão da história, além de garantirem a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então... Outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é importante apren- dermos a identificar os principais tipos de narrador de um texto: Narrador: Também conhecido como foco narrativo, é o responsável por contar os fatos que compõem o texto Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes- soa. O narrador participa dos fatos Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes- soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém, não participa das ações Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados na 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não participa das ações, porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa Alguns gêneros conhecidos por suas marcas pre- dominantemente narrativas são notícia, diário, conto, fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros seremessencialmente narrati- vos não significa que não possam apresentar outras sequências em sua composição. Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial atentar-se às marcas que predominam no texto. Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar- cas mais importantes da sequência textual classifica- da como descritiva. Texto Descritivo O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêneros que uti- lizam esse tipo textual geralmente utilizam a sequên- cia descritiva como suporte para um propósito maior. São exemplos de textos cujo tipo textual predominan- te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista de compras. Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, que relata, no ano de 1500, suas impressões a respeito de alguns aspectos do território que viria a ser chama- do de Brasil. “Ali veríeis galantes, pintados de preto e verme- lho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra tra- zia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.” Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz- de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021. 14 Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo utilizado para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa e os navegadores. Considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros, como, por exemplo, o e-mail. A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos ver no cardápio a seguir: Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e- ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso em: 30 ago. 2021. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 15 Note que há a presença de muitos adjetivos, locu- ções, substantivos, que buscam levar o leitor a ima- ginar o objeto descrito. O gênero mostrado apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele está organizado de forma esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a facilitar a leitura (o pedido, no caso) do cliente. Texto Argumentativo O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais complexo e, por vezes, pode apresentar maior dificul- dade na identificação, bem como em sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a defesa de uma tese e a apresentação de argumentos que visam sustentar essa tese. Alguns exemplos de tex- tos argumentativos são artigos, monografias, ensaios científicos e filosóficos, dentre outros. Outro aspecto importante dos textos argumentati- vos é que eles são compostos por estruturas linguís- ticas conhecidas como operadores argumentativos, que organizam as orações subordinadas, estruturas mais comuns nesse tipo textual. A seguir, apresentamos um quadro sintético com algumas estruturas linguísticas que funcionam como operadores argumentativos e que facilitam a escrita e a leitura de textos argumentativos: OPERADORES ARGUMENTATIVOS É incontestável que... Tal atitude é louvável / repudiável / notável... É mister / é fundamental / é essencial... Observe o exemplo a seguir: “O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das mais diversas doenças relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos nem de longe compensam o dinheiro gasto com essas doen- ças. Além disso, as empresas têm grandes prejuízos por causa de afastamentos de trabalhadores devido aos males causados pelo fumo. Portanto, é mis- ter que sejam proibidas quaisquer propagandas de cigarros em todos os meios de comunicação.” Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/ texto-argumentativo/argumentacao.html. Acesso em: 30 ago. 2021. Adaptado. Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen- te no texto argumentativo, expõem a opinião do autor, ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin- do a estrutura argumentativa desse tipo textual. INTERPRETAÇÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex- to, nas linhas apresentadas. Porém, apesar de, aparen- temente, parecer algo subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas. A primeira e mais importante delas é identificar a orientação do pensamento do autor do texto, que fica perceptível quando identificamos como o raciocínio dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir da análise de dados, informações com fontes confiáveis ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos, das consequências, a fim de se identificar as causas. Por isso, é preciso compreender como podemos interpretar um texto mediante estratégias de leitura. Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema, que é intrigante e de grande profundidade acadêmi- ca; neste material, selecionamos as estratégias mais eficazes que podem contribuir para sua aprovação em seleções que avaliam a competência leitora dos candidatos. A partir disso, apresentamos estratégias de leitura que focam nas formas de inferência sobre um texto. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre o processo de inferência, que se dá por dedução ou por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo: O marido da minha chefe parou de beber. Observe que é possível inferir várias informa- ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enunciador é casada (informação comprovada pela expressão “marido”), a segunda é que o enuncia- dor está trabalhando (informação comprovada pela expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto que induzem o leitor a interpretar essas informações. Tratando-se de interpretação textual, os processos de inferência, sejam por dedução ou por indução, par- tem de uma certeza prévia para a concepção de uma interpretação, construída pelas pistas oferecidas no texto junto da articulação com as informações acessa- das pelo leitor do texto. A seguir, apresentamos um fluxograma que repre- senta como ocorre a relação desses processos: INFERÊNCIA DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA A partir desse esquema, conseguimos visualizar melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra- tégias que compõem cada maneira de inferir informa- ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu- tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento de mundo na interpretação de textos. A indução As estratégias de interpretação que observam métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no texto e que variam conforme o tipo textual. Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos identificar uma organização cronológica e espacial no desenvolvimento das açõesmarcadas, por exemplo, pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- mos organizar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. 16 No processo interpretativo indutivo, as ideias são organizadas a partir de uma especificação para uma generalização. Vejamos um exemplo: Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. São em geral de uma las- timável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos for- tes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21) O trecho em destaque na citação do escritor Lima Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento indutivo compõe a interpretação e decodificação de um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- gias usadas para identificar essa forma de interpretar, deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- ção cronológica de um texto. PROCURE SINÔNIMOS A propriedade vocabular leva o cérebro a aproximar as pa- lavras que têm maior asso- ciação com o tema do texto ATENÇÃO AOS CONECTIVOS Os conectivos (conjunções, preposições, pronomes) são marcadores claros de opiniões, espaços físicos e localizadores textuais A dedução A leitura de um texto envolve a análise de diversos aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de maneira implícita no enunciado. Em questões de concurso, as bancas costumam procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos para abordar em suas provas. No momento de ler um texto, o leitor articula seus conhecimentos prévios a partir de uma informação que julga certa, buscando uma interpretação; assim, ocorre o processo de interpretação por dedução. Con- forme Kleiman (2016, p. 47): Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o tema; ele estará também postulando uma possível estru- tura textual; na predição ele estará ativando seu conhecimento prévio, e na testagem ele estará enri- quecendo, refinando, checando esse conhecimento. Atente-se a essa informação, pois é uma das pri- meiras estratégias de leitura para uma boa inter- pretação textual: formular hipóteses, a partir da macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini- cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano, entre outras informações que podem vir como “aces- sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor- tante é ler as questões da prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme um objetivo mais definido. O processo de interpretação por estratégias de dedu- ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento: z Conhecimento Linguístico; z Conhecimento Textual; z Conhecimento de Mundo. O conhecimento de mundo, por tratar-se de um assunto mais abrangente, será abordado mais adiante. Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir. Conhecimento Linguístico Esse é o conhecimento basilar para compreensão e decodificação do texto, envolve o reconhecimento das formas linguísticas estabelecidas socialmente por uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco- nhecimento das regras de uma língua. É importante salientar que as regras de reconhe- cimento sobre o funcionamento da língua não são, necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a, que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver- bo-objeto (SVO) etc. Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento sobre como pronunciar português, passando pelo conhe- cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15). Um exemplo em que a interpretação textual é preju- dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020. Como é possível notar, o texto é uma peça publici- tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores proficientes nessa língua serão capazes de decodificar e entender o que está escrito; assim, o conhecimento linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas são algumas estratégias de interpretação em que podemos usar métodos dedutivos. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 17 Conhecimento Textual Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- mento linguístico e se desenvolve pela experiência leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma reportagem como se lê um poema. Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- -se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. Conhecimento de Mundo O uso dos conhecimentos prévios é fundamental para a boa interpretação textual, por isso, é sempre importante que o candidato a cargos públicos reserve um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- tar seu conhecimento de mundo. Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso conhecimento de mundo que é relevante para a com- preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso cérebro associar informações, a fim de compreender o novo texto que está em processo de interpretação. A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- cício para atestarmos a importância da ativação do conhecimento de mundo em um processo de interpre- tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- fiou valentemente todos os risos desdenhosos que tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam corretamente esse planeta inexplorado.” Então as três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24). Agora tente responder as seguintes perguntas sobre o texto: Quem é o herói de que trata o texto? Quem são as três irmãs? Qual é o planeta inexplorado? Certamente, você não conseguiu responder nenhu- ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será afetada. O texto se chama “A descoberta da América por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque responder às questões; certamente você não terá mais as mesmas dificuldades. Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol- tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimen- to prévio que é essencial para a interpretação de questões. Organização e hierarquia das ideias z Ideia Principal e Ideias Secundárias Em se tratando da organização das ideias em um texto, podemos seguir por duas linhas de pensamento e estudo: a primeira refere-se ao produtor de um texto, a como o emissor deve organizar suas ideias, estabelecer uma hierarquia e uma conexão entre o que deseja emi- tir. A segunda diz respeito ao intérprete do texto, como interpretar, compreender e responder corretamente às questões de interpretação textual. Para compreender bem um texto, é necessário conseguirinterpretar a articulação entre as ideias dele. Uma leitura eficiente compreende a ideia geral que o texto deseja transmitir, e não somente decodifi- ca os signos (letras) a fim de formar palavras e frases. Cada texto apresenta uma intenção e, por trás dela, uma ideia principal – que pode estar implícita ou explícita – e algumas ideias secundárias, que dão suporte à ideia principal. Além disso, é necessário identificar a progressão das ideias ao longo do texto e como elas se conectam. � Ideias Principais: Apresentam o núcleo do tex- to, a mensagem primordial que o remetente/ emissor deseja transmitir. Não há nenhum texto sem uma ideia principal, ou seja, um núcleo que norteia todo o restante da mensagem. Sem uma ideia principal, o texto não terá sentido e será incoerente. A ideia principal não precisa estar explícita no texto, e necessariamente não é a pri- meira a ser exposta, mas ela é compreendida ao longo da leitura através de recursos linguísticos e dos sinais que o emissor coloca no texto. Ela dá lógica ao texto e permite a construção deste; � Ideias Secundárias: Ao longo do discurso, o emis- sor utiliza recursos e argumentos para apresen- tar a ideia principal; esses recursos são as ideias secundárias. Elas são ligadas por conectores, como advérbios e conjunções, e seguem uma ideia lógica e sequencial ao longo do texto. Quan- to mais ideias secundárias são apresentadas, mais fácil torna-se compreender a ideia principal e a intencionalidade do discurso, pois as ideias secun- dárias levam o leitor à ideia principal. As ideias secundárias podem ser apresentadas por alguns meios. Entre eles, temos: � Apresentação de sinônimos ou ideias sinôni- mas: Por meio de ideias ou palavras correlacio- nadas, é possível reforçar a ideia principal; � Antônimos: A apresentação de antônimos ou ideias contrárias reforça no entendimento do leitor o que não é a ideia principal e no que ela consiste; � Exemplificação: Por meio de exemplos, casos reais ou dados estatísticos, o leitor pode com- preender melhor do que se trata a ideia principal. SEMÂNTICA SENTIDO E EMPREGO DOS VOCÁBULOS Denotação O sentido denotativo da linguagem compreende o significado literal da palavra independente do seu contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais objetivo e literal associado ao significado que aparece nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar ênfase à informação que se quer passar para o recep- tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por isso, é muito utilizada em textos informativos, como notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- ticos, entre outros. 18 Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: chamas) O coração é um músculo que bombeia sangue para o corpo. (coração: parte do corpo) Conotação O sentido conotativo compreende o significado figurado e depende do contexto em que está inserido. A conotação põe em evidência os recursos estilísticos dos quais a língua dispõe para expressar diferen- tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase à expressividade da mensagem de maneira que ela possa provocar sentimentos ou diferentes sensações no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe- sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios publicitários e outros. Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. Você mora no meu coração. O significado das palavras Quando escolhemos determinadas palavras ou expressões dentro de um conjunto de possibilidades de uso, estamos levando em conta o contexto que influencia e permite o estabelecimento de diferentes relações de sentido. Essas relações podem se dar por meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní- mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia. Importante! Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres- sões de um idioma. Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões que cada falante seleciona do léxico para se comunicar. z Sinonímia São palavras ou expressões que, empregadas em um determinado contexto, têm significados seme- lhantes. É importante entender que a identidade dos sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, o que pode não acontecer em outras situações. O uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade de suas significações é diferente. O emprego dos sinônimos é um importante recur- so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia revela, além do domínio do vocabulário do falante, a capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi- vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura do texto. z Antonímia São palavras ou expressões que, empregadas em um determinado contexto, têm significados opostos. As relações de antonímia podem ser estabelecidas em gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020. A relação de sentido estabelecida na tirinha é construída a partir dos sentidos opostos das palavras “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes- se contexto. z Homonímia Homônimos são palavras que têm a mesma pro- núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- rentes. É importante estar atento a essas palavras e a seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô- nimos importantes: acender (colocar fogo) ascender (subir) acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) bucho (estômago) buxo (arbusto) caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio) censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) céptico (descrente) séptico (que causa infecção) cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) cerrar (fechar) serrar (cortar) cervo (veado) servo (criado) chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) círio (vela) sírio (natural da Síria) cito (forma do verbo citar) sito (situado) concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) concerto (sessão musical) conserto (reparo) coser (costurar) cozer (cozinhar) esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público) espectador (aquele que assiste) expectador (aquele que tem esperança, que espera) esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) espiar (observar) expiar (pagar pena) espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) estático (imóvel) extático (admirado) esterno (osso do peito) externo (exterior) estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo) LÍ N G U A P O RT U G U ES A 19 estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) incipiente (principiante) insipiente (ignorante) laço (nó) lasso (frouxo) ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php. Acessado em: 17/10/2020. Parônimos Parônimos são palavras que apresentam sentido diferente e forma semelhante, conforme demonstra- mos nos exemplos a seguir: z Absorver/absolver � Tentaremos absorver toda esta água com esponjas. (sorver) � Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis de seus pecados. (inocentar) z Aferir/auferir � Realizaremos uma prova para aferir seus conhecimentos. (avaliar, cotejar) � O empresário consegue sempre auferir lucros em seus investimentos. (obter) z Cavaleiro/cavalheiro � Todos os cavaleiros que integravam a cava- laria do rei participaram na batalha. (homem que anda de cavalo) � Meu marido é umverdadeiro cavalheiro, abre sempre as portas para eu passar. (homem edu- cado e cortês) z Cumprimento/comprimento � O comprimento do tecido que eu comprei é de 3,50 metros. (tamanho, grandeza) � Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação) z Delatar/dilatar � Um dos alunos da turma delatou o colega que chutou a porta e partiu o vidro. (denunciar) � Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan- do seu estômago. (alargar, estender) z Dirigente/diligente � O dirigente da empresa não quis prestar decla- rações sobre o funcionamento da mesma. (pes- soa que dirige, gere) � Minha funcionária é diligente na realização de suas funções. (expedito, aplicado) z Discriminar/descriminar � Ela se sentiu discriminada por não poder entrar naquele clube. (diferenciar, segregar) � Em muitos países se discute sobre descrimi- nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar, inocentar) Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-par onimas/. Acessado em 17/10/2020. Polissemia (Plurissignificação) Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- mas palavras, dependendo do contexto. As palavras polissêmicas guardam uma relação de sentido entre si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- semia é encontrada no exemplo a seguir: Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020. z Hipônimo e Hiperônimo Relação estabelecida entre termos que guardam relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos – carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... CAMPOS SEMÂNTICOS Estudar os campos semânticos quer dizer enten- der o que cada palavra significa, tanto individual- mente quanto em um determinado contexto. Aqui, trataremos de contexto porque há situações nas quais uma palavra pode ter mudança de significado pela influência de outras. A semântica classifica as pala- vras em relação ao contexto e em relação ao sentido da palavra isolada. Podemos relacionar campos semânticos ao con- ceito de polissemia. No entanto, não se trata da mes- ma coisa. Polissemia é quando uma mesma palavra é capaz de assumir diversos significados, a depender do contexto de uso. Podemos citar como exemplo de palavras polissêmicas: z Banco: � Local que administra recursos financeiros: On- tem, os bancos entraram em greve; � Objeto para sentar: Os bancos da praça vão ser trocados por modelos mais novos; � Verbo bancar no presente: Eu banco as contas da minha família. z Boca: � Parte do corpo: Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido. (Jean Rostand); � Abertura da garrafa: Quero saber onde está a tampa pra essa boca; � Metonímia para indicar quantidade de pessoas que vão comer: Na minha casa comem seis bocas. 20 z Folha: � Papel: Preciso comprar uma resma de folhas; � Partes das árvores na natureza: No outono, a cidade fica cheia de folhas nas ruas. z Letra: � Caligrafia: A letra dessa menina é muito bonita!; � Símbolo do alfabeto: O alfabeto brasileiro so- freu alterações no número de letras; � Sequência de frases (letra de música): A letra dessa canção é muito profunda. z Manga: � Fruta: Preciso comprar manga para a salada de frutas do lanche; � Parte de uma roupa: Prefiro camisas de manga curta. Assim, é possível estabelecer conjuntos de pala- vras que juntas significam a mesma coisa, ou seja, pertencem ao mesmo campo semântico. Isso significa que essas palavras podem ser usadas dentro de deter- minado contexto como sinônimos. Importante! É relevante destacar que o campo semântico está sempre “aberto”, ou seja, novas palavras podem ser incorporadas a qualquer momento a um campo semântico, desde que faça sentido a este. A seguir, veremos exemplos de campos semânticos de algumas palavras da língua portuguesa: z Brincadeira: Divertimento, distração, piada, goza- ção, palhaçada, zoação; z Breve: Rápido, curto, ligeiro, resumido, conciso, abreviado, pouca duração; z Cansaço: Canseira, fadiga, esgotado, pregado, lom- beira, prostrado, exausto; z Conta: Fatura, cálculo, consideração, nota, estima- tiva, avaliação, estima; z Fabricar: Construir, montar, criar, projetar, edifi- car, confeccionar, fazer, elaborar; z Natureza: Espécie, meio ambiente, natural, tipo, temperamento, caráter, gênio; z Nota: Bilhete, dinheiro, grana, som, anotação, cédula, comentário; z Partir: Sair, ir embora, dar o fora, sumir, morrer, quebrar, espatifar; z Expressões relacionadas à morte: Bater as botas, passou dessa para melhor, não está mais entre nós, falecer, apagar, bater as botas, passar para um pla- no superior, apagar, foi para o céu etc. Podemos concluir, portanto, que o campo semânti- co de determinada palavra ou expressão é um conjun- to de palavras que podem ser utilizadas para alcançar o objetivo comunicativo. Essas palavras, por vezes, estão no nosso conhecimento prévio da língua. Utili- zando esses conjuntos, torna-se mais simples a comu- nicação cotidiana. EMPREGO DE TEMPOS E MODOS DOS VERBOS EM PORTUGUÊS Tempos O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe a seguir: z Presente: Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no mesmo horário. Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura. Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei). z Passado: � Pretérito perfeito: Ação realizada plenamente no passado. Ex.: Estudei até ser aprovado; � Pretérito imperfeito: Ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. Ex.: Estudava todos os dias; � Pretérito mais-que-perfeito: Ação anterior à outra mais antiga. Ex.: Quando notei (passado), a água já transborda- ra (ação anterior) da banheira. z Futuro: � Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro. Ex.: Estudarei bastante ano que vem. � Futuro do pretérito: Expressa um fato poste- rior em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado. A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conju- gado no presente, passado ou futuro. Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o ver- bo auxiliar é o único a sofrer flexões. Modos Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma relação enunciada pelo verbo. z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 21 z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado. z Imperativo: O modo imperativo designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado. MORFOLOGIA RECONHECIMENTO, EMPREGO E SENTIDO DAS CLASSES GRAMATICAIS Artigos Os artigos devem concordar em gênero e número com os substantivos. São, por isso, considerados deter- minantes dos substantivos. Essa classe está dividida em artigos definidos e artigos indefinidos. Os definidos funcionam como determinantes objetivos, individualizando a palavra, já os indefinidos funcionam como determinantes imprecisos. O artigo definido — o — e o artigo indefinido — um —variam em gênero e número, tornando-se “os, a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os indefinidos. Assim, temos: z Artigos definidos: o, os; a, as; z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. Os artigos podem ser combinados às preposições. São as chamadas contrações. Algumas contrações comuns na língua são: z em + a = na; z a + o = ao; z a + a = à; z de + a = da. Dica Toda palavra determinada por um artigo torna- -se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, ocuidar etc. Numerais São palavras que se relacionam diretamente ao substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi- ção. Os numerais podem ser: z Cardinais: Indicam quantidade em si. Ex.: Dois potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os meninos eram bons em português; z Ordinais: Indicam a ordem de sucessão de uma série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che- gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar; z Multiplicativos: Indicam o número de vezes pelo qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.: Ele ganha o triplo no novo emprego; z Fracionários: Indicam frações, divisões ou dimi- nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu metade do pagamento. Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, isto é, designam um conjunto, porém expressam uma quantidade exata de seres/conceitos. Veja: Dúzia: conjunto de doze unidades; Novena: período de nove dias; Década: período de dez anos; Século: período de cem anos; Bimestre: período de dois meses. Um: numeral ou artigo? A forma um pode assumir na língua a função de artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como podemos reconhecer cada função? É preciso observar o contexto em uso. Observe: z Durante a votação, houve um deputado que se posicionou contra o projeto. z Durante a votação, apenas um deputado se posi- cionou contra o projeto. Na primeira frase, podemos substituir o termo um por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e o sentido será mantido, pois o que se pretende defen- der é que a espécie do indivíduo que se posicionou contra o projeto é um deputado e não uma deputada, por exemplo. Já na segunda oração, a alteração do gênero não implicaria em mudanças no sentido, pois o que se pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM deputado, marcando a quantidade. Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos atentos com a aparição das expressões adverbiais, o que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a seguir: z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante destacar que sua forma é masculina. Logo, a con- cordância com palavras femininas é inaceitável pela gramática. Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. z A forma 14 por extenso apresenta duas formas aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze. Substantivos Os substantivos classificam os seres em geral. Uma característica básica dessa classe é admitir um deter- minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle- xionam-se em gênero, número e grau. Tipos de Substantivos A classificação dos substantivos admite nove tipos diferentes. São eles: z Simples: Formados a partir de um único radical. Ex.: vento, escola; z Composto: Formados pelo processo de justaposi- ção. Ex.: couve-flor, aguardente; z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo substantivo. Ex.: pedra, dente; 22 z Derivado: Formados a partir dos derivados. Ex.: pedreiro, dentista; z Concreto: Designam seres com independência ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde- pendentemente de sua conotação espiritual ou real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro; z Abstrato: Indicam estado, sentimento, ação, qua- lidade. Os substantivos abstratos existem apenas em função de outros seres. A feiura, por exemplo, depende de uma pessoa, um substantivo concreto a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora- gem, liberalismo, feiura; z Comum: Designam todos os seres de uma espécie. Ex.: homem, cidade; z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: Pedro, Fortaleza; z Coletivo: Usados no singular, designam um con- junto de uma mesma espécie. Ex.: pinacoteca, manada. É importante destacar que a classificação de um substantivo depende do contexto em que ele está inse- rido. Vejamos: Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma pessoa = Próprio); O amigo mostrou-se um judas (judas significando traidor = comum). O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas O novo acordo ortográfico estabelece novas regras para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as inicias das palavras que designam: z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, Cinderela; z Nomes de cidades, países, estados, continentes etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte, Ceará, Nárnia, Londres; z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia das Crianças; z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai- xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores, Gabinete da Vice-presidência, Organização das Nações Unidas; z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás Cubas. Caso a obra apresente em seu título um nome próprio, como no exemplo dado, este tam- bém deverá ser escrito com inicial maiúscula; z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente, Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra- fados com maiúsculas apenas quando utilizados indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican- do uma direção, devem ser escritos com minúscu- las. Ex.: Correu a América de norte a sul; z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio). Atente-se ao seguinte: Em palavras com hífen, pode-se optar pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são aceitas as formas Vice-Presidente, Vice- -presidente e vice-presidente; porém, é preciso man- ter a mesma forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúsculas, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste. Adjetivos Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan- tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos podem indicar: z Qualidade: professor chato; z Estado: aluno triste; z Aspecto, aparência: estrada esburacada. Locuções Adjetivas As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos adjetivos, indicando as mesmas características deles. Elas são formadas por preposição + substantivo, referindo-se a outro substantivo ou expressão subs- tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti- vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu estudo: z Voo de águia / aquilino; z Poder de aluno / discente; z Conselho de professores / docente; z Cor de chumbo / plúmbea; z Luz da lua / lunar; z Sangue de baço / esplênico; z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; z Noite de inverno / hibernal ou invernal. É importante destacar que, mais do que “decorar” formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun- damental reconhecer as principais características de uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela abertura da porta; A abertura de conta pode ser realizada on-line. Quando a locução adjetiva é composta pela prepo- sição “de”, pode ser confundida com a locução adver- bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante perceber que a locução adjetiva apresenta valor de posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- zando o substantivo “abertura”. Já na segunda frase, a locução destacada é adver- bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- ta”, o que indica o valor de passividade da locução, demonstrando seu caráter adverbial. As locuções adjetivas também desempenham fun- ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, numerais e orações substantivas. Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar. Subst. / loc. adj. LÍ N G U A P
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