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INFORMATIVOS 2021 - 2 SEMESTRE

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1 
 
Sumário 
1. DIREITO CIVIL ............................................................................................................................. 2 
2. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ....................................................................................................... 2 
3. DIREITO PENAL .......................................................................................................................... 4 
4. DIREITO PROCESSUAL PENAL .................................................................................................... 9 
5. DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................... 18 
6. DIREITO EMPRESARIAL ............................................................................................................ 30 
7. DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................................................... 30 
8. DIREITO CONSTITUCIONAL ...................................................................................................... 42 
9. DIREITO DO CONSUMIDOR ..................................................................................................... 94 
10. CRIANÇA E ADOLESCENTE ..................................................................................................... 94 
11. DIREITO ELEITORAL ............................................................................................................... 94 
12. DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................................. 97 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1. DIREITO CIVIL 
 
(INFO 1024) “É incompatível com a Constituição Federal o 
reconhecimento de direitos previdenciários (pensão por morte) à 
pessoa que manteve, durante longo período e com aparência 
familiar, união com outra casada, porquanto o concubinato não se 
equipara, para fins de proteção estatal, às uniões afetivas resultantes 
do casamento e da união estável.” 
É inconstitucional o reconhecimento de direitos previdenciários nas 
relações que se amoldam ao instituto do concubinato, mesmo que a união 
tenha sido mantida durante longo período e com aparência familiar. 
O microssistema jurídico que rege a família como base da sociedade [CF, 
art. 226, caput] orienta-se pelos princípios da monogamia, da 
exclusividade e da boa-fé, bem como pelos deveres de lealdade e 
fidelidade que visam a conferir maior estabilidade e segurança às relações 
familiares. No Código Civil (CC), a relação duradoura estabelecida entre 
pessoas impedidas de casar é nomeada concubinato para distingui-la da 
união estável, precisamente sob o aspecto do impedimento ao casamento, 
e afastar seu reconhecimento como entidade familiar [CC, art. 1.566, I]. 
Para efeito de diferenciação entre a união estável e o concubinato, o art. 
1.727 do CC deve ser lido em conjunto com o art. 1.723, § 1º, do CC. 
Ademais, o Tribunal, ao debater questões similares, concluiu não ser 
possível o reconhecimento de uma segunda união estável e o consequente 
rateio de pensão por morte. 
2. DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
(INFO 1021) Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão 
comercial praticados por administradores de empresas públicas, 
sociedades de economia mista e concessionárias de serviço público 
(Lei 12.016/2019, art. 1º, § 2º) 
3 
 
O ajuizamento do mandado de segurança é cabível apenas contra atos 
praticados no desempenho de atribuições do Poder Público. 
Atos de gestão comercial são atos estranhos à ideia da delegação do 
serviço público em si. Esses atos se destinam à satisfação de interesses 
privados na exploração de atividade econômica, submetendo-se a regime 
jurídico próprio das empresas privadas. 
O juiz tem a faculdade de exigir caução, fiança ou depósito para o 
deferimento de medida liminar em mandado de segurança, quando 
verificada a real necessidade da garantia em juízo, de acordo com as 
circunstâncias do caso concreto (Lei 12.016/2019, art. 7º, III). 
No exercício do seu poder geral de cautela, o magistrado pode analisar se 
determinado caso específico exige caução, fiança ou depósito. 
É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão 
de medida liminar na via mandamental. É inconstitucional o art. 7º, § 2º 
da Lei nº 12.016/2009. 
Impedir ou condicionar a concessão de medida liminar caracteriza 
verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito 
líquido e certo do impetrante. 
É constitucional o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, que fixa o prazo 
decadencial de 120 dias para a impetração de mandado de segurança. 
É constitucional o art. 25 da Lei nº 12.016/2009, que prevê que não cabe, 
no processo de mandado de segurança, a condenação em honorários 
advocatícios. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, 
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 
1021). 
(INFO 1032) As varas especializadas em matéria agrária previstas no 
art. 126 da CF/88 podem julgar outras matérias correlacionadas 
(exs: ambientais e minerárias), além de processos criminais que 
tenham motivação agrária, não podendo, contudo, julgar matérias 
federais. 
4 
 
As varas especializadas em matéria agrária (art. 126 da CF/88) não 
possuem, necessariamente, competência restrita apenas à matéria de 
sua especialização. Não ofende a CF a legislação estadual que atribui 
competência aos juízes agrários, ambientais e minerários para a 
apreciação de causas penais, cujos delitos tenham sido cometidos em 
razão de motivação predominantemente agrária, minerária, fundiária e 
ambiental. É inconstitucional dispositivo de lei estadual que atribui 
competência a juízes estaduais para julgar matérias de competência da 
justiça federal. STF. Plenário. ADI 3433/PA, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 1/10/2021 (Info 1032). 
3. DIREITO PENAL 
 
(INFO 1021) O art. 4º da Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I 
do § 2º do art. 157 do CP, não possui vício de inconstitucionalidade 
formal. Isso porque se alegou que o projeto de lei que deu origem ao 
diploma teria violado normas do regimento interno do Senado 
Federal. 
Ocorre que não é possível o controle jurisdicional em relação à 
interpretação de normas regimentais das Casas Legislativas, sendo 
vedado ao Poder Judiciário, substituindo-se ao próprio Legislativo, dizer 
qual o verdadeiro significado da previsão regimental, por tratar-se de 
assunto interna corporis, sob pena de ostensivo desrespeito à Separação 
de Poderes, por intromissão política do Judiciário no Legislativo. 
(INFO 1023) A alteração promovida pela Lei 13.964/2019, que 
introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal (CP), ao condicionar o 
exercício da pretensão punitiva do Estado à representação da pessoa 
ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as 
ações penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o 
trânsito em julgado. 
Ainda que a Lei 13.964/2019 não tenha introduzido, no CP, dispositivo 
semelhante ao contido no art. 91 da Lei 9.099/1995, a jurisprudência 
5 
 
desta Corte é firme no sentido de que, em razão do princípio 
constitucional da lei penal mais favorável, a modificação da natureza da 
ação penal de pública para pública condicionada à representação, por 
obstar a própria aplicação da sanção penal, deve retroagir e ter aplicação 
mesmo em ações penais já iniciadas. 
A lei processual penal é norma que admite “a interpretação extensiva e 
aplicação analógica”, de modo que não há óbice, por exemplo, na 
aplicação, por analogia, do art. 91 da Lei 9.099/1995, nem da incidência 
do art. 485, § 3º, do Código de Processo Civil (CPC), que informa que os 
pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo, assim 
como a legitimidade de agir podem ser conhecidas pelo magistrado de 
ofício, “em qualquertempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o 
trânsito em julgado”. 
(DIZER O DIREITO): A mudança na ação penal do crime de 
estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar 
os processos penais que já estavam em curso? 
• NÃO. É o entendimento do STJ e da 1ª Turma do STF: A exigência de 
representação da vítima no crime de estelionato não retroage aos 
processos cuja denúncia já foi oferecida. STJ. 3ª Seção. HC 610201/SP, 
Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691). STF. 1ª 
Turma. HC 187341, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
13/10/2020. 
• SIM. É a posição da 2ª Turma do STF: A alteração promovida pela Lei 
nº 13.964/2019, que introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao 
condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado à representação 
da pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger 
tanto as ações penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até 
o trânsito em julgado. STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. 
Edson Fachin, julgado em 22/6/2021 (Info 1023). 
(INFO 1030) O crime de remoção de órgãos qualificado pelo resultado 
morte, previsto no art. 14, § 4º, da Lei nº 9.434/97, não é de 
6 
 
competência do Júri Importante!!! É do juízo criminal singular a 
competência para julgar o crime de remoção ilegal de órgãos, praticado 
em pessoa viva e que resulte morte, previsto no art. 14, § 4º, da Lei nº 
9.434/97 (Lei de Transplantes). Caso concreto: um menino de 10 anos 
caiu de uma altura de 10 metros e foi levado para o pronto-socorro, onde 
se verificou a necessidade de se realizar uma cirurgia de emergência. 
Durante a cirurgia, com o garoto ainda vivo, os médicos retiraram seus 
dois rins com o objetivo de vendê-los no comércio ilegal de órgãos. O 
menino faleceu. Diante disso, surgiu a seguinte controvérsia: os 
médicos praticaram o crime de homicídio doloso (art. 121, § 2º, I e 
IV, do CP) ou o delito de remoção ilegal de órgãos com resultado 
morte (art. 14, § 4º, da Lei 9.434/97)? O crime praticado foi o de 
remoção ilegal de órgãos com resultado morte (art. 14, § 4º, da Lei 
9.434/97). Trata-se do crime do art. 14, § 4º da Lei 9.434/97 porque a 
finalidade era a remoção dos órgãos. O bem jurídico a ser protegido, no 
caso, é a incolumidade pública, a ética e a moralidade no contexto da 
doação de órgãos e tecidos, além da preservação da integridade física das 
pessoas e do respeito à memória dos mortos. STF. Plenário. RE 
1313494/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/9/2021 (Info 1030). 
(INFO 1030) DESCAMINHO Para aplicação da majorante prevista no 
art. 334, § 3º, do CP, é necessário que o transporte seja clandestino? 
O crime de descaminho é tipificado no art. 334 do CP. O § 3º prevê a 
seguinte causa de aumento: “A pena aplica-se em dobro se o crime de 
descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.” Para 
aplicação dessa majorante, é necessário que o transporte realizado 
seja clandestino? 
• STJ e 1ª Turma do STF: NÃO. O art. 334, § 3º, do Código Penal prevê a 
aplicação da pena em dobro se “o crime de contrabando ou descaminho 
é praticado em transporte aéreo”. Se a lei não faz restrições quanto à 
espécie de voo que enseja a aplicação da majorante, não cabe ao 
intérprete restringir a aplicação do dispositivo legal, sendo irrelevante que 
o transporte seja clandestino ou regular. STJ. 5ª Turma. HC 390.899/SP, 
7 
 
Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/11/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg 
no REsp 1850255/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
26/05/2020. O art. 334, § 3º, do CP, ao versar sobre o aumento da 
sanção nos casos de descaminho praticado em transporte aéreo, não 
distingue os casos de voos clandestinos ou regulares. STF. 1ª Turma. HC 
169846, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/11/2019. 
• 2ª Turma do STF (empate): SIM. Para aplicação da majorante prevista 
no art. 334, § 3º, do Código Penal, é necessária a condição de 
clandestinidade. A majorante somente pode ser aplicada quando houver 
uma maior reprovabilidade da conduta, caracterizada pela atuação do 
imputado no sentido de dificultar a fiscalização estatal, por meio da 
clandestinidade. STF. Plenário. HC 162553 AgR/CE, relator Min. Edson 
Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/9/2021 
(Info 1030). 
(INFO 1036) O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é 
imprescritível. 
O racismo, previsto no art. 20 da Lei nº 7.716/89, é um crime 
imprescritível? SIM. Nunca houve dúvidas quanto a isso, aplicando-se 
a ele o art. 5º, XLII, da CF/88: 
Art. 5º (...) XLII - a prática do racismo 
constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, 
nos termos da lei; 
O crime de injúria racial, previsto no art. 140, § 3º do CP, também é 
crime imprescritível? A injúria racial pode ser enquadrada também 
no art. 5º, XLII, da CF/88? SIM. A prática de injuria racial, prevista no 
art. 140, § 3º, do Código Penal, traz em seu bojo o emprego de elementos 
associados aos que se definem como raça, cor, etnia, religião ou origem 
para se ofender ou insultar alguém. Em ambos os casos, há o emprego 
de elementos discriminatórios baseados na raça para a violação, o 
ataque, a supressão de direitos fundamentais do ofendido. Sendo assim, 
8 
 
não se pode excluir o crime de injúria racial do mandado constitucional 
de criminalização previsto no art. 5º, XLII, restringir-lhe indevidamente a 
aplicabilidade. STF. Plenário. HC 154248/DF, Rel. Min. Edson Fachin, 
julgado em 28/10/2021 (Info 1036). No mesmo sentido, já era o 
entendimento do STJ: AgRg no REsp 1849696/SP, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, julgado em 16/06/2020. 
No crime de injúria racial, o agente ofende, insulta, ou seja, xinga alguém 
utilizando elementos relacionados com a sua raça, cor, etnia, religião, 
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. A 
ofensa é praticada contra uma pessoa determinada ou um grupo 
determinado de indivíduos (exs: cinco amigos negros, árabes etc.). 
A intenção do agente é atacar a honra subjetiva de uma pessoa ou de um 
grupo determinado de pessoas, utilizando os elementos já mencionados. 
Ex: “seu macaco”. Ex: “vocês 5 são um bando de terroristas”. 
O agente visa a atingir uma pessoa determinada ou determinável. O bem 
jurídico tutelado é a honra subjetiva. Trata-se de crime de ação penal 
pública condicionada à representação da vítima (art. 145, parágrafo 
único, do CP). 
Consistindo o racismo em processo sistemático de discriminação que 
elege a raça como critério distintivo para estabelecer desvantagens 
valorativas e materiais, a injúria racial consuma os objetivos concretos 
da circulação de estereótipos e estigmas raciais. Nesse sentido, para o 
STF, não há distinção ontológica entre as condutas previstas na Lei nº 
7.716/89 e aquela constante do art. 140, § 3º, do CP. Em ambos os casos, 
há o emprego de elementos discriminatórios baseados naquilo que 
sociopoliticamente constitui raça, para a violação, o ataque, a supressão 
de direitos fundamentais do ofendido. Sendo assim, excluir o crime de 
injúria racial do âmbito do mandado constitucional de criminalização por 
meras considerações formalistas desprovidas de substância, por uma 
leitura geográfica apartada da busca da compreensão do sentido e do 
9 
 
alcance do mandado constitucional de criminalização, é restringir-lhe 
indevidamente a aplicabilidade, negando-lhe vigência. 
4. DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
(INFO 1025) Os conselhos seccionais da Ordem dos Advogados do 
Brasil (OAB) possuem legitimidade para ingressar com reclamação 
perante o Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa dos interesses 
concretos e das prerrogativas de seus associados, nos termos da 
expressa previsão legal. 
(INFO 1025) Além de violar prerrogativas da advocacia, a deflagração 
de amplas, inespecíficas e desarrazoadas medidas de busca e 
apreensão em desfavor de advogadospode evidenciar a prática de 
“fishing expedition” 
A jurisprudência do STF confere interpretação estrita e rígida às normas 
que possibilitam a realização de busca e apreensão, em especial quando 
direcionadas a advogados no exercício de sua profissão. Na situação em 
apreço, não foram observados os requisitos legais nem as prerrogativas 
da advocacia, com ampla deflagração de medidas que objetivaram 
“pescar” provas contra os advogados denunciados e possíveis novos 
investigados. Ressalta-se que, ao deferir a busca e apreensão, a 
autoridade reclamada não demonstrou a imprescindibilidade em 
concreto da medida para o processamento dos fatos. 
O caso retratado versa sobre a chamada fishing expedition. Na dicção de 
Philipe Benoni Melo e Silva, “trata-se a fishing expedition de 
uma investigação especulativa indiscriminada, sem objetivo certo 
ou declarado, que ‘lança’ suas redes com a esperança de ‘pescar’ 
qualquer prova, para subsidiar uma futura acusação. Ou seja, é uma 
investigação prévia, realizada de maneira muito ampla e genérica para 
buscar evidências sobre a prática de futuros crimes. Como consequência, 
não pode ser aceita no ordenamento jurídico brasileiro, sob pena de 
malferimento das balizas de um processo penal democrático de índole 
10 
 
Constitucional”. (Fishing Expedition | JOTA Info. JOTA Info. Disponível 
em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/fishing-
expedition-20012017>. Acesso em: 11 Aug. 2021.) 
Tais práticas são vedadas, pois o ordenamento positivo brasileiro repudia 
medidas de obtenção de prova que se traduzam em ilícitas investigações 
meramente especulativas ou randômicas, de caráter exploratório, 
também conhecidas como diligências de prospecção. 
a) serendipidade de segundo grau = de acordo com Capez, 
serendipidade é o encontro fortuito de prova relacionada a fato diverso 
daquele que está sendo investigado. Será de segundo grau quando a 
prova descoberta não tiver conexão com o fato originariamente apurado, 
sendo válida - ex.: prova de rouba colhida fortuitamente em uma 
interceptação telefônica para investigação de estupro. 
b) fishing expedition = conforme explicado pelos colegas, trata-se de 
investigação especulativa, aleatória, vedada pelo direito brasileiro. 
c) serendipidade de primeiro grau = de acordo com Capez, 
serendipidade é o encontro fortuito de prova relacionada a fato diverso 
daquele que está sendo investigado. Será de primeiro grau quando 
houver nexo causal em relação ao crime investigado originariamente - 
ex.: localização do cadáver ocultado, durante a apuração do homicídio. 
d) vigilância policial motivada = não achei nada específico. Mas pelo 
nome, trata-se de vigilância policial quando existem motivos. Não é ilícita 
por si só e não tem nenhuma relação com a questão em si, que fala em 
mandado de busca e apreensão coletivo, ingresso em qualquer residência 
da comunidade, bem como a apreensão de objetos ligados ao tráfico de 
drogas, tais como celulares e planilhas. 
e) ação controlada = é técnica de investigação policial e, como o próprio 
nome já diz, há um "controle", retardamento, na investigação, 
aguardando-se um momento mais oportuno para agir, a fim de colher 
mais provas e informações 
11 
 
(INFO 1025) Diante de flagrante ilegalidade, é possível a concessão 
de “habeas corpus” de ofício em sede de reclamação constitucional, 
nos termos do art. 193, II, do Regimento Interno do STF (RISTF) e 
do art. 654, § 2º, do Código de Processo Penal (CPP) 
(INFO 1025) Compete à Justiça estadual processar e julgar fatos 
envolvendo entidades integrantes do denominado “Sistema S”. 
(INFO 1025) Extrai-se do art. 394 e seguintes do CPP que a produção 
probatória após o oferecimento da denúncia deve ocorrer em juízo, 
com as garantias do contraditório e da ampla defesa. STF. 2ª Turma. 
Rcl 43479/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/8/2021 (Info 
1025). 
(INFO 1032) Ao reincidente não específico em crime hediondo, 
aplica-se, inclusive retroativamente, o inciso V do art. 112 da LEP 
para fins de progressão de regime. 
Importante!!! Tema já apreciado no Info 699-STJ - Tendo em vista a 
legalidade e a taxatividade da norma penal (art. 5º, XXXIX, CF), a 
alteração promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da LEP não 
autoriza a incidência do percentual de 60% (inc. VII) aos condenados 
reincidentes não específicos para o fim de progressão de regime. Diante 
da omissão legislativa, impõe-se a analogia in bonam partem, para 
aplicação, inclusive retroativa, do inciso V do artigo 112 da LEP (lapso 
temporal de 40%) ao condenado por crime hediondo ou equiparado sem 
resultado morte reincidente não específico. STF. Plenário. ARE 
1327963/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/09/2021 
(Repercussão Geral – Tema 1169) (Info 1032) 
Reincidência genérica x reincidência específica 
• Reincidência genérica: ocorre quando o crime anterior e o novo delito 
são de espécies diferentes. Ex: cometeu um roubo e, depois, praticou o 
delito do art. 28 da Lei de Drogas. 
12 
 
• Reincidência específica: ocorre quando o crime anterior e o novo delito 
praticado são da mesma espécie. Ex: praticou um roubo e, depois, um 
novo roubo. 
(INFO 1033) Compete à Justiça Federal processar e julgar ações 
rescisórias movidas por ente federal contra acórdão ou sentença da 
Justiça estadual. 
Compete ao Tribunal Regional Federal processar ação rescisória proposta 
pela União com o objetivo de desconstituir sentença transitada em 
julgado proferida por juiz estadual, quando afeta interesses de órgão 
federal. STF. Plenário. RE 598650/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator 
do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2021 
(Repercussão Geral – Tema 775) (Info 1033). 
Decisão que transitou em 
julgado 
Competência para a ação 
rescisória 
Acórdão do STF (recurso ou ação 
de competência originária) 
STF (art. 102, I, “j”, da CF) 
Acórdão do STJ (recurso ou ação 
de competência originária) STJ 
(art. 105, I, “e”, da CF) 
STJ (art. 105, I, “e”, da CF) 
Acórdão de TJ/TRF (recurso ou 
ação de competência originária) 
TJ/TRF (art. 108, I, “b”, da CF) 
TJ/TRF (art. 108, I, “b”, da CF) 
Decisão de juiz de 1º grau sem 
interposição de recurso ou com 
recurso não conhecido pelo 
tribunal 
TJ/TRF 
Decisão de juiz federal (hipóteses 
do art. 109, II, CF) sem recurso ou 
com recurso não conhecido pelo 
STJ 
STJ (O juiz federal, no caso do art. 
109, II, está vinculado ao STJ e 
não ao TRF) 
 
13 
 
(INFO 1036) A superveniência da realização da audiência de 
instrução e julgamento não torna superada a alegação de ausência 
de audiência de custódia? 
Imagine que o indivíduo foi preso em flagrante e não foi realizada a 
audiência de custódia. A defesa impetrou sucessivos habeas corpus, mas 
os Tribunais não concederam a liberdade ao custodiado. Quando a 
questão chegou até o STF, esse indivíduo já tinha sido denunciado e foi 
realizado, inclusive, a audiência de instrução. Isso significa que o 
pedido de realização da audiência de custódia fica prejudicado? Ao 
julgar um caso como esse, houve empate na 2ª Turma do STF. Dois 
Ministros votaram no sentido de que a alegação de ausência da audiência 
de custódia estaria superada (Nunes Marques e Edson Fachin). Outros 
dois Ministros votaram no sentido de que a alegação não estaria superada 
mesmo já tendo sido realizada a audiência de custódia (Gilmar Mendes e 
Ricardo Lewandowski). Diante do empate, a 2ª Turma concedeu 
parcialmente a ordem de habeas corpus e determinou ao juiz que 
realizasse a audiência de custódia, no prazo de 24 horas, a contar da 
comunicação do julgamento. Assim constou no Informativo: A 
superveniência da realização da audiência de instrução e julgamento 
não torna superada a alegação de ausência de audiência de custódia. 
STF. 2ª Turma. HC 202579 AgR/ES e HC 202700 AgR/SP, Rel. Min. 
Nunes Marques, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgadosem 
26/10/2021 (Info 1036). 
O que acontece se, injustificadamente, não for realizada a audiência 
de custódia? Imagine que não foi realizada a audiência de custódia, 
mas estavam presentes os requisitos do art. 312 do CPP e foi 
decretada a prisão preventiva. Neste caso, o custodiado deverá, 
obrigatoriamente, ser colocado em liberdade pelo fato de não ter sido 
realizada a audiência de custódia? NÃO. 
A falta de audiência de custódia constitui irregularidade, não afastando 
a prisão preventiva, no caso de estarem atendidos os requisitos do art. 
312 do CPP e observados direitos e garantias versados na Constituição 
14 
 
Federal. STF. 1ª Turma. HC 202260 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 30/08/2021. 
A ausência de realização de audiência de custódia é irregularidade que 
não conduz à automática revogação da prisão preventiva, cabendo ao 
juízo da causa promover análise acerca da presença dos requisitos 
autorizadores da medida extrema. STF. 2ª Turma. HC 198896 AgR, Rel. 
Min. Edson Fachin, julgado em 14/06/2021. 
A declaração de nulidade da audiência de custódia em razão de não ter 
sido realizada no prazo de 24 horas após a prisão dependeria da 
demonstração de efetivo prejuízo, conforme o princípio pas de nullité 
sans grief. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que a não 
realização da audiência de custódia no prazo de 24 horas depois da prisão 
em flagrante constitui irregularidade passível de ser sanada, que nem 
mesmo conduz à imediata soltura do custodiado, notadamente quando 
decretada a prisão preventiva, como se deu na espécie. STF. 2ª Turma. 
Rcl 49566 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 04/11/2021. 
A conversão do flagrante em prisão preventiva torna superada a alegação 
de nulidade relativamente à falta de audiência de custódia. STJ. 5ª 
Turma. AgRg no HC 669.316/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, 
julgado em 08/06/2021. 
A não realização de audiência de custódia no prazo de 24 horas não 
acarreta a automática nulidade do processo criminal, assim como que a 
conversão do flagrante em prisão preventiva constitui novo título a 
justificar a privação da liberdade, ficando superada a alegação de 
nulidade decorrente da ausência de apresentação do preso ao Juízo de 
origem. STJ. 6ª Turma. RHC 154.274/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti 
Cruz, julgado em 14/12/2021. 
(INFO 1040) COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: É 
indispensável a existência de prévia autorização judicial para a 
instauração de inquérito ou outro procedimento investigatório em 
15 
 
face de autoridade com foro por prerrogativa de função em Tribunal 
de Justiça. 
Caso concreto: o COAF elaborou relatório de inteligência financeira (RIF) 
apontando movimentações atípicas entre as contas de um Deputado 
Estadual e servidores de seu gabinete na ALE. Esse relatório foi 
encaminhado ao MPE, que instaurou procedimento de investigação 
criminal (PIC). Em seguida, o MPE solicitou a produção de quatro RIFs 
complementares sobre as operações financeiras realizadas. Ao final da 
investigação, o MP ofereceu denúncia contra o parlamentar imputando-
lhe a prática, em tese, dos crimes de peculato, organização criminosa e 
lavagem de dinheiro. O STF declarou a nulidade dos RIFs, bem como das 
provas deles decorrentes e declarou a imprestabilidade dos elementos 
probatórios colhidos pelo MPE no âmbito do PIC. Para o colegiado, o 
compartilhamento desses dados foi ilegítimo, porque realizado a partir de 
comunicação direta entre o MPE e o Coaf, antes mesmo que houvesse 
autorização do Tribunal de Justiça para instaurar procedimento 
investigatório criminal contra o parlamentar estadual. STF. 2ª Turma. 
HC 201965/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/11/2021 (Info 
1040). 
COAF: O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), 
previsto nos arts. 14 e 15 da Lei nº 9.613/98 (Lei de Lavagem de 
Dinheiro), é o órgão responsável por produzir e gerir informações de 
inteligência financeira para a prevenção e o combate à lavagem de 
dinheiro. O COAF recebe informações dos bancos, seguradoras, 
cartórios, joalherias, cruza os dados e produz relatórios de inteligência. 
Vale ressaltar que o COAF não checa a veracidade das informações nem 
abre investigações. A Lei nº 9.613/98 estabelece as hipóteses em que o 
COAF deve ser obrigatoriamente comunicado. São as que saem do normal 
do sistema financeiro, do sistema bancário. 
O COAF produz relatórios, informações, não só para estabelecer na via 
administrativa e legislativa novos mecanismos de prevenção, mas 
também para punir quem eventualmente estiver praticando atividades 
16 
 
ilícitas. O COAF não pode quebrar o sigilo bancário e fiscal por conta 
própria. Pode trabalhar a informação, produzir relatório, identificar a 
irregularidade e mandar para os demais órgãos, como a Receita a o 
Parquet. 
Relatório de inteligência financeira do COAF: A Lei de Lavagem de 
Dinheiro (Lei nº 12.683/98) determina, em seu art. 11, que as 
instituições financeiras e demais pessoas físicas e jurídicas que 
trabalhem com recursos financeiros, moeda estrangeira, títulos 
mobiliários etc. (art. 9º) comuniquem ao COAF qualquer movimentação 
financeira “suspeita” (“atípica”), ou seja, que ultrapasse determinado 
valor que é fixado pela autoridade administrativa. 
Ex: se uma pessoa faz um depósito ou um saque acima de determinado 
valor no banco, essa informação (com o nome do indivíduo) é informada 
ao COAF. 
Ex2: se uma pessoa compra uma pedra preciosa ou uma joia acima de 
determinado valor em dinheiro, a joalheria é obrigada a informar essa 
circunstância ao COAF. A partir disso, o COAF analisa a comunicação 
recebida com o objetivo de identificar se existe nela algum indício de 
lavagem de dinheiro, de financiamento do terrorismo ou de outros crimes. 
Caso seja identificado algum indício de crime, é elaborado um Relatório 
de Inteligência Financeira (RIF), que é encaminhado às autoridades 
competentes (Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público 
Federal). 
Depois que o RIF é concluído, ele ainda passa por instâncias internas 
individuais e colegiadas antes que seja autorizada sua difusão para as 
autoridades competentes. Sendo aprovado por essas instâncias internas 
do COAF, o relatório (RIF) é encaminhado à Receita Federal, Polícia 
Federal ou Ministério Público Federal, conforme seja o caso. Vale 
ressaltar que o COAF não faz investigações. Ele apenas coleta, analisa e 
cruza dados, produzindo um relatório de inteligência (uma espécie de 
17 
 
“alerta”), que será encaminhado aos órgãos de persecução penal. Essa 
atividade, contudo, repito, não é de investigação de infrações penais. 
Qual é a natureza jurídica do relatório de inteligência do COAF? Tem 
natureza jurídica equivalente à de “peças de informação”. “O Código de 
Processo Penal, genericamente, dá o nome de peças de informações a todo 
e qualquer conjunto indiciário resultante das atividades desenvolvidas 
fora do inquérito policial, a exemplo de um procedimento investigatório 
criminal presidido pelo próprio órgão ministerial, um relatório de 
comissão parlamentar de inquérito, etc.” (LIMA, Renato Brasileiro. Código 
de Processo Penal comentado. 2ª ed., Salvador: Juspodivm, 2017, p. 
162). 
O que o membro do Ministério Público faz ao receber um relatório de 
inteligência? O membro do MP, ao receber um relatório de inteligência, 
poderá adotar três providências principais: 
1) entender que já existem indícios suficientes de autoria e materialidade 
e oferecer denúncia; 
2) instaurar procedimento de investigação criminal (PIC) ou requisitar 
inquérito policial para complementar as informações trazidas pelo 
relatório; 
3) pedir o arquivamento dessas peças de informação, caso repute que o 
relatório de inteligência não contém indícios de crimes, nos termos do 
art. 28 do CPP. Assim, o relatório de inteligência que é enviado ao 
Ministério Público deve recebero mesmo tratamento de qualquer peça de 
informação. 
Em suma, as teses fixadas pelo STF a respeito do tema foram as 
seguintes: 
1. É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência 
financeira da COAF e da íntegra do procedimento fiscalizatório da Receita 
Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do tributo, com os 
órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de 
18 
 
prévia autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das 
informações em procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a 
posterior controle jurisdicional. 
2. O compartilhamento pela COAF e pela RFB, referente ao item anterior, 
deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com 
garantia de sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de 
instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios. STF. 
Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019 
(Repercussão Geral – Tema 990) (Info 962). 
Assim, para o Min. Gilmar Mendes, o Ministério Público deve requerer 
judicialmente a prévia instauração de investigação contra autoridade 
com foro por prerrogativa de função em Tribunal De Justiça — ou, ao 
menos, deve cientificar o aludido Tribunal para fins de possibilitar o 
exercício da atividade de supervisão judicial. A exigência de supervisão 
judicial se impõe mesmo em relação aos procedimentos investigativos 
instaurados no âmbito do próprio Ministério Público. Até porque é 
necessária a prévia autorização judicial para a instauração de inquérito 
contra autoridade com foro por prerrogativa de função em Tribunal de 
Justiça. No caso, para além da ilegalidade das diligências investigativas 
encomendadas, a ausência de supervisão judicial das investigações 
deflagradas pelo Parquet contra autoridade com foro por prerrogativa de 
função em Tribunal de Justiça justifica que seja declarada a nulidade dos 
Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) por intercâmbio e das provas 
deles decorrentes, bem assim a imprestabilidade de elementos 
probatórios assim colhidos em procedimento de investigação criminal. 
Com esse entendimento, a Segunda Turma, por maioria, concedeu 
parcialmente a ordem de habeas corpus nos termos do voto do ministro 
Gilmar Mendes (relator). Vencido o ministro Edson Fachin. 
5. DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
19 
 
(INFO 1022) É constitucional a inclusão do Imposto Sobre Serviços 
de Qualquer Natureza -ISS na base de cálculo da Contribuição 
Previdenciária sobre a Receita Bruta – CPRB. 
(INFO 1022) É inconstitucional norma estadual que conceda 
incentivo fiscal de ICMS quando todas as etapas de industrialização 
sejam realizadas em estabelecimento localizado no próprio Estado. 
(INFO 1023) O concurso de preferência entre os entes federados na 
cobrança judicial dos créditos tributários e não tributários, previsto 
no parágrafo único do art. 187 da Lei 5.172/1966 (Código Tributário 
Nacional) e no parágrafo único do art. 29 da Lei 6.830/1980 (Lei de 
Execuções Fiscais), não foi recepcionado pela Constituição Federal 
de 1988 (CF/1988). 
Isso porque ameaça o pacto federativo e contraria o inc. III do art. 19 da 
CF/1988 a definição de hierarquia na cobrança judicial dos créditos da 
dívida pública da União aos estados e Distrito Federal e esses aos 
Municípios. A autonomia e a isonomia dos entes federados são os 
alicerces para a manutenção do modelo jurídico-constitucional adotado. 
Somente pela Constituição, e quando houver finalidade constitucional 
adequadamente demonstrada, pode-se criar distinções entre os entes 
federados na cobrança judicial dos créditos tributários e não tributários. 
A Súmula 563 do STF foi cancelada. O entendimento contido na Súmula 
497 do STJ está superado. STF. Plenário. ADPF 357/DF, Rel. Min. 
Cármen Lúcia, julgado em 24/6/2021 (Info 1023). 
(INFO 1024) “É inconstitucional a incidência do Imposto sobre 
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte 
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) sobre o 
licenciamento ou cessão do direito de uso de programas de 
computador. 
As operações relativas ao licenciamento ou cessão do direito de uso de 
“software”, padronizado ou elaborado por encomenda, são tributáveis 
pelo Imposto sobre Serviços (ISS), e não pelo ICMS. 
20 
 
(INFO 1024) É inconstitucional decreto estadual que atribua às 
empresas geradoras de energia elétrica a responsabilidade por 
substituição tributária pelo recolhimento do Imposto sobre 
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 
Para haver substituição tributária relativamente ao ICMS, é 
imprescindível que haja a lei complementar federal a que alude o art. 
155, § 2º, XII, b, da Constituição Federal (CF) e que o mecanismo esteja 
previsto em lei estadual, conforme determina o art. 150, § 7º, da CF. No 
que diz respeito ao primeiro requisito, a Lei Complementar (LC) 87/1996 
(Lei Kandir) permite que essa responsabilidade seja atribuída por lei 
estadual (art. 6º), observada, ainda, a necessidade de acordo celebrado 
pelos estados interessados, se a operação for interestadual (art. 9º). 
Em relação às operações com energia elétrica, a própria Lei Kandir já 
trouxe quais atores econômicos podem ser eleitos como substitutos 
tributários (art. 9º, § 1º, II), mas não atribuiu, ela própria, desde logo, a 
nenhum sujeito passivo alguma responsabilidade por substituição 
tributária. Assim, se a substituição tributária não está prevista em lei 
estadual em sentido estrito, o decreto, ao tratar originariamente do 
assunto, inova no ordenamento jurídico e incide em 
inconstitucionalidade formal, por ofensa ao princípio da legalidade 
tributária. 
(INFO 1025) É constitucional resolução do Senado Federal que fixa 
alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços 
(ICMS) aplicável às operações interestaduais com bens e mercadorias 
importados do exterior. 
No inciso II do art. 155 da Constituição Federal (CF) (1), que guia toda a 
disciplina que se segue em matéria de ICMS, há respaldo à cobrança do 
referido imposto nas operações interestaduais com bens e mercadorias 
importados. No texto constitucional, afirma-se expressamente que o 
ICMS pode ser cobrado “ainda que as operações e as prestações se 
iniciem no exterior”. 
21 
 
Além disso, de acordo com art. 155, § 2º, IV, da CF (2), compete ao Senado 
Federal, por meio de resolução, o estabelecimento das alíquotas de ICMS 
aplicáveis às operações e prestações interestaduais. 
(INFO 1029) É inconstitucional lei estadual que verse sobre a 
responsabilidade de terceiros por infrações de forma diversa das 
regras gerais estabelecidas pelo CTN - É formalmente inconstitucional 
norma estadual que atribui ao contabilista a responsabilidade solidária, 
quanto ao pagamento de impostos e de penalidades pecuniárias, no caso 
de suas ações ou omissões concorrerem para a prática de infração à 
legislação tributária. Tese fixada pelo STF: “É inconstitucional lei 
estadual que verse sobre a responsabilidade de terceiros por infrações de 
forma diversa das regras gerais estabelecidas pelo Código Tributário 
Nacional”. STF. Plenário. ADI 6284/GO, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 14/9/2021 (Info 1029). 
(INFO 1031) Importante!!! Atualize seus livros! Os valores relativos 
à taxa Selic recebidos pelo contribuinte na repetição de indébito 
tributário não compõem a base de incidência do Imposto sobre a 
Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre 
o Lucro Líquido (CSLL). 
Tese fixada pelo STF: “É inconstitucional a incidência do IRPJ e da CSLL 
sobre os valores atinentes à taxa Selic recebidos em razão de repetição de 
indébito tributário”. STF. Plenário. RE 1063187/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 24/9/2021 (Repercussão Geral – Tema 962) (Info 1031). 
Ação de repetição de indébito (ou ação de restituição de indébito): É 
a ação na qual o requerente pleiteia a devolução de determinadaquantia 
que pagou indevidamente. A ação de repetição de indébito, ao contrário 
do que muitos pensam, não é restrita ao direito tributário. Assim, por 
exemplo, se um consumidor é cobrado pelo fornecedor e paga um valor 
que não era devido, poderá ingressar com ação de repetição de indébito 
para pleitear valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de 
22 
 
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável 
(art. 42, parágrafo único do CDC). 
No âmbito tributário, o contribuinte que pagar tributo indevido (exs: 
pagou duas vezes, pagou imposto que era inconstitucional, houve erro na 
alíquota etc.) terá direito à repetição de indébito, ou seja, poderá ajuizar 
ação cobrando a devolução daquilo que foi pago. As hipóteses em que o 
contribuinte terá direito à repetição de indébito, no âmbito tributário, 
estão previstas no art. 165 do CTN: 
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, 
independentemente de prévio protesto, à 
restituição total ou parcial do tributo, seja 
qual for a modalidade do seu pagamento, 
ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, 
nos seguintes casos: I - cobrança ou 
pagamento espontâneo de tributo indevido 
ou maior que o devido em face da legislação 
tributária aplicável, ou da natureza ou 
circunstâncias materiais do fato gerador 
efetivamente ocorrido; II - erro na edificação 
do sujeito passivo, na determinação da 
alíquota aplicável, no cálculo do montante 
do débito ou na elaboração ou conferência 
de qualquer documento relativo ao 
pagamento; III - reforma, anulação, 
revogação ou rescisão de decisão 
condenatória. 
O valor que será devolvido ao sujeito passivo deverá ser acrescido de 
juros moratórios e correção monetária? SIM. Na repetição de indébito, 
o contribuinte deverá receber de volta o valor principal que foi pago, 
acrescido de juros moratórios e correção monetária pelo tempo que ficou 
sem o dinheiro. 
23 
 
Surge agora outra pergunta: qual é a taxa de juros de mora que deverá 
ser aplicada na repetição de indébito? Nas repetições de indébito, a 
taxa de juros a ser aplicada em favor do sujeito passivo é a mesma que a 
lei prevê que o Fisco poderá cobrar do contribuinte em caso de tributo 
atrasado. Ex: no âmbito federal, se o contribuinte deixar de recolher o 
tributo no dia do vencimento, ele terá que pagá-lo com juros de mora. A 
lei determina que a taxa de juros é a SELIC. Isso significa que, se o sujeito 
passivo pagar determinado tributo federal e, posteriormente, constatar-
se que era indevido, ele terá direito à repetição de indébito, recebendo de 
volta o valor que pagou mais juros de mora. A taxa de juros dessa 
restituição também será a SELIC. Trata-se de aplicação do princípio da 
isonomia: ora, se é exigido do contribuinte que pague os juros com o 
índice SELIC, quando ele for receber, também deverá ser assegurado a 
ele o mesmo tratamento (receber com SELIC). 
Em caso de repetição de indébito de tributos ESTADUAIS, aplica-se 
também a SELIC? Depende. O legislador estadual tem liberdade para 
prever o índice de juros em caso de atraso no pagamento dos tributos 
estaduais. 
A lei estadual poderá fixar a SELIC como taxa de juros? SIM. Será 
possível que incida a SELIC tanto para a cobrança do tributo em atraso, 
como também no caso da ação de repetição de indébito. Para isso, no 
entanto, é necessário que a lei estadual (legislação local) preveja. 
Súmula 523-STJ: A taxa de juros de mora 
incidente na repetição de indébito de 
tributos estaduais deve corresponder à 
utilizada para cobrança do tributo pago em 
atraso, sendo legítima a incidência da taxa 
Selic, em ambas as hipóteses, quando 
prevista na legislação local, vedada sua 
cumulação com quaisquer outros índices. 
24 
 
Por que a súmula diz que a SELIC não pode ser cumulada com 
quaisquer outros índices? Porque a SELIC é um tipo de índice de juros 
moratórios que já abrange juros e correção monetária. Como assim? No 
cálculo da SELIC (em sua “fórmula matemática”), além de um percentual 
a título de juros moratórios, já é embutida a taxa de inflação estimada 
para o período (correção monetária). Em outras palavras, a SELIC é uma 
espécie de índice que engloba juros e correção monetária. Logo, se o 
credor exigir a SELIC e mais a correção monetária, ele estará cobrando 
duas vezes a correção monetária, o que configura bis in idem. Por isso, o 
STJ afirma que, se a lei estadual prevê a aplicação da SELIC, é proibida 
a sua cobrança cumulada com quaisquer outros índices, seja de 
atualização monetária (correção monetária), seja de juros. Basta a SELIC. 
De quanto é o percentual da taxa SELIC? Depende. A SELIC é uma 
taxa estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) com base 
em uma fórmula matemática que leva em consideração diversas 
variáveis. Desse modo, a taxa SELIC normalmente é variável, não sendo 
um percentual fixo. 
De quanto é o percentual da taxa SELIC? Depende. A SELIC é uma 
taxa estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) com base 
em uma fórmula matemática que leva em consideração diversas 
variáveis. Desse modo, a taxa SELIC normalmente é variável, não sendo 
um percentual fixo. Vale ressaltar que o COPOM é um comitê composto 
pela Diretoria Colegiada do Banco Central e, com base nas metas que o 
órgão tiver para a economia brasileira, os dados que alimentam essa 
fórmula de cálculo da SELIC irão variar. Ex.: o BACEN tem procurado 
incentivar o crédito no país, por isso, a taxa SELIC vem sofrendo um 
processo de redução. Quando o governo deseja conter a inflação, 
normalmente se vale do aumento da taxa SELIC para frear o consumo. 
REPETIÇÃO DE INDÉBITO E TAXA SELIC: Imposto de Renda sobre 
Pessoa Jurídica (IRPJ) IRPJ é a sigla para Imposto de Renda de Pessoa 
Jurídica. A base de cálculo do IRPJ é o montante, real, arbitrado ou 
presumido, da renda ou dos proventos tributáveis (art. 44 do CTN). Em 
25 
 
outras palavras, a base de cálculo do IRPJ é o lucro (real, presumido ou 
arbitrado) correspondente ao período de apuração. Contribuição Social 
sobre o Lucro Líquido (CSLL) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 
(CSLL) é um tributo federal instituído pela Lei nº 7.689/88. O fato gerador 
é o lucro das pessoas jurídicas (por isso, é assemelhado ao IRPJ). 
Segundo a Lei que rege a CSLL, a base de cálculo dessa contribuição “é 
o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de 
renda” (art. 2º da Lei nº 7.689/88). Desse modo, a base de cálculo da 
CSLL também é o lucro, mas apurado antes da provisão para o IRPJ. 
Base de cálculo negativa do CSLL: ocorre quando a soma das despesas 
e exclusões é maior que a soma das receitas e adições. Sem rigor técnico, 
mas apenas para você entender melhor: ocorre quando a pessoa jurídica 
tem “prejuízo”. Imagine que a pessoa jurídica recebe de volta um tributo 
federal que havia sido indevidamente cobrado (repetição de indébito). O 
valor principal recebido é acrescido de juros e correção monetária. Tais 
consectários (juros e correção) são pagos mediante a aplicação da SELIC. 
Diante disso, indaga-se: o contribuinte deverá pagar IRPJ e CSLL 
sobre tais valores? Não. Os valores relativos à taxa Selic recebidos pelo 
contribuinte na repetição de indébito tributário não compõem a base de 
incidência do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) ou da 
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). STF. Plenário. RE 
1063187/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/9/2021 (Repercussão 
Geral – Tema 962) (Info 1031). 
Para incidir IRPJ e CSLL é indispensável a ocorrência de acréscimo 
patrimonial: A materialidade do imposto de renda está relacionada à 
existência de acréscimo patrimonial. Assim, só haverá incidência de 
imposto de renda se houver acréscimo patrimonial, pois o CTN adotou 
expressamente o conceito de renda como acréscimo. O mesmo raciocínio 
se aplica para a CSLL. O fato gerador dessa Contribuiçãoé o lucro das 
pessoas jurídicas (por isso, é assemelhado ao IRPJ). Segundo explica 
Leandro Paulsen, lucro, para efeito do tributo em tela, “é o acréscimo 
patrimonial decorrente do exercício da atividade da empresa ou entidade 
26 
 
equiparada”. Assim, tendo em vista que tanto o IRPJ quanto a CSLL não 
podem incidir sobre o que não constitui acréscimo patrimonial, mostra-
se necessário verificar se os juros de mora legais constituem ou não 
acréscimo patrimonial, lembrando que estão eles abrangidos pela taxa 
Selic. Natureza dos juros de mora A expressão “juros moratórios” designa 
a indenização pelo atraso no pagamento da dívida em dinheiro. Os juros 
de mora possuem natureza indenizatória. Isso fica demonstrado ao se 
analisar o art. 16, parágrafo único, da Lei nº 4.506/64, que classifica 
como rendimentos de trabalho assalariado “os juros de mora e quaisquer 
outras indenizações pagas pelo atraso no pagamento das remunerações 
previstas neste artigo”. Ao se referir aos juros de mora e “outras 
indenizações”, o legislador deixou implícito o reconhecimento de que os 
juros de mora consistem em indenização. 
É comum ouvirmos que sobre verbas indenizatórias não incide imposto 
de renda. Essa afirmação não é inteiramente verdadeira. Os lucros 
cessantes possuem natureza de indenização. Apesar disso, sobre eles 
incide Imposto de Renda. O que interessa para saber se incide ou não o 
IR é a obtenção de riqueza nova, ou seja, a ocorrência de acréscimo 
patrimonial. (...) mesmo que caracterizada a natureza indenizatória do 
quantum recebido, ainda assim incide Imposto de Renda, se der ensejo a 
acréscimo patrimonial, como ocorre na hipótese de lucros cessantes. (...) 
STJ. 1ª Seção. EREsp 695.499/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado 
em 09/05/2007. 
Essa parece ser também a posição do Min. Dias Toffoli: “A meu ver, o 
imposto de renda pode, em tese, alcançar os valores relativos a lucros 
cessantes, mas não os relativos a danos emergentes.” 
Assim, é fundamental definir a natureza dos juros de mora legais (Selic) 
devidos na repetição de indébito: 
• se forem considerados lucros cessantes: estarão sujeitos ao imposto 
de renda e à CSLL; 
27 
 
• se forem considerados danos emergentes: não haverá incidência 
desses tributos. 
O valor recebido a título de juros de mora legais (Selic) na repetição 
do indébito tributário constitui-se em lucros cessantes ou danos 
emergentes? Danos emergentes. Os juros de mora legais não 
representam riqueza nova para o credor, uma vez que têm por finalidade 
apenas reparar as perdas que o lesado sofreu. Assim, os juros de mora 
estão fora do campo de incidência do imposto de renda e da CSLL, pois 
visam, precipuamente, a recompor efetivas perdas não implicando 
aumento de patrimônio do credor. 
Correção monetária também não é acréscimo patrimonial: O valor 
recebido a título de correção monetária também não está sujeito à 
incidência de IRPJ ou CSLL. Isso porque a correção monetária não 
representa acréscimo ao valor devido, mas mera recomposição 
inflacionária. 
Tese fixada pelo STF: É inconstitucional a incidência do IRPJ e da CSLL 
sobre os valores atinentes à taxa Selic recebidos em razão de repetição 
de indébito tributário. STF. Plenário. RE 1063187/SC, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 24/9/2021 (Repercussão Geral – Tema 962) (Info 
1031). 
O STJ tinha posição em sentido contrário O STJ tinha decidido que 
incidem IRPJ e CSLL sobre os juros decorrentes da mora na devolução 
de valores determinada em ação de repetição do indébito tributário. Como 
o STF decidiu que essa interpretação é inconstitucional, cabe à Corte a 
última palavra sobre o tema, de sorte que o STJ terá que mudar de 
posição e se adequar ao novo entendimento. 
(INFO 1033) Os Estados, DF e Municípios possuem direito à 
arrecadação do IR retido na fonte, incidente sobre rendimentos 
pagos por eles, suas autarquias e fundações a pessoas físicas ou 
jurídicas contratadas para a prestação de bens ou serviços. 
28 
 
Pertence ao Município, aos Estados e ao Distrito Federal a titularidade 
das receitas arrecadadas a título de imposto de renda retido na fonte 
incidente sobre valores pagos por eles, suas autarquias e fundações a 
pessoas físicas ou jurídicas contratadas para a prestação de bens ou 
serviços, conforme disposto nos arts. 158, I, e 157, I, da Constituição 
Federal. STF. Plenário. RE 1293453/RS, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 8/10/2021 (Repercussão Geral – Tema 1130) (Info 1033). 
(INFO 1034) É inconstitucional orçamento impositivo previsto na 
Constituição estadual antes das ECs 86/2015 e 100/2019 
É inconstitucional norma estadual que tenha criado impositividade da lei 
orçamentária antes do advento das Emendas Constitucionais 86/2015 e 
100/2019. STF. Plenário. ADI 5274/SC, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado 
em 18/10/2021 (Info 1034). 
(INFO 1035) É admissível o cálculo das custas judiciais com base no 
valor da causa, considerando que se respeita a correlação com o 
custo da atividade prestada, e desde que haja a definição de valores 
mínimo e máximo. 
É legítima a cobrança das custas judiciais e das taxas judiciárias tendo 
por parâmetro o valor da causa, desde que fixados valores mínimos e 
máximos. A fixação desses valores mínimos e máximos deve ser feita para 
se atender ao entendimento sumulado do STF: 
Súmula 667-STF: Viola a garantia 
constitucional de acesso à jurisdição a taxa 
judiciária calculada sem limite sobre o valor 
da causa. STF. Plenário. ADI 5688/PB, Rel. 
Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. 
Dias Toffoli, julgado em 22/10/2021 (Info 
1035). 
Natureza jurídica: Inicialmente, é importante recordar que o STF 
considera que as custas judiciais e as taxas judiciárias possuem natureza 
jurídica de tributo, sendo uma taxa. 
29 
 
Base de cálculo: O art. 145, II, da Constituição Federal, ao tratar sobre 
as taxas, prevê o seguinte: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios poderão instituir os 
seguintes tributos: (...) II - taxas, em razão 
do exercício do poder de polícia ou pela 
utilização, efetiva ou potencial, de serviços 
públicos específicos e divisíveis, prestados 
ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
Para o STF, esse dispositivo constitucional determina, implicitamente, 
que a base de cálculo das taxas cobradas pela prestação de serviço 
público específico e divisível deve guardar consonância com o gasto 
oriundo da atividade estatal. Isso reflete o aspecto material de tributo 
que, vinculado à prestação de dado serviço, tem por finalidade específica 
custear o ônus impingido ao Estado. Com efeito, tanto quanto possível, o 
valor cobrado a título de taxa deve equivaler ao custo do serviço prestado. 
Porém, há situações em que, por excessiva dificuldade de mensuração do 
fato gerador, o estabelecimento exato do quantum debeatur fica 
prejudicado. É o caso das custas judiciais e das taxas judiciárias, em 
razão da diversidade de fatores que poderiam influir no cálculo da 
prestação do serviço jurisdicional, tais como o tempo e a complexidade 
do processo, bem assim o tipo de atos nele praticados. Justamente por 
isso, diante dessas peculiaridades, o STF entendeu que é possível que a 
cobrança das custas judiciais e das taxas judiciárias tenha como 
parâmetro o valor da causa, desde que fixados valores mínimos e 
máximos. 
Não há se falar em excessiva majoração dos valores cobrados se a 
instituição do tributo, ou o seu reajuste cumprem quatro critérios: 
a) guardam correlação com o serviço prestado; 
b) mostram-se razoáveis e proporcionais; 
c) não impedem o acesso ao Judiciário; e 
30 
 
d) não possuem caráter confiscatório. 
(INFO 1037) É legítima a inclusão do IPI na base de cálculo 
presumida do PIS e da Cofins, a ser considerada pelos industriais e 
importadores de veículos, em regime de substituição tributária. 
É constitucional a inclusão do valordo IPI incidente nas operações de 
venda feitas por fabricantes ou importadores de veículos na base de 
cálculo presumida fixada para propiciar, em regime de substituição 
tributária, a cobrança e o recolhimento antecipados, na forma do art. 43 
da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, de contribuições para o PIS e da 
Cofins devidas pelos comerciantes varejistas. STF. Plenário. RE 
605506/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 10/11/2021 
(Repercussão Geral – Tema 303) (Info 1037). 
(INFO 1040) Incide o ISS no licenciamento ou na cessão de direito 
de uso de softwares desenvolvidos para clientes de forma 
personalizada, mesmo quando o serviço seja proveniente do exterior 
ou sua prestação tenha se iniciado no exterior. 
É constitucional a incidência do ISS no licenciamento ou na cessão de 
direito de uso de programas de computação desenvolvidos para clientes 
de forma personalizada, nos termos do subitem 1.05 da lista anexa à LC 
116/2003. STF. Plenário. RE 688223/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado 
em 3/12/2021 (Repercussão Geral – Tema 590) (Info 1040). 
6. DIREITO EMPRESARIAL 
 
SEM INFORMATIVOS 
7. DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
(INFO 1021) É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação 
a profissional da imprensa ferido por agentes policiais durante 
cobertura jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou 
conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da 
31 
 
responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas hipóteses em que 
o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência 
sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua 
integridade física. 
Não é adequado, no entanto, atribuir a profissional da imprensa culpa 
exclusiva pelo dano sofrido, por conduta de agente público, somente por 
permanecer realizando cobertura jornalística no local da manifestação 
popular no momento em que ocorre um tumulto, sob pena de ofensa ao 
livre exercício da liberdade de imprensa. 
(INFO 1021) É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo 
máximo para que os planos de saúde autorizem solicitações de 
exames e procedimentos cirúrgicos. 
É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo máximo de 24 horas 
para as empresas de plano de saúde regionais autorizarem ou não 
solicitações de exames e procedimentos cirúrgicos em seus usuários que 
tenham mais de 60 anos. Essa lei é inconstitucional por usurpar 
competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil e política 
de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 6452/ES, Rel. 
Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 11/6/2021 (Info 1021) 
(INFO 1021) São constitucionais as restrições ao exercício da 
advocacia aos servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público, 
previstas nos arts. 28, IV, e 30, I, da Lei 8.906/1994, e no art. 21 da 
Lei 11.415/2006. 
As limitações ao exercício da advocacia são compatíveis com a 
Constituição, desde que a restrição profissional satisfaça os critérios de 
adequação e razoabilidade e atenda à finalidade de proteger a coletividade 
contra riscos sociais indesejados ou ao propósito de assegurar a 
observância de outros princípios constitucionais. 
(INFO 1022) A justiça comum é competente para processar e julgar 
ação em que se discute a reintegração de empregados públicos 
32 
 
dispensados em face da concessão de aposentadoria espontânea. A 
concessão de aposentadoria, com utilização do tempo de 
contribuição, leva ao rompimento do vínculo trabalhista nos termos 
do art. 37, § 14, da CF. Entretanto, é possível a manutenção do vínculo 
trabalhista, com a acumulação dos proventos com o salário, se a 
aposentadoria se deu pelo RGPS antes da promulgação da EC 103/2019. 
Tese fixada pelo STF: A natureza do ato de demissão de empregado 
público é constitucional-administrativa e não trabalhista, o que atrai a 
competência da Justiça comum para julgar a questão. A concessão de 
aposentadoria aos empregados públicos inviabiliza a permanência no 
emprego, nos termos do art. 37, § 14, da Constituição Federal, salvo para 
as aposentadorias concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social 
até a data de entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/19, nos 
termos do que dispõe seu art. 6º. STF. Plenário. RE 655283/DF, Rel. Min. 
Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 
16/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 606) (Info 1022). 
Imagine a seguinte situação hipotética: João era empregado da 
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), empresa pública 
federal. Ele se aposentou voluntariamente, por tempo de contribuição, no 
regime geral de previdência social (INSS), mas continuou trabalhando 
normalmente nos Correios. Passado algum tempo, a ECT determinou o 
desligamento de João alegando que ele não poderia ter continuado 
trabalhando, tendo em vista que a aposentadoria voluntária do 
empregado público causa a automática extinção do vínculo empregatício. 
Logo, quando ele se aposentou, teria sido rompido o vínculo empregatício. 
Inconformado, João ingressou com ação de reintegração, na Justiça do 
Trabalho, argumentando que a mera concessão da aposentadoria 
voluntária ao trabalhador não tem por efeito extinguir, instantânea e 
automaticamente, o seu vínculo de emprego. Assim, seria permitido ao 
empregado público requerer a aposentadoria voluntária pelo RGPS e 
continuar trabalhando. 
33 
 
Primeira pergunta: a Justiça do Trabalho é realmente competente 
para julgar esta causa? NÃO. A competência é da Justiça Comum. Em 
nosso exemplo, Justiça Comum Federal (porque envolve os Correios, ou 
seja, uma empresa pública federal). A justiça comum (federal ou 
estadual, a depender da entidade envolvida) é competente para processar 
e julgar ação em que se discute a reintegração de empregados públicos 
dispensados em face da concessão de aposentadoria espontânea. Isso 
porque, neste caso, não se discute relação de trabalho, mas somente a 
possibilidade de reintegração ao emprego público na eventualidade de se 
obter aposentadoria administrada pelo INSS. 
E quanto ao mérito: João tem direito de ser reintegrado? Depende. 
Veja: 
A concessão de aposentadoria ao empregado público, com utilização 
do tempo de contribuição, acarreta, obrigatoriamente, o 
rompimento do vínculo trabalhista? 
Antes da EC 103/2019: NÃO. É permitido ao empregado público 
requerer a aposentadoria voluntária no Regime Geral de Previdenciária 
Social e continuar trabalhando e, consequentemente, recebendo a 
respectiva remuneração. Isso porque em tais situações não há 
acumulação vedada pela Constituição Federal. STF. Plenário. Rcl 9762 
AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 16/05/2013. 
Depois da EC 103/2019: SIM. A concessão de aposentadoria, com 
utilização do tempo de contribuição, leva ao rompimento do vínculo 
trabalhista nos termos do art. 37, § 14, da CF/88. Após a inserção do 
art. 37, § 14, pela EC 103/2019, a Constituição Federal, de modo 
expresso, definiu que a aposentadoria faz cessar o vínculo ao cargo, 
emprego ou função pública cujo tempo de contribuição embasou a 
passagem do servidor/empregado público para a inatividade, inclusive 
quando feita sob o RGPS. Vale ressaltar, contudo, que a EC 103/2019 
afirmou que não se aplica o novo § 14 do art. 37 da CF/88 às 
aposentadorias já concedidas pelo RGPS até a data de sua entrada em 
34 
 
vigor da Emenda. A concessão de aposentadoria aos empregados públicos 
inviabiliza a permanência no emprego, nos termos do art. 37, § 14, da 
Constituição Federal, salvo para as aposentadorias concedidas pelo 
Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor da 
Emenda Constitucional 103/19, nos termos do que dispõe seu art. 6º. 
(INFO 1026) O teto remuneratório aplicável aos servidores 
municipais, excetuados os vereadores, é o subsídio do prefeito 
municipal. 
No que tange ao teto remuneratório, osEstados-membros e o Distrito 
Federal possuem duas opções: 
a) escolher estipular um teto por Poder (chamado de modelo geral): 
a.1) Executivo: subsídio do Governador. 
a.2) Legislativo: subsídio dos Deputados Estaduais. 
a.3) Judiciário (inclui MP, Defensoria e Procuradoria): subsídio dos 
Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, em 
espécie, dos Ministros do STF. 
b) escolher estipular um subteto único para todos os Poderes. Este 
subteto único corresponderia ao subsídio dos Desembargadores do TJ, 
para todo e qualquer servidor de qualquer poder, ficando de fora desse 
subteto apenas o subsídio dos Deputados. 
Essa segunda opção é chamada de modelo facultativo e está prevista no 
§ 12 do art. 37 da CF/88, inserido pela EC 47/2005. Para adotar o 
modelo facultativo, os Estados ou DF precisam de uma emenda à 
Constituição estadual ou à Lei orgânica distrital. Vale ressaltar, contudo, 
que esse modelo facultativo do § 12 do art. 37 da CF/88 não pode ser 
aplicado para os servidores municipais. O teto remuneratório aplicável 
aos servidores municipais, excetuados os vereadores*, é o subsídio do 
prefeito municipal. Assim, é inconstitucional dispositivo de Constituição 
Estadual que fixe o subsídio dos membros do TJ local como teto 
remuneratório aplicável aos servidores municipais. STF. Plenário. ADI 
35 
 
6811/PE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/8/2021 (Info 
1026). 
*Apesar de o julgado ter ressalvado apenas a situação dos vereadores, 
podemos apontar uma segunda exceção: os procuradores municipais. 
Segundo decidiu o STF em outra oportunidade: A expressão 
"Procuradores", contida na parte final do inciso XI do art. 37 da 
Constituição da República, compreende os procuradores municipais, uma 
vez que estes se inserem nas funções essenciais à Justiça, estando, 
portanto, submetidos ao teto de 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco 
centésimos por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do 
STF. Assim, o teto remuneratório de Procuradores Municipais é o subsídio 
de Desembargador de TJ. STF. Plenário. RE 663696/MG, Rel. Min. Luiz 
Fux, julgado em 28/2/2019 (Info 932). 
(INFO 1027) A concessão de pensão vitalícia à viúva, à companheira 
e a dependentes de prefeito, vice-prefeito e vereador, falecidos no 
exercício do mandato, não é compatível com a Constituição Federal 
(CF). 
Os cargos políticos do Poder Legislativo e do Poder Executivo municipal 
têm caráter temporário e transitório, motivo pelo qual não se justifica a 
concessão de qualquer benefício a ex-ocupante do cargo de forma 
permanente, sob pena de afronta aos princípios da impessoalidade, da 
moralidade pública e da responsabilidade com gastos públicos. Ademais, 
desrespeita o princípio republicano e o princípio da igualdade a outorga 
de tratamento diferenciado a determinado indivíduo, sem que esteja 
presente o fator de diferenciação que justificou sua concessão na origem. 
Outros precedentes: O STF já analisou casos semelhantes de pensão 
vitalícia: Lei municipal a versar a percepção, mensal e vitalícia, de 
“subsídio” por ex-vereador e a consequente pensão em caso de morte não 
é harmônica com a Constituição Federal de 1988. STF. Plenário. RE 
638307/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/12/2019 
(Repercussão Geral – Tema 672) (Info 964). 
36 
 
O Supremo Tribunal tem afirmado que a instituição de prestação 
pecuniária mensal e vitalícia a exgovernadores, comumente designada 
sob o nomen juris “subsídio”, corresponde à concessão de benesse que 
não se compatibiliza com a Constituição Federal (notadamente com o 
princípio republicano e o princípio da igualdade, consectário daquele), 
por desvelar tratamento diferenciado e privilegiado sem fundamento 
jurídico razoável, com ônus aos cofres públicos, em favor de quem não 
exerce função pública ou presta qualquer serviço à administração, sendo 
também inconstitucionais prestações de mesma natureza concedidas aos 
cônjuges supérstites dos ex-mandatários. STF. Plenário. ADI 3418, Rel. 
Min. Dias Toffoli, julgado em 20/09/2018. 
Os que foram beneficiados com esse “subsídio” ou com a “pensão” 
dele decorrente terão que devolver as quantias que receberam antes 
do STF declarar inconstitucional a previsão? O STF, em outra 
oportunidade, já afirmou que não. Em 2019, a Corte decidiu que: Não é 
necessária a devolução dos valores percebidos até o julgamento da ação. 
Isso por conta dos princípios da boa-fé, da segurança jurídica e, ainda, 
da dignidade da pessoa humana. STF. Plenário. ADI 4545/PR, Rel. Min. 
Rosa Weber, julgado em 5/12/2019 (Info 962). 
(INFO 1030) A Lei nº 9.986/2000 dispõe sobre a gestão de recursos 
humanos das Agências Reguladoras. Os art. 8º-A prevê algumas 
pessoas que são proibidas de integrar o Conselho Diretor ou a Diretoria 
Colegiada das agências reguladoras. Veja as hipóteses dos incisos III e 
VII: Art. 8º-A. É vedada a indicação para o Conselho Diretor ou a Diretoria 
Colegiada: III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical; VII - 
de membro de conselho ou de diretoria de associação, regional ou 
nacional, representativa de interesses patronais ou trabalhistas ligados 
às atividades reguladas pela respectiva agência. O STF declarou que 
esses incisos são constitucionais. É constitucional dispositivo legal 
que veda a indicação de pessoa que exerça cargo em organização 
sindical ou que seja membro de conselho ou diretoria de associação 
patronal ou trabalhista para a alta direção das agências reguladoras. 
37 
 
STF. Plenário. ADI 6276/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
17/9/2021 (Info 1030). 
(INFO 1037) A Lei não pode estipular um prazo para que o chefe do 
Poder Executivo faça a sua regulamentação. 
Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de legislação 
estadual que estabelece prazo para o chefe do Poder Executivo apresentar 
a regulamentação de disposições legais. Exemplo: Art. 9º O Chefe do 
Poder Executivo regulamentará a matéria no âmbito da Administração 
Pública Estadual no prazo de 90 dias. Essa previsão é inconstitucional. 
STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 
12/11/2021 (Info 1037). 
Compete, com exclusividade, ao chefe do Poder Executivo examinar a 
conveniência e a oportunidade para desempenho das atividades 
legislativas e regulamentares que lhe são inerentes. Assim, qualquer 
norma que imponha prazo certo para a prática de tais atos configura 
indevida interferência do Poder Legislativo em atividade própria do Poder 
Executivo e caracteriza intervenção na condução superior da 
Administração Pública. 
(INFO 1039) A EC 41/2003 alterou o inciso XI do art. 37 e permitiu 
que os Estados, DF e Municípios instituíssem subtetos diferentes da 
União; essa previsão não viola o princípio da isonomia. 
A CF/88 prevê, em seu art. 37, XI, o chamado “teto remuneratório”, ou 
seja, o valor máximo que os agentes públicos podem receber no país. A 
EC nº 41/2003 alterou a redação desse inciso XI e permitiu que os 
Estados, DF e Municípios instituíssem subtetos estaduais e municipais, 
diferentes do teto da União. 
A instituição de subtetos remuneratórios com previsão de limites 
distintos para as entidades políticas, bem como para os Poderes, no 
âmbito dos Estados e do Distrito Federal não ofende o princípio da 
isonomia. A isonomia, em seu sentido material, significa tratar 
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. A autorização para a 
38 
 
instituição de tetos diferenciados para União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios tem por objetivo permitir que os entes federativos limitem a 
remuneração do serviço público com base em suas respectivas realidades 
financeiras. Existem singularidades materiais e funcionais nos diversos 
estratos do poder público, de modo que é legítima a instituição de tetos 
de remuneração particularizados a cada situação peculiar. Essa 
permissão, na verdade, prestigia a autonomiados entes federados e a 
separação de poderes na medida em que poderão solucionar – conforme 
a peculiaridade de cada um – os limites máximos de remuneração do seu 
pessoal. STF. Plenário. ADI 3855/DF eADI 3872/DF, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgados em 26/11/2021 (Info 1039). 
Teto remuneratório: A CF/88 prevê, em seu art. 37, XI, o chamado “teto 
remuneratório”, ou seja, o valor máximo que os agentes públicos podem 
receber no país. O objetivo do constituinte foi o de evitar que alguns 
agentes públicos recebessem os chamados “supersalários”, que são 
incompatíveis com o serviço público. Além de um teto geral (nacional), o 
dispositivo constitucional prevê limites específicos para o âmbito dos 
Estados e Municípios (chamados de subtetos). O teto geral do serviço 
público no Brasil é o subsídio dos Ministros do STF que, atualmente, está 
em R$ 39.293,32 (bruto), conforme prevê a Lei nº 13.752/2018. 
A quem se aplica o teto? O teto é aplicado aos agentes públicos 
independentemente do tipo de vínculo: estatutário, celetista, temporário, 
comissionado, político. 
O teto vale também para a Administração direta e indireta? 
• Agentes públicos da administração direta: SEMPRE 
• Agentes públicos das autarquias e fundações: SEMPRE 
• Empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia 
mista: o teto somente se aplica se a empresa pública ou a sociedade de 
economia mista receber recursos da União, dos Estados, do DF ou dos 
Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em 
geral (art. 37, § 9º). 
39 
 
Quais as parcelas incluídas nesse limite? Regra: o teto abrange todas 
as espécies remuneratórias e todas as parcelas integrantes do valor total 
percebido, incluídas as vantagens pessoais ou quaisquer outras. 
Exceções: Estão fora do teto as seguintes verbas: 
a) parcelas de caráter indenizatório previstas em lei (§ 11 do art. 37); 
b) verbas que correspondam aos direitos sociais previstos no art. 7º c/c 
o art. 39, § 3º da CF/88, tais como 13º salário, 1/3 constitucional de 
férias etc.; 
c) quantias recebidas pelo servidor a título de abono de permanência em 
serviço (§ 19 do art. 40); 
d) remuneração em caso de acumulação legítima de cargos públicos (STF 
RE 612975/MT). Ex.: se determinado Ministro do STF for também 
professor da UnB, ele irá receber seu subsídio integral como Ministro e 
mais a remuneração decorrente do magistério. Nesse caso, o teto seria 
considerado especificamente para cada cargo, sendo permitido que ele 
recebesse acima do limite previsto no art. 37, XI da CF/88, se 
considerarmos seus ganhos globais. 
Os proventos recebidos pelo agente público aposentado também 
estão submetidos ao teto? SIM. A redação do art. 37, XI, menciona 
expressamente os proventos. 
Teto NACIONAL: subsídio dos Ministros do STF Ninguém poderá receber 
acima desse valor; as Constituições estaduais e leis orgânicas podem 
fixar subtetos para Estados/DF e Municípios; tais subtetos também 
deverão respeitar o teto nacional. 
Subteto na União: Subsídio dos Ministros do STF. 
Subteto nos Estados/DF: Existem duas opções: 
A) Opção 1 (subtetos diferentes para cada um dos Poderes): 
Executivo: subsídio do Governador. 
40 
 
Legislativo: subsídio dos Deputados Estaduais. 
Judiciário (inclui MP, Defensoria e Procuradoria): subsídio dos 
Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, em 
espécie, dos Ministros do STF.* 
Opção 2 (subteto único para todos os Poderes): o valor máximo seria o 
subsídio dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio 
mensal, em espécie, dos Ministros do STF.* 
O subsídio dos Deputados Estaduais/Distritais seguirá regras próprias 
(§ 2º do art. 27), não estando sujeito ao subsídio dos Desembargadores 
mesmo que se adote esta 2ª opção. 
Vale ressaltar que quem define se o Estado-membro adotará subtetos 
diferentes ou único é a Constituição estadual. 
* A CF/88 dá a entender que os Desembargadores e os juízes estaduais 
não poderiam nunca receber mais que 90,25% do subsídio do Ministro 
do STF. O STF, contudo, declarou que esta interpretação é 
inconstitucional (STF ADI 3.854). O STF entendeu que é inconstitucional 
estabelecer um subteto unicamente para a magistratura estadual 
(90,25% do STF) considerando que o inciso XI não prevê esse mesmo 
subteto para a magistratura federal. O tratamento entre os magistrados 
deve ser isonômico considerando que se trata de uma carreira nacional. 
Vale ressaltar, no entanto, que o limite de 90,25% do subsídio dos 
Ministros do STF aplica-se sim para os servidores do Poder Judiciário 
estadual (na opção 1) e para os servidores dos três Poderes estaduais (na 
opção 2). 
Subteto nos Municípios: Subsídio do Prefeito 
Obs: os procuradores municipais estão submetidos ao teto de 90,25% do 
subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF. 
De acordo com o modelo constitucional vigente, os Estados-membros/DF 
devem: a) observar o sistema dos subtetos aplicáveis no âmbito de cada 
um dos Poderes (art. 37, XI, da CF); ou b) optar por instituir um limite 
41 
 
remuneratório único para os servidores estaduais. Ao optar por instituir 
um limite único, os Estados-membros devem adotar como parâmetro 
remuneratório máximo o subsídio mensal dos desembargadores do 
respectivo Tribunal de Justiça, que está limitado a 90,25% do subsídio 
mensal dos ministros do STF (art. 37, § 12, da CF/88). 
Assim, a CF/88 autoriza que os Estados-membros adotem uma de duas 
opções: 
• a opção 1 é chamada pelo STF de modelo geral; 
• a opção 2 é mencionada como sendo modelo facultativo. Trata-se de 
discricionariedade do Estado-Membro/DF, que analisará politicamente a 
conveniência e a oportunidade. 
Modelo geral (opção 1): O modelo geral está disciplinado no art. 37, XI, 
da CF/88, na redação dada pela EC nº 41/03. Esse critério estipula um 
teto remuneratório a ser observado em âmbito nacional (correspondente 
ao subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal) e define limites setoriais, conhecidos como subtetos, aplicáveis 
a cada um dos Poderes estatais, sendo, nos Estados-membros e no 
Distrito Federal, o subsídio mensal dos Governadores, no Poder 
Executivo; dos Deputados estaduais ou distritais, no Poder Legislativo; e 
dos Desembargadores dos Tribunais de Justiça, no Poder Judiciário, 
limitados a 90,25% do Subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do 
STF, inclusive para os membros do Ministério Público, da Defensoria 
Pública e das Procuradorias estaduais. 
Modelo facultativo (opção 2): De outro lado, a Constituição Federal, no 
art. 37, § 12, com redação dada pela EC nº 47/05, facultou aos Estados-
membros e ao Distrito Federal, mediante Emenda à Constituição 
estadual ou à Lei Orgânica distrital, a adoção de critério diverso, em 
substituição aos parâmetros estipulados pelo art. 37, XI, da CF. Esse 
modelo opcional consiste na estipulação de um limite único, aplicável aos 
agentes públicos estaduais de todos os Três Poderes, com exceção apenas 
dos Deputados estaduais (incluídos, portanto, os demais servidores 
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vinculados ao Poder Legislativo estadual), correspondente ao valor do 
subsídio mensal dos Desembargadores dos Tribunais de Justiça, limitado 
a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do STF. 
(INFO 1041) Inexiste direito adquirido à diferença de correção 
monetária dos saldos das contas vinculadas ao FGTS referente ao 
Plano Collor II (fevereiro de 1991), conforme entendimento firmado 
no RE 226.855, o qual não foi superado pelo julgamento do RE 
611.503 (Tema 360). 
8. DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
(INFO 1021) Em respeito ao princípio da separação dos poderes, 
previsto no art. 2º da Constituição Federal, quando não 
caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes 
ao processo legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o 
controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do 
alcance

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