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Unidade de Aprendizagem 1:
Introdução À Literatura.
RECOMENDAÇÕES DE ESTUDO
Ao final desta unidade de aprendizagem espera-se que você consiga
[EM13LP49] perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes
gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a
manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo nos poemas, a
múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política
e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os
diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura; e
[EM13LP50] analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de
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diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de
momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes
em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam.
Nesta aula você desenvolverá as seguintes competências:
● Repertório Cultural
● Trabalho e projeto de vida
● Campo artístico-literário
Após o seu estudo, assista aos vídeos recomendados no repertório cultural,
além de realizar a atividade e responder ao exercício.
Esta unidade dispõe de vídeo aulas, não deixe de assisti-las.
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1. um Pouco de Teoria Sobre a
Ideia de Literatura.
De acordo com a definição de apresentação da leitura da professora
Fernanda Marinho, “a Literatura é uma arte produzida com palavras. Sua
definição específica depende de questões diversas, tais quais de ordem social,
histórica, cultural etc.”
Ainda segundo a professora, “A Literatura está presente em todas as
civilizações, das mais antigas tribos até no cotidiano das grandes cidades
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contemporâneas”. Ela afirma que “Seja nos livros clássicos, seja nos muros das
capitais, manifestações verbais podem ser consideradas expressões literárias”.
Etimologicamente podemos dizer que Literatura está relacionada com as
letras, com a palavra, pois se prende ao que Tristão de Ataíde definiu como
literatura: a arte da palavra.
Atualmente, podemos encontrar vários conceitos de literatura, em sentido
restrito, como por exemplo, o de Fidelino de Figueiredo: “Arte literária é,
verdadeiramente, a ficção, a criação de supra-realidade, com os dados
profundos, singulares e pessoais da intuição do artista".
De acordo com o professor Massaud Moisés a "Literatura é a expressão
dos conteúdos da ficção, ou da imaginação, por meio de palavras de sentido
múltiplo e pessoal".
Observa-se que ambos os conceitos têm, em comum, o fato de considerarem
como literatura apenas a ficção ou supra-realidade. Ora, neste ponto, uma
questão se impõe: O que é Literatura?
A literatura surge do incômodo, do estranhamento, do desconforto do
escritor ou da escritora com a realidade, com o estar no mundo. De sua
sensibilidade, de seus códigos culturais com os quais concorda ou dos quais
discorde e aos quais pretende modificar, denunciar. O artista cria uma realidade
imaginária, a ficção, conforme sua vivência, seu talento e sua sensibilidade.
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A Literatura é uma arte, é uma ciência em si mesma. Trabalha questões
estéticas, filosóficas, formais da linguagem, dos sentidos e dos efeitos que a
linguagem e as diversas formas de manifestação humana através da palavra
escrita e da oralidade podem provocar nas sociedades e nos indivíduos. É uma
forma de arte afim com outras artes, com determinadas ciências e intimamente
ligada à Filosofia, que através da Estética e da Psicologia fornece elementos que
ajudam a criação e a interpretação literária.
2. Poesia e Cultura.
A poesia é uma das vertentes e expressões mais populares da arte literária. Ao
lado do romance, do conto, da novela, da crônica, do teatro, das letras de música,
integra uma inesgotável fonte das inquietações, dos sentimentos e da sensibilidade
do espírito humano desde os tempos imemoriais. A literatura surge como
necessidade humana de expressão e forma de comunicação desde os primeiros
grupos de seres humanos. Primeiramente, a partir dos relatos, gestos recriando
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percursos até as primeiras palavras e a narrativa de sua própria existência e de
suas aventuras e trajetória aos de seu grupo social. E desde então evoluiu e se
fixou com a invenção do alfabeto, da escrita, da imprensa... A cultura de um povo,
qualquer que seja ele, é passível de expressão e de grande representatividade
através de sua língua e de sua Literatura.
LEIA O POEMA CANÇÃO DO EXÍLIO, DE ANTÔNIO GONÇALVES DIAS, UM
DOS POEMAS MAIS CONHECIDOS EM LITERATURA BRASILEIRA:
CANÇÃO DO EXÍLIO GONÇALVES DIAS (1823-1864)
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amorosa.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Cinco estrelas. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001. Coleção Literatura em Minha Casa.
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A LINGUAGEM LITERÁRIA CONOTAÇÃO, DENOTAÇÃO, CONTEÚDO, FORMA
Acrescentamos, também, que a linguagem literária é polivalente; é
profundamente conotativa. A palavra dentro de um contexto, relacionada a
outros termos, pode sofrer aumento ou diminuição de significado. A este
significado que a palavra adquire no texto chamamos conotação.
Por outro lado, a palavra pode ter um significado comum, facilmente
encontrado no dicionário. Neste sentido, temos a denotação, que é própria da
linguagem intelectiva, embora seja encontrada também numa obra literária.
Através de uma linguagem conotativa, poética, o escritor cria uma
realidade imaginária que constitui o corpo de uma obra literária. E esta se
realiza, sobretudo, através da conjugação de forma e conteúdo.
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Conteúdo ou Fundo: É a mensagem da obra; as ideias que o autor
procura transmitir.
Forma: São os recursos utilizados na construção do texto, ou seja: a
sintaxe, a sonoridade, as imagens, o ritmo, etc.
Os elementos essenciais da obra literária, formae conteúdo, são
inseparáveis. Enquanto a forma envolve aspectos linguísticos e gráficos do
texto, o conteúdo envolve o significado do mesmo.
LEIA O CONTO DO ESCRITOR BRASILEIRO MACHADO DE ASSIS
UM APÓLOGO
MACHADO DE ASSIS
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
● Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para
fingir que vale alguma coisa neste mundo?
● Deixe-me, senhora.
● Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um
ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na
cabeça.
● Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. A agulha
não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que
Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
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● Mas você é orgulhosa.
● Decerto que sou.
● Mas por quê?
● É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem
é que os cose, senão eu?
● Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que
quem os cose sou eu, e muito eu?
● Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao
outro, dou feição aos babados...
● Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando
por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
● Também os batedores vão adiante do imperador.
● Você é imperador?
● Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno,
indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho
obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei
se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao
pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou
da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e
outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas,
entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana - para dar a isto
uma cor poética. E dizia a agulha:
● Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara
que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui
entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
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A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era
logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está
para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta,
calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não
se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a
costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no
outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a
vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto
necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado
ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha,
para mofar da agulha, perguntou-lhe:
● Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa,
fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com
ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da
costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
● Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça
grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
● Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que
vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faz como
eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse,
abanando a cabeça: – Também eu tenho servido de agulha a muita linha
ordinária!
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CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO
Uma das características básicas do texto literário é o fato de não apontar
apenas para uma única interpretação. A linguagem literária pode gerar mais de
um sentido, admitindo, assim, várias interpretações, desde que sejam coerentes
e justificadas dentro do texto.
É possível que haja mais de uma possibilidade de interpretação, mas não
é aceita qualquer explicação que não possa ser demonstrada com argumentos
dentro do próprio texto. Interpretar não é dar opinião é encontrar os sentidos
possíveis que estejam presentes a partir da análise literária.
E isso ocorre porque a literatura explora o efeito conotativo das palavras.
Vejamos alguns exemplos que vão ajudá-lo a entender mais facilmente em que
consiste a conotação:
O homem mergulhou no rio.
O homem mergulhou numa profunda tristeza.
As águas do rio fazem um grande barulho.
As águas do rio gritam sua agonia no fundo do vale.
É bastante fácil reconhecer que em (a) e (c) as palavras foram usadas em
seu sentido habitual. Em (b) e (d), entretanto, certas palavras nunca seriam
explicadas adequadamente pelo dicionário: só o contexto da frase é que pode
explicar-nos seu significado próprio, pois elas foram usadas de modo bem
subjetivo.
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A essa capacidade que as palavras têm de apresentar uma riqueza de
significados, dependendo do contexto em que se encontram, dá-se o nome de
conotação ou efeito conotativo da linguagem.
Ao emprego das palavras em seu sentido comum e previsível, dá-se o
nome de denotação ou sentido denotativo. Embora, não exclusivamente, é no
texto literário que mais se faz presente a conotação.
Prosa: é a expressão literária que se efetua sem versos. Com
personagens, diálogos, narrador, tempo, espaço, com conflitos que se
desenvolvem ao longo dos parágrafos.
Poema: é a expressão literária que se efetua através de imagens, sons,
metáforas, representação de uma voz, de um sentimento que pode ou não ser
coincidente com o do autor ou autora do texto. O poeta ou a poetisa podem
emprestar sua sensibilidade, sua observação do mundo e dar voz em seus
poemas desde uma criança, um idoso ou idosa, um homem ou mulher, um
animal, alguém que já morreu, uma árvore, uma pedra... que se expressem,
independente do sexo do autor ou autora. É a ficção, a criatividade, a
sensibilidade do poeta que dão a ele essa liberdade. Até mesmo para inventar
palavras. Desde que, é claro, seja possível para o seu leitor, posteriormente,
entender, compreender o sentido do que o poeta quis dizer.
É possível, inicialmente, deduzir que prosa é a forma de expressão
contida através de orações, períodos e parágrafos, numa construção de
começo a fim de linha. Nesta construção, a unidade verso não existe. O poema
é a concretização da expressão em verso. Verso é a linha do poema.
A atmosfera de beleza da própria mensagem que cria uma realidade
própria, é a poesia, que pode, então, instalar-se tanto num texto em prosa,
como num texto em verso.
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3. A Narrativa Literáriae a Não Literária.
Os fatos da vida constituem pontos de partida para a colaboração de
narrativas de vários tipos. Há narrativas que procuram reproduzir, com a maior
fidelidade possível, um fato ocorrido na vida real; é o texto não-literário.
E há, por outro lado, narrativas que são livres criações de seus autores, que
não têm como preocupação principal reproduzir algum fato comprovadamente
ocorrido; é o texto literário.
4. A Leitura do Texto Literário.
A Literatura não tem uma única leitura; Cada leitura, ainda que do mesmo
leitor, revela-se nova, outra, sob novo aspecto, em cada leitura repetida de um
mesmo texto. A cada leitura o leitor é mobilizado para uma experiência.
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5. A Linguagem Do Texto Literário.
No uso da linguagem prevalece a escolha da palavra. O autor confere novos
sentidos, enriquece o texto e coloca nele algo muito pessoal - seu estilo.As
palavras são escolhidas:
Pela variação dos significados (polissemia = poli = muitos + semia= sentidos =
muitos sentidos);
Pela combinação dos sons (rimas, assonância, etc...). Pelo sentido (conotação,
plurissignificação).
A linguagem literária é expressa por elementos verbais e não-verbais. Os
elementos não-verbais são palavras ou figuras que expressam sensações sonoras,
auditivas etc.
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Unidade de Aprendizagem 2:
Estilos De Época: O
Pré-modernismo.
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gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a
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e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os
diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura; e
[EM13LP50] analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de
diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de
momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes
em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam.
Nesta aula você desenvolverá as seguintes competências:
● Repertório Cultural
● Trabalho e projeto de vida
● Campo artístico-literário
Após o seu estudo, assista aos vídeos recomendados no repertório cultural,
além de realizar a atividade e responder ao exercício.
Esta unidade dispõe de vídeo aulas, não deixe de assisti-las.
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1. Estilos De Época: O Pré-modernismo.
Objetivos:
Apresentar os padrões estéticos e algumas obras do Pré-Modernismo no Brasil.
Identificar as características literárias e temáticas que marcaram as duas
primeiras décadas da Literatura brasileira.
1. LEIA O TEXTO A SEGUIR
O texto a seguir é um conto de humor. Um dos mais conhecidos da
Literatura brasileira.
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O HOMEM NU – FERNANDO SABINO (1923-2004)
O Homem Nu
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão,
vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe
dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir
rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto
aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele
bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para
tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava,
resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para
apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um
lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho
deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não
podia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás
de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la,
ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água
do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher
pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o
ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
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Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou
que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a
segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos,
regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma
pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco
e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se
esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta
e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um
lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o
embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a
descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com
ele ali, em pelo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu,
desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu
apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se
naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os
andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a
momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do
seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada:
"Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela
desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o
elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta,
já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
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Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando
inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento
vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que
era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se
lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora,
bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.
2. POESIA E CULTURA
A TERRA É NOSSA – PATATIVA DO ASSARÉ (1909-2002)
A TERRA É NOSSA
A terra é um bem comum
Que pertence a cada um.
Com o seu poder além,
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Deus fez a grande Natura
Mas não passou escritura
Da terra para ninguém.
Se a terra foi Deus quem fez,
Se é obra da criação,
Deve cada camponês
Ter uma faixa de chão.
Quando um agregado solta
O seu grito de revolta,
Tem razão de reclamar.
Não há maior padecer
Do que um camponês viver
Sem terra pra trabalhar.
O grande latifundiário,
Egoísta e usurário,
Da terra toda se apossa
Causando crises fatais
Porém nas leis naturais
Sabemos que a terra é nossa.
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3. O PRÉ-MODERNISMO NO
BRASIL
Momento Histórico
O Pré-Modernismo não é propriamente um estilo de época. Essa foi uma
denominação didático-pedagógica dada à literatura feita no Brasil no início do
século XX. Enquanto se registrava a agonia da prática
realista-naturalista-parnasiana, percebe-se a afirmação do Simbolismo e de
uma outra literatura ligada à tradição realista, mas com fortes traços do
Modernismo posterior.
O Pré-Modernismo, portanto, resulta da simultaneidade de vários estilos,
mas com um profundo senso crítico na revelação das tensões da realidade
brasileira.
Para que se tenha um perfil panorâmico desse tempo e se perceba como o
Brasil estava envolvido por constante tensão, basta que se citem os seguintes
acontecimentos:
● Na Bahia, a Guerra de Canudos (1896-1897);
● No Nordeste, o fenômeno do Cangaço que se inicia em 1900;
● No Rio de Janeiro, a revolta contra a vacina obrigatória. (1904 –
Febre amarela);
● Em São Paulo (1917), greves gerais de operários por melhores
salários e condições de trabalho;
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● Enorme contingente de imigrantes italianos, alemães e japoneses
para estas terras tropicais.
Registrava-se, também, uma série de conflitos com diferentes aspectos,
em alguns estados brasileiros.
Esse Brasil de conflitos na mudança de século e nas duas primeiras
décadas do século XX aparece reproduzido na prosa de Euclides da Cunha, Lima
Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e na poética do singular Augusto dos
Anjos.
AUTORES E OBRAS
Augusto Dos Anjos (1884-1914)
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, paraibano do Engenho de Pau
D'Arco (1884), foi advogado, mas preferiu ser professor de Língua Portuguesa e
Literatura Brasileira na sua terra e no Rio de Janeiro, onde fixou residência
depois de formado. Fisicamente de aspecto doentio, Augusto dos Anjos era tido
como solitário, amargo e profundamente neurótico. Morreu de pneumonia, em
1914.
O livro de poemas Eu (1912), é um dos livros considerados mais
controversos e sombrios, em termos de linguagem, na poesia brasileira. Com
uma visão extremamente crítica do mundo e da própria vida: “Ah, um urubu
pousou na minha sorte.”. Utiliza palavras de compreensão, por vezes, complexa
para o leitor acostumado ao lirismo e às palavras consideradas nobres do
parnasianismo ou melodiosas do simbolismo.
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VERSOS ÍNTIMOS – AUGUSTO DOS ANJOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera
-
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra
miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do
escarro,
A mão que afaga é a mesma que
apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua
chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos põe no cemitério da vida, vermes, a “mosca azul da
putrefação”, a luz sombria das cidades onde se amontoam os todos os infelizes,
discriminados, miseráveis, fragilizados socialmente. Sua poesia tem certa
escatologia, que significa que discute o fim inevitável de todas as coisas e que
traz em si mesmo aspectos que esteticamente são incômodos e difíceis de
descrever e presenciar. E seus versos tendem a chocar os mais conservadores de
sua época.
Nos seus poemas misturam-se Parnasianismo, Simbolismo e
todos os “ismos” emergentes na época. Torna-se, assim, o poeta, uma “ave rara”
no universo literário brasileiro. Professor, sempre abordou em suas aulas os
aspectos relacionados à angústia e ao desespero, refletindo sobre o estar no
mundo e catalisando os medos de um mundo no início do século. Explorou
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medos, fobias do ser humano, num período bem anterior à popularização dos
estudos de psicologia no mundo.
EUCLIDES DA CUNHA (1866-1909)
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo - RJ, em 1866.
Formou-se em Matemática e Ciências Físicas na Escola Superior de Guerra.
Exercendo o jornalismo, escreveu o artigo intitulado “A Nossa
Vendeia” (1897), onde escreve comentários sobre os fatos bélicos de Canudos,
considerando-os “uma revolta insuflada por monarquistas renitentes". No mesmo
ano, como correspondente do jornal O Estado de São Paulo, vai a Canudos, na
Bahia. Lá permanece durante três meses e, de volta, põe-se a escrever Os
Sertões (1902), tarefa de quatro anos, em que muda radicalmente a opinião
sobre os motivos da guerra.
Euclides da Cunha torna-se professor do
Colégio Dom Pedro II. Nessa época,
suspeitando de que estivesse sendo traído
pela esposa Ana Solon, em 15 de outubro
de 1909, dirige-se à casa dos irmãos
Dilermando e Dinorah de Assis, militares;
lá, em uma briga, é assassinado.
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TRECHOS SELECIONADOS DE OS SERTÕES, DE
EUCLIDES DA CUNHA
A TERRA
[...] Ao sobrevir das chuvas, a terra, como vimos, transfigura-se em
mutações fantásticas, contrastandocom a desolação anterior. Os vales secos
fazem-se rios [...] A vegetação recama de flores, [...] Novos tons na paisagem: a
transparência do espaço salienta as linhas mais ligeiras, em todas as variantes
da forma e da cor. Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul carregado
dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante o expandir revivescente da terra. E o
sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se
acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do
solo; [...]
O HOMEM
[...] O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo
dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro
lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a
estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado,
torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O
andar sem firmeza, sem aprumo, [...] Caminhando, mesmo a passo rápido, não
traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear
característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas
sertanejas. [...] É o homem permanentemente fatigado."
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A LUTA
[...] Concluídas as pesquisas nos arredores, e recolhidas as armas e
munições de guerra, os jagunços reuniram os cadáveres que jaziam esparsos em
vários pontos. Decapitaram-nos. Queimaram os corpos. Alinharam depois, nas
duas bordas da estrada, as cabeças, regularmente espaçadas, fronteando-se,
faces volvidas para o caminho. Por cima, nos arbustos marginais mais altos,
dependuraram os restos de fardas, calças e dólmãs multicores, selins, cinturões,
quepes de listras rubras, capotes, mantas, cantis e mochilas... [...] Era
assombroso... Como um manequim terrivelmente lúgubre, o cadáver
desaprumado, braços e pernas pendidos, oscilando à feição do vento no galho
flexível e vergado, aparecia nos ermos feito uma visão demoníaca."
Trechos extraídos do livro "Os Sertões".
Na primeira parte – A Terra – Euclides da Cunha promove um rigoroso
levantamento das condições geográficas brasileiras, notadamente do Nordeste.
Para isso, contribui a sua sólida formação de engenheiro militar, bem como os
aprofundados estudos de Geologia, de Botânica e de Etnologia que
desenvolvera. Faz um verdadeiro tratado científico com trechos de grande
beleza literária.
Na segunda parte - O Homem – Euclides da Cunha faz um levantamento
psicossociológico do homem brasileiro, notadamente do nordestino. Chama a
este de “Hércules-Quasímodo” para qualificar sua figura ao mesmo tempo forte
e débil, atlética e aleijada, vítima da terra madrasta.
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Na terceira parte - A Luta – É a mais importante do livro, em que
Euclides da Cunha narra as várias expedições militares para sufocar a rebelião
do Arraial de Canudos.
Em 1896, Canudos reunia uma população de 20.000 habitantes, todos
provenientes das regiões miseráveis do Nordeste. Carismático, Antônio Maciel, o
Conselheiro, cearense, foi o profeta e o inspirador da rebelião de Canudos. Dizia
que o mundo acabaria em 1900, que o sertão iria virar mar (hoje, a região é
coberta pela Barragem de Sobradinho), que a República era sinônimo de pecado
etc.
É preciso observar que Euclides da Cunha estruturou Os Sertões,
propositadamente, em três partes: “A Terra”, “O Homem”, “A Luta”. Isso quer
dizer que só falaria da Guerra após levantar dados geográficos e culturais da
região, em uma proposta de causalidade: Canudos foi o resultado do confronto
de “dois Brasis” - um, rico, latifundiário; outro, abandonado, o miserável.
Lima Barreto (1881-1922)
Afonso Henrique de Lima Barreto nasceu em 1881, no Rio de Janeiro. Teve
vida infeliz e desgraçada. Na infância, o cenário da sua vida foi um hospício,
onde seu pai era zelador. Tentou cursar Engenharia, mas a pobreza o impediu.
Fez-se amanuense do Ministério da Guerra. Enquanto a elite parnasiana tomava
“tea" na Confeitaria Colombo, Lima Barreto bebia, no Café Papagaio. Alcoólatra,
chegou à loucura e foi internado várias vezes por isso. Morreu vítima de
alucinações e do alcoolismo, em 1922.
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Obras De Lima Barreto
Lima Barreto escreveu contos, crônicas e romances. Entre suas
principais obras destacam-se:
● Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909)
● Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
● Numa e ninfa (1915)
● Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919)
● Os bruzundangas (1923)
● Clara dos Anjos (1948)
● Diário Íntimo (1953)
● Cemitério dos Vivos (1956)
Triste Fim De Policarpo Quaresma (1911)
Lima Barreto é considerado um dos melhores narradores da literatura
brasileira. Despiu-se da linguagem requintada da época para utilizar-se de outra
linguagem mais jornalística e panfletária, pois estava mais preocupado em
retratar a vida dos subúrbios cariocas. Detestava as altas rodas sociais. Seus
personagens foram os humildes funcionários públicos, os alcoólatras, os
fracassados, os humilhados, os miseráveis, os obscuros, os pobres-diabos cujos
pensamentos, sensações e modo de vida aparecerão principalmente em
Recordações do Escrivão Isaías Caminha e em Clara dos Anjos. A obra-prima de
Lima Barreto é Triste Fim de Policarpo Quaresma.
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TRECHO DA OBRA TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA (1911)
[...] Dessa maneira, Ricardo Coração dos Outros gozava da estima geral da
alta sociedade suburbana. É uma alta sociedade muito especial e que só é alta
nos subúrbios. Compõe-se em geral de funcionários públicos, de pequenos
negociantes, de médicos com alguma clínica, de tenentes de diferentes milícias,
nata essa que impa pelas ruas esburacadas daquelas distantes regiões, assim
como nas festas e nos bailes, com mais força que a burguesia de Petrópolis e
Botafogo. Isto é só lá, nos bailes, nas festas e nas ruas, onde se algum dos seus
representantes vê um tipo mais ou menos, olha-o da cabeça aos pés,
demoradamente, assim como quem diz: aparece lá em casa que te dou um prato
de comida. Porque o orgulho da aristocracia suburbana está em ter todo dia
jantar e almoço, muito feijão, muita carne-seca, muito ensopado — aí, julga ela,
é que está a pedra de toque da nobreza, da alta linha, da distinção. [...]
Monteiro Lobato (1882-1948)
José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté - SP, em 1882. Foi advogado,
fazendeiro e adido cultural do Brasil nos EUA. A sua luta incansável pela
necessidade da exploração do petróleo em terras brasileiras valeu-lhe a prisão e
o exílio. Morreu em São Paulo, em 1948. Suas principais obras são: As obras de
Lobato que mais se destacaram foram:
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● Urupês, 1918
● O Saci, 1921
● Narizinho Arrebitado,1921
● Fábulas, 1922
● O Marquês de Rabicó, 1922
● As Aventuras de Hans Staden, 1927
● Peter Pan,1930
● Reinações de Narizinho,1931
● Caçadas de Pedrinho, 1933
● Emíliano País da Gramática, 1934
● Geografia de Dona Benta, 1935
● Dom Quixote das Crianças, 1936
● Histórias de Tia Nastácia, 1937
● O Poço do Visconde, 1937
● O Pica-pau Amarelo, 1939
Monteiro Lobato é considerado um grande escritor de histórias infantis. No
século XXI, no entanto, sua obra precisa ser lida com ressalvas quanto a
determinados termos racistas utilizados na descrição dos personagens.
Principalmente na obra Sítio do Pica-pau Amarelo (uma chácara imaginária), ele
colocou personagens antológicas como a boneca Emília, Narizinho, Pedrinho,
Dona Benta, tia Anastácia, Rabicó, o Visconde, tio Barnabé, o Saci-pererê, a
Cuca, o Minotauro e muitos outros, misturando realidade e fantasia em doses
sábias. Monteiro Lobato soube lidar com o universo mental das crianças
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empregando mitos do folclore mundial que convivem, harmoniosamente, com os
mitos das histórias populares e infantis brasileiras.
Considera-se, também, Monteiro Lobato da literatura adulta, polêmico,
criador de textos regionalistas que retratam o universo rural paulista com
meticulosidade e precisão. Construiu o Jeca Tatu, um símbolo do caboclo –
preguiçoso, na primeira versão é doentio e subnutrido nas demais versões – a
ponto de se tornar uma das figuras literárias mais populares do Brasil.
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Unidade de Aprendizagem 3:
Literaturas em Língua
Portuguesa: Portugal E Países
Africanos.
RECOMENDAÇÕES DE ESTUDO
Ao final desta unidade de aprendizagem espera-se que você consiga
[EM13LP50] analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de
diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de
1
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momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes
em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam; [EM13LP52] analisar
obras significativas das literaturas brasileiras e de outros países e povos, em
especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em
ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos
discursivos) ou outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais,
considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros
textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como
dialogam com o presente.
Nesta aula você desenvolverá as seguintes competências:
● Repertório Cultural
● Trabalho e projeto de vida
● Campo artístico-literário
Após o seu estudo, assista aos vídeos recomendados no repertório cultural,
além de realizar a atividade e responder ao exercício.
Esta será ministrada em uma aula presencial, em dia e horário agendados
previamente.
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1. Literaturas em Língua Portuguesa:
Portugal E Países Africanos.
Objetivos:
Apresentar um panorama de introdução às Literaturas lusófonas
Reconhecer autores e obras das Literaturas de Portugal e dos países africanos
A MENINA QUE COLECIONAVA ESPANTOS
(JOSÉ EDUARDO AGUALUSA)
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A MENINA QUE COLECIONAVA ESPANTOS*
JOSÉ EDUARDO AGUALUSA
Desde bebé que Kalumba-Tubia conversa com vaga-lumes. Na verdade,
com todo o tipo de animais, mas especialmente com aqueles capazes de voar.
No início, os pais riam-se muito ao ouvi-la dialogar com os pássaros, os besouros
e as borboletas. Depois, começaram a ficar preocupados. Um psicólogo
tranquilizou-os: “Não há nada de errado com a menina. Conversar com os
animais é uma forma que ela encontrou de estabelecer vínculos com o mundo
que a rodeia”.
“Morrer é perder o espanto”, diz o vaga-lume. Kalumba-Tubia estuda
a frase por todos os lados. Não tem a certeza se concorda com o coleóptero.
A noite brilha, lisa e transparente como um globo de vidro, com a
Lua acesa, muito redonda, e constelações rodopiando desamparadas no largo
céu. A menina sabe que atrás das dunas começa uma floresta de arbustos
espinhosos, ainda mais impenetrável do que a pesada escuridão do mar.
Sente-se naquela praia como um molusco em sua concha. Ela que coleciona
conchas, guardando-as em pequenas caixas de vidro no seu quarto, e que tantas
vezes se imagina construindo em torno do seu corpo frágil, camada após
camada de carbonato de cálcio, uma armadura que a proteja dos predadores.
Desde bebé que Kalumba-Tubia conversa com vaga-lumes. Na
verdade, com todo o tipo de animais, mas especialmente com aqueles capazes
de voar. No início, os pais riam-se muito ao ouvi-la dialogar com os pássaros, os
besouros e as borboletas. Depois, começaram a ficar preocupados. Um psicólogo
tranquilizou-os: “Não há nada de errado com a menina. Conversar com os
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animais é uma forma que ela encontrou de estabelecer vínculos com o mundo
que a rodeia. Isso faz com que se sinta segura.”
Anos mais tarde, adolescente, compreendeu que seria melhor
manter essas conversas em segredo. Fez-se mulher e artista (cria instalações que
dançam nas praias, movidas pelo vento) e pouco a pouco o seu corpo secou,
dobrou-se, engelhou-se, mas Kalumba-Tubia nunca deixou de conversar com
bichos e plantas. Também nunca esqueceu a praia da sua infância. Sempre que
se sente mais assustada, fecha os olhos e volta para lá. Em casa – na casa que
construiu numa outra praia, muito distante da primeira –, encheu as paredes
com estantes, e essas muitas estantes com caixinhas de vidro. Milhares de
conchas de todos os formatos, de todas as cores, brilhavam dentro das caixas.
Por vezes perguntavam-lhe:
– Porque colecionar conchas?
Kalumba-Tubia achava a pergunta absurda. Fazia um esforço para
responder delicadamente:
– Porque não posso colecionar o mar.
Na verdade, colecionava conchas para troçar da morte, mas ainda
não sabia disso. Uma noite, vieram homens armados. Quebraram as caixas de
vidro. Lançaram fogo à casa. Kalumba-Tubia saíra para conversar com os
vaga-lumes e só por isso escapou com vida. Nos anos seguintes, reconstruiu a
casa e voltou a enchê-la de conchas.
Duas enfermeiras afadigam-se agora à volta dela. Lavam-na,
penteiam-na, massageiam-lhe os músculos lassos. Conversam uma com a outra
como se ela não estivesse ali:
– Esta não quer morrer – diz a primeira.
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– Quantos anos terá? – quer saber a outra.
– Não faço ideia. É a mais velha do lar. Já era muito velha quando
aqui cheguei.
Kalumba-Tubia escuta-as e sorri para dentro. Está de novo na praia
da sua infância. É a menina que corre na areia, que salta nas ondas, que se
estendede costas nas rochas ásperas, olhando a Lua redonda e as estrelas
zumbindo na madrugada. O vaga-lume pousou-lhe no ombro, “morrer é perder o
espanto”, repete e desvanece-se sem escutar a resposta dela. Se isso for
verdade, não morrerei nunca, pensa a menina, dói-me a alma de tanto espanto.
Kalumba-Tubia olha para os dias, ao longe, como olha para as ondas
que se aproximam e logo se desmancha, sem força, na areia das praias. Em
todos os dias que vê, cavalgando a espuma branca do tempo, encontra motivos
para admiração. Vivo embriagada de espanto, pensa, e dá-se conta de que
tanto a surpreende a luz como a escuridão. Nunca se habituou à intriga, à
violência, à estupidez dos homens. Atravessou tantos anos e a maldade ainda a
horroriza, como um tigre com três cabeças. Há homens que são tigres com três
cabeças. Eventualmente, também a Natureza gera tigres com três cabeças. Ela
sabe disso. Não é ingênua a ponto de confiar mais nos tigres do que nos homens.
E depois pensar nas surpresas felizes que a vida lhe traz, tantas vezes através de
caminhos equivocados, como, depois que começou a perder a visão, a forma
distorcida dos objetos, ou os sons que antes não escutava, ou os sonhos, ou o
veludo da noite roçando na Lua – e então percebe que está preparada para
largar a concha e partir.
Amanhã alguém encontrará a concha vazia da vida dela. Levando-a
ao ouvido talvez consiga escutar as vozes dela e dos pirilampos; as vozes todas
que recolheu e continua a ouvir nas manhãs inaugurais da sua infância.
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2. Poesia e Cultura.
Chegam Notícias De Barcos No Fundo... – Dina Salústio
CHEGAM NOTÍCIAS DE BARCOS NO FUNDO...
Dina Salústio
Chegam notícias de barcos no fundo
copos em cacos
cacos em corpos
papéis vazios
bocas seladas
crianças vendidas
brinquedos sem dono
ventos sem brisa
violão sem cordas
meninos sem riso
braços sem abraços
céus sem espaço
Por que o drama por uma amizade que morre?
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3. Origens E Panorama Da
Literatura Portuguesa.
De acordo com a professora Daniela Diana, a literatura portuguesa abrange
oito séculos de produção. Os primeiros registros datam do século XII, quando
ocorreu a expulsão dos árabes da Península Ibérica e com a formação do Estado
Português.
Primeiramente, os relatos foram escritos em "Galego-Português". Isso
ocorreu em virtude da integração cultural e linguística existente entre Portugal e
Galícia.
Essa região pertencente à Espanha e ainda hoje os laços com o povo
português, são ligados por meio da cultura e economia.
A literatura portuguesa acompanha as grandes transformações
históricas. São essas as influências que ditam as divisões e subdivisões da
produção literária em: Era Medieval, Era Clássica, Era Romântica ou Moderna.
Já as eras são subdivididas em escolas literárias ou estilos de época.
A ERA MEDIEVAL
A Era Medieval da literatura portuguesa é dividida entre Primeira Época
(trovadorismo) e Segunda Época (humanismo). Ela tem início no início do século
XII com a publicação do texto a Canção Ribeirinha, também conhecida como
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Canção de Guarvaia, de Paio Soares de Taveirós. Essa obra é considerada a mais
antiga da literatura portuguesa.
Trovadorismo - Primeira Época
O Trovadorismo ocorre entre 1189, data da publicação da Canção
Ribeirinha, até 1434, quando Fernão Lopes é nomeado cronista-mor da
Torre do Tombo. Ao decorrer do Trovadorismo, ocorrem manifestações na
poesia, na prosa e no teatro. A poesia trovadoresca é subdividida entre:
● Poesia Lírica: Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo;
● Poesia Satírica: Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer.
Dentro da prosa medieval as manifestações literárias são
subdivididas em Novelas de Cavalaria, Hagiografias, Cronicões e
Nobiliários. Já no teatro, a subdivisão é denominada de Mistérios, Milagres
e Moralidades.
Saiba mais sobre as Cantigas Trovadorescas.
Humanismo - Segunda Época
O Humanismo estende-se de 1434 a 1527, e é considerado um período de
transição da cultura medieval para a cultura clássica. Ele começa com a
nomeação de Fernão Lopes para cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418.
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Nesse período, a poesia é classificada como Poesia Palaciana. O
autor Fernão Lopes é o principal representante da prosa humanista e, no teatro,
GIL VICENTE. Saiba mais sobre a Literatura Medieval.
ERA CLÁSSICA
A era clássica da literatura portuguesa ocorreu entre os séculos XVI, XVII e
XVIII. Assim como na Era Medieval, contou com manifestações na poesia, prosa e
teatro. Essa fase é dividida em três períodos:
CLASSICISMO (1527-1580)
O Classicismo tem como marco inicial a chegada de Sá de Miranda da
Itália. Berço do Renascimento, o poeta português trouxe um novo estilo
conhecido como “dolce stil nuevo” (Doce estilo novo). Sem dúvida, LUÍS DE
CAMÕES, foi o principal representante do momento com sua poesia épica
Os Lusíadas.
SEISCENTISMO OU BARROCO (1580-1756)
O marco inicial do Barroco em Portugal é a morte do escritor Luís de
Camões em 1580. Esse período durou até 1756 com a chegada de um novo
estilo: o Arcadismo.
Sem dúvida PADRE ANTÓNIO VIEIRA foi o maior representante
do período do qual se destacam seus Sermões. Essas obras foram escritas
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em estilo conceptista, onde o trabalho com os conceitos era o mais
importante.
SETECENTISMO OU ARCADISMO (1756-1825)
Também chamado de Neoclassicismo, o Arcadismo em Portugal teve
como marco inicial a fundação da Arcádia Lusitana em 1756, na capital,
Lisboa. Esses locais serviam para a reunião de diversos artistas
empenhados em apresentar uma nova estética e se afastar da anterior.
MANUEL MARIA DU BOCAGE foi considerado o maior escritor do período e
suas obras que merecem destaque são: Morte de D. Ignez de Castro, Elegia,
Idílios Marítimos.
ERA MODERNA
A Era Moderna da literatura portuguesa começa em 1825 e vai até o
período atual. Está dividida em Romantismo (1825-1865), Realismo,
Naturalismo e Parnasianismo (1865-1890), Simbolismo (1890-1915) e
Modernismo (1915 até os dias atuais).
ROMANTISMO (1825-1865)
Camões deO romantismo em Portugal tem início com a publicação da
obra Almeida Garrett em 1825. Para alguns estudiosos, essa escola literária
começa em 1836 com a publicação de A Voz do Profeta, de Alexandre
Herculano. Nesse momento, o país passava por muitas transformações
decorrentes da Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas. Fica
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evidente esse sentimento de incerteza e insatisfação nas obras literárias
que foram produzidas no período. As principais características do
romantismo português foram: a idealização, o sofrimento, o saudosismo, o
nacionalismo,o subjetivismo e o medievalismo. Destacam-se os escritores:
Almeida Garret, ALEXANDRE HERCULANO, Antônio Feliciano de Castilho,
Camilo Castelo Branco e Júlio Dinis.
REALISMO (1865-1890)
O realismo em Portugal apresenta como marco inicial a "Questão
coimbrã". Ela representou uma disputa entre alguns jovens literatos e
estudantes de Coimbra (Antero de Quental, Teófilo Braga e Vieira de Castro)
e o escritor romântico Antônio Feliciano de Castilho. Avesso aos ideais
românticos, o realismo teve como principal característica a negação dos
sentimentos, os quais eram exaltados pelos escritores do romantismo. Para
isso, as obras escritas nesse período estiveram apoiadas no cientificismo, no
objetivismo e no materialismo. Destacam-se os escritores: Antero de
Quental e Eça de Queirós. O primeiro teve sua obra Os Sonetos, como a
principal do período. Já EÇA DE QUEIRÓS, revelou sua maestria no
romance O Primo Basílio.
NATURALISMO (1875-1890)
O naturalismo em Portugal teve início com a publicação da obra O
Crime do Padre Amaro (1875) de Eça de Queirós. Embora Ela tenha tido
grande destaque no movimento do realismo, algumas de suas obras
carregam características notadamente naturalistas. Paralelo ao movimento
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realista, o naturalismo possui algumas características que se assemelham
como a negação ao romântico, o cientificismo, a objetividade e o
materialismo. Por outro lado, suas personagens são marginalizadas e não
tem grande foco na burguesia como é o caso do realismo. Nesse momento,
as características e os instintos humanos são destacados. Além de Eça de
Queirós, os escritores que mais se destacaram no período foram ABEL
BOTELHO, Francisco Teixeira de Queirós e Júlio Lourenço Pinto.
PARNASIANISMO (1870-1890)
O parnasianismo em Portugal também aconteceu paralelo aos
movimentos realista e naturalista. Teve como precursor o poeta João Penha.
Baseado no lema "arte pela arte", os escritores desse momento estavam
preocupados mais com a perfeição formal que o conteúdo propriamente
dito. Assim, a preocupação com a estética foi a principal característica
dessas obras, sendo o soneto um tipo de poema de forma fixa que
prevaleceu. Temos como temas a realidade cotidiana e também, os
clássicos. Os principais escritores foram: João Penha, CESÁRIO VERDE,
António Feijó e Gonçalves Crespo.
SIMBOLISMO (1890-1915)
O simbolismo em Portugal teve como marco inicial a publicação
da obra Oaristos (1890) de Eugênio de Castro. Oposto aos movimentos
anteriores, ele rejeita o cientificismo, o materialismo e o racionalismo.
Sendo assim, suas principais características são a musicalidade, a
transcendência e o subjetivismo. Os escritores desse momento se apoiam
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nas manifestações metafísicas e espirituais para escreverem suas obras.
Além de Eugênio de Castro, destaca-se a produção poética de ANTÓNIO
NOBRE e Camilo Pessanha. Esse movimento termina em 1915 com o advento
do movimento modernista.
MODERNISMO (1915-1975)
O modernismo em Portugal começa em 1915, com a publicação da
revista Orpheu. Esse período esteve dividido em três fases:
● Geração de Orpheu (1915-1927) que começa com a publicação
da revista Orpheu. Teve como principais representantes:
FERNANDO PESSOA, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros,
Luís de Montalvor e o brasileiro Ronald de Carvalho.
● Geração de Presença (1927-1940) que começa com a publicação
da revista Presença. Teve como principais representantes:
Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões e JOSÉ RÉGIO.
● Neorrealismo (1940-1975) que começa com a publicação de
��Gaibéus'', de Alves Redol. Além dele, outros escritores que se
destacaram foram: Ferreira de Castro e Soeiro Pereira Gomes.
REVOLUÇÃO DOS CRAVOS (1975)
A partir de 25 de abril de 1975, data da Revolução dos Cravos, a
Literatura portuguesa experimenta publicações em que a guerra e o
colonialismo português são tematizados. Exploram-se também as
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inquietações do corpo livre. Uma vez que os portugueses viveram sob uma
ditadura conservadora entre 1933 e 1975. Destacam-se os autores Maria
Teresa Horta, Lídia Jorge, Agustina Bessa-Luís, SOPHIA DE MELLO
BREYNER ANDRESEN, ANTÓNIO LOBO ANTUNES, José Saramago, entre
outros.
José Saramago E O Prêmio Nobel (1998)
Em 1998 o escritor português, José Saramago, recebe o Prêmio Nobel de
Literatura pela obra Ensaio sobre a Cegueira. Toda a obra do autor que já possuía
grande relevância para a literatura ocidental, passa a um outro patamar de
interesse pelos leitores e estudiosos e revelam-se novas nuances. Obras como
Evangelho segundo Jesus Cristo, Memorial do Convento, A jangada de pedra, O
homem duplicado, Ensaio sobre a Lucidez são leituras fundamentais em língua
portuguesa. Autores como José Luís Peixoto e Inês Pedrosa surgem com grande
qualidade literária.
Literatura Portuguesa Do Século XXI (2010)
A partir dos primeiros anos do século XXI, a violência contra as minorias, o
colonialismo, a mulher, os exilados, e o mundo subjetivo da intimidade consentida
das personagens ganham destaque nas obras. Patrícia Reis, Dulce Cardoso, João
Tordo, Valter Hugo Mãe, Filipa Melo, juntam-se aos escritores dos anos 80 e 90 do
século XX que ainda continuam a publicar. O ano de 2010, ano da morte de José
Saramago, marca a delimitação estilística entre a geração anterior – algo já
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canônico de autores que viveram sob a ditadura portuguesa e o surgimento para
a escrita dos autores novíssimos em Portugal.
Literaturas Africanas Em Língua Portuguesa
(Brevíssimo Resumo)
Os países africanos que falam português são Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Naturalmente, têm outras
línguas e dialetos locais, mas, devido à colonização portuguesa que durou séculos,
o português permaneceu. Esses países lutaram por décadas contra o domínio
português, o que resultou em milhões de mortes durante o século XX. Tornaram-se
independentes a partir de 25 de abril de 1975. No entanto, entraram em guerra
civil, o que resultou em mais milhões de novas mortes. A Literatura dos países
africanos em língua Portuguesa é dividida em quatro fases: Assimilação,
Resistência, Afirmação e Consolidação.
ASSIMILAÇÃO: é o período em que os escritores africanos começam a
produzir sua própria literatura, é uma intertextualidade dos mestres europeus
(copiam e imitam).
NA RESISTÊNCIA: o escritor africano Começa a construir e defender a
cultura africana rompem com os moldes europeus e se conscientizam que eles são
tão escritores como os europeus. .
NA AFIRMAÇÃO: é quando o escritor africano demonstra que depois da
independência Ele quer marcar o seu lugar na sociedade, retirar a influência da
cultura europeia, e definir a sua posição como escritor da própria cultura.
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CONSOLIDAÇÃO: é quando os escritores traçam novos rumos para o
futuro da literatura dentrode cada país, produzindo literaturas nacionais.
Escritores africanos que se destacam: Mia Couto, Manuel Rui, Dina
Salústio, Reinaldo Ferreira, Luandino Vieira, Pepetela, José Eduardo Agualusa,
Jorge Barbosa e Corsino Fortes, Francisco José Tenreiro, Agostinho Neto e Arlindo
Barbeitos, José Craveirinha e Luís Carlos Patraquim. Eles usaram a LITERATURA
como arma na luta pela independência política na África.
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