Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA – Campus Vitória da Conquista DISCENTE: Gianluca Nascimento Felix de Araujo DISCIPLINA: Operações Unitárias DOCENTE: Aline Magalhães MATRICULA: 2017218011 FICHAMENTO OPERAÇÕES UNITARIAS ADSORÇÃO EM CARVÃO ATIVADO A adsorção é um fenômeno físico-químico onde o componente em uma fase gasosa ou líquida é transferido para a superfície de uma fase sólida. Os componentes que se unem à superfície são chamados adsorvatos, enquanto que a fase sólida que retém o adsorvato é chamada adsorvente. Como o adsorvato concentra-se na superfície do adsorvente, quanto maior for esta superfície, maior será a eficiência da adsorção. Por isso geralmente os adsorventes são sólidos com partículas porosas (BORBA, 2006). Os compostos permanecem adsorvidos na superfície do adsorvente pela ação de diversos tipos de forças químicas como: - Ligações de Hidrogênio - Interações Dipolo-Dipolo - Forças de London ou Van der Waals Existem basicamente dois tipos de adsorção: a adsorção física ou fisiosorção e a adsorção química ou quimiosorção. No entanto, em certas ocasiões os dois tipos podem ocorrer simultaneamente (CHEREMISINOFF e ELLERBUSCH, 1978). A adsorção física ocorre por uma diferença de energia e/ou forças de atração, chamada força de Van der Waals, que tornam as moléculas fisicamente presas ao carvão. Estas interações têm um longo alcance, porém são fracas. Entretanto, a quimiosorção, corresponde a uma interação de tipo químico, na qual os elétrons de enlace entre as moléculas e o sólido experimentam reordenamento e os orbitais respectivos mudam de forma, de modo similar a uma reação química. Os carvões microporosos pertencem a uma classe de materiais importante, conhecido como carvão ativado (C.A) sendo de larga aplicações através de sua reconhecida produção mundial de aproximadamente 400.000 ton/ano (RODRÍGUEZ-REINOSO e SABIO-MOLINA, 1998). O carvão ativado é utilizado como adsorvente, catalisador ou suporte de catalisador. Na área de tratamento de efluentes é usado na adsorção em fase líquida, por exemplo, na adsorção de moléculas orgânicas que causam sabor, odor e toxicidade (LETTERMAN, 1999). Os carvões ativados são materiais carbonosos porosos que apresentam uma forma microcristalina, não grafítica, que sofreram um processamento para aumentar a porosidade interna. Uma vez ativado o carvão apresenta uma porosidade interna comparável a uma rede de túneis que se bifurcam em canais menores e assim sucessivamente. Esta porosidade diferenciada é classificada segundo o tamanho em macro, meso e microporosidades. A princípio, qualquer material com alto teor de carbono, denominado de agente precursor (A.P) pode ser transformado em C.A, por exemplo, cascas de coco, carvões minerais (antracita, betuminosos, linhito), turfas, madeiras, resíduos de petróleos. Atualmente são utilizados como agentes precursores, os caroços e cascas de oliva, cereja, damasco, pêssego, azeitonas e ossos de animais. Em torno de 1/3 da produção mundial de C.A. é de origem vegetal, sendo esta proporção muito maior nos Estados Unidos da América e na Europa (CLAUDINO, 2003). No Brasil, predominantemente, empregam-se madeira, carvão betuminoso e sub-betuminoso, osso e casca de coco. Uma vez preparada a granulometria desejada, a produção envolve, basicamente, a carbonização e ativação (ou oxidação) para desenvolvimento dos vazios internos. A carbonização ou pirólise é usualmente feita na ausência de ar, em temperaturas compreendidas entre 500 - 800oC, enquanto a ativação é realizada com gases oxidantes em temperaturas de 800 a 900oC (DI BERNARDO, 2005). O carvão ativado pode ser adquirido em pó ou granulado. Com o uso do carvão em pó (CAP) é necessário preparar adequadamente uma suspensão, que é adicionada, geralmente, na água bruta ou pré-oxidada, enquanto no uso do carvão ativado granular (CAG), têm-se colunas (filtros), após a filtração em ETAs (Estação de Tratamento de Afluentes) que tratam água superficial. O CAG é caracterizado por pequenos poros e grande superfície interna, enquanto o CAP está associado a grandes poros e menor superfície interna (DI BERNARDO, 2005). As propriedades texturais dos carvões ativados se fundamentam em duas características importantes que são: tamanho de poro e a área superficial. Uma metodologia para determinar a área superficial é a descrita por Brunauer-Emmett-Teller (BET), determinada pela medida da isoterma de adsorção por moléculas de gás de Nitrogênio (IUPAC, 1982; LETTERMAN, 1999). A interação adsorvato/adsorvente na adsorção física é uma função da polaridade da superfície do sólido e da adsortividade. O caráter não polar da superfície no carvão ativado é fator preponderante na adsorção de moléculas não polares por um mecanismo não específico, podendo ser incrementada pela adequada modificação da natureza química da superfície do carvão (por exemplo: oxidação), desde que este produza um incremento na interação superfície- adsorvato (YING et al. 2007). As propriedades do carvão ativado dependem das estruturas porosas e dos grupos químicos presentes em sua superfície. As propriedades físicas da superfície são descritas pela área superficial específica e porosidade, enquanto que as propriedades químicas dependem da presença ou ausência de grupos ácidos ou básicos sobre sua superfície (MORENO-CASTILLA, 2004). O carvão ativado é considerado um trocador iônico natural (HELFFRICH,1962), sendo esta propriedade enriquecida pela ativação química. A superfície de carvão tem tanto cargas negativas (aniônicas) como cargas positivas (catiônicas) para atrair íons livres em solução ou suspensão. O tratamento de carvão com uma base incrementará a capacidade do carvão para a troca com anions, e a acidificação das superfícies dá ao carvão um poder de trocador catiônico (JANKOWSKA, et al. 1991). A oxidação da superfície envolve a quimiosorção da atmosfera de oxigênio do carvão e uma ampla reação das superfícies oxidadas que reagem quimicamente com outras substâncias que são oxidadas. O ponto isoelétrico (PIE) pode ser estabelecido através do Potencial Zeta. Esta medida determina o caráter global da superfície para diferentes valores de pH. O ponto isoelétrico indica as características catiônicas ou aniônicas da superfície do carvão e define-se como o logarítmo negativo da atividade dos íons para o qual a carga líquida no plano de cisalhamento é nula. É obtido pela medida do potencial Zeta na presença de um eletrólito indiferente. Considerando um sistema em que íons H+ e OH - sejam os íons determinantes do potencial, o ponto isoelétrico (PIE) é aquele para o qual o potencial zeta é zero (MENENDEZ, 1995). Uma das características mais importantes de um adsorvente é a quantidade de substância que possa acumular ou possa ser retirada da superfície do mesmo. Uma maneira comum de descrever essa acumulação é expressar a quantidade de substância adsorvida por quantidade de adsorvente (qe) em função da concentração de adsorvato (Ce) em solução. Uma expressão desse tipo é denominada de isoterma de adsorção (LETTERMAN, 1999.; OSCIK e COOPER 1982). O procedimento experimental para avaliar quantitativamente a adsorção através das isotermas é bastante simples: basta colocar em contato com a solução contendo o componente a ser adsorvido, com diferentes massas de adsorvente até atingir o equilíbrio. Após a filtração, pode- se obter a concentração de equilíbrio em solução (Ce em mg/L) e a quantidade de material adsorvido (q em mg/g). Os gráficos assim obtidos são as isotermas e podem apresentar-se de várias formas, fornecendo informação importante sobre o processo de adsorção. Elas mostram a relação de equilíbrio entre a concentração na fase fluida e a concentração nas partículas adsorventes em uma determinada temperatura (PERRY, 1998). As isotermas de adsorção são normalmente desenvolvidas para avaliar a capacidadedo carvão ativado para a adsorção de uma molécula em particular. Elas constituem a primeira informação experimental, que é geralmente usada como uma janela para discriminar entre diferentes carvões ativados e assim escolher o mais apropriado para uma determinada aplicação (CHEREMISINOFF E ELLERBUSCH, 1978; MORENO-CASTILLA, 2004). Os principais modelos matemáticos das principais isotermas usados em sistemas líquido-sólido são as seguintes: • Isoterma de Lagmuir: é derivada a partir das considerações teóricas seguintes: assume que as superfícies são homogêneas, todos os sítios ativos têm igual afinidade pelo adsorvato, portanto, a adsorção de um sítio não vai afetar a adsorção do sítio adjacente a este. • Isoterma de Freundlich: é empírica e muito utilizada porque descreve com muita precisão os dados de ensaios de adsorção em sua maioria em sistemas aquosos, além de descrever o equilíbrio em superfícies heterogêneas e não assume a adsorção em monocamada (DINESH e PITTMAN, 2006). A cinética do processo de adsorção depende da velocidade (ou taxa) relativa entre as seguintes quatro etapas sucessivas, (Figura 3.5): 1. Transporte no seio da solução envolve o movimento do material (substância) a ser adsorvido (adsorvato) através do seio da solução líquida para a camada-limite ou filme fixo de líquido existente ao redor da partícula sólida do adsorvente. 2. Transporte por difusão através da camada limite, corresponde ao transporte do adsorvato por difusão através da camada limite até a entrada dos poros do adsorvente (difusão externa). 3. Transporte através dos poros, envolve o transporte do adsorvato através dos poros da partícula por uma combinação de difusão molecular através do líquido contido no interior dos poros e difusão ao longo da superfície do adsorvente (difusão interna). 4. Adsorção, ligação do adsorvato em um sítio disponível do adsorvente, envolvendo vários mecanismos, tais como: adsorção física, adsorção química, troca iônica, precipitação, complexação. A cinética da adsorção é importante já que controla a eficiência do processo. Segundo Gupta (2006), existem diferentes modelos nos quais se pode ajustar a dados do processo de adsorção com relação ao tempo. Entre os principais e mais usados temos modelo de pseudo-primeira ordem e de pseudo-segunda ordem. FILTRAÇÃO POR MEMBRANAS Destacam-se, especialmente, a pré e a interdesinfecção, a dotação com ar dissolvido, a adsorção com carvão ativado granular ou em pó e a filtração em membrana. A inserção destas etapas visa, ainda que com êxito variável, à remoção de dureza, ferro e manganês, matéria orgânica, metais pesados, sais dissolvidos e cistos e oocistos de protozoários, além de agrotóxicos, perturbadores endócrinos, cianotoxinas e outros microcontaminantes. De certa forma, o funcionamento dos filtros de membranas envolve três distintos escoamentos (ou fluxos): a vazão afluente (ou de alimentação), o efluente, que se denomina permeado, e a vazão de descarte contendo o material retido na membrana com a denominação de concentrado. Na significativa maioria das instalações o permeado é posteriormente submetido à desinfecção e, eventualmente, fluoretação e correção de pH. A medida que se sucede a retenção de material na superfície da membrana - fenômeno denominado foulingm similar à colmatação dos meios filtantes tradicionais faz-se necessária a limpeza da membrana. Esta realiza-se por meio de abertura de válvula, enxágue da membrana pelo permeado e descarte do efluente, comumente representando algo como 5 % da vazão afluente, percentual de mesma ordem de grandeza comparado aos sistemas de filtração direta ou tratamento convencional (Mierzwa, 2006). A limpeza química, quando necessária, dá-se com solução de hidróxido de sódio e detergente. Em diversas aplicações no tratamento das águas naturais, a filtração em membrana realiza-se praticamente como única etapa de tratamento sem aplicação de coagulantes, reduzindo signifi- cativamente a geração de lodo. Vale ainda ressaltar que o emprego da filtração em membrana não pressupõe diferença entre as densidades entre os sais e partículas removidos e a água, distintamente das etapas de clarificação e de alguns dos mencionados mecanismos de filtração. Uma membrana sintética pode ser definida como filme fino sólido semipermeável, que separa duas soluções e que atua como barreira seletiva para o transporte de componentes destas soluções, quando aplicado algum tipo de força externa. As forças externas, que impulsionam a filtração através das membranas utilizadas em tratamento de água de consumo, são pressão e sucção (pressão negativa). Ressalta-se que na purificação de água para hemodiálise a força- motriz do processo de separação é a corrente elétrica. A produtividade do sistema depende do escoamento de água através da membrana que, por sua vez, é condicionada por uma série de fatores que, coletivamente, constituem a resistência da membrana à filtração, tais como: • porosidade e espessura da membrana; • pressão de filtração governada pela porosidade e pelo objetivo - em termos dos parâmetros a remover - do emprego da tecnologia; • características físicas, químicas e biológicas do afluente; • viscosidade dinâmica da água; • camada de material retido na superfície da membrana. Partículas maiores que este primeiro limite são comumente removidas no tratamento conven- cional em estações adequadamente operadas. O emprego em unidades de dessalinização tomou as membranas de osmose reversa as de uso mais extensivo, estimando-se em 85 % do número total de unidades de filtração em mebrana em operação. No tratamento de águas doces superficiais, as membranas de microfiltração e especialmente de ultrafiltração adquirem primazia ao atender os requisitos de qualidade de água de consumo e operar comumente a pressões no intervalo de 20 a 200 lcPa. Reforça esta assertiva o fato das membranas de micro e ultrafiltração não removerem sais minerais essenciais à saúde humana. Na prática, o mercado de saneamento básico é dominado por membranas fabricadas de polímeros orgânicos, tais como, polipropileno para unidades de microfíltração, polisulfona, poliacrilonitrila e polivinilidenefluorida para uitrafiltração, e poliamida para uitrafiltração e osmose reversa. O alto custo de fabricação ainda restringe o uso de membranas inorgânicas (cerâmicas de óxido de zircônio, alumínio ou titânio, aço inoxidável). As membranas podem ser produzidas em larga escala em duas configurações geométricas básicas: • folhas planas, para membranas de nanofiltração e osmose reversa; • cilindros, especialmente para membranas de micro e uitrafiltração, classificadas em membranas tubulares (diâmetro maior que 3 mm) e membranas de fibra oca (diâmetro menor que 3 mm). As membranas planas podem ser enroladas em forma de espiral, sendo utilizadas em aplicações que demandam pressões intermediárias (uitrafiltração) e altas (nanofiltração e osmose reversa). Os custos de implantação do sistema de filtração em membranas vinculam-se à própria configuração do sistema, às unidades de pré-tratamento existentes-estas dependentes das características do afluente -, às limitações do local, à estrutura que vai abrigar o sistema de filtração e ao custo das próprias membranas. Esta gama de fatores intervenientes resulta em significativa amplitude nos custos. Confirma esta assertiva, levantamento contemplando 11 estações de tratamento utilizando filtração em membrana nos EUA e Canadá — cujas vazões afluentes variavam de 22 a llOOL/s -, que apontou custos de implantação de USS 8,7 mil a US$ 69,3 mil por L/s. As membranas representaram percentuais de 20 a 77 % (média da ordem de 37 %) do custo total de implantação da estação de tratamento. Neste estudo evidenciou-se que, para estações de maior porte, o custo das membranas tende a ter maior representatividade, aproximando-se davizinhança de 50 % do custo total de implantação (Elarde; Bergman, 2001). Nota-se que o custo inicial de membranas equivale praticamente ao dispêndio total de energia consumido durante a vida útil do sistema, estimado entre cinco e oito anos, e que o custo de equipamentos auxiliares representa o maior elemento individual no computo total. Podem ser listados os critérios mais importantes para a redução do custo de operação e implantação de sistemas de micro ou ultrafiltração em membrana para unidades de grande porte (Côté; Simon; Mourato, 2001): • utilizar membranas de fibras ocas de diâmetro mínimo para maximizar a área de filtração por volume unitário de polímero e de módulo, por meio dos quais o escoamento dá-se de fora para dentro, visando a maximizar a área de filtração exposta ao afluente; • maximizar o comprimento das fibras para minimizar o consumo de resina de fixação das fibras, limitando a perda de carga no interior da fibra à fração muito pequena da pressão através da membrana; • maximizar tamanho do bloco de membranas objetivando reduzir ao mínimo os pontos de conexão com equipamentos auxiliares e maximizar a densidade de empacotamento de módulos para reduzir a área ocupada por bloco; • operar o sistema sem recirculação da água bruta e sem aeração para reduzir o consumo de energia; • limitar a pressão de operação e a frequência de limpeza química objetivando reduzir consumo de energia e de produtos químicos e para prolongar ao máximo a vida útil das membranas. A comparação entre os custos dos sistemas de filtração em membranas e a tecnologia convencional de potabilização pauta-se essencialmente nas características da água bruta. Para o tratamento de águas oriundas de mananciais eutrofizados, que usualmente hão de requerer aplicação de carvão ativado em pó, a comparação entre estas tecnologias tenderá a tomar a filtração em membrana mais competitiva, em especial para sistemas de abastecimento de grande porte. Em busca de aprimoramento dos sistemas de membrana para a produção de água potável em escala industrial, muitas pesquisas associadas a este tema têm sido realizadas. Como seria de se esperar pela própria natureza da tecnologia, os resultados em termos de remoção dos parâmetros de interesse, via de regra, foram plenamente satisfatórios. Unidades de micro e ultrafiltração em membrana foram avaliadas no tratamento de águas das nascentes cársticas. Os estudos foram realizados em escala-piloto por um período de 15 e 12 meses, respectivamente, para a remoção de material particulado e alguns compostos orgânicos específicos (Atrazina, tricloroetano, tetracloroetano). Verificou-se bom desempenho para baixos valores de turbidez no afluente à membrana (0,1 - 4,6 uT). Para possibilitar a remoção de matéria orgânica natural e outros contaminantes orgânicos, realizou-se dosagem de carvão ativado em pó, obtendo-se resultados satisfatórios, tanto em termos de quantidade da água produzida, como de qualidade (Pianta et al., 1998).
Compartilhar