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REFERÊNCIAS Clinica Médica – USP. 2. Ed. Vol 3, 2016 MONITORAMENTO DAS AÇÕES DE CONTROLE DO CÂNCER DE PRÓSTATA. Boletim ano 8, nº 2, - INCA, julho/dezembro 2017 Oncologia Básica, 1 Ed -Descrever a anatomia da próstata (relacionar com patogênese e manifestação clínica) Tem aproximadamente 3 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 cm de profundidade anteroposterior [AP] e é a maior glândula acessória do sistema genital masculino; Possui consistência firme, do tamanho de uma noz, circunda a parte prostática da uretra; A parte glandular representa cerca de dois terços da próstata; o outro terço é fibromuscular. A cápsula fibrosa da próstata é densa e neurovascular, incorporando os plexos prostáticos de veias e nervos. Tudo isso é circundado pela fáscia visceral da pelve, que forma uma bainha prostática fibrosa que é fina anteriormente, contínua anterolateralmente com os ligamentos puboprostáticos, e densa posteriormente onde se funde ao septo retovesical. A próstata tem: Uma base intimamente relacionada ao colo da bexiga. Um ápice que está em contato com a fáscia na face superior dos músculos esfíncter da uretra e transverso profundo do períneo. Uma face anterior muscular, cuja maioria das fibras musculares é transversal e forma umemiesfíncte hr vertical, semelhante a uma depressão (rabdoesfíncter), que é parte do músculo esfíncter da uretra. A face anterior é separada da sínfise púbica pela gordura retroperitoneal no espaço retropúbico . Uma face posterior relacionada com a ampola do reto Faces inferolaterais relacionadas com o músculo levantador do ânus; O istmo da próstata situa-se anteriormente à uretra, que é fibromuscular, e as fibras musculares representam a continuação superior do músculo esfíncter externo da uretra para o colo da bexiga, e contém pouco ou nenhum tecido glandular; PROBLEMA 5 Izadora Vieira Os lobos direito e esquerdo da próstata, separados anteriormente pelo istmo e posteriormente por um sulco longitudinal central e pouco profundo, podem ser subdivididos, cada um, para fins descritivos, em quatro lóbulos indistintos, definidos por sua relação com a uretra e os ductos ejaculatórios, e — embora menos visível — pelo arranjo dos ductos e tecido conjuntivo: Um lóbulo inferoposterior situado posterior à uretra e inferior aos ductos ejaculatórios, o qual constitui a face da próstata palpável ao exame retal digital. Um lóbulo inferolateral diretamente lateral à uretra, que forma a maior parte do lobo direito ou esquerdo. Um lóbulo superomedial, situado profundamente ao lóbulo inferoposterior, circundando o ducto ejaculatório ipsilateral. Um lobulo anteromedial, situado profundamente ao lóbulo inferolateral, diretamente lateral à parte prostática proximal da uretra. Ductos prostáticos se abrem principalmente nos seios prostáticos, situados de cada lado do colículo seminal na parede posterior da parte prostática da uretra (Figura 3.37). O líquido prostático, fino e leitoso, representa aproximadamente 20% do volume do sêmen (uma mistura de secreções produzidas pelos testículos, glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais que constitui o veículo no qual os espermatozoides são transportados) e participa da ativação dos espermatozoides. Patogênese A maior parte das neoplasias de próstata (95%) são do tipo adenocarcinoma (pode ocorrer também sarcoma, carcinomas epidermóides e de células transicionais); O processo destrutivo do carcinoma leva à ruptura da arquitetura normal prostática. Isso é responsável pela liberação na corrente sanguínea de uma proteína especifica produzida na próstata, o antígeno prostático específico (PSA); A disseminação pode ocorrer por invasão local, via linfática ou hematogênica: extensão local ocorre para uretra, colo vesical, vesícula seminal e trígono vesical. A via linfática acomete as cadeias obturadora, hipogástrica, ilíaca, pré-sacra e paraaórtica. As metástases ósseas representam a forma mais comum de disseminação pela via hematogênica. Pelve, coluna lombar, fêmur e coluna torácica são predominantemente acometidos; Os órgãos mais comumente acometidos, embora raro seja o acometimento visceral, são pulmão, fígado e as adrenais. Manifestação Clínica Fase inicial: silenciosa; crescimento benigno da próstata: dificuldade de urinar, polaquiúria (urinar excessivamente); Acometimento mais comum ser na zona periférica da próstata; Anemia, perda de peso; Fase avançada: dor óssea, sintomas urinários, insuficiência renal; Obstrutivos: hesitação urinária, diminuição da força do jato, gotejamento pós-miccional; Irritativos: incontinência ou urgência urinaria, é sugestivo de doença localmente avançada; Impotência sexual é rara complicação, em virtude dos plexos nervosos pélvicos serem invadidos apenas em fases muito avançadas. Dores ósseas, na região lombossacra e pélvica, podem ocorrer em decorrência das metástases ósseas. Analisa o câncer de próstata (epidemiologia, exames complementares, fatores de risco, evolução, estadiamento...) EPIDEMIOLOGIA No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma); Taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos; Câncer de terceira idade: 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos; Incidência cerca de 30% maior em indivíduos da raça negra; Cerca de 30% dos casos de câncer em geral estão associados a hábitos alimentares inapropriados. Alguns componentes naturais dos alimentos, como as vitaminas (A, D e E) e minerais (selênio), também parecem desempenhar um papel protetor; “Fator de crescimento análogo à insulina” (insulin-like growth factor), consumo excessivo de álcool, tabagismo e a vasectomia; Aumento da taxa da incidência se deve a: evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida; Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem; INCA 2020: estimativa de novos casos: 65.840 e número de mortes: 15.576 (2018 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM); Fatores de Risco Incidência e mortalidade aumentam após 50 anos; Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias; Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado; Mutação no gene HPCU, relacionado a imunidade inata; Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata (pior prognóstico). Estadiamento O estadimento é feito de acordo com o resultado dos exames pelo método TNM. Baixo risco: todos os critério a seguir ▪ PSA < 10 ▪ Estádio T1 a T2a ▪ Gleason < 6 Risco intermediário: todos os critérios a seguir ▪ PSA entre 10 e 20 ▪ Estádio T2b a T2c ▪ Gleason 7 Alto risco: qualquer um dos critérios a seguir ▪ PSA > 20 ▪ Estádio > T3 ▪ Gleason > 8 Tratamento CURATIVO Prostatectomia Radical: consiste na retirada de toda a glândula e das vesículas seminais. Está indicada em tumores localizados, com o paciente apresentando uma expectativa de vida superior a 10 anos, com rara indicação em pacientes acima de 70 anos. Após a cirurgia, o PSA deve cair para níveis inferiores a 0,5ng/ml e após 4 semanas tornar-se indetectável. O acompanhamento deve ser trimestral no primeiro ano e semestral a partir do segundo ano Radioterapia: pode ser dividida em externa e intersticial(braquiterapia). A radioterapia externa (RXT) é uma ótima opção para o tratamento da doença localizada. Também pode ser indicada para pacientes que tenham contraindicação de cirurgia; PALIATIVO Nesta situação a cura é improvável e o tratamento está baseado na supressão androgênica, através da terapia hormonal ou da castração química, retirando, assim, o efeito trófico androgênico sobre as células tumorais, permitindo melhora dos sintomas como dor ósseas, anemias e obstrução urinária. Além disso, pode-se alcançar aumento da sobrevida e uma melhor qualidade de vida. Tipos de supressão androgênica: orquiectomia bilateral (tratamento padrão-ouro); análogos do hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH); 205 • estrógenos; antiandrógenos puros ou mistos (flutamida, nilutamida, bicalutamida, ciproterona). -Compreender as controvérsias do rastreamento do câncer de próstata (psa e toque retal) RASTREAMENTO O Ministério da Saúde contraindica o rastreamento, especialmente para pacientes com menos de 75 anos, tendo em vista que os danos associados a essa prática superam os possíveis benefícios. Homens que demandem espontaneamente a realização do exame de rastreamento devem ser informados por seus médicos sobre os riscos e benefícios associados a essa prática: • O PSA é tecido-específico, mas não tumor-específico. Logo, outras condições como o aumento benigno da próstata, prostatite e infecções do trato urinário inferior podem elevar o nível de PSA. Cerca de 2/3 dos homens com PSA elevado NÃO têm câncer de próstata detectado na biópsia; • Até 20% de todos os homens com câncer de próstata clinicamente significativo têm PSA normal; • 67% dos homens com PSA positivo serão submetidos desnecessariamente à biópsia para confirmação do diagnóstico; • O teste de PSA leva à identificação de cânceres de próstata que não teriam se tornado clinicamente evidentes durante a vida do paciente. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda rastreamento com toque retal e PSA anualmente para homens > 50 anos sem historia familiar e a partir dos 45 para aqueles com historia familiar positiva. O INCA recomenda indicar o rastreamento oportunístico (case finding), ou seja, a sensibilização de homens com idade entre 50 e 70 anos que procuram os serviços de saúde por motivos outros que o câncer da próstata sobre a possibilidade de detecção precoce deste câncer por meio da realização dos exames do toque retal e da dosagem do PSA total, informando-os sobre as limitações, os benefícios e os riscos da detecção precoce do câncer da próstata. Dosagem de PSA: exame de sangue que avalia a quantidade do antígeno prostático específico. Valores limites normais até 4 ng/ml, porém podem existir tumores com PSA abaixo deste valor. Quando o PSA estiver acima de 10 ng/ml há indicação formal para biópsia. Levar em conta a variação de um exame para o outro; Toque retal: como a glândula fica em frente ao reto, o exame permite ao médico palpar a próstata e perceber se há nódulos (caroços) ou tecidos endurecidos (possível estágio inicial da doença), consistência aumentada (obs: cálculos prostáticos, infarto prostático, prostatite granulomatosa e até a hiperplasia prostática benigna também podem causar endurecimento da glândula). O toque é feito com o dedo protegido por luva lubrificada. É rápido e indolor, apesar de alguns homens relatarem incômodo e terem enorme resistência em realizar o exame; Ao toque positivo, deve ser feita a ultrassonografia prostática trans-retal para melhor avaliação da lesão e diagnóstico diferencial. Não deve- se esquecer que o toque normal não exclui a presença de câncer, pois cerca de 20% dos cânceres se origina nas porções centrais da glândula, inacessíveis ao exame digital do reto. Biópsia da próstata: diagnóstico de certeza do câncer da próstata, através do estudo histopatológico do tecido. Graduação histológica do sistema de Gleason: objetivo é informar sobre a provável taxa de crescimento do tumor e sua tendência à disseminação, além de ajudar na determinação do melhor tratamento para o paciente. Gleason de 2 a 4 – existe cerca de 25% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 5 a 7 - existe cerca de 50% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 8 a 10 - existe cerca de 75% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Ultrassonografia prostática transretal: pode ser usada para orientar a biópsia da próstata. Também poder ser útil na determinação do volume prostático e para avaliar a extensão local da doença, além de esclarecer achados inconclusivos ao exame digital, auxilia na identificação das áreas suspeitas não detectadas ao toque e tem o papel de guiar a biópsia prostática;
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