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REVISÃO MÉTODOS E ANÁLISES DE ALIMENTOS · Análise dos alimentos: - Tem a finalidade de avaliar os componentes com maior fidelidade, uma vez que são determinantes do valor nutritivo dos alimentos. - A avaliação é necessária para que se possa obter um eficiente desempenho dos animais, principalmente quando estão sendo utilizados resíduos ou subprodutos agroindustriais. - O principal objetivo é conhecer a composição química, além de verificar a identidade e a pureza dos alimentos, sejam eles de natureza orgânica ou inorgânica. Permite também o conhecimento das propriedades gerais, como aspecto, aroma, sabor, alterações, estrutura microscópica e determinar o teor das substancias nutritivas por intermédio das análises aproximativas. - Há também a necessidade de se conhecer a sua digestibilidade, ou seja, a parte do alimento que realmente está disponível para o animal. · Terminologias: - Análise química: O conjunto de reações químicas e técnicas de laboratório empregada para identificar as espécies químicas formadas de um material, bem como descobrir em que quantidade essas espécies estão presentes. - Análise bromatológica: Identifica o valor nutritivo dos alimentos em termos de grupos de compostos químicos como por exemplo FDN, lignina, cinza insolúvel, celulose, hemicelulose, proteína insolúvel. · Fases da análise de amostra dos alimentos: 1. Coleta da amostra; 2. Preparação da amostra do laboratório por meio de uma adequada redução do volume da amostra bruta; 3. Preparação da amostra para análise: - Existem dois métodos de coleta: · Amostragem ao acaso: São utilizados para alimentos homogêneos. · Amostragem representativa: São utilizados para alimentos heterogêneos. - Tipos de amostragem: · Amostras a granel: Recomenda-se que se tomem 6 amostras de 100g por tonelada, homogeneizar e destas retirar 1kg para ser enviado ao laboratório. · Amostras ensacadas: Devem ser amostradas diagonalmente devido a segregação das partículas, na mesma quantidade citada acima, utilizando um calador (tubo simples ou tubo perfurado, com a extremidade pontiaguda). · Amostras de pastagens: Quando as análises não forem processados imediatamente, é necessário que as amostras fiquem embaladas em sacos plásticos e que sejam conservados em congelador, entre -5 e -10°, sendo enviadas ao laboratório em caixas térmicas com gelo. - Dependendo do propósito, devemos amostrar: · Parte aérea da planta: · Escolher ao acaso no mínimo 10 pontos de coleta. · Plantas de pequeno porte, coletar cerca de 2 a 3kg e colocar direto em sacos plásticos. · Plantas de porte alto, remove-las inteiras, picar, amostrar e colocar em sacos plásticos em torno de 2 a 3kg. · Parte que o animal está consumindo: · Cortar a planta simulando o pastejo do animal (Hand clipping). · Utilizar animais fistulados no esôfago. · Coletar cerca de 2 a 3kg e manter em sacos plásticos ou saco de papel. · Tipos de amostras: · Amostras de silagem: A coleta pode ser feita diretamente no silo, contudo, está não é uma amostra representativa. O ideal seria amostrar na ocasião do fornecimento aos animais, tirando amostras diárias. · Amostras de fenos e palhas: O instrumento utilizado é o coletor de forragem da Pensilvânia. O coletor deve ser introduzido no fardo sempre na diagonal. A amostragem também pode ser feita com a mão, coletando em locais diferentes do fardo. · Amostras de farelo, grão e concentrados: Calador glanceiro. A coleta deverá ser feita no sentido diagonal, sendo coletado cerca de 1kg e armazenamento em recipiente plástico ou vidro fechado. 4. Fases: · Trituração previa: A maioria das amostras de volumosos exigem inicialmente uma trituração grosseira. Após a trituração prévia, o material deve ser pré-seco (exceto silagens e produtos tratados com amônia, para a determinação de nitrogênio. Em grãos e rações fareladas não precisa de trituração. · Moagem final: É feita após a secagem. A moagem final visa obter um pó bastante fino e o mais homogêneo possível. · Métodos de análise de alimentos: - Método de Weend: Por esse método se tem a analise aproximativa dos alimentos O princípio da análise é de agrupar componentes/ nutrientes que apresentem alguma propriedade em comum. · Matéria seca: Representa o peso do material analisado totalmente livre de água, extraída num processo de secagem. Os valores de matéria seca facilitam a comparação qualitativa dos diversos nutrientes, entre diferentes alimentos. · Cinza ou matéria mineral: É utilizada para estimar a fração bruta de minerais de alimento e também verificar contaminação na amostra, através de compostos que não fazem parte da fração nutritiva do alimento (solo, metais, etc). Quanto maior o teor de cinza do alimento, menor será seu valor energético. - Método de Kjedahll: É importante conhecer o teor de proteína bruta dos alimentos, pois além de classificar os alimentos em função do percentual de PB, o fornecimento excessivo de proteína significa uma energia orenosa, já que os animais não armazenam proteína e esta será desdobrada em energia (ATP). · Concentrados: Proteicos: Alto PB. Energéticos: Baixo PB. · Volumosos: Leguminosas: Alto PB; Gramíneas: Média PB; Palhas: Baixo PB. · Gordura ou extrato etéreo: Determina a porcentagem de gordura dos alimentos, sendo útil para quantificar energia. Os alimentos com altos teores de gorduras têm altos valores de NDT, pelo fato das gorduras fornecerem 2,25 vezes mais energia quando comparadas aos carboidratos e proteínas. · Extrato não nitrogenado: É um valor calculado a partir da soma de PB, FB, E.E. e M.M. expressos em termos de MS e subtraído de 100. Deveria representar os carboidratos de mais fácil digestão, como os açucares e o amido. · Fibra bruta: Quanto maior a porcentagem desta ração, menor a qualidade da forragem, podendo limitar o consumo de matéria seca e energia. O grande problema da fibra bruta é que parte dos componentes da parede celular, como celulose e lignina, é solubilizada, portanto ela subestima o valor da fração de menor digestibilidade do alimento. - Método de fibra bruta – Van Soest: Divide os componentes da amostra analisada em carboidratos não fibrosos (erroneamente conhecido como conteúdo celular) que compreende as frações solúveis em detergente neutro, conforme preconiza o método. Engloba compostos químicos e nutricionais como lipídeos, compostos nitrogenados, amido, pectina, etc. A segunda parte compreende os carboidratos fibrosos, chamada de fibra em detergente neutro (FDN), inclui a proteína insolúvel, a hemicelulose e a gnocelulose que engloba principalmente as frações de lignina e celulose. · Análises físicas: - Testes microscópicos: Determina-se o formato das células e dos grãos de amido dos ingredientes. Em função destes parâmetros é possível detectar-se falsificações. - Determinação do valor genético: A energia bruta de um alimento pode ser avaliada através do calor produzido durante a combustão em uma bomba calorimétrica. A determinação da energia bruta é bastante utilizada em pesquisas para avaliar os valores de energia metabolizável do alimento. - Granulometria: A determinação da granulometria de moagem dos alimentos, principalmente das sementes de milho e soja, é bastante importante na fabricação de rações balanceadas. Sabe-se que a digestibilidade da ração é bastante influenciada pelo tamanho das partículas dos alimentos que a constitui. - Secagem: O grau de secagem dos grãos é importante para fazer seu armazenamento, evitando-se o desenvolvimento de fungos e perda de material. Além disso, o teor de MS dos ingredientes d ração influencia no total dos nutrientes e da ração. - Torração: A avaliação do grau de cozimento, tostagem ou torração é bastante importante para avaliar a qualidade. O excesso de torração pode desnaturar as proteínas do alimento, tornando-o de baixa qualidade. Muitas vezes é observado excesso de torração no farelo de soja. - Excesso de escamas, ossos, chifres, pelos, sangue, etc.: Estes tipos de determinações sãobastante usados para avaliar produtos e subprodutos se origem animal. - Densidade, umidade, cor e odor: A determinação dessas características é bastante importante para avaliar a qualidade da matéria prima de uma ração. São usadas constantemente para ajudar no diagnóstico de fraudes. - Análise bacteriológica: São usadas para verificar o grau de contaminação com microrganismos e presença de toxinas. - Testes biológicos: Determinação do calor biológico das proteínas e o valor energético dos alimentos. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS · Estudo dos alimentos: - Na exploração zootécnica, a alimentação dos animais representa de 60 a 80% do custo de produção, portanto, o conhecimento de potencial nutricional de cada alimento, bem como suas limitações de uso, é muito importante para se ter uma exploração zootécnica com o máximo de lucratividade. · Classificação dos alimentos: - Os alimentos são classificados de acordo com a sua composição em nutriente, visando a sua utilização em arraçoamento e podem ser classificados, segundo o seu uso: · Forragens secas e volumosas; · Pastos e forragens; · Silagens e fenos; · Alimentos concentrados energéticos e proteicos; · Suplementos proteicos; · Suplementos minerais; · Suplementos vitamínicos; · Aditivos não nutrientes. · Alimentos volumosos: - Como o próprio nome indica, são alimentos com baixa concentração de nutrientes e em geral, usados para animais com aparelho digestivo com grande capacidade, como é o caso de ruminantes e herbívoros, já que o animal terá de ingerir uma grande quantidade de alimento. · Alimentos volumosos aquosos: São aqueles que contém mais de 25% de água. Ex.: Forragens verdes, silagens, raízes, tubérculos, frutos, etc. · Alimentos volumosos secos: São aqueles que tem menos de 25% de água e portanto, mais de 18% de fibra bruta. Ex.: Fenos, palhadas ou restos de culturas (soja, arroz, milho, trigo, etc.). · Alimentos concentrados: - Como o próprio nome indica, são alimentos com alta concentração de nutrientes, e em geral, usados preferencialmente para animais monogástricos que são mais eficientes na sua utilização. - São fornecidos aos ruminantes em duas situações: · Gado de leite (estabulados e semi-estabulados). · Bovinos de corte em regime intensivo. - Os alimentos concentrados são aqueles que tem menos de 18% de FB e menos de 25% de água. Eles por sua vez, se dividem em dois grupos, dependendo do seu conteúdo de proteína: · Alimentos concentrados energéticos: São alimentos concentrados com menos de 18% de PB. São usados na alimentação animal principalmente como fonte de energia por serem ricos em carboidratos solúveis e/ou gordura. Ex.: Grãos de cereais (milho, sorgo, trigo, aveia), gorduras, açucares, etc. · Alimentos concentrados proteicos: São alimentos concentrados com mais de 18% de PB. São usados na alimentação animal como fonte de proteína. Dependendo da origem da proteína, eles são divididos em dois grupos: · Origem vegetal: São geralmente subprodutos da extração de óleo das sementes de plantas oleaginosas (farelo de soja, f. algodão, f. amendoim, etc.) ou da extração do amido de sementes de cereais (glúten de milho, de arroz, de trigo, etc.). · Origem animal: São geralmente subprodutos do abate ou processamento de animais e seus produtos. Ex.: Farinha de carne, vísceras, peixe, sangue, leite em pó, ovo em pó, etc. · Toxinas dos alimentos: - Alguns alimentos têm na sua composição compostos que influenciam a expressão do seu potencial nutritivo, isto é, embora um alimento pareça de excelente valor nutricional quando fornecido aos animais, este não se expressa num desempenho de alto nível pelo animal. - Os compostos que de alguma forma interferem na expressão do valor nutritivo do alimento e consequentemente do metabolismo do animal, são denominadas toxinas. - Quanto a sua origem, as toxinas são classificadas em dois grandes grupos: · Toxinas endógenas: São toxinas que fazem parte do alimento, ou seja, elas são um constituinte natural do alimento. Normalmente estes compostos são produzidos pelas plantas ou animais, com uma finalidade especifica, dentro do ecossistema dos mesmos. De acordo com a sua estrutura química, estes compostos são classificados como: · Proteicos: Inibidores de tipsina – Grão de soja, hemaglutininas – leguminosas, anti-vitaminicos-tiaminases – peixe cru. · Glicosídeos: Compostos bociogênicos – presentes nas plantas da família das crucíferas (repolho, nabo), compostos cianogênicos – presentes na mandioca (linamarina), Oligossacarídeos – presentes no grão de soja (rafinose, estaquiose). · Fenólicos: Gossipol – presente no farelo de algodão, tanino – presente no grão de sorgo. · Antimetais: Ácido fítico, ácido oxálico, etc. · Toxinas exógenas: São toxinas que não fazem parte da composição normal do alimento e estão presentes em geral, devido a alguma fonte de contaminação exterior. · Micotoxinas: Toxinas produzidas por fungos que crescem no alimento. Ex.: Aflotoxina, ocratoxina, citrina, zealenorona, fumosina. · Pesticidas: Inseticidas, fungicidas, herbicidas, etc. · Pastagens: - Alimento natural, não competitivo, econômico, com ampla adaptação climática e muito útil na defesa do solo. - A pastagem constitui a principal fonte de alimento dos ruminantes, mas nem sempre é manejada de forma adequada, muitaz vezes devido a falta de conhecimento das suas condições fisiológicas de crescimento e composição nutricional. - Manejar uma pastagem de forma adequada significa produzir alimentos em grandes quantidades, além de procurar o máximo valor nutritivo possível do material. - Durante o período chuvoso, as pastagens chegam a apresentar níveis satisfatórios de proteína, energia e vitaminas, enquanto que os minerais estão deficientes, impedindo o pecuarista de obter índices máximos de produtividade. - No período de estiagem, todos os nutrientes estão deficientes na pastagem. Portanto nesta época a suplementação de apenas um nutriente não resulta em melhores rendimentos do rebanho. - As espécies forrageiras apresentam comportamento diferente durante o ciclo produtivo anual, assim as espécies do gênero Pannicum (colonião e suas variedades) são mais nutritivas que aquelas do gênero Braquiária durante o período das chuvas e a medida que aproxima do período seco, as Braquiárias mantêm-se mais verdes, proporcionando melhores rendimentos durante esta época. -Gramíneas: · Habito de crescimento de porte alto ou touceira, porte médio ou porte rasteiro. · A relação entre a curva de crescimento e o valor nutritivo dará o ponto ideal de corte de cada espécie de pastagem, assim as Braquiárias devem ser pastejadas a cada 30 dias, o capim elefante a cada 45 dias, os coloniões a cada 35 dias e o coast cross a cada 28 dias. - Capins devem ser tratados como culturas agrícolas, ter os tratos culturais, aração, gradagem, uso de corretivos e adubação, descanso nos usos. - Para implantar uma pastagem é preciso proceder a análise dos solos. - Gramíneas – Capineiras: · Capins de porte alto, fornecido aos animais em pastejo ou triturados. Corte ideal 1,20 a 1,50m. · Espécies: Capim elefante, Capim Napier, Capim cameroum. - Capins: · Capins touceiros, cespitoso e estolonífero. · Espécies: braquiária decumbens, Pannicum maximum (colonião). · Braquiária brizantha, Ruzienses, andropogon. · Grama estrela africana, Coast cross. - Leguminosas: · São plantas utilizadas na alimentação animal, fornecida aos animais em corte ou feno. Fixam Nitrogênio do ar, possuem bom teor de proteínas. São tri-foliares, utilizadas como banco de proteínas. Não aguentam pressão de pisoteio. · Espécies: Soja perene, amendoim bravo, feijão gandu, folichas lab lab, leucena. · Alimentos concentrados energéticos: - Tem como características nutritivas gerais: · Ricos em carboidratos e/ou gorduras. · Fornecem muita energia por unidade de peso. · Possuem baixo teor de fibra. · A qualidade de proteína é variável, porem geralmente baixa/deficiente em lisina. · São médios em fósforo e baixo em cálcio. - Milho: · Para suínos devem ser ministrados na forma de fubá(moído fino). · Para outros animais, observar a granulometria. · É o principal alimento concentrado energético usado na alimentação dos animais. É o rei dos cereais. · Rico em energia (84% de NDT) e pobre em proteínas (8,5% de PB). · Possui triptofano, lisina, cálcio, riboflavina, niacina, vitamina D, rico em pró-vitamina A (beta caroteno) e pigmentantes (xantofila). - Sorgo: · É considerado o primo pobre do milho. É o principal alimento concentrado energético usado na alimentação dos animais, com a mesma composição do milho. · Possui em sua composição um componente fenólico chamado de tanino, que diminui a digestibilidade e aceitabilidade. · É pobre em pigmentos carotenoides e pigmentantes. · A composição proximal do grão do sorgo é muito semelhante a do grão de milho. O sorgo tem entre 9 a 12% de PB, 3% de gordura, 2,5% de FB, 2% de cinzas e cerca de 70 a 75% de amido. · Existem dois tipos de sorgo: Granífero e forrageiro. - Raspa de mandioca: · É conhecido como raspa de mandioca o produto da raiz de mandioca picada ou moída e desidratada. · Existem dois tipos de raspa de mandioca no mercado: · A raspa integral produzida com a raiz inteira e a raspa residual produzida com os subprodutos da produção de amido (o amido das raízes e tubérculos é conhecido como fécula) e farinha de mandioca. Portanto, a raspa integral é um produto mais rico em energia e de melhor qualidade (menos fibra) que a raspa residual. - Grão de trigo: · É o único cereal que rivaliza com o milho tanto em volume produzido anualmente no mundo como em valor nutritivo. Ele é um pouco mais rico que o milho em PB com 11% (deficiente em lisina) e contem menos gordura, cerca de 2% e não contem pigmentos. · O grão de trigo pode ser utilizado na alimentação animal em substituição ao milho