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1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARAÍBA AULA 05Psicologia da Aprendizagem Glauco Barbosa de Araújo Maria Betânia da Silva Dantas Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem � Identificar como sócio-construtivismo explica a aprendizagem; � Conhecer a aplicabilidade da perspectiva sócio- construtivista para a educação. UNIDADE 01 72 Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem 2 Começando a história As teorias sócio-construtivistas possuem a premissa de que aprendizagem e desenvolvimento são produtos da interação social. A concepção histórico-social do desenvolvimento humano nos permite compreender os processos de interação existentes entre pensamento e atividade humana. Assim, destacaremos nesta aula as teorias de Lev Vygotsky e Henri Wallon. Vygotsky e Wallon construíram suas teorias sobre o desenvolvimento infantil partindo da mesma concepção de ser humano e de realidade. Os autores conceberam o sujeito a partir do materialismo histórico e dialético, temática que vocês viram na aula de 07 de Filosofia da Educação, quando tiveram contato com Karl Marx e sua obra. Assim, para esses autores a relação com a realidade se dar por mediações que permitem ao indivíduo ser transformado pela natureza, e esta, por sua vez, é transformada por ele. Portanto, a mediação se processa pelo uso de instrumentos e signos que possibilitam, pela interação social, a transformação do meio e dos sujeitos. A diferença entre os dois está no que é considerada a principal mediação nessa relação: para Vygotsky é a linguagem, enquanto para Wallon é a emoção, considerada por ele uma linguagem anterior à própria linguagem, a primeira forma de comunicação (VIEIRA, 1996). Materialismo Histórico e Dialético: é uma concepção filosófica que defende que o ambiente, o organismo e fenômenos físicos tanto modelam os animais e os seres humanos, sua sociedade e sua cultura quanto são modelados por eles, conforme o contexto histórico. 3 Tecendo o conhecimento 3.1 Vygostsky e seus principais postulados Vygotsky considera em suas obras a relação indivíduo/ sociedade a qual afirma que as características humanas são resultados das relações homem e sociedade, 73 AULA 05 pois quando o homem transforma o meio na busca de atender suas necessidades básicas, ele transforma-se a si mesmo. Segundo o autor, a criança ao nascer traz consigo apenas as funções psicológicas elementares e, a partir da interação com a cultura, estas funções transformam-se em funções psicológicas superiores, sendo estas o controle consciente do comportamento, a ação intencional e a liberdade do indivíduo em relação às características do momento e do espaço presente. O desenvolvimento do psiquismo humano é sempre mediado pelo outro que indica, delimita e atribui significados à realidade (COELLHO; PISONI, 2012). Funções mentais superiores: capacidade para solucionar problemas, o armazenamento e o uso adequado da memória, a formação de novos conceitos, o desenvolvimento da vontade – aparecem inicialmente no plano social. Obs: Vygotski adota a visão de que pensamento e linguagem são dois círculos interligados. É na interseção deles que se produz o que se chama de pensamento verbal. Os principais postulados de Vygotsky (1989) são: a) A linguagem é constituidora do sujeito; b) Interesse em conhecer a relação entre pensamento e linguagem, compreendendo que ambos estão conectados e que evoluem dinamicamente com o desenvolvimento global dos indivíduos; c) Na criança pequena, o pensamento evolui sem linguagem. O balbucio, por exemplo, não envolve pensamento, mas contempla uma função social da fala (chamar atenção); d) O desenvolvimento da fala observa os níveis pré-intelectual e pré-linguístico e, a partir da organização linguístico-cognitiva, o pensamento se torna verbal e a linguagem racional (a criança percebe que cada coisa tem um nome) – nessa fase a criança entende o propósito da linguagem; e) Quando a fala serve ao intelecto, o pensamento começa a ser verbalizado; 74 Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem f) A criança sente a necessidade das palavras, aprende signos (função simbólica da linguagem); g) Palavras com significado representam o fenômeno da fala, enquanto que palavras com generalização, sem significado, envolvem atos de pensamento, e palavras sem significado representam sons vazios; h) O pensamento nasce por meio da fala e, por isso, é importante examinar o significado da palavra no pensamento, pois as palavras são o meio que fazem o pensamento existir; i) A estrutura da fala é o reflexo da estrutura do pensamento; j) O pensamento é uma das funções que integram a atividade pessoal, cuja finalidade essencial é a de estabelecer relações e conexões significativas entre os dados psíquicos; k) Não pensar é sinônimo de automatismo; l) A atuação do pensamento se dá pela associação, orientação e agrupamento dos dados perceptivos, com o objetivo de conduzir para as ideias; m) O pensamento elabora e simboliza, generaliza e abstrai para poder classificar e ordenar, analisar e concretizar; n) A vida social e a constante comunicação entre adultos e crianças despertam e intensificam o pensamento, e isso permite assimilação de experiências de geração em geração, por muitas gerações; o) Pensamento e linguagem são processos interdependentes; p) A linguagem humana supõe mediação entre sujeito e objeto de conhecimento; q) As estruturas do pensamento se modificam e encontram raízes na sociedade e na cultura; r) O pensamento acelera o aparecimento da linguagem. Segundo Vygotsky (1989), todas as funções do desenvolvimento do indivíduo aparecem duas vezes: primeiro no nível social, depois no individual; primeiro entre pessoas (interpsicológico) e, posteriormente, no interior do sujeito (intrapsicológico). 75 AULA 05 3.2 Vygotsky: desenvolvimento e aprendizagem Vygotsky (1984) destaca as relações de desenvolvimento e aprendizagem dentro de suas obras. Segundo o autor, a criança começa seu aprendizado bem antes de chegar à escola, entretanto o aprendizado escolar introduz elementos novos no seu desenvolvimento. Dois tipos de desenvolvimento foram identificados: o desenvolvimento real e desenvolvimento potencial. O primeiro diz respeito àquelas conquistas que já são consolidadas na criança, ou seja, capacidades ou funções que realiza sozinha sem auxílio de outro indivíduo. Habitualmente, costuma-se avaliar a criança considerando apenas o que ela já é capaz de realizar. Já o segundo, diz respeito àquilo que a criança pode realizar com auxílio de outro indivíduo. Neste caso, as experiências são muito importantes, pois a criança aprende por meio do diálogo, colaboração, imitação, etc. A distância entre os dois níveis de desenvolvimentos é denominado de zona de desenvolvimento proximal, o período que a criança fica utilizando um “apoio” até que seja capaz de realizar determinada atividade sozinha (COELHO; PISONI, 2012). Vigotsky (1984, p. 98) afirma que “aquilo que é zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã”. O conceito de zona de desenvolvimento proximal é muito importante para estudar o desenvolvimento e o plano educacional infantil, porque este permite avaliar o desenvolvimento individual. Nessa direção, é possível elaborar estratégias pedagógicas para que a criança possa evoluir no aprendizado. Esta é a zona cooperativa do conhecimento. O mediador ajuda a criança a concretizar o desenvolvimento que está próximo, ajudando-a a transformar o desenvolvimento potencial em desenvolvimento real. Zona de Desenvolvimento Proximal (vizinho): tipo de apoio bem sintonizado do adulto que ajuda as crianças na realização de ações que posteriormente virão a realizar independentemente. Obs: À medida que as crianças crescem, elas vão internalizando a ajuda externa que se torna cadavez menos necessária. 76 Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem 3.3 Vygotsky e a educação A escola se torna importante a partir do momento que dentro dela o ensino é sistematizado, contendo atividades diferenciadas das extraescolares. Trata-se do local onde a criança aprende a ler, escrever, obtém domínio de cálculos, entre outras, expandindo seus conhecimentos. Também não é pelo simples fato da criança frequentar a escola que estará aprendendo, isso dependerá de todo o contexto, seja questão política, econômica ou métodos de ensino. O trabalho pedagógico deve estar associado à capacidade de avanços no desenvolvimento da criança, valorizando o desenvolvimento potencial e a zona de desenvolvimento proximal. A escola deve estar atenta ao aluno, valorizar seus conhecimentos prévios, trabalhar a partir deles, estimular as potencialidades dando a possibilidade de esse aluno superar suas capacidades e ir além ao seu desenvolvimento e aprendizado. Para que o professor possa fazer um bom trabalho, precisa conhecer seu aluno, suas descobertas, hipóteses, crenças, opiniões, desenvolvendo diálogo, criando situações onde o aluno possa expor aquilo que sabe. Assim, conclui-se que os registros e as observações são fundamentais tanto para o planejamento e objetivos quanto para a avaliação (COELHO; PISONI, 2012). Dessa forma, intervenções pedagógicas de professores cientes de seu papel mediador, no sentido de mobilizar o grupo para as interações, são imprescindíveis, já que há elaboração do conhecimento a partir das interlocuções de sala de aula e – por que não dizer – de quaisquer espaços sociais. 3.4 A teoria de Wallon Wallon se dedicou ao estudo das emoções e da afetividade. Identificou as primeiras manifestações afetivas do ser humano, suas características e a grande complexidade que sofrem no decorrer do desenvolvimento, assim como suas múltiplas relações com outras atividades psíquicas. Afirma que a afetividade desempenha um papel fundamental na constituição e funcionamento da inteligência, determinando os interesses e necessidades individuais. Atribui às emoções um papel de primeira grandeza na formação da vida psíquica, funcionando como um elo entre o social e o orgânico (TASSONI, 2000). A teoria de Wallon (1981) serve como instrumento para a reflexão pedagógica, pois suscita uma prática que atende às necessidades da criança nos planos afetivo, cognitivo e motor e promove o seu desenvolvimento em todos os níveis. Nessa perspectiva, aumenta-se a compreensão do que é significativo nas condutas 77 AULA 05 infantis e nas interações que acontecem no meio: a linguagem utilizada e as ações somadas à postura, o jeito de caminhar, a maneira de executar os gestos e as expressões faciais. 3.5 O processo de integração em dois sentidos 3.5.1 Integração Organismo-Meio Partindo de uma perspectiva psicogenética, a teoria de desenvolvimento de Wallon (1995) assume que o desenvolvimento da pessoa se faz a partir da interação do potencial genético, típico da espécie humana, e uma grande variedade de fatores ambientais. O foco da teoria é essa interação da criança com o meio, uma relação complementar entre os fatores orgânicos e socioculturais. Psicogenético: constitui um estágio relacionado às heranças hereditárias dos seus ancestrais se destacando no indivíduo através de seus hábitos, costumes e cultura. 3.5.2 Integração dos conjuntos funcionais (cognitivo-afetivo-motor) Os conjuntos ou domínios funcionais são, portanto, constructos de que a teoria se vale para explicar o psiquismo, para explicar o que é inseparável: a pessoa (construção do eu) (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992). � O domínio afetivo oferece as funções responsáveis pelas emoções, pelos sentimentos e pela paixão. � O domínio motor oferece a possibilidade de deslocamento do corpo no tempo e no espaço, as reações posturais que garantem o equilíbrio corporal, bem como o apoio tônico para as emoções e sentimentos se expressarem. � O domínio cognitivo, diretamente ligado à inteligência, oferece um conjunto de funções que permite a aquisição e a manutenção do conhecimento por meio de imagens, noções, ideias e representações. 78 Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem Por meio dele é possível registrar e rever o passado, fixar e analisar o presente e projetar os futuros possíveis ou imaginários. Cognição: é a estruturação do conhecimento, ato ou efeito de conhecer algo, através de nossas percepções, físicas- perceptuais ou conceituais, e que para tanto necessitamos de nossa memória, atenção, percepção, inteligência. 3.6 Concepção de afetividade Refere-se à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/ interno por sensações ligadas às tonalidades agradáveis ou desagradáveis. A teoria aponta três momentos marcantes, sucessivos na evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992). � Emoção: é a exteriorização da afetividade, ou seja, é a sua expressão corporal, motora. É o primeiro recurso de ligação entre o orgânico e o social. � Sentimento: corresponde à expressão representacional da afetividade. Não implica reações instantâneas e diretas como na emoção. � Paixão: revela o aparecimento do autocontrole para dominar uma situação: tenta para isso silenciar a emoção. Caracteriza-se por ciúmes, exigências, exclusividade. 3.7 Evolução da afetividade e aprendizagem 3.7.1 O papel da afetividade nos diferentes estágios: Wallon (1981) propõe cinco estágios do desenvolvimento infantil, e neles descreve como se processa a aprendizagem por meio da afetividade. Apresentando os recursos de mediação que pode ser utilizado em cada um deles. 79 AULA 05 1º Estágio – Impulsivo-emocional (0 a 1 ano) A criança expressa a sua afetividade através de movimentos descoordenados, respondendo a sensibilidades corporais: proprioceptiva (sensibilidade dos músculos) e interoceptivas (sensibilidade das vísceras). Recurso de aprendizagem: o recurso de aprendizagem nesse momento é a fusão com outros. O processo ensino-aprendizagem exige respostas corporais, contatos epidérmicos, daí a importância de se ligar ao seu cuidador, que segure, carregue, embale. Através dessa fusão, a criança participa intensamente do ambiente e, apesar de percepções, sensações nebulosas, pouco claras, vai se familiarizando e apreendendo esse mundo, portanto, iniciando um processo de diferenciação. 2º Estágio – Sensório-motor e Projetivo (1 a 3 anos) Quando já dispõe da fala e da marcha, a criança se volta para o mundo externo (sensibilidade exteroceptiva) para um intenso contato com os objetos e a indagação insistente do que são, como se chamam, como funcionam. Recurso de aprendizagem: O processo ensino-aprendizagem no lado afetivo se revela pela disposição do professor de oferecer diversidade de situações, espaço, para que todos os alunos possam participar igualmente e pela sua disposição de responder às constantes e insistentes indagações na busca de conhecer o mundo exterior, e assim facilitar para o aluno a sua diferenciação em relação aos objetos. 3º Estágio – Personalismo (3 a 6 anos) Existe outro tipo de diferenciação entre a criança e o outro. É a fase de se descobrir diferente das outras crianças e do adulto. Recurso de aprendizagem: O processo ensino-aprendizagem precisa oferecer atividades diferentes e a possibilidade de escolha pela criança das atividades que mais a atraiam. O adulto será o recipiente de muitas respostas: não; não quero; não gosto; não vou; é meu. O importante do ponto de vista afetivo é reconhecer e respeitar as diferenças que despontam. Chamar pelo nome, mostrar que a criança está sendo vista, que ela tem visibilidade no grupo pelas suas diferenças, propor atividades que mostrem essas diferenças, dar oportunidades para que a criança as expresse. No 4º Estágio – Categorial (6 a 11 anos) A diferenciação mais nítida entre o eu e o outro dá condições mais estáveis para a exploração mental do mundoexterno, físico, mediante atividades cognitivas 80 Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem de agrupamento, classificação, categorização em vários níveis de abstração, até chegar ao pensamento categorial. A organização do mundo em categorias bem definidas possibilita também uma compreensão mais nítida de si mesma. Recurso de aprendizagem: Nesse estágio, que coincide com o início do período escolar, a aprendizagem se faz predominante pela descoberta de diferenças e semelhanças entre objetos, imagens, ideias. O predomínio é o da razão. Esse predomínio vai se expressar em representações claras, precisas, que se transformarão, com o tempo, em conceitos e princípios. 5º Estágio – Puberdade e Adolescência (11 anos em diante) Vai aparecer a exploração de si mesmo, na busca de uma identidade autônoma, mediante atividades de confronto, autoafirmação, questionamentos, e para isso se submete e se apoia nos pares, contrapondo-se aos valores tal qual interpretados pelos adultos com quem convive. Recurso de aprendizagem: Na puberdade e adolescência, o recurso principal de aprendizagem do ponto de vista afetivo volta a ser a oposição, que vai aprofundando e possibilitando a identificação das diferenças entre ideias, sentimentos, valores próprios e do outro, adulto, na busca para responder: quem sou eu? Quais são meus valores? Quem serei no futuro?Tais perguntas são permeadas por muitas ambiguidades. O processo ensino-aprendizagem facilitador do ponto de vista afetivo é aquele que permite a expressão e discussão dessas diferenças e que elas sejam levadas em consideração, desde que respeitados os limites que garantam relações solidárias. Wallon (1981) considera que a educação deve integrar à sua prática e aos seus objetivos duas dimensões: a social e a individual. Atendendo, portanto, simultaneamente, à formação do indivíduo e da sociedade. Da psicogenética walloniana não resulta meramente uma pedagogia conteudista, limitada a propiciar a passiva incorporação de elementos da cultura do sujeito, mas sim uma prática em que a dimensão estética da realidade é valorizada, e a expressividade do sujeito ocupa lugar de destaque. Portanto, segundo Wallon (1981), toda aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre a partir das interações sociais, num processo vincular. Pensando, especificamente, na aprendizagem escolar, a trama que tece entre alunos, professores, conteúdo escolar, livros, etc., não acontece puramente no campo cognitivo. Existe uma base afetiva permeando essas relações. 81 AULA 05 4 Aprofundando o conhecimento Que tal conhecer um pouco mais sobre a teoria de Vygotsky e de Wallon? Além do texto teórico acerca da teoria de Vygotsky, trouxe para vocês um vídeo apresentado pela pesquisadora Marta Kohl, no qual explana com bastante clareza e ilustração os conceitos principais da teoria Vygotskiana. à http://www.youtube.com/watch?v=pZFu_ygccOo Como feito na teoria que antecedeu a essa última, também trouxe um vídeo apresentado pela pesquisadora Izabel Galvão, no qual também são explicitados com bastante propriedade a teoria Walloniana. à http://www.youtube.com/watch?v=o5XShz7u7OA Praticando O desenvolvimento e a aprendizagem estão inter-relacionados desde o momento do nascimento. O meio físico ou social influenciam no aprendizado das crianças de modo que chegam às escolas com uma série de conhecimentos adquiridos. Nesse ambiente, a criança desenvolverá outro tipo de conhecimento. Assim, concluímos que o conhecimento se divide em dois grupos: aqueles adquiridos da experiência pessoal, concreta e cotidiana, em que são chamados de ‘conceitos cotidianos ou espontâneos’ e que são caracterizados por observações, manipulações e vivências diretas da criança; já os “conceitos científicos”, adquiridos em sala de aula, relacionam-se àqueles não diretamente acessíveis à observação ou ação imediata da criança. O brinquedo é um mundo imaginário onde a criança pode realizar seus desejos. O ato de brincar é uma importante fonte de promoção de desenvolvimento. Sendo essas atividades utilizadas, em geral, na educação infantil, fase que as crianças aprendem a falar (após os três anos de idade), e são capazes de envolver-se numa situação imaginária. Analisando o texto acima e considerando os pressupostos teóricos de Vygotsky e Wallon, além do papel fundamental da escola na formação da criança, selecione uma escola que tenha Educação Infantil e realize uma entrevista com professores desse nível de ensino sobre sua prática. De posse dessa entrevista, analise as respostas do professor, verificando se os conceitos de Vygotsky e Wallon estão presentes na fala desse professor. 82 Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem 5 Trocando em miúdos Abaixo apresento um quadro comparativo com o resumo dos principais conceitos teóricos de Vygotsky e Wallon: QUADRO COMPARATIVO AUTOR VYGOTSKY WALLON PERÍODO 1897-1934 1879-1962 PALAVRAS-CHAVE INTERAÇÃO SOCIAL AFETIVIDADE Eixos da Teoria Principais Conceitos Mediação Simbólica: instrumentos e signos Zona de esenvolvimento Proximal O movimento As emoções A inteligência A construção do Eu Relação do indivíduo com o mundo Da parte para o todo: processo de socialização (relação com o mundo) Do todo para a parte: processo de individuação (“constituir- se” indivíduo) Papel do Professor/ Escola “Intervir” na Zona de Desenvolvimento Proximal, ou seja, na distância entre o que o aluno já domina e o que faz com ajuda. Considerar: história do aluno, demandas atuais e perspectivas (futuro) Na teoria de Vygotsky, o papel central do professor seria o de intervir, ou mediar, entre o que o aluno sabe e o que virá a saber; e para Wallon seria o de observar e considerar suas demandas, para a construção do “eu” do aluno, que é essencialmente dialética, isto é, continua em movimentos contínuos e contraditórios, que duram por toda a sua vida. Enfim, para ambos a importância do papel do professor está no relacionamento que tem com seus alunos, pois faz parte da construção de cada um deles. 83 AULA 05 Dialética - é a arte do diálogo, no qual é possível demonstrar uma tese através de uma argumentação forte, que consiga distinguir, com clareza, os conceitos da discussão. É contrapor ideias e delas tirar novas ideias que comprovem o que sendo dito. 6 Autoavaliando Nesse conteúdo tratamos de falar que as intervenções pedagógicas de professores cientes de seu papel mediador, no sentido de mobilizar o grupo para as interações. Interações essas tão imprescindíveis para a construção e socialização do conhecimento. Agora responda: Como se dá o seu processo de aprendizagem a partir de suas interações no AVA? Referências COELLO, L; PISONI,S. Vygotsky: sua teoria e influência na educação. Revistas Modelos, nº 02, Agosto de 2012. LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. TASSONI, E. C. M. Afetividade e aprendizagem: a relação professor-aluno. Dissertação de Mestrado. Unicamp, 2000. VIEIRA, L. H. C. N. O desenvolvimento infantil na perspectiva do materialismo dialético. Florianópolis, 1996. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989. _____. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995. _____. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Estampa, 1981. Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem 2 Começando a história 3 Tecendo o conhecimento 3.1 Vygostsky e seus principais postulados 3.2 Vygotsky: desenvolvimento e aprendizagem 3.3 Vygotsky e a educação 3.4 A teoria de Wallon 3.5 O processo de integração em dois sentidos 3.5.1 Integração Organismo-Meio 3.5.2 Integração dos conjuntos funcionais (cognitivo-afetivo-motor) 3.6 Concepção de afetividade 3.7 Evolução da afetividade e aprendizagem 3.7.1 O papel da afetividade nos diferentes estágios: 4 Aprofundando o conhecimento5 Trocando em miúdos 6 Autoavaliando Referências