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Teorias de Vygotsky e Wallon sobre Aprendizagem

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1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
AULA 05Psicologia da Aprendizagem
Glauco Barbosa de Araújo
Maria Betânia da Silva Dantas
Vygotsky, Wallon e 
a Aprendizagem
 � Identificar como sócio-construtivismo explica a aprendizagem;
 � Conhecer a aplicabilidade da perspectiva sócio-
construtivista para a educação.
UNIDADE 01
72
Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem
2 Começando a história
As teorias sócio-construtivistas possuem a premissa de que aprendizagem e 
desenvolvimento são produtos da interação social. A concepção histórico-social 
do desenvolvimento humano nos permite compreender os processos de interação 
existentes entre pensamento e atividade humana. Assim, destacaremos nesta 
aula as teorias de Lev Vygotsky e Henri Wallon.
Vygotsky e Wallon construíram suas teorias sobre o desenvolvimento infantil 
partindo da mesma concepção de ser humano e de realidade. Os autores 
conceberam o sujeito a partir do materialismo histórico e dialético, temática 
que vocês viram na aula de 07 de Filosofia da Educação, quando tiveram contato 
com Karl Marx e sua obra. 
Assim, para esses autores a relação com a realidade se dar por mediações que 
permitem ao indivíduo ser transformado pela natureza, e esta, por sua vez, é 
transformada por ele. Portanto, a mediação se processa pelo uso de instrumentos 
e signos que possibilitam, pela interação social, a transformação do meio e dos 
sujeitos. A diferença entre os dois está no que é considerada a principal mediação 
nessa relação: para Vygotsky é a linguagem, enquanto para Wallon é a emoção, 
considerada por ele uma linguagem anterior à própria linguagem, a primeira 
forma de comunicação (VIEIRA, 1996).
Materialismo Histórico e Dialético: é uma concepção filosófica que 
defende que o ambiente, o organismo e fenômenos físicos tanto modelam 
os animais e os seres humanos, sua sociedade e sua cultura quanto são 
modelados por eles, conforme o contexto histórico.
3 Tecendo o conhecimento
3.1 Vygostsky e seus principais postulados
Vygotsky considera em suas obras a relação indivíduo/ sociedade a qual afirma 
que as características humanas são resultados das relações homem e sociedade, 
73
AULA 05
pois quando o homem transforma o meio na busca de atender suas necessidades 
básicas, ele transforma-se a si mesmo. Segundo o autor, a criança ao nascer traz 
consigo apenas as funções psicológicas elementares e, a partir da interação com a 
cultura, estas funções transformam-se em funções psicológicas superiores, sendo 
estas o controle consciente do comportamento, a ação intencional e a liberdade 
do indivíduo em relação às características do momento e do espaço presente. 
O desenvolvimento do psiquismo humano é sempre mediado pelo outro que 
indica, delimita e atribui significados à realidade (COELLHO; PISONI, 2012). 
Funções mentais superiores: capacidade para 
solucionar problemas, o armazenamento e o 
uso adequado da memória, a formação de novos 
conceitos, o desenvolvimento da vontade – 
aparecem inicialmente no plano social.
Obs: Vygotski adota a visão de que pensamento e linguagem são dois 
círculos interligados. É na interseção deles que se produz o que se chama 
de pensamento verbal. 
 
Os principais postulados de Vygotsky (1989) são:
a) A linguagem é constituidora do sujeito; 
b) Interesse em conhecer a relação entre pensamento e linguagem, 
compreendendo que ambos estão conectados e que evoluem 
dinamicamente com o desenvolvimento global dos indivíduos; 
c) Na criança pequena, o pensamento evolui sem linguagem. O balbucio, 
por exemplo, não envolve pensamento, mas contempla uma função 
social da fala (chamar atenção); 
d) O desenvolvimento da fala observa os níveis pré-intelectual e 
pré-linguístico e, a partir da organização linguístico-cognitiva, o 
pensamento se torna verbal e a linguagem racional (a criança percebe 
que cada coisa tem um nome) – nessa fase a criança entende o 
propósito da linguagem;
e) Quando a fala serve ao intelecto, o pensamento começa a ser 
verbalizado; 
74
Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem
f) A criança sente a necessidade das palavras, aprende signos (função 
simbólica da linguagem);
g) Palavras com significado representam o fenômeno da fala, enquanto 
que palavras com generalização, sem significado, envolvem atos de 
pensamento, e palavras sem significado representam sons vazios; 
h) O pensamento nasce por meio da fala e, por isso, é importante 
examinar o significado da palavra no pensamento, pois as palavras 
são o meio que fazem o pensamento existir; 
i) A estrutura da fala é o reflexo da estrutura do pensamento; 
j) O pensamento é uma das funções que integram a atividade pessoal, 
cuja finalidade essencial é a de estabelecer relações e conexões 
significativas entre os dados psíquicos; 
k) Não pensar é sinônimo de automatismo;
l) A atuação do pensamento se dá pela associação, orientação e 
agrupamento dos dados perceptivos, com o objetivo de conduzir 
para as ideias; 
m) O pensamento elabora e simboliza, generaliza e abstrai para poder 
classificar e ordenar, analisar e concretizar; 
n) A vida social e a constante comunicação entre adultos e crianças 
despertam e intensificam o pensamento, e isso permite assimilação 
de experiências de geração em geração, por muitas gerações; 
o) Pensamento e linguagem são processos interdependentes; 
p) A linguagem humana supõe mediação entre sujeito e objeto de 
conhecimento; 
q) As estruturas do pensamento se modificam e encontram raízes na 
sociedade e na cultura;
r) O pensamento acelera o aparecimento da linguagem. 
Segundo Vygotsky (1989), todas as funções do desenvolvimento do indivíduo 
aparecem duas vezes: primeiro no nível social, depois no individual; primeiro 
entre pessoas (interpsicológico) e, posteriormente, no interior do sujeito 
(intrapsicológico). 
75
AULA 05
3.2 Vygotsky: desenvolvimento e aprendizagem
Vygotsky (1984) destaca as relações de desenvolvimento e aprendizagem dentro 
de suas obras. Segundo o autor, a criança começa seu aprendizado bem antes 
de chegar à escola, entretanto o aprendizado escolar introduz elementos novos 
no seu desenvolvimento.
Dois tipos de desenvolvimento foram identificados: o desenvolvimento real e 
desenvolvimento potencial. O primeiro diz respeito àquelas conquistas que já são 
consolidadas na criança, ou seja, capacidades ou funções que realiza sozinha 
sem auxílio de outro indivíduo. Habitualmente, costuma-se avaliar a criança 
considerando apenas o que ela já é capaz de realizar. Já o segundo, diz respeito 
àquilo que a criança pode realizar com auxílio de outro indivíduo. Neste caso, as 
experiências são muito importantes, pois a criança aprende por meio do diálogo, 
colaboração, imitação, etc. A distância entre os dois níveis de desenvolvimentos 
é denominado de zona de desenvolvimento proximal, o período que a criança 
fica utilizando um “apoio” até que seja capaz de realizar determinada atividade 
sozinha (COELHO; PISONI, 2012).
Vigotsky (1984, p. 98) afirma que “aquilo que é zona de desenvolvimento proximal 
hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma 
criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã”. 
O conceito de zona de desenvolvimento proximal é muito importante para estudar 
o desenvolvimento e o plano educacional infantil, porque este permite avaliar 
o desenvolvimento individual. Nessa direção, é possível elaborar estratégias 
pedagógicas para que a criança possa evoluir no aprendizado. Esta é a zona 
cooperativa do conhecimento. O mediador ajuda a criança a concretizar o 
desenvolvimento que está próximo, ajudando-a a transformar o desenvolvimento 
potencial em desenvolvimento real.
Zona de Desenvolvimento Proximal (vizinho): tipo de apoio bem 
sintonizado do adulto que ajuda as crianças na realização de ações que 
posteriormente virão a realizar independentemente.
Obs: À medida que as crianças crescem, elas vão internalizando a ajuda 
externa que se torna cadavez menos necessária. 
 
76
Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem
3.3 Vygotsky e a educação
A escola se torna importante a partir do momento que dentro dela o ensino é 
sistematizado, contendo atividades diferenciadas das extraescolares. Trata-se 
do local onde a criança aprende a ler, escrever, obtém domínio de cálculos, entre 
outras, expandindo seus conhecimentos. Também não é pelo simples fato da 
criança frequentar a escola que estará aprendendo, isso dependerá de todo o 
contexto, seja questão política, econômica ou métodos de ensino. 
O trabalho pedagógico deve estar associado à capacidade de avanços no 
desenvolvimento da criança, valorizando o desenvolvimento potencial e a zona 
de desenvolvimento proximal. A escola deve estar atenta ao aluno, valorizar seus 
conhecimentos prévios, trabalhar a partir deles, estimular as potencialidades 
dando a possibilidade de esse aluno superar suas capacidades e ir além ao seu 
desenvolvimento e aprendizado. Para que o professor possa fazer um bom trabalho, 
precisa conhecer seu aluno, suas descobertas, hipóteses, crenças, opiniões, 
desenvolvendo diálogo, criando situações onde o aluno possa expor aquilo que 
sabe. Assim, conclui-se que os registros e as observações são fundamentais tanto 
para o planejamento e objetivos quanto para a avaliação (COELHO; PISONI, 2012).
Dessa forma, intervenções pedagógicas de professores cientes de seu papel 
mediador, no sentido de mobilizar o grupo para as interações, são imprescindíveis, 
já que há elaboração do conhecimento a partir das interlocuções de sala de aula 
e – por que não dizer – de quaisquer espaços sociais. 
3.4 A teoria de Wallon
Wallon se dedicou ao estudo das emoções e da afetividade. Identificou as 
primeiras manifestações afetivas do ser humano, suas características e a grande 
complexidade que sofrem no decorrer do desenvolvimento, assim como suas 
múltiplas relações com outras atividades psíquicas. Afirma que a afetividade 
desempenha um papel fundamental na constituição e funcionamento da 
inteligência, determinando os interesses e necessidades individuais. Atribui 
às emoções um papel de primeira grandeza na formação da vida psíquica, 
funcionando como um elo entre o social e o orgânico (TASSONI, 2000).
A teoria de Wallon (1981) serve como instrumento para a reflexão pedagógica, 
pois suscita uma prática que atende às necessidades da criança nos planos afetivo, 
cognitivo e motor e promove o seu desenvolvimento em todos os níveis. Nessa 
perspectiva, aumenta-se a compreensão do que é significativo nas condutas 
77
AULA 05
infantis e nas interações que acontecem no meio: a linguagem utilizada e as 
ações somadas à postura, o jeito de caminhar, a maneira de executar os gestos 
e as expressões faciais.
3.5 O processo de integração em dois sentidos
3.5.1 Integração Organismo-Meio
Partindo de uma perspectiva psicogenética, a teoria de desenvolvimento de 
Wallon (1995) assume que o desenvolvimento da pessoa se faz a partir da interação 
do potencial genético, típico da espécie humana, e uma grande variedade de 
fatores ambientais. O foco da teoria é essa interação da criança com o meio, uma 
relação complementar entre os fatores orgânicos e socioculturais.
Psicogenético: constitui um estágio relacionado às heranças hereditárias 
dos seus ancestrais se destacando no indivíduo através de seus hábitos, 
costumes e cultura.
3.5.2 Integração dos conjuntos funcionais 
(cognitivo-afetivo-motor)
Os conjuntos ou domínios funcionais são, portanto, constructos de que a teoria 
se vale para explicar o psiquismo, para explicar o que é inseparável: a pessoa 
(construção do eu) (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992).
 � O domínio afetivo oferece as funções responsáveis 
pelas emoções, pelos sentimentos e pela paixão.
 � O domínio motor oferece a possibilidade de deslocamento 
do corpo no tempo e no espaço, as reações posturais que 
garantem o equilíbrio corporal, bem como o apoio tônico 
para as emoções e sentimentos se expressarem.
 � O domínio cognitivo, diretamente ligado à inteligência, oferece um 
conjunto de funções que permite a aquisição e a manutenção do 
conhecimento por meio de imagens, noções, ideias e representações. 
78
Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem
Por meio dele é possível registrar e rever o passado, fixar e analisar 
o presente e projetar os futuros possíveis ou imaginários.
Cognição: é a estruturação do conhecimento, ato ou efeito 
de conhecer algo, através de nossas percepções, físicas-
perceptuais ou conceituais, e que para tanto necessitamos 
de nossa memória, atenção, percepção, inteligência.
 
3.6 Concepção de afetividade
Refere-se à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/
interno por sensações ligadas às tonalidades agradáveis ou desagradáveis. A 
teoria aponta três momentos marcantes, sucessivos na evolução da afetividade: 
emoção, sentimento e paixão (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992).
 � Emoção: é a exteriorização da afetividade, ou seja, 
é a sua expressão corporal, motora. É o primeiro 
recurso de ligação entre o orgânico e o social.
 � Sentimento: corresponde à expressão representacional da afetividade. 
Não implica reações instantâneas e diretas como na emoção.
 � Paixão: revela o aparecimento do autocontrole para 
dominar uma situação: tenta para isso silenciar a emoção. 
Caracteriza-se por ciúmes, exigências, exclusividade. 
3.7 Evolução da afetividade e aprendizagem
3.7.1 O papel da afetividade nos diferentes estágios:
Wallon (1981) propõe cinco estágios do desenvolvimento infantil, e neles descreve 
como se processa a aprendizagem por meio da afetividade. Apresentando os 
recursos de mediação que pode ser utilizado em cada um deles.
79
AULA 05
1º Estágio – Impulsivo-emocional (0 a 1 ano)
A criança expressa a sua afetividade através de movimentos descoordenados, 
respondendo a sensibilidades corporais: proprioceptiva (sensibilidade dos 
músculos) e interoceptivas (sensibilidade das vísceras).
Recurso de aprendizagem: o recurso de aprendizagem nesse momento é a 
fusão com outros. O processo ensino-aprendizagem exige respostas corporais, 
contatos epidérmicos, daí a importância de se ligar ao seu cuidador, que segure, 
carregue, embale. Através dessa fusão, a criança participa intensamente do 
ambiente e, apesar de percepções, sensações nebulosas, pouco claras, vai se 
familiarizando e apreendendo esse mundo, portanto, iniciando um processo 
de diferenciação.
2º Estágio – Sensório-motor e Projetivo (1 a 3 anos) 
Quando já dispõe da fala e da marcha, a criança se volta para o mundo externo 
(sensibilidade exteroceptiva) para um intenso contato com os objetos e a 
indagação insistente do que são, como se chamam, como funcionam. 
Recurso de aprendizagem: O processo ensino-aprendizagem no lado afetivo se 
revela pela disposição do professor de oferecer diversidade de situações, espaço, 
para que todos os alunos possam participar igualmente e pela sua disposição de 
responder às constantes e insistentes indagações na busca de conhecer o mundo 
exterior, e assim facilitar para o aluno a sua diferenciação em relação aos objetos.
3º Estágio – Personalismo (3 a 6 anos)
Existe outro tipo de diferenciação entre a criança e o outro. É a fase de se descobrir 
diferente das outras crianças e do adulto.
Recurso de aprendizagem: O processo ensino-aprendizagem precisa oferecer 
atividades diferentes e a possibilidade de escolha pela criança das atividades que 
mais a atraiam. O adulto será o recipiente de muitas respostas: não; não quero; 
não gosto; não vou; é meu. O importante do ponto de vista afetivo é reconhecer 
e respeitar as diferenças que despontam. Chamar pelo nome, mostrar que a 
criança está sendo vista, que ela tem visibilidade no grupo pelas suas diferenças, 
propor atividades que mostrem essas diferenças, dar oportunidades para que 
a criança as expresse. 
No 4º Estágio – Categorial (6 a 11 anos)
A diferenciação mais nítida entre o eu e o outro dá condições mais estáveis para 
a exploração mental do mundoexterno, físico, mediante atividades cognitivas 
80
Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem
de agrupamento, classificação, categorização em vários níveis de abstração, 
até chegar ao pensamento categorial. A organização do mundo em categorias 
bem definidas possibilita também uma compreensão mais nítida de si mesma.
Recurso de aprendizagem: Nesse estágio, que coincide com o início do período 
escolar, a aprendizagem se faz predominante pela descoberta de diferenças 
e semelhanças entre objetos, imagens, ideias. O predomínio é o da razão. 
Esse predomínio vai se expressar em representações claras, precisas, que se 
transformarão, com o tempo, em conceitos e princípios.
5º Estágio – Puberdade e Adolescência (11 anos em diante)
Vai aparecer a exploração de si mesmo, na busca de uma identidade autônoma, 
mediante atividades de confronto, autoafirmação, questionamentos, e para isso se 
submete e se apoia nos pares, contrapondo-se aos valores tal qual interpretados 
pelos adultos com quem convive.
Recurso de aprendizagem: Na puberdade e adolescência, o recurso principal 
de aprendizagem do ponto de vista afetivo volta a ser a oposição, que vai 
aprofundando e possibilitando a identificação das diferenças entre ideias, 
sentimentos, valores próprios e do outro, adulto, na busca para responder: 
quem sou eu? Quais são meus valores? Quem serei no futuro?Tais perguntas 
são permeadas por muitas ambiguidades.
O processo ensino-aprendizagem facilitador do ponto de vista afetivo é aquele 
que permite a expressão e discussão dessas diferenças e que elas sejam levadas 
em consideração, desde que respeitados os limites que garantam relações 
solidárias. Wallon (1981) considera que a educação deve integrar à sua prática e 
aos seus objetivos duas dimensões: a social e a individual. Atendendo, portanto, 
simultaneamente, à formação do indivíduo e da sociedade. 
Da psicogenética walloniana não resulta meramente uma pedagogia conteudista, 
limitada a propiciar a passiva incorporação de elementos da cultura do sujeito, 
mas sim uma prática em que a dimensão estética da realidade é valorizada, e a 
expressividade do sujeito ocupa lugar de destaque. 
Portanto, segundo Wallon (1981), toda aprendizagem está impregnada de 
afetividade, já que ocorre a partir das interações sociais, num processo vincular. 
Pensando, especificamente, na aprendizagem escolar, a trama que tece entre 
alunos, professores, conteúdo escolar, livros, etc., não acontece puramente no 
campo cognitivo. Existe uma base afetiva permeando essas relações.
81
AULA 05
4 Aprofundando o conhecimento
Que tal conhecer um pouco mais sobre a teoria de Vygotsky e de Wallon?
Além do texto teórico acerca da teoria de Vygotsky, trouxe para vocês um vídeo 
apresentado pela pesquisadora Marta Kohl, no qual explana com bastante clareza 
e ilustração os conceitos principais da teoria Vygotskiana.
 à http://www.youtube.com/watch?v=pZFu_ygccOo
Como feito na teoria que antecedeu a essa última, também trouxe um vídeo 
apresentado pela pesquisadora Izabel Galvão, no qual também são explicitados 
com bastante propriedade a teoria Walloniana.
 à http://www.youtube.com/watch?v=o5XShz7u7OA
Praticando
O desenvolvimento e a aprendizagem estão inter-relacionados desde o momento 
do nascimento. O meio físico ou social influenciam no aprendizado das crianças de 
modo que chegam às escolas com uma série de conhecimentos adquiridos. Nesse 
ambiente, a criança desenvolverá outro tipo de conhecimento. Assim, concluímos 
que o conhecimento se divide em dois grupos: aqueles adquiridos da experiência 
pessoal, concreta e cotidiana, em que são chamados de ‘conceitos cotidianos 
ou espontâneos’ e que são caracterizados por observações, manipulações e 
vivências diretas da criança; já os “conceitos científicos”, adquiridos em sala de 
aula, relacionam-se àqueles não diretamente acessíveis à observação ou ação 
imediata da criança. O brinquedo é um mundo imaginário onde a criança pode 
realizar seus desejos. O ato de brincar é uma importante fonte de promoção 
de desenvolvimento. Sendo essas atividades utilizadas, em geral, na educação 
infantil, fase que as crianças aprendem a falar (após os três anos de idade), e são 
capazes de envolver-se numa situação imaginária.
Analisando o texto acima e considerando os pressupostos teóricos de Vygotsky e 
Wallon, além do papel fundamental da escola na formação da criança, selecione 
uma escola que tenha Educação Infantil e realize uma entrevista com professores 
desse nível de ensino sobre sua prática.
De posse dessa entrevista, analise as respostas do professor, verificando se os 
conceitos de Vygotsky e Wallon estão presentes na fala desse professor. 
82
Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem
5 Trocando em miúdos
Abaixo apresento um quadro comparativo com o resumo dos principais conceitos 
teóricos de Vygotsky e Wallon:
QUADRO COMPARATIVO
AUTOR VYGOTSKY WALLON
PERÍODO 1897-1934 1879-1962
PALAVRAS-CHAVE INTERAÇÃO SOCIAL AFETIVIDADE
Eixos da Teoria
Principais Conceitos
Mediação Simbólica: 
instrumentos e signos
Zona de esenvolvimento 
Proximal
O movimento
As emoções
A inteligência
A construção do Eu
Relação do indivíduo 
com o mundo
Da parte para o todo: 
processo de socialização 
(relação com o mundo)
Do todo para a 
parte: processo de 
individuação (“constituir-
se” indivíduo)
Papel do Professor/
Escola
“Intervir” na Zona de 
Desenvolvimento 
Proximal, ou seja, na 
distância entre o que o 
aluno já domina e o que 
faz com ajuda.
Considerar: história do 
aluno, demandas atuais e 
perspectivas (futuro)
Na teoria de Vygotsky, o papel central do professor seria o de intervir, ou 
mediar, entre o que o aluno sabe e o que virá a saber; e para Wallon seria o 
de observar e considerar suas demandas, para a construção do “eu” do aluno, 
que é essencialmente dialética, isto é, continua em movimentos contínuos e 
contraditórios, que duram por toda a sua vida. Enfim, para ambos a importância 
do papel do professor está no relacionamento que tem com seus alunos, pois 
faz parte da construção de cada um deles.
83
AULA 05
Dialética - é a arte do diálogo, no qual é possível demonstrar uma tese 
através de uma argumentação forte, que consiga distinguir, com clareza, 
os conceitos da discussão. É contrapor ideias e delas tirar novas ideias que 
comprovem o que sendo dito.
6 Autoavaliando
Nesse conteúdo tratamos de falar que as intervenções pedagógicas de 
professores cientes de seu papel mediador, no sentido de mobilizar o grupo 
para as interações. Interações essas tão imprescindíveis para a construção e 
socialização do conhecimento. 
Agora responda:
Como se dá o seu processo de aprendizagem a partir de suas interações no AVA?
Referências
COELLO, L; PISONI,S. Vygotsky: sua teoria e influência na educação. Revistas 
Modelos, nº 02, Agosto de 2012.
LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias 
psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
TASSONI, E. C. M. Afetividade e aprendizagem: a relação professor-aluno. 
Dissertação de Mestrado. Unicamp, 2000.
VIEIRA, L. H. C. N. O desenvolvimento infantil na perspectiva do materialismo 
dialético. Florianópolis, 1996.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
_____. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.
_____. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Estampa, 1981.
	Vygotsky, Wallon e a Aprendizagem
	2	Começando a história
	3	Tecendo o conhecimento
	3.1	Vygostsky e seus principais postulados
	3.2	Vygotsky: desenvolvimento e aprendizagem
	3.3	Vygotsky e a educação
	3.4	A teoria de Wallon
	3.5	O processo de integração em dois sentidos
	3.5.1	Integração Organismo-Meio
	3.5.2	Integração dos conjuntos funcionais (cognitivo-afetivo-motor)
	3.6	Concepção de afetividade
	3.7	Evolução da afetividade e aprendizagem
	3.7.1	O papel da afetividade nos diferentes estágios:
	4	Aprofundando o conhecimento5	Trocando em miúdos
	6	Autoavaliando
	Referências

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