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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CAMPUS VILA VELHA FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL Turma: Licenciatura em Química Alunas: Deborah Pimentel, Diego Suhet e Quézia Costa Título: Crioscopia Data: 27/04/2022 1. INTRODUÇÃO As denominadas propriedades coligativas referem-se a quatro propriedades físicas características de soluções diluídas (abaixamento crioscópico, pressão osmótica, elevação do ponto de ebulição e abaixamento da pressão de vapor), cujos comportamentos são correlacionados e unidos pelo fato de dependerem do número de partículas de soluto presentes em uma dada quantidade de determinado solvente. Todos têm em comum o fato do potencial químico do solvente no estado líquido ser diminuído na presença de um soluto, de tal forma que o equilíbrio com a fase de vapor (para solutos não-voláteis) ou com a fase sólida seja estabelecido em temperaturas diferentes, a uma dada pressão, ou a pressões diferentes a uma dada temperatura (SANTOS et al., 2002). Desta forma, as propriedades coligativas recebem este nome porque “dependem do conjunto” e não do indivíduo (ATKINS, 2003). É possível observar empiricamente a existência de uma relação entre o abaixamento da temperatura de cristalização de um líquido numa solução e a respectiva do líquido puro. Esse fato pode ser expresso pela equação 1 abaixo: ∆𝑇𝑐 = 𝐾𝐶 . W Equação 1 Kc é a constante de proporcionalidade denominada crioscópica, e W é a concentração da solução, expressa em termos de molalidade. A constante crioscópica é uma característica do solvente, normalmente encontrada em manuais (RANGEL, 2006). A crioscopia é a propriedade coligativa que estuda o abaixamento da temperatura de congelamento de um líquido, provocado pela presença de um soluto não-volátil. Esse abaixamento é diretamente proporcional à molalidade da solução. O fenômeno crioscópico tem várias aplicações práticas, por exemplo: as fábricas de sorvete adicionam sal comum (NaCl) à água para resfriá-la muito abaixo de 0ºC, sem que à água venha a se solidificar; em países frios onde a neve se acumula nas estradas é comum colocar NaCl ou CaCl2 nas rodovias durante o inverno, para derreter o gelo e assim evitar acidentes (LIMA, 2007). 2. OBJETIVOS Determinar o abaixamento relativo da temperatura de congelamento de soluções de sacarose e a constante crioscópica da água. 3. MATERIAIS E REAGENTES ● Água destilada; ● Balança analítica; ● Balão volumétrico 25 mL; ● Bastão de vidro; ● Béquer 50 mL e 500 mL; ● Calorímetro (sem a tampa); ● Espátula; ● Funil de vidro; ● Gelo; ● Martelo; ● Papel alumínio; ● Proveta; ● Sacarose; ● Sal; ● Termômetro; ● Tubos de ensaio; 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 4.1. PREPARO DAS SOLUÇÕES DE SACAROSE Pesou-se, usando a balança analítica, quatro porções de sacarose com diferentes massas, sendo elas: 2,0015 g, 4,0061 g, 6,0097 g e 8,0149 g. Dissolveu-se cada uma em um béquer de 50 mL com aproximadamente 20 mL de água destilada e após a dissolução completa da sacarose transferiu-se cada solução para um balão volumétrico de 25 mL, aferindo o menisco e agitando até completa homogeneização. 4.2. CRIOSCOPIA Inicialmente, revestiu-se o calorímetro com papel alumínio. Logo após, triturou-se alguns cubos de gelo e misturou-se com sal, em uma proporção 4:1, conforme o volume do calorímetro e transferiu-se essa mistura para o calorímetro, mantendo-o fechado por 5 minutos. O experimento foi realizado primeiramente com a água. Em um tubo de ensaio adicionou-se 5 mL de água destilada e inseriu-se ao calorímetro, encostando o tubo de ensaio no fundo do calorímetro. Tampou-se com papel alumínio e inseriu-se o termômetro dentro do tubo de ensaio. Cronometrou-se o tempo de congelamento da água e anotou-se a temperatura a cada 30 segundos, até que a temperatura permanecesse constante. Fez-se triplicata. O mesmo procedimento foi repetido para as soluções de sacarose, porém, para as soluções de 6 g e 8 g, anotou-se a temperatura a cada 1 minuto. Fez-se triplicata para cada amostra. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO As propriedades coligativas, onde inclui-se a crioscopia, são propriedades de um solvente que são modificadas pela adição de um soluto não-volátil. Essa influência não depende da natureza do soluto e sim da quantidade de partículas presentes na solução, ou seja, depende diretamente da concentração do soluto. O soluto não-volátil apresenta um ponto de ebulição alto, portanto sua capacidade de evaporar acaba sendo mais baixa, isso explica essa necessidade para as soluções utilizadas no experimento, pois o potencial químico acaba sendo maior. Podemos afirmar então que o abaixamento crioscópico não é afetado pela natureza da substância utilizada, mas pela quantidade de suas moléculas, partículas ou átomos adicionada a um solvente. Preparadas as soluções, foi necessário determinar a molalidade real de cada uma delas. Para isso, calculou-se a massa molar da sacarose (C12H22O11) e, após isso, foi possível fazer o cálculo da molalidade a partir da Equação 1. Dados: massa molar C12H22O11: 342,3g/mol. 𝑊 = 𝑚1𝑀1.𝑚2 Equação 1: Equação de cálculo da molalidade. Tabela 1 - Molalidade das soluções de sacarose (em 25 mL de H2O) Solução Molalidade 1 (2,0015 g de C12H22O11) 0,234 mol/Kg 2 (4,0061 g de C12H22O11) 0,468 mol/Kg 3 (6,0097 g de C12H22O11) 0,702 mol/Kg 4 (8,0149 g de C12H22O11) 0,937 mol/Kg Fonte: Autores, 2022 A partir das soluções preparadas, transferiu-se para tubos de ensaio, colocados no copo térmico, a fim de verificar a temperatura no ponto de congelamento conforme a adição de sacarose ao solvente, apresentado na Tabela 3. Tabela 3 - Dados experimentais das soluções de sacarose Triplicata 1 2 3 Tempo Temperatura Tempo Temperatura Tempo Temperatura SOLUÇÃO 1 (2,0015 g de sacarose) 1 min 4,2ºC 30 s 9ºC 30 s 10ºC 1 min 30 s 0,5ºC 1 min 3,2ºC 1 min 4,1ºC 2 min -1,2ºC 1 min 30 s 1,1ºC 1 min 30 s 0,5ºC 2 min 30 s -0,2ºC 2 min 0,4ºC 2 min -0,2ºC 3 min -0,1ºC 2 min 30 s 0,1ºC 2 min 30 s -0,1ºC 3 min -0,1ºC Média da temperatura (1) -0,1 ºC SOLUÇÃO 2 (4,0061 g de sacarose) 30 s -1,8ºC 30 s -2,6ºC 30 s -1,4ºC 1 min -0,8ºC 1 min -1,1ºC 1 min -2,4ºC 1 min 30 s -1,1ºC 1 min 30 s -1,1ºC 1 min 30 s -1,1ºC 2 min -1,8ºC 2 min -1,1ºC 2 min -1,1ºC 2 min 30 s -2,8ºC 2 min 30 s -1,1ºC 2 min 30 s -1,1ºC 3 min -3,1ºC 3 min -1,2ºC 3 min -1,1ºC Média da temperatura (2) -1,8 ºC SOLUÇÃO 3 (6,0097 g de sacarose) 1 min -0,8ºC 1 min -1,1ºC 1 min -1,5ºC 2 min -1,4ºC 2 min -2,2ºC 2 min -2,1ºC 3 min -3,2ºC 2 min 30s -5,7ºC 3 min -4,9ºC 3 min 30 s -5,1ºC 3 min 30 s -7,2ºC Média da temperatura (3) -6 SOLUÇÃO 4 (8,0149 g de sacarose) 1 min 6,9ºC 1 min 4,3ºC 1 min 3,6ºC 2 min -1,8ºC 2 min -3,9ºC 2 min -4,9ºC 3 min -6,9ºC 3 min -8,1ºC 3 min 30 s -8,4ºC 4 min -9,5ºC 4 min -9,4ºC Média da temperatura (4) -9,1 ºC Fonte: Autores, 2022 O cálculo crioscópico é o termo utilizado para quantificar a crioscopia, a equação utilizada para realizar o cálculo crioscópico está representada na Equação 2. △θ = θ 2 − θ Equação 2 : Equação de cálculo da constante crioscópica. Na equação, representa a variação da temperatura de congelamento ou∆θ diminuição da temperatura de congelamento, a temperatura de congelamento doθ 2 solvente e a temperatura de congelamento da solução. A variação da temperaturaθ de congelamento também está diretamente relacionada com a constante crioscópica do solvente e a molalidade da solução, a partir disso podemos utilizar a Equação 3 para determinar a diminuição na temperatura de congelamento do solvente presente. △θ = 𝐾𝑐 . 𝑊 Equação 3 : Expressão do cálculo crioscópio. Na Equação 3, Kc representa a constante crioscópica do solvente presente na solução e W a concentração molal. No experimento utilizou-se a água, onde de acordo com a literatura sua constante crioscópica é 1,86 ºC.mol/kg (ATKINS, 2008). Assim, calculou-se o valor teórico do abaixamento relativo da temperatura de congelamento da água. Tabela 4 - Abaixamento relativo da temperatura do congelamentodas soluções. Solução Temperatura de congelamento 1 -0,44 °C 2 -0,87 ºC 3 -1,31 °C 4 -1,75 °C Fonte: Autores, 2022 O abaixamento crioscópico, ΔT, do solvente ocorre porque o seu potencial químico na solução é menor que o do líquido puro, enquanto que o da fase sólida, quando constituída somente do solvente puro, permanece o mesmo (SANTOS et al., 2002). Ao comparar com os valores obtidos experimentalmente, observa-se discrepâncias notáveis, podendo ser explicadas pela falta de visualização do ponto correto de congelamento da solução, a dificuldade no isolamento térmico do sistema e possíveis erros do analista. A partir dos dados analisados acima, calculou-se dessa vez, usando a mesma Equação 3, a constante crioscópica das soluções, obtendo os seguintes valores: Tabela 5 - Constante crioscópicas das soluções. Solução Kc (K.kg.mol-1) 1 1,88 2 1,86 3 1,86 4 1,87 Fonte: Autores, 2022 Observa-se então, valores próximos à da constante crioscópica da água encontrada experimentalmente nas soluções, sendo assim um resultado satisfatório para a prática realizada. 6. CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos, é possível observar que a maior desordem da solução se opõe à tendência ao congelamento. Consequentemente, é necessário uma temperatura muito baixa para conseguir equilíbrio entre sólido e solução. Por isso, o ponto de congelamento fica mais baixo com adição de sacarose. Ainda assim, os valores experimentais divergem dos valores teóricos, podendo ser explicados pelas dificuldades descritas durante a realização da prática. Apesar disso, os resultados encontrados são satisfatórios para o estudo em questão. 7. REFERÊNCIAS ATKINS P, DE PAULA J, Físico-Química. Volume 1. Livros Técnicos e Científicos, 8ª Edição, 2008. SANTOS, Anderson R. dos, et al. Determinação da massa molar por crioscopia: terc-butanol, um solvente extremamente adequado. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/q n/v25 n5 /11417.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2022. LIMA, J. B.; MATOS A. A. CRIOSCOPIA: estudo do abaixamento da temperatura de congelamento de solução através de experimento com material alternativo. Associação Brasileira de Química (ABQ), 2007. ATKINS, P. W. PAULA, J. de. Fundamentos de Físico-Química. Vol 1. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. RANGEL N. Renato. Práticas de Físico – Química. 3ª. Ed. Edgard Blücher Ltda. 2006.
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