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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA
UNIDADE 2 - SISTEMA IMUNOLÓGICO
Maurício Peixoto
Introdução
Nesta unidade, vamos conhecer alguns conceitos relativos à imunologia, explorando as principais
características do sistema imunológico humano. Todo mundo sabe da importância do nosso sistema
imunológico no combate aos patógenos. Ele garante a nossa defesa por meio de inúmeras células de
defesa que estão circulando pelo nosso corpo, impedindo, assim, que o patógeno desencadeie uma
doença. Mas e se o patógeno tiver sucesso em vencer as barreiras imunológicas, o que acontece?
Para responder a essa pergunta, veremos que possuímos dois tipos de respostas imunológicas: a
resposta imunológica inata e a adaptativa. Se as células e moléculas que citamos anteriormente não
derem “conta do recado”, ou seja, não conseguirem eliminar o patógeno, entra em ação o sistema imune
adaptativo.
E você sabe como nosso organismo conhece a hora de iniciar uma resposta imunológica? Você conhece
as células que fazem a defesa do nosso organismo? Já ouviu falar em órgãos linfoides primários e
secundários? Esses sistemas possuem características únicas e eficientes para eliminar agentes
agressores. Para se ter êxito nesse combate, diferentes células possuem distintas funções. Nesta
unidade, você conhecerá essas células que atuam no combate ao patógeno. Dentre elas, temos os
linfócitos T e B, que atuam no local da infecção. Mas como um linfócito sabe o local exato que deve
deixar a corrente sanguínea? Todas essas perguntas serão respondidas ao longo da Unidade 2. Vem
com a gente e bons estudos!
2.1 Introdução ao estudo do sistema imunológico e órgãos
linfoides
A área que estuda o sistema imunológico – ou sistema imunitário – dos seres humanos é chamada de
imunologia. O sistema imunológico é responsável por nos proteger contra doenças causadas por
microrganismos patogênicos.
Os órgãos linfoides são responsáveis pela resposta imunológica, pois dão origem a diversas células do
sistema imune e fornecem um local propício para que ocorra essa resposta. 
2.1.1 Componentes do sistema imunológico
Uma série de moléculas e células fazem parte da composição do sistema imunológico. Todas as células
do nosso sistema de defesa têm em comum sua origem. Elas são originadas a partir de células-tronco
hematopoiéticas (CTHP) da medula óssea. As células CTHP iniciam a formação das células do sangue
no processo conhecido como hematopoese. Esse processo começa pela divisão da CTHP em
progenitores mieloides ou linfoides, e depois em precursores dos tipos celulares encontrados no
sangue. 
VOCÊ QUER VER?
Você não pode deixar de assistir ao filme Osmose Jones, um longa produzido pela
Warner Bros em 2011. Com direção de Bobby Farrely, o filme mostra de uma forma
bem lúdica como funciona nosso sistema imunológico frente a um patógeno
altamente perigoso. 
O progenitor mieloide dá origem aos megacarioblastos e aos eritroblastos. Os megacarioblastos
(precursor) dão origem às plaquetas e os eritroblastos (precursor) aos eritrócitos. Importante lembrar
que este progenitor também pode dar origem aos precursores de granulócitos e macrófagos e, por sua
vez, aos leucócitos sanguíneos, incluindo os neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos.
Os neutrófilos, eosinófilos e os basófilos são granulócitos. Os granulócitos se caracterizam por
apresentarem grânulos no seu citoplasma. Durante um processo inflamatório, os neutrófilos são os
primeiros a serem recrutados. Eles eliminam grandes agentes patogênicos por meio de enzimas e
substâncias antimicrobianas. Já os eosinófilos e os basófilos agem sobre grandes patógenos
multicelulares, por exemplo, os helmintos. 
Figura 1 - As células do sistema imunológico humano podem ter origem linfoide ou mieloide. Essas
células têm em comum sua procedência da medula óssea.
Fonte: Double Brain, Shutterstock, 2019.
Os macrófagos são as células fagocitárias, responsáveis por iniciar uma resposta imunológica devido à
sua capacidade de ingerir uma variedade de microrganismos patogênicos e de estarem presentes em
diversos tecidos (MURPHY, 2014).
O progenitor linfoide da medula óssea, por sua vez, pode dar origem aos linfócitos B, linfócitos T ou
células NK. Os linfócitos B, também conhecidos como células B, iniciam e terminam sua diferenciação
na medula óssea, originando o linfócito B virgem, diferente do que ocorre para o linfócito T, ou célula T,
que inicia sua diferenciação na medula e termina no timo. 
VAMOS PRATICAR?
Como vimos, todas as células do sistema imunológico têm origem a pa
células-tronco hematopoiéticas (CTHP) da medula óssea. Essas célu
responsáveis pela formação das células do sangue por meio de um p
conhecido como hematopoese. Nesta atividade, você vai analisar, so
visão crítica, o fortalecimento do sistema imunológico e o jejum.
 
Situação problema 
O jejum virou moda entre as pessoas que desejam emagrecer. Essa s
pode ser observada em inúmeras postagens nas maiores redes soc
mundo. As pessoas que praticam jejum, acreditam que ele tem o p
melhorar o sistema imunológico. Esse mecanismo atuaria nas células
hematopoiéticas, estimulando a formação de novos leucócitos e melh
assim, a função do sistema imunológico. Além disso, o organismo el
componentes que estariam velhos ou danificados. Muitos médicos são
essa prática. E você, se estivesse na posição do médico, e baseado n
conhecimentos de imunologia, o que indicaria?
Os linfócitos B possuem ancorado em sua membrana plasmática um anticorpo que tem função de
receptor para a célula B, o chamado BCR (receptor da célula B ou, em inglês, B cell receptor). O BCR é o
responsável pelo processo de ativação do linfócito B virgem em plasmócito quando se liga à superfície
de um patógeno. Diferentemente do linfócito B, o linfócito T não possui um anticorpo ancorado, e sim,
um receptor chamado de TCR (ou T cell receptor). O TCR não se liga diretamente ao antígeno como o
BCR: ele faz isso por meio de uma célula apresentadora de antígeno (APC) (MURPHY, 2014).
Figura 2 - As células brancas do sangue são responsáveis por defender nosso organismo do ataque de
agentes patogênicos ou de alguma substância estranha. Os leucócitos originados na medula óssea se
diferenciam e amadurecem dando origem aos cinco tipos de células que vemos na imagem.
Fonte: Designua, Shutterstock, 2019.
Existe ainda uma célula que pode ser de origem tanto mieloide quanto linfoide. Essa célula é a célula
dendrítica. As células dendríticas são especialistas em capturar antígenos por meio do processo de
macropinocitose, capaz de englobar uma grande quantidade de líquido. Essas células estão presentes
no sistema imune inato e adaptativo.
VOCÊ SABIA?
Toda célula apresentadora de antígenos, conhecida também por APC, realiza o
processo de fagocitose. Os macrófagos, as células dendríticas e os linfócitos B
são capazes de exercer a função de apresentar o antígeno. Logo após
realizarem a fagocitose, capturam e processam o antígeno. Mas, atenção! Nem
toda célula capaz de realizar fagocitose é uma APC.
As células que possuem função de apresentar antígeno (APCs) são os macrófagos, as células
dendríticas e os linfócitos B. Elas conseguem internalizar o conteúdo extracelular e apresentar os
fragmentos do que foi internalizado para os linfócitos T.
Com origem linfoide, as células NK (natural killer, ou seja, exterminadora natural), finalmente, são células
especializadas que não possuem nenhum tipo de receptor. Como seu nome mesmo diz, ela é
especializada em matar outras células.
2.1.2 Molécula do sistema imunitário
As moléculas do sistema linfocitário têm a função de atacar o patógeno ou, ainda, de aumentar e
potencializar a resposta de algumas células frente a esse patógeno. Inúmeras moléculas possuem
essas funções no sistema imunitário. Dentre elas, temos as citocinas, os anticorpos, as quimiocinas, o
sistema complemento e os mediadores lipídicos.
Os anticorpos, ou imunoglobulinas, são proteínas que compõem o BCR. Após a ativação dos linfócitos B,
eles sofrem diferenciação em plasmócitos que produzemos anticorpos. Os anticorpos são secretados e
pertencem a cinco classes diferentes. As classes de imunoglobulinas são: IgA, IgD, IgG, IgE e IgM.
Ó
VAMOS PRATICAR?
Os vírus são considerados parasitas celulares obrigatórios, ou seja, nec
do maquinário da célula hospedeira para sobreviverem e se replicare
especial, o HIV encontra no linfócito T seu local ideal para 
desenvolvimento. Nesta atividade, você terá a oportunidade de traba
conceitos sobre a resposta imunológica adaptativa celular.
 
Situação-problema
Um amigo seu fez sexo desprotegido e está muito aflito com a possibili
ter sido contaminado com o vírus HIV. Os vírus são considerados p
celulares obrigatórios, ou seja, necessitam do maquinário da célula hos
para sobreviver e se replicar.
Após o diagnóstico da AIDS, é necessário que o paciente comece o trat
com os chamados antirretrovirais, cuja função é bloquear a replica
interior dos linfócitos TCD4 , reduzindo, assim, os níveis de partículas v
individuo até níveis indetectáveis. Baseado em seus conhecimen
imunologia, qual o teste que você indicaria para o seu amigo realizar?
+
2.1.3 Órgãos linfoides
Os órgãos linfoides podem ser primários ou secundários. Eles são órgãos responsáveis pela resposta
imunológica, pois dão origem a diversas células do sistema imunitário, e fornecem um local propício
para que ocorra essa resposta.
Clique nas abas e aprenda mais sobre o tema.
Local de origem de todas as células do sistema imunitário. A produção e diferenciação
dessas células ocorre na medula óssea e no timo. 
Local propício para ocorrer a potencialização da resposta imunológica. Isso acontece porque
há uma enorme quantidade de linfócitos B e T, APCs que aumentam a probabilidade de ocorrer
o reconhecimento de um antígeno pelo sistema imunológico. São classificados como órgãos
linfoides secundários os linfonodos (gânglios linfáticos) presentes na virilha, axila, pescoço,
entre outros; baço e o tecido linfoide associado à mucosa. 
•
•
VOCÊ SABIA?
A hematopoese, formação das células do sangue, inicia-se no saco vitelínico e
durante todo o desenvolvimento fetal, ocorre no baço e no fígado, considerados
os principais órgãos hematopoiéticos (órgãos linfoides primários). Após o
nascimento, o órgão responsável pela hematopoese é a medula, e o timo é
responsável pela diferenciação dos linfócitos T.
Órgão linfoide primário 
Órgão linfoide secundário 
2.2 Resposta imunológica inata e ativação da resposta
inflamatória
A resposta imunológica pode ser dividida em dois tipos: resposta inata e resposta adaptativa. Ambas
têm como função eliminar o patógeno da forma mais eficiente possível, porém, cada uma possui uma
gama de células específicas para cumprir tal objetivo. 
A primeira linha de defesa de um organismo é a resposta imunológica inata. Conhecida também como
imunidade inespecífica ou natural, ela tem como principal agente de proteção a atividade fagocítica dos
neutrófilos, macrófagos e a ação das células NKs.
2.2.1 Imunidade inata
Clique nas setas e aprenda mais sobre a imunidade inata.
2.2.2 Resposta inflamatória
O processo inflamatório tem como característica a presença de quatro sinais cardinais da inflamação:
calor, dor, rubor (vermelhidão) e edema. Como vimos anteriormente, nem sempre a ação dos
macrófagos teciduais consegue eliminar o patógeno. Quando isso acontece, após a liberação de
citocinas e quimiocinas pelos macrófagos, os leucócitos circulantes são atraídos para o local da
inflamação para eliminar esse patógeno.
Dentre os leucócitos circulantes, o neutrófilo é o primeiro a chegar no local da inflamação. Um dos
motivos é por ele estar presente de forma abundante na corrente sanguínea.  As citocinas e as
quimiocinas liberadas pelos macrófagos formam um gradiente de concentração que guia de forma
Para que a resposta imunológica inata inicie, é necessário que os receptores das células
reconheçam seus ligantes na superfície do agente patogênico. O PRRs – ou receptores de
reconhecimento padrão, como são chamados – estão localizados nas membranas das
células fagocíticas do hospedeiro. Eles se ligam aos padrões moleculares associados aos
patógenos (PAMPs). Importante saber que esses PAMPs são comuns a diversos patógenos.
Após o reconhecimento e ligação dos receptores de membrana do macrófago tecidual com
os PAMPs do patógeno, o macrófago inicia a fagocitose, em que ocorre a formação do
fagossoma (vesícula intracelular contendo o conteúdo extracelular). Esse fagossoma se une
com um lisossoma dando origem a um fagolisossoma. Dentro do fagolisossoma ocorre a
degradação do patógeno.
Inúmeras vezes esse mecanismo consegue por si só eliminar o patógeno. Porém, quando
isso não acontece, os macrófagos, após ligação entre os PAMPs e PRRs, liberam citocinas e
quimiocinas no meio extracelular, responsáveis por atrair mais leucócitos para o local da
infecção, dando início a uma resposta inflamatória (MURPHY, 2014).
específica os neutrófilos até o local da inflamação. Ao chegarem ao local da inflamação, eles
internalizam o patógeno e a célula inicia o processo de morte celular, denominada de apoptose.
Não somente os neutrófilos são recrutados: há o recrutamento também de monócitos e linfócitos para o
local da inflamação. Lembrando que os monócitos são os precursores dos macrófagos, uma vez que
eles deixam a corrente sanguínea para o tecido perivascular, sofrem alterações e nesse momento se
transformam em macrófagos. Eles possuem a mesma função dos macrófagos residentes: a de
fagocitar e degradar o patógeno.
Se mesmo com a ação das células do sistema imune inato o patógeno não for eliminado, ocorre o
recrutamento para o local da inflamação dos linfócitos, células do sistema imune adaptativo.
Figura 3 - A migração dos leucócitos para o local da inflamação ocorre por quimiotaxia. Na luz do vaso,
ocorre a aproximação do leucócito com a parede do vaso, rolagem, aderência e transmigração até o local
da inflamação.
Fonte: ellepigrafica, Shutterstock, 2019.
2.3 Resposta imunológica adaptativa celular e humoral
A resposta imunológica adaptativa pode ser chamada também de adquirida ou específica. O sistema
imunológico possui respostas mediadas por células, ou as respostas ditas humorais, que utilizam a
ação de moléculas solúveis. As principais moléculas solúveis da resposta humoral são as
imunoglobulinas.
Umas das diferenças entre a resposta inata e a adaptativa está no reconhecimento de antígenos
específicos por meio dos receptores expressos nos linfócitos. Aqui, temos os receptores de célula T
(TCRs) e os receptores de célula B (BCRs).
Ao iniciar a resposta imune adaptativa, os diferentes subtipos de linfócitos (T ou B) entram em ação. Os
linfócitos T podem ser classificados como T citotóxicas ou T auxiliares, que expressam em sua
superfície os marcadores CD8 e CD4, respectivamente. Já os linfócitos B dão origem aos plasmócitos,
que são responsáveis por produzir as imunoglobulinas (ou anticorpos).
A formação de memória imunológica é uma característica importante da resposta imunológica
adaptativa. Após a ativação dos linfócitos T ou B por um antígeno específico, uma parte das células dará
origem às células de memória. Essas células responderão rapidamente em um segundo contato com o
antígeno que deu origem a elas. Um exemplo de memória imunológica são as vacinas.
2.3.1 Resposta imunológica adaptativa celular
Figura 4 - Na imagem, é possível observar a resposta primária e secundária da resposta adaptativa
humoral. A ativação primária dos linfócitos B virgens ocorre no contato com o antígeno. Posteriormente,
em um segundo contato com o antígeno, as células B de memória são ativadas.
Fonte: MESQUITA JUNIOR et al., 2010, p. 557.
A ativação de um linfócito T, via TCR, inicia-se pelo reconhecimento do antígeno apresentado na
superfície da célula apresentadora de antígeno (APC) nos órgãos linfoides secundários. Essa interação
da célula T com a APC levará à diferenciação do linfócito, originando os linfócitos T efetores.
Inicialmente, as células T começam a diferenciação pela expressãodo marcador de superfície CD4 ou
CD8. As células T CD8+ são aquelas que expressam em sua superfície o marcador para CD8 e possuem
uma função citotóxica. Esses linfócitos T CD8+, chamados de linfócitos T citolíticos, matam as células
que estão infectadas e se apresentam por meio do MHC de classe 1.
As células T que expressam em sua superfície o CD4 são chamadas de células CD4+ ou células T
auxiliares. Somente após a sua diferenciação em subtipo específico são classificadas em linfócitos
efetores. Os linfócitos efetores podem se diferenciar em célula T 1, T 2, T 17, T , Treg.
A apresentação de antígenos às células T ocorre em etapas. Para aprender sobre elas, clique nas abas
abaixo.
H H H FH
Quadro 1 - No quadro, é possível observar as diferentes funções dos linfócitos efetores (ou células
efetoras) assim que sofrem o processo de diferenciação.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.
A entrada
dos
linfócitos
nos
linfonodos 
O processo de saída dos diferentes tipos de leucócitos de dentro dos vasos
sanguíneos para o tecido perivascular, incluindo a saída de linfócitos da corrente
sanguínea para dentro do linfonodo, é mediado por moléculas de adesão
expressas nas células endoteliais e nos leucócitos. As células endoteliais são as
células de revestimento dos vasos sanguíneos. Dentro de um linfonodo existem
vasos sanguíneos especializados chamados de vênulas endoteliais altas (HEV),
sendo que as células endoteliais que revestem esses vasos sanguíneos
expressam na sua superfície as moléculas GlyCAM-1 e CD34. Os linfócitos, por
sua vez, expressam L-selectina, uma molécula de adesão que possui afinidade
por GlyCAM-1 e CD34. Essa primeira interação fará com que os linfócitos
inicialmente rolem em contato com o endotélio. O endotélio possui a CCL21,
uma quimiocina da parede do endotélio que os linfócitos possuem como um
receptor específico. Após a interação ocorre a ativação de integrinas (moléculas
de adesão) expressas na superfície do linfócito que se ligam às moléculas das
superfamílias das imunoglobulinas expressas na superfície do endotélio. A forte
adesão permite que o linfócito saia da corrente sanguínea e entre nos
linfonodos.  
Agora que os linfócitos T e as células dendríticas estão nos linfonodos, o processo de apresentação de
antígeno e ativação da célula T está próximo do final. Uma vez que as células dendríticas apresentam o
antígeno para os linfócitos T e ocorra o reconhecimento, começa o processo de proliferação dos
linfócitos.
Para que o processo de ativação e proliferação seja concluído, é necessário que as moléculas B7.1 e
B7.2, expressas na superfície das células dendríticas, liguem-se ao marcador CD28 expresso nas células
T virgens. Quando ocorre a interação entre essas moléculas, inicia-se o processo de proliferação celular.
Após alguns dias, os clones dos linfócitos formados começam a expressar diferentes moléculas na sua
membrana, o que propicia a sua saída dos linfonodos e possibilita a sua migração para os tecidos
infectados.
A
migração
de células
dendrítica
s até os
linfonodos 
Após as células dendríticas internalizarem os antígenos, elas migram para os
órgãos linfoides secundários para apresentarem o antígeno a um linfócito
específico (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). 
CASO
A AIDS, causada pelo vírus HIV, tem como alvo principal as células do sistema
imunológico, em especial os linfócitos T CD4 . Esses linfócitos organizam e
comandam a resposta imune frente a uma ameaça ao organismo. O linfócito T
CD4+ possui em sua membrana o marcador CD4, que se torna o local de
ligação no momento que o vírus HIV entra no organismo. Após essa ligação, o
HIV consegue penetrar no linfócito T CD4+ para se multiplicar. Ao final, o vírus
rompe o linfócito e as “cópias” do vírus estão livres para infectar novas células,
enfraquecendo a resposta imunológica do indivíduo.
Após o diagnóstico da AIDS, o paciente deve iniciar imediatamente o
tratamento com os chamados antirretrovirais. A função desse coquetel de
medicamentos é bloquear a replicação no interior dos linfócitos TCD4 , e
assim reduzir os níveis de partículas virais no individuo até níveis indetectáveis
(BRASIL, 2019).
+
+
2.3.2 Resposta imunológica adaptativa humoral
Uma vez que um BCR se liga a um antígeno, inicia-se o processo de ativação do linfócito B, o qual levará
à formação de plasmócitos secretores de anticorpos. Os anticorpos, ou imunoglobulinas, são os
principais constituintes da resposta adaptativa humoral. 
A ativação de um linfócito B virgem depende inicialmente da ligação do anticorpo ao antígeno
específico, e de dois sinais de ativação para concluir esse processo. Importante chamar atenção para a
classificação dos antígenos que se ligam aos linfócitos B. Eles podem ser classificados de duas
maneiras: antígenos timo-dependentes ou antígenos timo-independentes. 
Os antígenos timo-dependentes são aqueles que necessitam do auxílio de um linfócito T CD4 para a
ativação. A ativação do linfócito B por um antígeno timo-dependente tem início no reconhecimento dos
antígenos pelo BCR que está presente na superfície do linfócito e dispara o primeiro sinal de ativação.
Esse sinal faz com que a célula B exerça a função de APC, que internaliza o antígeno e expressa os
VAMOS PRATICAR?
O nosso organismo possui armas de defesa poderosas contra po
invasores, os agentes patogênicos. Essa defesa é dividida, como vim
dois tipos: resposta imune inata e resposta imune adaptativa. Amb
como função eliminar o patógeno da forma mais eficiente possível,
cada uma possui uma gama de células específicas para cumprir tal o
Nessa atividade, você terá a oportunidade de trabalhar os conceitos 
imunidade inata e adaptativa.
 
Situação- problema 
Hoje em dia é comum vermos as pessoas sendo submetidas a níveis e
de estresse no seu dia a dia. O estresse consiste em respostas
organismo dá frente a estímulos, sejam eles internos ou externos, m
por vários hormônios, neurotransmissores e modulando, principalm
resposta imunológica. O estresse está associado ao desenvolvime
inúmeras doenças, e um dos motivos é que ele afeta o funcionam
sistema imunológico, pois diminui a proliferação e atividade dos leu
Dessa forma, nosso organismo fica mais suscetível às doenças infec
causadas por vírus ou bactérias. Sabendo de todos os malefícios
estresse causa no sistema imune, quais medidas você tomaria para q
saúde não fosse afetada?
+
fragmentos peptídicos derivados da quebra do antígeno. Esses fragmentos peptídicos expostos são
apresentados via MHC de classe II que possibilita a ativação da célula T CD4 . Com a ativação, as
células T CD4+ começam a expressar uma grande quantidade de moléculas de superfície e produção de
citocinas. Ao final, a célula T fornecerá o segundo sinal para que ocorra a ativação da célula B que
realizou o papel de APC.
Uma vez ativada, a célula B inicia sua multiplicação para dar origem aos plasmócitos, células
especializadas em produzir e secretar anticorpos.
Como vimos anteriormente, os antígenos timo-dependentes necessitam do auxílio dos linfócitos T CD4
para o processo de ativação das células B virgens. Já os antígenos timo-independentes não necessitam
desse auxílio. O primeiro sinal de ativação é disparado quando ocorre a ligação do receptor BCR com o
antígeno específico. Após o primeiro sinal, outros receptores de superfície da célula B se ligam aos
padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), disparando o segundo sinal para a ativação.
Assim, as células B são ativadas sem a necessidade das células T CD4 . Porém, existem casos que não
somente o reconhecimento se dá pelo BCR dos patógenos, mas também por algumas moléculas que
podem ser reconhecidas por outros receptores das células B virgens (JULG et al., 2019). 
+
VOCÊ QUER LER?
Alan Axelrod reuniu os 200 fatos científicos que transformaram o mundo no livro
“Ciência a jato”. Dos 200 fatos científicos elencados pelo autor, inúmeros são
curiosidades sobre a área de imunologia, apresentados de uma forma didática,
clara e em ordem cronológica. Uma leitura imperdível!+
+
Podemos observar um exemplo dessa situação quando analisamos uma bactéria Gram-negativa. O
lipopolissacarídeo (LPS) presente na membrana dessas bactérias é o responsável por fornecer o
segundo sinal na ativação da célula B. Uma vez ativadas, as células B iniciam sua diferenciação em
plasmócitos e começam a secretar as imunoglobulinas no sangue.
VOCÊ QUER LER?
Você já imaginou aprender imunologia jogando? Um grupo do Centro de Pesquisa
em Doenças Inflamatórias (CRID), sediado na USP em Ribeirão Preto, e o grupo
Manifesto Games, tornaram isso realidade. Eles desenvolveram o “Immuno Rush”,
um jogo online e gratuito que tem como objetivo final evitar que o corpo humano
seja atacado por um agente patogênico. Conheça mais sobre o jogo em
<http://ribeirao.usp.br/?p=10705 (http://ribeirao.usp.br/?p=10705)>.
http://ribeirao.usp.br/?p=10705
Vale lembrar que uma parte das células ativadas irá se transformar em células de memória. As células
de memórias são responsáveis por garantir que no momento do próximo contato com o antígeno haja
uma resposta rápida e eficiente.
Figura 5 - Após o início do processo de ativação de um linfócito B virgem, a célula B inicia sua
diferenciação em plasmócitos, células especializadas em produzir e secretar anticorpos. Uma parcela das
células ativadas vão ser as células de memória.
Fonte: Designua, Shutterstock, 2019.
Ocorre ativação de linfócitos B virgens que se encontram dentro dos linfonodos. Eles chegam nos
linfonodos por meio dos vasos sanguíneos denominados de HEV (vênulas endoteliais altas). Uma vez
que já se encontram dentro dos linfonodos, os BCRs das células B virgens podem se ligar a antígenos
específicos. Como isso acontece? O conteúdo que chega aos linfonodos por meio da drenagem linfática
via vaso linfático aferente vem carregado de células e antígenos solúveis na linfa. Os macrófagos
residentes nos linfonodos capturam os antígenos e os retêm nas suas superfícies sem fagocitá-los. Isso
possibilita a interação dos BCRs das células B virgens com os antígenos que estão na superfície dos
macrófagos (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). 
VOCÊ O CONHECE?
Emil Adolf von Behring é considerado um dos precursores da imunologia, tendo em
1901 recebido o prêmio Nobel de Fisiologia. Em 1890, junto do cientista japonês
Shibasaburo Kitasato, observou a presença de uma substância, denominada por
eles de antitoxina, no sangue de animais que haviam sido imunizados
anteriormente para difteria e tétano. Hoje sabe-se que a antitoxina que eles
observaram é o que conhecemos por anticorpo, responsável pela defesa e
eliminação do patógeno no organismo (VON BEHRING; KITASATO, 1991).
Após a ativação, as células B iniciam sua diferenciação em plasmócitos e começam a secretar as
imunoglobulinas no sangue. Os anticorpos secretados atuam na defesa e na eliminação do patógeno,
impedindo que ele cause qualquer desequilíbrio no organismo.
Os anticorpos secretados no sangue possuem cinco funções básicas. São elas:
Figura 6 - As células B, uma vez ativadas, diferenciam-se em plasmócitos e secretam as imunoglobulinas
no sangue.
Fonte: Sebastian Kaulitzki, Shutterstock, 2019.
Na figura a seguir, é possível verificar como ocorrem os tipos de respostas imunológicas adaptativas. 
Quadro 2 - Funções básicas dos anticorpos secretados no sangue.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.
Figura 7 - Figura que possibilita observar como ocorrem os dois tipos de respostas imunológicas
adaptativas.
Fonte: ellepigrafica, Shutterstock, 2019.
Como verificamos na figura, na resposta imunológica humoral, ocorre a formação de anticorpos, e na
celular, temos a formação de células de memória.
2.3.3 Diferença entre a resposta inata e adaptativa
Baseado em todos os conceitos que estudamos sobre as respostas inata e adaptativa, é possível
verificarmos quais as diferenças entre elas. Observe, no quadro a seguir, um comparativo entre os dois
tipos de respostas.
Para que o sistema imune obtenha sucesso na eliminação do patógeno, são necessários que os dois
sistemas (inato e adaptativo) atuem em cooperação, utilizando as células e os mecanismos de ambas
as respostas imunes.
Quadro 3 - Tipos de respostas – inata e adaptativa – e suas respectivas características
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019, baseado em ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012.
Síntese
Chegamos ao final desta unidade, que abordou os conceitos introdutórios sobre os princípios básicos do
sistema imunológico, os mecanismos efetores contra patógenos e suas estratégias de evasão frente à
resposta imune.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
conhecer os conceitos introdutórios do sistema imunológico;
identificar as principais células e moléculas envolvidas nas
respostas imunológicas inata e adaptativa;
compreender o que são os órgãos linfoides primários e
secundários;
descobrir como a resposta imunológica inata atua e a forma como
ocorre a ativação da resposta inflamatória;
•
•
•
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identificar e diferenciar as respostas imunológicas adaptativa
celular e humoral;
inteirar-se sobre os tipos e funções dos anticorpos;
conhecer e diferenciar as respostas imunológicas inata e
adaptativa.
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•
Bibliografia
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2012.
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ROITT, I. M. et al. Fundamentos de imunologia. 12. ed. Campo Grande: Guanabara Koogan, 2013.
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