Buscar

Alterações da memória

Prévia do material em texto

Camila Amaral – 5º semestre - Medicina 
 
 
A perda dos elementos da memória (esquecimento) segue 
algumas regularidades: 
1. O sujeito perde as lembranças e seus conteúdos 
na ordem e no sentido inverso que os adquiriu 
2. Consequência do item anterior, ele perde 
primeiro elementos recentemente adquiridos e, 
depois, os mais antigos 
3. Perde primeiro elementos mais complexos e, 
depois, os mais simples 
4. Perde primeiro os elementos mais estranhos, 
menos habituais e, só posteriormente, os mais 
familiares 
As amnésias podem ser divididas em dois grandes grupos: 
psicogênicas ou dissociativas e orgânicas 
Na amnésia dissociativa há perda de elementos mnêmicos 
seletivos, os quais podem ter valor psicológicos específico 
(simbólico, afetivo). O indivíduo esquece, por exemplo, uma 
fase ou um evento de sua vida (que teve significado para 
ele), mas consegue lembrar de tudo que ocorreu “ao seu 
redor”. É quase sempre uma amnésia retrógrada 
Pode surgir em sequência a um episódio de 
trauma emocional e/ou relacionada a fuga 
dissociativa. 
Já nas amnésias orgânicas, a perda de memória é 
geralmente menos seletiva, em relação ao conteúdo 
emocional e/ou simbólico do material esquecido. 
Em geral, perde-se primeiramente a capacidade 
de memorização de fatos e eventos recentes e 
depois passa a perder conteúdos mais antigos 
 
 
Amnésia anterógrada: o indivíduo não consegue mais fixar 
elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou o 
dano cerebral 
 Tem base orgânica 
Amnésia retrógrada: o indivíduo perde a memória para 
fatos ocorridos antes do início do transtorno (ou trauma). 
 
 
De modo geral, é comum, após trauma craniencefálico, a 
ocorrência de amnésias retroanterógradas, ou seja, 
déficits de fixação para o que ocorreu dias, semanas ou 
meses antes e depois do evento patógeno. 
 
 
As alterações cognitivas significativas, como as 
demências, são sempre patológicas. Pessoas mais velhas 
tem alterações cognitivas fisiologicamente, mas são 
discretas: redução da velocidade do processamento 
cognitivo. 
Definição de demência: declínio de, ao menos, uma função 
cognitiva com prejuízo de funções sociais, de 
relacionamento, laborais... atrapalha as atividades do dia a 
dia 
É algo gradual, então muitas vezes quem convive com a 
pessoa não vai percebendo e só quando acontece algum 
episódio mais significativo a gente se preocupa 
 
Essa queixa subjetiva de memória pode estar como algo 
normal, fisiológico ou por outra etiologia que não seja 
necessariamente patológica, ou pode ser o início de um 
processo patológico. É difícil dar um diagnóstico com isso 
 
 
Definição: Declínio cognitivo de uma função cognitiva em 
relação ao padrão basal (de como a pessoa era antes) + 
estado patológico 
Transtorno cognitivo leve: 
1. Declínio cognitivo pequeno – a gente não espera 
algo drástico – a partir de nível anterior basal 
Alterações da memória Alterações da memória 
 
Amnésia anterógrada e retrógrada 
Introdução 
Comprometimento cognitivo leve 
Camila Amaral – 5º semestre - Medicina 
a. Percepção do indivíduo, do informante 
ou do médico 
b. Prejuízo pequeno no desempenho 
cognitivo, de preferência documentado 
por teste ou avaliação quantificada 
2. Os déficits cognitivos não interferem na 
independência das atividades cotidianas 
3. Os déficits cognitivos não ocorrem 
exclusivamente em contexto de delirium 
4. Os déficits cognitivos não são mais bem 
explicados por outro transtorno mental 
Pode ter ou não alteração do comportamento, mas 
normalmente não tem 
Epidemiologia: 
É mais comum em indivíduos mais velhos 
Conduta: 
Não existe remédio eficaz 
Declínio cognitivo: 
O que sabemos hoje é que fator de risco para doença 
cardiovascular é fator de risco para piora cognitiva e para 
algumas demências inclusive; 
▪ Diabetes não controlada, hipertensão não 
controlada, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo 
o São fatores de piora cognitiva também 
Existem alguns alimentos que diminuem o risco de piora, 
mas não melhora. 
Ômega 3 -> é fundamental, mas conseguimos isso 
por alimento. Se já consumo o suficiente no dia a 
dia, não preciso suplementar mais. A curva não é 
infinita, tem um plator, se eu der mais não vai 
melhorar mais 
 
 
É a mais comum 
A incidência e prevalência dobram a cada 5 anos a partir 
dos 60 anos. 
É uma das principais causas de morte, mas não porque a 
doença mata por si só. Ela predispõe a uma condição grave. 
O paciente na fase terminal da doença fica acamado, tem 
disfagia, tem mais predisposição a broncoaspiração, 
infecção do trato respiratório, urinário, de pele... 
 Morre das complicações 
Fisiopatologia: 
São complexas. Não é só uma coisa. O depósito beta 
amiloide é só o marcador da doença 
Neuro-degeneração: 
▪ Erro na dobra de proteína 
▪ Disfunção mitocondrial 
▪ Morte celular 
▪ Disfunção sináptica 
▪ Déficit de neurotransmissor 
▪ Alteração de substância branca 
▪ Epigenética 
Características: 
▪ Reserva cerebral 
▪ Mecanismos celulares compartilhados 
▪ Acúmulo proteico 
▪ Alteração na neurotransmissão 
▪ Fatores genéticos 
Depósitos beta-amiloide 
Proteína tau 
Fatores de risco para demência de Alzheimer: 
▪ Idade (>60 anos) 
▪ Traumatismo cranioencefálico 
▪ Obesidade e resistência à insulina 
▪ Fatores de risco de doença cardiovasculares 
▪ Baixo nível sócio-econômico 
▪ Síndrome de down (gene da proteína 
precursora da amiloide – 21) 
▪ Alelo APOE-E4 
▪ Mutações nos genes da pré-senilina 
(cromossomos 1,14) 
Quadro clínico: 
O que chama atenção é o déficit memória. É uma memória 
recente ou anterógrada. O problema do Alzheimer de início 
é registrar memórias novas. 
Demência de Alzheimer 
Camila Amaral – 5º semestre - Medicina 
A memória retrógrada, de longo prazo, fica preservada 
por muito tempo na doença. Vai perder lá na frente 
Confabulações: “preencher lacunas da nossa mente com 
informações que não são verdadeira” 
▪ Espontânea – paciente cria uma história 
espontaneamente 
▪ Provocada – você cria uma história e o paciente 
entra na história. 
Associada a esse quadro pode ter delírio 
Não é comum no início da doença 
Déficit de linguagem – anomia (não lembra das palavras)... 
Déficit visuoespacial 
Déficit de atenção 
Disfunção executiva 
Provável demência de Alzheimer: 
 
Na progressão da doença o paciente pode esquecer como 
tomar banho, se vestir, usar talher... 
Existem 3 diagnósticos: definitivo, provável e possível. 
O definitivo ninguém faz no dia a dia, é para pesquisa – 
você precisa biopsiar o cérebro da pessoa viva ou quando 
morrer faz uma amostra e comprova 
Possível – pouco sensível e específico 
Provável – é que se usa no dia a dia, clínico – tabela acima 
Exames complementares: 
Não existe um exame que dá o diagnóstico de Alzheimer. 
Diagnóstico de Alzheimer é clínico. 
A ressonância de encéfalo pode mostrar atrofia, mas 
devemos lembrar que o paciente idoso tem atrofia 
cerebral fisiologicamente. 
No laudo da ressonância o radiologista vai dizer se aquela 
atrofia é uma atrofia compatível com a idade do paciente. 
O Alzheimer não precisa ter esse grau de atrofia 
desproporcional para dizer que é doença. Na fase inicial 
pode ter atrofia da idade. Pode ter paciente com atrofia 
bem pronunciada e não ter Alzheimer. 
O exame ajuda apenas se eu quiser dar um diagnóstico 
diferencial: estou na dúvida se é Alzheimer ou tumor. 
Paciente com Alzheimer mais avançado pode ter: 
▪ Atrofia cerebral global 
▪ Atrofia hipocampal 
PET scan também vai dar um padrão que pode sugerir 
Alzheimer. 
▪ F-fluorodeoxiglicose 
No laboratório: 
▪ Líquor (beta-amiloide e proteína tau) 
▪ Exames moleculares 
Sempre afastar causas tratáveis: 
▪ Distúrbios eletrolíticos – geralmente é mais sub-
aguda 
▪ Disfunção tireoidiana (TSH) – espero outros 
sintomas de hipo ou hipertireoidismo 
▪ Neurossífilis (VDRL/FTA-Abs) – é incomum 
pensar em demência aqui, pode fazer, mas é 
incomum 
▪ Deficiência vitamínica(B12, B1, B3) – é mais 
comum 
“Pseudodemências”: 
▪ Transtorno de humor 
▪ Transtorno psiquiátrico 
▪ Alterações estruturais (p.e. neoplasias) 
Acompanhamento 
 
Referência: Aula e slides 
 
 
Camila Amaral – 5º semestre - Medicina

Continue navegando