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NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 1 SÍNDROMES DEMENCIAIS COGNIÇÃO Processo de estar consciente saber, pensar aprender e julgar através de suas esferas Gnosias reconhecimento de objetos familiares Praxias conhecimento automático de como fazer determinada tarefa Linguagem capacidade de comunicação Memória MEMÓRIA Função cognitiva específica de armazenar e resgatar informações. Memória episódica: lembrar experiências pessoais vividas em um contexto próprio. Ex.: Festa de aniversário telefonema de um conhecido. Memória semântica: armazenamento de conhecimento factual e conceitual. Inclui todo o conhecimento do mundo ao nosso redor. Ex.: Quem descobriu o Brasil, qual a cor do sol. Memória de procedimento: capacidade de aprender habilidades comportamentais e cognitivas que são usadas de forma automática e inconsciente. Ex.: Aprender a dirigir Memória operacional: capacidade de manter ou manipular informações de forma mais temporária, através da combinação das capacidades de atenção, concentração e memória recente. Ex.: Estudar para a prova. TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO PREVALÊNCIA DE PESSOAS COM TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR 2005: 24,3 milhões, 2010: 35,6 milhões e 2040: 81,1 milhões O número dobrará a cada 20 anos Casos novos de demência no mundo por ano: 7,7 milhões 1 novo caso diagnosticado a cada 4 segundos Até 4 x maior em países em desenvolvimento Menor acesso à saúde, com pior controle dos fatores de risco Menor reserva cognitiva Transtornos nas fases iniciais são sub- diagnosticadas pelos médicos! Países de renda alta: 50% - 80% dos casos não são identificados na atenção básica. Países de baixa ou média renda: até 90 % não são identificados na atenção básica. 3 de cada 4 pessoas com TNC ainda não receberam diagnóstico e tratamento. E A DEMÊNCIA? Deterioração intelectual progressiva que interfere nas funções sociais ou ocupacionais diárias. Atualmente: Transtorno neurocognitivo maior Não se excluiu o uso do termo demência Mais reservado para doenças degenerativas AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM QUEIXA COGNITIVA Anamnese + exame físico Avaliação cognitiva (Mini Exame do Estado Mental ou Bateria Cognitiva Breve) Avaliação neuropsicológica MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) Teste para rastreio de casos e acompanhamento: Não faz diagnóstico (alterado em depressão e delirium por ex.) Influenciado por escolaridade: Nota de corte: nl > 24 para alfabetizados / nl > 17 para analfabetos. NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 2 Acompanhamento: “base line”, recuperação de delirium, acompanhamento de demência (por ex. espera se diminuição de 2 a 3 pontos por ano na D. Alzheimer). TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR – CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A – Evidência de declínio cognitivo pequeno a partir de nível anterior de desempenho em 1 ou mais domínios cognitivos: 1. Preocupação do indivíduo, de um informante com conhecimento ou do clínico de declínio significativo na função cognitiva. 2. Prejuízo substancial no desempenho cognitivo: Preferência documentado por teste neuropsicológico padronizado. Na sua falta, outra avaliação quantificada. B - Não interferem na capacidade de ser independente nas atividades cotidianas. C - Não ocorrem exclusivamente no contexto de delirium. D - Não são mais bem explicados por outro transtorno mental. TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO LEVE Condição clínica entre envelhecimento normal e demência? Esse grau de comprometimento cognitivo não é normal para idade! o Exclui os conceitos de comprometimento cognitivo associado à idade e de perda de memória benigna da senilidade. 10-20% das pessoas com 65 anos ou mais. TCL SE TRANSFORMARÁ EM TRANSTORNO COGNITIVO MAIOR? Pessoas com TCL tem probabilidade 3 x maior de desenvolver DA durante 4,5 anos de seguimento. Formas amnésticas de TCL (único e múltiplos domínios) - alta probabilidade de progressão para DA Formas não-amnésticas (único e múltiplos domínios) - demência não-DA A diferença entre os subtipos destas síndromes é determinada por: 1. Curso temporal 2. Domínios característicos afetados (cognitivos, comportamentais e funcionais) 3. Sintomas associados. Uma vez que o transtorno neurocognitivo maior esteja definido, o próximo passo é estabelecer a presença de um quadro potencialmente reversível para estabelecer um tratamento apropriado. NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 3 CONDUTA INICIAL NO DÉFICIT COGNITIVO 1. Ampla investigação para afastarem se causas secundárias e tratáveis 2. Exames de imagem: TC de crânio e, se possível RM Principais causas: Deficiência de vitamina B12 e folato Hipotireoidismo Depressão (pseudodemência) Doenças infecciosas (sífilis, tuberculose) Hidrocefalia de pressão normal Tumores Hematoma subdural Intoxicação medicamentosa Álcool Insuficiência renal, hepática, pulmonar Insuficiência adrenal Hiperparatireoidismo Vasculites ETIOLOGIA 1. TRANSTORNOS NEURODEGENERATIVOS PRIMÁRIOS Doença de Alzheimer Transtornos dos corpos de Lewy o DCL / DDP Demências Frontotemporais o PSP / DCB Doença de Huntington Doença de Creutzfeldt-Jakob 2. DEMÊNCIAS VASCULARES Demência por múltiplos infartos Doença de Biswanger CADASIL 3. DEMÊNCIAS INFLAMATÓRIAS Esclerose múltipla Vasculites do SNC 4. DEMÊNCIAS INFECCIOSAS Neurossífilis Neuro Lyme Demência do HIV 5. DEMÊNCIAS NEOPLÁSICAS Tumores Meningite carcinomatosa Síndromes paraneoplásicas 6. DEMÊNCIAS FÍSICAS Hidrocefalia Traumas cerebrais CAUSAS REVERSÍVEIS OU POTENCIALMENTE TRATÁVEIS 1. Melhora do transtorno cognitivo após tratamento da causa primária. 2. Aplicação de diretrizes diagnósticas padronizadas: Melhorou a acurácia do diagnóstico Prontamente identifica outros transtornos no nível clínico do processo diagnóstico 3. 10-20% são tratáveis clínica ou cirurgicamente. 4. Componentes tratáveis como depressão, ansiedade, transtornos comportamentais e sono: Sucesso com terapia sintomática. 5. Mesmo que casos reversíveis não sejam encontrados podem haver doenças coexistentes graves passíveis de tratamento. HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL Causa de demência potencialmente reversível. 1. Diminuição do fluxo de LCR: a. Reabsorção alterada nas granulações aracnoides sobre a convexidade. 2. Os ventrículos se expandem à custa do volume cerebral: a. Compressão cerebral b. Alterações da substância branca periventricular (desmielinização pela compressão). 3. Como o efeito global é suficientemente crônico, a pressão do LCR é normal. NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 4 TRÍADE CLÍNICA 1. ALTERAÇÕES DE MARCHA - comumente o 1 º sintoma e o mais frequente. a. Consistente e variável 2. ALTERAÇÕES COGNITIVAS a. De sutis a graves b. Não apenas tendência ao esquecimento c. Lentidão no processamento mental, inércia, apatia e alteração da função executiva. 3. INCONTINÊNCIA URINÁRIA: geralmente não é o 1 º sintoma. a. Incontinence sans gene, apenas urgência ou frequência urinária Dilatação ventricular desproporcional em relação ao alargamento dos sulcos Fluxo transependimal de líquido Substância branca periventricular anormal com baixa atenuação na TC ou hipersinal “Abalonamento” dos cornos frontais dos ventrículos, cornos temporais acentuadamente dilatados e arqueamento e afinamento do corpo caloso SÍNDROMES NEURODEGENERATIVAS 1. A grande maioria nas pessoas idosas 2. Cada um desses transtornos tende a se caracterizarpatologicamente pelo acúmulo anormal no cérebro de proteínas agregadas específicas: a) Beta-amiloidopatia a. DA b) Alfa-sinucleidopatia a. DCL b. DDP c) Taupatias a. DFT b. PSP c. DCB d) TDP-43 proteinopatia a. DFT-U e) Prionopatias TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO DEVIDO À DOENÇA DE ALZHEIMER 1. Principal causa de demência 50-60% dos casos 2. Prevalência aumenta de modo expressivo com a idade a. Principal fator de risco 3. Demência degenerativa que apresenta acúmulo de placas senis e de emaranhados neurofibrilares, independentemente da idade do início dos sintomas. Peptídeo beta-amilóide desencadeia o processo patológico. Principal constituinte do centro da placa neurítica Fragmento de uma proteína maior: proteína precursora do amilóide (APP), sintetizada de um gene localizado no cromossomo 21. NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 5 FISIOPATOLOGIA DOENÇA DE ALZHEIMER Níveis elevados de β amilóide estão associados a níveis reduzidos do neurotransmissor acetilcolina que é essencial para a memória e aprendizagem. TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR OU LEVE DEVIDO À DOENÇA DE ALZHEIMER - CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A - São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve B - Surgimento insidioso e progressão gradual de prejuízo em um ou mais domínios cognitivos Transtorno neurocognitivo maior pelo menos 2 domínios C - Os critérios são atendidos para doença de Alzheimer provável ou possível. D - A perturbação não é mais bem explicada por doença cerebrovascular, outra doença neurodegenerativa efeitos de uma substância ou outro transtorno mental, neurológico ou sistêmico. Provável doença de Alzheimer: qualquer um dos seguintes está presente; (caso contrário, deve ser diagnosticada possível doença de Alzheimer). 1. Evidência de uma mutação genética causadora de doença de Alzheimer o História familiar ou teste genético 2. Todos os 3 a seguir estão presentes: o Evidências claras de declínio na memória e na aprendizagem e em pelo menos outro domínio cognitivo História detalhada ou testes neuropsicológicos em série o Declínio constantemente progressivo e gradual na cognição, sem platôs prolongados o Ausência de evidências de etiologia mista TESTES AUXILIARES EEG o Alentecimento difuso na atividade de base Biomarcadores no LCR RM o Atrofia global o Redução dos volumes hipocampais NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 6 UTILIZAÇÃO DOS BIOMARCADORES Indivíduos com CCL que desejem saber a etiologia do diagnóstico (se devido ou não à DA). Apresentações atípicas de DA e quando é difícil o diagnóstico diferencial com outras demências Pacientes com demência de início precoce (< 65 anos) Demências rapidamente progressivas Sensibilidade e especificidade: até 90% Índices de concordância de até 94 % entre os marcadores do LCR e o exame neuropatológico. 95 % de sensibilidade: pacientes com CCL que evoluirão para a forma demencial da DA de pacientes com CCL que permanecerão cognitivamente estáveis. BIOMARCADORES NA DA 1. NÍVEIS DE AΒ 42 - 50% < EM DA a. Inversamente correlacionados com a contagem de placas amiloides b. Agregação dá nas placas amilóides reduz sua disponibilidade no LCR c. Também diminuída na DCL, DV e angiopatia amiloide cerebral 2. Tau total (Tau) a. Marcador não-específico da intensidade da degeneração neuronal; b. Níveis de proteína Tau total isoladamente elevados - lesões cerebrais agudas (TCE, AVE, doença de Creutzfeldt Jacob) 3. Isoformas de Tau fosforilada (P-Tau181 e P- Tau231) a. Marcador mais específico da DA - normal em doenças não DA b. Reflete a patologia neurofibrilar TRATAMENTO NA DOENÇA DE ALZHEIMER 1. Inibidores da acetil colinesterase (Donepezila, Rivastigmina, Galantamina) - Estágios iniciais e moderados 2. Anti-glutamatérgico (Memantina) - Estágios mais avançados da doença TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO FRONTOTEMPORAL A - Atende os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve B - Surgimento insidioso e progressão gradual C - Qualquer um entre 1 e 2 D - Preservação relativa da aprendizagem e da memória e da função perceptomotora E - A perturbação não é mais bem explicada por doença cerebrovascular, outra doença neurodegenerativa, efeitos de uma substância ou outro transtorno mental, neurológico ou sistêmico. 1. Variante comportamental: A - 3 ou mais Desinibição comportamental Apatia ou inércia Perda de simpatia ou empatia Comportamento perseverante, estereotipado ou compulsivo/ritualístico Hiperoralidade e mudanças na dieta B - Declínio proeminente na cognição social e/ou nas capacidades executivas 2. Variante linguística: A - Declínio proeminente na capacidade linguística, na forma de produção da fala, no encontro de palavras, na nomeação de objetos, na gramática ou na compreensão de palavras. NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 7 PROVÁVEL DFT: SE ALGUM PRESENTE: 1. Evidências de uma mutação genética causadora de transtorno neurocognitivo frontotemporal História familiar ou de testes genéticos 2. Evidências de envolvimento desproporcional do lobo frontal e/ou lobo temporal Neuroimagem POSSÍVEL DFT: sem evidências de uma mutação genética e o neuroimagem não realizada. TRATAMENTO Não existe tratamento específico Trazodona pode melhorar o padrão de sono e comportamental Uso de neurolépticos deve ser cuidadoso, preferir a quetiapina Sem evidências de melhora com IChE Suporte social TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO VASCULAR A - Atende os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve B - Aspectos clínicos consistentes com uma etiologia vascular 1 - Surgimento de déficits temporariamente relacionado com um ou mais de um evento cerebrovascular 2 - Evidências de declínio são destacadas na atenção complexa (incluindo velocidade de processamento) e na função executiva frontal C - Evidências da presença de doença cerebrovascular História, exame físico e/ou de neuroimagem D - Os sintomas não são mais bem explicados por outra doença cerebral ou transtorno sistêmico. PROVÁVEL TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO VASCULAR: 1 DOS SEGUINTES: 1. Os critérios clínicos têm apoio de evidências de neuroimagem de lesão significativa, atribuída a doença cerebrovascular 2. A síndrome neurocognitiva é temporalmente relacionada com um ou mais eventos cerebrovasculares documentados 3. Evidências clínicas e genéticas de doença cerebrovascular estão presentes POSSÍVEL TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO VASCULAR: Critérios clínicos são atendidos Não está disponível neuroimagem Relação temporal da síndrome neurocognitiva com evento cerebrovascular não estabelecida. NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 8 TRATAMENTO Não há tratamento específico Focar na profilaxia secundária AAS, estatinas, controle glicêmico, lipídico, cessar tabagismo. o Prevenção de novos eventos isquêmicos, mas não têm eficácia comprovada sobre o declínio cognitivo. Revascularização carotídea, seja endovascular ou endarterectomia não tem benefício cognitivos. Galantamina pode ser utilizada em quadros de demências mistas DA + DV, melhores resultados nos quadros de doença subcortical. TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO COM CORPOS DE LEWY A - Atende os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve. B - Surgimento insidioso e progressão gradual. C - Atende a uma combinação de características diagnósticas centrais e sugestivas para provável ou possível transtorno neurocognitivo com corpos de Lewy. D - A perturbaçãonão é mais bem explicada por doença vascular cerebral, outra doença neurodegenerativa efeitos de uma substância ou outro transtorno mental, neurológico ou sistêmico. 1 - CARACTERÍSTICAS CENTRAIS A. Cognição oscilante, com variações acentuadas na atenção e no estado de alerta B. Alucinações visuais recorrentes, bem formadas e detalhadas C. Características espontâneas de parkinsonismo com aparecimento subsequente ao desenvolvimento do declínio cognitivo 2 - CARACTERÍSTICAS SUGESTIVAS A. Atende a critérios de transtorno comportamental do sono do movimento rápido dos olhos (ou sono REM - rapid eye movement) B. Sensibilidade neuroléptica grave. Provável DCL (maior ou leve): 2 características centrais ou 1 sugestiva + um ou mais aspectos principais. Possível DCL (maior ou leve): Apenas 1 característica central ou 1 ou mais aspectos sugestivos. TRATAMENTO Evitar uso de neurolépticos: se for absolutamente essencial, preferir atípicos (quetiapina) IChE são a base do tratamento: podem trazer melhora cognitiva e das alucinações Os sintomas parkinsonianos devem ser tratados com uso de levodopa. Em geral a resposta é menos satisfatória do que na DP. TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO DEVIDO À DOENÇA DE PARKINSON CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A - São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve. B - A perturbação ocorre no cenário da doença de Parkinson estabelecida. NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 9 C - Há surgimento insidioso e progressão gradual do prejuízo. D - O transtorno neurocognitivo não é atribuível a outra condição médica. Transtorno neurocognitivo maior ou leve provavelmente devido à doença de Parkinson deve ser diagnosticado se tanto 1 e 2. Transtorno neurocognitivo maior ou leve possivelmente devido à doença de Parkinson deve ser diagnosticado se 1 ou 2. 1. Não há evidências de etiologia mista 2. A doença de Parkinson claramente antecede o aparecimento do transtorno neurocognitivo. QUESTÃO (ENADE 2019) Um homem de 64 anos de idade e sua esposa comparecem à consulta médica na Unidade Básica de Saúde, onde têm acompanhado seu problema de saúde e tem o seguinte diálogo: Médico - Bom dia, seu José, dona Rosa! Por favor, podem se sentar. José - Obrigado! Minha esposa está ansiosa para saber os resultados dos exames que fiz. Médico - Sim, vamos conversar sobre isso. Antes, eu gostaria de saber do senhor e de dona Rosa se houve algum sintoma entre esta consulta e a última. Além da amnésia para fatos recentes, dona Rosa comentou que o senhor começou a se irritar com as palavras cruzadas que sempre fez. Houve mais alguma coisa? José - Algumas vezes, minha esposa precisa me buscar, porque me perco no bairro, quando volto do trabalho. Também, às vezes, confundo em que dia da semana estamos. Mas estou bem, não acho que precise de mais exames. Para que mexer no que está quieto, não é mesmo? [José tem história de perda de memória há pelo menos 3 anos, principalmente para fatos recentes. O usuário tem deixado o hábito de leitura que sempre manteve. É professor em uma escola de ensino fundamental, onde exerce suas atividades há 25 anos com grande satisfação]. Médico - Em relação aos exames, o senhor e dona Rosa já sabem que o exame físico e neurológico que fiz não demonstrou alterações. O miniexame do estado mental continua com pontuação de 22 o que é baixo para o senhor, que tem 15 anos de escolaridade Rosa - Mas o que isso significa? Ele teve um derrame Ele vai poder continuar trabalhando? Médico - Não, não. Os exames que tenho aqui tomografia computadorizada do crânio, hemograma, bioquímica [glicemia de jejum, sódio, potássio, ureia e creatinina], VDRL, dosagem de B 12 folato e TSH, todos não mostram anormalidades. Assim, isso tudo quer dizer que o seu José tem doença de Alzheimer. [José permanece em silêncio, porém demonstra apreensão] Rosa - Isso é grave? Médico - É uma doença comum em idosos com quadro demencial. Vou passar uma receita de um remédio que deve ser tomado todo dia, a rivastigmina. Também vou encaminhar seu José para um terapeuta ocupacional e um neurologista. Não se preocupem, tudo vai ficar bem! Retornem daqui a três meses para reavaliarmos a medicação. Podem marcar a consulta na recepção. Em relação à comunicação do diagnóstico, é correto afirmar que: a) o médico reuniu os achados de história clínica e exames para estabelecer um diagnóstico correto, explicando o ao paciente e esposa com linguagem acessível, embora devesse afastar sintomas de depressão. b) o médico conseguiu identificar o quanto o paciente desejava ser informado sobre seu diagnóstico e respeitou esta expectativa, embora não tenha explorado se havia a preferência por um familiar tomar a decisão em seu lugar. c) o médico transmitiu informações preparando o paciente e sua esposa para uma notícia difícil e se certificando da compreensão sobre o que foi comunicado, NEUROLOGIA AULA 3 - P1 Anderson Bastos, Guilherme Neves, Lucas Ribeiro 18/02/2020 10 embora tenha dado pouco tempo para que ambos expressassem suas reações. d) o médico comunicou o diagnóstico estabelecendo uma perspectiva de tratamento coerente com as recomendações das evidências científicas para doença de Alzheimer, embora sem integrar o usuário e familiares como protagonistas na estratégia e plano de cuidado. e) o médico ouviu o paciente e sua esposa, levando em conta seus sentimentos e ideias sobre o problema de saúde no contexto de comunicar o diagnóstico, embora tivesse dado pouca atenção às preocupações do paciente e esposa quanto ao comprometimento funcional.
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