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Universidade Federal Fluminense – UFF Departamento de Letras Disciplina: Matrizes Clássicas Professora: Greice Drumond Aluna: Mariana Pitanga Fichamento por citação PESSANHA, Nely. Características básicas da epopeia clássica. In: APPEL, Dier Myrna; GOETTEMS, Miriam Barcelos (org.). As Formas do Épico da Epopéia Sânscrita à Telenovela. Porto Alegre: Ed. Movimento, 1992. “[...] poesia épica, é a palavra que narra algo em determinado tipo de verso, cedo desvencilhado do acompanhamento musical.” (p. 31) “Era costume na Grécia, desde os tempos da pré-história, preservar a memória dos grandes feitos e daqueles que, por suas façanhas, elevam-se acima da medida do homem comum e ganharam a estatura de heróis. Os poemas homéricos seguem a esteira desta tradição […]” (p. 32) "É por isso de Emil Staiger diz que epopéia é apresentação. Ela apresenta os fatos, ou seja, torna presente o passado, presentifica tudo aquilo que é digno de ser rememorado." (p. 32) "Este tempo passado que nos narra Homero, tem um referente histórico e, conforme nos ensina a História e, comprovam os dados da Arqueologia, se situa na Idade do Bronze da Grécia pré-histórica." (p. 33) "Como vemos, a epopéia clássica nutre-se de uma matéria a ela preexistente, relíquia de toda uma comunidade: o passado em sua dimensão histórico-mítica. O poeta não recorda o passado; […] Mas rememoriza-o, faz com que ele volte à lembrança, por considerá-lo tempo arquetípico […]” (p. 34) "O narrador, reportando-se a fatos acontecidos numa época remota, contempla-os maravilhado, extasiado. [...] O narrador é onisciente, distanciado porém, da matéria-prima narrada. Para que este distanciamento possa operacionalizar-se, predomina a narração em terceira pessoa." (p. 34) "Passemos agora à estruturação da matéria épica na forma de epopéia clássica. Como sabemos, nela distinguem-se três partes: proposição, invocação e narração." (p. 34) "[...] na Ilíada, a narração ainda que estruturada sob formas de episódios, segue a lei da sucessão do tempo cronológico." (p. 35) "Quanto à Odisséia, costuma-se dividi-la em três partes: a Telemaquia (cantos I a IV), as Aventuras de Ulisses (cantos V a XIII), o Retorno e reintegração do herói em Ítaca (cantos XIV a XXIV). Ora, estas três podem ser subdivididas em episódios menores, possuidores, cada qual, de uma estrutura autônoma. Estas micronarrativas são como fios dispersos que foram cuidadosamente entrelaçados, de forma a constituir um novelo. Mas o fio primeiro não se mostra fácil. Encontra-se oculto na urdidura da trama. Assim é que a narração inicia- se in medias res." (p. 35) "Conforme dissemos, a narração da epopéia clássica se estrutura em episódios. Esta característica fundamental deixa evidente que o narrador, sendo onisciente, quer mostrar tudo, não se preocupando em atingir um fim. Daí comprazer-se nos pormenores, nas minúcias, o que, no nosso entender, constitui outros verdadeiros episódios. Sob esta ótica, podem ser enfocadas as digressões, as descrições tão caras ao poeta épico. No entanto, o ritmo lento da narração é freqüentemente acelerado, adquirindo um tom que poderíamos dizer dramático pelo uso do discurso direto, de comparações e, até mesmo, pela técnica do flash forward que projeta o destino dos personagens." (p. 36 - 37) "Na epopéia clássica, personagens humanos e divinos são postos, lado a lado, num interagir constante." (p. 37) "O herói épico é, pois, portador de uma areté, isto é, de qualidade no mais alto grau de excelência." (p. 37) “Como vemos, na epopéia clássica, a ação dos personagens humanos jamais se dissocia da interferência do agir divino.” (p. 38) “A grandiloqüência com que esta forma narrativa apresenta o passado, se evidencia, na linguagem, pelo uso de adjetivação intensa […] São frequentes, ainda, as repetições, os epítetos, o emprego do discurso direto, o que confere à narrativa um certo traço de oralidade.” (p. 39)
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