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www.esab.edu.br Mercadologia ICURSO DE ADMINISTRAÇÃO Mercadologia I Vila Velha (ES) 2014 Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Geral Nildo Ferreira Diretora Acadêmica Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Curso de Administração EAD Rosemary Riguetti Coordenador do Curso de Pedagogia EAD Claudio David Cari Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD David Gomes Barboza Produção do Material Didático-Pedagógico Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil Diretoria Executiva Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Margarete Lazzaris Kleis Conteudista Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino Coordenação de Projeto Andreza Regina Lopes da Silva Supervisão de conteúdo Renata Oltramari Liderança Técnica Design Gráfico Fernando Andrade Liderança Técnica Revisão Gramatical Tiago Costa Pereira Laís Gonçalves Natalino Designer Educacional Adriana Novelli João Paulo Mannrich Revisão Gramatical Michela Silva Moreira Designer Gráfico Laura Rodrigues Neri Gonçalves Ribeiro Diagramação Cassiana Mendonça Pottmaier Dilsonir José Martins Junior Israel Mauricio Equipe Acadêmica da ESAB Coordenadores dos Cursos Docentes dos Cursos Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Apresentação Você já deve ter ouvido falar sobre o marketing e sua influência nas organizações. Nesta disciplina de Mercadologia I, vamos aprender sobre os conceitos, as funções e a importância do marketing para as organizações. O termo mercadologia é uma tradução do marketing para o português e compreende todas as atividades de planejamento, elaboração e controle de uma empresa que se propõe a satisfazer as necessidades dos clientes por meio de produtos ou serviços já existentes ou novos. Compreenderemos, nesta disciplina, que o marketing vai além de propaganda ou venda, pois veremos que o verdadeiro marketing não é tanto a arte de vender o que é produzido, e sim de saber o que produzir! Basicamente, o marketing identifica a necessidade e cria a oportunidade. É importante ressaltar que as ações de marketing podem afetar diretamente as estratégias organizacionais; assim, se refletirmos sobre o impacto das ações de marketing, podemos perceber que o sucesso das organizações está associado à capacidade de gestão de marketing que as empresas possuem para se organizar, se destacar e se diferenciar na mente do consumidor ou do mercado. Portanto, é de suma importância que o administrador/gestor entenda sobre o marketing, pois entender como ele funciona é compreender o mercado. Além de compreender a produção, entender como o marketing funciona é conhecer o seu consumidor, é saber tudo sobre a sua concorrência, é saber sobre os preços praticados tanto pela organização quanto por seus concorrentes, é estar ciente sobre a forma de distribuição do seu produto para obter vantagens competitivas para a sua marca. Já imaginou um administrador não sabendo que decisões tomar em relação ao lançamento de um novo produto? Ou que caminho seguir para satisfazer seus clientes? Ou ainda, que estratégias abordar frente a seus concorrentes? As consequências podem ser irreversíveis, pois o administrador/gestor que não possuir o conhecimento prévio das estratégias de marketing pode, inclusive, fazer com que o produto ou serviço que está lançando seja um fracasso total. Portanto, conhecer o mercado, os desejos e as necessidades de seu público-alvo e como se comunicar com ele é essencial. Para você, administrador, conhecer como funciona esse mundo do marketing, foram selecionadas fontes consagradas a respeito do tema as quais nos auxiliarão nesta disciplina, são elas: Kotler (2006), Kotler e Armstrong (2008), Kotler (2005), Las Casas (2009), Keegan (2005), Mowen e Mior (2003), Ritossa (2001) e Yanaze (2007). Bom estudo! Objetivo O nosso objetivo é apresentar a você conceitos da área da Mercadologia referentes às variáveis que compõem o marketing e que contribuem para sua aplicabilidade em organizações, fornecendo conhecimentos teóricos que proporcionem sua reflexão e contribuam para sua tomada de decisões, auxiliando no alcance dos resultados pretendidos pelas organizações. Habilidades e competências • Reconhecer a importância do marketing para as organizações. • Adquirir um senso investigativo e crítico para analisar organizações que criam valor através do marketing. • Desenvolver uma compreensão do comportamento do consumidor e a sua importância para o marketing. • Compreender a teoria e a prática sobre os princípios básicos de marketing e seus conceitos centrais. • Conhecer as principais ferramentas à disposição do profissional de marketing. • Identificar quais fatores internos e externos afetam as principais decisões e estratégias de marketing. Ementa Conceitos centrais. Marketing como filosofia empresarial. Gerência de marketing. O ambiente e os sistemas de marketing. Mercados. Segmentação de mercado. Negociações. Mix de marketing. Comportamento do consumidor. Sumário 1. Evolução do marketing ...................................................................................................8 2. Conceitos de marketing.................................................................................................14 3. Escopo de marketing .....................................................................................................19 4. Tarefas de marketing ....................................................................................................23 5. Mercado ........................................................................................................................28 6. Orientações da empresa ao mercado .............................................................................32 7. Orientação das empresas ao marketing ........................................................................38 8. O ambiente de marketing – microambiente .................................................................44 9. O ambiente de marketing – macroambiente ................................................................49 10. Segmentos de mercado ................................................................................................54 11. Segmentação dos mercados consumidores ...................................................................59 12. Segmentação de mercado organizacional .....................................................................64 13. Estudo de caso ..............................................................................................................70 14. Desenvolvimento de marcas e branding ........................................................................75 15. Posicionamento de mercado .........................................................................................83 16. Análise da concorrência ................................................................................................89 17. Mix de marketing – 4 Ps ...............................................................................................97 18. Definindo o que é produto – parte I ............................................................................101 19. Definindo o que é produto – parte II ...........................................................................109 20. Definindo o que é preço – parte I ................................................................................116 21. Definindo o que é preço – parte II ...............................................................................121 22. Definindo o que é praça – parte I ................................................................................127 23. Definindo o que é praça – parte II ...............................................................................131 24.Definindo o que é promoção – parte I.........................................................................137 25. Definindo o que é promoção – parte II .......................................................................144 26. Estudo de caso ............................................................................................................149 27. Novas tendências de marketing ..................................................................................159 28. Satisfação do cliente ...................................................................................................166 29. Mensuração da satisfação do cliente ...........................................................................172 30. Valorização do cliente .................................................................................................176 31. Estudo de caso ............................................................................................................183 32. Gerenciamento de serviços – parte I ...........................................................................188 33. Gerenciamento de serviços – parte II ..........................................................................194 34. Negociação – parte I ...................................................................................................198 35. Negociação – parte II ..................................................................................................203 36. Negociação – parte III .................................................................................................208 37. Avaliação e controle ....................................................................................................215 38. Comportamento do consumidor – parte I ...................................................................222 39. Comportamento do consumidor – parte II ..................................................................229 40. Comportamento do consumidor – parte III .................................................................234 41. Marketing global ........................................................................................................241 42. Marketing institucional ...............................................................................................246 43. Marketing pessoal .......................................................................................................254 44. Marketing político .......................................................................................................259 45. Marketing esportivo ....................................................................................................264 46. Marketing verde ..........................................................................................................268 47. Endomarketing ...........................................................................................................273 48. Marketing digital ........................................................................................................278 Glossário ............................................................................................................................285 Referências ........................................................................................................................301 www.esab.edu.br 8 1 Evolução do marketing Objetivo Conhecer sobre o breve histórico do marketing e sua evolução. Vamos começar nossos estudos com uma perspectiva histórica do conceito de marketing, para que possamos entender como esse conceito evoluiu e se empregou em nossa economia atual. Para isso, nos embasaremos nas ideias apresentadas por Yanaze (2007) e Kotler (2006). 1.1 O histórico de marketing O conceito de marketing começou a se desenvolver na década de 1950, embora transformações tenham ocorrido e perdurem até os dias de hoje, o processo histórico do marketing iniciou nos primórdios da civilização. Isso mesmo! O marketing passou por distintos períodos históricos até se consolidar nas organizações. Vamos conhecer esses períodos? Imagine-se em uma época em que os bens eram escassos. Tudo era valioso e negociável, pois era difícil a obtenção de produtos. Por exemplo, quando um grupo de pessoas descobria um rio farto de peixes, logo criava aldeias aos arredores dele para exercer as atividades de pesca. As terras férteis proporcionavam o plantio, as florestas levavam à caça, e parte do que obtinham com muito esforço era trocado por produtos de outras aldeias que praticavam outras atividades. O que queremos dizer é que as pessoas produziam e negociavam entre si, mesmo não conhecendo o conceito de marketing. Estamos falando de uma época primitiva, em que tudo era escasso e demandava muito esforço para se conseguir matéria-prima ou mesmo alimento para o próprio sustento. www.esab.edu.br 9 Essa fase histórica econômica é conhecida como comunismo primitivo, ou seja, os seres humanos e os grupos organizavam-se e negociavam os resultados do seu plantio, da sua pesca, de sua caça e trocavam com outras aldeias. Esse processo comercial com base na simples troca tinha o único intuito de satisfazer mutuamente as necessidades humanas (YANAZE, 2007). Ao longo desse processo comercial, começaram a surgir alguns problemas. Por exemplo, como evitar que os produtos obtidos na pesca, na caça e na agricultura não se deteriorassem no caminho percorrido entre as aldeias para ocorrer a troca? Como se livrar dos saqueadores? Para evitar isso, foram pensadas e construídas pequenas infraestruturas que possibilitassem a exposição dos produtos (nelas, não se produzia nada) e, por meio das quais, as pessoas pudessem efetuar trocas. Essas pequenas infraestruturas ajudavam os negociantes e contribuíram para o surgimento da figura do intermediário das trocas: o comerciante. Essa fase histórica econômica é conhecida como mercados regionais e foi se aprimorando com meios de transportes, técnicas de apresentação dos produtos, ofertas de produtos etc. E a partir dessa evolução surgiram grandes polos de distribuição de produtos (YANAZE, 2007). Como em toda evolução, começaram os conflitos, relacionados, principalmente, aos valores dos produtos e aos objetos de troca. E para resolver esses problemas, os comerciantes começaram a adotar critérios levando em consideração o uso de uma medida de valor que fosse comum e justa para todos, criando, assim, o conceito de moeda e de padrão monetário. Você deve estar pensando que, com a criação da moeda, estava tudo resolvido, não é mesmo? Engano seu! As coisas nem sempre eram simples; pois, nas grandes negociações, nem as moedas de ouro ou de prata eram suficientes, uma vez que até mesmo estas eram escassas. A escassez ocorria, sobretudo, em tempos de crise ou de guerras, por exemplo, na Guerra dos Cem Anos, de 1339 a 1453, ou na Guerra dos Trinta Anos, de 1618 a 1648, ambas entre a Inglaterra e França (YANAZE, 2007). www.esab.edu.br 10 Naquela época, as moedas de maior valor eram as de ouro, prata ou cobre. Uma série de produtos foi usada para representar as moedas antes de seu surgimento, como o sal (Etiópia), açúcar e algodão (Barbados), dentes de animais (Oceania), animais (em todo mundo antigo), peles (Sibéria, América), pérolas (África), seda (China), entre outros (YANAZE, 2007). O autor afirma que a circulação do que era conhecido como moeda aguçou a ganância dos seres humanos. Os comerciantes queriam vender seus produtos pelo maior valor possível e obter, assim, quantidades cada vez maiores de moedas; e os compradores, por sua vez, queriam adquirir os produtos por um preço cada vez menor. Esse cenário acabou caracterizando a intenção de acumular riquezas, de guardar dinheiro. Diferente dos dias de hoje? É de se pensar, não é mesmo? Essa dinâmica deu origem à época conhecida como fase do capitalismo primitivo, a qual, juntamente com a revolução comercial,constituiu as causas gerais da Revolução Industrial do século XVIII (YANAZE, 2007). Você inclusive estudou sobre os conceitos dessas revoluções na disciplina de Sociologia das Organizações e os conhecerá, de forma mais aprofundada, na disciplina de Economia Brasileira. Havendo o acúmulo de moeda, a procura e o consumo de produtos passaram a aumentar e o ser humano passou a consumir mais do que o necessário para a sua sobrevivência, causando a escassez de produtos, porque a oferta era menor do que demanda. A consequência foi o aprimoramento e a racionalização da produção, mobilização que resultou na Revolução Industrial. Ocorreram muitas mudanças a partir da Revolução Industrial, como a Revolução Francesa e a Revolução Burguesa. Com amplo poder e dinheiro, essas revoluções trouxeram, inclusive, a revolução intelectual, inaugurando o período moderno. Nesse período, as ideias políticas, econômicas e sociais passaram a ser questionadas, sendo que a base dessa nova maneira de pensar era a promoção da liberdade e dos direitos dos homens. Essas transformações permitiram desenvolvimentos consideráveis na administração das fábricas: maior qualidade da produção e melhoria nas condições de trabalho e de vida, que, no início da Revolução Industrial, eram bastante penosas principalmente para a classe trabalhadora (YANAZE, 2007). www.esab.edu.br 11 As atividades fabris e comerciais começaram a surgir com muita força em várias regiões, principalmente naquelas em que havia uma maior concentração de habitantes, pelo fato de oferecerem maior oferta de mão de obra e serem potenciais compradores de produtos (YANAZE, 2007). Mas, se essas atividades surgiam com mais intensidade onde havia maior concentração de habitantes, como ficaram as regiões com uma população menor? Evidentemente, como enfatiza Yanaze (2007), essa atitude acarretou um grande problema: o desabastecimento das cidades menores. Os empresários resolveram essa questão criando a figura do vendedor ambulante, aquele que oferecia produtos transportados por carroça, trem, cavalo, barco etc. Tratava-se de uma demanda pequena, porém constante, de consumidores. Quando os comerciantes se permitiam ser criativos, vendiam em grande escala e passavam a ter muito poder e muito mais força na negociação com os fabricantes. Com essa movimentação do mercado e o desenvolvimento da indústria, começaram a surgir novos empreendedores, empresários interessados em produzir e em vender para a crescente demanda de consumidores. Assim, surgiu a concorrência, que é um termo para designar o grau de competitividade entre empresas ou outras entidades que oferecem bens ou serviços semelhantes e que competem entre si pelos mesmos mercados, fazendo com que as indústrias se preocupassem não somente com a produção, mas também com outros fatores que poderiam ajudá-las a se manterem à frente dos produtores que surgiam a todo instante. Nesse cenário, a concorrência fez com que os proprietários das estruturas produtivas pensassem em criar um diferencial competitivo. A partir daí, surgiu o uso das marcas de uma forma estratégica, bem como a divulgação das vantagens dos produtos, a profissionalização das atividades de comunicação e divulgação, entre outros (YANAZE, 2007). Até o momento, conhecemos o processo histórico do marketing, ou seja, como aconteceu o seu surgimento na história da humanidade. Na sequência, conheceremos o processo evolutivo do conceito de marketing. www.esab.edu.br 12 1.2 A evolução do marketing Como vimos, o marketing sempre esteve presente nas diferentes épocas históricas pelas quais passaram a humanidade. Porém, de forma gradativa o conceito foi evoluindo e novas formas de visualizar e analisar o mercado foram surgindo. Você compreendeu que até chegar ao conceito de marketing, muitas mudanças ocorreram ao longo da história? Resumindo o que foi exposto anteriormente, a evolução do marketing se deu em três eras até chegar ao conceito praticado atualmente, veja essa evolução na Figura 1. Produção Disponibilidade Produçãoe�ciente Lucro via preço e disponibilização Produto Produto melhor Característicasdo produto Lucro via diferenciação de produto Venda Produto Vendas epromoção Lucro via volume de vendas Marketing Necessidadesdo consumidor Marketing integrado Lucro via satisfação do consumidor Figura 1 – Evolução do marketing. Fonte: Adaptada de Kotler (2006). Ao recapitularmos o processo de evolução do marketing, vemos que o foco inicial esteve direcionado para a produção, o que possibilitou o desenvolvimento de métodos e técnicas industriais que viabilizaram a oferta de produtos em larga escala e a preços baixos, para consumidores que antes não podiam consumi-los. O lucro era obtido a partir da oferta de produtos com preços adequados à capacidade do mercado. Houve o foco no produto, e, com isso, o ser humano aprendeu a produzir com eficiência e a disponibilidade deixou de ser o maior problema. Com mais produtos disponíveis, as pessoas aprenderam www.esab.edu.br 13 a ser seletivas, ou seja, passaram a escolher melhor qualidade, maior desempenho e características inovadoras. Nesse período, o lucro era obtido através da diferenciação, conforme as características e inovação apresentadas nos produtos. E por fim, houve o foco nas vendas. A situação da época levou à produção em massa, aumentando a concorrência e, em razão disso, as empresas passaram a aumentar o esforço de vendas. A comunicação em massa surgiu nesse período, afinal a comunicação chegava a uma grande quantidade de pessoas ao mesmo tempo, partindo de uma única empresa. Passou-se, então, a lucrar mais quem conseguisse aumentar suas vendas. Por fim, é importante reforçarmos que a evolução do marketing acontece até hoje, ou seja, trata-se de um conceito que está em constante transformação. A partir das próximas unidades, esse conceito, praticado atualmente, será visto de forma mais aprofundada. Na próxima unidade vamos estudar com mais detalhes o que é marketing e os principais conceitos que o envolvem. Bons estudos, até lá! Para sua reflexão Você já parou para refletir se as empresas sempre pensaram sobre e seguiram os conceitos de marketing? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. www.esab.edu.br 14 2 Conceitos de marketing Objetivo Entender o conceito de marketing, necessidades, desejos, trocas e transações. Conforme vimos anteriormente, houve uma evolução até se chegar ao termo marketing. Mas de onde exatamente vem esse termo? Você sabe? Vamos descobrir? Para embasar o estudo do conceito de marketing, iremos nos fundamentar nos autores Kotler (2005), Yanaze (2007), Keegan (2005), Kotler e Armstrong (2008) e Kotler (2006). 2.1 O conceito de marketing A palavra marketing tem o sentido etimológico de fazer, ou produzir, um mercado. O termo mercadologia também é uma tradução usual e defendida nas décadas de 1950 e 1960 pelos pioneiros do marketing. Pode ser entendida também como o estudo do mercado ou comercialização, como definem os dicionários. Mas deixemos os termos técnicos acerca do significado da palavra marketing e vamos à definição abrangente e literária. www.esab.edu.br 15 Saiba mais O American Marketing Association (AMA) é uma referência mundial quando se fala em marketing. Segundo o AMA, marketing “[..] é o processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de ideias, produtos e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais”. Não deixe de conhecer a página do AMA clicando aqui. Na visão de Yanaze (2007, p. 7), marketing pode ser entendido como “[...] a definição e o conhecimento de determinado produto ou serviço e a forma como eles são elaborados e colocados no mercado. Portanto, marketing é o planejamento adequado da relação produto-mercado”. Segundo Keegan (2005), o conceito de marketingsofreu mudanças: antes o foco estava no produto e o objetivo era obter o lucro. Atualmente, o marketing possui um olhar estratégico, ou seja, mudou o foco do produto para o cliente e seu contexto ambiental. O objetivo do lucro foi substituído pelos benefícios aos interessados e stakeholders. Para Kotler (2005, p. 4), o “[...] marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais”. Ainda na visão de Kotler (2005), o marketing lucra suprindo necessidades. Nesse contexto, as empresas podem sofrer de miopia de marketing, um conceito estabelecido por Levitt (1960 apud KOTLER, 2005) para enfatizar um erro cometido por algumas delas: o de focar-se mais nos produtos específicos que oferecem do que nos benefícios e na experiência produzidos por esses produtos. Ou seja, se fixam tanto nos produtos que visualizam somente os desejos existentes e deixam em segundo plano as necessidades ocultas dos clientes. www.marketingpower.com/Pages/default.aspx www.esab.edu.br 16 2.2 O conceito de necessidades e desejos Para Kotler (2005), como vimos no tópico 2.1, o marketing identifica as necessidades e as satisfaz. Mas o que seriam necessidades? Certamente você possui a necessidade de respirar, certo? De dormir, de ter abrigo e roupas, de se alimentar, entre outras. Isso é o que chamamos de necessidades básicas. Uma vez que estas estejam resolvidas, surgem novas necessidades, tais como: garantia de sobrevivência, de conforto, de dar evasão às suas emoções, caprichos, manias, impulsos etc. A vida moderna faz surgir novas necessidades, antes nem tão necessárias. Por exemplo, hoje é mais difícil viver sem eletricidade? Sem transporte? E sem água encanada? A vida moderna é cheia de apelos variados, conforme afirma Yanaze (2007). Cada vez mais podemos visualizar invenções com novas utilidades que a mídia, a tecnologia, e as indústrias nos instigam a consumir. E todo esse conjunto de ações do marketing visa a estimular, incentivar e cultivar no consumidor a sua disposição natural de adquirir bens, a fim de satisfazer as suas necessidades, vontades, anseios, desejos e impulsos (YANAZE, 2007). Então, qual seria a diferença entre necessidade e desejo? Você sabe? Segundo Kotler e Armstrong (2008), necessidade é um estado de privação. Mas é importante observar que as necessidades são inerentes ao ser humano, elas são exigências básicas. Reveja, por exemplo, a hierarquia das necessidades de Maslow na disciplina de Psicologia aplicada à Administração no capítulo 15.2, na qual Maslow demonstra que cada ser humano possui uma hierarquia de cinco necessidades: fisiológica, segurança, sociais, estima e autorrealização. Eventualmente, para satisfazer uma necessidade, desejamos algo que vai além da satisfação da necessidade em si. É o que ocorre, por exemplo, quando queremos comprar um veículo de alto padrão. Não estamos comprando apenas um meio para locomoção e sim status, conforto, aceitação e comodidade. Logo, podemos dizer que desejo é uma necessidade influenciada externamente (KOTLER; ARMSTRONG, 2008). www.esab.edu.br 17 Percebeu a diferença entre os dois conceitos? Mas, lembre-se de que o marketing não cria necessidades, ele pode gerar desejos, moldando uma necessidade, ou seja, assim como a necessidade é inerente ao ser humano, a forma pela qual ele vai supri-la pode ser influenciada pelo marketing. Para sua reflexão Quando você compra uma calça ou um sapato novo, qual é a necessidade ou desejo que está satisfazendo, isto é, o que realmente está comprando? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. 2.3 O conceito de trocas e transações Após conhecermos o significado de necessidades e desejos e suas diferenças no tópico 2.2, iremos abordar agora a diferença entre troca e transações, pois é muito comum a confusão entre os conceitos. Troca é um dos conceitos centrais do marketing, envolve a obtenção de um produto desejado de alguém oferecendo algo em troca. Kotler (2006, p. 5) afirma que, para existir o potencial de troca, são necessárias cinco condições: 1. que existam pelo menos duas partes; 2. que todas as partes possuam algo que possa ter valor para as outras partes; 3. que todas as partes tenham capacidade de comunicação e de entrega; 4. que todas as partes estejam livres para aceitar ou recusar a oferta de troca; 5. que todas as partes acreditem ser adequado participar da negociação. Se a troca será efetivada ou não, dependerá de as duas partes estarem de acordo com os termos que deixarão ambas em uma situação melhor do que antes. A troca é um processo de criação de valor, porque, normalmente, deixa as partes envolvidas em uma situação melhor do que se encontravam anteriormente (KOTLER, 2006). www.esab.edu.br 18 Quando as duas partes estão determinadas a efetuarem uma troca e estiverem negociando (isto é, chegando a condições aceitáveis para ambas), é que se chega a um acordo. Quando isso ocorrer, chamamos esse processo de transação, ou seja, uma transação é uma troca de valores entre duas partes. Por exemplo, João vende um aparelho de TV para José, que paga R$ 700,00 a João. Essa é uma transação monetária clássica. Mas o dinheiro não é a única forma de troca em uma transação. Vejamos: José presta um serviço de advocacia a João em troca de uma consulta médica, chamamos isso de permuta, isto é, trocamos bens e serviços por outros bens e serviços (KOTLER, 2006). Conhecemos, nesta unidade, o conceito central e os de que permeiam a totalidade do marketing, os quais servirão de base para você entender o próximo capítulo, que aborda todo o escopo do marketing. www.esab.edu.br 19 3 Escopo de marketing Objetivo Abordar os conceitos de bens, serviços, pessoas, eventos, localidades, direitos de propriedades, experiências, instituições e concorrência. Na unidade anterior, estudamos alguns conceitos sobre o marketing, como necessidades, desejos, troca e transações. Nesta unidade, vamos abordar mais algumas noções importantes que pertencem ao marketing: tudo o que se aplica ao marketing e a suas relações com o termo. Para isso, nos fundamentaremos em Kotler (2005) e Kotler (2006). 3.1 A que se aplica o marketing? Muitas pessoas acreditam que o marketing somente é utilizado para a oferta de bens físicos (computadores, máquinas, automóveis, imóveis etc.). Entretanto, para responder a essa pergunta, devemos conhecer alguns termos, pois os profissionais de marketing envolvem-se com bens, serviços, pessoas, eventos, localidades, direitos de propriedades, experiências, instituições e concorrência. Vamos conhecer cada um dos conceitos? Vamos lá! Segundo Kotler (2005), de acordo com a sua durabilidade ou tangibilidade, os bens podem ser de dois tipos. • Bens não duráveis : são bens tangíveis que, normalmente, são esgotados após um ou alguns usos. Exemplos incluem cervejas, açúcar e sabão em pó. • Bens duráveis: são bens tangíveis que, normalmente, permitem a alguns usos. Exemplos incluem geladeiras, fogão, televisão e vestuário. Geralmente são produtos utilizados por três anos ou mais. www.esab.edu.br 20 Outro conceito que permeia o marketing é o de serviços, estes são intangíveis, não palpáveis e perecíveis. Como exemplos, podemos citar o serviço de uma esteticista, serviços de hospedagem, consertos em geral, entre outros. Para sua reflexão Se os serviços não podem ser tocados, pois são intangíveis, como o consumidor avalia seu valor, como os escolhe? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Quem já não viu uma celebridade envolvida diretamente com o marketing? Trata-se das pessoas no marketing. Isso mesmo, o marketing de celebridades se transformou em um negócio importante e rentável. Atualmente, as estrelas do cinema possuem agentes que realizam as relações públicas. Artista, músicos, médicos e advogadosbem-sucedidos estão buscando ajuda de profissionais de marketing de celebridades, esses especialistas acabam transformando as pessoas em uma “marca” (KOTLER, 2006). Os eventos também fazem parte dos conceitos centrais de marketing, tendo em vista que, em determinados períodos, empresas promovem eventos, como feiras, congressos, espetáculos artísticos, comemorações de todos os tipos, entre outros. Também temos os eventos esportivos, como os jogos olímpicos e a Copa do Mundo, que são promovidos agressivamente tanto por empresas como para o público-alvo. Por exemplo, as garrafas da Coca-Cola vêm com o anúncio de uma promoção relacionada à Copa do Mundo de 2014, nessa promoção a Coca-Cola sorteia brindes e ingressos para os clientes assistirem ao evento. Ou seja, a empresa promove seus produtos e, simultaneamente, o evento. Existem profissionais que são responsáveis pelo planejamento e execução desses eventos para que tudo saia conforme o planejado (KOTLER, 2006). www.esab.edu.br 21 Você sabia que a localidade também faz parte do marketing? Sim, isso mesmo! Existem lugares (como cidades, estados, regiões e até países inteiros) que competem entre si para atrair a quantidade máxima de turistas, fábricas, sedes de empresas, moradores e até para sediarem grandes eventos. Geralmente são iniciativas para o desenvolvimento econômico. Os profissionais de marketing que cuidam disso são especialistas nesse tipo de atração, são pessoas que trabalham com relações públicas, agências de publicidade, agentes imobiliários, entre outros (KOTLER, 2006). E os direitos de propriedades? Esse termo também pertence ao mundo do marketing, pois as propriedades são direitos intangíveis de posse, tanto de imóveis como de bens financeiros (ações e títulos). Direitos de propriedades são comprados e vendidos diariamente e isso representa um esforço do marketing. Por exemplo, uma imobiliária trabalha para proprietários de imóveis ou para quem as procura para comprar, alugar e vender imóveis residenciais ou comerciais. Isto é o repasse de um direito: o profissional repassa ao cliente um direito de posse (KOTLER, 2006). No marketing também é possível trabalhar com a experiência das outras pessoas. Pois, uma empresa que orquestra diversos tipos de serviços e produtos e obtém grandes resultados vira uma referência para as outras empresas ou consumidores. Por exemplo, o Magic Kingdom da Walt Disney World representa o marketing da experiência, pois os clientes visitam o reino de conto de fadas, um navio pirata e uma casa mal-assombrada e saem deslumbrados com o tamanho da experiência da Walt Disney em diversões. Outras empresas visitam o parque para obter experiências em diversos setores de suas empresas. No caso da Walt Disney, há programas de visitação para atender aos clientes que vão ao parque para saber como funciona o programa de treinamento e desenvolvimento de pessoas, pois o parque é referência para muitos outros empreendimentos do setor de entretenimento (KOTLER, 2006). O marketing também se aplica às instituições, pois estas trabalham para construir uma imagem sólida e positiva na mente do consumidor. E para que isso ocorra, investem em propaganda e na identidade corporativa, setor composto pelos profissionais de marketing e suas experiências (KOTLER, 2006). www.esab.edu.br 22 A concorrência também é uma parte importante para os profissionais de marketing, pois afeta diretamente tanto aqueles que servem a compradores organizacionais (devido ao tamanho das compras) quanto aos que atendem pequenos compradores. Vejamos um exemplo: um contador que perde um cliente para a sua concorrência na declaração do imposto de renda de pessoa física perderá alguns reais com isso, certo? Mas já imaginou quanto custaria a perda de um grande cliente corporativo? O prejuízo seria muito maior, não é? Os profissionais de marketing também trabalham nesse nicho, ou seja, eles possuem a tarefa de identificar os concorrentes de uma determinada empresa. Por exemplo, a Coca-Cola reconhece que a Pepsi é a sua principal concorrente, mas a fatia de concorrentes reais e potenciais de uma empresa é, na verdade, bem mais ampla, já que uma empresa está sujeita a ser atingida, o tempo todo, tanto por novos concorrentes e novas tecnologias quanto pelos concorrentes já existentes (KOTLER, 2006). O escopo do marketing engloba uma visão ampla da aplicação do marketing, por isso, os produtos podem ser bens, serviços, ideias, pessoas, lugares, atividades, organizações e informações. Na próxima unidade, vamos aprender sobre as tarefas de marketing e seus estados de demanda. www.esab.edu.br 23 4 Tarefas de marketing Objetivo Entender as tarefas de marketing e os estados de demanda do marketing. Na unidade anterior, apresentamos alguns setores em que o marketing se aplica. Certamente os setores não se resumem aos que foram expostos. Agora que já temos uma ideia mais clara de onde o marketing se aplica, iremos, nesta unidade, estudar melhor as tarefas inerentes ao marketing. Para isso, iremos nos embasar em Kolter e Armstrong (2008), Kotler (2006) e Yanaze (2007). 4.1 As principais tarefas de marketing Agora que já sabemos que o marketing se aplica desde as estratégias e planos, captação de oportunidades, conexão com os clientes, construção da marca, desenvolvimento de ofertas de mercado, entrega de valor, comunicação de valor, até o sucesso de longo prazo, vamos conhecer as tarefas de marketing, de acordo com a visão de Kotler e Armstrong (2008). Desenvolvimento de estratégias e planos de marketing: essa tarefa consiste em, por exemplo, identificar as oportunidades em longo prazo, projetar seus produtos com melhores recursos, criar uma nova linha de produtos etc. Seja qual for a direção escolhida, a tarefa deve desenvolver planos de marketing concretos que especifiquem as estratégias e táticas de marketing capazes de alcançar tais objetivos. Captação de oportunidades de marketing: essa tarefa é composta pela visão de futuro, ou seja, é preciso visualizar oportunidades que o mercado oferece, mesmo em tempos de crise. Por exemplo, elaborar um sistema de informação eficaz para monitorar o mercado e seu ambiente, www.esab.edu.br 24 avaliar continuamente o potencial de mercado e prever a demanda, realizar pesquisas de opinião acerca de um novo produto para prever a necessidade e a reação de seu público-alvo etc. Conexão com os clientes: nessa tarefa são realizados estudos para criar valor para seus mercados-alvo selecionados e desenvolver relacionamentos de longo prazo, fortes e lucrativos com os seus clientes. Mas, para isso ocorrer, é necessário conhecer o mercado consumidor, ou seja, saber quem compra e por que compra, o que procura e onde realiza a compra. Construindo marcas fortes: aqui a tarefa consiste em conhecer os pontos fortes e fracos da marca entre seus clientes. Para isso, é necessário conhecer muito bem seus concorrentes, antecipar suas ações e saber como reagir de maneira rápida e decisiva, ou seja, tentar prever o próximo passo de seus concorrentes. Essa tarefa, além de proteger a empresa, auxilia na consolidação no mercado e na construção de uma marca sólida e positiva. Desenvolvimento das ofertas de mercado: o produto está no cerne dos programas de marketing e inclui a qualidade, o design, recursos, embalagem, rótulo, entre outros. Então, para conquistar uma vantagem competitiva, essa tarefa engloba proporcionar vários serviços que façam parte de sua oferta de produto. Por exemplo: a empresa “X” vende um determinado produto e, juntamente com a venda desse produto, ela inclui o serviço de entrega, seguro, manutenção, treinamento etc. Assim, ela se destaca com relação à sua concorrente, e seu cliente não sentirá necessidade de optar por outros produtos. Entrega de valor: a tarefa envolve a maneira de entregar o produto ao cliente-alvo. Nessa tarefa deve ser determinado como entregar adequadamente aos mercados-alvo o valor representadopelos seus produtos. Você poderia se fazer a seguinte pergunta: como tornar meu produto acessível ao consumidor? Nesse caso, é necessário identificar, recrutar e interligar vários facilitadores de marketing que possam levar seus produtos com eficiência ao mercado-alvo. Aqui o marketing deverá analisar quais tipos de varejistas, atacadistas e distribuidores irão trabalhar e como eles tomam suas decisões, pois isso irá interferir diretamente na entrega de valor de seu produto. www.esab.edu.br 25 Comunicação do valor: essa tarefa é o ato de comunicar adequadamente ao mercado-alvo o valor agregado de seu produto, ou seja, desenvolver um programa de comunicação integrada e instaurar programas de comunicação em massa, compostos por propagandas, promoção de vendas, realização de eventos, relações públicas etc. Uma maneira de comunicar o valor de seus produtos é treinar e motivar os profissionais que irão vende-los. Sucesso de longo prazo: essa tarefa inclui posicionar seu produto no mercado de tal forma que obtenha sucesso de longo prazo, ou seja, fazer o desenvolvimento, os testes e o lançamento de produtos com base em estratégias que deverão considerar as oportunidades e as ameaças do mercado e as constantes mudanças, ou seja, é preciso se prevenir. Nessa tarefa, o marketing deve ser capaz de implementar um plano de marketing, prevendo surpresas e decepções durante as implementações do plano, precisará de feedbacks e de controle para entender a eficiência e a eficácia de suas atividades e como melhorá-las. Assim, somente se precavendo é que as empresas conseguirão um sucesso sustentável. Ao conhecer as tarefas inerentes ao marketing, conseguimos entender que o marketing analisa, planeja, implementa e controla as estratégias para o alcance das metas organizacionais, certo? Portanto, o marketing administra a demanda! Vamos conhecer o significado do termo demanda e de seus estados no próximo tópico. 4.2 Os estados de demanda do marketing Você sabe o que significa demanda? Esse termo está sempre presente no marketing. Vimos no capítulo 2 o que é desejo, lembra? A demanda representa os desejos apoiados pelo poder de compra, ou seja, é preciso criar desejos e expectativas nos consumidores para gerar a demanda, mas essas ações não são o suficiente para conseguir sucesso; para isso, é necessário criar condições adequadas para haver demanda. Kotler (2006) afirma que a procura por um produto somente ocorre efetivamente quando necessidades, desejos e expectativas interagem com a capacidade efetiva de aquisição. Vamos ver um exemplo? www.esab.edu.br 26 Eu sou uma professora universitária, moro distante do centro da cidade e necessito ministrar aulas em diferentes instituições de ensino em um mesmo dia. Tenho o desejo e a expectativa de um dia poder me locomover com um helicóptero. No entanto, nenhuma empresa do ramo irá me vender ou alugar um helicóptero, pois a minha renda não é compatível com o consumo desse produto. Logo, tenho necessidades, desejos e expectativas em relação a um produto, mas não disponho de um poder aquisitivo suficiente. Portanto, como consumidora, eu não gero demanda. Resumindo, não adianta fabricar produtos para seus consumidores-alvo se estes que não forem adequados e não forem atender às suas reais necessidades e consequentemente aos seus desejos e expectativas (YANAZE, 2007). Segundo Kotler e Armstrong (2008), a demanda de mercado por um produto pode ser definida como o volume total de produtos ou serviços que seria comprado por um grupo de consumidores em um determinado período, área geográfica e ambiente econômico, sob um programa de marketing específico. Na visão de Kotler (2006), são possíveis oito estados de demanda. Acompanhe. • Demanda negativa: os consumidores não gostam do produto e podem até mesmo pagar para evitá-lo. • Demanda inexistente: os consumidores não conhecem o produto ou não estão interessados nele. • Demanda latente: os consumidores compartilham uma forte necessidade que não pode ser satisfeita por nenhum produto existente no mercado. • Demanda em declínio: os consumidores começam a comprar o produto com menos frequência ou deixam de comprá-lo. • Demanda irregular: as compras dos consumidores podem ser sazonais ou variar de acordo com o mês, a semana, o dia ou horário. • Demanda plena: os consumidores compram adequadamente todos os produtos colocados no mercado. www.esab.edu.br 27 • Demanda excessiva: há mais consumidores interessados em comprar do que disponibilidade do produto. • Demanda indesejada: os consumidores sentem-se atraídos por produtos que têm consequências sociais indesejadas. Em cada caso, os profissionais de marketing devem identificar as causas do estado da demanda e determinar um plano de ação para, se for necessário, alterar para um estado mais desejado pela empresa. Os profissionais de marketing são treinados para estimular constantemente a demanda pelos produtos de uma empresa, eles são responsáveis também por gerenciá-la, buscando influenciar o nível, a oportunidade e a composição da demanda para atender aos objetivos da empresa (KOTLER, 2006). Ao administrar o marketing, você deverá encontrar maneiras de lidar com as diferentes demandas, ou seja, você terá que saber quando aumentar, quando mudar ou, até mesmo, quando diminuir uma determinada demanda. Para isso, foi importante você conhecer todos os tipos de demanda com as quais o marketing lida diariamente. Como a demanda possui uma relação direta com o mercado, na próxima unidade conheceremos mais sobre mercado, seu conceito, tipos e importância. www.esab.edu.br 28 5 Mercado Objetivo Explicar os conceitos de mercado, mercado de consumo, mercado organizacional, mercado global e mercados governamentais. Na unidade anterior, estudamos sobre as principais tarefas de marketing, também conhecemos o conceito de demanda e os tipos de demanda com as quais o marketing lida diariamente. Com base nisso, nesta unidade, iremos estudar sobre o conceito de mercado, os tipos de mercado e sua importância para o marketing. Iremos nos embasar em Kotler (2006) e Kotler e Armstrong (2008). 5.1 Conceito de mercado Você sabia que antigamente as pessoas denominavam o mercado somente como um local físico, onde compradores e vendedores se reuniam para comprar e vender suas mercadorias? Atualmente, os economistas descrevem o mercado como um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a um determinado produto ou até mesmo classe de produto – por exemplo, o mercado de grãos, o de automóveis, o imobiliário, entre outros. Mas os profissionais de marketing utilizam o termo mercado para abranger vários agrupamentos de clientes. Eles enxergam os vendedores como o setor e os compradores como o mercado. Eles falam de mercados de necessidades (o mercado das pessoas que querem emagrecer), em mercados de produtos (o mercado de calçados), em mercados demográficos (o mercado jovem) e em mercados geográficos (o mercado francês). A definição ainda é expandida a outros mercados, como o mercado dos doadores, o mercado de trabalho, o mercado de eleitores etc. (KOTLER, 2006). www.esab.edu.br 29 No entendimento de Kotler e Armstrong (2008), podemos resumir o termo mercado como um grupo de compradores reais e potenciais de um produto, esses compradores têm uma necessidade ou um desejo específico e que pode ser satisfeito por meio da troca. Assim, o tamanho de um mercado depende do número de pessoas que apresentam necessidades, têm recursos para fazer as trocas e estão dispostas a oferecer esses recursos em troca do que desejam. Kotler (2006) divide os mercados de clientes em quatro tipos. Vamos conhecê-los? 5.2 Mercado de consumo Podemos também chamar de mercado consumidor, já que representa as empresas que comercializam produtos e serviços de consumo em massa (como refrigerantes, cosméticos, passagens aéreas) e investem significativamente seu tempo tentando estabeleceruma imagem de marca superior. Para tornar uma marca sólida no mercado, é necessário que haja um esforço dos profissionais de marketing para desenvolver um produto superior, com uma embalagem adequada, disponível nos locais adequados e sustentada por uma propaganda contínua e serviço confiável. O mercado de consumo vive em constante mudança, tornando essa tarefa mais complexa a cada dia. 5.3 Mercado organizacional Nesse mercado, as empresas vendem bens e serviços para outras empresas. Os profissionais de compra dessas empresas são bem treinados e informados, possuem métodos e técnicas para avaliar as ofertas de inúmeros concorrentes. Compradores organizacionais compram bens que permitem fabricar um produto ou que podem ser revendidos para terceiros, e assim obtendo o lucro. As empresas que vendem tais bens devem demonstrar como eles ajudarão seus clientes (outras empresas) a atingirem as receitas. Por isso, como a propaganda desempenha um papel muito importante, a empresa deve possuir credibilidade no mercado. Os principais setores que compõem o mercado organizacional são: agricultura, exploração florestal e de pesca, mineração, manufatura, www.esab.edu.br 30 construção, transporte etc. Convém lembrarmos que o mercado organizacional se difere muito do mercado consumidor, pois aquele possui algumas características distintas, conforme as citadas por Kotler (2006), tais como: • menos compradores, porém de maior porte: as empresas do segmento de produtos empresariais, geralmente, lidam com menos compradores (mas de maior porte) do que as empresas voltadas ao consumo. Por exemplo, o destino da Goodyear e de outros fornecedores de peças automotivas depende de conseguirem contratos com grandes montadoras; • relacionamento estreito entre fornecedor e cliente: como o mercado organizacional possui um número reduzido de clientes e também devido à importância e o poder desses clientes de grande porte, os fornecedores geralmente customizam suas ofertas com o intuito de atender às suas necessidades específicas; • compra profissional: produtos organizacionais são comprados por compradores treinados, que são obrigados a seguirem as políticas, as normas e as exigências de compra da organização para qual trabalham. Logo, os compradores organizacionais passam a vida aprendendo a comprar melhor. E você não observa isso no mercado consumidor, por exemplo; • diversas influências de compra: muitas pessoas influenciam no processo de tomada de decisão nas compras organizacionais. Para a compra de produtos de um alto grau de importância, é comum que sejam designados comitês de compra, formados por técnicos e até pela alta gerência; • vários contatos de vendas: como há um número maior de pessoas envolvidas no processo de vendas, é necessário fazer vários contatos até conquistar os pedidos. E muitos ciclos de vendas duram anos; • compra direta: geralmente os compradores organizacionais preferem comprar diretamente dos fabricantes a fazer negócios com intermediários, sobretudo quando forem adquirir itens tecnicamente complexos ou caros, como computadores de grande porte, aviões etc. www.esab.edu.br 31 5.4 Mercado global Nesse caso, as empresas vendem seus produtos e serviços no mercado global, ou seja, para outros países. Contudo, as empresas enfrentam decisões e desafios adicionais, pois devem decidir em quais países entrar, como entrar em cada país, como adaptar as características de seus produtos e serviços a cada país, pois haverá diferenças quanto à cultura, às crenças, aos valores. Como determinar preços para seus produtos em países diferentes? E como adaptar a sua comunicação? Essas decisões devem ser tomadas em face de diferentes exigências em relação à compra, negociação, propriedade, formas de uso, línguas, sistemas jurídicos e políticos, moedas cujo valor poderá flutuar etc. São muitas decisões, não? 5.5 Mercado sem fins lucrativos Podemos chamar esse mercado de terceiro setor, institucional ou governamental, já que representa empresas que vendem seus produtos ou serviços a organizações sem fins lucrativos, como hospitais, igrejas, creches, prisões, universidades, instituições de caridade ou órgãos públicos. É necessário determinar o preço com cautela, pois as organizações desse tipo têm poder de compra limitado. Muitas compras do governo exigem licitações, sendo que, na ausência de fatores que justifiquem um preço mais elevado, é favorecida a proposta que apresenta o menor preço (KOTLER, 2006). Em suma, estudamos a abrangência do conceito de mercado e os tipos de mercados de clientes existentes. Na unidade seguinte, iremos aprofundar o estudo sobre a filosofia de mercado que orienta os esforços de marketing nas organizações. www.esab.edu.br 32 6 Orientações da empresa ao mercado Objetivo Explicar os tipos de orientações que as empresas têm em relação ao mercado. Que tipo de filosofia de mercado você acha que deveria orientar os esforços de marketing de uma empresa? E qual peso deve ser atribuído aos interesses da organização? E aos interesses dos clientes? E da sociedade? É muito comum haver conflito entre esses interesses. E para esclarecer essas questões, trazemos para você uma explicação de Kotler (2006) e de Kotler e Armstrong (2008) sobre o assunto. Segundo esses autores, há três tipos de orientações concorrentes com base nas quais as organizações conduzem suas atividades de marketing: orientação de produção, orientação de produto e orientação de vendas. Vamos nos aprofundar nos conceitos de cada uma delas? Então, vamos lá! 6.1 Orientação de produção A orientação de produção é um dos conceitos mais antigos nas relações comerciais, conforme vimos no processo histórico do marketing na primeira unidade. Essa orientação defende que os consumidores dão preferência a produtos fáceis de encontrar e de baixo custo. Grandes empresas que são orientadas à produção se concentram em alcançar alta eficiência de produção, baixos custos e distribuição em massa. Esse tipo de orientação é muito visto em países em desenvolvimento, como a China. A China é o maior fabricante de PCs (personal computer) e grandes organizações que atuam no país se aproveitam da enorme quantidade de mão de obra barata para dominar o mercado. Esse tipo de orientação de produção é muito utilizado por empresas que desejam expandir o seu mercado de atuação (KOTLER, 2006). www.esab.edu.br 33 Embora haja muitas críticas à orientação para a produção, há situações em que ela é muito apropriada, como em mercados de alta tecnologia com mudanças rápidas e constantes. Isso porque, muitas vezes, não há tempo suficiente para a realização de pesquisas de marketing com o intuito de indagar o cliente quanto às suas preferências. Em vez disso, tenta-se fabricar produtos que superem a concorrência e, depois, informar a seus clientes os benefícios que irão obter com a compra de tal produto. Dessa forma, quando a demanda por produtos e serviços é maior do que a oferta, uma orientação para a produção torna-se adequada (KOTLER; ARMSTRONG, 2008). 6.2 Orientação de produto A orientação de produto difere-se da orientação de produção, pois o foco do cliente é a qualidade do produto, o qual deve apresentar desempenhos superiores e características inovadoras. As organizações que seguem essa linha concentram-se em fabricar produtos de qualidade e em aperfeiçoá- los ao longo do tempo. Mas, deve-se tomar muito cuidado, pois um produto novo ou aperfeiçoado não será necessariamente bem-sucedido, a menos que tenha o preço adequado e seja distribuído, promovido e vendido de forma correta (KOTLER, 2006). A Apple, gigante norte-americana, trabalha focada nessa orientação. Veja, por exemplo, o lançamento dos iPhones. Os clientes aguardavam ansiosos nas portas das lojas quando foi anunciado o seu lançamento. Houve uma imensa fila de pessoas que queriam se tornar os primeiros a possuírem a recente tecnologia da empresa. 6.3 Orientação de vendas Essetipo de orientação parte do princípio de que os consumidores e as empresas, por vontade própria, normalmente, não compram os produtos da organização em quantidade suficiente. Nesse caso, a organização deve empreender um esforço agressivo em vendas e promoção. É o caso das ideias do ex-vice-presidente de marketing da Coca-Cola, Sergio Zyman, que afirma que o objetivo do marketing da empresa é vender mais coisas, para mais gente, por mais dinheiro, a fim de obter maior lucro. Essa www.esab.edu.br 34 orientação de vendas é praticada de maneira agressiva com produtos poucos procurados e que os consumidores pensam dificilmente em comprar, tais como: seguros, túmulos etc. É uma prática muito utilizada quando as empresas dispõem de excesso de capacidade. Nesse caso, o objetivo é vender aquilo que fabrica, em vez de fabricar aquilo que o mercado quer. É um grande risco, não? Esse tipo de orientação normalmente é utilizada quando a oferta de produtos e serviços é maior do que a demanda. Para ilustrar de forma simples o que seria uma empresa orientada para vendas, trazemos aqui uma paródia humorística que circula na internet. www.esab.edu.br 35 O caso do bom vendedor... (paródia) Deixando de lado pudores politicamente corretos, é importante que você leia esta paródia, pois ela mostra como um vendedor em uma empresa que é orientada para as vendas pode ser bem-sucedido: Um sujeito acaba de conseguir um cargo de vendedor em uma loja que vendia de tudo. Terminado o primeiro dia, o gerente de Recursos Humanos pergunta: - Como foi o seu primeiro dia? Quantas vendas você fez? - Fiz apenas uma venda, responde o vendedor. - Uma só? Espanta-se o gerente, dizendo: - Mas todos os outros vendedores fazem de 20 a 30 vendas por dia... E de quanto foi essa venda? - R$ 345.350,00, responde o vendedor. O gerente arregala os olhos. Uma venda daquele valor era realmente inusitada. - Como é que você conseguiu isso? Pergunta o gerente, intrigado. - Bem..., responde o vendedor, vendi a esse cliente um anzol pequeno, um médio e um grande. Vendi três tipos de linhas para cada tipo de anzol e também os apetrechos para a pesca. Ao pergunta-lhe onde ele iria pescar e obtendo a resposta de que pretendia ir ao litoral, informei-lhe de que seria necessário um barco. Ele também comprou o de 22 pés, cabinado, com dois motores. E, como o carro dele não seria capaz de rebocá-lo, vendi-lhe uma caminhonete Blazer. O gerente interrompe: - Você fez essa venda para um sujeito que entrou pedindo um anzol? - Bem..., responde o vendedor, Na realidade, o sujeito veio me perguntar onde havia uma farmácia. Perguntei-lhe o que ele iria comprar lá, e soube que seria um OB para a sua esposa. Aproveitei e comentei: “Já que seu fim de semana foi para o espaço mesmo, que tal uma pescaria?”. www.esab.edu.br 36 Parou para refletir como essa paródia pode ser aplicada ao marketing e às orientações de mercado? Ela reflete facilmente a orientação de vendas como uma prática do marketing, ou seja, identificando as reais necessidades dos clientes e comunicando como os produtos são capazes de satisfazê-las. Resumindo, o vendedor nada vende, apenas mostra o valor do produto para o cliente em potencial, e este, então, realiza a compra para satisfazer à sua necessidade. Estudamos sobre a filosofia das empresas de acordo com as orientações de mercado em que cada uma atua, ou seja, cada empresa foca em uma determinada orientação para o mercado. Na próxima unidade, iremos estudar sobre a orientação das empresas para o marketing, ou seja, como elas praticam o marketing holístico, o marketing socialmente responsável, o marketing integrado, o marketing de relacionamento e o marketing interno. Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 37 Resumo Nestas primeiras unidades, conhecemos o processo histórico do marketing e sua evolução desde a Idade Média até os tempos atuais, para dar subsídio à compreensão da abrangência do conceito de marketing. O marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. A partir desse conceito conseguimos entender e distinguir necessidade e desejo, e troca e transação. Foi possível aprender que os profissionais de marketing são hábeis em gerenciar a demanda e conheceu seus estágios. Percebemos também que esses profissionais de marketing envolvem-se com bens, serviços, eventos, experiências, pessoas, localidades, direitos de propriedade, instituições e concorrência. Você conheceu as tarefas pertencentes ao marketing: desenvolvimento de estratégias e planos de marketing, conexão com os clientes, captação de oportunidades de marketing, construção de marcas fortes, desenvolvimento das ofertas de mercado, entrega de valor, comunicação do valor e sucesso de longo prazo. Compreendemos também o conceito de mercado e seus diferentes tipos: mercado de consumo, mercado organizacional, mercado global e mercado sem fins lucrativos. Por fim, vimos as orientações das empresas, as quais podem ser voltadas à produção, ao produto ou às vendas e que elas são classificadas dessa forma dependendo da oferta e da demanda de produtos ou serviços. www.esab.edu.br 38 7 Orientação das empresas ao marketing Objetivo Analisar a necessidade de as empresas ficarem orientadas ao mercado através do marketing. Foi visto, na unidade anterior, sobre a orientação das empresas para o mercado. Compreendemos que as empresas podem ter sua orientação: 1) para a produção, a qual defende que os consumidores dão preferência a produtos fáceis de encontrar e que sejam de baixo custo; 2) para o produto, em que o foco do cliente é a qualidade do produto e este deve apresentar desempenhos superiores e características inovadoras; e 3) para vendas, que é utilizada quando a oferta de produtos e serviços é maior do que a demanda. Nesta unidade, estudaremos a orientação das empresas para o marketing, que trata de uma orientação de mercado. Assim, veremos que o fundamental não é uma empresa encontrar os clientes certos para o seu produto, mas sim os produtos certos para seus clientes. Também estudaremos sobre o marketing holístico que compreende quatro dimensões, são elas: o marketing de relacionamento, o marketing integrado, o marketing interno e o marketing socialmente responsável. Para estudarmos sobre o assunto, iremos nos embasar em Kotler (2006). Inicialmente, vamos estudar sobre a necessidade da orientação ao marketing, tendo em vista que as empresas devem se tornar mais efetivas e eficazes, diferenciando-se da concorrência. www.esab.edu.br 39 7.1 Necessidade da orientação ao marketing Kotler (2006) esclarece que a orientação das empresas para o marketing ocorreu a partir de 1950. Antes, a filosofia era voltada para o produto, ou seja, centrada em “fazer e vender”, como vimos na unidade anterior. Atualmente, vivenciamos uma filosofia fundamentada no “sentir e responder”, ou seja, centrada no cliente. Esse tipo de orientação defende que as empresas necessitam ser mais efetivas e eficazes que a sua concorrência na criação, entrega e comunicação de valor para o seu mercado-alvo, a fim de alcançarem as suas metas organizacionais. Kotler (2006) afirma, ainda, que pesquisas indicam que as empresas que possuem uma orientação para o marketing alcançam um desempenho superior no mercado. Por que isso ocorre? Você sabe? Vamos descobrir? As empresas podem praticar dois tipos de orientações para o marketing, o reativo e o proativo, segundo Kotler (2006). Uma orientação para o marketing reativo significa entender e suprir as necessidades expressas pelos clientes. Já a orientação para o marketing proativo significa que as empresas focam nas necessidades latentes do consumidor e com esse tipo de orientaçãoé possível obter um nível superior de inovação no mercado. Podemos citar como exemplos de empresas que praticam a orientação de marketing proativo a 3M, a Natura, a Petrobrás, o Google, a Microsoft, a IBM, entre outras. Todas as empresas citadas são líderes em inovação e estão focadas nas necessidades latentes dos clientes. Agora que já conhecemos sobre a orientação das empresas para o marketing, vamos abordar sobre o marketing holístico que está conectado com o fato de as empresas possuírem uma orientação para o marketing. 7.1.2 Marketing holístico www.esab.edu.br 40 Como brevemente citado na seção anterior, as empresas que praticam uma orientação para o marketing possuem um desempenho diferenciado. E na atualidade podemos perceber o quão rápidas são as mudanças no mercado e nos hábitos dos consumidores, afinal os produtos estão cada vez mais inovadores e tudo isso tem como foco principal as necessidades dos clientes. Esse novo cenário que estamos vivenciando exige das empresas novas práticas de marketing e de negócios. Hoje, as empresas possuem novas capacidades e aptidões para transformar a maneira como sempre realizaram o marketing. Por isso, elas devem também rever a sua forma de operar e competir em um novo ambiente de marketing. Os profissionais de hoje reconhecem cada vez mais a necessidade de adotarem uma abordagem mais completa e coerente que ultrapasse as aplicações tradicionais que são realizadas. É nesse contexto que surge o marketing holístico, com a intenção de atender à complexidade do marketing. Kotler (2006, p. 15) argumenta que o marketing holístico pode ser visto como “[...] o desenvolvimento, o projeto e a implementação de programas, processos e atividades de marketing, com o reconhecimento da amplitude e das interdependências de seus efeitos”. Ou seja, o marketing holístico considera que tudo é importante, desde o consumidor, funcionários, concorrência, até a sociedade como um todo. O marketing holístico é, portanto, “[...] uma abordagem do marketing que possui a intenção de reconhecer e harmonizar o escopo e as complexidades das atividades de marketing” (KOTLER, 2006, p. 15). A abrangência do marketing holístico envolve quatro dimensões amplas que o caracterizam, como pode ser visualizado na Figura 2. www.esab.edu.br 41 Marketing holístico Marketing interno Departamento de marketing Gerência sênior Produtos e serviços Canal Outros departamentos Comunicações Canais Clientes Parceiros Meio ambiente Legalidade Ética Comunidade Marketing socialmente responsável Marketing integrado Marketing relacionamento Figura 2 – Dimensões do marketing holístico. Fonte: Kotler (2006, p. 16). As quatro dimensões do marketing holístico envolvem o marketing de relacionamento, o marketing integrado, o marketing interno e o marketing socialmente responsável. Pela Figura 2, podemos ver, ainda, que cada um trata de determinados aspectos dentro da empresa. Vamos conhecer cada um deles? 7.1.3 Relacionamento Como abordado no tópico anterior, o marketing de relacionamento é uma das dimensões que caracterizam o marketing holístico. Um dos principais objetivos do marketing de relacionamento é o de “[...] desenvolver relacionamentos profundos e duradouros com todas as pessoas ou organizações que podem, direta ou indiretamente, afetar o sucesso das atividades de marketing da empresa” (KOTLER, 2006, p. 16). www.esab.edu.br 42 Nesse caso, o intuito desse tipo de marketing é o de firmar relacionamentos em longo prazo e que sejam satisfatórios para todos os envolvidos, sejam eles clientes, fornecedores, distribuidores ou outros parceiros. O intuito da criação desse tipo de relacionamento é o de conquistar ou manter negócios com fortes transações técnicas, econômicas e sociais entre os envolvidos. Abordaremos essa categoria de marketing de forma mais aprofundada na disciplina de Mercadologia II, no 4º MEG/Módulo. 7.1.4 Integrado No tópico anterior, entendemos o que é tratado dentro de um marketing de relacionamento e suas especificidades. O marketing integrado dentro de uma abordagem do marketing holístico abrange o delineamento das atividades de marketing e a montagem de programas de marketing totalmente integrados para criar, comunicar e entregar valor aos clientes. Esse tipo de marketing consiste em inúmeras decisões quanto às atividades de marketing a fim de proporcionar o aumento de valor aos clientes. Todas as decisões tomadas influenciam direta ou indiretamente nos setores existentes da empresa e, por esse motivo, devem ser tomadas de forma integrada. (KOTLER, 2006). 7.1.5 Interno Como discutido anteriormente, o marketing holístico incorpora o marketing interno, que garante que todos na organização, especialmente a gerência, internalizem os princípios de marketing adotados pela empresa. “O marketing interno possui a tarefa de contratar, treinar e motivar funcionários capazes que queiram atender bem os clientes.” (KOTLER, 2006, p. 18). Muitos profissionais da área de marketing reconhecem a importância que o marketing interno possui. Você consegue imaginar uma empresa que pretende oferecer um serviço de excelência para seus clientes sem que antes a sua equipe esteja pronta para oferecê-lo? Então, a política principal do marketing interno é fazer com que todos na empresa pensem como clientes. www.esab.edu.br 43 Mas de nada adianta a empresa praticar o marketing de relacionamento, o integrado e o interno sem se preocupar com o impacto desse marketing na sociedade. Esse tema é o que abordaremos no tópico a seguir. 7.1.6 Socialmente responsável O marketing socialmente responsável abrange os contextos éticos, ambientais, legais e sociais das atividades e dos programas de marketing da empresa. As causas e os efeitos do marketing vão claramente além da empresa e dos clientes para englobar a sociedade como um todo. Aqui nos referimos às questões de responsabilidade social e aos papéis que as empresas representam no bem-estar social, buscando agir em prol dos melhores interesses de longo prazo, tanto para seus clientes quanto para a sociedade (KOTLER, 2006). Você já conheceu sobre a orientação das empresas sobre o marketing e as quatro dimensões que abrangem o marketing holístico; por isso, aprenderemos sobre o ambiente que compreende o marketing: o microambiente e o macroambiente. www.esab.edu.br 44 8 O ambiente de marketing – microambiente Objetivo Analisar o microambiente de marketing. Agora que já sabemos de que forma as empresas orientam-se para o marketing e conhecemos sua necessidade de serem mais efetivas e eficazes que sua concorrência, para alcançarem as suas metas, estudaremos, nesta unidade, sobre o ambiente no qual o marketing atua, uma vez que esse estudo é utilizado para que as empresas observem o mercado de forma mais segura, planejem estratégias e pratiquem ações que maximizem a vantagem competitiva de seus produtos. O ambiente de marketing compreende tudo que rodeia as atividades de uma empresa. É constituído por diversos atores e forças internas e externas ao marketing que podem afetar a empresa, pois o ambiente é vulnerável a diversos acontecimentos e situações que conduzem as empresas diante de cenários de mudanças frequentes. O ambiente de marketing é dividido em dois tipos: o microambiente (variáveis controláveis) e o macroambiente (variáveis incontroláveis). Nesta unidade, conheceremos somente sobre o microambiente e na unidade posterior abordaremos o macroambiente. Para aprendermos sobre a temática desta unidade, iremos nos embasar em Kotler (2005). 8.1 O microambiente de marketing Como vimos anteriormente, o ambiente de marketing refere-se a tudo que rodeia a empresa, e o microambiente consiste em forças próximas à empresa que afetam sua capacidade de atender seus clientes, ou seja, um conjunto de fatores controláveis pela empresa, referente aos clientes, fornecedores, canais de marketing, colaboradores comerciais e concorrentes (KOTLER,2005). www.esab.edu.br 45 O sucesso de uma empresa para atrair clientes não depende somente dos gerentes de marketing, mas também de todos os agentes do microambiente da empresa, ou seja, envolve todos os departamentos e vai além, envolve também os fornecedores, os intermediários, os clientes, os concorrentes e vários públicos. Vamos conhecer o papel de cada um deles no microambiente? Vamos lá! 8.1.1 A empresa Como abordado em tópicos anteriores, todos os setores da empresa devem ter foco no cliente, isto é, pensar no cliente. E para que isso ocorra, é necessário que os departamentos da empresa estejam todos alinhados a esse objetivo, seja o departamento financeiro, o departamento de produção, o de recursos humanos, o comercial e o de marketing. Todos devem estar integrados e focados. Portanto, esses departamentos inter-relacionados formam o ambiente interno da empresa e influenciam e causam impacto sobre os planos e ações do departamento de marketing, tornando-se, assim, parte do microambiente de marketing. A gerência de marketing deve sempre levar em consideração todos os departamentos da empresa, pois estes afetam diretamente o ambiente em que atuam (KOTLER, 2005). 8.1.2 Os fornecedores Os fornecedores são uma peça-chave e de suma importância no sistema geral de “oferta de valor” ao cliente. Eles são responsáveis por providenciar os recursos necessários para a empresa produzir seus bens e serviços e podem afetar gravemente o marketing (KOTLER, 2005). Você consegue imaginar uma empresa ficar sem seus recursos necessários para atender às necessidades de seus clientes? Em que isso iria repercutir? Por esse motivo, os gerentes de marketing devem se precaver e controlar os suprimentos, pois a falta ou a demora na entrega destes (sem contar as greves ou outras ocorrências) pode prejudicar seriamente as vendas em curto prazo e a satisfação do cliente em longo prazo. Os gerentes devem, inclusive, acompanhar as tendências de preços de seus suprimentos, pois o aumento dos custos poderá forçar um aumento em seus produtos finais, alterando, assim, o seu volume de vendas (KOTLER, 2005). www.esab.edu.br 46 8.1.3 Os intermediários Assim como os fornecedores e a empresa como um todo afetam o ambiente de marketing, os intermediários também o fazem. Mas quem seriam os intermediários? Segundo Kotler (2005), seriam as pessoas que ajudam a empresa a vender e a distribuir seus bens aos compradores finais. Esses intermediários podem ser agências de propaganda, bancos, transportadoras, distribuidores, varejistas, empresas de telecomunicação, revendedores, entre outros. Quando falamos de revendedores, esses intermediários possuem uma especificidade, já que se dividem em atacadistas e varejistas que compram e revendem os produtos das empresas. Entretanto, selecionar e trabalhar com eles não é uma tarefa fácil, porque a concorrência está acirrada e, dependendo do porte desse revendedor, poderá até ditar alguns termos ou bloquear o acesso dos fabricantes em grandes mercados pelo poder de venda que possui. Viram como o profissional de marketing deve estar atento a tudo que rodeia sua empresa? Porém, ainda não acabou! Veremos, a seguir, os próximos agentes que influenciam o ambiente de marketing. 8.1.4 Os clientes As empresas devem estudar de perto os seus clientes; afinal, as exigências mudam dependendo das características de cada comprador. Como vimos na unidade 5, os clientes podem ser: os mercados consumidores, que representam os indivíduos e as famílias que compram bens e serviços para o consumo pessoal; os mercados organizacionais, que compram bens e serviços para processamento posterior ou para usá-los em sua produção; os mercados globais, que consistem em compradores estrangeiros, incluindo consumidores, produtores, revendedores e governos, todos internacionais; e os mercados sem fins lucrativos, que são compostos por empresas que vendem seus bens ou serviços a organizações sem fins lucrativos. Ressaltamos que cada mercado possui suas especificidades e exige um cuidadoso estudo e acompanhamento por parte dos gerentes de marketing (KOTLER, 2005). www.esab.edu.br 47 8.1.5 Os concorrentes Como já discutimos na unidade 2, quando abordamos o conceito de marketing e de necessidades, as empresas devem satisfazer às necessidades e aos desejos de seus clientes, sempre se diferenciando e se destacando de seus concorrentes. Para isso, os profissionais de marketing não devem somente focar nas necessidades de seus clientes, mas também se preocupar em alcançar as vantagens estratégicas, posicionando as suas ofertas contra a de seus concorrentes perante seus clientes. Sendo assim, os profissionais de marketing devem monitorar constantemente seus concorrentes, uma vez que estes afetam diretamente o ambiente de marketing (KOTLER, 2005). 8.1.6 O público O ambiente de marketing de uma empresa inclui também vários públicos. Podemos entender por público qualquer grupo que tenha interesse real ou potencial ou que cause influência e impacto na capacidade de a empresa atingir seus objetivos (KOTLER, 2005). Kotler (2005) mostra os sete tipos de públicos existentes e que podem influenciar o ambiente de marketing. • Públicos financeiros – influenciam a capacidade de a empresa conseguir recursos financeiros. Estes podem ser bancos, empresas de investimentos, acionistas, entre outros. • Público de mídia – anunciam novidades, notícias e opiniões editoriais. Estes incluem jornais, internet, artigos, revistas, estações de rádio e canais de televisão. • Públicos governamentais – aqui devemos considerar as ações do governo, pois os profissionais de marketing devem consultar o setor jurídico da empresa sobre as questões de segurança do produto, como caracterizar uma propaganda enganosa, entre outros tipos de assuntos. www.esab.edu.br 48 • Grupos de interesse – dependendo das decisões de marketing de uma empresa, ela pode ser questionada por organizações de consumidores, grupos ambientalistas, representantes de minorias, entre outros. • Públicos locais – qualquer empresa possui um público local, seja este um vizinho, centros comunitários, associações de moradores, entre outros. • Público geral – as empresas devem se preocupar constantemente com sua imagem perante o público geral, tais como as percepções, as atitudes, as reações quanto a seus produtos, entre outros fatores, afinal a imagem que o público possui de uma empresa afeta suas compras. • Públicos internos – são os colaboradores da empresa, os voluntários, os diretores e presidentes, entre outros. Eles devem estar constantemente motivados para possuírem uma atitude positiva que influencie diretamente os clientes. Nesta unidade, estudamos sobre as variáveis controláveis que compreendem o microambiente de marketing, ou seja, os fornecedores, os intermediários, os clientes, os concorrentes e o público de marketing. Na próxima unidade, abordaremos o macroambiente de marketing que são suas variáveis incontroláveis. Tarefa dissertativa Caro estudante, convidamos você a acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a tarefa dissertativa. www.esab.edu.br 49 9 O ambiente de marketing – macroambiente Objetivo Entender o macroambiente de marketing. Como vimos na unidade anterior, as empresas devem monitorar constantemente o ambiente de marketing, pois esse monitoramento serve para planejar estratégias e implementar ações que maximizem a vantagem competitiva de seus produtos contando com as ameaças e as oportunidades que se apresentam no ambiente de marketing. Já estudamos sobre o que compreende o microambiente de marketing, agora aprenderemos sobre o macroambiente, ou seja, sobre as variáveis não controláveis pela empresa e que afetam o seu ambiente de marketing. Para compreendermos essa temática, iremos nos fundamentar nas ideias de Kotler (2005) e Kotler e Armstrong (2008). 9.1 O macroambiente de marketing O macroambiente é constituído por forças que
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