Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Funcionalmente, o sistema urogenital pode ser dividido em dois componentes distintos: o sistema urinário e o sistema genital. Entretanto, embriológica e anatomicamente, eles estão intimamente relacionados. Ambos se desenvolvem a partir do mesoderma intermediário ao longo da parede posterior da cavidade abdominal, e, inicialmente, os ductos excretórios de ambos os sistemas entram em uma cavidade comum, a cloaca. Durante o desdobramento do embrião no plano horizontal, uma elevação longitudinal do mesoderma, a crista urogenital, forma-se em cada lado da aorta dorsal. A parte da crista que dá origem ao sistema urinário é o cordão nefrogênico e a parte da crista que dá origem ao sistema genital é a crista gonadal. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário O sistema urinário começa a se desenvolver antes do sistema genital e consistem: • Rins, que produzem e excretam a urina • Ureteres, que transferem a urina dos rins para a bexiga urinária • Bexiga urinária, que armazena a urina temporariamente • Uretra, que libera a urina da bexiga para o exterior. Desenvolvimento dos rins e ureteres Os cordões mesonéfricos desenvolvem três conjuntos consecutivos de rins nos embriões. O primeiro conjunto, os pronefros, é rudimentar. O segundo conjunto, os mesonefros, funciona brevemente durante o início do período fetal. O terceiro conjunto, os metanefros, forma os rins permanentes. Pronefros • Eles se originam a partir de unidades excretórias vestigiais, os nefrótomos. • São estruturas transitórias bilaterais que aparecem na 4ª semana. • São formados por células e estruturas tubulares nas região do pescoço em desenvolvimento. • Os ductos pronéfricos percorrem caudalmente e se abrem dentro da cloaca • Se atrofiam na 5ª semana - É o primeiro a ser formado - Não possui função fisiológica ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Mesonefro • Os mesonefros, órgãos excretores grandes e alongados, aparecem no final da 4ª semana, caudais aos pronefros. Eles funcionam como rins provisórios por aproximadamente 4 semanas até o desenvolvimento e funcionamento dos rins permanentes. • O mesonefro e os ductos mesonéfricos são derivados do mesoderma intermediário oriundo da região dos segmentos torácicos superiores até os lombares superiores. • No início da quarta semana durante a regressão do sistema pronéfrico, aparecem os primeiros túbulos excretores do mesonefro. • Os rins mesonéfricos consistem em glomérulos (10 a 50 por rim) e em túbulos mesonéfricos. Os túbulos abrem-se nos ductos mesonéfricos bilaterais, que originalmente eram os ductos pronéfricos. Os ductos mesonéfricos abrem-se na cloaca. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Desenhos esquemáticos que ilustram o desenvolvimento dos rins. A. Vista lateral de um embrião de 5 semanas mostrando a extensão do início do mesonefro e do broto uretérico, o primórdio do metanefro (primórdio do rim permanente). B. Corte transversal do embrião mostrando os cordões nefrogênicos, dos quais se desenvolvem os túbulos mesonéfricos. C a F. Etapas sucessivas no desenvolvimento dos túbulos mesonéfricos entre a 5a e a 11a semana. A extremidade medial expandida do túbulo mesonéfrico é invaginada pelos vasos sanguíneos para formar a cápsula glomerular. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Metanefro • O terceiro órgão urinário, o metanefro ou rim permanente, aparece na quinta semana. • Suas unidades excretórias se desenvolvem a partir do mesoderma metanéfrico, semelhantemente à formação do sistema mesonéfrico. • O desenvolvimento do sistema de ductos é diferente dos outros sistemas renais. • Os rins desenvolvem-se a partir de duas fontes: - O broto uretérico - O blastema nefrogênico • O broto uretérico é um divertículo (protuberância) do ducto mesonéfrico próximo à entrada deste na cloaca. O blastema nefrogênico deriva da parte caudal do cordão nefrogênico. À medida que o broto uretérico se alonga, ele penetra o blastema. • O broto uretérico induz a crista nefrogênica a se diferenciar em blastema nefrogênico. O blastema, por sua vez, induz o broto uretérico a se diferenciar em suas estruturas derivadas. O pedúnculo do broto uretérico torna-se o ureter. • O blastema nefrogênico forma os néfrons e o broto uretérico forma o sistema coletor dos rins (túbulos coletores, cálices renais, pelve renal e ureter). ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Por isso os túbulos coletores não fazem parte do néfron -> porque eles tem uma origem embriológica diferente. Cada túbulo distal contorcido contata um túbulo coletor arqueado e o conjunto torna-se confluente, formando o túbulo urinífero. Ou seja, o túbulo urinífero consiste em duas partes embriologicamente diferentes: - O néfron derivado do blastema nefrogênico - O túbulo coletor derivado do broto uretérico. Indução recíproca -> O broto uretérico induz a crista nefrogênica a se diferenciar em blastema nefrogênico. O blastema, por sua vez, induz o broto uretérico a se diferenciar em suas estruturas derivadas. Tudo isso para formar o rim permanente. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Posição do Rim Inicialmente, os rins definitivos ficam proximos um ao outro na pelve, ventralmente ao sacro. Devido à diminuição da curvatura corporal e ao crescimento do corpo nas regiões lombar e sacral, os rins ascendem para se posicionar no abdomen abaixo das glândulas suprarrenais, atingindo a posição adulta na 9ª semana do desenvolvimento. Durante sua ascensão, os rins sofrem uma rotação medial de quase 90º. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Na pelve, o metanefro recebe sua irrigação arterial a partir de uma ramificação pélvica das artérias ilíacas. • Durante sua ascensãopara o nível abdominal, são vascularizados por artérias que se originam na aorta em níveis continuamente mais altos. • Os vasos mais baixos em geral degeneram, mas alguns podem permanecer. A posição dos rins torna-se fixa quando entram em contato com as glândulas suprarrenais na 9ª semana. Os rins recebem seus ramos arteriais mais craniais da parte abdominal da aorta; esses ramos tornam-se as artérias renais permanentes. A artéria renal direita é mais longa e, frequentemente, está em posição mais superior do que a artéria renal esquerda. Os rins fetais são subdivididos em lobos. A lobulação geralmente desaparece no final do 1o ano de vida, à medida que os néfrons se desenvolvem e crescem. Ascensão dos rins. Repare na mudança de posição entre os sistemas mesonéfrico e metanéfrico. O sistema mesonéfrico degenera quase completamente, e apenas alguns remanescentes persistem em contato próximo com a gônada. Tanto no embrião masculino quanto no feminino, as gônadas descem de seus níveis originais para uma posição muito mais baixa. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Função Renal • O rim definitivo formado a partir dos metanefros se torna funcional por volta da 12a semana. • A urina é depositada na cavidade amniótica e se mistura ao líquido amniótico que é engolido pelo feto e reciclado pelos rins. Essa mistura é responsável pela maturação dos pulmões adequadamente. • Durante a vida fetal, os rins não são responsáveis pela excreção de escórias metabólicas, uma vez que a placenta realiza essa função. Caso não ocorra a correta formação dos rins, a fase alveolar da maturação pulmonar não se completa, e isso é incompatível com a vida. Formação da Bexiga A cloaca, dilatação caudal do intestino primitivo posterior, é dividida em uma porção ventral (seio urogenital) e outra dorsal (canal anorretal) entre a 4ª e a 6ª semana por um septo urorretal. A porção ventral é o seio urogenital, e este, formará parte da bexiga e a uretra. O seio urogenital é dividido em três partes: • A parte vesical, que forma a maior parte da bexiga urinária e é contínua à alantoide • A parte pélvica, que se torna a uretra no colo da bexiga; a parte prostática da uretra nos homens e toda a uretra nas mulheres • A parte fálica, que cresce em direção ao tubérculo genital (primórdio do pênis ou do clitóris). A bexiga desenvolve-se principalmente da parte vesical do seio urogenital. Todo o epitélio da bexiga deriva do endoderma da parte vesical do seio urogenital, ou da parte ventral da cloaca. As outras camadas de sua parede desenvolvem-se do mesoderma esplâncnico adjacente. Inicialmente, a bexiga é contínua à alantoide, membrana fetal desenvolvida a partir do intestino primitivo posterior. A alantoide logo se contrai e torna-se um cordão fibroso espesso, o úraco. Ele se estende do ápice da bexiga até o umbigo. Nos adultos, o úraco é representado pelo ligamento umbilical mediano. À medida que a bexiga aumenta, as partes distais dos ductos mesonéfricos são incorporadas à sua parede dorsal. Esses ductos contribuem para a formação do tecido conjuntivo no trígono da bexiga. A ponta do septo urorretal formará o corpo perineal, um local de inserção de vários músculos perineais. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário Durante a diferenciação da cloaca, as porções caudais dos ductos mesonéfricos são absorvidas pela parede da bexiga. Os ductos mesonéfricos se movem juntos para penetrar na uretra prostática e, no homem, se tornar os ductos ejaculatórios. A mucosa da bexiga formada pela incorporação dos ductos (o trígono vesical) também é mesodérmica. Nos lactentes e crianças, a bexiga urinária, mesmo quando vazia, está no abdome. Ela começa a entrar na pelve maior aproximadamente aos 6 anos de idade; no entanto, a bexiga não entra na pelve menor e torna-se um órgão pélvico até depois da puberdade. Nos adultos, o ápice da bexiga é contínuo ao ligamento umbilical mediano, que se estende posteriormente ao longo da superfície posterior da parede anterior do abdome. Desenvolvimento da uretra O epitélio da maior parte da uretra masculina e de toda a uretra feminina deriva do endoderma do seio urogenital. A parte distal da uretra na glande do pênis deriva de um cordão sólido de células ectodérmicas, que cresce interiormente a partir da ponta da glande e junta-se ao restante da parte esponjosa da uretra. Consequentemente, o epitélio da parte terminal da uretra deriva do ectoderma superficial. O tecido conjuntivo e o músculo liso da uretra em ambos os sexos derivam do mesoderma esplâncnico. Na mulher: Uretra -> endoderma e mesoderma esplâncnico No homem: Maior parte da uretra -> endoderma Fossa navicular -> ectoderma Conjuntivo e músculo liso -> mesoderma esplâncnico ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 3º Semestre – Biologia do desenvolvimento e envelhecimento Stephani Fernandes - @ste.fernandes Desenvolvimento do Sistema Urinário
Compartilhar