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1 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas HABILIDADES AMBULATORIAIS Prof.: Miguel Ângelo Góes miguel.angelo@unifesp.br Sumário Revisão .............................................................................................................................................................................. 2 GASOMETRIA ................................................................................................................................................................ 2 SEPSE ............................................................................................................................................................................. 8 TEP – TROMBOEMBOLISMO PULMONAR ................................................................................................................... 9 ELETROCARDIOGRAMA .............................................................................................................................................. 11 ARRITMIAS ....................................................................................................................................................................... 14 TPSV –Taquicardia Paroxítica Supraventricular ........................................................................................................ 15 Taquicardia ventricular - TV ....................................................................................................................................... 18 Torsades de pointes .................................................................................................................................................... 20 FIBRILAÇÃO ATRIAL .................................................................................................................................................... 22 Flutter atrial ................................................................................................................................................................ 26 AVE - Acidente vascular encefálico .............................................................................................................................. 28 Ataque isquêmico transitório (AIT) ........................................................................................................................... 30 Acidente vascular cerebral isquêmico (AVEi) ............................................................................................................ 30 Acidente Vascular Encefálico hemorrágico (AVCh) ................................................................................................... 36 Hipercalemia/ Hiperpotassemia...................................................................................................................................... 38 Choque ........................................................................................................................................................................... 40 Diagnóstico e tratamento do Choque ....................................................................................................................... 40 Choque Cardiogênico ................................................................................................................................................. 43 PCR - Parada Cardiorrespiratória ................................................................................................................................. 49 Fibrilação ventricular e Taquicardia Ventricular sem pulso ..................................................................................... 49 CASOS CLÍNICOS ........................................................................................................................................................... 55 Pericardite .................................................................................................................................................................. 63 IAM.............................................................................................................................................................................. 65 DRGE – Doença do Refluxo gastroesofágico ............................................................................................................. 68 Intoxicação por Metanol ............................................................................................................................................ 69 Acidentes por animais peçonhentos ......................................................................................................................... 70 Prova teórica .................................................................................................................................................................. 73 mailto:miguel.angelo@unifesp.br 2 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Revisão GASOMETRIA Gasometria – valores de normalidade - geralmente Arterial Variável Média 1 desvio- padrão 2 desvio-padrão pH 7,40 7,38 – 7,42 Acidemia 7,35 – 7,45 Alcalemia PaCO2 (mmHg) 40 38 – 42 Alcalose respiratória 35 – 45 Acidose respiratória HCO3 (mEq/L) 24 23 - 25 Acidose metabólica 22 – 26 Alcalose metabólica Regras ácido-básico compensatória Alteração pH Alteração inicial Resposta compens atória Esperado Acidose metabólica ↓ HCO3- ↓ pCO2 ↓ pCO2 = [HCO3-] + 15 pCO2 = 1,5 x [HCO3-] + 8 + 2 Alcalose metabólica ↑ HCO3- ↑ pCO2 ↑ pCO2 = [HCO3-] + 10 Acidose respiratória ↓ pCO2 ↑ HCO3- ↑ [HCO3-] ↑ 2 a 4 mEq/L para cada ↑ 10 mmHg na pCO2 Alcalose respiratória ↑ pCO2 ↓ HCO3- ↓ [HCO3-] ↓ 2 a 4 mEq/L para cada ↓ 10 mmHg na pCO2 INTRODUÇÃO Gasometria Arterial! Esse exame é responsável por identificar os distúrbios ácido- base, que são acometimentos que demandam condutas enérgicas do médico que está a frente do caso. O aparelho de gasometria mede o pH e os gases sanguíneos sob a forma de pressão parcial do gás (pO2 e pCO2), ao passo que os demais parâmetros são calculados. É um exame no qual a coleta é de fácil realização e o resultado rápido. Portanto, o ideal é a sua interpretação ocorra do mesmo jeito! O principal objetivo desse e- book: sistematizar a análise da gasometria! OS DISTÚRBIOS ÁCIDO-BASE O pH plasmático representa a relação entre o bicarbonato e o dióxido de carbono, segundo a fórmula de Henderson- Hasselbach: pH = 6,10 + log [HCO3] / 0,03 x PCO2 Esta fórmula nos mostra que, se o HCO3 ↑, o pH ↑ (relação diretamente proporcional), tornando o meio básico. Ao contrário, se o pCO2 ↑, o pH ↓(relação inversamente proporcional), tornando o meio ácido. No plasma sanguíneo, o HCO3 e o CO2 compõem o sistema tampão bicarbonato-CO2 (de acordo com reação química descrita abaixo), que é o principal sistema regulador do pH plasmático, evitando variações bruscas. Nessa equação de um equilíbrio químico, a parte da esquerda é a parte metabólica da equação, exercida pelos rins, enquanto que a parte da direita é a parte respiratória, exercida pelos pulmões. Percebam que qualquer alteração em um lado irá repercurtir no outro, através de uma compensação. A compensação respiratória de um distúrbio metabólico é imediata, gerando hipo ou hiperventilação. Já a compensação metabólica de um distúrbio respiratório pode levar até três dias para acontecer com sua máxima efetividade. Com isso, temos que o pH normal varia de 7,35 – 7,45. pH < 7,35 à acidose pH > 7,45 à alcalose Estes, são divididos em: acidose metábolica, alcalose metabólica, acidose respiratória e alcalose respiratória. Um distúrbio metabólico compensa com um mecanismo respiratório, ou vice-versa. Se essa compensação do distúrbio primário for insuficiente ou excessiva, temos um distúrbio secundário associado. Exemplo: Uma acidose metabólica pode estar associada a uma alcalose respiratória ou a uma acidoserespiratória. Vamos aprender como isso funciona mais na frente. OS PARÂMETROS AVALIADOS NA GASOMETRIA OS GASES PaO2: A pressão parcial de oxigênio indica a fração de oxigênio que está livre no sangue, o que reflete a hematose: a troca de oxigênio alveolo-capilar. Valor de referência: 80- 100mmHg. Valores menores traduzem uma hipoxemia. PaCO2 Diferentemente da PaCO2, a pressão parcial de gás carbônico reflete a ventilação alveolar. O gás carbônico é o gás mais solúvel no sangue. Valor de referência: 35-45 mmHg Valores maiores demonstram hipoventilação, retenção de gás carbônico, retenção de gás carbônico, enquanto que valores menores que 35 mmHg demonstram hiperventilação. Entrar na conta Saturação de O2 A Saturação de Oxigênio (SaO2), por sua vez, é o percentual de hemoglobina do sangue arterial que está ligada ao oxigênio. Valor de referência: acima de 95% Uma oxigenação tecidual adequada gira em torno de 95-97% de saturação. Importante lembrar que na gasometria, a Saturação de Oxigênio é calculada a partir da PaO2 sanguínea, podendo diferir do valor da Oximetria de Pulso, que calcula a saturação de maneira indireta. 3 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas AS BASES HCO3: Bicarbonato Standard A principal base avaliada na gasomeria é o bicarbonato de sódio, sendo o Bicarbonato Standard a principal representação da concentração dessa base para o nosso organismo. Valor de referência: 21-27 mEq/L Buffer Base e Base Excess O Bicarbonato, porém, não é a única base do nosso organismo. Há ainda outras que, quando somadas, habitualmente representam um valor, que é o Buffer Base. Esse valor do Buffer Base é fixo, funcionando como uma espécie de valor de referência esperado para a soma das bases. Se todas as Bases do paciente quando somadas não corresponderem ao valor de referência da Buffer Base, esse excesso é correspondente ao Base Excess. Valores de referência para o Base Excess: de -3 a +3. Se tivermos um valor de bases menor que -3, o organismo está perdendo bases por um distúrbio primário (acidose metabólica) ou compensatório (alcalose respiratória – excreção maior de bases para compensar uma diminuição da PCO2). Caso tenhamos um valor superior a +3, há um aumento do total de bases, ou seja, o organismo está retendo bases podendo indicar um distúrbio primário (alcalose metabólica) ou compensatório (acidose respiratória – retenção de bases para compensar um aumento de PCO2). ABORDAGEM SISTEMATIZADA DA GASOMETRIA ARTERIAL Hora de partir para a análise sistemática passo-a-passo da gasometria arterial. Se ligue! PASSO 1: Determine se existe uma acidemia ou alcalemia Antes de tudo: analise o pH (Tabela 1)! Tabela 1 – Analise o pH Fonte: Adaptado de Rocha PN. Abordagem diagnóstica dos distúrbios do equilíbrio ácido-base. PASSO 2: Identifique o distúrbio primário Após identificar se há acidemia ou alcalemia, devemos identificar se o distúrbio primário é metabólico ou respiratório! Para isso devemos analisar o HCO3 (componente metabólico) e a PaCO2 (componente respiratório). PASSO 3: Determinar se o distúrbio está sendo compensado Para acidose metabólica: A resposta compensatória deve ser uma hiperventilação a fim de reduzir o CO2 (observe a equação). Para avaliarmos essa resposta compensatória, calculamos o valor da pCO2 através da fórmula de Winter: pCO2 esperada = 1,5 x [HCO3] + 8 ± 2. (pCO2 = [HCO3- ] + 15) Se a pCO2 estiver dentro da faixa esperada significa que está ocorrendo compensação, dessa forma, temos uma acidose metabólica COMPENSADA. Se estiver abaixo do valor mínimo esperado significa que está ocorrendo uma hiperventilação maior do que deveria e, por isso, existe TAMBÉM uma alcalose respiratória associada. Por fim, se o valor esperado for acima da faixa esperada, o paciente não hiperventila como deveria e, por isso, existe ASSOCIAÇÃO de uma acidose respiratória. Para alcalose metabólica: A resposta compensatória deve ser uma hipoventilação a fim de reter o CO2. Para avaliar essa resposta compensatória, calcula-se o valor do pCO2 através da fórmula: pCO2 = [HCO3] + 15 ± 2. (pCO2 = [HCO3-] + 10) Para acidose respiratória: existe uma dificuldade de ventilação do paciente, isso leva a uma hipoventilação e, consequentemente, retenção do CO2. A resposta compensatória neste caso é renal (retém HCO3 ou excreta mais ácido), com posterior elevação do HCO3 na gasometria. Nos distúrbios respiratórios, avaliamos se o distúrbio é crônico ou agudo através da resposta compensatória. Nos distúrbios crônicos, observamos maior elevação de HCO3. Dessa forma, usamos as seguintes correlações: um acréscimo de 1-2 mEq/L no HCO3 para cada elevação de 10mmHg do pCO2 acima de 40 mmHg, nos casos agudos e um acréscimo de 4 mEq/L no HCO3 para cada elevação de 10mmHg do pCO2 acima de 40 mmHg, nos casos crônicos. Para alcalose respiratória: o paciente está hiperventilando e, consequentemente, “lavando” o CO2, isto é, expulsando o CO2. A resposta neste caso é renal com excreção de HCO3. Da mesma forma da acidose respiratória, aqui também avaliamos se o distúrbio é agudo ou crônico. Neste caso, as relações que usamos são: um decréscimo de 2 mEq/L no HCO3 para cada redução de 10mmHg do pCO2 abaixo de 40 mmHg, nos casos agudos e um decréscimo de 5 mEq/L no HCO3 para cada redução de 10mmHg no pCO2 abaixo de 40 mmHg, nos casos crônicos. Algumas vezes observamos a ocorrência simultânea de dois ou três distúrbios acidobásicos independentes. Este fenômeno é chamado de distúrbio misto, que não representa uma resposta compensatória. Uma forma de distinguir se é resposta compensatória ou distúrbio misto é observar o valor do pH. Na resposta compensatória, o pH nunca se normaliza, mas de forma oposta, podemos encontrar pH normal em distúrbios mistos opostos (por exemplo: acidose metabólica e alcalose respiratória simultaneamente). O resumo dos cálculos de compensação podem ser vistos na Tabela abaixo: 4 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Compensação do distúrbio inicial Identificando o Distúrbio Primário PASSO 4: Calcule o ânion gap e corrija seu valor para a albumina ATENÇÃO: TUDO DO PASSO 4 PARA BAIXO SÓ É VÁLIDO PARA ACIDOSE METABÓLICA! Se seu distúrbio inicial foi outro, sua análise termina no PASSO 3! Existem duas classificações (“sobrenomes”) da acidose metabólica. Ela pode ser com ânion gap elevado ou hiperclorêmica. Portanto, diante de uma acidose metabólica, devemos calcular o ânion gap para saber se é uma acidose metabólica com Ânion Gap elevado ou não. Mas o que é o ânion gap? O Ânion Gap (AG) representa os ânions não quantificáveis no sangue, como o lactato. Os ânions quantificáveis são: HCO3– e Cl-. Vamos lembrar que existe a lei da eletroneutralidade, a qual diz que as cargas negativas são iguais às cargas positivas. O principal cátion mensurável é o sódio. Dessa forma, a quantidade do sódio tem que ser igual a quantidade do somatório de AG, HCO3– e Cl–, conforme equação e Figura 2 abaixo: As proteínas plasmáticas são as principais constituintes do AG, como a albumina. Logo, em casos de hipoalbuminemia devemos corrigir o valor do ânion gap de acordo com a albumina plasmática. Essa correção é feita através da fórmula de Figge: AG corrigido = AG + [(4,0 − Albumina) x2,5]. Porém, existe uma regra prática: para cada 1,0 g/dL que a albumina cai abaixo de 4, devemos acrescendo 2,5 mEq/L ao ânion gap calculado. PASSO 5: Calcule o Delta/Delta Este passo deve ser feito se foi achado inicialmente uma acidose metabólica com ângio gap elevado. A relação ΔAG/ΔHCO3- (veja equação abaixo) normal é entre 1 e 2. Ela existe porque se eu tenho AG aumentado, eu tenho acúmulo de ácidos orgânicos. Assim, para que se mantenha o equilíbrio, deve existir uma diminuição obrigatória do bicarbonato. Se o delta/delta < 1, temos uma acidose metabólica hiperclorêmica associada à acidose metabólicacom AG elevado. Ou seja, a diminuição do bicarbonato superou a elevação do AG. Se o delta/delta > 2, temos uma alcalose metabólica associada à acidose metabólica com AG elevado. Hora de colocar a mão na massa! Siga o caso abaixo: 1. Paciente com diarreia aquosa volumosa, tosse e febre há 3 dias. Primeiro: olhar o pH! O paciente se encontra em acidemia. Como o HCO3 está diminuído, isso configura uma acidose metabólica! Agora vamos analisar a compensação, através da fórmula pCO2 esperada = 1,5 x [HCO3] + 8 ± 2. Portanto o pCO2 esperado nesse caso é varia de 28,5 até 32,5. Estando abaixo do pCO2 da gasometria, ou seja, este paciente não está conseguindo compensar o distúrbio metabólico com o componente respiratório, que nesse caso é a hiperventilação. Algo está impedindo essa “lavagem de CO2”, portanto ele tem uma distúrbio secundário: uma acidose respiratória. Vamos então para o passo 4: calcular o ânion gap, pela fórmula: [Na+] – (Cl– + HCO3–). Logo AG = 145 – (110 + 15) = 145 – 125 = 20. Como o valor de referência é entre 8 e 12, o paciente tem uma acidose metabólica com ânion gap elevado. Vamos calcular o Delta/Delta: ΔAG/ΔHCO3– = (AG – 12) / (24 – HCO3). Para este caso temos Delta/Delta = (20-12)/(24- 15) = 8/9 = 0,89. Como o delta/delta < 1, o paciente tem uma acidose hiperclorêmica associada. ANÁLISE FINAL: ácidose metabólica com ânion gap elevado associado à acidose hiperclorêmica e acidose respiratória. 5 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Caso clínico Pct com dispneia, na evolução com fadiga muscular respiratória: pH 7,28; PaO2 62 mmHg; PaCO2 59 mmHg; AG 10; HCO3 – 28 mEq/L; Cl- 100 mEq/L; BE 2 mEq/L Creatinina 1,4 mg/dL; Ureia 67 mg/dL; K+ 5,0 mEq/L; Na+ 140 mEq/L, Hb 9,5 g/dL; Leuco 10800 com linfopenia Atenção!!! 1- pH 7,28 = acidemia 2- PaCO2 59 mmHg = acidose respiratória ( = retém CO2, sendo que CO2+ H2O = ác. carbônico H2CO3) - Como resposta compensatória ocorre o ↑ de HCO3 – 28 mEq/L 𝒑𝑯 = 𝑩𝒊𝒄 𝑪𝑶𝟐 Para cada 10 mmHg que ↑ de CO2, o HCO3 tem que ↑ de 1 a 2 mEq/L Acidose respiratória com resposta compensatória adequada E evoluiu com linfopenia: dispneia + fadiga respiratória + linfopenia (típico de infecção viral) COVID 19 Caso clínico Pct com dor em fossa ilíaca direita, piora na posição ortostática, associada com febre, nauseas, MEG e constipação intestinal Sinais vitais: PA: 82X 48 mmHg; FC: 112 bpm; FR 27 ipm EF: Abdome plano, RHA+ diminuídos, doloroso a palpação profunda em FID e HD, DB+ Hipótese Diagnóstica: Abdome agudo inflamatório SEPSE Quick SOFA PROTOCOLO SEPSE - Abordagem de 1ª hora Coletar exames gerais Com 2 pares de HMC de sítios diversos Exames gerais - Hemograma - PCR - Gasometria arterial, lactato - Função renal, creatinina, Na, K - Função hepática - Coagulação (INR, TTPA) - Hemocultura - Urina 1 Reposição volêmica Iniciar infusão de RL ou SF 0,9% - 30ml/Kg de cristaloides em até 3 horas – observar a perfusão (nível de consciência, PA, TEC – tempo de enchimento capilar) e depuração de lactato (>10%) (Hidratação salina (ringer lactato 30ml/Kg) Antibioticoterapia 6 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Gasometria: pH 7,19; PCO2: 21 bic 6; lactato 42, TEC 4seg Acidose metabólica Lactato: normal até 12 – 18 mg/dl - HCO3 – Normal = 24 mEq/L Lembrar: pct instável, com rebaixamento do nível de consciência Resposta compensatória adequada? Atenção!!! 1- pH 7,19 = acidemia 2- PaCO2 21 mmHg = ok 3- Bic HCO3: 6 = acidose metabólica 4- Lactato: 42 = elevado (indica baixa perfusão tecidual), observar TEC Acidose metabólica: CO2 esperado para Bic (6) + 15 = 21 (21 – 25) O pct está no CO2 esperado Paciente começa a evoluir com fadiga respiratória, 2ª gasometria: pH 7,10; PCO2 34; bic 5; lactato 48 pH= bic/ CO2 Pct evoluiu para uma acidose respiratória O pct está no CO2 esperado seria: Bic (5) + 15 = 20 Distúrbio misto Caso clínico Pct realizou cirurgia de estenose de carótida, tabagista importante (2 maços dias por 30 anos), DPOC PA 140 x 90 mmHg Exames gerais: Creatinina: 1,1 mg/dL Gasometria: pH 7,31, pCO2 60; bic 33 1- pH 7,31 = acidemia 2- pCO2 60 (40) = acidose respiratória 3- bic 33 (24) = alcalose metabólica Acidose respiratória crônica BE + 6 (BASE EXCESS = BE entre – 3 e + 3) Qual é o CO2 esperado? - A cada 10 que sobe o CO2, precisa subir de 4 de Bic = (4) + (4) em 24 = 32 Pct feminino, desidratada, com bulimia Gasometria pH7,51; pCO2 42; bic 32 1- pH7,51 = alcalemia 2- pCO2 42 = ok 3- bic 32 = alcalose metabólica Qual é o CO2 esperado para o nível do bic na alcalose metabólica? Bic + 10 = 42 Caso clínico: pct feminino, hígida, 24 anos de idade, deu entrada no OS, por sentir parestesias perioral e pontada de dedos das mãos, iniciada após briga com noivo e ruptura do noivado. DUM há 8 dias. Expressão facial de ansiedade. PA 130 x 80 mmHg; FR 30 ipm; FC 92 bpm. BRNF a 2T s/as. MV+ s/RA. Flexão dos punhos e articulação metacarpofalangeana Sinal de Trousseau (hipocalcemia): ao insuflar o manguito do esfigmo para mensurar a PA ocorre acentuação da flexão do punho e articulação metacarpofalangeana Admissão: pH 7,51; PaCO2 19 mmHg; AG 9; HCO3- 20 mEq/L; Cl 104 mEq/L; K+ 3,8 mEq/L; Na+ 142 mEq/L; creatinina 1.0 mg/dL; BE + 1 mEq/L 1- pH 7,51 = alcalemia 2- PaCO2 19 mmHg = alcalose respiratória AGUDA 3- HCO3- 20 mEq/L Pct com parestesia perioral e ansiedade devido a hipoventilação Qual é o Bic esperado para alcalose respiratória? [HCO3-] ↓ 2 a 4 mEq/L para cada ↓ 10 mmHg na pCO2 Bic normal: 24 Bic esperado: 16 a 20 Resposta compensatória adequada Distúrbios mistos em terapia intensiva Avaliação do equilíbrio ácido-base em termos do sistema de tampão bicarbonato de dióxido de carbono: • CO2 + H2O <-> H2CO3 <-> HCO3- + H+ • Equação de Henderson-Hasselbalch pH = 6,10 + log ([HCO3-] ÷ [0,03 x pCO2]) 𝒑𝑯 = 𝑩𝒊𝒄 𝑪𝑶𝟐 Incompatível com a vida celular em pH < 6,8 ou pH > 7,8 Caso clínico 1-Paciente masculino de 58 anos, com sepse por pneumonia e evolui com ARDS + Entrada da emergência: pH 7,32; PCO230; AG 20; HCO3- 15; Cl- 105; K+5,0; Na+140 AG normal 8 a 12 AG = [(Na+ + K+) – (Cl- + Bicarbonato)] 1- pH 7,32 = acidemia; 2- PCO2 30 3- HCO3- 15 = acidose metabólica Acidose metabólica com resposta compensatória adequada PCO2 esperado = BIC (15) + 15 = 30 AG= 20 está alto 7 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Evolução: pH 7,10; PaCO2 50; AG20; HCO3-15; Cl- 105; K+ 5,0; Na+ 140 1- pH 7,10 = acidemia; 2- PCO2 50 = acidose respiratória 3- HCO3- 15 = acidose metabólica Acidose resp. aguda + acidose metabólica (descompensado) = Distúrbio misto Manejo ✓Protocolo sepse ✓Sequência rápida para IOT e ventilação mecânica PEEP: 8, i1:1E, VT:6mL/kg; posição prona 2-Mulher, 50 anos, encontrada desacordada e levada ao PS. Exame físico: REG, desidratada 2+/4+, PA 140 x 80, FC 80 bpm, Glasgow: 10. Gasometria arterial: pH=7,25, pO2= 85 mmHg, pCO2 = 48 mmHg, HCO2 - = 13, Sat O2=88%, sódio sérico = 145, K sérico = 3,5, Cl- sérico = 96. Qual é o distúrbio ácido-base observado na paciente? a. Alcalose respiratória com resposta compensatória adequada b. Alcalose metabólica com resposta compensatória adequada c. Distúrbio misto sem resposta compensatória adequada d. Acidose respiratória com resposta compensatória adequada e. Acidose metabólica com resposta compensatória adequada 1- pH: 7,25 acidemia 2- pCO2 : 48 mmHg = acidose respiratória 3- HCO3 -: 13 = acidose metabólica Calcular AG: aumentado 3-USP-RP – 2018 Mulher, 50 anos, encontrada desacordada e levada ao PS. Exame físico: REG, desidratada 2+/4+, PA 140 x 80, FC 80 bpm, Glasgow: 10. Gasometria arterial: pH=7,25, pO2= 85 mmHg, pCO2 = 48 mmHg,HCO3- = 13, SatO2=88%, sódio sérico = 145, K sérico = 3,5, Cl- sérico = 96. Qual a causa mais provável do rebaixamento do nível de consciência da paciente? a. Uso abusivo de diuréticos b. Perdas gastrointestinais c. Hipoventilação alveolar d. Intoxicação exógena por álcool Vômitos: gera alcalose metabólica 4-Senhor de 78 anos dá entrada no PS, taquidispneico, sendo diagnosticado com pneumonia. A gasometria arterial coletada na admissão demonstra pH: 7,26 (VR 7,36 – 7,44); pCO2: 24 mmHg (VR 35 – 45); HCO3-: 10 mEq/L (VR 22 – 26) e BE: - 6 (VR: -2 – +2). Neste caso há: a. Acidose metabólica e alcalose respiratória b. Acidose respiratório compensada c. Acidose metabólica e acidose respiratória d. Acidose metabólica com resposta compensatória e. Acidose respiratória e alcalose metabólica 1- pH: 7,26 (VR 7,36 – 7,44); = acidemia 2- pCO2: 24 mmHg (VR 35 – 45); = OK 3- HCO3-: 10 mEq/L (VR 22 – 26) = acidose metabólica 4- BE: - 6 (VR: -2 – +2). pCO2 = [HCO3-] + 15 10 + 15 = 25 resposta compensatória adequada 5-Homem 54 anos de idade, sem comorbidades, foi admitido ao PS com queixa de febre, dor na perna esquerda associada à hiperemia local e linfadenite inguinal ipsilateral. Gasometria arterial: pH: 7,22; PaCO2: 87 mmHg; Bic 12 mEq/L Exames laboratoriais: Na 140 mEq/L, Cloro: 101 mEq/L. Qual é o disturbio ácido-base evidenciado? a. Distúrbio ácido-básico misto, acidose respiratória e alcalose metabólica sem alteração de ânion gap b. Distúrbio ácido-básico simples, acidose metabólica com ânion-gap normal e resposta compensatória adequada c. Distúrbio ácido-básico misto, alacalose respiratória e acidose metabólica com ânion gap normal d. Distúrbio ácido-básico simples, acidose metabólica com ânion gap aumentado e resposta respiratória compensatória adequada e. Distúrbio ácido-básico misto, acidose metabólica com ânion gap aumentado e resposta compensatória inadequada 1- pH: 7,22; = acidemia 2- PaCO2: 87 mmHg; = acidose respiratória 3- Bic 12 mEq/L = acidose metabólica 12 + 15 = 27 pct está retendo CO2 Distúrbio misto com AG aumentado AG: AG = [(Na+ + K+) – (Cl- + Bicarbonato)] AG= 140 – (113) = 27 (AUMENTADO) 6--Senhor de48 anos dá entrada no PS taquidispineico, com estertores subcreptantes e roncos difusos. A gasometria arterial coletada na admissão demonstra pH 7,8, PCO2 62 mmHg, HCO3- 10 mEq/L e BE: -5 (VR: -2 - +2). Nesse caso há: a) Distúrbio misto: acidose metabólica e alcalose respiratória b) Distúrbio simples: acidose respiratória c) Distúrbio misto: acidose metabólica e acidose respiratória d) Distúrbio simples: acidose metabólica com resposta compensatória e) Distúrbio misto: acidose respiratória e alcalose metabólica 8 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas SEPSE Caso clínico Paciente feminino de 22 anos, entra na emergência com lombalgia direita associada com febre há 2 dias. Apresentava disúria e polaciúria há 9-10 dias, tratou com sintomáticos (cistite: inf. urinaria baixa). Sonolenta, PA 80x40 cmHg. FC120 bpm. FR 24 ipm. Giordano+ a D. Hb11,8g/dL; leuco 18840 Entrada da emergência: pH 7,24; PaCO225 mmHg; AG33; HCO3- 11 mEq/L; Cl- 96; K+5,2; Na+140; Creatinina 1,5 mg/dL; lactato arterial 42 Hipótese diagnóstica: SEPSE urológica (urosepse – infec. Urinária alta - pielonefrite) SEPSE: síndrome da resp. inflam. Sistêmica que desencadeia uma disfunção orgânica (baixa função tecidual) Perfusão capilar diminuída (VN: 2seg) Giordano+ a D. (capsula renal dilatada) pH 7,24 (acidemia) PaCO2 25 mmHg; HCO3- 11 mEq/L; (acidose metabólica) CO2 esperado para o nível do HCO3- é HCO3- + 15 11 + 15 = 26 Acidose metabólica simples Creatinina 1,5 mg/dL; (atenção a função renal) lactato arterial 42 (VN = 18) Hb11,8g/dL; leuco 18840 (anemia) leuco 18840 (leucocitose) PROTOCOLO SEPSE - Abordagem de 1ª hora Coletar exames gerais Com 2 pares de HMC de sítios diversos Exames gerais - Hemograma - PCR - Gasometria arterial, lactato - Função renal, creatinina, Na, K - Função hepática - Coagulação (INR, TTPA) - Hemocultura - Urina 1 Reposição volêmica Iniciar infusão de RL ou SF - 30ml/Kg de cristaloides em até 3 horas – observar a perfusão (nível de consciência, PA, TEC – tempo de enchimento capilar) e depuração de lactato (>10%) (Hidratação salina (ringer lactato 30ml/Kg) Antibioticoterapia Quick SOFA 9 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas TEP – TROMBOEMBOLISMO PULMONAR Caso clínico Paciente feminino de 29 anos procurou auxílio médico por apresentar dispneia associada com discreta tosse, dor torácica em região de hemitórax direito, repentina. A dor torácica piorava na inspiração profunda. Início após imobilização de tíbia e fíbula esquerda por fratura há 29 dias após queda de motocicleta. Houve piora da dor e edema em membro inferior esquerdo. ISDA: MEG, dispneia e dor no tórax conforme HPMA. AP: nega doenças crônicas ou alergia a medicamentos. Utiliza anticoncepcional oral. ✓Exame Fisico: REG, facies de dor e ansiedade, corada, hidratada, FR 24 ipm; PA 143 x 97 mmHg; MV+ s/ra. Sat O2 89% aa (ar ambiente); FC 104 bpm; BRNF a 2T s/sa (sopros audíveis). Obs.: Embolismo gorduroso seria apenas na fase aguda ao acidente Qual é a hipótese diagnóstica? TEP Quais os exames você solicitaria? ECG + exames complementares ECG: normal ECG no TEP FC>100 bpm; S1, Q3, T3 (onda S profunda em D1, onda Q e T negativo em D3) Onda S profunda em D1 Onda Q profunda em D3 Onda T invertida em D3 Exames a ser solicitado: - D-dímero - Gasometria arterial - ECG - US doppler venoso de membro - RX de tórax - Cintilografia V/Q - Ecocardiograma - TC helicoidal com angiografia pulmonar (TC com contraste) - Arteriografia Critérios de wells e critérios de Wells modificados na avaliação clínica para embolia pulmonar Sintomas da TVP (inchaço das pernas, dor com palpação) 3.0 Outro diagnóstico menos provável do que embolia pulmonar 3.0 FC > 100 1,5 Imobilização (> 3 dias) ou cirurgia nas 4 semanas anteriores 1,5 TVP anterior/EP prévio 1,5 Hemopitse 1.0 Malignidade 1.0 Probabilidade Alto > 6.0 Moderado 2.0 a 6.0 Baixa < 2.0 Avaliação de probabilidade clínica simplificada (critérios de Wells modificados) EP provável > 4,0 EP improvável < 4.0 Tríade de Virchow em FA > 48 h Lesão ao endotélio vascular Diminuição no fluxo sanguíneo Alterações na constituição do sangue (hipercoagulabilidade) Coágulo Trombo 10 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Abordagem terapêutica - MOVE - Suporte hemodinâmico e respiratório (manter PAS > 90 mmHg) - Heparina IV de alto PM (1000 – 12000 UI/h) para manter TTPA >2 a 3 x ou - Enoxaparina 1 mg/Kg de 12/ 12 h SC (1 dose pode ser via IV) - Complementar com Warfarin (5mg/dia para manter INR 2- 3) ou rivaroxabana (15 mg de 12/12h por 3s seguido de 20 mg/24h) por ~6 min. - Fibrinolítico em caso de TEP maciço (>1/3 da área pulmonar acometida) e instabilidade hemodinâmica - Filtros de veia cava (em casos de TEP recorrente) 11 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas ELETROCARDIOGRAMA O ritmo cardíaco começa com o estímulo elétrico: - Nó Átrio ventricular (parede posterior do átrio direito) Todo estimulo elétrico precede a contractilidade cardíaca Principal vetor elétrico: átrio direito ventrículo esquerdo. Indicação de eletrocardiograma: pct grave com instabilidade hemodinâmica, dor no peito (angina), dispneia, rebaixamentono nível de consciência. Lembrando que: DII é o principal vetor (do átrio direito para o ventrículo esquerdo) e ao ir no sentido do eletrodo ele faz uma deflexão positiva. DII, DIII e aVF: parede inferior DI e aVL: parede lateral esquerda aVR: parede lateral direita V1-V4: a superfície anterior, incluindo o septo interventricular. D1, aVL, V5 e V6: a parede lateral = lateral esquerda. V1R-V6R: o ventrículo direito. V7 e V8: quando registrados: face dorsal. ECG normal Onda P: ativação atrial Intervalo PR: tempo de condução do nó a-v Complexo QRS: ativação ventricular Intervalo ST: Onda T: repolarização ventricular Ritmo cardíaco no ECG Passo 1: localize a onda P (ritmo sinusal) Passo 2: Estabelece a relação entre as ondas P e o complexo QRS Passo 3: analise a morfologia QRS - Se os complexos QRS tiverem duração normal (<0.10 segundos) e morfologia, o ritmo é supraventricular. É essencial analisar o QRS em todas as 12 derivações para ter certeza de que é normal. Morfologia: se estreito ou se alargado • Se o QRS for amplo (ou seja, > 0.12 seg- 3 quadradinhos) = arritmia ventricular até que provem ao contrário • Se o QRS for estreito (ou seja, < 0.12 seg- 3 quadradinhos) = arritmia supraventricular/ atrial ou nó a-v Abordagem rápida para diagnóstico de arritmia - MOVE ➢Monitor cardíaco ➢Oxigênio (Sat O2<92%)= oferta O2 ➢Veia periférica (2 acessos) ➢ECG ➢PA ➢Identificar e tratar causas reversíveis - Anamnese + exame físico - Doenças pré-existentes - Alergia medicamentosa - Tabagismo e etilista Infarto de parede anterior - A linha de base está deslocada para cima (supra) 12 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Leitura do eletro acima: Infarto em DII (parede inferior), ausência de onda P, pois ele começa a fazer supra do seg. ST. DIII e aVF: supra de ST (parede inferior) Infarto em V3 (parede anterior) V1, V2, V3 e V4: isquemia (ao colocar em espelho, fica igual a DII, DIII e aVF) a parede anterior é o espelho da parede posterior. Por isso pode indicar o supra de parede posterior pedir parede posterior (V7, V8 e V9) Todo supra de ST de parede inferior (DII, DIII e aVF) tem que pedir parede posterior e lateral direita. (pq quem irriga a parede inferior maioritariamente é a coronária direita, que também vai irrigar parede posterior e parede lateral direita) V1 a V4 – parede anterior D1 e aVL, V5 e V6- parede lateral (esquerda) D2, D3 e aVF- parede inferior Conduta na suspeita de SCA-IAM Via aérea, respiração e circulação avaliadas • Histórico preliminar e exame obtidos • ECG de 12 derivações • Equipamentos de ressuscitação trazidos ao leito MOVE • Monitor cardíaco ligado ao paciente • Oxigênio conforme necessário (manter SatO2 >90%) • Acesso IV • ECG MONABCH • Morfina 2g IV ACM - dor Obs.: evitar ao máximo se IAM de parede direita • Aspirina 300 mg (3 comp. mastigáveis) (a menos que contraindicados) • Nitratos – para diminuir o consumo cardíaco (A menos que contraindicados- uso de viagra, IAM inferior ou parede direita) • Beta-bloqueador (ex. metoprolol 5 mg IV lento agora) • Clopidogrel 300 mg VO (Anticoagulante) • Enoxaparina 1mg/kg IV e depois SC 12/12 h - Alívio da dor isquêmica (ex. Morfina 2mg IV. Não ultrapassar 10 mg IV/24h) - Terapia antiplaquetária para reduzir o risco de trombose (ex. AAS 300 mg; clopidogrel 75 mg) da artéria coronária recorrente ou, com PCI trombose do stent da artéria coronária. - Nitratos (a menos que contraindicados- uso de viagra, IAM inferior ou parede direita) - Beta-bloqueador (ex. metoprolol 5 mg IV lento agora) para prevenir isquemia recorrente e arritmias ventriculares com risco de morte - Uso de heparina ou enoxaparina (1 mg/kg de 12/12h) ● Avaliação do estado hemodinâmico (PA, TEC) e correção de anormalidades presentes ● Iniciar terapia de reperfusão com intervenção coronária percutânea primária (PCI) ou fibrinólise (ex. alteplase) ● A terapia de inibidor da enzima conversora de angiotensina para prevenir a remodelação do ventrículo esquerdo (urgente- em 24h) ● terapia com estatinas (urgente- em 24h) Em casos de supra desnivelamento ST de parede inferior (D2,D3 e aVF): - Solicitar: derivações de ECG de parede posterior (V7, V8 e V9), e de parede lateral direita (V2d, V3d, V5d e V6d) - Não prescrever nitratos - Evitar morfina Contraindicações absolutas para terapia fibrinolítica História de qualquer hemorragia intracraniana História de AVC isquêmico nos três meses anteriores, com a importante exceção do acidente vascular cerebral isquêmico agudo visto dentro de três horas, que pode ser tratada com terapia trombolítica Presença de malformação vascular cerebral ou malignidade intracraniana primária ou metastática Sintomas ou sinais sugestivos de dissecção aórtica Uma diátese hemorrágica ou sangramento ativo, com exceção da menstruação; A terapia trombolítica pode aumentar o risco de sangramento moderado, o que é compensado pelos benefícios da trombólise Trauma significante de cabeça fechada ou facial nos três meses anteriores Obs: se acomedido parede inferior e direita, pode dar volume, caso contrário, não. Parede anterior https://cardiopapers.com.br/curso-basico-de-eletrocardiograma-parte-12-areas-inativas/ 13 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Interpretação - QRS: curto/estreito - Presença de onda P - R – R: regular Saber qual é a história do pct? - FC: 93 bpm Taquicardia sinusal (ansiedade, exercício), ECG normal ECG - avaliar Frequência Cardíaca (60 – 100 bmp) Ritmo (sinusal, presença ou não de onda P) Eixo Hipertrofia (sobrecarga) Isquemia (infarto) FC Se o ritmo cardíaco é regular, o intervalo entre os complexos de QRS sucessivos determinados a partir do ECG pode ser usado para determinar a FC A divisão de 300 pelo número de caixas grandes (5mm2) calcula a FC. Se o intervalo entre dois complexos sucessivos for uma caixa grande, então a taxa é de 300 batimentos / min (300 ÷ 1 = 300 batimentos / min). Se o intervalo for de duas caixas grandes, a taxa é 150 (300 ÷ 2 = 150 batimentos / min). Este cálculo pode ser realizado na linha para cada caixa grande adicional, para 100 batimentos / minuto, 75 batimentos / min, 60 batimentos / min, 50 batimentos / minuto, etc. Determinação da FC Calcular a FC: Uma FC de 60 a 100 é considerada normal. Uma taxa inferior a 60 é bradicardia, enquanto uma taxa acima de 100 é taquicardia Identificar o ritmo cardíaco: Ritmo sinusal ENLACE A/V - Uma onda P precedendo cada QRS - Cada QRS antecedido por uma onda P FC e Ritmo 1500/”quadradinhos” ou 300/”quadradões” Presença de onda P Ritmo irregular, ausência de onda P, QRS estreito, R-R irregular Taquicardia: Fibrilação atrial R-R: regular Ritmo cardíaco no ECG Passo 1: localize a onda P Passo 2: Estabelece a relação entre as ondas P e o complexo QRS Passo 3: analise a morfologia QRS Se os complexos QRS tiverem duração normal (<0.10 segundos) e morfologia, o ritmo é supraventricular. É essencial analisar o QRS em todas as 12 derivações para ter certeza de que é normal. • Se o QRS for amplo (ou seja, > 0.12 seg- 3 quadradinhos) = arritmia ventricular até que provem ao contrário 14 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas ARRITMIAS Caso clínico Paciente feminino de 32 anos, entra na emergência do PS com queixa de palpitação “parece que o coração vais sair pela boca”. Iniciada durante exercício físico na academia AP: ndn. PA 130x 80 mmHg. FR22 ipm. FC 180 bpm. MV+s/ra ; BR taquicárdicas Palpitações, pulso elevado Hipótese diagnóstica: taquiarritmia (taquicardia paraxistica supraventricular) Exame: eletrocardiograma Pct estável hemodinamicamente Análise do ECG paraarritmias: ✓ pergunta: existe onda p? R: Não dá para saber se é onda P ou T, na dúvida NÃO TEM ONDA P ✓ pergunta: complexo QRS<0.10s (estreito) ou >0.12 s (largo)? R: estreito Não tem onda P, QRS estreito, o ritmo é de origem supraventricular (nó AV ou parede dos átrios) Complexo QRS <0.10s (estreito – origem supra ventricular) complexo QRS >0.12 s (largo – origem ventricular) Taquicardias supraventriculares Sistema de Condução Cardíaco ECG normal ARRITMIAS SUPRAVENTRICULARES MAIS FREQUENTES Taquicardia sinusal ESA Flutter atrial Fibrilação atrial Taquicardia paroxística supraventricular Abordagem rápida para diagnóstico de arritmia ➢Monitor cardíaco ➢Oxigênio (Sat O2<92%)= oferta O2 ➢Veia periférica (2 acessos) ➢ECG ➢PA ➢Identificar e tratar causas reversíveis Avaliação de instabilidade hemodinâmica: Rebaixamento do nível de consciência (coma) PA reduzida Diurese reduzida Dispneia R – R: igual sugere TPSV taquicardia paroxística supraventricular (origem) R – R: regular: taquicardia paroxística súbita (Tipo) Na fibrilação o R-R é irregular Flutter: várias ondas para ter uma QRS 15 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas TPSV –Taquicardia Paroxítica Supraventricular MOVE ECG, PA, causas? ↓ Hemodinamicamente estável SIM ↓ NÃO Manobra vagal - Massagear o seio carotídeo – 20 seg - Manobra de vasalva modificada ↓ Adenosina 6 mg IV (Levantar o braço e depois dar um flush de Soro fisiológico de 10 ml para “empurrar”) ↓ Se não funcionar: dobrar a dose (não ultrapassar 30 mg) Sedação Adenosina 12 mg IV ↓ Cardioversão sincronizada 100 a 200 Joules (procura onda R-R) ↓ Hemodinamicamente estável e persiste a arritmia ↓ Não reverteu? ↓ Amiodarona 150 mg IV (β- Bloq) Verapamil 5 mg ou diltiazem 20 mg IV ↓ Após 15 min e arritimia (Pode ficar instável) Obs.: toda taquiaritmia o pct terá uma estabilidade hemodinâmica. Como avaliar estabilidade hemodinâmica: - Nível de consciência – estável (rebaixado – sonolência, torpor ou coma) - PAS < 100 mmHg ou PAM <65 mmHg - TEC/ tempo de enchimento capilar (normal < 2seg) - Nível de diurese (se reduzida (< 0,5 ml/kg/hr = instável; problema: demora de 4 a 5 horas para checar) - Dor torácica com falta de ar Sedação: o Propofol abaixa ainda mais a PA, o que instabiliza ainda mais o pct Os mais indicados são: Etomidato, cetamina (abaixam menos a PA) Cardioversão: 100 a 200 Joules (pct mais magro começar com 100, mais forte 200) Amiodarona (anti-arritmico): não ultrapassar 300 mg Administração de Adenosina • Taquicardia paroxística supra-ventricular: • Taquicardia paroxística supra-ventricular: ✓ Frequência atrial: 140 a 220 bpm ✓ Ritmos atrial e ventricular normais ✓ Ondas p de difícil identificação (sobreposta à onda p); geralmente invertida – despolarização retrógrada ✓ Intervalo PR normal ✓ QRS normal/ estreito (se bloq. de ramo: alargado) ✓Abrupta (segundos a horas) ✓Mecanismo de reentrada envolvendo nó AV ✓Bem tolerada em jovens ✓Idosos e pacientes com doenças cardíacas (EM (estenose mitral), EA (estenose de aorta), isquemia): grave ✓Associada: hipertireoidismo e embolia pulmonar/ TEP geralmente associados a IAM ✓ > 140 - 220 bpm ✓ QRS estreito ✓ Ondas P habitualmente não visíveis ✓Manobra vagal Adenosina 6 mg IV Pequena assistolia “reset” no ♥ 16 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Taquicardia paroxística supra-ventricular - TRATAMENTO Instável cardioversão sincronizada (120-200 J) Estável: manobras vagais, adenosina • Se QRS largo: lidocaína, amiodarona, procainamida • Se QRS estreito: beta-bloqueadores, bloq. Canais de Ca++ • Se TV não puder ser afastada: lidocaína e/ou adenosina para diagnóstico Taquicardia com QRS largo é TV (taquicardia ventricular) até que se prove ao contrário TERAPIA DAS ARRITMIAS SUPRAVENTRICULARES • Classe III Amiodarona: eficaz no tratamento de ESA, reverte e controla a freqüência da resposta ventricular no flutter/fibrilação atrial e previne recorrência de taquicardias paroxísticas supraventriculares envolvendo via acessória; dose de 5 a 10 mg/kg. • Classe IV Verapamil: diminui a resposta ventricular na FA, reverte taquicardia paroxística no nódulo AV por reentrada; 75-150 g/kg EV. Diltiazem: diminui a resposta ventricular na FA; reverte taquicardia paroxística no nódulo AV por reentrada. Dose de ataque de 250 g/kg, seguida de infusão de 100-300 k/g/h. • Outras drogas Adenosina: reverte taquicardia paroxística por via acessória ou reentrada no nódulo AV. É útil no diagnóstico de flutter/fibrilação atrial e TPSV. Adulto- 6 mg, repetir o dobro da dose se necessário. (NÃO ULTRAPASSAR 30mg/kg) Crianças- 100/kg Tem onda p? sim: sinusal QRS largo: origem ventricular QRS estreito: origem supraventricular R-R IGUAL: REGULAR Interpretação do ECG na emergência • Tem onda p? (Onda p indica ritmo de origem sinusal) • Frequência cardíaca? (O ritmo é rápido ou lento?) • Os complexos QRS são amplos ou estreitos? • (R-R) O ritmo é regular ou irregular? • As respostas a essas perguntas geralmente permitem ao clínico fazer um diagnóstico provisório e iniciar a terapia apropriada na emergência. Caso clínico -Paciente masculino de 56 anos, procura auxílio médico por apresentar algumas batidas torácicas irregulares espontaneamente. AP: HAS e DLP de longa data, uso de clortalidona e rosuvastatina. ✓Exame Fisico: BEG;corado, hidratado, afebril, FR 18 ipm; PA 120 x 74 mmHg; MV+/s RA; B a 2T com raras extra sístoles ✓Creatinina1.1mg/dL; Ureia 47 mg/dL; K+,3.3 mEq/L; Na+140 mEq/L; Hb13.4 g/dL; Leuco 9700 Suspeita de arritmia fazer uma anamnese objetiva ANAMNESE DIRECIONADA E OBJETIVA NAS ARRITMIAS ✓ Ansiedade ✓ Distúrbios ácido-base ✓ Dor torácica ✓ Doença cardíaca pré- existente ✓DM, HAS, DLP, tabagismo, DRC ✓Cafeína ✓Álcool e drogas • Análise do ECG: ✓ perguntas: Há onda p? Complexo QRS tem aparência normal? Intervalo R-R (ou S-S) é regular? ➢ Identificação imediata da maioria das arritmias de risco imediato ECG ✓ Frequência ✓ Ritmo ✓ Eixo, Hipertrofia (sobrecarga), Isquemia (infarto) 17 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Conduta em extrassístoles ventriculares sintomáticas Beta-bloqueador- ex. atenolol 25 mg vo de 12/12h metoprolol 100 mg vo 1x/dia > 3 ESV seguidas = TV (se > 30s = TV sustentada) ESV: extrassístole ventricular (fisiológico 1 a cada 24 hrs) TV: taquicardia ventricular 18 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Taquicardia ventricular - TV Caso clínico Paciente masculino de 58 anos, procura auxílio médico por apresentar dor torácica retroesternal de forte intensidade do tipo aperto irradiada para região mandibular associada com náuseas. AP: de longa data, uso de clortalidona e rosuvastatina. HAS e DLP ✓Exame Fisico: REG; facies de dor, ansioso, sudoreico, descorado (+/4+), hidratado, afebril, FR 24 ipm; PA 88 x 46 mmHg (instável); MV+ s/ra; B arrítmicas ✓Creatinina1.1mg/dL; Ureia 47 mg/dL; K+,3.9 mEq/L; Na+140 mEq/L; Hb13.4 g/dL; Leuco 9700; troponina 143. PA 88 x 46 mmHg (instável hemodinamicamente) Taquicardia ventricular - TV Eletro - Taquicardia ventricular - TV DII longo: QRS largo, ausência de onda P FC: 180 bpm QRS: largo, ausência de onda P Taquicardia ventricular monomórfica (uma onda é igual a outra) Taquicardia ventricular ✓ Ocorre Pós-IAM ✓ QRS largo e anormal ✓ Frequência ventricular > 100 bpm ✓ Ritmo regular (R-R mesma distância) ✓Tratamento: • Sem pulso = FV • Com pulso:- estável – lidocaína, procainamida, amiodarona - instável - >150 bpm: cardioversão sincronizada (200J bifásico) QRS: largo Procurar as causas: ✓Hipovolemia ✓Hipóxia ✓Acidose (H) ✓Hipo/hipercalemia ✓Hipoglicemia ✓Hipotermia ✓Toxinas ✓Tamponamento ✓Pneumotórax ✓Trauma ✓IAM Taquicardia ventricular com pulso MOVE ECG, PA, causas? ↓ Hemodinamicamente estável SIM ↓ NÃO Olhar novo ECG ↓ Olhar novo ECG Tipo de QRS ↓ Sedação (etomidato/ cetamina) ↓ Monomorfica ↓ Cardioversão sincronizada 200 Joules (procura onda R-R) Repetir mais 2 x a cardioversão ↓ Amiodarona 150 mg ↓ Não reverteu? ↓ Amiodarona 150 mg IV ↓ TV persistente Cardioversão sincronizada 200 J Se reverteu Amiodarona de manutenção 900 mg IV infusão em 24h (SF) (UTI) 19 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Extra-sístoles ventriculares: ✓ QRS aparentemente anormal e ritmo irregular ✓ Despolarização ventricular antes do próximo batimento sinusal: foco automático ou reentrada ✓ QRS alargado: despolarização sequencial ✓ Podem ser unifocais ou multifocais ✓ > 3 ESV seguidas = TV (se > 30s = TV sustentada) ✓ Bigeminismo: 1 batimento normal + 1 ESV ✓ Tratamento: • Indivíduos normais: sem tratamento requerido (excluir hipóxia, hipercarpnia, acidose e distúrbios eletrolíticos) • Indivíduos com cardiopatia estrutural, doença coronariana, IAM prévio e disfunção ventricular: lidocaína Cardioversão sincronizada (elétrica) Colocação: Abaixo da clavícula direita e na linha axilar anterior (abaixo do mamilo) 1 Sentido: monofásico 2 Sentidos: bifásico (a carga é menor, 200 J) cardioversão x desfibrilação ✓cardioversão faz é restaurar o impulso do coração de forma coordenada. Para isso, é feita a aplicação de um choque elétrico sincronizado sobre o tórax, com a intenção de despolarizar as fibras de forma simultânea. (Procura de R a R) ✓desfibrilação também consiste na aplicação de corrente elétrica. Nesse caso, porém, esse estímulo é não sincronizado. Pode ser feito tanto no tórax do paciente quanto diretamente no músculo cardíaco. (Parada, TV polimórfica) A maioria dos hospitais hoje em dia possuem desfibriladores bifásicos Esses desfibriladores diminuem o risco de queimadura no procedimento, isso aumenta a segurança do paciente e equipe. Além de ser mais tecnológico pois seu raio de estímulo elétrico vai e volta •Homens – QTc normal entre 340 ms e 440 ms •Mulheres – QTc normal entre 340 ms e 460 ms 20 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Torsades de pointes Caso clínico Paciente masculino de 36 anos foi levado ao PS por apresentar sonolência excessiva precedida de palpitação. AP: depressão uso de sertralina, DRGE uso de cisaprida e ondansetran (Vonal ®) ✓Exame Fisico: MEG; sudoreico, descorado (++/4+), hidratado, afebril, FR 30 ipm; PA 8 x 4 mmHg; MV+ s/ra; B arrítmicas ✓Creatinina1.1mg/dL; Ureia 47 mg/dL; K+3.3 mEq/L (3.5-5.0 mEq/L); Na+140 mEq/L; Hb13.4 g/dL; Mg 1.4 (1.6-2.6 mEq/L); Leuco 9700; Pct GRAVE! Certralina, cisaprida e ondansetran (vonal): isoladamente aumentam o intervalo QT Mg e K baixo devido ao uso dessas 3 drogas Obs.: etilista crônico, uso de diurético geralmente tem Mg baixo (azitromicina e cloroquina tbm ↑ intervalo Q-T) Quando o intervalo Q-T começa aumentar, ele evolui para uma taquicardia ventricular do tipo polimórfica Torsades de pointes QRS largo, irregular O ↑ do intervalo Q-T evolui para torção dos pontos Ondas polimórficas ( ≠ alturas e distancias entre R-R) Torsades de pointes COM PULSO MOVE ECG, PA, causas? ↓ Hemodinamicamente estável SIM ↓ NÃO Olhar novo ECG ↓ Olhar novo ECG Tipo de QRS ↓ Sedação (etomidato/ cetamina) ↓ Polimórfica ↓ Desfibrilação (não sincronizada) 200 J nunca vai encontrar R-R, pq os pontos vão estar “torcidos” ↓ Correção de Mg 2g e K IV Manutenção - Isoproterenol: 2mcg/Kg/min IV - Mg 2 g e K IV - Marca-passo temporário TERAPIA DAS ARRITMIAS VENTRICULARES Classe I Procainamida (IA): 100 mg EV cada 5 minutos até obter controle da disritmia numa dose máxima de 15 mg/kg seguida de infusão contínua de 2 a 6 mg/min. Lidocaína (IB): 1,5 mg/kg em duas doses fracionadas repetidas em 20 min, seguida de infusão contínua de 1 a 4 mg/min. Classe II Propranolol: 0,5 a 1 mg lentamente até uma dose total de 0,1mg/kg. Repetir se necessário 21 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Metoprolol: 2,5 mg administrado lentamente até uma dose de 0,2 mg/kg. Repetir se necessário. Esmolol: 0,5 a 1 mg/kg de dose inicial seguida de infusão de 50 a 300 g/kg. Classe III Amiodarona: diminui as ESV e é eficaz no tratamento das arritmias ventriculares refratárias e taquicardia ventricular sustentada. Dose de 5 a 10 mg/kg. Bretílio: 5 mg/kg de dose inicial com infusão de 1 a 5 mg/min. Outras drogas Sulfato de magnésio: indicada no tratamento de disritmias refratárias a lidocaína e procainamida e no torsade de pointes. Dose de 2 g EV em 2-3 min, seguida de infusão contínua de 1 g/h em 6-8 horas. Isoproterenol no torsade de pointes DROGA EFEITO COLATERAL Quinidina Hepatoxicidade; prolong. intervalo Q-T Procainamida Inotropismo negativo Disopiramida Inotropismo negativo Lidocaína Convulsões Beta- bloqueadores Inotropismo negativo, hipotensão arterial, Broncoespasmo Bretílio Hipotensão Amiodarona Inotropismo negativo, fibrose pulmonar Verapamil Hipotensão Diltiazem Inotropismo negativo, depressão sistema condução 22 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas FIBRILAÇÃO ATRIAL Caso clínico Paciente masculino de 39 anos procurou auxílio médico por apresentar palpitação, de início súbito, associada com náuseas, dispneia progressiva e mal-estar geral. Início há 2 horas após ingestão de grande quantidade de bebida alcoólica- whisky. ISDA: mal-estar geral e ansiedade. AP: tabagista; nega alergia a medicamentos ou doenças crônicas. Uso de drogas de recreação ✓Exame Fisico: REG, fácies de ansiedade, algo confuso, pele gelada e fria, corado, hidratado, afebril, FR 22 ipm; PA 86 x 46 mmHg; MV+ s/sa; B arrítmicas e irregulares, TEC>3s HDx: Fibrilação atrial com Instabilidade hemodinâmica, taquiarritmia ECG: ausência de onda P, QRS estreito, R-R irregular Instabilidade hemodinâmica: Hipotensão arterial; ou Rebaixamento no nível de consciência, confusão; ou TEC prolongado (tempo de enchimento capilar); ou Diurese reduzida; ou Dor torácica + dispneia Fatores predisponentes a FAARV (fibrilação atrial de alta resposta ventricular) ✓Infecções graves ✓IAM ✓Hipertireoidismo ✓Amiloidose ✓TEP ✓Miopericardite ✓Drogas ✓Bebida alcoólica ✓Cafeína Instabilidade/repercussão hemodinâmica sedação heparina CVE: cardioversão elétrica* *exceto: em arritmia de origem ventricular (Torsades de pointes) FAARV (fibrilação atrial de alta resposta ventricular) ● A cardioversão é indicada e, em caso afirmativo, deve ser urgente? SIM – na hora!!! ● Quem deve ser anticoagulado imediatamente e como? ● O paciente precisa de hospitalização? ● Existem causas corrigíveis da fibrilação atrial? Três circunstâncias para as quais a cardioversão urgente ou emergente pode ser necessária incluem: Isquemia ativa (sintomática [por exemplo, IAM] ou evidência eletrocardiográfica). Evidência de hipoperfusão de órgãos (Ex.: pele úmida fria, confusão, hipotensão arterial, TEC> 2s, lesão renal aguda). Manifestações graves de insuficiência cardíaca (ex.: edema pulmonar). Fibrinolítico/ trombolítico: na presença de isquemia, presença do coagulo obstruindo, trombo, (AVC isquêmico – até 4:30 horas – ou IAM) Anticoagulante (heparina): prevenir a liberação/ formação do tromboEnoxaparina/ Clexane: 1mg/Kg EV 12/12 horas Quando disponível, um desfibrilador bifásico é preferido devido a maior eficácia. Para fibrilação atrial, cardioversão com 120 a 200 joules para dispositivos bifásicos e 200 joules para dispositivos monofásicos. Para flutter atrial, cardioversão 50 a 100 joules para dispositivos bifásicos e 100 joules para dispositivos monofásicos Ausência de onda P QRS estreito R-R irregular 23 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Fibrilação atrial: ✓Frequência do átrio não contável ✓Frequência ventricular variável ✓Ritmo ventricular irregular ✓Ondas P fibrilatórias ✓QRS normal=estreito ✓Associada: hipóxia, hipertensão, cardiopatia isquêmica, tireotoxicose, drogas, álcool e ICC ✓Condução aleatória para nó AV ✓Múltiplas áreas de reentrada nos átrios ou múltiplos focos ectópicos FA>48h Tríade de Virchow Lesão ao endotélio vascular Diminuição no fluxo sanguíneo Alterações na constituição do sangue (hipercoagulabilidade) Caso clínico -Paciente masculino de 69 anos procurou auxílio médico por apresentar palpitação, associada com náuseas, dispneia e mal-estar geral. Início há 3 dias, mas que está pior hoje. ISDA: mal-estar geral e ganho de peso. AP: insuficiência cardíaca em tratamento com medicações e dietético irregular; nega alergia a medicamentos. Nega alergias ✓Exame Fisico: R/BEG, descorado (+/4+), hidratado, afebril, FR 22 ipm; PA 104 x 56 mmHg (PAM 72 mmHg); MV+ c/ estertores crepitantes bibasais; B arrítmicas irregular, TEC: 2s; edema de mmii (2+/4+); fígado palpável a 4 cm do RCD (rebordo costal D) - Hipótese Diagnóstica? Insuficiência cardíaca direita (descompensada) Turgência jugular = IC direita ECG: - Ausência de onda P - QRS estreito - R-R irregular Fig.8 – Algoritimo para cardioversão da FA com duração > 48 hrs. ECO TE: ecocardiograma transesofágico, cardioversão medicamentosa ou elétrica Quando disponível, um desfibrilador bifásico é preferido devido a maior eficácia. Para fibrilação atrial, cardioversão com 120 a 200 joules para dispositivos bifásicos e 200 joules para dispositivos monofásicos. Para flutter atrial, cardioversão 50 a 100 joules para dispositivos bifásicos e 100 joules para dispositivos monofásicos Coágulo Trombo Fibrilação atrial de origem supra-ventricular 24 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Tratamento Objetivo inicial: controle de FC FC > 150 e instável: cardioversão elétrica sincronizada (120-200J) Estável: beta-bloqueadores, bloqueador de canais de Ca++, procainamida, amiodarona e anticoagulantes Como tratar a FA e Flutter? ↑ da morbidade - Predispõe a trombo no AE: Stroke Prevenção do Tromboemboli smo Ritmo rápido e irregular: palpitações, dispneia Controle da frequência Perda de Kick atrial e contração ventricular não coordenada: Fadiga, mal estar crônico, ICC descompensada Controle do Ritmo Opções Terapêuticas – FA - Controle da FC: β-Bloqueadores Bloqueadores de Ca Digoxina TTO da FA: 1- Reversão da arritmia (agudo) 2- Manutenção do Ritmo Sinusal (crônico) Controle do Ritmo 1- Reversão da arritmia (agudo) A. Cardioversão elétrica B. Medicações: Antiarrítimicos Risco de Tromboembolismo – FA Anticoagulação Opções Terapêuticas – FA - Anticoagulação (Warfarina Sódica): INR entre 2,0 – 3,0 Idade > 65 anos Doença cardíaca estrutural HAS DM História de embolia Drogas para manutenção do Ritmo Sinusal Droga Dose Efeitos adversos Propafenona 450 – 900 mg/d - VO IC, TV, flutter atrial com alta resposta ventricular Sotalol 160 – 320 mg/d - VO Torsades de pointes, IC, bradicardia, broncoespasmo Amiodarona 100 – 400 mg/d - VO Fotossensibilidade, toxicidade pulmonar e hepática, polineuropatia, disfunção tireoidiana, bradicardia Mensagens principais de FAtrial Abordagem Terapêutica Fibrilação atrial com instabilidade hemodinâmica: Cardioversão elétrica de emergência (Iniciar com 200 J monofásico). Fibrilação atrial com estabilidade hemodinâmica: Controle da frequência cardíaca ou restauração do ritmo sinusal Controle da Frequência Cardíaca: Inibidores do Nó AV Bloqueadores de canais de cálcio Verapamil EV: 5-10 mg, via endovenosa, em 2 a 5 minutos. Se necessário, repetir 1 dose de 5 a 10 mg após 15-30 minutos (dose máxima: 20 mg); Manutenção: 160 a 480 mg/dia VO; Diltiazem EV: 0,25 mg/kg EV em 2 a 3 minutos, segunda dose de 0,35 mg/kg EV em 2 a 3 minutos. Manutenção: 5 a 15 mg/hora EV; β-bloqueadores Propranolol EV: Dose total 0,1 mg/kg EV, dividir em 3 doses iguais com infusão lenta de 3 a 5 minutos; Metoprolol EV: Dose de ataque: 2,5-5 mg (1/2-1 ampola), em 2 minutos; Repetir dose até obter controle da frequência cardíaca (dose máxima: 20 mg, ou 4 ampolas); (ou droga oral); Esmolol EV: Dose de ataque: 500 mcg/kg EV em 1 minuto + 50 mcg/kg/min durante 4 minutos; Manutenção: 100 mcg/kg/min em BI (aumentar até 300 mcg/kg/min); Obs.: Fácil titulação, meia-vida curta. Digitais: Avaliar risco X benefício. Indicados principalmente em pacientes com insuficiência cardíaca. Deslanosídeo EV: Infundir 0,4 mg a 0,8 mg (1 a 2 ampolas) EV em 24 horas para controle de frequência. 25 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Restauração do Ritmo Sinusal (Cardioversão) Se FA de início recente (< 48 horas) e fora do grupo de alto risco para fenômeno tromboembólico: heparina plena por 6 a 12 horas e, a seguir, cardioversão (química ou elétrica); Se FA de início há > 48 horas, indeterminada e/ou paciente de risco para fenômeno tromboembólico: Descartar trombos atriais por ecocardiograma transesofágico (caso comprovada ausência de trombo, anticoagular por 6 a 12 horas e cardioverter) ou anticoagular por 3-4 semanas antes de cardioverter e manter anticoagulação por 4 semanas após reversão. Quando disponível, um desfibrilador bifásico é preferido devido a maior eficácia. Para fibrilação atrial, cardioversão com 120 a 200 joules para dispositivos bifásicos e 200 joules para dispositivos monofásicos. Para flutter atrial, cardioversão 50 a 100 joules para dispositivos bifásicos e 100 joules para dispositivos monofásicos Cardioversão química: Preferência no paciente estável (flutter responde mal à cardioversão química): Amiodarona EV (Ampola: 150 mg/3 mL): ataque: 5-7 mg/kg (usual: 300 mg) + 100 mL de SG5% EV, em 30 a 60 minutos; Dose de manutenção: 18 mL (= 900 mg) + SG 5% 232 mL (solução: 3,6 mg/mL). Correr a 16 mL/hora nas próximas 6 horas, e a 8 mL/hora nas próximas 18 horas; Propafenona: 600 mg VO em dose única (ou 300 mg em 2 doses com 2-3 horas de diferença) ou 150 mg EV (a 2 mg/minuto); Cardioversão elétrica: Preferência no paciente instável, iniciar com 200 J monofásico; Manutenção do ritmo sinusal (após cardioversão) Amiodarona 200 a 600 mg/dia VO (preferencial para pacientes com insuficiência cardíaca); Propafenona 450 a 900 mg/dia VO (preferencial em corações sem doença estrutural); Sotalol 160 a 80 mg/dia VO Prevenção de Fenômenos Tromboembólicos Pré-cardioversão: Nos pacientes com FA há mais de 48 horas ou indeterminado ou risco para fenômenos tromboembólicos, deve-se proceder a anticoagulação por 3 a 4 semanas antes da cardioversão (salvo ecotransesofágico livre de trombo). Enquanto naqueles com menos de 48 horas e sem fatores de risco, deve-se anticoagular por 6 a 12 horas antes da cardioversão. Pós-cardioversão: Manter anticoagulação por 4 semanas em todos os pacientes cardiovertidos. 26 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Flutter atrial Taquiarritmia de origem Supraventricular Ausência de onda P, QRS estreito, R-R irregular = Fibrilação atrial Ausência de ondaP, QRS estreito, R-R regular = Flutter atrial - 1 foco ectópico, aparência de serra Flutter atrial ✓Frequência atrial: 220 a 350 bpm ✓Ritmo atrial regular e ventricular variável ✓Ondas p: dentes de serra - Foco ectópico Adenosina para diagnóstico ✓QRS regular geralmente ✓Associado: doença mitral ou tricúspide, cor pulmonale, doença coronariana Tratamento • Instável: cardioversão elétrica sincronizada (50J) • Estável = FA Quando disponível, um desfibrilador bifásico é preferido devido a maior eficácia. Quando disponível, um desfibrilador bifásico é preferido devido a maior eficácia. Para fibrilação atrial, cardioversão com 120 a 200 joules para dispositivos bifásicos e 200 joules para dispositivos monofásicos. Para flutter atrial, cardioversão 50 a 100 joules para dispositivos bifásicos e 100 joules para dispositivos monofásicos Caso clínico Paciente masculino de 59 anos procurou auxílio médico por apresentar discreta dispnéia, há 2 dias, progressiva iniciada, associada com mal-estar geral e palpitações. ISDA: mal-estar geral. AP: tabagista e enfisema pulmonar; nega uso e alergia a medicamentos. ✓Exame Fisico: REG, fácies de ansiedade, corado, hidratado, afebril, FR 22 ipm; PA 85 x 57 mmHg; MV+ s/ra; BR taquicardíacas HD: DPOC - Taquiarritmia MOVE MOVE • Monitor cardíaco ligado ao paciente • Oxigênio conforme necessário (manter SatO2 >90%) • Acesso IV • ECG Devido à instabilidade hemodinâmica CVE (cardioversão elétrica) heparina Fatores predisponentes a flutter atrial ✓DPOC ✓Doença da artéria do nó sinusal ✓Infecções graves ✓Obesidade mórbida ✓Hipertireoidismo ✓Amiloidose ✓Apnéia do sono obstrutiva ✓TEP ✓Miopericardite ✓Drogas ✓Bebida alcoólica ✓Cafeína ✓IAM MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS no FLUTTER ATRIAL História e exame físico - palpitações, fadiga, tonturas e/ou dispneia leve, menos comuns incluem angina, hipotensão, ansiedade, síncope. Sintomas são em grande parte atribuíveis à frequência cardíaca rápida. Definir o início da arritmia, a sua frequência e duração, causas precipitantes e os modos de término, a 27 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas resposta anterior à terapia medicamentosa e a presença de doenças cardíacas ou causas potencialmente reversíveis O exame físico pode revelar taquicardia, hipotensão e evidência de insuficiência cardíaca congestiva. Ocasionalmente, a ausculta cardíaca pode revelar um ritmo irregular, sons valiosos anormais ou um galope. As ondas de flutter podem ser vistas nas veias jugulares a uma taxa consistente com a taxa auricular. ECG geralmente mostra uma frequência atrial de cerca de 300 batimentos por minuto (intervalo 240 a 340) As ondas P típicas estão ausentes, e a atividade atrial é vista como um padrão de dente de serra (também chamado de ondas F) nas derivações II, III e aVF. Como tratar a FA e Flutter? ↑ da morbidade - Predispõe a trombo no AE: Stroke Prevenção do Tromboembolismo Ritmo rápido e irregular: palpitações, dispnéia Controle da frequência Perda de Kick atrial e contração ventricular não coordenada: Fadiga, mal estar crônico, ICC descompensada Controle do Ritmo Quando disponível, um desfibrilador bifásico é preferido devido a maior eficácia. Para fibrilação atrial, cardioversão com 120 a 200 joules para dispositivos bifásicos e 200 joules para dispositivos monofásicos. Para flutter atrial, cardioversão 50 a 100 joules para dispositivos bifásicos e 100 joules para dispositivos monofásicos O flutter atrial é um ritmo cardíaco anormal caracterizado por despolarizações atriais rápidas e regulares a uma taxa característica de aproximadamente 300 batimentos / min e uma taxa ventricular regular de cerca de 150 batimentos / min. ● Flutter atrial é incomum em pacientes sem doença cardíaca. Muitas vezes, é associada a doença cardíaca valvar mitral, cirurgia pós-cardíaca, doença pericárdica, incluindo pericardiotomia, cirurgia cardíaca prévia e doenças pulmonares agudas ou crônicas ● As manifestações clínicas são semelhantes às da fibrilação atrial. ● O diagnóstico geralmente pode ser feito a partir de um eletrocardiograma de 12 derivações. ● O gerenciamento de estratégias de controle de taxa e anticoagulação para prevenção de tromboembolismo sistêmico são semelhantes aos utilizados para fibrilação atrial. 28 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas AVE - Acidente vascular encefálico Como reconhecer os sintomas de um AVE Conduta imediato em suspeita de AVC ✓ Monitor cardíaco ligado ao paciente ✓ Oxigênio fornecido conforme necessário (manter SatO2 >90%) ✓ Acesso IV ✓ ECG de 12 derivações Via aérea, respiração e circulação avaliadas • Histórico e ex físico objetivos • exames complementares • Equipamentos de ressuscitação trazidos ao leito TC de crânio inicialmente sem contraste Exames complementares • TC de crânio é o exame de escolha Disponibilidade, rapidez e baixo custo. Boa sensibilidade na detecção de hemorragia aguda e no diag de outras doenças importantes para o diagnóstico diferencial do AVCi, entre elas: hematomas, tumor e abscesso. Em pcts candidatos à trombólise, a TC deve ser realizada o + rápido possível. Nesses pcts, além de confirmar o diag de AVEi, a TC também é fundamental como critério para trombólise. Investigação complementar de Mecanismo do AVC Cardíaca: - Rx de tórax - ECG/ Holter - ECO transtorácico/ transesofágico Vasos: - Angio TC - Angio RNM - Arteriografia - USG doppler de carótidas e vertebrais - Doppler transcraniano Sistêmica: Hemograma, coagulograma (TPPA), perfil lipídico, glicemia, Hb glicada (se necessário, investigar trombofilia), sorologia para Chagas Acidente vascular encefálico (AVE) ✓Ocorre quando o suprimento de sangue em uma área do cérebro se interrompe (isquêmico) ou quando 1 vaso sanguíneo se rompe (hemorrágico), derramando sangue nos espaços que rodeiam as células cerebrais. Acidentes Vasculares encefálicos • Déficits neurológicos de instalação SÚBITA • Primeiro passo: extremamente importante diferenciar entre: Isquêmicos x Hemorrágicos (HAS, HSA) Lembrar: nas 1ªs horas o AVEi pode não apresentar aletarações Introdução e epidemiologia ✓Emergência médica ✓Doença neurológica de > prevalência ✓Alto custo individual e social ✓3ª causa de morte em países desenvolvidos e a 1ª de incapacidade em todo o mundo ✓No Brasil é a 2 causa de morte Estimativas epidemiológica ✓A cada 5 segundos 1 pessoa sofre 1 AVC no mundo e a cada 2 minutos 1 pessoa é acometida no Brasil. 29 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas ✓Das pessoas acometidas cerca de 20% a 30% sofrem perda gradual da cognição e atingem a demência em 1 ano. Quadro clínico Depende do território cerebrovascular acometido.... • ACM D: hemiparesia E predomínio braquio-facial (MMSS) + disartria + heminegligência • ACM E: hemiparesia D predomínio braquio-facial + afasia • ACA: hemiparesia contralateral predomínio crural (MMIIs) • ACP: hemianopsia homônima contralateral •Sistema vertebro-basilar: vertigem, desequilíbrio, incoordenação, diplopia, hemiparesia, hemihipoestesia, hemiataxia, disfagia... etc Padrões de anormalidades neurológicas em pcts com AVEi Síndrome clínica Sinais e sint. Topografia Amaurose fugaz Perda visual monocular Retina Hemisfério E Afasia,paresia e/ou hipoestesia D, hemianopsia D,desvio do olhar conjugado à E,disartria, dificuldade para ler,escrever, calcular Hemisfério E (+ em território carotídeo) Hemisfério D Negligência do espaço visual E, hemianopsia E, hemiparesia E, hemi- hipoestesia E, disartria, desorientação espacial Hemisfério D (+ em território carotídeo) Déficit motor puro Fraqueza da face ou membros de 1 lado. Sem anormalidadesde funções superiores, sensibilidade ou visão Lesão pequena subcortical em hemisfério cerebral ou Tronco cerebral Déficit sensitivo puro Hipoestesia da face ou membros de 1 lado. Sem anormalidades de funções superiores,motricidade, visão Lesão pequena subcortical em hemisfério cerebral ou Tronco cerebral Circulação posterior Vertigem,náuseas e vômitos, déficit motor ou sensitivo nos quatro membros, ataxia, disartria, olhar desconjugado, nistagmo, amnésia, perda visual em ambos os campos visuais Tronco cerebral Cerebelo ou Porções posteriores dos hemisférios Fatores de risco AVEi ✓Modificáveis: HAS, diabetes, tabagismo, dislipidemia, abuso de álcool, obesidade, sedentarismo, drogas ilicitas, doenças cardiovasculares sem tratamento adequado, aterosclerose de a carótida, anticoncepcionais orais, arritmias, etc ✓Não modificáveis: idade, sexo, raça, fatores genéticos específicos e outros. AIT (até 2 hrs, sem obstrução) x AVE (obstrução) Na emergência < 4,5h = Trombólise para AVCi Trombótico Trombólise Indicação • Δt <4,5h • ≥18 anos • NIH 4-22 (território carotídeo) • PA <185x110 mmHg (após trombólise, manter <180x105) • TC de crânio sem sinais de sangramento (descartar AVEh) • Excluir contra-indicações Contraindicações para trombolítico - TCE ou AVC nos últimos 3 meses - Sintomas sugestivos de HSA - Punção em sítio arterial não compressível nos últimos 7 dias - História de sangramento intracraniano prévio - Neoplasia intracraniana, MAV ou aneurisma - PAS> 185 ou PAD> 110mmHg (sustentada) - Cirurgia intracraniana ou medular recente - Sangramento interno ativo - Discrasia sanguínea Plaquetopenia <100.000 Heparinização nas últimas 48h Uso de anticoagulante oral com INR>1,7 ou TP> 15 seg Uso de inibidores de trombina ou inibidores de fator Xa - Dx <50mg/dl - TC de crânio com infarto multilobar (hipodensidade>1/3 do hemisf cerebral) • 30% a mais de probabilidade de nenhum ou mínimo prejuízo funcional ao fim de 3 meses • Não diminui mortalidade • Risco de hemorragia intracraniana sintomática 10 vezes maior que no grupo controle Trombólise • rtPA (alteplase) intravenoso 0,9mg/kg (dose máx 90mg) • Tempo porta-agulha deve ser <60 min • 10% da dose em bolus (1 min) • 90% da dose em BIC em 1 hora • Paciente monitorizado durante todo o procedimento (primordialmente nas 1ªs 24 hrs) (Avaliar na escala NIH) • UTI Durante a trombólise: Se o paciente evoluir com cefaleia, aumento abrupto da PA, náusea ou vomito, piora do exame neurológico → PARAR IMEDIATAMENTE a medicação e fazer TC de urgência (pct pode estar sangrando) Caso clínico 1-Paciente masculino de 72 anos procurou auxílio médico por apresentar fraqueza em região de face direita, de início gradativo, associada com discreta tontura e dificuldade para falar. Nega cefaleia ou febre. ISDA: mal-estar geral. HPMA. AP: DM2- glibenclamida, DLP- rosuvastatina, HAS – enalapril, tabagista ✓Exame Fisico: REG, facies de apreensão, corado, hidratado, afebril, FR 22 ipm; PA 154 x 92 mmHg; MV+ s/ra; BRNF a 2T. Ausência de rigidez de nuca ou déficit sensório-motor, ECGlasgow 15. 30 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas ✓Caso clínico- dois dias depois -Paciente masculino de 72 anos evoluiu com fraqueza de membro superior > membro inferior esquerdo, alteração cognitiva com afasia e dificuldade para falar. HPMA. AP: DM2- glibenclamida, DLP rosuvastatina, HAS – enalapril, tabagista ✓Exame Fisico: REG, fácies de apreensão, corado, hidratado, afebril, FR 22 ipm; PA 154 x 92 mmHg; MV+ s/ra; BRNF a 2T. Ausência de rigidez de nuca. Disartria. Déficit sensório motor e hemi-negligência a E , ECGlasgow 15. Qual é hipótese diagnóstica? A) intoxicação exógena B) AVC isquêmico trombótico C) AVC isquêmico ateroembólico D) AVC hemorrágico E) Ataque isquêmico transitório Ataque isquêmico transitório (AIT) ✓Definido como déficit neurológico focal de etiologia isquêmica com regressão completa em < de 24 horas ✓Geralmente antecedem AVC isquêmico trombótico ✓São frequentemente múltiplos ✓Daqueles que os sintomas persistem por mais de 1 hora, apenas 14% regride em 24 horas. • Sintomas que se revertem em <24h e RNM normal (sem alteração à difusão) • Após 1 hora de déficit permanente, apenas 14% reverterão espontaneamente • Investigação = AVE • Conduta internação e iniciar: AAS; enoxaparina seguida de warfarin e clopidogrel Manejo AIT Sala de Emergência • Monitor • 2 acessos venosos calibrosos • GLICEMIA CAPILAR • Oferecer O2 para manter sat > 94% • Colher exames • Internação com monitorização • Controle adequado da glicemia e pressão arterial • Heparina, AAS, clopidogrel, estatina Caso Clínico • Paciente de 58 anos, médico, hipertenso, diabético, dislipidêmico, tabagista. • Apresenta quadro de disartria, incoordenação e diplopia de início súbito, com duração de aproximadamente 30 minutos. • Por insistência de sua secretária, vem ao pronto atendimento já assintomático. • PA 150x100, FC 94, Sat O2 AA 96%, Dx 158 • Hipótese Diagnóstica? A) intoxicação exógena B) AVC isquêmico trombótico C) AVC isquêmico ateroembólico D) AVC hemorrágico E) Ataque isquêmico transitório • Conduta imediata? Conduta imediato em suspeita de AVC ✓ Monitor cardíaco ligado ao paciente ✓ Oxigênio fornecido conforme necessário (manter SatO2 >90%) ✓ Acesso IV ✓ ECG de 12 derivações • Via aérea, respiração e circulação avaliadas • Histórico e ex físico objetivos • exames complementares • Equipamentos de ressuscitação trazidos ao leito TC de crânio Acidente vascular cerebral isquêmico (AVEi) ✓Acontece como consequência de uma redução crítica do débito sanguíneo devido à oclusão parcial ou total de uma artéria cerebral ✓Aproximadamente 80% dos casos de AVE ✓A doença cerebrovascular isquêmica é dividida em 2 amplas categorias: Trombótica e embólica Trombótico: início gradativo Embólico: início súbito, repentino Fibrilação atrial: predispõe a formação do trombo (anticoagular o pct antes de fazer qualquer reversão de arritmia, pois o pct está sobre o risco de fazer um AVEi) Conduta imediato em suspeita de AVC ✓ Monitor cardíaco ligado ao paciente ✓ Oxigênio fornecido conforme necessário (manter SatO2 >90%) ✓ Acesso IV ✓ ECG de 12 derivações • Via aérea, respiração e circulação avaliadas • Histórico e ex físico objetivos • exames complementares • Equipamentos de ressuscitação trazidos ao leito TC de crânio Relembrando... Fibrilação Atrial - Ausência de onda P, QRS estreito, origem supra-ventricular, R-R irregular 31 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas AVE isquêmico subdividido em 2 tipos AVEi trombótico X AVEi embólico ✓Os AVEi trombóticos são prenunciados, gradativos, progressivos, em 50 a 60% dos pacientes, por sintomas transitórios, por AIT ou por AVE mínimo que leva a um episódio mais devastador ✓Os AVEi embólicos costumam ocorrer de forma repentina Causa do AVC Frequência relativa (%) Aterosclerótica (Trombose, embolia, hipoperfusão) 20 Artéria penetrantes (Infartos lacunares) 25 Embolia cardiogênica (fibrilação atrial, D, valvar, trombo intracav., aterosc.aórt) 20 Criptogenético 30 Causas pouco frequentes (Estados pró- trombóticos, Dissecção aa cranianas, arterites, vasoespasmo, drogas, enxaqueca) 5 Sistema carotídeo Polígono de Willis Cerebral Média Artérias perfurantes 32 Letícia M. Dutra – Habilidades Médicas Quadro clínico Depende do território cerebrovascular acometido.... • ACM D: hemiparesia E predomínio braquio-facial + disartria + heminegligência • ACM E: hemiparesia D predomínio braquio-facial + afasia • ACA: hemiparesia contralateral predomínio crural • ACP: hemianopsia homônima contralateral • Sistema vertebro-basilar: vertigem, desequilíbrio, incoordenação, diplopia,
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