Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Assistido por advogado particular, Espertinho Do Jardim, o duende mais conhecido do estado de Minas Gerais, habitante da Praça Sant´ana na cidade de Ponto Chique/MG, ajuizou reclamação trabalhista, com pedidos certos, determinados e com indicação do valor, pelo rito ordinário, em face da empresa Meias Sem Par Ltda. (RT nº 000263-21.2022.2.04), em 07.11.2011. Alegou que, por possuir uma inteligência aguçada e ser um grande especialista em História de Pés de Meias Desaparecidos, foi admitido em 03.02.2007 para trabalhar na linha de produção de meias únicas na sede da empresa localizada em Ponto Chique/MG, com salário de R$ 2.000,00 (dois mil reais) mensais e horário de trabalho das 8h às 17h, de segunda-feira a sábado, com 1 (uma) hora de intervalo intrajornada. Acontece, porém, que, pouco depois de sua admissão, foi transferido de forma definitiva para a filial da reclamada situada no município de Colíder/MT. A mudança causou-lhe grande transtorno pois já conhecia todos os moradores de Ponto Chique – conhecia suas preferências, seus pés e suas meias – e estava acostumado a contemplar o pôr do sol às margens do Rio São Francisco, a participar da Quadrilha da Raimunda e da Folia de Reis e a beber uma cachacinha típica da região. Não bastasse todo sofrimento vindo com a saudade e tamanha falta de misericórdia e empatia por parte da empresa, Espertinho do Jardim jamais recebeu qualquer valor a título de adicional de transferência. A empregadora fornecia a Espertinho do Jardim, o transporte, em veículo próprio, para ir ao trabalho e dele retornar. Espertinho do Jardim diz que exercia função idêntica ao duende Amável Engana Trouxa, também contratado pela empresa Meias Sem Par Ltda. Esclarece que ambos prestavam trabalho de igual valor, com a mesma perfeição técnica e a mesma produção, porém sua jornada de trabalho era bem superior à do paradigma. Conta, ainda, que não gozou as férias relativas ao período aquisitivo 2007/2008 e esteve em licença remunerada por 42 (quarenta e dois) dias no curso desse mesmo período. Por fim, aduz que, mesmo sendo beneficiário de garantia provisória de emprego, por ser o Presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – instituída pela empresa, foi dispensado imotivadamente em 03.10.2009. Diante do anteriormente exposto, POSTULA: a) o pagamento do adicional de transferência e dos seus reflexos no aviso- prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos do FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); b) o pagamento das diferenças decorrentes da integração no salário dos valores correspondentes ao fornecimento de transporte e dos seus reflexos no aviso-prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos do FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); c) o pagamento das diferenças decorrentes da equiparação salarial com o paradigma apontado e dos seus reflexos no aviso-prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos do FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); e d) o pagamento, em dobro, das férias relativas ao período aquisitivo 2007/2008; e) a reintegração ao emprego, em razão da garantia provisória de emprego conferida ao empregado membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidente – CIPA – ou o pagamento de indenização substitutiva. Considerando que a reclamação trabalhista foi distribuída à Vara do Trabalho de Colíder/MT, redija, na condição de advogado(a) contratado(a) pela reclamada, a peça processual adequada, a fim de atender aos interesses de seu cliente. (Valor: 5,0) RESOLUÇÃO AO DOUTO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE COLÍDER/MT Processo no 000263-21.2022.2.04 MEIAS SEM PAR LTDA., qualificação e endereço completos, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art. 847 da CLT, OFERECER: CONTESTAÇÃO à reclamação trabalhista que lhe move ESPERTINHO DO JARDIM, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – PRELIMINAR 1. Inépcia da petição inicial Na petição inicial da reclamação trabalhista consta o pedido de equiparação salarial, mas não há indicação de qualquer causa de pedir, já que não aponta a diferença salarial postulada. A petição inicial é inepta quando lhe faltar o pedido ou a causa de pedir, conforme estabelecido pelo art. 330, § 1º, I, do CPC. Quanto à equiparação salarial, a petição inicial apresenta apenas o pedido e omite a causa de pedir por não apontar as diferenças salariais entre o salário do reclamante e o do paradigma, sendo, portanto, inepta neste particular. Esclarece-se que a inépcia da petição inicial é matéria que deve ser tratada em preliminar de contestação, nos termos do art. 337, IV, do CPC. Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, à luz dos arts. 485, I, e 330, § 1º, I, do CPC (indeferimento da petição inicial), quanto ao pedido de equiparação salarial. II – PREJUDICIAL DE MÉRITO 1. Prescrição bienal Em reclamação ajuizada no dia 07.11.2011, o reclamante postulou o pagamento de verbas oriundas do contrato de trabalho extinto em 03.10.2009. Com base nos arts. 7º, XXIX, da CF e 11 da CLT e na Súmula 308, item I, do TST, opera-se a prescrição bienal quando o ajuizamento de reclamação trabalhista ocorre após o prazo de 2 anos, contados do término do contrato de trabalho. A ação “in casu” ultrapassou o limite legal, estando, portanto, prescrita. Diante do exposto, requer a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC. III – MÉRITO 1. Do adicional de transferência O reclamante postulou o pagamento do adicional de transferência e seus reflexos, esclarecendo que, pouco depois de sua admissão, foi transferido, de forma definitiva, para a filial da reclamada situada no Município de Colíder/MT, jamais recebendo qualquer valor a título de adicional de transferência. Não assiste razão ao reclamante, pois, à luz do art. 469, § 3º, da CLT, é devido adicional nunca inferior a 25% do salário do empregado em caso de transferência, enquanto durar a situação. De acordo com a OJ 113 da SDI-1 do TST, o caráter provisório da transferência é pressuposto legal apto a legitimar a percepção do adicional. O reclamante foi transferido de forma definitiva e, por isso, não faz jus ao referido adicional. Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de pagamento do adicional de transferência e dos reflexos postulados. 2. Da integração salarial dos valores referentes ao transporte O reclamante postulou o pagamento das diferenças decorrentes da integração dos valores correspondentes ao fornecimento de transporte e seus reflexos no salário, alegando que a reclamada não a promoveu, para todos os efeitos legais. Não assiste razão ao reclamante, pois, com base no art. 458, § 2º, III, da CLT, não será considerado salário o transporte destinado ao deslocamento para ir ao trabalho e dele retornar, em percurso servido ou não por transporte público. Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de integração salarial dos valores referentes ao transporte e dos reflexos postulados. 3. Das diferenças salariais O reclamante postulou o pagamento das diferenças decorrentes da equiparação salarial com o paradigma apontado e os seus reflexos, afirmando que ambos exerciam função idêntica, prestando um trabalho de igual valor, com a mesma perfeição técnica e a mesma produção, porém sua jornada de trabalho era bem superior à do modelo. Não assiste razão ao reclamante, pois, consoante o art. 461, caput e § 1º, da CLT, para que setorne possível a equiparação salarial é necessário trabalho de igual valor, ou seja, com igual produtividade e mesma perfeição técnica. No presente caso, havia diferença de produtividade, uma vez que o paradigma, em jornada bem inferior, produzia o mesmo que o reclamante. Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de equiparação salarial, bem como dos seus reflexos. 4. Das férias O reclamante postulou o pagamento em dobro das férias relativas ao período aquisitivo 2007/2008, mesmo tendo permanecido em licença remunerada por 42 dias no curso desse mesmo período. Não assiste razão ao reclamante, pois, fundamentado no art. 133, II, da CLT, não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo, permanecer em gozo de licença com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias. Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de férias. 5. Da reintegração O reclamante postulou a reintegração ao emprego ou a equivalente indenização substitutiva, tendo em vista a suposta estabilidade que possuía na ocasião da dispensa, por ter sido nomeado Presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidente – CIPA. Não assiste razão ao reclamante. De acordo com o art. 10, II, “a”, do ADCT, fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes. Nos termos do art. 164, §§ 1º e 5º, da CLT, o empregador anualmente designará o Presidente da CIPA, sendo assim, não se trata de empregado eleito. O reclamante foi nomeado, portanto não faz jus à estabilidade conferida no artigo supracitado. Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de reintegração, bem como de indenização substitutiva. IV – REQUERIMENTOS FINAIS Diante do exposto, requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal do reclamante, sob pena de confissão. Requer o acolhimento da preliminar de mérito para que seja extinto o processo sem resolução do mérito, nos moldes dos arts. 485, I, e 330, I, todos do CPC, em relação ao pedido de equiparação salarial. Por fim, requer o acolhimento da prejudicial de mérito para que seja determinada a extinção do processo com resolução do mérito, nos moldes do art. 487, II, do CPC, e, posteriormente, no mérito, requer ainda a improcedência de todos os pedidos do reclamante, condenando-o ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, no importe de 15%, com base no art. 791-A da CLT. Nestes termos, pede deferimento. Local e data. Advogado(a) OAB n° QUESITOS AVALIADOS FAIXA DE VALORES ATENDIME NTO AO QUESITO ESTRUTURA INICIAL – encaminhamento adequado (0,25) e correta identificação das partes e do processo (0,25). Obs.: Poderia o reclamante ter ajuizado a reclamação em Ponto Chique/MG ou em Colíder/MT (art. 651, § 3º, da CLT). 0,00/ 0,25/ 0,50 PREJUDICIAL DE PRESCRIÇÃO – ajuizamento da ação após 2 anos de extinção do contrato (0,50). Indicação do art. 7º, XXIX, da CF/88; OU do art. 11 da CLT; OU da Súmula 308, I, do TST (0,50). 0,00/ 0,50/ 1,00 ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA E REFLEXOS – adicional devido apenas na transferência provisória (0,30). Indicação do art. 469, § 3º, da CLT; OU da OJ 113 da SDI-1 do TST (0,20). 0,00/ 0,20/ 0,30/ 0,50 INTEGRAÇÃO SALARIAL DOS VALORES REFERENTES AO TRANSPORTE E REFLEXOS – transporte para ir ao trabalho e dele retornar não é salário (0,30). Indicação do art. 458, § 2º, III, da CLT (0,20). 0,00/ 0,20/ 0,30/ 0,50 EQUIPARAÇÃO SALARIAL E REFLEXOS – não configuração do trabalho de igual valor em razão da diferença de produtividade (0,30), com indicação do art. 461, caput e § 1º, da CLT (0,20). 0,00/ 0,30/ 0,50 FÉRIAS EM DOBRO RELATIVAS AO PERÍODO 2007/2008 – perda do direito às férias em razão da licença remunerada superior a 30 dias no período aquisitivo (0,50). Indicação do art. 133, II, da CLT (0,50). 0,00/ 0,50/1,00 GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO – o Presidente da CIPA não é eleito, mas designado pelo empregador (0,20). 0,00/ 0,10/ 0,20/ 0,30/ 0,50/ 0,60 QUESITOS AVALIADOS FAIXA DE VALORES ATENDIME NTO AO QUESITO Indicação do art. 10, II, “a”, do ADCT (0,10) e do art. 164, § 1º, E/OU § 5º da CLT (0,30). REQUERIMENTOS – acolhimento da preliminar de inépcia (0,10). Acolhimento da prescrição bienal (0,10). Improcedência dos pedidos (0,10). Pedido de honorários (0,10), 0,00/ 0,10/ 0,20/ 0,30/ 0,40 TOTAL 5,00 Questão 1 Na ação trabalhista promovida por Alcântara em face de Frutaria Adão e Eva Ltda., o juiz julgou parcialmente procedente o rol de pedidos, tendo deferido apenas duas das quatro horas extras pretendidas pelo reclamante. Diante disso, responda aos itens a seguir. A) Como advogado(a) de Alcântara, qual medida poderia você adotar? Fundamente. (Valor: 0,60) Resposta: Nos termos do art. 895, inciso I, da CLT, apresentaria Recurso Ordinário. B) Se, inicialmente, você, advogado de Alcântara, não se insurgir contra a decisão, mas a Frutaria sim, ainda haveria alguma medida recursal a ser adotada? Qual? Fundamente. (Valor: 0,65) Resposta: A medida recursal que poderia ser adotada é o Recurso Adesivo, à luz da Súmula 283 do TST OU do art. 997, § 1º, do CPC/2015. QUESITO AVALIADO FAIXA DE VALORES Letra a: Recurso Ordinário (0,40). Citação do art. 895, I, da CLT (0,20). 0,0/ 0,40 / 0,60 Letra b: Recurso Adesivo OU Recurso Ordinário Adesivo (0,45). Citação da Súmula 283 do TST OU do art. 997, § 1º, do CPC (0,20). 0,00 / 0,45 / 0,65 Questão 2 Em uma reclamação trabalhista, Cremildes Guela Seca pleiteou o recolhimento das contribuições previdenciárias não realizadas por sua ex- empregadora Polpa Fiction Indústria de Sucos Ltda. no curso do contrato de trabalho. Diante disso, responda: A) Como advogado(a) da empresa, o que, inicialmente, você deverá alegar, partindo do pressuposto de que seu cliente realmente não fez os recolhimentos pretendidos? Fundamente. (Valor: 0,65) Resposta: Deverá ser arguida preliminar de incompetência absoluta em razão da matéria, já que, nos termos da Súmula 368 do TST e do parágrafo único do art. 876 da CLT, essa matéria foge à competência da Justiça do Trabalho. B) Se o juiz rejeitar seu requerimento e julgar procedente o pedido, qual medida você deverá adotar? (Valor: 0,60) Resposta: Recurso Ordinário, nos termos do art. 895, inciso I, da CLT. QUESITO AVALIADO FAIXA DE VALORES Letra a: Preliminar de incompetência absoluta em razão da matéria (0,55). Citação da Súmula 368 do TST OU do art. 876, parágrafo único, da CLT (0,10) 0,0 / 0,55 /0,65 Letra b: Recurso Ordinário. (0,50). Citação do art. 895, inciso I, da CLT (0,10). 0,00 / 0,50 / 0,60 Questão 3 Um colega da sua universidade, também estudante de Direito, muito chateado por sua mãe ter perdido uma causa trabalhista, buscou analisar profundamente todos os detalhes da ação, além da doutrina e da jurisprudência correlatas, durante cerca de um ano. Passado esse período, preparou uma ação rescisória, colheu a assinatura de sua mãe na peça e a distribuiu no prazo legal. Considerando o narrado acima e o entendimento consolidado do TST, responda: A) Comente sobre a viabilidade da demanda, justificando em qualquer hipótese. (Valor: 0,65) Resposta: Nos termos propostos, a demanda é inviável, pois a ação rescisória não pode ser proposta com uso do jus postulandi, conforme estabelecido na Súmula 425 do TST. B) Caso a mãe do estudante optasse por contratar um advogado para ajuizar a ação rescisória, como se daria a concessão dos honorários advocatícios sucumbenciais? (Valor: 0,60) Reposta: Seriamdevidos os honorários advocatícios sucumbenciais, com base na Súmula 219, item II, do TST e do art. 791-A da CLT. QUESITO AVALIADO FAIXA DE VALORES Letra a: Inviável, porque a ação rescisória não admite o jus postulandi (0,55). Indicação da Súmula 425 do TST (0,10). 0,0/ 0,55 / 0,65 Letra b: Seria devida a concessão de honorários advocatícios sucumbenciais (0,50). Indicação da Súmula 219, II (0,10). 0,00 / 0,50 / 0,60 Questão 4 Maria Volta Atrás ajuizou reclamação trabalhista contra IPhome Lanches Superiores e Exclusivos, sua ex-empregadora, postulando o pagamento de horas extras e verbas rescisórias. No dia da audiência, entabulou acordo com a reclamada. O acordo foi judicialmente homologado e, nele, Maria conferiu quitação geral ao extinto contrato de trabalho. Tempos depois contratou novo advogado e ajuizou nova demanda contra a mesma empresa, porém, nessa ocasião, pedia apenas uma verba não perseguida na 1ª ação, qual seja: a diferença em razão de equiparação salarial. Diante desse quadro, responda aos itens a seguir. A) Comente acerca da validade, ou não, de um acordo judicial no qual a parte concede quitação sobre questões que não foram postuladas na inicial, justificando em qualquer hipótese. (Valor: 0,65) Resposta: Nos termos da OJ no 132 da SDI-2 do TST, é válido conferir quitação ainda que de verba não postulada. B) Citando o fundamento legal, apresente o fenômeno jurídico que inviabiliza o prosseguimento da 2ª ação ajuizada. (Valor: 0,60) Resposta: Ocorrerá o fenômeno da coisa julgada, visto que se reproduz ação anteriormente ajuizada, já decidida por sentença, de que não cabe recurso, nos termos dos arts. 337, §§ 1º e 4º, e 502 do CPC. QUESITO AVALIADO FAIXA DE VALORES Letra a: É válido conferir quitação mesmo de verba não postulada (0,55). Indicação da OJ no 132 da SDI-2 do TST (0,10). 0,00 / 0,55 / 0,65 Letra b: Ocorrerá a coisa julgada (0,50). Indicação dos arts. 337, § 1º, OU 337, § 4º, OU 502, todos do CPC (0,10). 0,00 / 0,50 / 0,60
Compartilhar