Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTRUMENTAÇÃO BIOMÉDICA Apresentação Os cuidados com a saúde humana incluem uma série de abordagens multidisciplinares e complementares. Elas necessitam umas das outras, pois apoiam-se mutuamente. As práticas biomédicas contribuem para a prevenção das doenças e para o diagnóstico que possibilitará acompanhar o prognóstico e tratamento. Preocupando-se com o uso correto dos equipamentos e o descarte adequado dos resíduos gerados, essa disciplina se propõe a conduzi-lo para o exercício ético e profissional da biomedicina. É muito importante que você dispense, além dos cuidados aos pacientes, o autocuidado, o autorrespeito e o amor-próprio, utilizando corretamente os equipamentos de proteção individual e coletiva, além de fazer intervalos de descanso. Com essas práticas, você incentiva e apoia as descobertas da Ciência, trazendo para o cotidiano os conhecimentos capazes de promover saúde por meio da prevenção contra acidentes de trabalho. Desse modo, desejamos que durante os estudos de Instrumentação Biomédica você se sinta motivado a exercer a profissão de biomédico com amor e entusiasmo. Que essa leitura ajude na construção dos seus conhecimentos! UNIDADE 1 O laboratório de análises clínicas OBJETIVOS DA UNIDADE Apresentar o laboratório de análises clínicas e as atribuições do laboratorista; Descrever o projeto da estrutura física e a infraestrutura do laboratório; Explicar os procedimentos de segurança no laboratório de análises clínicas; Discutir os procedimentos de primeiros socorros em casos de acidentes; Explicar a utilização dos equipamentos do laboratório de análises clínicas; Aplicar os princípios utilizados nos cálculos em laboratório; Aplicar os princípios utilizados na preparação de reagentes. TÓPICOS DE ESTUDO O laboratório clínico e o laboratorista // Projeto arquitetônico e infraestrutura do laboratório de análises clínicas // Segurança no laboratório e primeiros socorros // Descarte, segregação e descontaminação dos resíduos sólidos de serviços de saúde Equipamentos gerais do laboratório // Autoclave // Estufas // Microscópios // Cabine de segurança // Potenciômetro ou pHmetro // Centrífuga Manuseio dos equipamentos: calibração, rastreamento e interferentes amostrais // Manuseio da autoclave // Manuseio do microscópio // Manuseio da centrífuga Cálculos de laboratório e preparo de reagentes // Fator de diluição // Diluição seriada O laboratório clínico e o laboratorista O laboratório de análises clínicas é o local em que se realizam as coletas de amostras de fluidos corporais para serem analisadas por diferentes métodos, com o objetivo de auxiliar na prevenção, diagnóstico e prognóstico de doenças. Eles são regulados pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e seu funcionamento deve seguir as normas da vigilância sanitária do estado de atuação. Para atender bem ao paciente, à legislação e cumprir seu papel na realização dos exames de forma adequada, os laboratórios de análises clínicas devem contar com setores específicos para atender as necessidades de cada exame. Em geral, os setores mais frequentemente encontrados nos laboratórios são os de bioquímica, imunologia, hematologia, microbiologia e parasitologia. CONTEXTUALIZANDO A regulamentação das análises clínicas, no Brasil, é regida por três conselhos: o de farmácia, o de biomedicina e o de medicina. A faculdade de biomedicina forma profissionais habilitados a trabalharem em análise do meio ambiente, serviços de radiologia, hemoterapia e radiodiagnóstico, além da pesquisa científica. Quadro 1. Alguns setores dos laboratórios de análises clínicas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/02/2021. (Adaptado). A coleta dos materiais biológicos e envio deles para a análise é realizada pelos técnicos em análises clínicas. A formação desses profissionais ocorre mediante realização de curso técnico com cerca de 1200 horas dedicadas, principalmente, aos estudos biológicos, hematológicos, imunológicos, químicos e fisiológicos. Os técnicos em análises clínicas também são responsáveis por orientar os pacientes em como realizar a coleta, preparar a amostra, realizar análises microscópicas, incluindo diagnóstico parasitológico, realizar testes laboratoriais e operar, calibrar e manter os equipamentos em condições adequadas. Por outro lado, a análise das amostras é atribuição de profissionais habilitados, com formação de nível superior, formados em Biomedicina e Farmácia. O exercício das funções dos profissionais envolvidos nas análises clínicas requer a priorização da ética profissional, exercida com rigidez desde a coleta do material até a apresentação dos resultados, a fim de preservar os direitos dos pacientes. PROJETO ARQUITETÔNICO E INFRAESTRUTURA DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS As atividades desenvolvidas no laboratório de análises clínicas expõem os trabalhadores a diferentes tipos de riscos, assim como outras pessoas e o meio ambiente. Para minimizar ou eliminar os riscos, é imprescindível que o laboratório seja planejado em todas as suas etapas de funcionamento, a começar pelo projeto arquitetônico, que deve prever os tipos de serviços a serem prestados para, assim, atender às normas sanitárias e de biossegurança (BRASIL, 2004; BRASIL, 2006). A estrutura física, administrativa e técnica deve ser compatível com as atividades a serem desenvolvidas. A Resolução-RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Anvisa, dispõe sobre o regulamento técnico para o planejamento e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, discriminando, detalhadamente, os requisitos de infraestrutura das salas de coleta e de procedimentos (BRASIL, 2002). O planejamento do laboratório precisa priorizar a segurança das pessoas que trabalham e circulam pelo espaço físico, a proteção da amostra, a precisão dos resultados e a eficiência no fluxo de trabalho. Ainda é necessário planejar as medidas de proteção do meio ambiente relacionadas aos resíduos gerados pelo laboratório durante suas atividades (BRASIL, 2004). Nesse sentido, é necessário atender às normas de proteção contra incêndio, determinadas pelas regulamentações de segurança do corpo de bombeiros do município, e identificar as rotas de fuga e saídas de emergência, cujas portas devem ser dotadas de barra antipânico, para abrirem com um pequeno toque. Com relação à parte elétrica, é necessário existir um sistema de proteção contra descargas atmosféricas e os equipamentos eletroeletrônicos conectados a uma rede estabilizada e aterrada. É importante que o laboratório saiba de antemão quais os serviços que pretende oferecer, para que o projeto contemple as exigências de biossegurança, conforme a classe de risco dos organismos que serão manipulados (BRASIL, 2006). // Recepção e sala de espera A recepção e a sala de espera se destinam a receber os pacientes e acompanhantes, bem como acomodá-los enquanto aguardam o atendimento. Em laboratórios maiores, que tenham outros serviços de diagnóstico além de análises clínicas, a recepção e a sala de espera poderão ser compartilhadas. É necessário que haja acomodações para todos, e que existam sanitários masculinos e femininos em número suficiente para atender à pacientes e acompanhantes, e que, inclusive, garantam acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais (BRASIL, 2004). // Sala de coleta de sangue Considerando que a fase de coleta de sangue é um momento que, habitualmente, gera medo ou desconforto para o paciente, é fundamental que a infraestrutura física do local passe boa imagem do serviço e dê credibilidade, além de garantir segurança. É importante consultar a vigilância sanitária do município onde o laboratório será construído, uma vez que as exigências legais podem variar entre os municípios e estados. O regulamento técnico detalhado parafuncionamento de laboratórios clínicos e das áreas de coleta de amostras biológicas é disposto na resolução nº 302, de 13 de outubro de 2005 (BRASIL, 2005). Esses ambientes devem ter dimensões suficientes para assegurar a movimentação confortável do paciente e do funcionário, considerando a presença de um acompanhante no momento da coleta. Este espaço deve ter, no mínimo, 1,5 m2 e permitir até 15 coletas a cada hora. É necessário que o box de coleta tenha uma cadeira ou poltrona, com braço apropriado para a coleta de sangue, bancada de apoio para armazenamento e uso dos materiais de coleta, um dispositivo para a higienização das mãos, que pode ser álcool em gel ou lavatório, e um recipiente rígido adequado para o descarte de materiais de perfuração. Espaço com pelo menos 3,6 m2 no qual, além dos componentes presentes no box de coleta, tenha uma maca para ser usada por uma pessoa adulta quando houver necessidade de realização de coleta em decúbito dorsal, de repouso prévio à coleta e para o descanso após a coleta. // Salas de coleta infantil A sala de coleta de amostra de sangue das crianças deve ser separada da do adulto, decorada com motivos infantis e ter uma brinquedoteca para que elas se distraiam enquanto aguardam o atendimento. O espaço reservado para proceder à coleta de sangue deve ter uma cadeira para que o acompanhante se sente com a criança no colo. Precisa ter, também, uma maca apropriada para crianças, bancada para troca de fraldas e colocação de sacos coletores de urina. Também, é necessário ter uma pia para higienização da criança. // Salas para coleta de outros líquidos biológicos: secreções genitais, medula óssea e líquido cefalorraquidiano O laboratório deve dispor de salas especiais para coleta de amostras de secreções genitais femininas e masculinas, nas quais devem ter macas apropriadas para os procedimentos e banheiros privativos. Os laboratórios que realizarem coleta de medula óssea para realização de mielogramas e de líquido cefalorraquidiano precisam dispensar maiores cuidados na assepsia e contar com um espaço físico maior, destinado ao repouso do paciente após o procedimento (BRASIL, 2004). // Infraestrutura A infraestrutura dos boxes e salas de coleta deve, obrigatoriamente, escolher materiais para pisos, paredes ou divisórias que sejam duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções desinfetantes. Essas medidas serão necessárias para garantir a limpeza e conservação das instalações, que deverá seguir uma rotina sob orientação de profissional capacitado ou pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). É necessário adotar medidas preventivas para afastamento de insetos e roedores, como o uso de telas e outros dispositivos. É importante a presença de pia com água corrente para higienização das mãos entre uma coleta e outra. Se houver armário sob a pia, nele não poderá ser guardado os materiais estéreis, em função da proximidade do sifão. É necessário que o ambiente seja bem iluminado e ventilado, podendo contar com ventilação natural ou artificial de modo a garantir conforto ao trabalhador e ao paciente. Se houver janelas, elas deverão ser protegidas com telas milimétricas. As portas e os corredores deverão ser largos o suficiente para permitir a passagem de cadeiras de rodas, macas e garantir acessibilidade confortável às pessoas portadoras de necessidades especiais. Os colchões, as cadeiras e poltronas precisam ser revestidos por material impermeável. Considerar, na escolha das cadeiras e poltronas utilizadas para coletas de sangue, o conforto e segurança do paciente e do flebotomista, sobretudo quanto aos aspectos ergonômicos. É importante que a cadeira tenha regulagem de braço e seja reclinável, para assistir o paciente caso apresente desmaio ou hipotensão (BRASIL, 2004). // Sala de armazenamento interno de resíduos sólidos de serviços de saúde (RSSS) A resolução-RDC nº 306, da Anvisa, determina que todo órgão gerador de resíduos sólidos produzidos em saúde (RSSS), é por eles responsável desde sua geração até a disposição final. Ele deve possuir uma sala para armazenamento interno temporário. Esta sala deve localizar-se longe dos locais de permanência e de circulação de pessoas, mas próxima das áreas de armazenamento de material de limpeza ou do expurgo e da coleta externa dos resíduos (BRASIL, 2004). A sala de armazenamento temporário deve ter tamanho compatível com o volume de resíduos gerados e que deverão, portanto, ficar armazenados de acordo com a periodicidade da coleta. Ela deve ser identificada, ter aberturas para ventilação equivalente a, no mínimo, 1/20 da área do piso, o qual deve ser revestido de material liso, impermeável, lavável e de fácil higienização. É necessário ter tela de proteção contra insetos, pontos de iluminação, energia elétrica e água, sendo o escoamento direcionado para a rede de esgoto do estabelecimento, com ralo sifonado e com tampa que permita sua vedação. O acesso à sala de armazenamento temporário é restrito aos funcionários responsáveis pelo gerenciamento de resíduos e deve abrigar recipientes contendo os sacos com resíduos previamente segregados e descontaminados (BRASIL, 2004). O piso da área pela qual ocorrerá o trajeto dos resíduos, desde sua geração até o armazenamento externo, deve ter revestimento resistente à abrasão, com superfície plana, regular, antiderrapante e com rampa (BRASIL, 2002). SEGURANÇA NO LABORATÓRIO E PRIMEIROS SOCORROS O laboratório de análises clínicas é um ambiente no qual se encontram várias substâncias químicas, equipamentos e materiais biológicos, os quais representam situações de perigo, sobretudo para o trabalhador. Isso faz com que as pessoas que trabalham nesse ambiente sejam expostas a vários tipos de riscos, os quais poderão levar a acidentes de trabalho. EXPLICANDO Perigo é a condição que apresenta potencial para causar um risco, que por sua vez é a possibilidade de um perigo causar danos ou prejuízos à saúde, e é expresso numericamente. Acidente é o acontecimento indesejado de um evento ou dano, decorrente da falta de planejamento e que pode provocar lesão, adoecimento e morte. O conhecimento dos perigos e riscos permite um bom planejamento, cuja execução irá proteger a equipe contra acidentes conforme reconhecimento pelas legislações trabalhista, sanitária e ambiental. Entende-se que é necessário proteger a saúde do trabalhador, o ambiente de trabalho e seu entorno, os animais e o meio ambiente. Mas nem sempre foi assim. A demanda por planejar estratégias visando os cuidados durante as atividades laborais na área de saúde surgiu a partir do processo de industrialização e a consequente produção em larga escala. Embora a sociedade tenha se beneficiado em poder adquirir produtos mais baratos, junto com os avanços da tecnologia vieram o aumento de resíduos químicos, físicos e biológicos. O descarte desses produtos no meio ambiente demanda técnicas adequadas de descontaminação. Além disso, o aumento das atividades nos laboratórios expôs os trabalhadores e as áreas próximas ao risco de contaminação. Assim, surgiu a biossegurança, uma ciência voltada para a preservação da saúde das pessoas, dos outros animais e do meio ambiente. A adoção das medidas de biossegurança é obrigatória em todos os tipos de trabalho, uma vez que todos eles oferecem riscos à saúde do trabalhador. A redução ou eliminação da exposição aos agentes de risco no laboratório é obtida por medidas de contenção, que são os métodos de segurança usados durante a manipulação de agentes de risco. A contenção primária é obtida pela adoção das boas práticas laboratoriais, imunização do trabalhador e utilização dos equipamentos de segurança individual e coletiva, como as luvas e as cabines de segurança biológica, respectivamente. A contenção secundária se refere às edificaçõese instalações laboratoriais adequadas. A combinação adequada desses elementos de contenção indicadas para o laboratório será realizada após avaliação de risco dos trabalhos. Cabe ao empregador oferecer o treinamento dos funcionários, bem como todos os equipamentos necessários à segurança, gratuitamente. Esses equipamentos de proteção individual (EPIs) variam de acordo com os riscos aos quais os funcionários são expostos. É dever de cada profissional usar corretamente os EPIs e exercer medidas de boas práticas de laboratório (BPL) para que o trabalho seja eficiente e os riscos de acidentes minimizados. Diagrama 1. Medidas de contenção primária e secundária. // Equipamento de proteção individual – EPI O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na Norma Regulamentadora nº 6 (NR 6), define equipamento de proteção individual como sendo “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. (BRASIL, 1978). Os EPIs mais utilizados nos trabalhos nos laboratórios de análises clínicas são o jaleco, as luvas, as máscaras, os óculos de proteção e a touca. De acordo com o nível de biossegurança dos agentes biológicos com os quais o laboratório trabalha, outros EPIs serão obrigatórios, como protetores faciais, máscaras com filtros especiais, botas ou propés, macacões etc. Figura 1. Trabalhadora da área de saúde utilizando os equipamentos de proteção individual. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/02/2021. // Primeiros socorros Existem situações nas quais, mesmo que todos os profissionais tenham adotado as boas práticas em laboratório, os acidentes acontecem. Nesse caso, é muito prudente manter a calma e adotar um protocolo para que os danos não aumentem de proporção. É preciso contar imediatamente para os colegas e pedir ajuda. A Anvisa e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criaram padrões e normas de condutas para garantir a segurança do trabalho nos laboratórios clínicos. As principais delas são a resolução nº 302 e a NBR 14785 (BRASIL, 2005; ABNT, 2001). A resolução nº 302 descreve que a equipe precisa ter um manual de biossegurança disponível e receber treinamento e capacitação. Muitos laboratórios utilizam os Procedimentos Operacionais Padrão (POP), cujo objetivo é padronizar condutas diárias a fim de minimizar a ocorrência de erros. Nesse manual devem ter as seguintes orientações (ANVISA, 2005): • Condutas e normas de segurança ambiental, biológica, física, química e ocupacional; • Instruções de uso para equipamentos de proteção; • O que fazer em caso de acidentes; • Como realizar o transporte e manuseio de materiais e amostras biológicas. A NBR 14785 foi criada pela ABNT para proteção dos trabalhadores e dos pacientes dos laboratórios clínicos. Determina que os colaboradores devam ser treinados a (ABNT, 2001): • Interromper as atividades quando houver risco imediato; • Identificar e notificar problemas de segurança; • Providenciar ações para corrigir situações de risco; • Participar da implementação das ações corretivas. O Ministério do Trabalho determina que todo acidente seja registrado em formulários para providenciar os procedimentos legais e de segurança a fim de proteger o trabalhador. O responsável pelo laboratório deve preencher a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e tomar todas as medidas necessárias em até 24h. Todas as pessoas envolvidas no acidente precisam realizar exames de sangue e testes sorológicos. Diagrama 2. Fluxograma de registro da CAT. Fonte: RIBEIRÃO PRETO, 2019, p. 18. // Condutas de primeiros socorros Após exposição ocupacional, o profissional precisa passar por procedimentos de primeiros socorros e, assim que possível, ser levado para atendimento médico. Veja os principais acidentes em laboratório e os procedimentos de primeiros socorros: Respingo de produto químico nos olhos É preciso lavá-los abundantemente com água durante pelo menos 15 minutos, mantê-los abertos e procurar um médico. Nenhum produto deve ser colocado nos olhos para tentar neutralizar o reagente; Respingo de produto em outra região do corpo Tirar a roupa e expor o lugar atingido. Lavar a região na pia ou no chuveiro de emergência durante 15 minutos e procurar um médico; Queimaduras Cobrir a área queimada com vaselina estéril e procurar ajuda médica; Corte Lavar a região do corte com água em abundância, cobrir com gaze e atadura de crepe e procurar um médico. A exposição ao material biológico é o acidente mais frequente entre os profissionais de laboratório. Diante do risco de infecção que representam, esses acidentes são classificados como leve, moderado e grave. Quadro 2. Caracterização do acidente e medidas a serem adotadas. Fonte: TAVARES, s. d.; Shutterstock. Acesso em: 23/02/2021. Considerando a exposição aos riscos biológicos e facilidade de contaminação pelo vírus da hepatite B, todo profissional de saúde, incluindo o laboratorista, deve se prevenir contra a doença mediante a imunização. A vacina é extremamente eficaz e administrada em três doses, com intervalos de 0,1 e seis meses, e essa medida é considerada de contenção primária. Tabela 1. Risco de infecção pelos vírus HIV e da hepatite B em função da exposição. Fonte: RIBEIRÃO PRETO, 2019, p. 16. Após os primeiros socorros, o trabalhador acidentado deverá ser submetido à avaliação médica para adoção das medidas profiláticas adequadas, que podem incluir imunização e quimioprofilaxia para HIV e hepatite B dentro de uma a duas horas após o acidente. O trabalhador deverá ser acompanhado nos próximos meses, realizando exames sorológicos. DESCARTE, SEGREGAÇÃO E DESCONTAMINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE Diante dos perigos associados aos RSSS, tais como agulhas, sobras de medicamentos, placas de cultura e material contaminado com sangue, eles devem passar por um processo de segregação e descontaminação antes de serem descartados. Existe um protocolo bastante rígido, determinado pelas agências sanitárias e ambientais, para o descarte de todos os materiais que são utilizados na rotina do laboratório de análises clínicas e outras instituições de saúde. Tal exigência se justifica pela necessidade de proteger o ser humano e outros animais de serem infectados, intoxicados ou sofrerem outros tipos de danos decorrentes do descarte inadequado dos resíduos produzidos no laboratório. // Segregação dos Resíduos Sólidos de Serviços em Saúde (RSSSS) Considerando que o destino final da maioria dos RSSS é o aterro sanitário, onde irão se misturar aos resíduos urbanos, há a necessidade de proteger o meio ambiente de possíveis contaminações, bem como todas as pessoas envolvidas nesse processo – os trabalhadores e os catadores de resíduos. O manejo dos RSSS é um conjunto de ações de gerenciamento envolvendo etapas dentro e fora do estabelecimento, desde a geração até a disposição final. A primeira técnica de manejo e a segregação, que consiste na separação dos resíduos de acordo com o grupo a que pertençam, diretamente na fonte e momento de sua produção. Quadro 3. Classificação dos resíduos sólidos de serviços de saúde. A segunda técnica é o acondicionamento, em que os resíduos segregados são mantidos em sacos ou recipientes resistentes a vazamentos, punctura e ruptura, cuja capacidade de acondicionamento deva ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo: • Os resíduos sólidos são coletados em sacos plásticos de acordo com a NBR 9191, respeitando o limite de peso, nunca ultrapassando 1/3 de sua capacidade, esvaziamento ou reaproveitamento (ABNT, 2000). Os sacos são mantidos em coletores com tampa, cujo sistema de abertura não exija contato manual, que tenham cantos arredondados e que sejam resistentes à lavagem e descontaminação; • Os resíduos perfurocortantessão coletados em recipientes resistentes à punctura, de plástico ou papelão rígido, de modo a impedir ruptura, vazamento e ao processo de descontaminação utilizado pelo laboratório. As agulhas usadas não podem ser manipuladas antes de serem desprezadas, recapeadas nem removidas das seringas (BRASIL, 2004); • Identificação dos sacos e recipientes de acondicionamento, de carrinhos de transporte interno e externo e dos locais de armazenamento dos resíduos têm o objetivo de permitir a fácil visualização e reconhecimento de forma indelével, por meio de símbolos, cores e frases, os resíduos contidos nos sacos e recipientes de coleta, de modo a fornecer informações para o manejo correto. A identificação precisa atender aos parâmetros referendados na norma NBR 7500, da ABNT, e outras exigências de acordo com o risco específico de cada grupo de resíduos (ABNT, 2017): 1- Resíduos do Grupo A: símbolo internacional de risco biológico, com rótulos de fundo branco e desenho e contornos pretos; 2- Resíduos do Grupo B: símbolo de risco associado com discriminação de substância química e frases de risco; 3- Resíduos do Grupo C: símbolo internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor magenta), em rótulos de fundo amarelo com contornos pretos, acrescido da frase: Rejeito Radioativo; 4- Resíduos do Grupo D: identificado pela frase: Resíduo Perfurocortante. Figura 2. Recipiente de descarte de resíduos do grupo E. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/02/2021. CURIOSIDADE No Grupo D, incluem-se os resíduos comuns, resultados dos trabalhos administrativos, como papelaria e restos de alimentos. Por não oferecerem riscos à saúde do trabalhador, não precisam ser identificados. A terceira técnica é o transporte Interno. É o translado dos resíduos dos pontos de origem até o local de armazenamento temporário interno ou armazenamento externo para a coleta. O planejamento do traslado deve seguir um roteiro definido e em horários diferentes dos períodos de maior fluxo de pessoas ou de atividades. Também, é necessário que cada grupo de resíduos, dentro dos seus respectivos recipientes específicos, sejam transportados em horários diferentes. Figura 3. Carrinhos de transporte interno de resíduos sólidos de serviços de saúde. Fonte: Fiocruz. Acesso em: 23/02/2021. A quarta técnica é o armazenamento temporário. É a manutenção temporária dos recipientes de acondicionamento contendo os resíduos embalados, prontos para serem levados para o local de disposição final. O armazenamento ocorre na sala de coleta. Quando a distância entre o ponto de geração e armazenamento externo for pequena, pode-se dispensar o uso da sala de armazenamento temporário. A quinta técnica é o tratamento. Essa etapa é realizada ainda no local de geração do resíduo, de modo a promover a descontaminação dos resíduos por métodos de desinfecção ou esterilização por meios físicos ou químicos, em condições de segurança e eficácia comprovada. Tem o objetivo de reduzir, eliminar ou neutralizar os agentes nocivos à saúde humana, animal e ao ambiente. O licenciamento ambiental para os sistemas de tratamento de resíduos de serviços de saúde deve obedecer à resolução Conama nº 237 e são passíveis de fiscalização e controle pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente (BRASIL, 1997). A sexta técnica é o armazenamento externo. É o local de guarda dos recipientes contendo os resíduos até o momento de coleta externa, feito por veículos coletores especiais para este fim. A sétima técnica é a coleta e transporte externos. É a remoção dos RSSS do abrigo de armazenamento externo, que é levado até a unidade de tratamento ou disposição final. É fundamental o uso de técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente. Além disso, também é preciso obedecer às orientações dos órgãos de limpeza urbana. A última técnica é a disposição final. É a disposição de resíduos no solo, que deverá estar preparado para receber os resíduos e atender à critérios técnicos de construção, operação e licenciamento ambiental de acordo com a resolução Conama nº 237 (BRASIL, 1997). // Descontaminação dos RSSS A eliminação de agentes biológicos presentes em instrumentos e produtos utilizados em todos os procedimentos de saúde, por meio de descontaminação ou esterilização, é muito importante para a prevenção de acidentes de trabalho e, nos casos de reutilização de materiais, na prevenção das infecções relacionadas à assistência em saúde – IRAS (OMS, 2016). As medidas de descontaminação dos RSSS são documentadas na resolução n° 5, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que obriga os estabelecimentos de saúde a eliminarem todas as características de periculosidade dos resíduos antes de os dispensarem no meio ambiente (BRASIL, 1993). Considerando que a maior parte desses resíduos acabam nos aterros sanitários ou lugares equivalentes nas cidades que não os tiverem, é importante que eles não contenham riscos biológicos. Sendo assim, ainda na fonte geradora, esses resíduos passam pelos processos de descontaminação e, quando necessário em função do nível de biossegurança do microrganismo, esterilização. Quadro 4. Nível de descontaminação dos materiais utilizados em ambientes de saúde. Fonte: OMS, 2016, p. 24. VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA? Equipamentos gerais do laboratório Os equipamentos necessários para os principais métodos de diagnóstico em laboratórios de análises clínicas são: autoclave, estufas, microscópios, cabine de segurança, potenciômetro e centrífuga. AUTOCLAVE Destina-se à esterilização de materiais por meio do calor úmido e da pressão. O material a ser autoclavado pode ser para reuso ou para descarte. Existem diversos modelos de autoclaves, horizontais e verticais, e todos eles têm os seguintes componentes: • Cilindro metálico resistente, no qual se encontra a resistência para o aquecimento da água; • Tampa com parafusos de orelhas para o fechamento hermético; • Válvulas de ar e de segurança; • Chave de comando para o controle da temperatura; • Registro indicador de pressão e temperatura. ESTUFAS Existem vários tipos de estufas, as quais são utilizadas para gerar um ambiente interno de calor controlado por meio de um termostato. As estufas são utilizadas para: Secagem de materiais e esterilização É realizada na estufa para esterilização ou Forno de Pasteur, que permite esterilizar materiais em alta temperatura e é uma alternativa para materiais que não podem ser submetidos à umidade da autoclave. A esterilização pelo calor seco requer um tempo e temperatura maiores que aqueles usados para esterilização em autoclave. Cultivo de microrganismos As culturas de muitas espécies de bactérias são realizadas em estufas de cultura (bacteriológicas), capazes de manter a temperatura constante (geralmente em torno de 36,5 °C para as bactérias mesófilas). São bastante utilizadas no diagnóstico de doenças infecciosas e para o antibiograma. MICROSCÓPIOS Utilizados para identificação de células e componentes muito pequenos. Têm uma parte mecânica e outra de lentes, apresentando, ainda, um sistema de iluminação. Microscópio óptico comum Apresentam dois conjuntos de lentes. As oculares, geralmente, aumentam a imagem em dez vezes e três ou quatro objetivas, reunidas em um revólver. Cada objetiva aumenta a imagem em quatro, dez, quarenta e cem vezes. A amostra, presente em uma lâmina de vidro, é colocada sobre uma mesa ou platina e iluminada com uma fonte de luz. Há uma presilha para prender a lâmina na platina, a qual se movimenta para frente e para trás, por meio de um parafuso chamado charriot, e para cima e para baixo, por meio de um outro parafuso, chamado macrométrico. O diafragma controla a intensidade e o tamanho do cone de luz projetado sobreo espécime. Como uma regra geral, quanto mais transparente o espécime, menos luz é requerida. A fonte de luz (botão no lado esquerdo do microscópio, abaixo da platina), projeta luz para cima através do diafragma, lâmina e lentes. O condensador ajuda a focar a luz sobre a amostra analisada. Existem dois botões ou parafusos nas laterais do microscópio, utilizados para focalizar a amostra: um maior, o macrométrico, para o ajuste amplo; e o menor, o micrométrico, para o ajuste fino após o objeto ter sido focalizado com o macrométrico. O microscópio tem, ainda, uma parte chamada braço, pelo qual deve ser segurado, e um pé ou base, que o sustenta e em cuja lateral encontra-se uma rodinha para ajuste da intensidade de luz. É particularmente útil quando utilizado em conjunto com as lentes objetivas de maior aumento. Este microscópio é muito utilizado no laboratório em análises de exames parasitológicos de fezes e análise de culturas de microrganismos; Microscópio de campo claro Nesse microscópio, a amostra a ser analisada é melhor identificada se for submetida à coloração. Ela é vista contra um campo claro de exame. Bastante utilizado para análise de amostras de sangue corados; Microscópio de contraste de fase Esse microscópio é indicado para visualização de amostras que não foram submetidas à coloração e que são praticamente transparentes. Pode-se transformar um microscópio de campo claro em um microscópio de contraste de fase adicionando um condensador de fase e objetivas especiais. É indicado para análise de amostras de sedimentos de urina e na contagem de plaquetas; Microscópio de fluorescência A luz utilizada para iluminar a amostra é ultravioleta e os corantes utilizados para marcá-las são fluorescentes. Esse microscópio permite a identificação de componentes no interior das células, identificados por anticorpos específicos. Entre os exames que utilizam o microscópio de fluorescência, destacam-se a identificação de anticorpos conjugados a fluorocromos em análises de DNA e o diagnóstico de doenças infecciosas como a doença de Chagas. Figura 4. Laboratorista analisando uma lâmina no microscópio óptico comum. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/02/2021. CABINE DE SEGURANÇA Trata-se de equipamentos de proteção coletiva e se destina ao manuseio de microrganismos. De acordo com o nível de biossegurança do microrganismo, haverá necessidade de um tipo de cabine com requisitos crescentes de segurança, maior grau de contenção e de complexidade do nível de proteção: NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. POTENCIÔMETRO OU PHMETRO Usado para medir o pH de uma solução por meio de um eletrodo sensível ao H+ ou de outros íons. O eletrodo é submerso na amostra e gera milivolts, os quais são convertidos para uma escala de unidades de pH, de zero a quatorze. CENTRÍFUGA É um equipamento no qual colocam-se tubos de vidro ou plástico contendo amostras líquidas, que serão submetidos a rotações em velocidade controlada, o que levará à separação de componentes de acordo com a densidade de cada um. Assim, as substâncias que apresentarem maiores densidades se depositam no fundo, formando um sedimento, enquanto as de menores densidades ficam na superfície. Existem diferentes tipos de centrífuga: Micro hematócrito A amostra é colocada em tubos capilares e a leitura feita com auxílio de uma régua. Utilizada para análise do hematócrito; Macro centrífuga As amostras líquidas são colocadas em tubos como o de Falcon, por exemplo, para separação das diferentes fases de acordo com as densidades; Micro centrífuga Para centrifugação de pequenos volumes, os quais são acondicionados em microtubos, como eppendorfs e tubos de criopreservação; Centrífuga para microplaca Utilizadas para centrifugação de microplacas de testes; Ultra centrífuga Para centrifugação em velocidades muito elevadas, alcançando aceleração de até 500.000 g. O rotor deste tipo de centrífuga fica em uma câmara refrigerada e sob vácuo, para evitar o superaquecimento por atrito com o ar. VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA? Manuseio dos equipamentos: calibração, rastreamento e interferentes amostrais O manuseio dos equipamentos requer treinamento e manutenção regular, sendo necessária a calibração em intervalos regulares para manter a precisão das análises realizadas e não oferecer interferências amostrais. É normal que ocorram alterações dos parâmetros em função do desgaste natural ou alterações de configurações dos equipamentos. A calibração dos aparelhos é feita por profissionais especializados e requerem selo de segurança, que podem ser reconhecidos ou não pelo INMETRO. A calibração Rede Brasileira de Calibração (RBC), ou acreditada, é reconhecida pelo INMETRO e outros órgãos internacionais, que emitem o selo de certificação. Já a calibração rastreada emprega métodos de medição elaborados internamente e, portanto, não reconhecidos pelo INMETRO. Por isso, o laboratório que realizar calibração rastreada dos equipamentos é obrigado a disponibilizar as evidências e os parâmetros adotados no procedimento, anexado ao certificado de calibração do equipamento entregue aos clientes. Os interferentes amostrais mais frequentes se devem à fase pré-analítica e são atribuídos à interpretação inadequada do pedido do exame, orientação inadequada ao paciente quanto ao tempo de jejum e forma de coleta da amostra. Outros fatores que interferem nos resultados são a utilização de tubo de coleta inadequado e proporção de sangue e anticoagulante inadequada. O manuseio adequado dos aparelhos previne as interferências amostrais. Diante dos diversos modelos de equipamentos, é necessário que cada laboratório disponibilize as instruções de manuseio por escrito, ao lado do aparelho. Vamos apresentar uma visão geral de como alguns equipamentos podem ser manuseados. MANUSEIO DA AUTOCLAVE A autoclave deve estar sempre em perfeitas condições de uso, de modo a garantir a eficácia da esterilização. A manutenção da autoclave exige que a água seja reposta com frequência. Para esterilizar o material na autoclave, realizar a sequência de passos: 1- Abrir a tampa, colocar água na caldeira de modo a cobrir o descanso do cesto; 2- Colocar o material a ser esterilizado, devidamente embalado, dentro do cesto e fechar a tampa, apertando por igual os manípulos; 3- Abrir o registro de vapor, ligar a chave no calor máximo e esperar o vapor começar a sair pela válvula durante dez minutos, tempo necessário para que o ar seja expulso de dentro da autoclave. Após esse período, fechar a válvula; 4- Aguardar a pressão atingir 1,1 Kgf e a temperatura alcançar 121 °C e, então, mudar a chave da posição máximo para a posição médio, para manter a pressão; 5- Aguardar 20 minutos para que ocorra a esterilização e desligar a autoclave; 6- Aguardar o ponteiro do manômetro chegar na posição zero e só então abrir a válvula de vapor; 7- Esperar cinco minutos e abrir a tampa. ASSISTA https://www.youtube.com/watch?v=tpPS5eF7x7g A utilização da autoclave para a esterilização de materiais requer a adoção de procedimentos de operação adequados. Para saber mais, assista o vídeo Autoclave - procedimento de operação, postado pelo canal Ambiental Análise. MANUSEIO DO MICROSCÓPIO Para uma boa focalização e análise microscópica, é fundamental que o laboratorista saiba lidar com o microscópio, sobretudo nos aspectos associados à limpeza das lentes e utilização da iluminação. Erros de procedimentos poderão influenciar na análise, fornecendo resultados não confiáveis. Ao iniciar as atividades com o microscópio, é preciso retirar a capa protetora, limpar a parte mecânica e as lentes com papel macio e colocar a fonte na tomada. Coloque a lâmina sobre a platina, prendendo- a com as presilhas e siga os procedimentos seguintes para a visualização da amostra: 1- Posicione os olhos nas duas oculares (poder de aumentode dez vezes); 2- Com os olhos nas oculares, gire o botão macrométrico, movendo a platina para cima ou para baixo e promovendo um ajuste grosso de foco; 3- Ajuste a luz na rodinha localizada na lateral da base do microscópio, se necessário. Focalize a lâmina; 5- Gire o revólver para mudar a posição das lentes objetivas (poderes de aumento de quatro, dez, quarenta e cem vezes). Ao utilizar a objetiva de cem vezes, é necessário adicionar uma pequena gota de óleo de imersão (de cedro) na lâmina e aumentar significativamente https://www.youtube.com/watch?v=tpPS5eF7x7g a intensidade de luz, girando o botão na lateral do microscópio. Limpar as lentes e objetivas com papel macio após a utilização do óleo; 6- Gire o Botão micrométrico para um ajuste fino de foco; 7- O aumento final da imagem visualizada é o produto do aumento da objetiva vezes o aumento da ocular. Ao encerrar as atividades, desligue o fio do microscópio da tomada, enrole-o ao redor do microscópio e cubra-o com a capa protetora. Certifique-se que a posição do revólver esteja na objetiva de menor aumento e que todas as lentes estejam limpas, assim como o restante do microscópio. MANUSEIO DA CENTRÍFUGA A centrífuga é um equipamento de uso muito frequente no laboratório e, por isso, sujeito a descalibração, o que influenciará nos resultados analíticos. Ela precisa estar apoiada em uma bancada firme e plana, preferencialmente de concreto, para evitar trepidações. Ao colocar os tubos, certifique-se que eles sejam idênticos e que contenham o mesmo volume. Eles precisam ser dispostos em lados opostos do rotor. Caso o número de amostras a serem centrifugadas seja ímpar, colocar um tubo com água do lado oposto. É importante que os tubos opostos tenham a mesma massa, por isso, pese-os antes da centrifugação, garantindo o balanceamento da centrífuga e, por consequência, sua vida útil e eficiência. Tubos de massas diferentes podem se quebrar dentro da centrífuga, danificando-a; além de causar acidentes. Marque o tempo, a temperatura e o número de rotações desejadas e então, inicie a centrifugação. Só abra a centrífuga após ela ter parado completamente e, sempre que possível, utilize tubos com tampas para evitar a formação de aerossóis que podem contaminá-lo. Figura 5. Ultracentrífuga. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/02/2021. Cálculos de laboratório e preparo de reagentes Muitos laboratórios adquirem, ou mesmo preparam, soluções concentradas para facilitar o armazenamento e evitar a contaminação. Assim, na rotina do laboratório é necessário realizar a diluição das soluções com concentração maior que a necessária na análise. A concentração das soluções pode ser expressa de várias maneiras, e é necessário conhecer os conceitos fundamentais envolvidos para que os resultados sejam confiáveis, indispensáveis para os procedimentos analíticos. Os conceitos mais usados na preparação de reagentes são: Solução É a mistura homogênea formada pelo soluto e pelo solvente; Soluto É a substância que se dissolve na solução; Solvente É a substância na qual o soluto será dissolvido. A água é o solvente mais utilizado; Diluição É a adição de solvente em uma solução com o objetivo de diminuir a concentração do soluto; Concentração Expressa a relação entre a quantidade de soluto e a de solvente em uma solução; Solução estoque Solução concentrada que pode ser armazenada em volume menor e ser diluída de acordo com a necessidade de uso, para obtenção de solução de menor concentração. As expressões utilizadas para mostrar a concentração de uma solução são o percentual, a molaridade e a molalidade. Ao fazer os cálculos, é preciso que as unidades de volume e concentração permaneçam iguais. A União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) e o Sistema Internacional de Unidades (SI) consideram o mol como quantidade de matéria de uma solução, independentemente de estar se referindo aos átomos, íons ou moléculas. Por isso, na rotina, a concentração é comumente referida em molaridade. Molaridade é a concentração de matéria presente em uma solução, expressa em mols por litro de solução. O mol (M) de uma substância corresponde ao seu peso molecular em gramas. Para calcular o peso molecular de uma molécula, basta recorrer à tabela periódica. Veja o exemplo em que Na = 22,98 e Cl = 35,45. O peso molecular da molécula NaCl é: 22.98 + 35,45 = 58,43 (1) M é o número de mol do soluto/ volume da solução (L). Molalidade é a quantidade de soluto em mol por 1 kg de solvente, e é expressa em termos de quantidade de matéria por massa, ou seja, mol por quilograma (mol/kg). As soluções expressas em porcentagem se baseiam em 100 ml de solução ou em 100 g de soluto (peso/ volume). Também podem ser usadas as porcentagens em peso de soluto por 100 g de solução (peso/ peso) e de volume do soluto por volume da solução (volume/ volume). FATOR DE DILUIÇÃO Outro termo bastante utilizado na rotina dos laboratórios é o fator de diluição, que se refere ao procedimento usado preparar soluções de menor concentração a partir de uma solução mãe, de concentração mais alta. Para fazer uma diluição, é necessário que um volume pequeno da solução mãe seja adicionado a uma quantidade conhecida de solvente, de modo a se obter uma solução com menor quantidade de soluto. Para calcular o valor de diluição é preciso usar a fórmula: C1 · V1 = C2 · V2 Em que: • C1 é a concentração antes da diluição; • V1 é o volume antes da diluição; • C2 é a concentração após a diluição; • V2 é o volume após a diluição. Observando que as unidades de volume e concentração sejam sempre as mesmas a quantidade de solvente a ser adicionada é igual a V2 - V1. Em geral, o fator de diluição é expresso da maneira: • 1: 10 ou 10-1 – uma parte de soluto e 9 partes de solvente; • 1: 100 ou 10-2 – uma parte de soluto e 99 partes de solvente; • 1:1000 ou 10-3 – uma parte de soluto e 999 partes de solvente. DILUIÇÃO SERIADA É uma técnica que utiliza diluições progressivas a partir de uma solução mais concentrada, formando várias soluções de menor concentração, sendo a última solução produzida usada para produzir a próxima, de menor concentração. Veja o exemplo para fazer a diluição seriada de uma solução utilizando o fator de diluição 10, na Tabela 2. Tabela 2. Exemplo de diluição seriada. As diluições seriadas permitem realizar análises sorológicas para avaliar a titulação de anticorpos em amostras do paciente e para realizar a contagem de microrganismos. Também permitem realizar uma curva de concentração em escala exponencial ou logarítmica. Quando a amostra apresenta cor, é possível observar a mudança gradativa da cor, que vai se tornando mais clara a cada diluição. Figura 6. Frascos mostrando solução de diferentes concentrações, obtidas por diluição seriada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/02/2021. VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA? SINTETIZANDO O laboratório de Análises Clínicas realiza vários tipos de exames para subsidiar o diagnóstico, bem como monitorar o surgimento de doenças por meio de rotina de profilaxia e acompanhamento da evolução de doenças e controle de cura. Os profissionais que atuam na realização desses exames, os laboratoristas, são os técnicos em laboratório e profissionais formados em Farmácia, Biomedicina e Medicina. O projeto arquitetônico do laboratório de análises clínicos deve valorizar, em primeiro lugar, a biossegurança, conforme determinado pelas regras da Avisa. A construção deve prever salas ou boxes de coleta de sangue, devendo ter uma área separada destinada às crianças, decorada com motivos infantis e brinquedoteca. Para coleta de secreções genitais, é necessário ter banheiro dentro da sala e, no caso de outras amostras, como medula óssea e líquido cefalorraquidiano, uma área de descanso. A escolha do mobiliário edos revestimentos deve priorizar materiais de fácil limpeza e resistentes aos desinfetantes. A segurança no laboratório é obtida por meio da adoção de práticas de biossegurança, as quais utilizam medidas de contenção primária, como o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva, imunização dos trabalhadores contra doenças infecciosas e boas práticas em laboratório. Já as medidas de contenção secundária dizem respeito ao projeto e construção do laboratório. Em casos de acidentes de trabalho no laboratório de análises clínicas, é necessário proceder os primeiros socorros e, em seguida, levar o trabalhador acidentado para atendimento médico. A Anvisa e a ABNT dispõem de regras sobre as medidas a serem tomadas pelos laboratórios nos casos de acidentes. O descarte dos resíduos sólidos de saúde merece atenção especial, conforme disposto pela Anvisa e pelo Conama. Eles precisam passar, ainda, no local onde foram produzidos, pelos processos de segregação e descontaminação, sendo mantidos em sacos ou coletores destinados especificamente para a classe de resíduos à qual pertençam: A, B, C, D ou E. Os sacos de lixos, por sua vez, precisam ficar dentro de recipientes resistentes à punctura e vazamentos. A coleta dos resíduos deve ser diária, sendo o transporte realizado por carrinhos específicos, sem sobrecarregar o funcionário que deverá conduzi-lo até uma sala de resíduos, onde ficará guardado até o momento de ser transportado para o ambiente de coleta externa. Os veículos coletores dos resíduos o levarão até o destino final, usualmente o aterro sanitário. O laboratório de análises clínicas possui vários equipamentos para a realização dos exames. A operação desses aparelhos precisa monitorar a calibração e fazer o rastreamento de possíveisnterferentes amostrais, que frequentemente ocorre durante a fase pré-analítica. Embora atualmente a maioria dos reagentes utilizados em laboratório já sejam adquiridos prontos para uso, há situações nas quais são necessários a realização de cálculos. No laboratório, os cálculos mais frequentes são para preparação de reagentes, e são feitos por meio da aplicação de regras de três para preparação de meios de cultura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ISO/TS 11139: Esterilização de produtos de atenção à saúde — Vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14785: laboratório clínico - requisitos de segurança. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7500: identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Rio de Janeiro: ABNT, 2017. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9191: sacos plásticos para acondicionamento de lixo - requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2000. BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n° 302, de 13 de outubro de 2005. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 out. 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2005/res0302_13_10_2005.html>. Acesso em: 23 fev. 2021. BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC n° 306, de 7 de dezembro de 2004. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 dez. 2004. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0306_07_12_2004.html>. Acesso em: 23 fev. 2021. BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC n° 50, de 21 de fevereiro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 fev. 2002. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/rdc0050_21_02_2002.html>. Acesso em: 23 fev. 2021. AUTOCLAVE - procedimento de operação. Postado por Ambiental Análise. (5 min. 16 s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tpPS5eF7x7g>. Acesso em: 23 fev. 2021. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Diretrizes para projetos físicos de laboratórios de saúde pública. 1. ed. Brasília, DF: FUNASA, 2004. 84 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_lab_saude.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes gerais para o trabalho em contenção com agentes biológicos. 2. ed. Brasília, DF: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 53 p. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/contencaocomagentesbiologicos.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora n° 6, de 6 de julho de 1978. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978. Disponível em: <https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-06.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2021. BRASIL. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama n° 237, de 19 de dezembro de 1997. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 dez. 1997. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. Acesso em: 23 fev. 2021. BRASIL. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama n° 5, de 5 de agosto de 1993. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 ago. 1993. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=6B83C8BB8CB6F9144FE5D273130FA3E9.proposicoesWebExterno2?codteor=15814 2&filename=LegislacaoCitada+- PL+1787/2003#:~:text=Os%20res%C3%ADduos%20s%C3%B3lidos%20pertencentes%20ao%20grupo%20%22A%22%20n%C3%A3o%20poder%C3%A3o%20ser,ambi ental%20e%20de%20sa%C3%BAde%20p%C3%BAblica.>. Acesso em: 23 fev. 2021. FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz. Gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde. [s. l.], [s. d.]. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/gerenciamento-residuos-servico-saude.htm>. Acesso em: 23 fev. 2021. LABORATÓRIO OSWALDO CRUZ. História das análises clínicas. [s. l.], [s. d.]. Disponível em: <http://www.oswaldocruz.com/site/historia-das-analises-clinicas>. Acesso em: 23 fev. 2021. BRASIL. OMS – Organização Mundial da Saúde. Descontaminação e reprocessamento de produtos para saúde em instituições de assistência à saúde. 1. ed. Genebra: Serviço de Produção de Documentos da OMS, 2016. Disponível em: <http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=6bMH2wHuBCw%3D>. Acesso em: 23 fev. 2021. RIBEIRÃO PRETO. Secretaria Municipal da Saúde. Guia prático de prevenção e orientação em casos de acidentes ocupacionais com material perfurocortante e exposição a risco biológico. 1. ed. Ribeirão Preto: Secretaria Municipal da Saúde/ Secretaria Municipal da Administração, 2019. 19 p. Disponível em: <https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/files/ssaude/pdf/guia-perfurocortante.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2021. TAVARES, A. M. Acidente por material biológico. Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado - FMT-HVD, [s. l.], [s. d.]. Disponível em: <http://www.fmt.am.gov.br/manual/acidente1.htm>. Acesso em: 23 fev. 2021. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2005/res0302_13_10_2005.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0306_07_12_2004.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/rdc0050_21_02_2002.html https://www.youtube.com/watch?v=tpPS5eF7x7g http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_lab_saude.pdf http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/contencaocomagentesbiologicos.pdf https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-06.pdf http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=6B83C8BB8CB6F9144FE5D273130FA3E9.proposicoesWebExterno2?codteor=158142&filename=LegislacaoCitada+-PL+1787/2003#:~:text=Os%20res%C3%ADduos%20s%C3%B3lidos%20pertencentes%20ao%20grupo%20%22A%22%20n%C3%A3o%20poder%C3%A3o%20ser,ambiental%20e%20de%20sa%C3%BAde%20p%C3%BAblica. https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=6B83C8BB8CB6F9144FE5D273130FA3E9.proposicoesWebExterno2?codteor=158142&filename=LegislacaoCitada+-PL+1787/2003#:~:text=Os%20res%C3%ADduos%20s%C3%B3lidos%20pertencentes%20ao%20grupo%20%22A%22%20n%C3%A3o%20poder%C3%A3o%20ser,ambiental%20e%20de%20sa%C3%BAde%20p%C3%BAblica.https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=6B83C8BB8CB6F9144FE5D273130FA3E9.proposicoesWebExterno2?codteor=158142&filename=LegislacaoCitada+-PL+1787/2003#:~:text=Os%20res%C3%ADduos%20s%C3%B3lidos%20pertencentes%20ao%20grupo%20%22A%22%20n%C3%A3o%20poder%C3%A3o%20ser,ambiental%20e%20de%20sa%C3%BAde%20p%C3%BAblica. https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=6B83C8BB8CB6F9144FE5D273130FA3E9.proposicoesWebExterno2?codteor=158142&filename=LegislacaoCitada+-PL+1787/2003#:~:text=Os%20res%C3%ADduos%20s%C3%B3lidos%20pertencentes%20ao%20grupo%20%22A%22%20n%C3%A3o%20poder%C3%A3o%20ser,ambiental%20e%20de%20sa%C3%BAde%20p%C3%BAblica. http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/gerenciamento-residuos-servico-saude.htm http://www.oswaldocruz.com/site/historia-das-analises-clinicas http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=6bMH2wHuBCw%3D https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/files/ssaude/pdf/guia-perfurocortante.pdf http://www.fmt.am.gov.br/manual/acidente1.htm INSTRUMENTAÇÃO BIOMÉDICA UNIDADE 2 A rotina do laboratório de análises clínicas OBJETIVOS DA UNIDADE Explicar os tipos de amostras biológicas mais utilizados em análises clínicas; Descrever as formas de obtenção de amostras de urina, secreção urogenital e de sangue; Explicar as técnicas de coleta de sangue por punção capilar e venopunção de rotina; Caracterizar as fases de análises clínicas laboratoriais: pré-analítica, analítica e pós-analítica; Discutir a RDC/Anvisa n. 302/2005; Explicar os procedimentos para compra e caracterizar as vidrarias e descartáveis mais utilizados na rotina do laboratório de análises clínicas; Discutir a importância das validações dos métodos analíticos. TÓPICOS DE ESTUDO Amostras: tipo e formas de obtenção de amostras utilizadas no laboratório clínico // Amostras de urina // Amostras de secreção urogenital // Amostras de sangue Coleta de sangue: punção capilar e venopunção de rotina // Punção capilar // Venopunção de rotina Fases de análises clínicas laboratoriais RDC/Anvisa n. 302/2005 // Garantia e controle da qualidade Vidrarias e descartáveis // Equipamentos e vidrarias utilizados para coleta de sangue // Tubos de coleta a vácuo Validações dos métodos analíticos Amostras: tipos e formas de obtenção de amostras utilizadas no laboratório clínico Os exames realizados nos laboratórios de análises clínicas utilizam amostras biológicas coletadas do paciente que serão submetidas a procedimentos analíticos, cujos resultados permitem inferir seu estado de saúde. Qualquer parte obtida do corpo do paciente pode ser objeto de exames analíticos e, portanto, constituir uma amostra biológica, como, por exemplo, uma amostra de cabelo, de tecido, o fragmento de uma ferida, uma amostra de escarro, de sangue etc. A qualidade dos serviços prestados nos laboratórios de análise clínicas está associada a diversos fatores, entre os quais a qualidade da amostra a ser submetida ao procedimento analítico. • Os tipos de amostras biológicas mais utilizados para monitorar a saúde das pessoas são: • Sangue: sangue total, plasma e soro; • Líquidos corporais: liquor cefalorraquidiano (LCR), líquido pleural, líquido amniótico etc.; • Secreções corporais: escarro, esperma, secreção genital, secreção da uretra etc.; • Urina; • Fezes; • Tecidos: biópsias, raspagens etc. A coleta da amostra já faz parte do procedimento analítico, compreende uma das várias etapas da fase pré-analítica e merece todo o cuidado e atenção para não comprometer a qualidade do resultado. O tipo de obtenção da amostra é dependente da amostra que se pretende analisar. Assim, fezes, escarro, esperma e urina são obtidos pelo próprio paciente, após as devidas instruções. Já outras amostras, como o sangue, exigem coleta de um profissional especializado – o flebotomista – e poderão ser realizadas no laboratório ou no domicílio. Há também casos nos quais a amostra somente pode ser obtida por intervenção médica, como a coleta do liquor cefalorraquidiano. Independentemente de quem realiza a coleta da amostra biológica, o procedimento requer preparação do paciente, a fim de que o resultado seja o mais confiável possível. A qualidade da amostra depende também das condições de transporte do material biológico, de modo a preservar sua qualidade e viabilidade e garantir, assim, que os resultados na fase analítica sejam confiáveis. Condições como tempo e temperatura de acondicionamento e transporte até o laboratório, ou meio de transporte para preservar a amostra, podem ser determinantes para a confiabilidade do resultado, sobretudo em exames microbiológicos. Existem critérios que, se não forem atendidos, poderão resultar na rejeição da amostra pelo laboratório. No entanto, amostras consideradas nobres, como liquor cefalorraquidiano e material obtido por biópsias, poderão ser aceitas mesmo apresentando problemas, desde que sejam devidamente registrados para serem considerados na emissão do laudo e interpretação do resultado (Quadro 1). ª Evitar swab transportado em tubo seco estéril, pois o tempo de espera pode levar ao ressecamento excessivo do material e perda da viabilidade de alguns microrganismos; b Para rotinas automatizadas, não incubar o frasco em estufa comum – deixar em temperatura ambiente até incubação no equipamento; c Meio Cary Blair para transporte de fezes, com pH 8,4, apresenta boa recuperação para Vibrio sp. e Campylobacter sp. Se a amostra não for entregue no laboratório em uma hora, conservar em geladeira de -4 a 8 ºC, no máximo por um período de 12 horas. Marcar a data e horário da coleta. Quadro 1. Condições de transporte para diferentes amostras biológicas a serem analisadas por cultura de microrganismos: tempo, temperatura e meio de transporte. Fonte: BRASIL, 2013a, p. 17. (Adaptado). Quando a amostra for ser coletada em casa, é importante que o paciente ou seu responsável seja devidamente instruído quanto aos procedimentos necessários para garantir sua qualidade. Então, o profissional que receber a amostra deverá identificá-la de forma correta e legível. O sistema de gestão da qualidade do laboratório deve disponibilizar, por meio da tecnologia da informação (TI), um programa que permita o cadastro e registro de datas, horários, locais e responsáveis pela coleta ou por seu recebimento, a fim de garantir sua rastreabilidade (SBPC/ML, 2013). AMOSTRAS DE URINA Existem vários tipos de exames de urina, que são capazes de diagnosticar gestação, doença metabólica, presença de drogas e microrganismos na urina etc. Os exames mais utilizados são o exame de rotina e a urocultura. O exame de urina de rotina, também chamado tipo I e urinálise, inclui, além do exame físico, as análises químicas e microscópicas. Trata-se de um teste de triagem, capaz de fornecer informações para ajudar no diagnóstico de doenças renais e nas vias urinárias, além de processos irritativos, inflamatórios ou infecciosos. O exame de urina de rotina também é útil no diagnóstico de distúrbios metabólicos, como diabetes e do equilíbrio ácido-básico. Algumas condições mórbidas não associadas diretamente aos rins ou vias urinárias, como hemólise intravascular e algumas doenças hepáticas e de vias biliares, também levam a alterações no exame de urina de rotina (SBPC/ML, 2013). CONTEXTUALIZANDO Gravuras clássicas mostram que o exame de urina é considerado o marco inicial da medicina laboratorial. Usando como métodos analíticos apenas os órgãos dos sentidos, os médicos observavam a cor, turbidez, odor, volume, viscosidade e até o sabor da urina para auxiliar no diagnóstico de doenças. O fato de a urina de alguns pacientes atraírem insetos era usado para inferir o sabor adocicado. A urocultura, urinocultura ou cultura da urina é o exame que permite identificar contaminação das vias urinárias por microrganismos,já que a bexiga e os rins são ambientes estéreis. A espécie de bactéria identificada nesse exame é expressa numericamente pelo número de unidades formadoras de colônias (UFCs) e a sensibilidade e resistência aos antibióticos. As amostras de urina podem ser coletadas de diferentes formas, de acordo com o tipo de exame para o qual se destinam. Embora não seja necessário preparar o paciente para a coleta de urina, é importante lembrar que algumas características da urina se modificam ao longo do dia. A composição da urina é influenciada pelo tempo de jejum e composição da dieta, bem como pela realização de atividade física e uso de alguns medicamentos. Por isso, na hora da interpretação dos resultados, esses fatores precisam ser considerados. Dessa maneira, as condições ideais para a coleta de urina são, no mínimo, duas horas após a última micção e seis horas após realização de atividade física intensa. As amostras mais utilizadas para exame de urina de rotina são obtidas por coleta aleatória, da primeira ou da segunda urina da manhã. Existem, porém, algumas particularidades associadas à coleta, como a necessidade de antissepsia da região da uretra, a qual jato coletar e a situações que envolvam falta de controle do paciente sobre a micção. Amostra aleatória Mais utilizada pela facilidade de coleta e comodidade para o paciente, já que pode ser coletada a qualquer momento, desde que o horário da micção seja informado e registrado na etiqueta do frasco. Caso o resultado apresente anormalidades decorrentes da ingestão de alimentos ou realização de atividade física antes da coleta, será necessário coletar nova amostra de urina em condições mais controladas. A amostra aleatória pode ser utilizada em exames de rotina; Primeira amostra da manhã Por ser mais concentrada, essa é a amostra ideal para o exame de urina de rotina e detecção de substâncias químicas e elementos formados que podem escapar à observação quando a amostra está diluída, como na amostra aleatória. Também é indicada para a urocultura. Nesse caso, o paciente deverá realizar a antissepsia da região da uretra antes da coleta da amostra. Ele deverá desprezar o primeiro jato de urina para eliminar os microrganismos presentes na uretra e coletar, em frasco estéril, amostra do segundo jato; Segunda amostra da manhã Indicada para minimizar eventuais interferências dos metabólitos provenientes da refeição na noite anterior. O paciente deve coletar a segunda amostra da manhã em jejum e após ter desprezado a primeira micção; Amostra de primeiro jato Coletada quando se suspeita de microrganismos na uretra, como Trichomonas vaginalis e Neisseria gonorrhoeae. A amostra deverá ser coletada após a higiene dos genitais externos, em frasco estéril, tomando-se o cuidado de coletar apenas o volume do primeiro jato da micção, que leva consigo os microrganismos que porventura se encontrem na uretra. A urina assim colhida pode ser concentrada e observada à microscopia ou cultivada; Amostra de segundo jato Destina-se a investigar microrganismos na bexiga e nos rins. O paciente deve realizar assepsia antes da micção, desprezar o primeiro jato para eliminar os contaminantes da uretra e coletar o jato médio da urina; Urina de 24 horas Consiste na coleta da urina durante 24 horas, para avaliar, entre outras, a função de filtração urinária por meio da depuração da creatinina, ou a excreção urinária de certos metabólitos, como o ácido vanilmandélico, cuja dosagem é importante na avaliação de causas de hipertensão arterial. A coleta de amostras de urina em pacientes que não apresentam controle da micção, como as crianças, poderá ser realizada mediante utilização de saco coletor plástico com adesivo. Em condições extremas, a amostra poderá ser coletada mediante procedimentos invasivos, devendo-se avaliar os riscos e benefícios: CATETERISMO VESICAL Que consiste em introduzir um cateter pela uretra até à bexiga. A amostra assim obtida é ideal para urocultura e permite o diagnóstico diferencial entre cistite e glomerulonefrite; PUNÇÃO SUPRAPÚBICA Pela introdução de uma agulha para aspirar a urina diretamente da bexiga, devendo ser avaliado o risco-benefício (SBPC/ML, 2013). Quando a amostra de urina é coletada em casa, deverá ser encaminhada ao laboratório no máximo duas horas após, podendo permanecer na geladeira nesse período. A amostra de urina para exame de rotina permite o uso de conservantes como timol, formaldeído, ácido bórico, tolueno, fenol e fluoreto de sódio. Ela também pode ser refrigerada. Existem situações nas quais a coleta de urina para exames laboratoriais deverá ser realizada durante 24 horas. Sempre que for possível, deve-se evitar a coleta de amostra de urina durante o período menstrual – e, se impossível, considerar a utilização de um tampão vaginal durante a coleta. Recomenda-se utilização de frasco coletor descartável, limpo, não havendo necessidade de estar estéril. AMOSTRAS DE SECREÇÃO UROGENITAL As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) continuam representando um sério problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A análise das amostras de secreção urogenital permite o diagnóstico laboratorial de muitas delas, assim como de quadros infecciosos decorrentes do desequilíbrio da microbiota da vagina. As amostras de secreção endocervical, uretral e anal são as mais indicadas para diagnóstico de infecção genital de mulheres, sendo que a combinação da análise das duas primeiras amostras aumenta a possibilidade de diagnóstico de Neisseria gonorrhoeae ou Chlamydia trachomatis. https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4574.87863/content/_5265499_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4574.87863/content/_5265499_1/scormcontent/index.html Quando pretende-se pesquisar Trichomonas vaginalis, Gardnerella vaginalis e Candida sp. em crianças e mulheres histerectomizadas, a amostra mais indicada é a secreção vaginal. Os procedimentos analíticos mais utilizados são a análise microscópica convencional em amostras a fresco para pesquisa de T. vaginalis e Candida; e a coloração de Gram – bacterioscopia –, para pesquisa de bactérias gram-positivas e gram-negativas. As amostras obtidas poderão ser semeadas em cultura em meios apropriados ao crescimento e/ou isolamento das bactérias mais frequentemente associadas às infecções urogenitais: Ágar MacConkey Meio seletivo para pesquisa de bactérias gram-negativas; Ágar sangue Meio enriquecido, permite o crescimento de bactérias gram-positivas, gram-negativas e fungos. Amostras positivas deverão ser submetidas a testes complementares usando meios seletivos, provas bioquímicas e sorológicas etc.; Ágar chocolate Meio enriquecido usado para favorecer o crescimento de diversos microrganismos fastidiosos como Haemophilus spp. e Neisseria spp.; Ágar Thayer-Martin Para realizar o isolamento e cultivo de Neisseria gonorrhoeae e Neisseria meningitidis. Mais recentemente, são utilizados os métodos de biologia molecular para diagnóstico de C. trachomatis: captura híbrida e testes de amplificação de ácido nucleico, sendo o primeiro disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o rastreio dessa bactéria, que não é visível na microscopia óptica comum. Quadro 2. Amostras de secreção urogenital. // Coleta de secreção da mulher As amostras de secreção genital da mulher são coletadas com auxílio de espéculo não lubrificado e diferentes swabs, que são introduzidos e movimentados por rotação em diferentes regiões anatômicas. As amostras obtidas são introduzidas em tubos contendo os meios de cultura específicos para os microrganismos que se pretende pesquisar. Contudo, a interpretação dos resultados nem sempre é muito simples, já que a microbiota da vagina é bastante complexa. É recomendado que a mulher não faça uso de antissépticos, medicações tópicas, ducha ginecológicaou iodo (que é usado em exames citológicos ou ginecológicos) antes da coleta de secreções genitais para cultura. Também é necessário aguardar 48 horas após o período menstrual e se abster de relação sexual por 24 horas antes da coleta. A coleta de amostras da genitália externa (secreção vulvar em crianças) deve ser realizada antes do banho e da micção. A coleta das diferentes amostras (vagina, fundo de saco vaginal, colo uterino) deverá ser realizada após a higienização da região genital externa com água e sabão neutro. Então, o espéculo sem lubrificante deverá ser introduzido na vagina e, a seguir, o swab de algodão ou gaze para retirar o excesso de muco cervical. Então, as coletas de amostras de secreção poderão ser iniciadas, usando um swab para cada tipo de amostra e análise: Clique nas abas para saber mais SECREÇÃO VAGINAL As amostras são coletadas com swabs diferentes, uma para cada finalidade. Cada swab deverá ser introduzido e rodado por alguns segundos sobre o fundo do saco, retirado e devolvido ao tubo contendo o meio de cultura: meio de Stuart, para bactérias e fungos; e caldo Todd Hewitt, para Streptococcus agalactiae em amostra do introito vaginal. O swab seco é usado para confeccionar o esfregaço em lâmina de microscopia para bacterioscopia e exame a fresco; SECREÇÃO ENDOCERVICAL Cada swab deve ser inserido no canal endocervical até que a ponta não seja mais visível, rodado por alguns segundos, retirado com cuidado para evitar o contato com a parede vaginal e colocado no tubo contendo o meio. // Coleta de secreção do homem As amostras de secreção da uretra masculina são indicadas para diagnosticar uretrite gonocócica, clamídia, e, no exame a fresco, Trichomonas vaginalis, Gardnerella vaginalis e Candida sp. A coleta de amostra para pesquisa de Neisseria gonorrhoeae precisa ser seguida pela rápida semeadura em meio de cultura, uma vez que essa bactéria é muito sensível e pode morrer rapidamente. A amostra deverá ser coletada antes da primeira micção da manhã, ou, se não for possível, pelo menos duas horas após ter urinado. É necessário coletar a secreção com alça bacteriológica descartável ou swab estéril fino, desprezando as primeiras gotas; colocar a amostra em meio Stuart (de transporte); e realizar as lâminas para bacterioscopia e para análise a fresco. O meio de transporte deverá ser encaminhado imediatamente ao laboratório. A coleta de secreção da uretra de homens assintomáticos deve ser realizada após massagem prostática ou com pequeno swab inserido alguns centímetros na uretra. AMOSTRAS DE SANGUE O sangue é um tecido do corpo muito significativo em análises clínicas, por fornecer informações sobre o estado de saúde do paciente. Ele contém uma parte formada por elementos figurados, que são as células; e outra parte líquida, na qual se encontram diversos solutos. https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4574.87863/content/_5265499_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4574.87863/content/_5265499_1/scormcontent/index.html A amostra de sangue é dividida em três diferentes espécimes, de acordo com a presença ou ausência de células e de fibrinogênio: sangue total, plasma e soro. Para realização de exames de sangue, a amostra coletada sem uso de anticoagulante é centrifugada, de modo a separar os elementos celulares do soro. Com a formação do coágulo, ocorre consumo do fibrinogênio e a consequente formação do plasma, que nada mais é que o soro livre de fibrinogênio. Por intermédio da centrifugação, é possível realizar essa separação e obter o soro. • Elementos figurados: Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos; Glóbulos brancos ou leucócitos; Plaquetas ou trombócitos. Parte líquida do sangue – 90% de água e 10% de solutos Plasma: parte líquida do sangue com o fibrinogênio, obtida em amostras coletadas em presença de anticoagulantes (EDTA, heparina, citrato de sódio e fluoreto de sódio/EDTA); Soro: parte líquida do sangue sem o fibrinogênio, obtida em amostras coletadas sem anticoagulantes, com ou sem gel separador e acelerador de coagulação. Figura 1. Tipos de amostra de sangue. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/02/2021. Os solutos encontrados no sangue são: Quadro 3. Solutos encontrados no sangue. A maioria dos exames requer amostra de sangue venoso. Contudo, o sangue arterial é necessário quando se deseja avaliar a gasometria (pH, concentração de bicarbonato e pressão parcial de CO2 no sangue) para auxiliar no diagnóstico de insuficiência renal, por exemplo. A coleta de sangue arterial é dolorosa e geralmente utilizada em pacientes internados. Amostra de sangue capilar é obtida por punção transcutânea para coleta de pequenos volumes de sangue, cujo teor de oxigênio é similar ao sangue arterial. Essa amostra é contraindicada para alguns testes, pela probabilidade de contaminação por microbiota da pele. Coleta de sangue: punção capilar e venopunção de rotina A coleta de sangue ou flebotomia é feita por um profissional treinado para essa finalidade, o flebotomista. Trata-se de um procedimento invasivo, associado a acidentes de trabalho e que pode provocar reações adversas no paciente. Antes de iniciar a coleta, deve-se certificar que todo o material a ser utilizado está disponível. Os materiais descartáveis deverão ser abertos na frente do paciente. Quadro 4. A coleta de sangue e as normas de biossegurança. Fonte: BRASIL, 2010, p. 12. (Adaptado); Shutterstock. (Adaptado). Acesso em: 28/02/2021. PUNÇÃO CAPILAR A principal indicação de coleta de sangue por meio da punção capilar ou transcutânea é para crianças e neonatos. Para os adultos, é indicada para os que sofreram queimaduras, os muito obesos, idosos, com veias pouco visíveis e que apresentam tendência à trombose. Por outro lado, pacientes com desidratação ou circulação colateral reduzida não devem ser submetidos à coleta de sangue capilar, pois têm maior dificuldade em obter quantidade suficiente de sangue capilar. A amostra obtida por punção capilar consiste em uma mistura de fluidos intersticial e intracelular e de sangue proveniente das arteríolas, vênulas e capilares. A pressão nas arteríolas faz com que a amostra coletada por punção capilar contenha maior proporção de sangue arterial que de sangue venoso. Além disso, o aquecimento da região de coleta para facilitar a obtenção de maiores volumes da amostra aumenta em até sete vezes a proporção de sangue arterial na amostra. A coleta de sangue capilar pode ser realizada por meio de: Clique nas abas para saber mais INCISÃO Usando equipamentos que cortam o tecido de modo a se obter, em uma única incisão, quantidade suficiente de sangue. A incisão provoca menos dor e menor probabilidade de lesionar a pele ou provocar hemólise da amostra; PUNÇÃO Usando aparelhos que perfuram verticalmente a pele, sendo mais apropriados para pacientes que realizam múltiplas coletas, tais como monitoramento de glicose ou acompanhamento de bilirrubina neonatal (SBPC/ML, 2013). Quadro 5. A coleta de sangue e as normas de biossegurança Fonte: CEARÁ, 2013, p. 109. (Adaptado). ASSISTA https://www.youtube.com/watch?v=PNcnW1YU1ks A coleta de sangue por punção capilar é indicada para crianças. Para saber mais, assista ao vídeo Extração de sangue por punção capilar. VENOPUNÇÃO DE ROTINA A coleta de sangue venoso pode ser realizada por punção de qualquer veia dos membros superiores que apresentem bom calibre, estejam íntegras e sejam flexíveis. Por isso, deve-se evitar áreas com trombose, cujas veias são mais rígidas. Ao escolher a veia a ser puncionada, deve-se evitar as áreas que apresentem cicatriz de queimadura e seus entornos, bem como aquelas que apresentem hematomas. As regiões próximas àquelas que sofreram procedimentos cirúrgicos, como mastectomia e cateterismo, também devem ser evitadas. As veias mais indicadas
Compartilhar