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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS FMU Marcelo Henrique de Oliveira Domingues RA 1685750 Atividade Prática Supervisionada Direito de Posse e Propriedade e Ritos Especiais São Paulo 2022 CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS FMU Atividade Prática Supervisionada Direito de Posse e Propriedade e Ritos Especiais Marcelo Henrique de Oliveira Domingues RA 1685750 Atividade Prática Supervisionada Anos referente a matéria Direito de Posse e Propriedade e Ritos Especiais Professora Dra. Juliana Leandra Maria Nakamura Guillen Desgualdo São Paulo 2022 PARECER DO CASO A ALINE OCUPAÇÃO DE IMÓVEL E ESBULHO POSSESSÓRIO DE FORMA PRECÁRIA E ILEGAL, TÍTULO DE DANO MATERIAL E TÍTULO DE LUCROS CESSANTES. I – RELATÓRIO ALINE, NA QUALIFICAÇÃO DE REQUERENTE é possuidora de uma pequena propriedade localizada na cidade de São Paulo, na qual habita por cerca de 5 anos. O terreno é constituído em sua acessão por um pequeno pomar, da qual se faz a produção de laranjas. Antes do início de obras, a requerente realizou uma viagem de urgência à Minas Gerais, devido a grave doença que acometeu sua progenitora, que deveria durar um período de 2 meses. Sendo assim, Aline comentou sobre a viagem com seus vizinhos, dentre os quais, JOÃO PAULO, NICE, MARCOS e ALEXANDRE, solicitando que eles “olhassem” o imóvel durante sua ausência. Passado o período da viagem, a requerente retornou para São Paulo, e para sua surpresa constatou que os REQUERIDOS JOÃO PAULO e NICE, ocuparam seu imóvel, e nele fixaram moradia, ao entender que ALINE não retornaria ao local. Os requeridos danificaram o telhado da casa em uma tentativa de instalar uma antena de “pirata” de televisão a cabo, o que, por ocasião das fortes chuvas que ocorreram na cidade, ocasionou graves infiltrações, constituindo um esfacelo avaliado em R$ 6.000,00 (Seis Mil Reais). Outrossim, os requeridos colheram e realizaram a venda de boa parcela das laranjas do pomar, gerando prejuízo estimado no montante de R$ 19.000,00. II – FUNDAMENTAÇÃO O primeiro ponto a se debater sobre o caso é o fato anterior a invasão do imóvel, que cumpria sua função social como é estabelecido pela Constituição Federal de 1988. A Requerente fazia uso de sua propriedade, tornando-a produtiva economicamente fazendo uso social dela. Seguimos o exemplo de Flavio Tartuce: “a propriedade é o direito que alguém possui em relação a um bem determinado. Trata-se de um direito fundamental, protegido no art. 5.º, inc. XXII, da Constituição Federal, mas que deve sempre atender a uma função social, em prol de toda a coletividade. A propriedade é preenchida a partir dos atributos que constam do Código Civil de 2002 (art. 1.228), sem perder de vista outros direitos, sobretudo aqueles com substrato constitucional (TARTUCE, Direito Civil Vol. 4, pág. 79). Em razão dos fatos narrados, é evidente que fora comprovado o acontecimento do esbulho possessório, no qual fica explicito a perda da Requerente na posse de seu bem, sob a forma clandestina e ilegal, que fora definido pelo Art. 561 do Código de Processo Civil. A Requerente tem, portanto, o direito da reintegração da posse do imóvel, ocasionada pela posse de má-fé e injusta que fora praticada pelos Requeridos, conforme o que fora disposto nos art. 1200 e 1201 do Código Civil. “Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.” “Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.” A reintegração de posse do imóvel ocorre em um prazo inferior ao que fora estabelecido pelo art. 558 do Código de Processo Civil: “Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.” Portanto deve ser pleiteado a adoção do procedimento do art. 560 do Código de Processo Civil: “O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.” Além de tais fatos, fica evidenciado que a parte requerida avariou o imóvel em sua tentativa de instalar uma antena pirata no telhado, gerando infiltrações graves na decorrência de grandes chuvas ocorridas no intervalo de tempo. Diante desse fato discorro sobre as responsabilidades da posse nessa situação. A responsabilidade do possuidor de má-fé é de caráter objetivo, sendo independente de culpa. O art. 1218 do Código Civil codifica: “O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.” Sendo assim, mesmo que o dano gerado ao imóvel tenha sido ocasionado por fato acidental, devido a posse ser de má-fé, os Requeridos devem realizar uma justa reparação a títulos de danos. Deve-se dizer também ao fato comprovado dos indivíduos estarem obtendo como ganho e vantagem econômica explicita com a realização da venda dos frutos, as laranjas que existem no pomar da residência, gerando prejuízo a Requerente. Assim sendo, com a fundamentação do art. 1216 do Código Civil deverá ocorrer reparação a título de lucro cessantes: “O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.” Em relação aos artigos emanados, existindo cumulação objetiva dos pedidos é possível, conforme os incisos I e II do art. 555 do Código de Processo Civil: “É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - Condenação em perdas e danos; II - Indenização dos frutos.” Em vista dos fatos, analisa-se o fato que a Autora possui a posse justa anterior dos réus, que a mantem de forma irregular, usando como artificio um ato clandestino, tornando a posse injusta e de má-fé. No livro Manual de Direito Civil Volume Único, o Dr. Flavio Tartuce esclarece de forma clara como a lei entende casos com a presença de vícios objetivos, tratado no art. 1200 do Código Civil. Assim sendo se confirma o uso da Posse injusta pelos Requeridos, pois ela apresenta vícios, pois foi adquirida através de ato clandestino e posteriormente precário. O ato clandestino tomou forma durante a obtenção às escondidas da propriedade da Requerente, sob caráter oculto, à surdina ao imaginar que a dona do imóvel não mais retornaria a sua propriedade. Não existe o elemento de violência, mas sim de invasão de imóvel que cumpria sua função social. Após tomar conhecimento da situação, a clandestinidade não possui mais fim para seu efeito, passando a ser uma posse precária, uma vez que fora obtida sob uso de abuso de confiança, não existindo vontade por parte do invasor de devolver a posse da propriedade para seu legítimo detentor. Basta apenas a presença de um dos critérios da taxatividade imposta pelo art. 1200 do Código Civil para que a posse seja caracterizada como injusta, não existindo a necessidade de cumulação. III – CONCLUSÃO Tendo em análise todos os pontos acima expostos, opino, no caso concreto, que deve existir uma liminar de ação possessória para a reintegração de posse provisória da autora. Os requeridos devem também realizar o pagamento a título de indenização dos danos ocasionados ao telhado do imóvel e matérias emergentes a ser empregado em sua correção. Os requeridos devem realizar o pagamento de indenização, relacionado aos títulos de lucros cessantes dos frutos que foram colhidos e vendidos do pomar do imóvel da Requerente. A causa então dá-se o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cincomil reais), nos termos do art. 292, inciso VI, do Código de Processo Civil. É o parecer. S.m.j. São Paulo, SP, 23 de abril de 2022. Advogado XXXXXXXXX OAB/SP XXXXXX Bibliografia Tartuce, Flávio. Direito Civil - Direito das Coisas - Vol. 4. Disponível em: Minha Biblioteca, (13ª edição). Grupo GEN, 2021. Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil - Volume Único. Disponível em: Minha Biblioteca, (11ª edição). Grupo GEN, 2020. Vade Mecum JusPodivm. – 11. Ed. Revisada, Atual e Ampliada. – São Paulo: JusPodivm, 2022.
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