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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIENCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE QUIMICA SÃO CARLOS MAIO DE 2015 Cássio Mendes da Silva 507873 Josilei da Silva Ferreira 508039 Influência da Temperatura na Hidrólise do Acetato de Etila Laboratório de Físico-Química Prof. Dr. José Mario de Aquino 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 5 3. MATERIAIS E METODOLOGIA .............................................................................. 6 3.1. Materiais e reagentes ............................................................................................. 6 3.2. Procedimento experimental ................................................................................... 6 3..2.1. Preparação das soluções ............................................................................... 6 3.2.2. Reação de hidrólise ......................................................................................... 6 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 7 5. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 10 6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 12 3 1. INTRODUÇÃO A reação de hidrólise do acetato de etila, mostrada abaixo, pode ser catalizada tanto em meio ácido quanto em meio alcalino com considerável aumento em sua velocidade. 𝐻3𝐶𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 + 𝐻2𝑂(𝑙) → 𝐻3𝐶𝐶𝑂𝑂𝐻(𝑎𝑞) + 𝐶2𝐻5𝑂𝐻 Trata-se de uma reação reversível, de modo que podemos escrever a lei de velocidade da seguinte maneira: − 𝑑[𝐸𝑡𝐴𝑐] 𝑑𝑡 = 𝑘1[𝐸𝑡𝐴𝑐][𝐻2𝑂] − 𝑘2[𝐸𝑡𝑂𝐻][𝐻𝐴𝑐] Se considerarmos uma solução diluída, de tal forma que tenhamos [H2O] constante e tomarmos um tempo t inicial onde não temos [EtOH] e[HAc] significativos passamos a ter uma reação de pseudo primeira ordem: − 𝑑[𝐸𝑡𝐴𝑐] 𝑑𝑡 = 𝑘1 ′ (1) As constantes de velocidade da maior parte das reações aumentam com o aumento da temperatura do sistema, assim observa-se experimentalmente que em muitas reações, o gráfico de ln k em função de T-1 corresponde a uma reta. Este comportamento exprime matematicamente dois parâmetros: ln A, o fator pré-exponencial como sendo o coeficiente linear e − 𝐸𝑎 𝑅 , a energia de ativação como sendo o coeficiente angular. A energia de ativação, Ea, pode ser interpretada como uma barreira de energia potencial que varia no decorrer da reação química, como pode ser visto na imagem abaixo. Figura 1. Energia em função do caminho de reação. 4 O ponto mais alto no gráfico equivale à maior energia potencial, ou seja, a energia cinética mínima necessária para que os reagentes formem produtos. Um alto valor de energia de ativação indica uma grande dependência de k em relação à temperatura. No auge da reação ocorre o máximo da curva de energia potencial, onde as moléculas dos reagentes atingem um ponto de aproximação e de deformação tão grandes que uma pequena perturbação faz o sistema avançar no sentido de formar produtos. Essa configuração crítica dos átomos é denominada estado de transição. A teoria do estado de transição é uma tentativa de identificar os aspectos principais que governam o valor de uma constante de velocidade em termos de um modelo de eventos que ocorrem durante a reação. Essa teoria supõe que a reação ocorre em fase gasosa ou em solução. Sintetizando, dada uma reação em que se forme um complexo ativado em pré- equilíbrio: 𝐴 + 𝐵 ⇌ 𝐶‡ → 𝑃 A lei de velocidade será dada por: 𝑣 = 𝑘2[𝐴][𝐵] = 𝑘 ‡[𝐶‡] Como [C‡]=k‡K‡[A][B], do equilíbrio ficamos com: 𝑘2 = 𝑘 ‡𝐾‡ 𝑅𝑇 𝑝0 Quando consideramos a passagem pelo estado de transição temos k‡=κν, sendo κ o coeficiente de transmissão. Além disso, da função de partição do complexo ativado 𝐾‡ = 𝐾𝑏𝑇 ℎ𝜈𝐾‡ , sendo assim, a energia de Gibbs de ativação é dada por: ∆‡𝐺 = −𝑅𝑇 ln 𝐾‡ 𝑘2 = 𝑅𝑇𝐾 ∙ 𝐾𝑏𝑇 ℎ ∙ 𝑒 −∆𝐺‡ 𝑅𝑇 Como ∆‡G=∆‡H-T∆‡S, temos: ln ( 𝑘2 𝑇 ) = ln ( 𝐾𝑏𝜅 ℎ ) + ∆‡𝑆 𝑅 − ∆‡𝐻 𝑅𝑇 (2) E pela definição de energia de ativação: 𝑘2 = 𝐴 ∙ 𝑒 − 𝐸𝑎 𝑅𝑇 (3) De onde temos: ln 𝑘2 = ln 𝐴 − 𝐸𝑎 𝑅𝑇 (4) 5 2. OBJETIVOS Estudar a cinética da hidrólise do acetato de etila e a influência da temperatura sobre esta. 6 3. MATERIAIS E METODOLOGIA 3.1. Materiais e reagentes 1 bureta de 50mL 2 balões volumétricos de 500mL 1 copo de Becker de 500mL 1 pipeta volumétrica de 50mL 1 pipeta volumétrica de 5mL 1 pipeta graduada de 10mL 3 frascos de Erlenmeyer de 125mL 3 frascos de Erlenmeyer de 250 mL 1 cronômetro NaCl comercial Solução 1M de NaOH Ácido clorídrico Acetato de etila Solução de fenolftaleína Banho termostático Banho de gelo 3.2. Procedimento experimental 3..2.1. Preparação das soluções: Em um balão volumétrico de 500mL adicionou-se 125mL de uma solução estoque 0,25Mde NaOH e completou-se com água destilada até o traço de aferição, homogeneizando em seguida. Admitiu-se como verdadeira a concentração nominal. Em um outro balão volumétrico de 500mL com cerca de 200mL de água destilada, adicionou-se 40,8mL de ácido clorídrico concentrado e completou-se o volume do balão com água destilada até o traço de aferição, homogeneizando em seguida. Titulou-se o ácido clorídrico com a solução 0,25M de hidróxido de sódio, gastando os volumes de 3.2.2. Reação de hidrólise: Num primeiro momento, adicionou-se em um frasco de Erlenmeyer de 250mL com tampa, 100mL de solução 1M de HCl e 5mL de acetato de etila cronometrando a reação. Após 5 minutos em um outro frasco de Erlenmeyer de 250mL adicionou-se 100mL de solução ácida que foi climatizada à 35ºC, adicionou-se então 5mL de acetato de etila, cronometrando a reação à 35ºC. Após 10 minutos, em um terceiro frasco de Erlenmeyer de 250mL adicionou-se 100mL da solução ácida que foi climatizada à 45ºC, adicionou- se então 5mL de acetato de etila, cronometrando a reação à 45ºC. A cada 15 minutos de reação foram tomadas alíquotas do meio reacional que foram tituladas com solução 0,25M de hidróxido de sódio. 7 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Sabemos que a concentração de acetato de etila pode ser expressa por meio da concentração de ácido acético que está sendo formado e que esta última é proporcional ao volume de hidróxido de sódio utilizado na reação de neutralização, subtraindo-se o volume gasto na neutralização do ácido acético utilizado como catalisador, de modo que: 𝑉∞ = 𝑉𝑛𝑒𝑢𝑡 ∙ 100𝑚𝐿 104,6𝑚𝐿 + 1000𝑚𝐿 ∙ 𝐿−1 ∙ 25𝜌𝑡 0,25𝑚𝑜𝑙 ∙ 𝐿−1 Assim, de posse da densidade do acetato de etila em diferentes temperaturas pode- se chegar ao volume total de NaOH necessário para neutralizar toda a mistura reacional e, com isto, o volume gasto para neutralizar o ácido acético formado. A tabela abaixo apresenta os valores obtidos para V∞ e logaritmos naturais dos volumes gastos na neutralização do ácido acético para as diferentes temperaturas de reação. Tabela 1. Dados das obtidos por meio do acompanhamento do meio reacional. Vt, volume gasto na neutralizaçãono tempo t; Vinf, volume necessário para neutralizar todo o ácido produzido. t/s Vneut/mL Ln(V∞-Vt) 25ºC 35ºC 45ºC 25ºC 35ºC 45ºC 15 20,7 22,3 23,6 2,17 1,95 1,72 30 21,5 24,0 26,0 2,08 1,67 1,16 45 22,3 25,2 27,3 1,97 1,41 0,63 60 22,9 26,3 28,3 1,88 1,10 -0,13 75 23,5 27,1 28,6 1,79 0,79 -0,54 V∞ 29,5 29,3 29,2 A figura abaixo contém o gráfico obtido através dos valores apresentados e que exprimem as constantes de velocidade para cada caso. 8 Figura 2. Curvas para a obtenção das constantes de velocidade para cada meio reacional. Conhecendo os valores para as constantes de velocidade, explicitadas na figura acima como os coeficientes angulares das aproximações lineares, é possível obter os valores de ln k, dos quais podemos tirar as informações quanto a energia de ativação e a entalpia e entropia do estado de transição segundo as equações 2 e 3. T 298,2 308,2 318,2 T-1 0,00335 0,00325 0,00314 k 0,0064 0,0192 0,0387 lnk -5,05 -3,95 -3,25 lnk/t -10,75 -9,68 -9,01 A figura a seguir contém o gráfico obtido a partir destes dados e que auxiliam no cálculo das variáveis de interesse. y = -0,0064x + 2,2675 R² = 0,9993 y = -0,0192x + 2,2481 R² = 0,9985 y = -0,0387x + 2,3099 R² = 0,9942-0,60 -0,10 0,40 0,90 1,40 1,90 2,40 0 20 40 60 80 ln (V ∞ -V t) t/min 25ºC 35ºC 45ºC 9 A partir deste gráfico é possível a retirada de todas as informações de interesse. Primeiramente podemos reescrever a equação 4 de modo que podemos obter a energia de ativação: ln 𝑘2 = ln 𝐴 − 𝐸𝑎 𝑅𝑇 (4) Como podemos ver, o produto do coeficiente angular da reta com a constante R é igual a energia de ativação da reação e assim temos Ea da ordem de 71,1kJ∙mol-1. Podemos então, a partir da equação 2 obter a variação de entalpia e entropia do estado de transição. A figura abaixo apresenta a curva obtida a partir dos dados coletados. y = -8552,3x + 23,688 R² = 0,9883 -6,00 -5,00 -4,00 -3,00 -2,00 -1,00 0,00 0,00310 0,00315 0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 ln k T-1/K-1 y = -8244,4x + 16,958 R² = 0,9874 -12,00 -10,00 -8,00 -6,00 -4,00 -2,00 0,00 0,00310 0,00315 0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 ln (k /T ) T-1/K-1 10 Temos que o coeficiente angular da reta corresponde ao quociente da variação de entalpia do estado padrão pela constante R, de modo que o valor para a variação da entalpia do estado de transição será dada por: − ∆‡𝐻 𝑅 = −8244,4𝐾 ∆‡𝐻 = 68,5𝑘𝐽 ∙ 𝑚𝑜𝑙−1 O coeficiente linear da equação corresponde a: ln ( 𝐾𝑏𝜅 ℎ ) + ∆‡𝑆 𝑅 Desta forma, obtemos o valor da variação de entropia do estado de transição rearranjando esta parte da equação. ∆‡𝑆 = 𝑅 [− ln ( 𝐾𝑏𝜅 ℎ ) + 16,958] ∆‡𝑆 = −50,78𝐽 ∙ 𝑚𝑜𝑙−1𝐾−1 11 5. CONCLUSÃO Foi possível constatar que a temperatura influencia na velocidade da reação de hidrólise do acetato de etila, além disso, foi possível ainda, pelo proposto, calcular os parâmetros termodinâmicos de interesse. 12 6. REFERÊNCIAS ATKINS, P. Físico-Química, volume 3, 7ª edição. Rio de Janeiro: LTC-Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 2004. AVERY, H.E. Cinética Química Básica y Mecanismos de Reacción. Barcelona, Reverté, 1977. CASTELLAN, G. Fundamentos de físico-química. Trad. de Cristina Maria Pereira dos Santos e Roberto de Barros Faria, Rio de Janeiro, Livros Técnico e científicos, 1986.
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