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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA – IFBA CAMPUS VITÓRIA DA CONQUISTA ENGENHARIA AMBIENTAL GABRIELA CARVALHO SILVA FICHAMENTO DOS ASSUNTOS: ADSORÇÃO E FILTRAÇÃO EM MEMBRANAS. 16/05/2022 VITÓRIA DA CONQUISTA – BA GABRIELA CARVALHO SILVA FICHAMENTO DOS ASSUNTOS: ADSORÇÃO E FILTRAÇÃO EM MEMBRANAS. Fichamento que deverá ser utilizado como método de avaliação na matéria de Operações Unitárias ministrada pela professora Me. Aline Magalhães. 16/05/2022 VITÓRIA DA CONQUISTA – BA Adsorção A adsorção é um fenômeno físico-químico onde o componente em uma fase gasosa ou líquida é transferido para a superfície de uma fase sólida. Os componentes que se unem à superfície são chamados adsorvatos, enquanto que a fase sólida que retém o adsorvato é chamada adsorvente. A remoção das moléculas a partir da superfície é chamada dessorção. Como o adsorvato concentra-se na superfície do adsorvente, quanto maior for esta superfície, maior será a eficiência da adsorção. Por isso geralmente os adsorventes são sólidos com partículas porosas (BORBA, 2006). Os compostos permanecem adsorvidos na superfície do adsorvente pela ação de diversos tipos de forças químicas como: ligações de hidrogênio, interações Dipolo-Dipolo, forças de London ou Van der Waals. Existem basicamente dois tipos de adsorção: a adsorção física ou fisiosorção e a adsorção química ou quimiosorção. No entanto, em certas ocasiões os dois tipos podem ocorrer simultaneamente (CHEREMISINOFF e ELLERBUSCH, 1978). A adsorção física ocorre por uma diferença de energia e/ou forças de atração, chamadas forças de Van der Waals, que tornam as moléculas fisicamente presas ao carvão. Estas interações têm um longo alcance, porém são fracas. A fisiosorção corresponde a uma interação de natureza puramente eletrostática entre a partícula e os átomos superficiais do sólido. Origina-se pela atração entre dipolos permanentes ou induzidos, sem alteração dos orbitais atômicos ou moleculares das espécies comprometidas. Recebe também o nome de adsorção de Van der Waals (DROGUETT, 1983). Propriedades do carvão ativado O carvão ativado é utilizado como adsorvente, catalisador ou suporte de catalisador. Na área de tratamento de efluentes é usado na adsorção em fase líquida, por exemplo, na adsorção de moléculas orgânicas que causam sabor, odor e toxicidade (LETTERMAN, 1999). Os carvões ativados são materiais carbonosos porosos que apresentam uma forma microcristalina, não grafítica, que sofreram um processamento para aumentar a porosidade interna. Uma vez ativado o carvão apresenta uma porosidade interna comparável a uma rede de túneis que se bifurcam em canais menores e assim sucessivamente. Esta porosidade diferenciada é classificada segundo o tamanho em macro, meso e microporosidades. A princípio, qualquer material com alto teor de carbono, denominado de agente precursor (A.P) pode ser transformado em C.A, por exemplo, cascas de coco, carvões minerais (antracita, betuminosos, linhito), turfas, madeiras, resíduos de petróleos. Atualmente são utilizados como agentes precursores, os caroços e cascas de oliva, cereja, damasco, pêssego, azeitonas e ossos de animais. Os carvões ativados podem ser preparados, ou manufaturados por uma variedade de métodos. Estes poderiam ou não envolver ácidos sintéticos, bases e outras substâncias num fluxo de gases ativantes tais como vapor (H2O), nitrogênio (N2) ou dióxido de carbono (CO2). O carvão ativado pode ser adquirido em pó ou granulado. Com o uso do carvão em pó (CAP) é necessário preparar adequadamente uma suspensão, que é adicionada, geralmente, na água bruta ou pré-oxidada, enquanto no uso do carvão ativado granular (CAG), têm-se colunas (filtros), após a filtração em ETAs (Estação de Tratamento de Afluentes) que tratam água superficial. A interação adsorvato/adsorvente na adsorção física é uma função da polaridade da superfície do sólido e da adsortividade. O caráter não polar da superfície no carvão ativado é fator preponderante na adsorção de moléculas não polares por um mecanismo não específico, podendo ser incrementada pela adequada modificação da natureza química da superfície do carvão. Equilíbrios de Adsorção e Isotermas de Adsorção Uma das características mais importantes de um adsorvente é a quantidade de substância que possa acumular ou possa ser retirada da superfície do mesmo. Uma maneira comum de descrever essa acumulação é expressar quantidade de substância adsorvida por quantidade de adsorvente (qe) em função da concentração de adsorvato (Ce) em solução. Uma expressão desse tipo é denominada de isoterma de adsorção (LETTERMAN, 1999.; OSCIK e COOPER 1982 ). O procedimento experimental para avaliar quantitativamente a adsorção através das isotermas é bastante simples: basta colocar em contato com a solução contendo o componente a ser adsorvido, com diferentes massas de adsorvente até atingir o equilíbrio. Após a filtração, pode-se obter a concentração de equilíbrio em solução (Ce em mg/L) e a quantidade de material adsorvido (q em mg/g). Cinética de Adsorção A cinética do processo de adsorção depende da velocidade (ou taxa) relativa entre as seguintes quatro etapas sucessivas. A cinética da adsorção é importante já que controla a eficiência do processo. Segundo Gupta (2006), existem diferentes modelos nos quais se pode ajustar a dados do processo de adsorção com relação ao tempo. Entre os principais e mais usados temos modelo de pseudo-primeira ordem e de pseudo segunda ordem. Filtração em Membranas A filtração em membranas, surgiu no contexto como única etapa de tratamento ou, no contexto de múltipla barreiras, implantada em conjunto com outras unidades responsáveis pela clarificação e/ou filtração das águas naturais. O tipo de unidade de filtração em membrana - micro, ultra ou nano filtração e osmose reversa vincula-se ao tamanho dos poros ou, em outras palavras, a sua função principal na adequação da água natural ao padrão de potabilidade. Como consequência, as características do afluente e a porosidade seja da membrana hão de governar a magnitude da pressão aplicada, também denominada pressão de filtração ou pressão de alimentação. Esta cresce à medida que a porosidade da membrana diminui, podendo superar 3500 kPa em sistemas de osmose reversa. De certa forma, o funcionamento dos filtros de membranas envolve três distintos escoamentos (ou fluxos): a vazão afluente (ou de alimentação), o efluente, que se denomina permeado, e a vazão de descarte contendo o material retido na membrana com a denominação de concentrado. Na significativa maioria das instalações o permeado é posteriormente submetido à desinfecção e, eventualmente, fluoretação e correção de pH. A medida que se sucede a retenção de material na superfície da membrana - fenômeno denominado foulingm similar à colmatação dos meios filtrantes tradicionais faz-se necessária a limpeza da membrana. Em diversas aplicações no tratamento das águas naturais, a filtração em membrana realiza-se praticamente como única etapa de tratamento sem aplicação de coagulantes, reduzindo significativamente a geração de lodo. Vale ainda ressaltar que o emprego da filtração em membrana não pressupõe diferença entre as densidades entre os sais e partículas removidos e a água, distintamente das etapas de clarificação e de alguns dos mencionados mecanismos de filtração. Aplicação e tipos de membranas Uma membrana sintética pode ser definida como filme fino sólido semipermeável, que separa duas soluções e que atua como barreira seletiva para o transporte de componentes destas soluções, quando aplicado algumtipo de força externa. As forças externas, que impulsionam a filtração através das membranas utilizadas em tratamento de água de consumo, são pressão e sucção (pressão negativa). Ressalta-se que na purificação de água para hemodiálise a força-motriz do processo de separação é a corrente elétrica. A produtividade do sistema depende do escoamento de água através da membrana que, por sua vez, é condicionada por uma série de fatores que, coletivamente, constituem a resistência da membrana à filtração, tais como: porosidade e espessura da membrana pressão de filtração governada pela porosidade e pelo objetivo - em termos dos parâmetros a remover - do emprego da tecnologia; características físicas, químicas e biológicas do afluente; viscosidade dinâmica da água; camada de material retido na superfície da membrana. As membranas mais utilizadas podem ser classificadas: membranas de microfiltração com poros de diâmetro nominal entre 0,1 e 10 pm, aptas a remover cistos e oocistos de protozoários, bactérias, algas, cianobactérias, zooplâncton e óxidos de ferro e manganês; membranas de ultrafiltração adequadas à separação de partículas de dimensões entre 0,001 e 0,02 pm e a remover substâncias de peso molecular entre 1000 e 2000 g/mol, incluindo coloides, compostos orgânicos solúveis e víms; membranas de nanofiltração passíveis de remover substâncias de peso molecular entre 200 e 1000 g/mol, diversos compostos químicos e íons (incluindo Ca+2 e Mg+2 responsáveis pela dureza); membranas de osmose reversa capazes de remover íons, sais dissolvidos e praticamente toda matéria orgânica, com peso molecular de corte inferior a 200 g/mol. Custos dos sistemas de filtração em membrana Os custos de implantação do sistema de filtração em membranas vinculam-se à própria configuração do sistema, às unidades de pré-tratamento existentes-estas dependentes das características do afluente -, às limitações do local, à estrutura que vai abrigar o sistema de filtração e ao custo das próprias membranas. Podem ser listados os critérios mais importantes para a redução do custo de operação e implantação de sistemas de micro ou ultrafiltração em membrana para unidades de grande porte (Côté; Simon; Mourato, 2001): utilizar membranas de fibras ocas de diâmetro mínimo para maximizar a área de filtração por volume unitário de polímero e de módulo, por meio dos quais o escoamento dá-se de fora para dentro, visando a maximizar a área de filtração exposta ao afluente; maximizar o comprimento das fibras para minimizar o consumo de resina de fixação das fibras, limitando a perda de carga no interior da fibra à fração muito pequena da pressão através da membrana; maximizar tamanho do bloco de membranas objetivando reduzir ao mínimo os pontos de conexão com equipamentos auxiliares e maximizar a densidade de empacotamento de módulos para reduzir a área ocupada por bloco; operar o sistema sem recirculação da água bruta e sem aeração para reduzir o consumo de energia; limitar a pressão de operação e a frequência de limpeza química objetivando reduzir consumo de energia e de produtos químicos e para prolongar ao máximo a vida útil das membranas. A comparação entre os custos dos sistemas de filtração em membranas e a tecnologia convencional de potabilização pauta-se essencialmente nas características da água bruta. Para o tratamento de águas oriundas de mananciais eutrofizados, que usualmente hão de requerer aplicação de carvão ativado em pó, a comparação entre estas tecnologias tenderá a tomar a filtração em membrana mais competitiva, em especial para sistemas de abastecimento de grande porte. Eficiência da tecnologia de filtração em membranas. Unidades de micro e ultrafiltração em membrana foram avaliadas no tratamento de águas das nascentes cársticas. Os estudos foram realizados em escala-piloto por um período de 15 e 12 meses, respectivamente, para a remoção de material particulado e alguns compostos orgânicos específicos (Atrazina, tricloroetano, tetracloroetano). Verificou-se bom desempenho para baixos valores de turbidez no afluente à membrana (0,1 - 4,6 uT). Para possibilitar a remoção de matéria orgânica natural e outros contaminantes orgânicos, realizou-se dosagem de carvão ativado em pó, obtendo-se resultados satisfatórios, tanto em termos de quantidade da água produzida, como de qualidade (Pianta et al., 1998). No Brasil, estudo avaliou o emprego da ultrafiltração em membrana, operando à pressão de 450 kPa e taxa de escoamento da ordem de 28 L/h.m2, no tratamento da água da Represa do Guarapiranga (São Paulo). Os resultados do monitoramento por período da ordem de 6300 h apontou remoção significativa de matéria orgânica, da ordem de 80 %, de turbidez e cor aparente - ambos em tomo de 93 % de 4 log para algas e de 100 % para coliformes totais e E. coli. Referências bibliográficas. LIBÂNIO, Marcelo. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 3ª edição, editora Átomo. p. 411-420. ADSORÇÃO EM CARVÃO ATIVADO E OUTROS MATERIAIS. Apostila, p. 34- 52.
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