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História da Ergonomia

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ORIGEM E EVOLUÇÃO DA 
ERGONOMIA
CD Lucio Machado
Ao longo da história humana os princípios da ergonomia foram
aplicados:
- Na substituição de trabalhos mais pesados para animais;
- Invenção de artifícios que facilitam o trabalho;
- Adaptação de postos de trabalho, segundo à proporção do
corpo humano e
- Utilização de adaptações que facilitam o melhor posicionamento
do corpo humano em suas atividades.
ORIGEM
A necessidade de adaptar os objetos artificiais e o ambiente
natural ao homem sempre existiu.
Esta percepção começou com o homem pré-histórico quando
usou lascas de pedra como instrumento do dia a dia para
fabricação de:
- Ferramentas;
- Armas e
- Produção artesanal(índios).
* Melhor adaptação do trabalho ao homem.
Mais tarde, a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial
houve maior preocupação com este problema – Trabalho/Homem.
As primeiras fábricas eram:
- sujas;
- Barulhentas;
- Perigosas;
- Escuras;
- Jornada era maior que 8 horas diárias e
- Sem férias.
Com o passar do tempo surgiram nos Estados Unidos estudos mais
sistemáticos sobre Ergonomia.
Em 1912 foi publicada a obra Princípios da Administração
Científica, defendia que o trabalho deveria ser realizado com:
- Critérios corretos e métodos corretos de execução do trabalho;
- Tempo determinado e
- Usando ferramentas adequadas.
*Os trabalhadores passaram a ser monitorados quanto a
produtividade e melhor desempenho.
Durante a 1ª Guerra Mundial, na Inglaterra (1914-1917), psicólogos
e fisiologistas prestaram valiosa colaboração para melhoria do
trabalho resultando:
- no aumento da produção de armamentos e
- na criação da Comissão de Saúde dos Trabalhadores na Indústria
de Munições – 1915.
Com o final da guerra modificou-se para Instituto de Pesquisa da
Fadiga Industrial, realizando diversas pesquisas relacionadas à
fadiga na indústria.
Em 1929 este Instituto se transformou em Instituto de Pesquisa
Sobre Saúde no Trabalho, elaborando pesquisas sobre:
- Postura no trabalho;
- Carga manual;
- Seleção;
- Treinamento; prevenção doenças
- Iluminação e
- Ventilação.
Houve grande avanço no trabalho interdisciplinar com os
conhecimentos em fisiologia e psicologia.
Na 2ª Guerra Mundial(1939-1935), muitos acidentes fatais
ocorreram com a construção de instrumentos bélicos relativamente
complexos:
- submarinos;
- Tanques;
- Radares e usados pela 1ª vez
- Aviões.
Exigiam habilidade do operador em condições ambientais
bastante desfavoráveis e tensas no campo de batalha.
Foi feito um esforço para adaptar estes instrumentos às
características e habilidades dos operadores.
Em 12 de julho de 1949, na Inglaterra, reuniram-se pela primeira
vez, um grupo de cientistas e pesquisadores, com objetivo de
instigar o novo ramo interdisciplinar da ciência.
Em 16 de fevereiro de 1950 foi proposta uma palavra nova para
este ramo da ciência - ERGONOMIA.
Ergon – trabalho Nomos – regras
Este nome já tinha sido criado pelo polonês Woitej Yastembowsky
em 1857.
A palavra Ergonomia alastrou-se na Europa, foi constituída a
Associação Internacional de Ergonomia, e em 1961 aconteceu o
primeiro congresso em Estocolmo.
Nos Estados Unidos foi criada a Humam Factors Society em 1957,
sendo o termo mais usual humam factors.
Este termo foi reconhecido como sinônimo de Ergonomia,
segundo LIDA, 1990.
CONCEITOS
Em 1961, em uma Revista Internacional do Trabalho, a
Ergonomia foi assim conceituada:
“Aplicação conjunta de algumas ciências biológicas para
assegurar entre o homem e o trabalho uma mútua e ótima
adaptação, com a finalidade de incrementar o rendimento do
trabalhador e contribuir para seu bem estar”
Em 1972, Wisner considera que Ergonomia “é o conjunto dos
conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a
concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser
utilizados com o máximo de conforto, de segurança e eficácia.”
Em 1983, Grandjean definiu Ergonomia como “o estudo do
comportamento do homem em seu trabalho, sendo o homem o
sujeito e objeto das relações de trabalho em seu ambiente.”
Segundo Grandjean a investigação ergonômica deve perseguir:
- Ajustar as exigências de trabalho às possibilidades do homem,
reduzindo a carga externa;
- Conceber as máquinas, equipamentos e as instalações pensando
na maior eficácia, precisão e segurança;
- Estudar a configuração dos postos de trabalho possibilitando ao
trabalhador uma postura correta e
- Adaptar o ambiente às necessidades físicas do homem.
Em 1983, Lomov e Venda, em função das várias denominações
utilizadas - ergonomia, ergologia, humam factors - disseram que
“qualquer que seja o nome utilizado, o que se pretende é o estudo
dos diferentes aspectos laborais com o propósito de otimizá-los.”
Em 1984, Clark define Ergonomia como o “estudo das
habilidades e características humanas que afetam o design dos
equipamentos, sistemas e atividades de trabalho, visando à
melhoria da eficiência, segurança e bem estar.”
Em 1988, para Christensem ergonomia é o “ramo da ciência e
tecnologia que inclui o que é conhecido e teorizado sobre o
comportamento e as características biológicas humanas que
podem ser aplicadas à especificação, design, operação e
manutenção de produtos e sistemas para aumentar a segurança.”
Em 1989, Castillo relaciona Ergonomia com o bem estar do
trabalho, dizendo que “não é somente a eliminação de obstáculos
que impeçam o bem fazer como também a promoção de sistemas
que ajudem a consegui-los.”
Em 1989, no IV Congresso Internacional de Ergonomia, adotou-se
o seguinte conceito:
“A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e
seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar
mediante a constituição de diversas disciplinas científicas que a
compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma
perspectiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação
do homem aos meios tecnológicos aos ambientes de trabalho e da
vida.”
Em 1989, uma definição concisa, fornecida pela Ergonomics
Research Society, da Inglaterra diz que “Ergonomia é o estudo do
relacionamento do homem e seu trabalho, equipamento e seu
ambiente.”
Para Guimarães, em 1994 “a ergonomia é uma nova ciência que
transcende a abordagem médica focada no indivíduo para a
participação da psicologia, engenharia industrial, desenho industrial,
desenho, etc..., para conceber, transformar ou adaptar o trabalho
às características humanas.”
Para Wilson, 1995, “ definições de ergonomia são aquelas que
dizem respeito ao design para uso humano, ou aquelas que se
relacionam com sistemas de condicionamento de máquinas e
atividades.”
Para Sawyer, 1996, “as soluções ergonômicas são divididas em
engenharia(equipamentos, mobiliário, posto de trabalho),
acompanhamento médico, controles administrativos( rodízio de
tarefas, pausas, redução da força utilizada, adequação da
produtividade ao número de empregados, redução da monotonia,
manutenção de equipamentos, mobiliário e postos de trabalho) e
treinamento em noções básicas de ergonomia.”
Em 1998, a Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, define
Ergonomia assim:
“É a disciplina científica que trata da compreensão das
interações entre os seres humanos a outros elementos de um
sistema, aplica teorias, princípios, dados e métodos à projetos que
visam otimizar o bem estar humano e a performance global dos
sistemas. Visa adequar sistemas de trabalho às características das
pessoas que nele operam. Nos projetos de sistemas de produção,
faz convergir os aspectos de segurança, desempenho e qualidade
de vida através de sua metodologia específica, a análise
ergonômica do trabalho.”
A Ergonomics Society, define Ergonomia como:
“Estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho,
equipamento, ambiente e, particularmente, a aplicação dos
conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos
problemas que surgem desse relacionamento.”
Os praticantes da Ergonomia contribuempara:
- planejamento;
- Projeto e avaliação de tarefas;
- Postos de trabalho;
- Produtos;
- Ambientes e sistemas de trabalho;
- Habilidades e limitações das pessoas
A ação ergonômica resulta em mudanças úteis e práticas
aplicadas:
No ambiente de trabalho, tais como:
- Ambientes profissionais;
- Equipamentos;
- Sistemas;
- Mobiliários;
- Instrumentos.
Nos meios de trabalho, tais como:
- Ambientes profissionais;
- Equipamentos;
- Sistemas;
- Mobiliário e
- Instrumentos.
Quando integrada nos projetos de arquitetura, de design e
engenharia.
Na organização do trabalho, tais como:
- Determinação de efetivos;
- Divisão do trabalho;
- Escalas e
- Passagem de serviço.
Na estratégia de produção, tais como:
- Recursos informáticos;
- Tomadas de decisão;
- Formação profissional e
- Melhoria de qualidade.
Quando fundamenta os programas de modernização das
organizações.
FORMAS DE ERGONOMIA
Segundo Wisner(1987), são cinco:
- Ergonomia de produto;
- Ergonomia de produção;
- Ergonomia de correção;
- Ergonomia de concepção e
- Ergonomia de mudança.
Segundo Rofessard(1994):
- Ergonomia de desenvolvimento;
- Ergonomia dos meios de produção – trabalho;
- Ergonomia do produto e
- Ergonomia da decoração.
Segundo Vidal, com tendências mais atuais:
- Quanto à abordagem;
- produto e produção.
- Quanto à perspectiva e
- intervenção e concepção
- Quanto à finalidade.
- enquadramento, remanejamento e modernização.
CLASSIFICAÇÃO DA ERGONOMIA
Sua atuação pode ser abordada em dois momentos diferentes,
dando origem a quatro abordagens da ergonomia:
- Ergonomia de concepção (proativa) – inicia na fase de projeto,
planejamento e concepção dos locais, postos e instrumentos de
trabalho, neste momento os profissionais de ergonomia orientam
a empresa na assimilação de novas tecnologias e no
desenvolvimento de mobiliário, ferramentas e equipamentos de
trabalho;
- Ergonomia de correção (reativa) – intervém em
situações já estabelecidas, corrigindo situações para
segurança e saúde dos trabalhadores ou em aspectos
ligados diretamente à produção. Sua função é analisar
o ambiente, as relações entre empregados, mobiliário,
ferramentas, ritmo de trabalho, pausas para descanso e
metas a serm atingidas. Seu objetivo é detectar
problemas relacionados aos processos de trabalho e
propor soluções.
- Ergonomia de Conscientização – os próprios trabalhadores
são capacitados por meio de treinamentos e reciclagem
individual ou coletiva para identificar e corrigir problemas do
dia a dia de trabalho
- Ergonomia de Participação – procura envolver o usuário do
sistema na solução de problemas ergonômicos. Este usuário
pode ser o próprio trabalhador(correção do posto de
trabalho) ou o consumidor( produto de consumo). Baseia-se no
princípio que o usuário possui o conhecimento prático, que o
projetista da ergonomia da concepção não possui.
FASES DA ERGONOMIA
1. Ergonomia Antropométrica – se ocupa do estudo dos gestos e
posturas do trabalhador, procurando adaptar:
- os postos de trabalho,
- as condições ambientais
- e o ritmo de produção aos trabalhadores;
2.Ergonomia informacional – para melhorar as
condições de percepção da informação por parte
do trabalhador, estuda o arranjo dos:
- Dispositivos de sinalização,
- Dispositivos de informação e
- Dispositivos de comando
3.Ergonomia dos Sistemas – para trata das
interações do trabalhador com os materiais, em
qualquer sistema produtivo procurando:
- Definir as tarefas entre os operadores;
- As condições de funcionamento e
- Cargas de trabalho de cada um.
4.Ergonomia de Previsão – tendo em vista atingir
zero acidentes e zero incidentes, procura prever e
estudar:
- Regras e tarefas como cada trabalhador realizará
o seu trabalho efetivo.
SISTEMA ERGONÔMICO
É constituído por um conjunto de:
- Homens,
- Máquinas,
- Instrumentos e
- Procedimentos interagindo entre si num determinado ambiente.
ÁREAS DA ERGONOMIA APLICADA AO 
TRABALHO
1. Ergonomia na Organização do Trabalho Pesado – planejar o
sistema de trabalho em atividades fisicamente pesadas para não
serem fatigantes.
2 .Biomecânica Aplicada ao Trabalho – estudo dos movimentos
humanos sob a luz da mecânica, estudando:
- Coluna vertebral humana;
- Prevenção de lombalgias;
- Posturas no trabalho;
- Prevenção de fadiga e
- Mecânica dos membros superiores e inferiores.
3. Prevenção da Trabalho – procura entender a fundo por que o
trabalhador entra em fadiga, propondo regras capazes de diminuir
ou compensar a sobrecarga.
4. Prevenção do Erro Humano - procura adotar as medidas
necessárias para que o indivíduo acerte em seu trabalho,
principalmente quando a ocorrência do erro humano pode originar
tragédias.
RISCO ERGONÔMICO
RISCO ≠ PERIGO
Perigo – é conceito absoluto, intrínseco aos processos, materiais ou
atividades. Ex: a construção civil é mais perigosa que a bancária.
Risco – é um conceito relativo, depende das medidas de
prevenção e de proteção para controlar ou anular o perigo.
São agrupados em três tipos:
- Provocados por agentes físicos(ruído, do ambiente térmico,
vibrações e radiações);
- Provocados por agentes químicos(gases e vapores) e
- Provocados por agentes biológicos(vírus e bactérias).
ERGONOMIA E OS FATORES HUMANOS
- Ergonomia na Indústria: melhoria das interfaces dos sistemas ser
humano/tarefas, das condições ambientais de trabalho e das
condições organizacionais de trabalho.
- Ergonomia na agricultura e na Mineração: melhoria do projeto
de máquinas agrícolas e de mineração, das tarefas de colheita,
armazenagem, transporte e estudos sobre efeitos dos
agrotóxicos.
- Ergonomia no Setor de Serviços: melhoria do projeto
de sistema de informação, do projeto de sistemas
complexos de controle, desenvolvimento de sistemas
inteligentes de apoio à decisão, estudos diversos sobre
hospitais, bancos e supermercados.
- Ergonomia na Vida Diária: na concepção de objetos e
equipamentos eletrodomésticos de uso cotidiano,
melhoria em locais públicos com circulação de
pedestres e portadores de deficiência física.
ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL EM 
SOLUÇÕES ERGONÔMICAS
É algo para ser praticado por uma equipe interdisplinar e
multidisciplinar, fundamentalmente por que não existe uma
categoria profissional capaz dedar solução ergonômica completa.
INTERDISCIPLINAR ≠ MULTIDISCIPLINAR
- Médico do Trabalho: capaz de avaliar a situação de
trabalho sob o ponto biomecânico;
- Engenheiro Industrial: capaz de refazer o processo;
- Projetista: transformará tudo que lhe for passado em
projeto específico;
- Desenhista Industrial: faz o primeiro estudo da utilização
de um produto;
- Psicólogo Organizacional: identifica a forma com que a
atividade está
organizada e
- Engenheiro: solucionará todos os problemas que lhe serão
trazidos pelos anteriores.
PRÉ-REQUISITOS PARA SOLUÇÕES 
ERGONÔMICAS
- Requisito Epidemiológico: capaz de reduzir a incidência de
problemas da coluna, fadiga e lesões por traumas cumulativos.
- Requisito Biomecânico: estudando-se o trabalhador executando
sua tarefa na nova posição, percebe-se que a mecânica
humana está funcionado melhor.
- Requisito Fisiológico: na nova situação o trabalhador se cansa
menos;
- Requisito Psicofísico: o trabalhador aceita bem a solução e
- Requisito de produtividade: na nova situação não ocorre
nenhum prejuízo de produtividade, ou até a produtividade
aumenta.
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